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Interferência e Polarização de Microondas

Elisson Sousa, Rafael Alexandre


Instituto de Física,
Universidade Federal de Goiás

Resumo
Uma outra situação na qual há interferência entre duas ondas, é quando
um anteparo é atingido perpendicularmente por uma onda e esta é re-
ste relatório apresenta uma discussão a cerca dos resultados expe-
E rimentais de medidas de comprimento de onda e estado de pola-
rização da onda. Durante o experimento foram coletadas medidas de
fletida. A superposição das duas ondas acarretará em uma onda estaci-
onária, como ilustra a figura 2.

máximos e mínimos de uma interferência de microondas incidentes e


refletidas em uma placa metálica. A partir das medidas coletadas no
experimento plotamos dois gráficos, os quais serviram de base para
calcularmos o valor médio do comprimento de onda. Com o arranjo do
experimento de Michelson realizamos o mesmo procedimento, a fim
de compararmos os valores médios do comprimento de onda da micro-
onda. Para aferirmos o estado de polarização da microonda, utilizamos Figura 2: Representação de uma onda estacionária.
grades metálicas, nos sentidos horizontal e vertical.
Conforme vemos na figura 2, à medida que movimentamos o anteparo
Introdução na direção da linha que une à fonte, um ciclo é completado a cada meio
ciclo de comprimento de onda percorrido pelo anteparo. Deste modo,
m dos fenômenos físicos com maior número de aplicações na óp-
U tica é o fenômeno de interferência da luz. O experimento de inter-
ferência com a luz foi realizado pela primeira vez pelo cientista inglês
a distância entre dois minimos (ou dois máximos) é igual a meio com-
primento de onda. [3]

Thomas Young, em 1801, cuja finalidade era estabelecer a natureza


ondulatoria da luz. O experimento de Young consiste basicamente na Metodologia
incidência de uma onda plana sobre uma placa opaca, que tem duas
experimento foi dividido em duas partes, onde o aparato experi-
fendas estreitas e difrata-se em cada fenda, divergindo radialmente. As
ondas oriundas de cada fenda superpõem-se e interferem construtiva ou
O mental utilizado é apresentado na figura 3. O aparato experimen-
tal é basicamente constituído por uma placa refletora, uma régua, um
destrutivamente, em um certo ponto, dependendo da diferença de fase
osciloscópio, uma fonte de microondas e um diodo detector.
entre elas. Este experimento ficou popularmente conhecido como da
dupla fenda de Young, que, segundo uma enquete realizada em 2002
entre os leitores da revista Physics World, configura entre os dez mais
belos experimentos da física.
Na interferência de Michelson, conforme indica a figura 1 uma onda
plana incide em um espelho semirefletor, de tal sorte que parte da onda
é refletida e parte é transmitida. A consequência é que as duas ondas
dirigem-se ao detector. Estas duas ondas irão superpor-se uma à outra,
ocasionando o fenômeno de interferência. A diferença de caminhos
percorridos pelas duas ondas fará com que a interferência seja constru- Figura 3: Interferência de microondas utilizando uma placa refletora.
tiva ou destrutiva. [1] [2] [4]

