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23/10/2022 16:15 UNINTER

 
 
MECÂNICA CLÁSSICA -
PRINCÍPIO VARIACIONAL
AULA 6

 
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Profª Adriana do R. L. S. Lisbôa

CONVERSA INICIAL

Em 1887, Michelson e Morley verificaram de forma


experimental, utilizando um espectrômetro,

que a velocidade da luz é


independente de qualquer movimento relativo entre fonte e observador. A

partir
desse resultado, foi comprovado que o éter não existia e que a luz não
precisava de um meio

para se propagar.

Alguns problemas surgiram, principalmente quando aplicavam as


transformações de Galileu, que
não demostravam a invariância da velocidade de
propagação da luz. A mecânica de Newton, que era

absoluta, deu espaço para uma


nova mecânica, a relativística. Seu início ocorreu em 1905, com a

formulação da
teoria da relatividade por Albert Einstein, que se baseou em dois postulados:

1. As leis dos fenômenos


físicos são as mesmas em todos os sistemas de referência inerciais, isto

é,
somente o movimento relativo dos sistemas inerciais pode ser medido.

2. A velocidade
da luz, em espaço livre, é uma constante universal, independente de qualquer

movimento relativo da fonte e do observador.

O objetivo
desta aula é introduzir e discutir os conceitos fundamentais da mecânica
relativística,

utilizando os conceitos da mecânica analítica por meio da


lagrangiana. Discutiremos as
transformações de Galileu e suas aplicações nas
leis de Newton e nas equações de Maxwell. Depois,

apresentaremos as
transformações de Lorentz e a invariância das equações de Maxwell. Por fim,

deduziremos a formulação lagrangiana para a mecânica relativística e demonstraremos


os cálculos

do efeito Doppler para a luz.

TEMA 1 – TRANSFORMAÇÕES DE GALILEU E LEIS DE NEWTON

As leis da mecânica clássica desenvolvida por Newton têm


validade somente em referenciais

inerciais. Qualquer referencial em movimento


retilíneo uniforme em relação a um referencial inercial

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é também um referencial
inercial.

Considere um referencial S’, que se move com


velocidade constante V em relação a um

referencial S, sendo que as origens


coincidem em t=t’=0.

A relação entre as coordenadas  nos dois referenciais


é dada pelas

transformações de Galileu:

Para as velocidades:

A aceleração:

Como não ocorre


mudança na distância entre as partículas e nem na massa, a força é dada por:

Em
que , e verificamos que a
lei da dinâmica é invariável via transformações de Galileu.

Com essa relação, podemos descrever o princípio da


relatividade da mecânica clássica: é

impossível detectar um movimento uniforme


de um referencial em relação a outro por qualquer

efeito sobre as leis da


dinâmica.

Quando analisamos movimentos em referenciais não


inerciais, o princípio não tem validade, pois

efeitos detectáveis aparecem


devido às forças de inércia.

TEMA 2 – TRANSFORMAÇÕES DE GALILEU E EQUAÇÕES DE


MAXWELL

Maxwell unificou as equações do eletromagnetismo e demonstrou que a luz


era uma onda

eletromagnética, que se propagava com velocidade:

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Admitindo que esse


valor vale em determinado referencial inercial, e que as leis da mecânica
clássica valem, pela transformação de Galileu:

  , e, portanto, a
velocidade da luz não seria a mesma em todas as direções e a validade das

equações de Maxwell estaria restrita a um referencial inercial privilegiado.

Com isso, a luz precisaria de um meio para se


propagar, o qual foi denominado éter, um meio

hipotético.

Se o éter existisse, seria possível detectar o movimento retilíneo de


propagação da luz em

relação a esse referencial, e o princípio de relatividade


da mecânica não seria válido para a

eletrodinâmica. Chegamos, então, a três


conclusões:

1. A mecânica newtoniana e
as equações de Maxwell são válidas, mas o princípio da relatividade

não se
aplica a todas as leis da física; existe um referencial absoluto, o éter, no
qual a

velocidade da luz é a mesma em todas as direções e seria possível


detectar um movimento

retilíneo uniforme em relação a esse referencial.

2. O princípio da
relatividade aplica-se a todas as leis da física, e a mecânica newtoniana é
correta.

As equações de Maxwell deveriam ser modificadas e seria possível


observar desvios das leis na

eletrodinâmica clássica.

3. O princípio da
relatividade aplica-se a todas as leis da física, e as equações de Maxwell
estão

corretas. Nesse caso, as transformações de Galileu e a mecânica de Newton


não estariam

corretas, e seria possível detectar desvios das leis da mecânica


clássica.

