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Capítulo 37 – Relatividade
Einstein baseou a teoria da relatividade especial em dois postulados:
1. As leis da Física são as mesmas em qualquer sistema de referência inercial;
2. A velocidade da luz no vácuo deve ser sempre a mesma em qualquer sistema de
referência inercial.
As proposições acima apresentam consequências muito importantes:
1. Um evento que ocorre simultaneamente a outro em relação a um observador pode não
ocorrer simultaneamente em relação a outro observador;
2. Quando existe movimento relativo entre dois observadores, as medições de intervalos
de tempo e distância efetuadas por estes podem apresentar resultados diferentes;
3. Para que a lei da conservação da energia e do momento linear sejam válidas em
qualquer sistema de referência inercial, a segunda lei de Newton e as equações para a
energia cinética e momento linear devem ser reformuladas.
Invariância das leis da Física – Vamos dar uma olhada nos dois postulados que constituem a teoria
especial da relatividade, ambos postulados descrevem por um observador em um sistema de
referência inercial.
Primeiro postulado de Einstein – As leis da Física são as mesmas para qualquer sistema de
referência inercial. Caso houvesse diferença, tais diferenças serviriam para distinguir um sistema
de referência inercial de outro.
Segundo postulado de Einstein – Durante o século XIX, muitos físicos acreditavam que a luz se
deslocasse através de um meio hipotético chamado éter. Se isso fosse verdade, a velocidade da
luz em relação a observadores diferentes dependeria da velocidade relativa entre eles, podendo
ter diferentes valores em diferentes direções. Logo a velocidade da luz no vácuo é sempre a
mesma em qualquer sistema de referência inercial e não depende da velocidade da fonte.
feixe de luz também tem velocidade c (segundo postulado). Ou seja, a espaçonave e a luz se
deslocam com a mesma velocidade, logo a luz deve ficar sempre no mesmo ponto do espaço
onde a espaçonave estiver. Porém, de acordo com o segundo postulado, concluímos que o feixe
de luz também se desloca com velocidade c em relação a espaçonave, e o feixe não pode ficar
sempre no mesmo ponto do espaço onde está a espaçonave (contradição). Logo nenhum
observador inercial pode deslocar-se com a velocidade da luz no vácuo
c.
Transformação galileana para as coordenadas – Designamos os sistemas
de coordenadas S para o observador na terra e S’ para o observador na
espaçonave que se move (omitimos o eixo Oz). A origem do sistema S’
desloca-se em relação a origem de S com velocidade constante u ao
longo do eixo x-x’ em comum. Ajustamos os relógios para que em t=0 as
origens coincidam e a distância entre as origens no tempo t é igual a ut .
Como descreveríamos o movimento de uma partícula P em ambos referenciais? Podemos
descrever a posição dessa partícula usando as coordenadas da terra (x, y, z) em S ou as
coordenadas na espaçonave (x’, y’, z’) em S’. Tais coordenadas estão relacionadas de forma que:
' ' '
x=x + ut ; y= y ; z=z . (Transformação galileana para coordenadas)
'
Sendo v x a velocidade instantânea de P medida por um observador em repouso em S e v x a
velocidade instantânea de P medida por um observador em repouso em S’. podemos deduzir
uma expressão para ambas velocidades derivando com relação a t as equações acima:
'
dx dx
dt = dt + u→ v x =v 'x +u (Transformação galileana para as velocidades)
Aplicando as equações acimas para a velocidade da luz no vácuo obtemos que c=c' +u. Mas o
segundo postulado de Einstein, o qual é confirmado experimentalmente, nos diz que c=c ' . Essa
inconsistência nos mostra que ambas equações acimas não podem estar exatamente corretas.
A solução para a inconsistência apresentada é tal que a hipótese aparentemente óbvia de quem
ambos os observadores em S e S’ usam a mesma escala de tempo ( t=t ' ) deve ser alterada,
logo os dois observadores devem possuir escalas de tempos diferentes. Devemos definir a
' '
' ' dx ' dx
velocidade v x no sistema S’ como x v = ' , e não como v x = . Tal dificuldade reside no
dt dt
conceito de simultaneidade, o qual veremos a seguir.
