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21751610 - Laboratório de Fı́sica Moderna • Interferômetro de Michelson-Morley • UFAM

Interferômetro de Michelson-Morley

David Barbosa da Costa


Departamento de Fı́sica, Universidade Federal do Amazonas

Resumo

Neste relatório irá ser reproduzido o passo a passo realizado por Albert Michelson e Edward Morley enquanto
ambos realizaram experimentos para provar a existência do Éter como um referêncial absoluto e meio necessário para
a propaação de ondas eletromagnéticas.Todos os calculos aqui reproduzidos têm a finalidade de demonstrar de que
maneira Michelson e Morley, após exaustivas tentativas, não encontraram nenhuma diferença no trajeto dos raios de
luz. Logo, a Terra não poderia estar se movendo em relação ao Éter.

Abstract

This report will reproduce the step by step performed by Albert Michelson and Edward Morley while both carried
out experiments to prove the existence of Ether as an absolute reference and a necessary means for the propagation of
electromagnetic waves. All calculations reproduced here are intended to demonstrate how Michelson and Morley, after
exhausting attempts, found none difference in the path of light rays. Therefore, Earth could not be moving relative to
Ether.

I. Introdução valores diferentes para a velocidade da luz, sendo que


a velocidade apresentada na teoria de Maxwell seria em
relação ao suposto meio e em outros referenciais terı́amos
O Princı́pio da relatividade, comumente associado a Al-
valores entre (c+v) e (c-v) onde c é a velocidade da luz
bert Einstein, é o princı́pio fı́sico que mostra a invariância
em relação ao meio de propagação e v é a velocidade do
das leis da fı́sica vistas de qualquer referencial. Porém,
observador relativa também a esse meio. Esse meio ide-
esse princı́pio, na verdade, foi proposto inicialmente por
alizado foi chamado de Éter Luminı́fero, que seria uma
Galileu Galilei no século XVII, que a partir de um con-
substância que preencheria todo o universo e seria tão del-
junto de equações denominadas como Transformações
icada a ponto de não interferir no movimento dos planetas
Galileanas conseguiu demonstrar que as leis da fı́sica no-
e ao mesmo tempo necessitaria ser muito rı́gida, pois a
toriamente eram invariantes em quaisquer referenciais,
velocidade da luz é muito alta. Com base nesse questiona-
sendo estes referenciais inerciais. Entretanto, no século
mento surgiu Albert Michelson em conjunto com Edward
XIX o fı́sico James Clerk Maxwell revolucionou a fı́sica
Morley com uma experiência que visou testar a hipótese
com a teoria do eletromagnetismo, teoria esta que uniu
de que a velocidade da luz era variável caso o observador
o estudo da luz do ramo da Óptica com a eletricidade
se movesse em relação ao “éter luminı́fero”.
e o magnetismo. A partir dos estudos realizados foi de-
scoberta a existência de ondas eletromagnéticas e além
disso, foi provado que a luz visı́vel também fazia parte I. Objetivo
desse “conjunto de ondas” e dessa forma a luz e as demais Descrever o equipamento e os cálculos que Michelson-
ondas eletromagnéticas teriam a mesma velocidade de Morley realizaram e quanto por cento de deslocamento de
propagação. Contudo havia um problema, a equação da uma franja era esperado apresentadas.
onda eletromagnética não foi invariante a transformação
galileana e houveram muitas discussões que visavam com-
preender o porquê. O principal questionamento foi sobre
em qual referencial a velocidade da luz foi medida para II. Materiais e Montagem
ser obtido esse resultado, afinal também era de comum • Fonte emissora de luz;
acordo que ondas necessitariam de um meio para se propa-
garem. E se dessa forma acontecesse, esperava-se obter • Conjunto de espelhos semitransparentes;

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• Espelhos refletores;

• Anteparo.