Em
seu artigo de 1905, Einstein apresenta os conceitos da relatividade especial, partindo
do

princípio de que as equações de Maxwell estão corretas, introduz as


transformações de Lorentz e

acrescenta uma mudança na equação de Newton.

TEMA 3 – TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ

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Foram adaptadas por Einstein, descrevendo-as como uma


consequência da natureza do espaço

e do tempo, e substituíram as transformações


de Galileu, que consideravam o espaço absoluto.

Considerando que a transformação de  tem de satisfazer as


condições:

1.  Tanto S quanto S’


devem ter o mesmo movimento retilíneo uniforme;

2.  Para V=0, a


transformação deve se reduzir à identidade;

3.  Se um sinal é enviado


de O para O’, em , a frente de onda
deve se propagar com

velocidade c em ambos os referenciais, de modo que:

Lembrando
que essa frente de onda se comporta como uma onda esférica, as transformações
de

Lorentz do referencial S para o referencial S’ são dadas por:

Quando
o termo  tende a zero, isto é,
a velocidade é muito menor que c, as transformações

de Lorentz tornam-se
transformações de Galileu. Podemos introduzir o fator de Lorentz, dado por:

Em que, para simplificar,


podemos escrever,

Podemos também obter


as transformações das velocidades, derivando as expressões das

transformações
da posição. Como vimos, o feixe de luz deve ser considerado uma onda esférica,

então o intervalo entre dois


eventos infinitesimalmente próximos é dado por:

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Se utilizarmos as
transformações de Lorentz:

Assim, interpreta-se que


o intervalo entre dois eventos, que ocorrem em dois referenciais, é

invariante sob
transformações de Lorentz. Verificamos também que ct é uma coordenada de

dimensão. Temos, então, um espaço de quatro dimensões (x,y,z,ct), ou


quadridimensional, conhecido

como espaço de Minkowski, em que:

Uma das principais


mudanças propostas por Einstein seria nas equações de Newton, que, na

formulação clássica, é dada por:

A massa é invariante
na mecânica clássica. Na relatividade especial, a massa depende da
velocidade,
então, teremos uma massa relativística descrita por:

Em que  é conhecida como


massa de repouso da partícula. Se expandirmos a expressão da

massa relativística:

Considerando apenas termos


de ordem superior, pois os outros são correções muito pequenas:

Em
uma boa aproximação, a massa de repouso será igual à massa relativística para
velocidades

muito menores que c. Isto é, quando não temos velocidades


relativísticas, a mecânica clássica e as
transformações de Galileu podem ser
utilizadas.

TEMA 4 – INVARIÂNCIA DAS EQUAÇÕES DE MAXWELL

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Neste tema vamos aprimorar algumas ideias que surgiram


com as transformações de Lorentz.

Einstein, ao desenvolver a teoria da relatividade


restrita, partiu do princípio de que as equações
de Mawell estavam corretas e
eram invariantes via transformações de Lorentz.

Um dos problemas mais discutidos é a força de Lorentz, que relaciona a


carga com os campos:

Diferentemente
da equação de Newton, que depende da aceleração, a equação de Lorentz
depende
da velocidade. Um observador que esteja em repouso em relação a uma carga
imersa em B

não detectará nenhuma força, enquanto outro com velocidade v


detecta uma força . 

As
equações de Maxwell formam um conjunto de equações que definem o campo
eletrodinâmico e são covariantes via transformações de Lorentz.

Essa afirmação vai ao encontro do postulado que diz


que a velocidade da luz é a mesma,
independentemente do referencial. Qualquer
observador mede o mesmo valor para a velocidade da

luz.

Einstein formulou um novo postulado, em que as leis da


física são as mesmas em qualquer
referencial inercial. E redefiniu referenciais
inerciais como aqueles ligados pelas transformações de

Lorentz.

A carga q, nesse caso, é invariante e, pela lei da conservação, é


conservada – lembrando que a
conservação da carga é dada pela equação da
continuidade:

Ela
depende da densidade de carga, é invariante via transformações de Lorentz e
válida em

qualquer referencial inercial. Considerando um sistema fechado, tanto


a energia total relativística
quanto o momento relativístico se conservam. Podemos
obter a fórmula do momento relativístico

partindo do momento linear:

Como a massa
relativística é , então:

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Vamos agora obter duas


expressões para a energia E. Considerando que a variação da energia
cinética é
dada pelo produto escalar da força pela velocidade, temos:

Utilizando a fórmula
do momento relativístico e integrando a equação:

Multiplicando pela
velocidade da luz ao quadrado:

Fazendo  na expressão anterior:

Obtemos:

Rearranjando os temos,
obtemos a expressão para a energia total relativística E:

Podemos escrever a
expressão da energia associando com o momento relativístico. Partindo da
expressão do momento e multiplicando pela velocidade da luz ao quadrado:

Agora, utilizando a
expressão da energia e elevando ao quadrado:

Substituindo v, que
podemos isolar da expressão do momento:

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A expressão final
fica:

Sabemos
que todas as partículas possuem massa de repouso, mas quanto maior for a
velocidade

da partícula, quando ela se desloca na velocidade da luz, por


exemplo, a massa de repouso tende a
ser bem pequena, quase zero.