Relatividade da Simultaneidade – O problema é que, quando dois eventos ocorrem
simultaneamente em um sistema de referência, eles não necessariamente ocorrem
simultaneamente em um segundo sistema de referência que se move com relação ao primeiro,
mesmo que ambos sejam sistemas de referências inerciais.
Uma experiência imaginária sobre simultaneidade – imagine um trem deslocando-se com uma
velocidade uniforme próxima de c . Dois raios atinge as extremidades de um vagão de
passageiros nos pontos A’ e B’, atingindo também o solo nos pontos indicados por A e B
(coincidentes para t=0 ). Stanley está em repouso no solo no ponto O, na metade do segmento
que liga A com B. Mavis se move com o trem no ponto O’ e está no meio do vagão, metade do
segmento que liga A’ com B’.
Suponha que as duas frentes de onda proveniente dos raios atingem Stanley simultaneamente
no ponto O, sabendo-se que Stanley está equidistante dos pontos A e B, ele conclui que os raios
atingiram A e B simultaneamente. Mavis admite que as frentes de onda atingiram Stanley no
mesmo instante, porém não concorda que as mesmas tenham sido emitidas simultaneamente
dos pontos atingidos pelos raios.
Stanley e Mavis concordam que as duas frentes de ondas não atingem Mavis no mesmo
Instante, pois Mavis no ponto O’ desloca-se para a direita com o trem, de modo a encontrar a
frente de onda proveniente do ponto B’ antes da proveniente de A’ atingi-la. Contudo, como
Mavis está equidistante dos pontos A’ e B’, se os dois raios atingissem simultaneamente as
extremidades do vagão, as duas frentes de onda deveriam levar o mesmo tempo para atingi-la,
porque percorreria as mesmas distâncias com a mesma velocidade c (a velocidade da luz em
relação a qualquer observador é c). Assim Mavis conclui que um raio atingiu B’ antes de o outro
atingir o ponto A’.
Observe que Stanley, que está no ponto O, conclui que os
dois eventos ocorrem simultaneamente, porém Mavis, no
ponto O’, concluir que os dois eventos não são
simultâneos! Quando dois eventos ocorrem em dois
pontos diferentes do eixo Ox, eles podem ou não ser
simultâneos, dependendo do estado de movimento do
observador.
Observe que não existe nenhuma base para afirmarmos
que Stanley está certo e Mavis errada, pois de acordo com
o princípio da relatividade, não podemos dizer que um
sistema de referência inercial é mais correto do que outro.
Ambos os observadores estão corretos em seus sistemas de
referência. Logo, a simultaneidade não é um conceito
absoluto. Concluímos então que intervalos de tempo entre
dois eventos podem ser diferentes para diferentes
sistemas de referência.
Relatividade nos Intervalos de tempo – Deduziremos uma
relação quantitativa entre intervalos de tempo em diferentes sistemas de referência. Como antes
um sistema de referência S’ se move ao longo do eixo x-x’ com velocidade constante u(u< c). em
relação ao sistema S.
Mavis, observador do sistema S’ mede o intervalo de tempo entre dois eventos que ocorrem ao
mesmo ponto do espaço em relação a ela (ver fig. abaixo (a)).
O evento 1 é a emissão do pulso no ponto O’. O evento 2 é o retorno do pulso ao ponto
O’, depois que ele é refletido de um espelho situado a uma distância d desse ponto.
O intervalo de tempo Δ t 0 (índice 0 indica observador em repouso em S’) medido por Mavis
sabendo que o pulso percorre uma distância 2d e tal que:
2d
Δ t 0= c
Em seu sistema de referência Stanley mede o intervalo de tempo Δ t para o percurso de ida e
volta do pulso, que diferentemente de Mavis, ocorrem em dois pontos diferentes do espaço.