Figure 2: Interferômetro de Michelson-Morley

Como os braços do interferômetro possuı́am mesmo


comprimento L, a intensidade do feixe quando incidisse
sobre o anteparo dependeria das interferências construti-
vas ou destrutivas, ou seja, será uma função das relações
entre as fases dos raios que se recombinam. Se os feixes
de luz emitidos tivessem velocidades diferentes em ambas
as direções, padrões de interferência de fato poderiam ser
observados nos anteparos.
A intensidade da luz, devido ao raio central, vista pelo
Figure 1: Montagem do experimento
observador em O, será uma função das relações entre as
fases dos raios que se recombinam. Para conseguir obser-
var isso, foi calculado o tempo total para a luz percorrer o
trajeto interseção ao espelho 2 e espelho 1 a interseção, e
foi encontrada uma equação que permitia encontrar este
valor, com isso poderı́amos calcular uma diferença delta
II. Fundamentação Teórica do caminho percorrido, a partir do tempo total encontrado
e a velocidade da luz. Após isso a experiencia foi real-
izada mais uma vez, porém agora girando os braços em
O experimento foi realizado para medir a velocidade da um ângulo de 90º e as medidas foram feitas novamente
luz em relação ao éter aprovei-tando-se do movimento e da nessa posição, para evitar possı́veis problemas como por
velocidade de translação da Terra, cuja velocidade orbital exemplo a interferência da direção do movimento orbital
tem o valor v= 3·104 m/s utilizando um instrumento que da Terra, ou ainda imprecisões nos tamanhos dos braços
consistia em dois braços de mesmo comprimento L = 10 m, utilizados no interferômetro.
dispostos perpendicularmente entre si. Nas extremidades Como dito anteriormente haverá uma diferença de fase
dos dois braços haviam espelhos refletores e no mesmo entre esses feixes, ocasionando um padrão de interferência
sentido de cada espelho refletor havia respectivamente quando esses se recombinam no anteparo do detector,
uma fonte emissora de luz amarelada de comprimento de essa defasagem é produzida por uma diferença de tempo.
ondaλ= 500nm em anteparo que permitia enxergar o feixe Rotacionando 90º sobre o interferômetro no plano hori-
de luz refletido. Por fim, na intersecção dos braços havia zontal, espera-se que os dois feixes cheguem ao detector
um conjunto de espelho semi-transparentes posicionados em posições alternadas, resultando numa diferença de
de forma angulada em 45 º. A ideia do experimento era tempo que corresponde ao dobro do valor calculado na
separar em dois feixes de menor intensidade o feixe de luz situação anterior. Por conta disso a diferença delta dos
principal utilizando o espelho semi-transparente, fazendo caminhos percorridos também dobraria. Essa diferença
com que refletissem separadamente para os espelhos refle- delta de caminho percorrida pelos dois feixes, poderia ser
tores e no seu percurso de volta, se unissem novamente interpretada como uma mudança na posição das franjas
exibindo no anteparo o feixe de luz re-combinado. formadas no anteparo por conta da interferência devido a

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esse deslocamento realizado.

III. Análise de dados


Inicialmente iremos calcular a diferença entre os tempos,
a partir dos tempos t1 e t2 que iremos encontrar:

Figure 4: Distancia percorrida.

c2 t2 = l22 + v2 t2 (8)

(c2 − v2 )t2 = l22 (9)


l2
t= p (10)
( c2 − v2 )
l2
t= r (11)
v2
c2 (1 − )
c2
Figure 3: Experimento realizado originalmente l2
t= p c (12)
1 − β2
l l
t1 = 1 + 1 (1)
c−v c+v 2l2

t1 =
l1 ( c + v )
+
l1 ( c − v )
(2) t2 = 2t = p c (13)
(c − v)(c + v) (c + v)(c − v) 1 − β2

l1 ( c − v ) + l1 ( c + v ) A partir disso, podemos calcular a diferença ∆t dos


t1 = (3) tempos t1 e t2 encontrados:
(c − v)(c + v)
l1 c − l1 v + l1 c + l1 v ∆t = t2 − t1 (14)
t1 = (4)
c2 − v2
2l1 c 2L v2 2L 1
t1 = (5) ∆t ≈ (1 + 2 ) − (1 + v2 c2 ) (15)
v2 c c c 2
c2 (1 − 2 )
c Lv2
2l1 ∆t ≈ (16)
c3
t1 = c (6)
v2 Sabendo que : c = 3 · 108 m/s; v = 3 · 104 m/s e
1− 2 L = 10m, podemos calcular essa diferença de tempo:
c
2l1 10(3 · 104 )2
c ∆t = = 3.3 · 10−16 s (17)
t1 = (7) (3 · 108 )3
1 − β2
v2 Agora, ao rotacionar nosso interferômetro em 90º
Onde β = terı́amos as seguintes equações para t1 e t2 :
c2

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Este então seria o deslocamento esperado para as fran-


jas durante o experimento, um resultado de 40%, porém,
na realidade o valor encontrado foi de 0.

V. Conclusão
Reproduzindo o que os pesquisadores fizeram, encon-
tramos o resultado idealizado por eles, em torno de 40%,
entretanto, na realidade a diferença encontrada para o
deslocamento das franjas foi de 0. Com isso, podemos con-
cluir que este experimento que teve como iniciativa com-
Figure 5: Experimento rotacionado em 90º provar de alguma forma a existência do Eter Luminı́fero,
e acabou corroborando com a ideia de que ele não ex-
iste e que de fato a luz, ao contrário das ondas que já
2l1 conhecı́amos, não necessitaria de um meio para se propa-
gar. Esta experiência definitivamente abriu portas para a
t1′ = p c (18)
1 − β2 aceitação da teoria da relatividade geral de Albert Einstein,
2l2 trazendo grandiosos benefı́cios pro meio cientı́fico.

t2 = c (19)
1 − β2 VI. Notas e Referências
2Lv2
∆Ttotal = t2 − t1 = (20) [1] O EXPERIMENTO DE MICHELSON-MORLEY.
c3
Partindo destas diferenças de tempo,tem-se a equação UFABC, ano desconhecido. Disponı́vel
para o valor do deslocamento esperado das franjas (∆n) em: https://propg.ufabc.edu.br/mnpef-
sites/relatividade-restrita/o-experimento-de-
c 2Lv2 michelson-morley. Acesso em: 10 de novembro
∆n = (∆Ttotal ) = (21)
λ λc2 de 2021.

IV. Resultados e Discussão


Ao calcular o valor esperado pela experiência de
michelson-morley, chegamos ao seguinte resultado:
c 2 · 10 · (3 · 104 )2
∆n = (∆Ttotal ) = = 0, 40 (22)
λ 5 · 10−7 (3 · 108 )2

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