Primeiramente a fonte e placa foram montadas à uma distância de 60


cm. Ao ajustarmos o osciloscópio foi possível detectarmos em sua tela
uma onda quadrada. Posteriomente, movimentamos vagarosamente o
detector sobre a régua, a fim de descobrirmos os máximos e mínimos da
onda quadrada e registrar suas respectivas posições, e, então, inferimos
30 medidas.
Já na segunda parte do experimento, utilizamos o arranjo do inter-
ferômetro de Michelson, que é formado por duas placas detectoras e
duas réguas, um osciloscópio, uma fonte de microondas e diodo detec-
tor. Nesta parte do experimento, fixamos o detector e movimentamos
Figura 1: Esquema do interferômetro de Michelson. uma das placas detectoras, a fim de verificarmos os máximos e miní-
mos da onda, fazendo a anotação das respectivas posições.
Por fim, e não menos importante, analisamos o que ocorre quando
A relação matemática para o campo elétrico, por meio da interferência, há grades metálicas na frente da fonte de microondas para verificarmos
é mostrado na equação (1) o estado de polarização.
 h  x i h  x i
E(x, t) = A cos ω t − + cos ω t + (1)
c c Resultados e Discussões
Nesse caso, a onda resultante pode ser descrita pela equção (2)
eguindo o roteiro porposto e realizarmos as respectivas medidas e
E(x, t) = 2Acos(ωt)cos
 ωx 
c
(2) S os devidos cálculos deste experimento, é possível analisarmos os
resultados por meio de tabelas e gráficos. O principal objetivo deste
Sendo ω a frequência e c a velocidade da luz. A condição para que haja
experimento é medir o comprimento de onda de microondas refletida
interferência destrtutiva é se
por meio de uma placa refletora, e também por meio do arranjo de
nλ Michelson, e por fim verificar o estado de polarização de ondas estaci-
n= ; n = 0, 1, 2, 3... (3)
2 onárias.
A partir dos valores de dois máximos ou minímos apresentados na Tabela 2: Medidas dos valores de máximo e mínimos, posição e com-
Tabela 1, pode-se determinar o comprimento de onda na primeira etapa primento de onda (parte 2).
do experimento. Os resultados encontrados para a primeira etapa do
Max/Min Posição (cm) Comprimento de onda (λ)
experimento foram λ1 = 2, 25 cm e λ2 = 2, 60 cm , respectivamente.
0 0,10 0,0
Portanto, por meio dos resultados obtidos, inferimos que estão dentro
1 0,95 1,90
do previsto, pois estão compreendidos na faixa do espectro eletromag-
0 1,70 1,70
nético, cujo o comprimento de onda das microondas estão no intervalo
1 2,55 1,70
de 1mm - 1m.
0 3,30 1,65
Tabela 1: Medidas dos valores de máximo e mínimos, posição e com- 1 4,18 1,67
primento de onda. 0 4,90 1,63
Max/Min Posição (cm) Comprimento de onda (λ) 1 5,80 1,93
0 0,60 0,0 0 6,50 1,86
1 1,3 2,60 1 7,45 1,86
0 2,25 2,25 0 8,15 1,81
1 3,10 2,07 1 8,95 1,79
0 3,89 1,95 0 9,75 1,77
1 4,80 1,92 1 10,6 1,77
0 5,40 1,80 0 11,4 1,75
1 6,25 2,08 1 12,1 1,73
0 7,00 2,00 0 12,9 1,73
1 7,80 1,95 1 13,8 1,73
0 8,70 1,93 0 14,7 1,72
1 9,35 1,87 1 15,4 1,71
0 10,2 1,85 0 16,0 1,68
1 11,0 1,83 1 17,0 1,70
0 11,8 1,82 0 17,6 1,68
1 12,7 1,81 1 18,6 1,69
0 13,4 1,79 0 19,1 1,66
1 14,2 1,77 1 20,2 1,68
0 15,1 1,78 0 20,8 1,66
1 15,9 1,76 1 21,7 1,73
0 16,6 1,75 0 22,4 1,72
1 17,5 1,75 1 23,4 1,80
0 18,2 1,73 A partir dos valores da tabela 2, foi possível construírmos gráficos
1 18,9 1,72 da distribuição das intensidades na reflexão de microondas em função
0 19,8 1,72 da posição, que é apresentada na figura 5.
1 20,5 1,70
0 21,4 1,71
1 22,1 1,77
0 22,9 1,76
1 23,6 1,81

A partir dos valores da Tabela 1, foi possível construírmos um grá-


fico da distribuição das intensidades na reflexão de microondas em fun-
ção da posição, que está apresentada na figura 4

Figura 5: Gráfico para segunda etapa da distribuição de intensidade


na reflexão de microondas em função da posição.

E por último, utilizando dois polarizadores, entre a fonte de micro-


ondas e o diodo detector, verificamos o estado de polarização da onda.
Observamos que, quando a grade estava posicionada na vertical, o os-
ciloscópio não apresentou nenhum sinal. No entanto, quando a grade
foi posicionada na horizontal, o osciloscópio apresentou sinal máximo
de microondas. Com duas grades, vertical e horizontal, também não
Figura 4: Gráfico para primeira etapa da distribuição de intensidade observamos nada. Isso ocorre porque o campo elétrico das microon-
na reflexão de microondas em função da posição. das utilizadas se propagam na direção vertical e, quando a grade se
encontra na posição vertical, faz com que as cargas elétricas no metal
A partir dos valores de dois máximos ou minímos apresentados na oscilem, gerando corrente elétrica, parte do sinal dissipa-se em função
tabela 2, pode-se determinar o comprimento de onda na segunda etapa do efeito joule e a outra parte é refletida do outro lado da grade. Já
do experimento. Os resultados encontrados para a segunda etapa do com a grade na posição perpendicular ao campo elétrico (horizontal)
experimento foram λ1 = 1, 81 ± 0, 39 cm e λ2 = 1, 68 ± 0, 32 cm , a onda passa até o diodo detector. Portanto, inferimos, por meio deste
respectivamente. Portanto, por meio dos resultados obtidos, inferimos experimento, que a polarização da microonda dá-se na direção vertical.
que estão dentro do previsto, pois estão compreendidos na faixa do es-
pectro eletromagnético, cujo o comprimento de onda das microondas
Conclusão
estão no intervalo de 1mm – 1m.
partir dos resultados encontrados concluímos que os comprimen-
A tos de onda λ1 e λ2 estão dentro da região do espectro de micro-
ondas. Para tanto, obtivemos dois resultados para os comprimentos de
Referências

[1] Robert W. Christy John R. Reitz, Frederick . Milford. Fundamentos


onda, λ1 sem interferência e λ2 com interferência, como a microonda da Teoria Eletromagnética. 21 edition, 1982.
é a mesma nas duas medidas, concluímos também que ambos resulta- [2] YOUNG e FREEDMAN SEARS e ZEMANSKY. Física III Eletro-
dos se aproximam, pois só foi alterada a forma em que os dados foram magnetismo. 12 edition, 2008.
executados. Por fim, ao utilizarmos polarizadores, verificamos que a
[3] D. J. GRIFFITS. Introduction to Electrodynamics. 4ª edition.
direção de propagação da microonda neste experimento é na direção
vertical. [4] Jesiel Freitas de Carvalho and Ricardo Costa de Santana. LABO-
RATÓRIO DE FÍSICA MODERNA: ROTEIRO DOS EXPERIMEN-
TOS, volume 1. 2015.

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