Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Centro de Ciências Exatas


Departamento de Física
Laboratório de Física Moderna

Difração de Microondas

Emilia Coutinho
Emilly Rigo
Myllena Querubim

Relatório Científico da disciplina Laboratório de Física Moderna

Vitória, 14 de novembro de 2023


Emilia Coutinho
Emilly Rigo
Myllena Querubim

Difração de Microondas

Relatório Experimental sobre a Experiência B3:


Difração de Microondas apresentado à
disciplina Laboratório de Física Moderna
realizado durante o semestre 2023/2 para o
curso de Física.

Orientador: Prof. Dr. Rogério Netto Suave

Vitória, 14 de novembro de 2023


Neste relatório é apresentada uma descrição do experimento realizado que visa
estudar o interferômetro de Michelson utilizando feixes de micro-ondas e determinar
o comprimento de onda do feixe de radiação e obter espectros de difração
correspondentes a duas famílias de planos de rede. Além de investigar aspectos da
lei de difração de Bragg, com a utilização de radiação EM de comprimento de onda
macroscópico e de uma rede cúbica de parâmetro de rede macroscópico, que
permita obter a distância interplanar para as duas famílias de planos cristalinos
estudadas.

Palavras-Chaves: Geração e detecção de micro-ondas, interferômetro de


Michelson, parâmetros característicos de ondas eletromagnéticas, processo
físico de difração, lei de Bragg, famílias de planos de rede.

1. Interferômetro de Michelson

O interferômetro de Michelson foi projetado e construído por Albert Abraham


Michelson em 1881 com objetivos de comprovar o movimento da Terra em relação a
uma substância associada a propagação de ondas eletromagnéticas, o éter
luminoso, nele uma onda luminosa é dividida em dois feixes que, após percorrerem
caminhos diferentes, são recombinadas para produzir uma figura de interferência.
Quando a distância percorrida por um dos feixes varia é possível medir essa
variação com grande precisão em termos de comprimento de onda da luz, bastando
para isso contar o número de franjas de que se desloca a figura de interferência.

1.1 Interferência

O feixe de laser passa por um espelho semi refletor (divisor de feixe), a um ângulo
de 45º, que permite a passagem de aproximadamente 50% da luz e reflete a outra
parte dividindo-o em dois feixes perpendiculares. Estes são refletidos por outros
dois espelhos, que são divididos e sofrem interferência no divisor de feixes. O
espelho côncavo projeta a imagem das franjas circulares na tela de observação,
gerando franjas claras nas regiões onde as ondas dos feixes estão em fase e
franjas escuras onde estão defasadas.
Fig. 1: Esquema do interferômetro de Michelson

Esse dispositivo pode ser aplicado para a medição interferométrica de


variações de comprimentos, de espessuras de camadas ou de índices de refração.
A diferença de caminho óptico d é:
𝑑 λ
𝑛
= 2

1.2 Difração de Bragg

Fig. 2: Esquema ilustrativo da Lei de Bragg.


A lei de Bragg governa a difração por planos paralelos na rede. Em contraste ao
comportamento dos espelhos de um único plano, que produz reflexão para qualquer
ângulo θ, agora, apenas valores particulares de θ satisfarão a lei de Bragg e
produzirão interferência construtiva. Abaixo temos a expressão matemática para a
lei de Bragg:

2𝑑𝑠𝑒𝑛θ = 𝑛λ

onde n é um número natural, λ é o comprimento de onda da radiação incidente, d é


a distância entre os planos e θ é o ângulo de incidência em relação ao plano
considerado.

A técnica de difração em cristais permite que seja determinado o tipo de


célula unitária de um sólido, como a geometria, as dimensões e a disposição dos
átomos dessa célula. Seja a amostra de um cristal representada na Figura 3, 𝑑ℎ𝑘𝑙 a
distância interplanar relacionada com os índices de Miller. Para uma estrutura
cúbica, a distância interplanar 𝑑ℎ𝑘𝑙, se relaciona com os índices de Miller (ℎ𝑘𝑙) e
com o parâmetro de rede 𝛼, através da relação:

𝛼
𝑑ℎ𝑘𝑙 = (1)
√ℎ² + 𝑘² + 𝑙²

Fig. 3: Incidência de ondas em planos cristalinos.


Se uma fonte incidente está emitindo um feixe coerente, os ângulos incidentes e
refletidos serão os mesmos. Para que haja interferência construtiva, os feixes de
onda difratados devem estar alinhados, isto é, a diferença de percurso entre os
dois feixes de ondas devem ser múltiplos de números inteiros do comprimento de
onda. A diferença de caminho ótico pelo feixe que incide no plano 2 em relação ao
feixe que incide no plano 1 para interferência construtiva é:

2𝑑 sin 𝜃 = 𝑛𝜆 ; 𝑛 = 1,2,3 …. (2)

a chamada Lei de Bragg.

