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o que é a epistemologia ?

→ é o discurso racional (logos) da ciência (episteme)


- é a verdade do conhecimento
- é a teoria racional do conhecimento seguro

definição:​ ​Epistemologia, que significa ciência e conhecimento, é o estudo científico que trata dos
problemas relacionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações.

→ No século XX, a palavra epistemologia foi de forma progressiva perdendo o seu significado
mais amplo, de teoria do conhecimento, para ganhar um significado mais restrito, de estudo
metódico da ciência moderna.
→ é o estudo geral dos métodos, história, critérios, funcionamento e organização do
conhecimento sistemático seja ele especulativo (teologia e filosofia) ou científico.
→ estudar epistemologia é estudar o que faz de um tipo específico de conhecimento uma forma
mais segura de conhecer aspetos da nossa realidade, faz o corpo de conhecimento mais preciso
e seguro do que outros tipos de conhecimentos empíricos fundados unicamente na tradição oral
ou experiência.

O conhecimento

● pode ser transmitido


● é algo compartilhado por uma comunidade, e não uma crença pessoal intransmissível
● é uma relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto, consistindo na apropriação
intelectual de um conjunto de dados empíricos ou ideais, com a finalidade de dominá los e
utilizá-los para entendimento e elucidação da realidade, onde um sujeito apreende um
objeto e torna-o presente aos sentidos ou à inteligência

conhecimento objetivo vs. subjetivo

Objetividade (perfeito)
O conhecimento objetivo é aquele centrado no objeto, aquele que não depende do sujeito que o
detém, sua produção advém da objetividade humana – é aquele que gera e lida com
compreensões e explicações (busca verdades) sobre o mundo.
- pode ser verificável por diferentes sujeitos.
- é o que ultrapassa a subjetividade da experiência
- pode ser reconhecido por outros e descrito sem nenhum filtro de subjetividade
- sair da perspectiva da pessoa para encontrar uma realidade mais objetiva possível

Subjetividade​ ​(limitante)
A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo interno é
composto por emoções, sentimentos e pensamentos – é aquele que gera e lida com valores e
significados (busca sentido) da nossa presença no mundo.

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- A subjetividade é algo do indivíduo, que 'instala' (mundo interno) a sua opinião ao que é dito
sobre mundo social (mundo externo), com o qual ele se relaciona - resultando tanto em marcas
singulares na formação do indivíduo quanto na construção de crenças e valores compartilhados
na dimensão cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e
populações.

revisão do artigo- “velhos e novos aspetos da epistemologia das ciências sociais”

- Todas as atividades humanas são reflexivas, no sentido em que quem as pratica tem alguma
noção de como o faz e dos seus objetivos
- quanto a atividade científica, pela sua natureza racional, essa reflexividade constitui uma
exigência

filosofia diurna dos cientistas (a que acompanha a prática quotidiana da investigação) e a
filosofia noturna ( esses produtores de conhecimento faziam uma reflexão de segundo grau
sobre o significado da sua atividade profissional)
- era atribuída maior lucidez à reflexão diurna do que à noturna, uma vez que é a primeira
que constitui uma expressão direta do conjunto das aprendizagens e dos processos
teórico-práticos da profissão

epistemologia moderna
● consiste numa reflexão sistemática sobre as condições e as implicações do trabalho
científico
● interessa-se mais pelo “saber que” - um saber proposicional- do que pelo “saber como”,
que constitui a reflexão da filosofia diurna dos cientistas
● interessa-se mais pelo pela razão teórica do que pela razão prática
● a filosofia era o lugar clássico de todo o pensamento sobre o conhecimento

3 questões dominavam este pensamento:
- a gnoseológica interrogava a natureza do conhecimento
- a metodológica dirigia-se a produção desse conhecimento e as suas condições
- o problema da justificação que propunha o problema, porventura o mais complexo

● Platão afirmava que o conhecimento era o subconjunto do que simultaneamente é verdade


e em que se acredita

a crença, de natureza proposicional, tem de corresponder à verdade, mas também tem
de ser baseada na evidência ou na razão, isto é, ser demonstrada

→ não aceitava na def. de conhecimento o ponto referente a justificação, sendo já ela


também o domínio do conhecimento, tornaria a definição circular

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- Se admitirmos, no entanto, uma perspectiva realista, teremos de afirmar, com
Kant, que o mundo dos fenómenos é empiricamente real e que, por isso, a empiria
ou a “evidência” constitui sempre o árbitro das proposições científicas. Kant pro-
pôs, de resto, uma síntese do racionalismo e do empirismo: o conhecimento resul-
taria da organização de dados apreendidos por intermédio de estruturas cogniti-
vas inatas, categorias a priori como o espaço e o tempo. O conhecimento objectivo
era, assim, possível.
Admitida irredutibilidade entre o ser e o saber, entre a realidade e o conheci-
mento que dela temos, não significa, porém, que o mundo físico e social seja abso-
utamente separado das nossas representações sobre ele.

epistemologia genética

- proposta por Jean Piaget, da verificação de que as próprias estruturas cognitivas das crianças
se vão construindo através da actividade que elas desenvolvem.
- Estamos já, nestes casos, a fazer referência a desenvolvimentos modernos do campo
científico e sabemos que a ciência moderna nasceu com o Renascimento, através da combinação
estratégica da teoria com a experiência.

Ciencia moderna
- O termo latino scientia significa conhecimento e, até perto de meados do sécu-
lo XIX, ainda se chamava “filosofia natural” à ciência.
- A nova scientia surge com Copérnico, no século XVI, primeiro produtor do que viria a ser a
revolução que põe fim ao geocentrismo. Mas foi Galileu, herdeiro do heliocentrismo copernicano,
quem resolveu alguns dos problemas ainda herdados da afirmação heliocêntrica e pôde mostrar,
com o apoio de Kepler, como estava errada a perspectiva de Ptolomeu.
- A partir de então a filosofia já não mais deixou de acompanhar os novos sur-
tos científicos e deles se alimentar criticamente.

- também o campo científico foi evoluindo, seguindo, em particular, um processo de especialização


e desdobramento disciplinar, tanto no âmbito das ciências exactas e naturais como
no das ciências sociais e humanas.

- Cada ciência foi definindo o seu objecto próprio — passível de sobreposições com outras
disciplinas —, sendo esse objeto, antes de mais, um conjunto articulado de interrogações. Os
problemas decorrentes das perguntas são susceptíveis de solução por recurso aos
instrumentos que as ciências vão também construindo. Trata-se de conceitos e relações entre
conceitos constitutivos da teoria, dos caminhos críticos da pesquisa a que chamamos método e,
ainda, das técnicas de recolha e tratamento da informação que alimentam todo o processo de
produção de conhecimento.

- foram acrescentados acrescenta, por definição, novos saberes, reformula teorias e explicações,
bem como instrumentalidades metodológicas e técnicas.

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- Thomas Kuhn chama a esse tipo de desenvolvimento “ciência normal”, aquela que vai ocorrendo
no interior de um sistema de referências, de um paradigma.

Revolução científica
Mas também acontecem descontinuidades, crises mais graves no sistema de
explicações dominantes. Se o sistema é contestado e virtualmente superado por
um novo conjunto de teorias e de referências de maior capacidade e abrangência
explicativa, estamos então perante uma “ruptura de paradigma”, perante uma “revolução
científica”.

→ O conhecimento é sempre aproximado, falível e, por isso mesmo, susceptível de contínuas


correções.
- Uma justificação pode parecer teoricamente boa num certo momento — e constituir
conhecimento — até aparecer um conhecimento melhor. É isso mesmo que dá substância
à historicidade da ciência.
- Ela remete para a evolução, com as suas descontinuidades, do estado instrumental das
diversas disciplinas, mas também, como é evidente, do corpo de resultados que constitui
o respectivo saber, provisoriamente consolidado.
- O que define a ciência não será então a ilusória obtenção de verdades definitivas. Ela
será antes definível pela prevalência da utilização, por parte dos seus praticantes, de
instrumentalidades que o campo científico forjou e tornou disponíveis, instrumentalidades
que põem em acção o seu “ofício”, na perseguição constante de novos conhecimentos
específicos. Ou seja, cada progressão no conhecimento que mostre o caráter errôneo ou
insuficiente de conhecimentos anteriores não remete estes últimos para as trevas
exteriores de não ciência, mas apenas para o estádio de conhecimentos científicos
historicamente ultrapassados.

