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Material Teórico
Filosofia, Ciências e Positivismo
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Filosofia, Ciências e Positivismo
• Introdução
• Positivismo
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar breve panorâmica sobre o problema do conhecimento e
uma síntese do pensamento positivista de Auguste Comte.
ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, você encontrará uma breve apresentação do problema
do conhecimento em diferentes períodos da história da filosofia e o
aparecimento dos primeiros contornos daquilo que será mais tarde aceito
como ciência contemporânea; algumas considerações sobre o método
de investigação da ciência; e, por fim, uma introdução ao pensamento
de Auguste Comte, precursor do positivismo na França, o qual deixou
muitos elementos para o debate contemporâneo sobre as relações do
conhecimento científico e a filosofia.
Recomendo a você, estudante, dividir seus estudos em etapas: primeiro,
faça uma leitura atenta do texto. Nesse momento, não é tão importante
fazer marcações; busque uma compreensão de conjunto. Em um segundo
momento, retorne ao texto, mas, dessa vez, você já conhece o final da
história, não é mesmo? Então, ao retornar, você o fará com um olhar de
investigador(a); busque pelos pontos principais: quem são os personagens
mais relevantes dessa “história”? Que ideias cada um deles defendia? Por
quê? Outras questões são colocadas ao longo do texto para sua reflexão?
Quais são elas?
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais
interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as
atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a Videoaula. Cada
material disponibilizado é mais um elemento para o seu aprendizado; por
favor, estude todos com atenção.
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Contextualização
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Introdução
O que é a verdade? O que é conhecer? Em que sentido podemos afirmar que
“conhecemos” algo?
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Como chegaríamos à invenção das locomotivas a vapor sem um entendimento
científico (engenharia, física e química) de coisas como resistência de materiais,
temperatura, pressão, transmissão de força etc.?
A ciência forma ao longo do tempo um método próprio. Como bem nos lembra
Lalande, o termo “método” está associado à
[...] “demanda”; e por consequência, esforço para atingir um fim,
investigação [grifo nosso], estudo [...] de onde, nos modernos, duas
acepções muito próximas, ainda que possíveis de distinguir (...) 1º
Caminho pelo qual se chegou a determinado resultado, mesmo quando
esse caminho não foi previamente fixado de uma maneira premedita
e refletida [grifo nosso]. 2º Programa que regula antecipadamente
uma sequência de operações a executar e que assinala certos erros a
evitar [grifo nosso], com vista a atingir um resultado determinado [...]
(LALANDE, 1993, p. 678).
Isso pode sugerir uma aproximação de método e técnica. Contudo, devemos ter
cuidado em não misturar as duas noções. Consideremos que técnica corresponde
a um “conjunto dos procedimentos bem definidos e transmissíveis, destinados
a produzir certos resultados considerados úteis” (LALANDE, 1993, p. 1109).
Ao se utilizarem de um caminho (método) para obter novos, melhores e mais
confiáveis resultados, os cientistas contribuem para o desenvolvimento de técnicas,
que são a aplicação desses resultados – mensuráveis e previsíveis –, que podem
ser transformados em produtos tecnológicos (novas ferramentas, melhorias nos
sistemas de transporte, novos tratamentos médicos etc.).
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Positivismo
O positivismo não é apenas uma linha de pensamento filosófico. Ao longo do
século XIX, o positivismo ganhou contornos de um grande movimento cultural,
atraindo para suas fileiras intelectuais diferentes áreas e diferentes países.
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Após abandonar a escola politécnica, em meio ao conturbado clima político
com a derrota de Napoleão, Comte torna-se secretário de Saint-Simon (1760-
1825) e apesar da intensa amizade com o mestre, terminaria por romper com ele
para seguir caminho próprio.
A lei dos estados é uma das pilastras do positivismo comteano e no qual nos
deteremos. Na primeira lição do Curso de Filosofia Positiva, encontramos:
“Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em
suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples
até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que
se sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser
solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas
pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações
históricas resultantes dum exame atento do passado. Essa lei consiste
em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de
nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos
diferentes: estado teológico ou fictício, estado metafísico ou abstrato,
estado científico ou positivo.” (COMTE, 1978, p. 04).
O estado metafísico, por sua vez, considera um esforço racional para explicar a
realidade; todavia, embora essas explicações tentem se desvencilhar do personalismo
sobrenatural da etapa anterior e procurem usar mais diretamente o discurso
racional, ainda não fazem uso do método científico moderno. A observação e a
intuição subjetiva marcam fortemente o pensamento metafísico. Observemos um
pensador pré-socrático, por exemplo:
O ar, segundo Anaxímenes, é o elemento originante de todas as coisas;
elemento vivo, que constitui as coisas através de condensação ou
rarefação. Assim o fogo é ar rarefeito, e pela condensação progressiva
forma-se o vento, as nuvens, a água, a terra e finalmente a pedra. [...]
(BORNHEIM, 1993, p. 28)
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e os critérios envolvidos. Nesse caso, para a fisiologia, por exemplo, a função
respiratória; para a química, as reações entre diferentes substâncias; para a física
celeste, o movimento dos planetas e assim por diante.
Não é demais enfatizar que o positivismo comteano não defende que fazer
ciência seja apenas elaborar um catálogo de fatos observáveis; há necessidade da
regulação teórica que organize e articule a relação desses mesmos fatos no campo
a ser estudado.
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Na prática, mais tarde, através de outros autores, essa ciência ficou conhecida
como Sociologia. Vale destacar que embora Auguste Comte seja considerado pai
da Sociologia por justamente propor e justificar a necessidade de uma ciência para
o estudo do social, a devida sistematização, organização teórica e a prática do
estudo da sociedade foram levadas a cabo por outros autores, sendo ainda que,
posteriormente, alguns deles vão se afastar da abordagem positivista; já outros, a
exemplo de Émile Durkheim, irão à busca de compreender os fatos sociais.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Introdução à metodologia da ciência
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2ed, 21 reimpr. São Paulo: Atlas, 2013.
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Referências
BORNHEIM, Gerd A. (org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993.
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