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23/10/2022 16:13 UNINTER

 
 
MECÂNICA CLÁSSICA -
PRINCÍPIO VARIACIONAL
AULA 2

 
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Profª Adriana do R. Lopes

FORMULAÇÃO HAMILTONIANA

CONVERSA INICIAL

A introdução de soluções em sistemas mecânicos teve


seu ápice no formalismo de Newton, que

com suas três leis do movimento


conseguiu descrever por completo muitos sistemas. Contudo, na

natureza existem
problemas que precisam de soluções que muitas vezes não são exatas, ou estão

sujeitas a vínculos. Esses vínculos podem ser a dependência de alguma variável


com a superfície pela

qual a partícula percorre ou a energia cinética depender


da velocidade e da posição da partícula.

Esses problemas normalmente não


possuem solução exata, por isso introduzimos a formulação

hamiltoniana, que é
derivada do princípio da mínima ação, que diz que o caminho percorrido por

uma
partícula é um extremo. Essa formulação permite a utilização de coordenadas
generalizadas,

além de usar as equações de Lagrange.

O objetivo principal deste capítulo é


entender como obter a resolução de alguns problemas

mecânicos utilizando o
formalismo hamiltoniano. Primeiro, vamos introduzir e discutir o princípio de

Hamilton e determinar as equações de movimento. Após isso, vamos encontrar as


equações

canônicas de Hamilton. Nas seções seguintes vamos discutir dois


teoremas, o teorema de Liouville e

o teorema do Virial. Por fim, vamos derivar


as equações de Lagrange utilizando o princípio de

Hamilton e vamos apresentar


algumas aplicações.

TEMA 1 – PRINCÍPIO DE HAMILTON E EQUAÇÕES DO MOVIMENTO

O primeiro princípio variacional foi formulado por


Maupertuis, em meados de 1744. Mais tarde,

Hamilton modificou o princípio de


mínima ação de Maupertuis, definindo a ação como a integral da

lagrangeana,

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Em que   são as coordenadas


generalizadas do sistema. Esse princípio requer que as

forças sejam
conservativas, isto é, derivadas de uma função potencial, e que os vínculos
sejam
holonômicos, isto é, uma função que dependa das coordenadas deve ser
zero. O valor da

lagrangeana é estacionário para o caminho percorrido pela


partícula.

A ação é um extremo na trajetória clássica, isto é, . Nesse caso, a ação


de um extremo

 associada a uma
função , se a derivada
primeira for zero, então tomando a derivada segunda:

O enunciado do princípio da ação mínima de Hamilton


diz: “Entre todos os caminhos que

conectam as coordenadas iniciais  das coordenadas


finais , aquele que de fato
corresponde
a trajetória do sistema é o que torna nula a primeira variação de
S.”

A lagrangeana pode ser escrita por:

Em que T é a energia cinética da partícula e U é a


energia potencial. Por definição a ação mínima

é:

A função lagrangeana que aparece na integral acima é


semelhante à função   do

funcional do
capítulo anterior:

Como a solução desse funcional nos leva à equação de


Euler, de forma semelhante, sendo a

lagrangeana associada a um funcional.

TEMA 2 – EQUAÇÕES CANÔNICAS E DINÂMICA DE HAMILTON

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As equações de Lagrange para um sistema com n


graus de liberdade constituem um conjunto de

n equações diferenciais
ordinárias de segunda ordem no tempo para as coordenadas generalizadas

q.

As equações de Lagrange podem ser substituídas por um


sistema equivalente de primeira

ordem, em que o número de equações é duplicado,


introduzindo as variáveis   e tratando

 como variáveis
independentes. As equações seriam:

Hamilton mostrou em 1835 que a duplicação simétrica do


número de variáveis independentes é

conseguida graças à descrição da dinâmica


por intermédio das 2n quantidades , em

que o momento
canônico conjugado a

Supondo que a matriz hessiana  com elementos,

não singulares, com o determinante W ≠ 0, obtemos

A descrição hamiltoniana envolve substituir  por  em todas as grandezas


mecânicas, e

introduzir   em lugar de   para produzir a


dinâmica do sistema. Tal mudança de

descrição realiza-se mediante uma


transformação de Legendre, em que a hamiltoniana é definida

por;

Aplicando a diferencial,

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Considerando o segundo termo entre parênteses igual a


zero, obtemos:

Por outro lado,

Comparando as duas expressões acima obtemos:

Obtemos também o subproduto,

As expressões obtidas são as equações canônicas de


Hamilton e são um conjunto de 2n

equações diferenciais de primeira ordem


equivalente ao sistema de n equações de segunda ordem

de Lagrange. Como , a consequência é que

A hamiltoniana é a energia total do sistema expressa como função das


coordenadas e

momentos.