O pensamento epistemológico tem, pois, de ir acompanhando todo esse movimento,


alimentando-se desde logo dos próprios conteúdos e processos científicos em transformação.

a especificidade da psicologia/ciências sociais

● a epistemologia tem de abordar criticamente os processos de investigação, procurando


anunciar e denunciar os obstáculos com que tais processos de defrontam
● serão idênticos os obstáculos nos diversos campos científicos, espaços de produção, nas
diferentes épocas e nos diferentes contextos ? não !

para ultrapassar um metadiscurso universal a epistemologia moderna tem de socorrer-se, entre
outros, de instrumentos como a história da ciência e a sociologia do conhecimento.

epistemologia interna vs. externa (antiga distinção)

interna: ​— a dimensão interna da epistemologia — traduz-se na análise das condições e critérios


de cientificidade com recurso aos instrumentos de cada disciplina. Dito de outra maneira, estuda

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as condições teóricas da produção científica que, em cada momento, lhe determinam
possibilidades e limites. Estuda o estado da problemática do campo científico, a qual, através das
suas interrogações, define problemas e conduz as pesquisas por recurso ao conjunto teórico,
metodológico e técnico disponível.
- desdobra-se numa dimensão metodológico-sintáctica organizadora do discurso e
uma dimensão teórico-semântica que se debruça sobre a relação com os
referentes. É aqui que cabe a análise crítica do mencionado e clássico trio —
proposição verdadeira e justificada.
externa: ​para se entender o que a ciência é ou vai sendo
- Por ela se analisam as inúmeras redes de interacção e de causalidade que articulam os
processos científicos aos processos globais do seu contexto, eles próprios desdobrados
nas dimensões pertinentes de âmbito político, econômico, social, institucional, simbólico.

ciências da natureza vs. ciências sociais

- no tempo de galileu e copérnico as ciências da natureza tiveram de enfrentar mitologias


cosmológicas cujo poder lhes advinha do suporte por parte de forças sociais, políticas e
religiosas à época claramente dominantes.
- Claro que ainda hoje todas as disciplinas científicas, incluindo as da natureza, continuam a
sofrer influências políticas e económicas que se traduzem em oportunidades e em resistências,
condicionantes de opções de pesquisa.

ciências da natureza​ - estudo das características da natureza e das maneiras como mantém e
ou alteram a natureza

ciências sociais​ - estudo das características sociais do ser humano e da maneira como aquelas
interagem, matem e/ou alteram a sociedade

- em contrapartida, o campo das ciências sociais continua a revelar particulares fragilidades, já


que o seu objecto de estudo é constituído pelas sociedades elas próprias, onde se cruzam e se
enfrentam interesses diversos, de forma por vezes bem direta.

Ao longo do tempo, no entanto, as ciências da natureza foram solidificando os seus núcleos


teóricos, foram também formalizando linguagens instrumentais e foram prolongando os seus
conhecimentos em irrefutáveis saberes técnicos. Ainda aqui as ciências sociais manifestam a
sua diferença. Da sociedade toda a gente tem de falar. Toda a gente precisa igualmente de
aprender regras práticas para lidar com o seu quotidiano. O que em sociologia se chama
socialização tem em grande parte a ver com essas aprendizagens. O senso comum sobre o
social é, assim, necessário, universal e explícito. Ele é também tanto mais informado quanto
mais reflexivas são as sociedades.

O conhecimento científico não se situa num plano hierárquico superior ao senso comum, nem, por
exemplo, às apropriações artísticas da realidade social. É apenas diferente, porque diferentes
são os seus instrumentos, os seus protocolos e os seus objectivos. Esse conhecimento

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científico sobre as sociedades coexistem e convivem com as outras formas e partilha, em parte,
a mesma linguagem. O que não deixa, evidentemente, de condicionar também o seu trabalho.

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Conhecimento: experiência concreta e generalização

Ao longo do tempo o conhecimento desenvolveu-se por duas linhas essenciais:


→ experiência concreta
→ generalização - de uma situação específica com o objetivo de criar leis/ e tirar conhecimento
universais, tirar conclusões e de sistematizar o conhecimento

Raciocínio indutivo e dedutivo

Dedutivo

É um tipo de raciocínio que se inicia em uma ou várias reivindicações (locais) e é concluído com
uma afirmação adversa, cuja verdade é garantida pela validade do processo de raciocínio.

Aqui a premissa é fruto da conclusão. No raciocínio dedutivo, as premissas sofrem interferências


das generalizações, pois os fatos são analisados de maneira minuciosa. O raciocínio dedutivo faz
do conhecimento geral um conhecimento específico, já que ele permite que se aprofunde nos
argumentos.

Faz uso das regras da lógica para chegar a uma conclusão. Se as premissas são verdadeiras e
as leis aplicadas estiverem corretas, quer dizer, necessariamente, que a conclusão é verdadeira.
Um dos exemplos mais clássicos de raciocínio dedutivo é:

● “Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal…”

Em resumo, o raciocínio dedutivo parte do geral para o particular, seguindo o determinado ciclo:
formulação de um problema > formulação de uma hipótese > verificação da hipótese
(observação, experimentação) > obtenção de resultados, teorias, enunciados, leis, etc.

Indutivo

É pautado no papel das premissas que fornecem um forte apoio à conclusão. Mas, no que diz
respeito à verdade da conclusão já não se garante. Isso acontece porque se trata de um tipo de
raciocínio que não faz uso das leis universais – tais como as leis da lógica – para que seja
possível chegar a uma solução para o problema determinado inicialmente.

De forma concisa, podemos dizer que o raciocínio indutivo tem base particular nessas
premissas, que são direcionadas para a conclusão de um resultado de maneira universal.

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Podemos resumir que o raciocínio indutivo parte do particular para o geral, seguindo o
determinado ciclo: observação e, ou, experimentação > formulação de hipóteses explicativas >
teorias, enunciados, leis universais, etc.

A revolução científica

​A Revolução Científica iniciou no século XV um conhecimento mais estruturado e prático,


desenvolvendo formas empíricas de se constatar os fatos.

Até a ​Idade Média​, o conhecimento humano estava muito atrelado ao modo de concepção da vida
que a religiosidade propagava. A ciência, por sua vez, estava muito atrelada à Filosofia e possuía
suas restrições. Mas o florescer de novas concepções a partir do século XV permitiu uma
reformulação no modo de se constatar as coisas. A nova forma de pensar, comprovar e,
principalmente, fazer ciência prosperou-se intensamente em um período que se prolongou até o
fim do século XVI.

- tornou o conhecimento mais estruturado e mais prático, absorvendo o ​empirismo como


mecanismo para se consolidar as constatações.
- Esse período marcou uma ruptura com as práticas ditas científicas da Idade Média, fase
em que a Igreja Católica ditava o conhecimento de acordo com os preceitos religiosos.
- Embora na época tenha havido grande movimentação com a divulgação de novos
conhecimentos e novas abordagens sobre a natureza e o mundo, o termo Revolução
Científica só foi criado em 1939 por Alexandre Koyré.

Diversos ​movimentos sociais​, culturais e religiosas prestaram as suas valiosas contribuições


para o incremento da Revolução Científica. Aquele era o período do ​Renascimento​, uma fase que
pregava a volta da cultura Greco-romana e propagava a mudança de orientação do teocentrismo
para o ​antropocentrismo​. Outra característica era o ​humanismo​, uma corrente de pensamento
interessada em um ​pensamento mais crítico e, principalmente, valorizava mais os homens. Tais
abordagens mudaram muito o pensamento humano.

A ciência ganhou muitas novas ferramentas. Passou a ser mais aceite e vista como importante
para um novo tipo de sociedade que nascia.

As comprovações empíricas ganharam espaço e reduziram as influências das influências místicas


da Idade Média.

A capacidade de reproduzir livros com exatidão e espalhá-los por vários lugares foi fundamental
para a Revolução Científica na medida em que restringia as possibilidades de releituras e
interpretações equivocadas dos escritos.

O modo místico da Igreja Católica de determinar o conhecimento perdeu ainda mais espaço com
a ​Reforma Protestante​. Os reformistas eram favoráveis à leitura da Bíblia em todas as línguas
e também acreditavam que as descobertas da ciência eram válidas para apreciar a existência
de Deus.

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No meio de toda essa efervescência favorável à Revolução Científica, o hermetismo também
apresentou sua parcela de contribuição para o progresso do conhecimento. Usando idéias quase
mágicas, apoiava-se e incentivava no uso da matemática para demonstrar as verdades. Com um
novo horizonte, a matemática ganhou espaço e se desenvolveu com grande relevância para o
desenvolvimento de um método científico mais rigoroso e crítico.