Combinado a equação 1 com a 2 temos que:

𝑛𝜆√ℎ² + 𝑘² + 𝑙²
𝛼= (3)
2 sin 𝜃

2. Procedimento Experimental

Para a realização do experimento foram utilizados os seguintes equipamentos:

● Gerador de micro-ondas linearmente polarizado;


● Detector de micro-ondas;
● Metais semi refletores;
● Trilhos ópticos;

Para a realização do experimento, realizamos os seguintes procedimentos:

O arranjo experimental que nos serviu de base está descrito nas Figuras 4 e 5 onde
detalhamos as conexões.
Fig. 4: Arranjo experimental do interferômetro de Michelson.

Figura 5 - (a) Arranjo experimental para estudo da lei de Bragg. (b) Ilustração da
medida do ângulo de incidência.

2.1 Interferômetro De Michelson

O arranjo experimental está esquematizado na Fig. 4


A e B são duas placas totalmente refletivas (metálicas), C é um refletor parcial (não
metálico), T o transmissor e R o receptor. A interferência entre os dois feixes que
chegam ao receptor leva à observação de máximos e mínimos em função da
diferença de distância entre os braços CA e CB do interferômetro.
Conectamos o transmissor à fonte de alimentação e ajustamos os controles do
receptor de modo que um sinal com intensidade razoável seja observável no
medidor.
Posicionamos os dois refletores bastante afastados do refletor parcial central, para
evitar efeitos de interferência secundária. Giramos o refletor parcial C para
maximizar o sinal no detector. Para uma posição fixa do refletor total B,
movimentamos o refletor total A ao longo do trilho com escala em décimos de cm e
observe os máximos e mínimos de intensidade registrados no medidor. Após isso
colocamos o refletor A em uma posição que produza um máximo de interferência e
anotamos esta posição. Variamos lentamente a posição de A e registramos as
posições em que ocorriam máximos (ou mínimos) de intensidade até observar em
torno de 20 máximos (ou mínimos). Repetimos essas medidas mais uma vez,
modificando a posição inicial do refletor A.

2.2 Difração de Bragg

O arranjo experimental está esquematizado na Fig. 5.


As micro-ondas incidentes sobre a rede cúbica, formada por esferas metálicas
incrustadas em um arcabouço de plástico, são difratadas nos ângulos definidos pela
lei de Bragg, “produzindo picos de difração”. As esferas desempenham um papel
equivalente ao de átomos em um cristal real. A rotação da rede e/ou do braço do
goniômetro (onde está fixo o receptor) permite a observação desses máximos e a
medida dos correspondentes ângulos de difração.
Posicionamos o transmissor e o receptor alinhados frontalmente, com ângulo nulo
na escala do goniômetro (braço girante associado ao detector) e ajustamos a
orientação da rede cúbica de modo que os planos , paralelos a uma das faces da
rede cúbica, estejam paralelos ao eixo de simetria do transmissor, com ângulo nulo
na escala indicada pela ponta marcadora associada ao arcabouço da rede cúbica.
Conectamos o transmissor à fonte de alimentação e ajustamos inicialmente os
controles do receptor tal que o seletor de ganho fixo fique no máximo (30) e o de
ganho contínuo fique no mínimo e depois ajustamos os ganhos para que o sinal na
direção direta apresente com intensidade no fim da escala no medidor. Registramos
a leitura do medidor nessa situação inicial. E depois giramos a rede cúbica de 1º em
um dado sentido e simultaneamente gire o braço do goniômetro de 2º no mesmo
sentido, para atingir a situação conhecida como reflexão especular. Anotamos o
valor do ângulo entre o eixo de simetria do transmissor (direção de incidência) e a
direção paralela aos planos de interesse. Seguimos fazendo esse procedimento
sempre girando o braço do goniômetro de 2° para cada 1º de rotação da rede, até
atingir o ângulo = 55º . Registramos a leitura do medidor em cada posição.
Repetimos os procedimentos acima agora utilizando os planos , os quais são planos
paralelos à diagonal de uma face do cubo.

3. Análise e Discussão dos Resultados

3.1 Interferômetro De Michelson

Os dados obtidos no experimento foram descritos na Tabela 1 abaixo:

Tabela 1: Medidas de posições de uma das placas refletoras - posições d (cm) do


refletor A para máximos de interferência.

# 1ª série 2ª série Média


1 125,0 124,4 124,7

2 126,3 125,7 126,0

3 127,7 127,1 127,4

4 129,2 128,5 128,9

5 130,6 130,1 130,4

6 132,1 131,6 131,9

7 133,5 133,0 133,3

8 135,0 134,4 134,7

9 136,3 135,7 136,0

10 137,7 137,2 137,5

11 139,1 138,6 138,9

12 140,5 140,1 140,3

13 142,0 141,6 141,8

14 143,4 143,0 143,2

15 144,8 144,3 144,6


16 146,3 145,9 146,1

17 147,6 147,1 147,4

18 149,1 148,6 148,9

19 150,5 150,0 150,3

20 151,8 151,6 151,7

Gráfico 1 - Curva distância para os máximos consecutivos.