Durante o intervalo de tempo Δ t , a fonte em O’ se deslocou uma distância u Δ t em relação a S
(ver fig. (b)). No sistema S, o percurso de ida e volta do pulso é uma distância 2 l, sendo l dado
por:
√ ( )uΔt 2
l= d 2 + 2 (hipotenusas dos triângulos retângulos com base 2 )
u Δt
Δ t=
√
= d +
c c 2( )
2l 2 2 u Δt 2
(intervalo de tempo medido em S)
Para obtermos uma relação entre os intervalos de tempo que não dependa da distância d,
explicitaremos d como mostrado nas equações acima:
√( )( )
2
2 c Δt0
2
u Δt
Δ t= c 2
+
2
Que elevando ambos os membros ao quadrado e explicitando Δ t , obtemos o resultado
Δt0
Δ t= √ 1−u2 /c 2 (intervalo de tempo medido em S)
Como a expressão √ 1−u2 /c 2 é menor do que 1, Δ t é maior do que Δ t 0 (dilatação do tempo),
assim Stanley mede um tempo de ida e volta mais longo para o pulso do que Mavis.
Dilatação do tempo e tempo próprio – há um sistema de referência em que um relógio está em
repouso e há infinitamente muitos em que ele está em movimento. Portanto o intervalo de
tempo entre dois eventos (tic-tac de um relógio) em ocorrem em um mesmo ponto de um
sistema de referência é uma grandeza mais fundamento que o intervalo de tempo entre dois
eventos que acontecem em pontos diferentes. Usamos o termo tempo próprio para descrever o
intervalo de tempo entre dois eventos que ocorrem em um mesmo ponto. Chamamos de Δ t 0,
esse intervalo de tempo medido por um observado em repouso no sistema em que ocorre os
eventos no mesmo ponto.
A expressão √ 1−u2 /c 2 fornece valores reais para (u< c), como Δ t é sempre maior que 1,
chamamos esse efeito de dilatação do tempo.
Imagine um relógio de pêndulo marcando 1 segundo entre dois tique-taques, medidos por Mavis
no mesmo sistema do relógio, esse valor é Δ t 0. Se o sistema de referência onde se encontra o
relógio se move com relação a Stanley, ele mede um intervalo de tempo Δ t entre os dois tique-
taques maior que um segundo. Todo observador que se desloca em relação a um relógio mede
um tempo mais longo que o tempo medido com esse relógio.
A grandeza γ =1 / √ 1−u 2 /c2 é chamada de fator de Lorentz, assim podemos
expressar a formula para a dilatação do tempo como:
Δt =γΔ t0 (dilatação do tempo)
Para simplificar mais um pouco, podemos também usar a letra grega β para
designar a razão u/c , então podemos expressar o fator de Loretz como
γ =1 / √ 1−β . Vamos analisar como se comporta o fator de Lorentz em
2
l
l=l 0 √ 1−u2 /c 2= 0 (contração do comprimento)
γ
Portanto o comprimento medido em S, sistema do qual a régua se move, é menor que o
comprimento l 0 medido no sistema S’.
O comprimento medido no qual o corpo está em repouso é chamado de comprimento próprio l 0
.
Comprimento perpendicular a direção do movimento – Os comprimentos medidos em direções
perpendiculares à direção da velocidade relativa não sofrem contração. (ler sobre a explicação)
Como seria a aparência de um objeto que se move com velocidade próxima de c - (ler sobre a
explicação)
As transformações de Lorentz – As transformações galileanas relacionam as coordenadas (x, y, z)
de um sistema S com as coordenadas (x’, y’, z’) de um sistema S’ que se move com velocidade
constante u com relação ao sistema S. Essas transformações também pressupõem que as escalas
de tempo em ambos os sistemas sejam iguais t=t ' . As transformações galileanas são válidas
somente quando a velocidade relativa u entre os sistemas S e S’ tende a zero.
Transformações de Lorentz para as coordenadas – Para deduzir as transformações de
coordenadas, como antes supomos que as duas origens coincidem no instante t=0=t ' . Para o
sistema S, a distância entre as origens O e O’ continua sendo ut . A coordenada x’ é o
comprimento próprio para S’, de modo que para o sistema S, ela se contrai por um fator
1/γ = √ 1−u 2 /c2 .