Os efeitos da Revolução Científica foram incontáveis e mudaram significativamente a história da


humanidade. Provou-se que a Terra é que girava em torno do Sol, a física explicou diversos
comportamentos da natureza, a matemática descreveu verdades e o humanismo tornou os
pensamentos mais críticos, por exemplo.

características centrais da revolução científica

a) a terra não é o centro do universo - a terra deixa de ocupar para a ciência o centro do
universo para se tornar nada mais que um planeta entre os outros. Do universo fechado
onde residia o homem, surge um universo infinito (galileu e copernico)
b) a ciência torna-se experimental - a ciência moderna é na realidade o grande resultado da
revolução científica. Qualifica-se enquanto “o saber”, porque obtém suas proposições
através de experimentos e demonstrações. A ciência é superior enquanto forma de
conhecimento porque é experimental. Essa é a nova ciência: teorias rigidamente testadas
através dos experimentos, publicamente controláveis, e sempre aprimoráveis por novos e
mais precisos instrumentos de medidas. O método experimental torna a ciência
autônoma, separando-a da filosofia e da teologia.
c) a ciência rejeita a busca pela essência das coisas: ​A filosofia aristotélica é uma filosofia
essencialista, ocupada em definir a essência das coisas e em responder à pergunta de
“O quê” as coisas são. A ciência moderna, originalmente denominada filosofia natural, não
está mais voltada para a essência ou a substância das coisas e dos fenômenos, e sim
para responder “o como” eles se desenvolvem. A Ciência Moderna busca funções
matemáticas que regem os fenômenos.
d) ​A Revolução Científica é triunfo do neoplatonismo: Na Revolução Científica ressurgem
temas da filosofia neo-platônica e neo-pitagórica que há muito estavam sufocados pela
escolástica aristotélica. A mística do Sol, presente em Copérnico e Kepler; o Deus
Geômetra, que cria o mundo nele imprimindo uma ordem geométrica e matemática; são
exemplos típicos da influência da filosofia neo-platônica.
e) A Ciência tem como objetivo intervir na natureza: O conhecimento passa a ter, até mesmo
por seu caráter público e experimental, um objetivo prático, em oposição a seu sentido
anterior, meramente contemplativo. A Ciência deve servir para aprimorar as técnicas dos
artesãos e aumentar a produtividade do trabalho humano. O saber dos intelectuais, desta
forma, aproxima-se do saber dos técnicos e artesãos. Fica somente a dúvida levantada
por Koyré (1979), sobre a verdadeira origem deste saber de caráter público e cooperativo:
ele nasceu de filósofos e cientistas como Copérnico e Galileu; ou emergiu dos artesãos
superiores (navegantes, engenheiros de fortificações, técnicos de artilharia, agrimensores,
arquitetos, etc.)

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Filosofia vs Ciência experimental

filosofia: tem a função de dar significado e tem o poder de retirar o melhor possível do
conhecimento e ao mesmo tempo descobrir a sua finalidade (o porquê e o para que)

ciência experimental: parte da observação sistemática e organizada, observação sobretudo


laboratorial

– ​Semelhanças​:• exigem ambas uma metodologia adequada, justificação e rigor de conceitos;


nenhuma teoria, científica ou filosófica, pode ser considerada como solução definitiva e completa
para um problema, pois exige revisão e correcção.

– ​Diferenças​: • enquanto que as teorias filosóficas não exigem reconhecimento e aceitação


universais, as teorias científicas exigem o reconhecimento de toda a comunidade científica.

• enquanto que a validação do conhecimento filosófico depende da qualidade da


argumentação usada para a justificar, exigindo o uso de conceitos rigorosamente definidos e de
argumentos válidos, a validação do conhecimento científico nas ciências naturais exige a sua
demonstração experimental.

Conhecimento empírico vs. racional (científico)

​O conhecimento empírico corresponde a conhecimento ​prático​, sendo obtido principalmente por


meio da ​experiência e ​observação​. Uma das características desse tipo de conhecimento é que
ele não é necessariamente comprovado pela ciência e tem como base as informações obtidas
por meio de tentativa e erro.

- Popular, vulgar, transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado
na imitação e na experiência pessoal.O conhecimento empírico é intuitivo, inexato e imediatista,
desprovido de cientificidade. Enfim, é o conhecimento subjetivo.

O conhecimento empírico é intuitivo, inexato e imediatista, desprovido de cientificidade. Enfim, é o


conhecimento subjetivo.
Apresenta quatro características básicas:
1) É assistemático​: adquire-se ao acaso, à medida que as coisas e os fatos se apresentam.
Sua construção não segue um procedimento de rigor técnico;
2) É acrítico​: não admite dúvidas acerca de sua superficialidade. Supõe que as coisas são como
parecem ser. Não examina a validade ou verdade deste conhecer;
3) É impreciso​: destina-se exclusivamente à sobrevivência biológica do homem no seu meio físico,
ignorando outros fatores mais profundos, interferentes e determinantes em termos da cultura e
do meio social, etc.;
4) É auto contraditório​: a imprecisão do conhecimento vulgar torna-o quase sempre contraditório,
inconsistente, falho na essência de suas constatações.

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Também chamado de vulgar, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, a partir da
observação dos acontecimentos e das relações do mundo material exterior, pela qual o homem
toma consciência das experiências alheias, incorporando, principalmente pela tradição, o legado
das ideias transmitidas de geração a geração. É o conhecimento da cultura popular.

Pelo conhecimento empírico o homem simples conhece os fatos e as coisas em sua


ordem aparente, por experiências feitas ao acaso, sem método, e por investigações pessoais
feitas ao sabor das circunstâncias da vida.

Conhecimento Científico: ​Conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de


procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem.
De acordo com RUIZ (1986), o conhecimento científico caracteriza-se dessa forma, pela
sua capacidade de analisar, de desdobrar, de justificar, de induzir, de aplicar leis e de predizer
com segurança eventos similares futuros. Sem dúvida, “a ciência é fruto da tendência humana
para procurar explicações válidas, para questionar e exigir respostas e justificações positivas e
convincentes”, tendência essa já manifestada na primeira infância. Observa-se, no entanto, que
muitos se contentam com respostas incompletas, imperfeitas, enquanto que outros,
demonstrando um espírito científico mais presente e atento, fruto talvez de pré-requisitos,
exigem respostas racionais conclusivas. O “conhecimento científico é uma expressão que lembra
laboratório, instrumental de pesquisa, trabalho programado, metódico e sistemático; assim sendo,
não provoca associações como inspiração mística ou artística, religiosa ou poética, evidenciando o
caráter de autoridade e de respeitabilidade que tanto falta ao conhecimento empírico”. Ele ainda
considera o método como sendo crítico, rigoroso e objetivo, nascendo da dúvida e se
consolidando na certeza das leis demonstradas, leis essas válidas para todos os casos da
mesma espécie que venham a ocorrer nas mesmas condições, sendo por isso menos sujeitos
ao erro das deduções e prognósticos. Assim, o “conhecimento científico é privilégio de
especialistas das diversas áreas das ciências.

ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também
busca descobrir e explicar suas relações com outros fatos, conhecendo a realidade além de
suas aparências. O conhecimento científico é considerado por vários autores como :
a) acumulativo, por obedecer um processo de acumulação seletiva, em que novos conhecimentos
substituem outros antigos, ou somam-se aos anteriores;
b) útil para a melhoria da condição da vida humana;
c) analítico, pois procura compreender uma situação ou fenômeno global por meio de seus
componentes;
d) comunicável, já que a comunicabilidade é um meio de promover o reconhecimento de um
trabalho como científico. A divulgação do conhecimento é responsável pelo progresso da
ciência;
e) preditivo, pois, a partir da investigação dos fatos e do acúmulo de experiências, o
conhecimento científico pode dizer o que foi passado e predizer o que será futuro.

conhecimento clínico:
- é um conhecimento em que o psicólogo adquire em relação a uma pessoa que tem
algumas perturbações
- partir de algumas experiências clínicas significa partir de um fenômeno não generalizável

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O método científico

​O método científico pode ser definido como um conjunto de procedimentos por meio dos quais
um cientista consegue propor um conjunto de explicações para ​fenômenos​, constituição e
formação de materiais etc. De forma geral, o método científico pode apresentar as seguintes
etapas:

1º - Observação
É a etapa em que o pesquisador observa uma determinada matéria ou fenômeno.

2º - Elaboração do problema (fase do questionamento)

o cientista ou pesquisador elabora perguntas sobre o fenômeno ou material analisado, tais como:

3º- hipóteses​ É a etapa em que o in.responde às perguntas feitas na etapa anterior.


Essas respostas podem ser pautadas em seu conhecimento prévio sobre materiais ou
fenômenos semelhantes. A elaboração das hipóteses deve ser feita com muita cautela
porque é por meio delas que a fase da experimentação será realizada, ou seja, elas
serão o ponto de partida da experimentação.

