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Com o passar dos anos se foi criando a imagem da ciência como um conhecimento
difícil, para poucos, logo o cientista se tornou alguém inquestionável, aquele que se
deve obedecer. A obra traz o mesmo como mito e indutor do conhecimento.
Esse pensamento socialmente instituído é bastante problemático, pois mesmo o ser
humano estando sempre passível de aprendizado muitas vezes ele não quer
aprender. Por esse aspecto surge a ideia de que os cientistas são os humanos que
pensam, os outros apenas obedecem e reproduzem o que lhe foi passado.
Outro problema notório é a especialização, algo atualmente tão requisitado pode
levar a uma desfuncionalização do profissional. Este está se acostumando e
habilitando a apenas um modo de fazer uma parte, porém se torna inútil ao todo a
outras partes.
O senso comum em sua realidade são os aprendizados que foram passados de
geração para geração. Ensinamentos comuns a um grupo que tornam o cotidiano
mais prático e que muitas vezes tem embasamento na natureza, facilitando para
uma melhor adaptação humana.
A ciência é gerada a partir do senso comum, termo usado em geral para definir um
conhecimento que não passou pelos métodos científicos. Mais especificamente da
busca pelo aprendizado e pelas soluções dos “porquês” que ficam vagos ao longo
do cotidiano e da história e de uma compreensão do mundo. Esse aprendizado se
trata de uma melhor compreensão e prática de uma habilidade ou conhecimento
que o cientista já possuía.
Capítulo II- O Senso Comum e a Ciência (II)
O autor afirma que a ordem é o que organiza tudo que é integrado pelo
universo, mesmo que isso muitas vezes seja imperceptível aos humanos. Tanto o
senso comum como a ciência se igualam na busca desse padrão. A ordem garante
a coordenação da coexistência de vidas. Outro fator dependente dela é a
racionalidade que funciona a partir de moldes em cadeia na qual um pensamento
gera outro e assim por diante.
O desejo é trago como uma faca de dois gumes, podendo este ser fonte de
uma criatividade incrível para diversas práticas humanas, porém o desejo é o
gerador dos maus sociais, como os preconceitos. Para evitar esses problemas a
ciência desenvolveu sua própria técnica o método, através dele tenta-se manter a
pesquisa e sua resolução o mais próximo possível da realidade.
A comparação entre a ciência com o senso comum é fomentada com o
argumento de que a ciência é assertiva e se estabelece revelando fatos. Porém,
esse tipo de argumentação se torna falha ao deixar de considerar a constante
mudança em tudo que existe. Nada permanece o mesmo perante ao tempo e ao
meio ambiente, logo o cientista tem como objetivo notar permanências e distinções.
Capítulo IV- Modelos e Receitas
É dito pelo autor que os astros perderam sua magia pois o homem conseguiu
desvendar seus segredos e que agora não fazem mais parte da vida do mesmo, o
encanto se quebrou quando o humano conseguiu manipulá-los.
Essa manipulação ocorre pois o ser humano percebeu que se construísse um
modelo dos astros, assim era fácil simular o que deveria acontecer na realidade,
foram as necessidades que fizeram homens realizarem perguntas que precisam de
respostas, pois o mesmo necessita de ordem e organizar faz com que se transforme
algo em uma ferramenta para resolver as necessidades do indivíduo.
Ainda assim não se conhece a realidade, o ser humano não pode
contemplá-la face a face, cientistas são forçados a aceitar novas teorias pois o que
se tem na ciência sobre os cosmos são somente palpites, uma vez que o homem só
possui modelos, artefatos feitos pelas mãos do ser humano.
Em alguns casos, onde os artefatos não possuem mais o auxílio de artifícios
audiovisuais e não conseguem mais formular resultados para aquilo que foram
projetados, se faz uso da matemática para complementar, sendo um artifício
intelectual que permite explorar possibilidades de manipulação de objetos, algumas
vezes usando de “receitas” que seriam as fórmulas e equações na matemática.
Capítulo V- Decifrando Mensagens Cifradas
É natural que pensem que teorias são feitas com dados, sendo dados
entidades que só possuem sentido dentro das teorias, desta forma não conseguindo
constituir teorias. O autor cita Gunnar Myrdal que diz: “Perguntas devem ser
levantadas antes que respostas possam ser dadas”.
Ideias preconcebidas atrapalham na construção de novas ideias, os
elementos a priori foram combatidos pela ciência ocidental, quebrando a ideia de
por exemplo ir em um laboratório com um repertório de ideias anteriores, como se
um resultado já fosse pré estabelecido e guiado por pré-conceitos, tirando o sentido
de fazer experimentos.