Considerando , a expressão fica:

Para a radiação eletromagnética, temos que ela


transporta momento linear, dado por
, e é composta por
corpúsculos de massa zero, denominados fótons.

TEMA 5 – FORMULAÇÃO LAGRANGEANA DA MECÂNICA


RELATIVÍSITICA

Discutiremos agora como escrever as equações da mecânica analítica utilizando


a formulação
relativística. Para isso, devemos ajustar as equações da
formulação lagrangiana e hamiltoniana.

Considerando uma partícula não relativística,


o momento linear pode ser escrito por:

Contudo, o momento
linear relativístico é dado por:

A lagrangiana
relativística deve ser associada a:

Como uma parte da


velocidade vetorial depende da lagrangiana, a energia cinética será escrita

por:

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E a lagrangiana será:

A energia cinética relativística


será escrita por:

A lagrangiana do
sistema será:

A hamiltoniana será
dada por:

As equações de
Hamilton na forma covariante podem ser escritas por:

NA PRÁTICA

O efeito Doppler é
conhecido como a variação da frequência do som devido ao movimento

relativo
entre fonte, observador e meio. A luz, como já descrito pelas equações de
Maxwell, não
precisa de um meio para se propagar. A pergunta que fazemos é:
podemos ter um efeito Doppler

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relativístico para a radiação eletromagnética? A


luz se desloca, independentemente do referencial,

com velocidade constante c.

Considere:
v é a velocidade relativa entre a fonte e o observador, o movimento relativo
ocorre na
direção radial e a frequência observada f da luz foi emitida com uma
frequência inicial . Para o

observador O em
S, a onda é dada por:

De modo semelhante, para o


observador O’ em S’:

Considerando que a fase da


onda é invariante, obtemos:

Utilizando as
transformações de Lorentz para x ( ) e t ( ),
obtemos:

Aplicando as relações entre


a velocidade da luz e a velocidade angular:

Como a velocidade de
uma onda eletromagnética pode ser dada por:

Como  e rearranjando as
equações para :

Considerando que o
observador (f’) está se afastando da fonte (f), ,

Agora, se o observador está


se aproximando da fonte, ,

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Uma das aplicações mais


importantes do efeito Doppler relativístico é na astronomia,
principalmente a emissão
de luz enviada pelas estrelas e galáxias. Fazendo uma aproximação na

equação do
efeito Doppler:

Substituindo a frequência
pelo comprimento de onda:

Isolando a variável v:

Quando a
estrela está se afastando da Terra, então ; nesse caso,   o deslocamento

da
luz é para o vermelho.

Quando a estrela está se aproximando da Terra, então ; nesse caso,   o


deslocamento da
luz é para o azul. 

Em 1929, Edwin Hubble propôs que o desvio para o vermelho


observado para as linhas

espectrais originadas de átomos de cálcio de galáxias


distantes era devido ao efeito Doppler. Com

isso, as galáxias estavam se afastando


de nós, e quanto mais afastada está uma galáxia, maior

deslocamento para o
vermelho ela apresenta.

Por meio de
observações, ele encontrou uma relação entre velocidade e distância para um
certo

número de galáxias:

Em que   é denominada
constante de Hubble. Essa foi a primeira evidência experimental da

expansão do universo.

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FINALIZANDO

Nesta
aula apresentamos os conceitos de relatividade especial, principalmente os
associados à

mecânica clássica e ao eletromagnetismo. Discutimos as


transformações de Galileu e a invariância das

leis de Newton e das equações de


Maxwell. Demonstramos as transformações de Lorentz e
discutimos a invariância
das equações de Maxwell. Por último, apresentamos as equações de

Lagrange
relativísticas e colocamos o efeito Doppler relativístico como exemplo.

REFERÊNCIAS

GOLDSTEIN, P. Classical mechanics. 3. ed. Boston: Addison Wesley, 2002.

LEMOS, N. A. Mecânica analítica. 2. ed.


São Paulo: Livraria da Física, 2007.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: mecânica. São Paulo: Blucher, 2002.

SYMON, K. R. Mecânica. 2. ed. Rio de


Janeiro: Campus, 1988.

THORNTON, S. T., MARION, J. B. Dinâmica clássica de partículas e sistemas. 5. ed. São Paulo:

All Task, 2011.

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