4º - Experimentação

experiências e pesquisas bibliográficas são realizados com base nas hipóteses levantadas. O
objetivo é encontrar a resposta para cada um dos questionamentos que foram elaborados.

Cada cientista desenvolve essa etapa de acordo com os conhecimentos que possui e as
práticas que são necessárias para o esclarecimento de cada hipótese.

5º - Análise dos resultados

Após a fase da experimentação, o pesquisador analisa cada um dos resultados para verificar se
eles são suficientes para explicar cada um dos problemas levantados e também se estão de
acordo com as hipóteses.

Caso os resultados não sejam satisfatórios, novas hipóteses podem ser levantadas para que
novas experimentações ocorram. Se os resultados da experimentação forem satisfatórios, o
cientista parte para a etapa da conclusão.

6º - Conclusão

A conclusão é a etapa em que o cientista verifica se os experimentos e pesquisas realizados


respondem aos questionamentos levantados e permitem que ele faça afirmações acerca dos
fenômenos ou materiais analisados.

Todas as afirmações realizadas após a utilização do método científico são chamadas de teorias.
Quando diferentes hipóteses e experimentações são realizadas e o resultado é sempre o
mesmo, passamos a ter uma lei.

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Revisão do artigo” a questão da cientificidade: novos paradigmas”

- que paradigmas estão a servir de fundamento para a discussão do que é ou não científico ? e
se esse paradigma deve ser utilizado pelas ciências, de forma geral, criando com isso o risco de
uma generalização uniformizadora para áreas cujos objetos de estudo são tão diferenciados

- na obra “ a estrutura das revoluções científicas” Thomas Kuhn já defendia uma conceção de
ciência historicamente orientada pois, para ele, é a história que permite a identificação do que
se concebe, num determinado período, por científico.

● Defende, ainda, que mesmo que trabalhos não sejam compatíveis com as concepções
atuais de ciência, não significa que não sejam científicos e que o mesmo pode ser
pensado em relação às teorias absolutas

- As conseqüências desta concepção remetem ao desmantelamento de um dos principais pilares


da tradicional forma de se fazer ciência:

- a crença de que os dados empíricos não são afetados pela teoria do observador e de
que o avanço da ciência fornece, por acúmulo, uma verdade cada vez maior sobre o mundo. Esta
outra forma de conceber a ciência inviabiliza vê-la como um simples processo de acréscimos, e
abre a oportunidade de pensarmos o “científico” a partir da relação de concepções num
determinado momento histórico, encontrando ali a coerência interna necessária para um outro
tipo de concepção de ciência.

- Abre-se também o caminho para repensarmos o processo de educação da/para a


ciência nos meios acadêmicos– lugar em que a “ciência normal” efetivamente acontece – e que,
sem sombra de dúvida, partem, na concepção de Kuhn, de um paradigma estabelecido que
encaminha o conhecimento científico para uma concepção de “moldura pré-estabelecida”.

- Assim, a “ciência normal”, que é a atividade na qual a maioria dos cientistas emprega a
maior parte do seu tempo, “é baseada no pressuposto de que a comunidade científica sabe
como é o mundo” e busca, vigorosa e devotadamente, “forçar a natureza a esquemas conceituais
fornecidos pela educação profissional” (KUHN, 1978, p. 24).

- O paradigma fornece, portanto, um modelo de pensamento completo e fechado e ao


aceitá-lo, o cientista já se coloca sob um padrão de escolhas e decisões que dizem respeito a
técnicas de pesquisa, ao que deve observar, as questões a serem formuladas, problemas,
formas de explicação e interpretações aceitáveis ou não.

- É ir além da “ciência normal”, é refletir sobre o mundo a partir de parâmetros


inesperados, desestabilizar este modo normal de fazer ciência e, ainda assim, estar produzindo
narrativas e conhecimentos extremamente relevantes para a compreensão das coisas do mundo
vivido.

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História da Psicologia Moderna
- a psicologia é uma das disciplinas acadêmicas mais antigas e, ao mesmo tempo, uma das mais
modernas.

- as pesquisas sobre a natureza e o comportamento humano remontam ao século V a.C, quando


os filósofos gregos, como Platão e Aristóteles estavam empenhados em resolver muitos dos
problemas de interesse dos psicólogos até hoje

- o início para o estudo da história da psicologia localiza-se cerca de 2500 anos atrás, nos
antigos textos filosóficos a respeito desses temas que mais tarde foram incluídos na disciplina
formalmente conhecida como psicologia

Psicologia = mente (psique) + estudo (logia).

Desde os tempos antigos pensadores, filósofos e teólogos de todas as partes do mundo e de


todas as culturas tentavam entender questões relativas à natureza humana, como a percepção,
a consciência e a loucura. Apesar de esses estudos serem considerados as primeiras ‘teorias
psicológicas’, a psicologia propriamente dita tem suas raízes a partir de estudos dos filósofos
Gregos (datando, aproximadamente, 700 a.C), mas só se separou da filosofia em meados do
século XIX.

Esses estudos iniciais sobre psicologia eram baseados na necessidade de compreensão do


comportamento humano e a maior ferramenta para isso era a observação das cenas cotidianas.
A psicologia entre os Gregos estudava o interior do homem, ou seja, sua alma ou espírito, já para
os Romanos a psicologia relacionava-se com religião, pois a Igreja Católica detinha o poder do
saber e do estudo do psiquismo.

Entre 469 e 399 a.C a psicologia começa a ganhar maior consistência com Sócrates que
professava a espiritualidade e a imortalidade da alma, distinguindo o conhecimento de duas
formas: sensitivo e intelectual. Sua principal preocupação era com o limite que separa os seres
humanos dos animais, postulando que a maior característica humana é a razão que permite ao
homem sobrepor-se aos instintos, pois estes seriam a base para a irracionalidade.

Platão procura definir uma alma organizada, ou seja, um lugar para a razão dentro do corpo
humano, seus estudos datam de 427 a 347 a.C. Para ele a razão estaria localizada na cabeça,
onde também se encontra a alma e a medula espinhal era a ligação da alma com o corpo. Os
estudos de Platão antecipam teorias psicológicas que ficaram famosas posteriormente, como:
sensação, percepção, memória, emoção e cognição.

Aristóteles (384 a 322 a.C) traz uma importante contribuição, considerada um avanço para a
época. Os pensadores anteriores acreditam que a alma é separada do corpo, ou seja, após a
morte a alma dissocia-se do corpo falecido e procura um novo corpo para instalar-se, porém ele
aponta que a alma e o corpo não podem ser dissociados. Para ele a psique seria o princípio
ativo da vida.

13
Aproximadamente em 400 d.C a psicologia estava centrada nos princípios religiosos, pois a Igreja
Católica detinha os estudos e o conhecimento. Foi então que religiosos como São Tomás de
Aquino e Santo Agostinho puderam contribuir para esta ciência.

São Tomás de Aquino dizia que nossos conhecimentos têm origem no geral e no universal, pois
nossos conhecimentos particulares são fruto do que já está fixo nestes conhecimentos. Já
Santo Agostinho usou como base as ideias de Platão, mas complementou dizendo que a alma
também é um elo do homem com Deus.

Avançando para 1443 d.C Nicolau Copérnico causa uma revolução no conhecimento humano, neste
momento da história importantes mudanças estavam acontecendo, pois a Igreja Católica que
declarava Deus como o centro de tudo (teocentrismo) estava perdendo força e a teoria de
Copérnico, que declarava o homem como o centro de tudo, estava ganhando cada vez mais
forças.

Esse momento foi crucial para a evolução dos estudos sobre o ser humano e suas
particularidades físicas e psicologia, pois as barreiras da religião os estudos puderam ser
expandidos e publicados com maior facilidade e aceitação do público.

U​ma visão equivocada da psicologia começou a se espalhar na Alemanha, Wundt começou a


lecionar na Universidade de Leipzig e teve a ideia de publicar uma revista intitulada ‘Psychological
Studies’ (Estudos Psicológicos), mas descobriu que outra revista já utilizava o mesmo nome,
entretanto com temas relacionados com ocultismo e espiritismo. Mais um passo seria necessário
para quebrar o preconceito para com a psicologia e desvincula-la dos assuntos religiosos.

A psicologia começou a tomar forma e um importante contribuinte para isso foi Wilhelm Wundt,
sozinho ele realizava experiências em um laboratório improvisado em sua casa, essas
experiências e os métodos utilizados foram relatados no livro ‘Contributions to the theory of
sensory perception’ (1858-1862) e o termo ‘psicologia experimental’ foi utilizado pela primeira vez.