Contudo, voltando para a Idade Média, esse método era o único que
considerado legítimo, dessa forma com novas descobertas não iam atrás de
respostas na natureza e sim usavam opiniões de grandes autoridades do passado,
desconsiderando as que pudessem contrariar estes grandes pensadores.
Esse método perdura até os dias atuais, multiplicando citações de grandes
nomes da ciência com o objetivo de sustentar trabalhos científicos e assim dessa
forma não receber qualquer represália ou contestação referente a eficácia ou
veracidade do trabalho.
O autor adiciona dizendo que esse método era usado também para uma
ordem social, onde os de alta classe mantinham essa forma de pensar para que
assim houvesse um controle, já que o novo traz o imprevisível e junto dele o caos,
dito isso não é atoa que os marginalizados foram contra o sistema.
Capítulo VIII- A Construção dos Fatos
De acordo com David Hume, todos os objetos cujo a razão se relaciona são
classificados em duas categorias, a relação de idéias que é basicamente o campo
da lógica e da matemática; as matérias de fato o que remete ao mundo exterior e
suas relações, afirmando também que tudo sobre isso deriva de relações causais,
em outras palavras, uma relação de ação e reação.
Estímulos e respostas, dois termos que na ciência possuem uma relação de
causa e efeito, estímulo sendo tudo aquilo que vem do meio ambiente e ao entrar
em um organismo provoca qualquer tipo de atividade, uma frase importante citada
pelo autor é: “o conhecimento das causas do comportamento dá àqueles que o
detêm um enorme poder em relação aos outros. Ele tem, portanto, uma inegável
importância prática”.
As respostas são os comportamentos do organismo reagindo a um estímulo.
Sobre isso, a perspectiva das causas e efeitos é diferente quando é deixado a visão
de simples fatos de lado, o sentido faz um fato ser completamente diferente dos
outros, cabe ao cientista ser o “juíz” e questionar o fato, dar sentido a ele, enchê-lo
de indagações em busca de respostas para especificar um fato e assim atribuí-lo
sentido.
Conhecimento das relações causais não faz necessário o uso de reflexão,
comprovando isso é visto que até os animais conseguem correlacionar as causas e
efeitos, para a sociedade onde se evoluiu para o sedentarismo a comodidade da
rotina faz o sujeito aceitar como fato os acontecimentos de rotina.
Capítulo IX- A Imaginação
Método: se refere à especificação dos passos que devem ser tomados, numa
certa ordem, a fim de se alcançar um determinado fim, é a principal ferramenta dos
cientistas, explicando também o motivo de muitas idéias a muito aceitas como
verdade serem abandonadas hoje, não porque faltava conhecimento naqueles que
trabalhavam com elas, pelo contrário, o foco não é a idéia em si mas o caminho até
a formulação da mesma.
A criatividade é um fator imprescindível no trabalho científico, ela que vai
justificar o motivo dos cientistas encontrarem seus resultados por acaso, apenas
seguindo seus métodos, passo a passo. Assim, ao chegar no resultado ele finaliza o
método ou continua os passos até chegar em um resultado, seja esse esperado ou
inesperado.
Com o tempo a imaginação perde lugar para a observação, com isso os
cientistas se viam diferentes dos demais homens, pois abriam mão do senso
comum seguindo seus experimentos de forma empírica e positivista.
Nietzsche usa a frase: “espelho de cem olhos”, com o propósito único de
observar, a objetividade exige isso, pois um cientista tem que ser livre de valores, é
notório isso também na forma de retratar as observações ao experimento no papel,
não importando quem fala ou quando se fala, simplesmente o que é constatado e
observado, um resumo prático e direto.
Capítulo X- As Credenciais da Ciência
O autor fala da ciência e o fato dela ser mais uma atividade do homem
comum, acabando com a necessidade de existir um orgulho dos cientistas para com
aqueles ditos “comuns” na sociedade.
Frederick Perls cita: “A ciência, por mais pura que seja, é o produto de seres
humanos engajados na fascinante aventura de viver suas vidas pessoais”. O
cientistas com o tempo se esqueceram de onde vinham seus pensamentos e
curiosidades, afirmando e se vangloriando por “cegarem” seus sentimentos com a
objetividade, então começa mais uma grande revolução na ciência, fazer com que
os atuantes dessa área aceitem que suas teorias vieram de sonhos e fantasias.
Ao contemplar essa nova verdade o cientista se encontra em uma solidão, o
inovador só se opõe ao que é “verdade” naquele período pois junto dele vem o peso
de centenas ou até milhares de anos, assim como toda evolução não é do dia pra
noite. Contando somente com o amor pela nova idéia e a promessa da nova visão
que a mesma vai oferecer o cientista se mantém firme e resiliente, nadando contra a
maré do que é “comum”.
Capítulo XI- Verdade e Bondade