Para este gráfico foi obtido como valor do coeficiente angular, α = 1,424 ± 0,002 cm.

𝑑 λ
Sabemos que 𝑛 = α = 2 , então:
λ = 2α = 2 · 1, 424

λ = 2,848 ± 0,001 cm é o valor obtido experimentalmente para o comprimento de


onda da radiação de micro-ondas.

8
𝑐 3· 10
Entretanto, o valor esperado é de λ = 𝑓
= = 2, 85 𝑐𝑚.
9
10,525·10

Portanto, o desvio percentual entre a medida esperada e a medida obtida é de


aproximadamente 0,07%.

3.2 Difração de Bragg

Os dados obtidos no experimento foram descritos na Tabela 2 abaixo:

Tabela 2 - Medidas de intensidade difratada em função do ângulo no esquema θ - 2θ


Gráfico 2 - Dados experimentais para o plano (100) da rede cristalina.

Para esses dados, os picos se encontram em 23,0º e 50,0º.

A distância entre os planos é dada pela lei de Bragg:

𝑛λ
𝑑 = 2𝑠𝑒𝑛ፀ

Em que λ = 28,5 mm e n é a ordem dos picos.

Para n = 1 Para n = 2

28,5 2·28,5
d1 = 2·𝑠𝑒𝑛(23,0)
d2 = 2·𝑠𝑒𝑛(50,0)

d1 = 36,5 mm d2 = 37,2 mm
Fazendo a média entre as distâncias entre os planos, temos que:

𝑑1 + 𝑑2
𝑑100 = 2

36,5 + 37,2
𝑑100 = 2

𝑑100 = 36, 9 𝑚𝑚

O valor esperado para essa distância é de (38,2 ± 0,2) mm

Portanto, temos um desvio de:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜


𝐷(%) = | 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
| · 100

36,9 − 38,2
𝐷(%) = | 38,2
| · 100

𝐷(%) = 3, 4 %
Figura 5 - Dados experimentais para o plano (110) da rede cristalina.

Para esse plano, encontramos apenas um pico, que está em 31,0º, então a
distância entre as esferas é:
28,5
𝑑 = 𝑑1 = 2𝑠𝑒𝑛(31,0)

𝑑 = 27, 7 𝑚𝑚

Para (1 1 0), a distância efetiva é dada pela relação de diagonal do quadrado:

𝑑110 = 𝑑1 · 2

𝑑110 = 39, 2 𝑚𝑚

O desvio, para esse plano, é de:

39,2 − 38,2
𝐷(%) = | 38,2
| · 100
𝐷(%) = 2, 6 %

CONCLUSÃO

No primeiro experimento, o objetivo era determinar o comprimento de onda do feixe.


Foi dado que a frequência nominal era de 10,525 GHz, o que nos daria um valor de

8
3· 10
λ = = 2, 85 𝑐𝑚
9
10,525·10

A análise dos resultados revela um desempenho notável, já que comprimento de


onda obtido, λ = 2,848 ± 0,001 cm, está em excelente concordância com o valor
teórico esperado de 2,85 cm. O pequeno desvio de 0,07% em relação ao valor
nominal de 2,85 cm é insignificante, evidenciando a precisão e confiabilidade do
método experimental empregado. Assim, podemos concluir que o resultado obtido
foi ótimo e encontra-se plenamente dentro das expectativas, fortalecendo a validade
do experimento e a confiabilidade dos dados obtidos. Essa consistência entre o
valor experimental e o teórico valida a eficácia da abordagem adotada na
determinação do comprimento de onda do feixe,contribuindo para a confiança nas
conclusões alcançadas.

Para o experimento da difração de Bragg, obtivemos os seguintes resultados:

Plano Ângulo (º) Distância Distância Erro (%)


cristalino entre os média (mm)
planos (mm)

23,0 36,5
(100) 36,9 3,4
50,0 37,2

(110) 31,0 39,1 39,1 2,6

Podemos perceber que os valores encontrados se encontram muito próximos do


valor esperado para o plano cristalino que é de 38,2 mm.
REFERÊNCIAS

[1] R. Resnick, D. Halliday, e J. Merrill, Fundamentos de Física, vol. 4 Óptica e


Física Moderna, 8ª ed

[2] Microwave Michelson Interferometer. Physics Louisville. Disponível em:


https://www.physics.louisville.edu/sbmendes/phys%20356%20fall%2014/Microwave%20Mic
helson%20Interferometer.pdf.

Você também pode gostar