A psicologia cultural, também estudada por Wundt, tratou de várias etapas do desenvolvimento
mental humano manifestado pela linguagem, pelas artes, mitos, costumes sociais, nas leis e na
moral. O impacto dessas constatações foi mais significativo do que o conteúdo em si, servindo
para dividir a psicologia em duas partes: a experimental e a social.

Esses foram os principais gatilhos para estudos posteriores, diversas outras áreas da psicologia
começaram a ser desenvolvidas e divulgadas ao redor do planeta. Estudiosos conservadores se
opunham a muitas novidades e os mais jovens empenhavam-se nos estudos visando evolução e
reconhecimento.

Desta forma essa ciência começou a criar corpo, muitos curiosos por ela se apaixonaram e
dedicaram, com dedicação, anos de suas vidas em prol de estudos, publicações e teorias a ela
relacionados. Hoje a psicologia pode ser caracterizada como o estudo científico da experiência e
do comportamento, isso significa que os psicólogos se interessam pela vivência e pelos atos das
pessoas, além de estudarem sobre a importância das influências sociais na vida dessas
pessoas, tanto diretamente (grupos, família, comunidade) quanto indiretamente (compreensão e
experiências sociais).

14
O espírito do mecanismo

- certas diversões da aristocracia do século XVII (mecanismo que movimentava as estatuas,


fontes, etc..) refletiam e evidenciavam o fascínio exercido pelas máquinas que estavam a ser
inventadas e aperfeiçoadas para o uso na ciência, indústria e lazer.

- quer na europa ocidental quer em toda a inglaterra, uma enorme quantidade de máquinas era
empregada nas tarefas diárias para complementar a força muscular do homem.

- assim, a sociedade europeia libertava-se da dependência da força física humana

- o relógio mecânico foi o de maior impacto no pensamento científico Toda espécie de máquina
foi inventada e aperfeiçoada para uso na ciência, na indústria e nas diversões, O relógio
mecânico — chamado por um historiador de “a mãe das máquinas” — é o exemplo mais
importante por causa do seu impacto no pensamento científico (Boorstin, 1983). Os relojoeiros
foram os primeiros a aplicar teorias da física e da mecânica à construção de máquinas. Além
dos relógios, foram desenvolvidos bombas, alavancas, roldanas e guindastes para servir às
necessidades humanas, e parecia não haver limites aos tipos de máquinas possíveis de se
conceber, ou aos usos que lhes poderiam ser dados.

- qual a relação do desenvolvimento da tecnologia com a história da psicologia moderna?


Referirno-nos, afinal, a uma época que precede em duzentos anos o estabelecimento da
psicologia como ciência focalizando a tecnologia e a física, disciplinas que parecem bem distantes
do estado da natureza humana. A relação, no entanto, é clara e direta, visto que os princípios
personificados pelos relógios e figuras mecânicas do século XVII influenciaram a direção que a
nova psicologia seguiria em quase toda a sua existência.

- o espírito do mecanicismo que vê o universo como uma grande máquina, foi o fundamento
filosófico do século XVII - afirmava que os processos naturais são determinados mecanicamente
e explicados pelas leis da física e da química

- Se o universo é constituído de átomos em movimento, então qualquer efeito físico (o


movimento de cada átomo) resulta de uma causa direta (o movimento do átomo que o atinge) -
Newton. O funcionamento do universo físico era comparado ao do relógio, pois era organizado e
preciso.

O universo mecânico

- o relógio foi a metáfora perfeita, pois era a “mãe das máquinas”. Foi a sensação
tecnológica do século XVII, assim como o computador no século XX. Nenhum dispositivo
mecânico provocou tanto impacto ​pensamento humano e em todos os níveis da
sociedade.
- o comportamento do universo não é diferente do funcionamento do mecanismo do relógio,
pois como o universo é uma máquina ele é semelhante ao relógio, e assim, o relógio
permite-nos compreender em pequena escala o funcionamento em grande escala do
universo.
- comparado com o mecanismo do relógio o universo funcionava perfeitamente sem
qualquer interferência externa, já que fora criado e colocado em funcionamento por deus

15
- Influências filosóficas na psicologia

René Descartes (1596- 1650)

A Natureza do Corpo
- Segundo ​Descartes​, o corpo é formado de matéria física e, por isso, tem propriedades
comuns a qualquer matéria, como tamanho, peso e capacidade motora. Assim, as leis que
regem a física, também regem o corpo humano.
- Por essa linha de raciocínio, Descartes observava que alguns robôs, na época criados
para entreter as pessoas, tinham seus movimentos realizados através de canos por onde
passava água sob pressão, fazendo com que as partes móveis dos robôs (pernas,
braços e cabeça) ganhassem movimentos que imitavam o do ser humano.
- Porém, percebeu que, mesmo parecendo um movimento humano, os robôs apenas se
movimentavam por causa da água que circulava em seus tubos, não sendo resultado da
ação voluntária da máquina. Assim, o ser humano é algo muito mais complexo do que
movimentos, podendo executar ações independente de sua vontade.
- Essa questão fez com que Descartes elaborasse a idéia do ​undulatio reflexa,
modernamente conhecida como ​teoria do ato de reflexo​, segundo a qual um estímulo
externo pode gerar um movimento corporal que não depende da vontade do sujeito, como
por exemplo, a perna se mover quando um médico bate no joelho com um pequeno
martelo (reflexo patelar). Por essa teoria, o comportamento reflexo não envolve
pensamento.
- O trabalho de Descartes serviu de subsídio para a hipótese científica da previsão do
comportamento humano. Essa hipótese dizia que o comportamento humano podia ser
previsto, desde que se conhecessem os estímulos aplicados ao sujeito. Dessa forma,
uma espetada no braço, deveria, obrigatoriamente, gerar uma reação de retirada do braço
do local do estímulo e essa reação seria comum em todos os sujeitos.
- Essa teria criou a distinção total entre seres humanos e os animais, sendo estes últimos
considerados como sem alma e, portanto sem sentimentos ou vontade, agindo apenas por
atos reflexos, equiparados aos robôs.

A Natureza da Mente
- De acordo com a teoria de Descartes, a mente é de natureza imaterial, ou seja, não tem
forma, peso ou medida, porém, é provida de capacidade de pensamentos e de outros
processos cognitivos (cognição = capacidade de adquirir um conhecimento), proporcionando
ao ser humano informações sobre o mundo exterior.
- Essa capacidade de pensamento separa a mente de todo o mundo físico. Portanto, para
estudá-la é necessário saber separar as reações físicas das emocionais. Como a mente
possui as capacidades de pensamento, percepção e vontade, ela influencia o corpo e é
por ele influenciada. Por exemplo, quando pensamos em executar alguma ação, essa
decisão influencia os músculos para execução da ação desejada. Do mesmo modo,
quando o corpo recebe algum estímulo, como a luz, por exemplo, a mente capta esse
estímulo, o interpreta e determina a resposta adequada.
- Para Descartes o único ato realmente verdadeiro e que é produzido pela mente é o
pensamento, sendo todo o resto, inclusive o mundo material, passível de dúvida, ou seja,
tudo que vemos, sentimos, tocamos, pode ser fruto de nossa imaginação, não existindo
realmente. Apenas o pensamento tem força e prova de verdade.

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- Assim, através do ato puro e simples de pensar, Descartes provou a existência do
pensamento, sem que ninguém pudesse duvidar disso. Imagine qualquer coisa e verá que
ela pode ser posta em dúvida, mas o pensamento não, pois o ato de pensar, por si
mesmo prova a existência do pensamento. Daí surgiu a célebre frase de Descartes
“Penso, logo, existo”. Seguindo esse raciocínio, o pensamento é a única verdade que não
tem como ser contestada.