TEMA 3 – TEOREMA DE LIOUVILLE

Considere um certo espaço de fase formado pelas


coordenadas q e pelo momento p, em que

cada ponto de fase do espaço é ocupado


por uma partícula que se move de acordo com a equação

de movimento. Os caminhos
traçados pelas partículas representam toda a história do sistema. Vamos

considerar um elemento de área   no plano no espaço de


fase. O número de pontos

representativos que se movem por unidade de tempo é

O total de números representativos


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Utilizando uma expansão em série de Taylor,

O aumento total na densidade é dado pela diferença


entre as equações acima,

Dividindo por  e somando para todos


os valores possíveis de k, encontramos

Das equações de Hamilton

E a equação fica

Como as coordenadas e os momentos pertencem ao volume


descrito pela densidade ρ, essa
equação representa a derivada total da
densidade pelo tempo:

A densidade dos pontos do espaço de fase que


correspondem a um sistema de partículas
permanece constante durante todo o
movimento, esse é o teorema de Liouville. Esse teorema é

importante na mecânica
estatística. Uma outra forma de escrever o teorema é

Em que,

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São denominados parênteses de Poisson. Como o volume é


preservado em qualquer região do

espaço de fase, não há dependência temporal na


densidade de microestados,

TEMA 4 – TEOREMA DO VIRIAL

Seja f uma função real de uma variável, o valor médio


da função é definido por:

Considerando que existe um limite para essa função nesse intervalo. Em


particular, se f é uma

função periódica e integrável, o limite pode ser dado


por:

Num sistema mecânico com n graus de liberdade,


descrito pelas variáveis canônicas  e pela
hamiltoniana , a quantidade:

Essa equação representa uma generalização do virial,


introduzido por Clausius nos seus estudos

em teoria cinética dos gases, que


estabelece uma relação entre a energia cinética T e a energia
potencial U de um
sistema em equilíbrio estacionário.

Podemos deduzir o teorema do Virial por meio da


mecânica analítica. Considere
 parâmetros limitados
no tempo, considere a função:

Vamos derivar em relação ao tempo os dois lados da


equação:

Calcula-se a média temporal ao longo da trajetória no


espaço de fase:

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Analisando o termo da esquerda:

Para certa energia dada, G é uma função limitada em


todos os tempos, então verificamos que o

valor do limite é zero. Do lado


direito, temos que:

Obtemos o teorema do Virial utilizando o espaço de


fase:

Em analogia com a hamiltoniana,

Escrevendo em termos da energia cinética:

Em termos das equações de Hamilton, o teorema do


Virial pode ser escrito,

O teorema do Virial pode ser utilizado no cálculo da


energia cinética de sistemas que não

possuem uma solução exata, como na


mecânica estatística. Podemos obter o teorema de
equipartição de energia, a
equação de Clapeyron para os gases ideais e calcular o limite de

Chandrasekhar
para estabilidade de anãs brancas.

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TEMA 5 – DERIVAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE LAGRANGE DO


PRINCÍPIO DE HAMILTON

Nesta seção vamos demonstrar como obter as equações de Lagrange


partindo do princípio de

Hamilton. Partindo da equação:

Considerando a curva , então,

 Então temos  variáveis, obtemos:

Integrando por partes, o segundo termo se torna:

Em que o primeiro termo se anula porque todas as


curvas terminam nos pontos fixos. Então

obtemos:

Em
analogia com

Como y é
independente, as variações também são independentes, portanto, obtemos a
equação

de Euler-Lagrange,

pelo
princípio de Hamilton,
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fazendo,

A equação de Euler se
torna a equação de movimento de Lagrange derivada do princípio de

Hamilton,
para sistemas conservativos:

Em
que L é a lagrangeana do sistema, , e os q’s são as
coordenadas generalizadas.

NA PRÁTICA

Aqui vamos apresentar exemplo sobre como utilizar a


teoria acima. Obtenha as equações de
Hamilton para uma partícula sob a ação de
um potencial central, usando coordenadas esféricas. A

energia cinética da
partícula em coordenadas esféricas é dada por:

A lagrangeana da partícula será, lembrando que o


potencial depende só de r:

Usando a relação entre momento generalizado e


coordenada generalizada

Encontramos:

Invertendo as equações para obtermos as coordenadas:

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Agora vamos determinar a hamiltoniana, para isso


usamos a relação:

Para a partícula num potencial central temos:

Rearranjando os termos da lagrangeana

Fazendo a mesma substituição na hamiltoniana,

Somando os termos obtemos:

Essa hamiltoniana é equivalente à energia total da


partícula. As equações de Hamilton podem
ser obtidas usando as equações
canônicas:

FINALIZANDO

Nesta aula apresentamos o formalismo de Hamilton, com


as equações canônicas de Hamilton e
as equações de movimento de Lagrange. Essas
equações são equivalentes às equações de Newton,

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mostrando soluções analíticas


na mecânica clássica, em que as equações de movimento são descritas
em termos
da energia cinética e da energia potencial. Apresentamos também dois teoremas,
que

derivam da teoria de Hamilton, e que são muito utilizados na mecânica


estatística, o teorema de

Liouville e o teorema do Virial.

REFERÊNCIAS

GOLDSTEIN, P. S. Classical Mechanics. 3. ed. Addison Wesley,


2002.

LEMOS, N. A. Mecânica analítica. 2. ed.


São Paulo: Livraria da Física, 2007.

SYMON, K. R. Mecânica. 2. ed. Rio de


Janeiro: Campus, 1988.

THORNTON, S. T.; MARION, J. B. Dinâmica clássica de partículas e sistemas. 5. ed. São Paulo:

All Task, 2011.

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