Você está na página 1de 1

FILOSOFIA DA CIÊNCIA INTRODUÇÃO AO JOGO E SUAS REGRAS CAPÍTULO IV:

MODELOS E RECEITAS ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e


Suas Regras. Editora Brasiliense, 1981.

Emilia Coelho Coutinho da Rocha

No Capítulo IV o autor relembra o pensamento grego antigo e diz que o encanto místico das
antigas (não no sentido de obsoletas) maneiras de pensar foi quebrado por meio da criação
de modelos. Tais modelos, criados pela ciência, descrevem os fenômenos do tempo e
espaço. Por meio desses modelos é possível descrever o comportamento dos
acontecimentos e resolver problemas, possibilitando a previsão do que acontecerá em
seguida, organizando o fenômeno para que atenda à ordem procurada pela humanidade
para entender o mundo. Os modelos são aquilo que conhecemos e a isso se restringe, pois
caso fossem o espelho do conhecimento final e definitivo, não haveria ciência (como
abordado no Capítulo III). Modelos são baseados em conceitos. Os conceitos guardam
semelhanças com coisas visíveis, na maioria dos casos. Porém, para descrever fenômenos
não visíveis, mas existentes por consequência da necessidade de resolução de um
problema, modelos não necessariamente lançam mão de auxílios sensoriais. Para entender
o invisível, os modelos usam a matemática, o artifício intelectual que permite ao homem a
manipulação dos fenômenos e objetos. Por meio da matemática é possível o
estabelecimento de fórmulas que descrevem o funcionamento ou o comportamento das
coisas, ou seja, as fórmulas são receitas. Porém, as fórmulas e modelos não descrevem os
fenômenos de maneira exata e perpétua (lembrando que o conhecimento nunca é
definitivo). Assim, quando um modelo se torna obsoleto (geralmente pela existência de
muitas exceções), um novo modelo é desenvolvido para atender às exceções, como no
caso do exemplo dos planetas, dado pelo autor, que não possuíam a mesma ordem de
movimento das estrelas, obrigando os cientistas a aceitar que a Terra também se movia e,
assim, negando o modelo geocêntrico, porém resolvendo a anomalia. Assim, Rubens diz
que ensinar ciência é ensinar modelos. E que esses modelos nunca são descrições
definitivas dos fenômenos, sejam visíveis ou invisíveis.

Você também pode gostar