Interação Mente-Corpo
- A teoria da interação mente-corpo de Descartes precisou passar pela pesquisa sobre o
ponto exato em que ocorre essa interação, antes de ser completada. Para ele, a mente
era uma unidade e, por isso, deveria interagir com o corpo em um único ponto. Sua
pesquisa o levou a acreditar que esse ponto era o cérebro, pois percebeu que as
sensações viajavam até ele, onde surgiam os movimentos.
- Estava claro para ele que o cérebro era o ponto central das funções da mente e a única
estrutura cerebral unitária seria o ​corpo pineal (glândula localizada atrás da terceira
cavidade do cérebro) ou ​conarium. D ​ escartes considerou esse ponto como o centro da
interação mente-corpo.
- Ele utilizou os conceitos do mecanicismo para descrever a interação mente-corpo. Propôs
que o movimento do espírito animal (como era denominada a essência da vida, a alma)
nos tubos nervosos provoca uma impressão no ​conarium ​e daí a mente produz a
sensação. Em outras palavras, a quantidade de movimentos físicos, produz uma
quantidade mental ou sensações. O contrário também ocorre: a mente cria uma
impressão no ​conarium e ​ essa impressão provoca o fluxo do espírito animal até os
músculos, resultando no movimento corporal

Auguste Comte (1798-1857)

Positivismo
O positivismo, que é a linha de pensamento dominante no trabalho de Comte, pauta-se na ideia
de que o conhecimento verdadeiro só pode ser obtido por meio da experimentação e pelo
aferimento científico. Segundo essa perspectiva, a ciência deve basear-se apenas em
observações cuidadosas feitas a partir da experimentação sensorial. Essa seria a única forma
possível de inferir leis que explicariam a relação entre os fenômenos observados.
O desenvolvimento científico permitiu os grandes avanços tecnológicos que se seguiram durante a
Revolução Industrial. Esses avanços, por sua vez, tornaram-se agentes de modificação profunda
das sociedades europeias. Os centros urbanos, inchados e superpovoados em razão do enorme
êxodo rural (migração do campo para a cidade) que se passava naquele momento, eram palco de
fenômenos sociais jamais observados nas sociedades agrárias e fragmentadas de tempos
anteriores.
Comte via o surgimento desses novos problemas e fenômenos como sintomas de uma doença a
ser curada. Ele acreditava que os problemas sociais e as sociedades, em geral, deveriam ser
estudadas com o mesmo rigor científico que as demais ciências naturais tratavam seus
respectivos objetos de estudo. Os fenômenos sociais deveriam ser observados da mesma
forma que um biólogo observa os espécimes de seus estudos. Comte propunha uma ​ciência da

17
sociedade, capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos da mesma forma que as
ciências naturais buscavam interpelar seus objetos de estudo.

John Locke (1632- 1704)


A biografia do autor ressalta brevemente toda a contribuição de seus estudos não apenas para
a psicologia, mais também às diversas outras ciências, que apontam que ele tenha exercido um
papel essencial na invenção do processo de conhecimento, através das suas ideias empiristas.
Em sua jornada criava laços de amizade e exercia grande influência, publicou sua obra prima, O
Ensaio, que instituiu os princípios da teoria filosófica empírica, que defende a ideia de que todo e
qualquer tipo de conhecimento provêm das experiências, o que se opunha a Doutrina das ideias
inatas. Suas contribuições com relação à psicologia foram muitas, mais as duas principais se
referiam a Classificação das ideias em simples e complexas e a discussão sobre as qualidades
da experiência: primária e secundária (As qualidades primárias se encontram nos próprios
corpos (extensão, solidez, a figura, o número) são qualidades objetivas. As qualidades
secundárias, são as qualidades subjetivas (cor, sabor, odor e etc.).

“Os conteúdos das experiências são as ideias ou representações, algumas simples e outras
complexas. Estas são formadas a partir de ideias simples. A essas ideias simples pertencem
às qualidades sensíveis primárias e secundárias. Uma ideia complexa é, por exemplo, a ideia de
uma coisa ou substância.” (HESSEN 1999, 56).

De acordo com Locke a ideia é tudo aquilo que a mente percebe em si mesma, tudo o que
podemos compreender através do pensamento e do conhecimento. Para ele todo o processo do
conhecer e do saber é aprendido através das experiências. Ele se utilizou metaforicamente de
uma expressão latina que traduzida significa literalmente Tábua raspada, conhecida por nós como
tábua rasa, que nos faz refletir sobre uma folha de papel em branco. Pois para ele a mente
humana é como o papel em branco, sem nenhum caractere e nem ideias, e que só através da
razão e do conhecimento, que fazem parte das nossas experiências e que passamos a existir
como um EU pensante. As experiências podem ser entendidas de duas formas, externas e
internas, as experiências externas são as sensações que provêm de objetos sensíveis externos;
já a experiência interna são as operações internas do nosso espírito e os movimentos da nossa
alma.

Contribuições do empirismo para a psicologia

princípios do empirismo:

- o papel principal do processo da sensação


- a análise da experiência consciente nos elementos
- a síntese dos elementos em experiências mentais complexas mediante o processo da
associação
- o enfoque nos processos conscientes

O papel principal do empirismo na formação da nova psicologia científica tornava-se evidente e é


possível perceber que as preocupações dos empiristas formavam o objeto de estudo básico da
psicologia. Em meados do século 19, os filósofos estabeleceram a justificação teórica para uma
ciência dedicada à natureza humana. O passo seguinte seria a transformação da teoria em
realidade - o tratamento experimental do mesmo objeto de estudo- o que ocorreria logo, graças
18
aos psicólogos, que proporcionaram o tipo de experimentação que viria a completar a fundação
da nova psicologia.

Wilhelm Wundt (1832- 1920)

Wilhelm Wundt nasceu em 1832, na Alemanha.


Com dezanove anos, formou-se em medicina, mas rapidamente se apercebeu de que o seu
interesse não era este, tendo-se, então, especializado em fisiologia. Enquanto professor, investiga
o modo como se processa a informação sensorial, o que o leva a orientar-se para a psicologia.
Na sua obra ​Contributos para uma Teoria das Percepções Sensoriais​, utiliza pela primeira vez a
designação de “​Psicologia Experimental”​.
Tomando como modelo as ciências experimentais, propõe-se constituir a psicologia como uma
nova área da ciência objectiva e experimental.
Na obra P ​ rincípios da Psicologia Fisiológica​, estabeleceu os princípios da psicologia como a ciência
experimental independente.
Durante 10 anos, dedicou-se à investigação de uma área da psicologia na qual foi o primeiro
investigador sistemático: a Psicologia Cultural. Na sua obra ​Psicologia Cultural​, abordou o
desenvolvimento do pensamento humano manifestado na linguagem, nos costumes, nos mitos, nas
artes, nas leis e na moral.
Morreu em 1920.

​A Consciência:
O objecto de estudo de Wundt era a consciência e os processos mentais. A ​consciência ​era
constituída por várias partes distintas. Para ele, “ a primeira etapa da investigação de um facto
deve ser uma descrição dos elementos individuais (…) dos quais consiste”. Tal como os átomos
constituem as substâncias químicas, as sensações seriam os elementos simples da mente e da
consciência. Mas não aceitava que os elementos constitutivos da mente se combinassem de
forma passiva através de um processo mecânico de associação. E aqui diverge dos empiristas e
dos associacionistas, com quem só partilha o reconhecimento dos elementos simples como forma
de se poder conhecer os processos psicológicos complexos. Para Wundt, os elementos da
consciência não eram estáticos: a consciência tinha um papel activo na organização do seu
próprio conteúdo.
Era este processo activo de organização que mais interessava a Wundt. Ele considerava
que era compatível o reconhecimento dos elementos simples da consciência e a afirmação de
que a mente consciente tem capacidade para proceder a uma síntese desses elementos em
processos cognitivos de nível mais elevado.
A metodologia a seguir deveria partir dos elementos básicos dos processos conscientes.

As sensações e os sentimentos:

​ s elementos simples que constituem a consciência eram as sensações e os sentimentos. As


O
sensações ​ocorrem sempre que um órgão dos sentidos é estimulado e esta informação é
enviada ao cérebro. O ​sentimento é a componente subjectiva da sensação. Assim, uma sensação
pode ser acompanhada de um sentimento de alegria ou tristeza, como acontece, por exemplo,
com as cores (sensação visual). Ele decidiu submeter a sua turma a uma experiência: Levou
para a sala de aula um metrónomo, e registou as reacções dos seus alunos ao incomodativo
som. De notar que o sentimento subjectivo acontece ao mesmo tempo que as sensações
físicas. A emoção é, assim, constituída por um conjunto complexo de sentimentos.
Segundo Wundt, partindo de elementos simples como as sensações, a consciência, no seu
processo criativo de organização, produzia ideias.
19
Mas, se o estudo dos processos mentais deveria seguir o percurso do mais
simples ao mais complexo, o mesmo não se passava com a forma como conhecemos o real.
Assim, quando percepcionamos uma casa percebemo-la como uma unidade, um todo, e não como
uma soma de elementos que podem ser estudados num laboratório. Wundt recorre ao conceito
de a percepçao para explicar esta experiência consciente unificada: processos de organização
dos elementos mentais que formam uma unidade. Esta unidade não é a soma dos elementos
constitutivos, mas uma combinação que gera novas propriedades e características. Wundt afirma:
“Todo o composto psíquico é dotado de características que de modo algum consistem na mera
soma das características das partes.” Com esta citação, Wundt quer dizer que as características
da consciência não são as mesmas do que as dos seus constituintes.