Portanto a distância x entre O e P, conforme observador em S não pode ser x=x ' + ut , mas sim:
' x−ut
x=
x=ut + x ' √ 1−u 2 /c2 ->
√ 1− 2
u2
c
Outra transformação de Lorentz é a que fornece a coordenada t ' em termos de x e t . Para obtê-
la, notamos que o princípio da relatividade exige que as transformações de S e S’ tenham a
mesma forma das transformações de S’ para S. Logo a única diferença deve ser a mudança no
sinal da velocidade relativa entre os referenciais:
x ' =−ut + x √ 1−u2 /c 2
Igualando as duas equações para eliminar
x’. isso fornece uma equação para a
coordenada t ’ em termos de x e t .
2
' t−xu/c
t= (tempo t ’ em termos
√1−u 2 /c2
de x e t )
Como dissemos anteriormente, os comprimentos perpendiculares à direção do movimento não
sofrem contração; portanto, y= y ' e z=z '
Observemos que quando u tender a zero, γ tende a 1 e nossa relação para o tempo t ' se torna
t =t . Contudo, geralmente as coordenadas e o tempo em um dado sistema de referência
'
nesse caso:
c−u c ( 1−u /c )
v 'x = = =c
uc (1−u/c )
1− 2
c
Isso nos mostra que qualquer partícula que se mova com velocidade v x =c em S, também terá
uma velocidade c com relação a S’, qualquer que seja a velocidade relativa u entre os
referenciais.
O princípio da relatividade afirma que não existe distinção entre os referenciais S e S’. Logo a
expressão que relaciona v x em termos de v 'x deve ter a mesma forma da equação acima,
alterando-se apenas o sinal de u.
'
v +u
vx= x '
u v (transformação de Lorentz para a velocidade, S em termos de S’)
1+ 2x
c
Efeito Doppler para ondas eletromagnéticas – uma consequência adicional importante da
cinemática relativística é o efeito doppler para ondas eletromagnéticas.
Uma fonte de luz move-se com velocidade constante u em relação a Stanley, que está em
repouso em um sistema de referência inercial. No sistema de referência da fonte, a luz emitida
tem frequência f 0 e período T 0=1/ f 0. Qual a frequência f dessas ondas medidas por Stanley?
Seja T o intervalo de tempo entre a emissão de cristas de ondas consecutivas observadas no sistema
de referência de Stanley. Durante um tempo T , uma crista já emitida na frente da fonte se move
uma distância cT e a fonte se move por uma distância menor uT no mesmo sentido.
A distância λ entre duas cristas sucessivas, o comprimento de onda é, portanto, λ=(c−u)T .
Logo a frequência medida por Stanley no seu sistema de referência é c / λ :
c c
f= λ= (Frequência medida no Referencial em Repouso)
( c−u ) T
Sendo T 0 o tempo próprio medido no sistema de repouso da fonte, usando a equação para
dilatação do tempo podemos relacionar os tempos T 0 e T :
T0 cT
T= = 2 0 2
√
1− 2
u 2 √ c −u
c
E como sabemos que T 0=1/ f 0, invertendo a equação acima ficamos com:
=¿ √
1 c2 −u2 √ c 2−u2
= f0
T cT0 c
Lembremos que 1/T não é a frenquencia f medida por Stanley, pois T não é o intervalo de
tempo entre as chegadas de duas cristas sucessivas a Stanley, mas sim o intervalo entre a
emissão de duas cristas sucessivas.
Substituindo o valor acima na equação da frequência encontrada como função de c e T :
c c √ c 2−u 2
f= = f0
( c−u ) T c−u c
E usando a identidade que c 2−u 2=( c−u ) ( c +u ) e ficamos com:
f =f 0
√ c +u
c−u
(Efeito doppler, ondas eletromagnéticas, fonte se aproximando)
Se a fonte se afasta do observador, trocamos o sinal de u na equação anterior e obtemos:
f =f 0
√ c−u
c +u
(Efeito doppler, ondas eletromagnéticas, fonte se afastando)
Momento Linear Relativístico – o princípio da conservação do momento linear afirma que, quando
dois corpos interagem, o momento linear total permanece constante, desde que a força externa
resultante que atua sobre os corpos no sistema de referência inercial seja igual a zero. Para que a
conservação do momento linear seja uma lei Física correta, ela deve ser válida em todos os
sistemas de referência inercial.