​ ​Metodologia de investigação:

Wundt utiliza como método a ​introspecção controlada​: só o sujeito que vive a experiência a pode
descrever introspeccionando-se, fazendo auto-análise dos seus estados psicológicos em
condições experimentais.
Na sua experiência com o metrónomo, Wundt exigia um grande rigor nas descrições, que seriam
quantificadas. O objecto da introspecção é o próprio sujeito, enquanto o objeto das observações
que se fazem nas outras ciências é o real exterior ao sujeito.
Contudo, a introspecção controlada só dava a conhecer os elementos básicos da
consciência, as sensações e as percepções; os processos mentais complexos, como a memória
e a aprendizagem, não poderiam ser estudados experimentalmente, tendo de se recorrer a
metodologias qualitativas.

Conclusão:

Wundt teve um papel importante na história da psicologia. Demarcou-se do pensamento


dominante da época, procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Definiu um objecto, a
consciência, e um método de investigação, a introspectiva controlada. Procurou ainda desenvolver
uma teoria sobre a natureza da mente humana que conjugasse a componente biológica e a
componente social, o mundo interno e o mundo externo, a dimensão individual e a colectiva.
Por esta altura, várias críticas foram feitas ao seu trabalho. Um dos que mais
criticou o seu método (introspecção controlada) foi Sigmund Freud, que afirmava que este
método era demasiado ridículo para ser utilizado na sua investigação. Sugeriu então o método
psicanalítico.

Ebbinghaus (1850- 1909)

Maiores Contribuições:

Os grandes contributos de Hermann Ebbinghaus para a psicologia podem-se sintetizar em três


pontos essenciais. Um primeiro ponto refere-se ao facto do autor ter desenvolvido a primeira
aproximação cientÌfica para o estudo dos processos psicológicos superiores (ex.: memória). Foi o
primeiro autor que se atreveu a estudar em contexto cientÌfico processos ditos difÌceis e quase
impossÌveis de estudar e conhecer devido à sua dimensão, como é o caso da memória e da
aprendizagem. Foi o primeiro a testar a memória experimentalmente, bem como o primeiro a
demonstrar que a memória podia ser estudada cientificamente. A metodologia por si desenvolvida
afastava-se da filosofia e virava-se definitivamente para o reino das ciencias empÌricas. Um
segundo ponto refere-se ao facto do autor ter utilizado sÌlabas non sense na aprendizagem e
20
em pesquisas sobre a memória. Estas sÌlabas foram muito utilizadas pelo autor e muito
determinantes para estudar a memória - tema muito desenvolvido pelo autor e descrito
posteriormente neste trabalho. O terceiro ponto refere-se às conclusıes a que o autor chega nas
suas experiências laboratoriais, designadamente, a descrição quer da curva da aprendizagem
quer da curva do esquecimento.

- Estes esquemas foram muito importantes para experiências posteriores na mesma ·área,
no que diz respeito, à elaboração„o de estratégias que visam uma melhor e eficaz
aprendizagem bem como útil manipulação da capacidade mnésica, por exemplo.

Resultados

1. o efeito da superaprendizagem
- a repetição das listas por mais tempo do que o necessário para obter a reprodução
perfeita
- melhora as nossas prestações até um certo limite
- o que aprendemos vai desaparecendo (memória de curto prazo)

2. no início da aprendizagem temos mais dificuldades em reter os conteúdos (depois o


esquecimento é mais lento e não tão abrupto

3. a aprendizagem dá mais resultados quando é distributiva, pois resiste mais ao esquecimento

4. efeito da seriação - a inteligência emocional é muito importante; as estruturas mentais ‘’puras”


não existem

a curva do esquecimento de ebbinghaus

- primeiro psicólogo a estudar cientificamente a memória


- ​Ebbinghaus pensava que na psicologia era possível medir e medir direito. Para isto não
teve dúvida em assumir como variável de referência uma que todos usamos: o tempo. No
seu caso, o tempo do esquecimento.
- seus resultados são ótimos para condições controladas de laboratório, mas que na vida
real a memória está submetida a condições que dificilmente podem ser replicadas​, como
a motivação, a repetição não intencional ou a influência do impacto emocional.
- “a aprendizagem é uma mudança que acontece no estado mental de um organismo, o qual
é uma consequência da experiência e influência de forma relativamente permanente no
potencial do organismo para a conduta adaptativa posterior”
- a aprendizagem não seria possível sem a memória porque cada execução de uma reação
aprendida requer a lembrança (parcial ou total) do ensaio anterior.
- Aquilo que é guardado em nossa memória, aquilo que aprendemos, passa pelo menos por
três fases: codificação, armazenamento e recuperação. Na primeira fase de qualquer
aprendizado o que fazemos é codificar a informação, traduzi-la ao idioma do nosso
sistema nervoso e neste idioma lhe dar um lugar na nosso memória.
- a memória de longo-prazo é a memória com mais duração
- Uma das conclusões a que chegou Ebbinghaus foi que a simples passagem do tempo tem
um efeito negativo sobre a capacidade de retenção.”
- descobriu que com material não significativo e, portanto, sem associação, o esquecimento
aumentava à medida que o tempo passava, muito no início e mais lentamente depois.
21
Então, se colocássemos em um gráfico esta informação veríamos como a curva do
esquecimento tem a forma de uma curva logarítmica.
- demonstra que o material é esquecido rapidamente nas primeiras horas após a
aprendizagem e mais lentamente depois disso

Kulpe (1862-1915)

- seguidor de wundt
- desenvolveu o método de introspeção experimental sistemática que envolvia
primeiro a execução de uma tarefa complexa (como estabelecer conexões lógicas
entre conceitos) e em seguida, coletou relatos individuais sobre os processos
cognitivos ocorridos durante a realização da tarefa
- definição: método de introspeção de kulpe que usava relatos retrospetivos de
processos cognitivos das pessoas, após elas terem completado uma tarefa
experimental
- em conclusão a sua abordagem objetivava diretamente a investigação acerca do
que acontecia na mente do indivíduo durante a experiência consciente, as suas
metas eram expandir o conceito de wundt sobre o objeto de estudo da psicologia
para englobar os processos mentais superiores e aprimorar o método de
introspeção

Estruturalismo

Tichener (1867-1927)

- levou para o conteúdo anglo-saxónico as experiências feitas na alemanha adaptando à


forma de pensamento americana
- apresentou uma abordagem própria- ​estruturalismo
- concentrava-se nos elementos ou conteúdos mentais assim como na conexão mecânica
mediante o processo de associação
- o seu foco estava nos elementos propriamente ditos e na sua opinião a principal tarefa
da psicologia consistia na descoberta da natureza das experiências conscientes
elementares.
- segundo ele, o objeto de estudo da psicologia é a experiência consciente como
dependente do indivíduo que a vivência
- Assim, o estruturalismo foi estabelecido por Titchener como a primeira escola de
pensamento no campo da Psicologia. Para Wundt a mente tem o poder de sintetizar

22
espontaneamente elementos. Já Titchener, se centrava nos elementos que compõe a
estrutura da consciência, desvalorizando a sua associação.
- Segundo Titchner, a tarefa fundamental da Psicologia é a de descobrir a natureza das
experiências conscientes elementares, ou seja, analisar a consciência nas suas partes
constituintes para assim determinar a sua estrutura. Para tal, Titchener modificou o
método introspectivo de Wundt. Ele se aproximou mais de Külpe, designando o método de:
introspecção qualitativa​.
- Esse método consistia no seguinte: os observadores descreviam o seu estado consciente
após submetidos a um dado estímulo. Titchener opôs-se à abordagem wundtiana no
aspecto do uso de equipamentos e a sua concentração em medidas objetivas.
- De acordo com Titchener, o objeto da Psicologia é – à semelhança de Wundt – a
experiência consciente. Ele afirmou que todas as ciências compartilham deste mesmo
objeto, ocupando-se cada qual de um aspecto diferente.
- O objeto de estudo é assim a experiência enquanto dependente das pessoas que
passam por ela. Exemplo: a luz e o som são estudados por físicos e psicólogos. Como os
físicos estudam? Eles vêem esses fenómenos da perspectiva dos processos físicos
envolvidos. Esses fenômenos não necessitam que as pessoas passem pela experiência.
Tais fenômenos são considerados como independentes da experiência das pessoas.
- define a consciência como a soma das nossas experiências num dado momento de
tempo. Para ele, a mente é a soma das nossas experiências acumuladas ao longo da
vida. Mente e consciência são realidades semelhantes. Entretanto, a consciência envolve
processos mentais que ocorrem no momento. Já a mente envolve o acumulação total
destes processos.

para ele os problemas ou finalidades da Psicologia seriam:

- Reduzir os processos conscientes nos seus componentes mais simples;


- Determinar as leis mediante as quais esses elementos se associam, e; Conectar esses
elementos às suas condições fisiológicas.