Verificamos que o momento linear (⃗p=m ⃗v ) é conservado no sistema de referência S e não é no
sistema S’. A única maneira de salvar a lei da conservação do momento consiste na
generalização da definição do momento linear.
Seja uma partícula material de massa m (massa de repouso), quando está partícula possui uma
velocidade ⃗v , seu momento linear relativístico ⃗p é:
m ⃗v
⃗p= (momento linear relativístico ⃗p)
√ 1−v 2 /c2
Relatividade, segunda lei de Newton e massa relativística – e quanto a
generalização relativística da segunda lei de Newton? A forma mais geral
dessa lei é:
d ⃗p
⃗ F= (Segunda lei de Newton)
dt
Experiencias mostram que o resultado anterior continua válido na
mecânica relativística, desde que se use o momento linear relativístico, ou seja:
d ⃗p d m ⃗v
⃗ F= =
dt dt √ 1−v 2 /c 2
Como o momento linear não é mais diretamente proporcional à velocidade, a taxa de variação
do momento linear não é mais diretamente proporcional à aceleração, sendo assim, uma força
constante não produz uma aceleração constante.
Por exemplo, quando a força resultante e velocidade estão ambas situadas ao longo do eixo Ox,
a equação acima nos fornece:
m
F= 3 /2
a (⃗F e ⃗v ao longo da mesma linha)
( 1−v 2 /c2 )
Com a aceleração a , também orientada ao longo do eixo Ox, resolvendo para aceleração
obtemos:
( )
2 3/ 2
F v
a= 1− 2
m c
Vemos que à medida que a velocidade da partícula aumenta, a aceleração produzida por uma
dada força diminui continuamente. Quando a velocidade tende a c , a aceleração tende a zero,
por maior que seja a valor da força aplicada.
Portanto, é impossível acelerar uma partícula com massa de repouso diferente de zero até
com que ela atinja uma velocidade igual ou superior a c .
A equação para o momento linear relativístico as vezes é interpretada como uma afirmação de
que a partícula que se move com velocidade elevada sofre um aumento de massa. Sendo a
massa para a velocidade zero (massa de repouso) dada por m , então a “massa relativística” mrel
será:
m
mrel = (Massa relativística da partícula)
√1−v 2 /c 2
Lembrando que a generalização relativística da 2ª lei de Newton não é dada por ⃗ F =mrel a⃗ , e o
uso do conceito de massa relativística tem seus defensores e seus críticos e usaremos a equação
para o momento linear relativístico usando a massa de repouso como uma constante para a
partícula independente do seu movimento.
⃗p=γm ⃗v (momento linear relativístico ⃗p)
F=γ 3 ma (Força e aceleração, ⃗ F e ⃗v ao longo da mesma linha)
Lembrando que no fator de Lorentz γ estamos usando v , a velocidade da partícula em relação ao
um sistema de referência particular no lugar de u , que é a velocidade relativa entre dois
sistemas de referência.
Quando a força resultante e a aceleração são perpendiculares (movimento circular), a
d ⃗p d m ⃗v
velocidade da partícula permanece constante, neste caso a equação ⃗ F= =
dt dt √ 1−v 2 /c 2 nos
dá o resultado:
m
F= 1 /2
a=γma (⃗
F e ⃗v perpendiculares)
( 1−v 2 /c2 )
O que podemos dizer quando ⃗ F e ⃗v não são perpendiculares e também não estão ao longo da
mesma direção? Nesse caso decompomos a força ⃗ F em componentes que serão
perpendiculares e paralelas a velocidade ⃗v . Logo a aceleração resultante terá componentes que
serão também perpendiculares e paralelas a ⃗v e seus módulos serão obtidos pelas equações
proporcionais a γ e γ 3, e por causa dessa diferença entre os fatores γ e γ 3 antes citados, exceto
quando a força resultante sobre uma partícula relativística está na mesma direção da
velocidade ou é perpendicular a ela, os vetores força e aceleração não são paralelos.
Trabalho e energia na relatividade – Precisamos de uma generalização correspondente aos
princípios da relatividade para a energia cinética.
Usando a expressão W =∫ Fdx , substituímos a força pela equação relativística para a segunda lei
de Newton, assim, para levar uma partícula com massa de repouso m de um ponto x 1 até um
ponto x 2, trabalho é dado por (movimento ao longo do eixo x):
x2 x2
ma
W =∫ Fdx=∫ 3/ 2
dx
x1 x1 (1−v 2x /c 2)
Lembrando que no ponto x 1 a velocidade da partícula é zero, e no ponto x 2 a mesma atingiu
uma velocidade igual a v . E pelo teorema trabalho energia (W =Δ K ) o trabalho da força
resultante é igual a variação da energia cinética da partícula.
Vamos converter a integral acima de dx para d v x, observe que dx e dv x são as variações
infinitesimais de x e v x durante um intervalo dt . Logo podemos escrever adx na equação acima
como:
dv dx
a dx = x dx=d v x =d v x v x
dt dt
x 2
mv x
Logo a integral para o trabalho acima é dada por W =Δ K =∫ 2 3/ 2
d vx
x ( 1−v x /c )
2
1
Vemos que à medida que v → c a energia cinética da partícula se aproxima de infinito. Vamos
1 2
recuperar a expressão para a energia newtoniana K= mv , válida para v muito menor que c .
2
Expandiremos o termo embaixo da raiz quadrada usando a série binomial na forma
n n ( n−1 ) 2
( 1+ x ) =1+nx + x +…
2
Vemos então que x=−v 2 /c 2 e n=−1/2, sendo assim nossa série fica:
( ) ( )( ) ( )( ( ))( )
2 −1/ 2 2 2 2 2 4
v −1 −v 1 −1 −1 −v 1v 3v
γ = 1− 2 =1+ 2
+ −1 2
=1+ 2 + 4
c 2 c 2 2 2 c 2c 8c
2
E combinando a relação anterior com K= ( γ −1 ) mc , ficamos com:
( )
2 4 4
1v 3v 2 1 2 3 mv
K= 1+ 2
+ 4
+ …−1 m c = mv + +…
2c 8c 2 8 c2
E quando v é muito menor que c , apenas o primeiro termo se torna
relevante, pois todos os outros são desprezíveis, e, portanto, obtemos a
1 2
expressão newtoniana K= mv .
2
Energia de repouso e E=m c2- Vemos que a equação para a energia
1 /2
cinética da partícula contém o termo m c 2 / ( 1−v 2 / c 2 ) que depende do
movimento mais o termo m c 2 que não depende do movimento.
Logo isso nos leva a concluir que a energia cinética é a diferença entre uma energia total E e
uma energia m c 2 que existe sempre, mesmo quando o corpo está em repouso, sendo assim
concluímos que:
m c2
E=K +m c2 = =γm c 2
( )
2 1
v (Energia total de uma partícula)
1− 2 2
c
Vemos também que para K=0, a energia total se torna E=m c2. O termo m c 2 na equação acima
associada a massa de repouso da partícula é chamada de energia de repouso da partícula.
Historicamente o princípio da conservação da energia e da massa foram desenvolvidos de modo
independente. A teoria da relatividade mostra que esses princípios são casos particulares de um
princípio da conservação mais geral, o princípio da conservação da massa e energia.
Também podemos relacionar diretamente a energia total E de uma partícula (energia de
repouso mais energia cinética) com seu momento linear. Reescrevendo as equações do seguinte
modo:
( ) ( )
2 2
E 1 p 1
mc 2
= 1
e = 2 2
mc 1−v /c
( 1−v /c )
2 2 2
Não consideramos a função trabalho do anodo-alvo pois essas energias são muito pequenas se
comparadas à energia cinética e V AC dos elétrons.
Podemos concluir então que a teoria do fóton para radiação eletromagnética é válida para a
emissão, da mesma forma que é válida para a absorção de radiação.
Aplicações de raios X –
Espalhamento da luz como fótons: espalhamento Compton e produção de par -