Logo, os objetivos da Psicologia coincidem com os das ciências naturais.

os elementos da consciência

1. reduzir os processos conscientes aos seus componentes mais simples


2. determinar as leis de associação desses elementos da consciência
3. conectar os elementos às suas condições fisiológicas

propõe três estados elementares de consciência

- As sensações: são os elementos básicos da percepção e ocorrem nos sons, nas visões,
nos cheiros e em outras experiências evocadas por objetos físicos do ambiente.
- As imagens: são elementos de idéias e estão no processo que reflete experiências não
concretamente presentes no momento, como a lembrança de uma experiência passada.
- Os estados afetivos afetos ou sentimentos: são elementos da emoção que estão
presentes em experiências como o amor, o ódio ou a tristeza.

23
Funcionalismo

- refere-se ao funcionamento da mente ou ao uso que o organismo dela faz para se


adaptar ao ambiente
- centra-se na questão - quais são as realizações dos processos mentais ?
- os funcionalistas não estudavam a mente do ponto de vista da sua composição
(elementos básicos ou estrutura) mas como um conglomerado ou acúmulo de funções e
processos que resultam em consequências práticas do mundo real
- interessam-se pela possível aplicação da psicologia aos problemas quotidianos
relacionados com a reação e a adaptação das pessoas aos diferentes ambientes
- foi o 1º sistema psicológico exclusivamente americano e enfatiza os processos mentais
como objeto de estudo da psicologia
- sustenta que a mente deve ser estudada em função da sua utilidade para o organismo
tendo em conta a adaptação ao seu meio
- define “para que é” a mente e não “o que é” a mente
- não se restringia a um único método, aceitava outras metodologias (os principais métodos
eram a introspeção e o método comparativo)

Darwin (1809- 1882)

- a teoria da evolução (origem das espécies por meio da seleção natural) teve um impacto
enorme na psicologia contemporânea americana
- hipótese de que os seres vivos mudam com o tempo
- o processo de seleção natural resulta na sobrevivência dos organismos mais bem
adaptados ao seu ambiente e na eliminação dos demais, as espécies que não se
adaptam não sobrevivem
- a teoria suscitou a possibilidade da continuidade do funcionamento mental entre humanos
e os animais inferiores, assim perceberam a importância do estudo do comportamento
animal para a compreensão do comportamento humano; provocou também uma mudança
no objeto de estudo e na meta da psicologia ( analisarem as funções da consciência)
- influenciou a psicologia mediante::
● o enfoque na psicologia animal, que formou a base da psicologia comparativa
● foco nas funções e não na estrutura da consciência
● a aceitação da metodologia e dos dados de diversas áreas
● foco na descrição e mensuração das diferenças individuais

william James (1842-1910)

- ofereceu uma forma alternativa de analisar a mente


- no livro the principles of psychology diz que a meta da psicologia não é a descoberta dos
elementos da experiência mas sim o estudo da adaptação dos seres humanos ao meio
ambiente
- a função da nossa consciência é guiar-nos aos fins necessários para a sobrevivência
- a consciência é vital para as necessidades dos seres complexos num ambiente complexo,
de outra forma a evolução humana não ocorreria
- não considerava as pessoas totalmente racionais (a condição física afetava o intelecto,
os fatores emocionais determinavam as crenças e as necessidades e os desejos
humanos influenciavam a formação da razão e dos conceitos)

24
- enfatizava a importância do pragmatismo na psicologia - baseia se na comprovação da
validade de uma ideia ou de um conceito mediante a análise das consequências práticas,
ou seja “ se funcionar, é verdadeiro”
- ames definiu como “crenças verdadeiras” aquelas consideradas úteis por quem acredita
nelas. Esta ênfase na utilidade das crenças é o cerne da tradição filosófica americana de
pragmatismo, essência do raciocínio de James. Ele postulava que, no decorrer da vida,
estamos testando de modo contínuo “verdades”, comparando-as entre si, e nossas
crenças conscientes continuam sendo alteradas, uma vez que as “velhas verdades” são
modificadas e às vezes substituídas por “novas verdades”.

Behaviorismo

● é uma teoria psicológica que objetiva estudar a psicologia através da observação do


comportamento, com embasamento em metodologia objetiva e científica fundamentada na
comprovação experimental, e não através de conceitos subjetivos e teóricos da mente
como sensação, percepção, emoção e sentimentos.
● O Behaviorismo, também chamado de Comportamentalismo tem como objeto de estudo o
comportamento, defende que a ​psicologia humana ou animal pode ser objetivamente
estudada por meio de observação de suas ações, ou seja, observando o comportamento.
● Os Behavioristas acreditam que todos os comportamentos são resultados de experiência
e condicionamentos século 19, a partir de um trabalho do psicólogo John B. Watson,
intitulado de ”Psychology as the Behaviorist views it”
● a substituição da mente pela conduta como base do estudo da psicologia foi uma
mudança revolucionária
● principais conceitos do behaviorismo:
○ condicionamento clássico - pavlov
○ conexionismo - thorndike
○ behaviorismo clássico - watson
○ behaviorismo cognitivo - tolman
○ behaviorismo radical - skinner

Psicologia de Gestalt

- olha para o comportamento e a mente como um todo


- criada por Max Wertheimer, Koffma e Kohler na década de 1920
- é uma escola de pensamento baseada no conceito de que o comportamento e a
complexidade da mente não devem ser estudados separadamente, mas vistos como um
todo porque é assim que muitas vezes os humanos sentem os acontecimentos
- afirma que o todo não é simplesmente a soma das suas partes, assim estruturam a
organização da percepção numa série de princípios e explicaram de que forma pequenos
objetos se podem agrupar para criar objetos maiores
- olha para o comportamento, linguagem e o modo como o indivíduo experimenta o mundo a
sua volta com vista a ajudá-lo a tornar-se num todo ou, mais consciente
- para tentar explicar que o conceito do todo não é o mesmo do que a soma das partes,
criaram um série de principios ( principios gestalt da organização da perceção) - são
atalhos mentais a que as pessoas recorrem para resolver um problema explicam como os

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objetos mais pequenos podem agrupar-se e tornar-se maiores e mostram que existe
uma diferença entre o todo e as várias partes que constituem esse todo
● lei da semelhança - as pessoas têm tendência a agrupar elementos
semelhantes
● lei da pregnância - afirma que vemos objetos na sua forma mais simples
possível
● lei da proximidade - afirma que quando os objetos estão próximos uns dos
outros, as pessoas tem tendência para os agrupar
● lei da continuidade - afirma que as pessoas identificam o percurso mais
fácil quando os pontos parecem estar ligados por linhas curvas ou retas
● lei da clausura- afirma que o nosso cérebro tem tendência para preencher
as lacunas quando os objetos estão agrupados de modo a que o conjunto
possa ser visto como um todo
● segregação figura-fundo : mostra que as pessoas tem tendência inata para
reconhecer apenas uma parte da ocorrência como seja a figura e o resto
como plano de fundo embora tenhamos uma imagem única, onde se possa
ver um vaso ou dois rostos, nunca vemos ambos ao mesmo tempo

Terapia gestalt

- tal como a psicologia gestalt se focava no todo, a terapia gestalt concentra-se na pessoa
como um todo através de elementos como o comportamento, linguagem, postura e o modo
como o sujeito encara o mundo
- recorre a ideia de primeiro plano e de plano de fundo para ajudar um indivíduo a
tornar-se autoconsciente, ajuda-o a identificar quem é em termos do plano de fundo de
determinadas situações e emoções que ficam por resolver

Psicanálise

Sigmund Freud (1856-1939)


- afirma que o inconsciente é a verdadeira realidade psíquica
- distinguiu três áreas da mente - consciente, inconsciente e pré-consciente
- descreve a noção do inconsciente como aquela parte da mente que define e explica os
mecanismos que se encontram por trás da nossa capacidade de pensar e experimentar
- através do caso de Anna O. (o 1º caso de psicoterapia intensiva aplicada como
tratamento de doença mental) Breuer e Freud desenvolveram o método de tratamento
psicológico que se baseava na ideia de que muitas formas de doença mental (medos
irracionais, ansiedade, histeria, paralisia e dores imaginárias e inclusive certos casos de
paranóia) resultavam das experiências traumáticas do passado do doente, presentemente
ocultas da consciência
- quando as ideias, recordações ou impulsos são demasiado avassaladores ou
inapropriados para que a mente consciente consiga suportá-los, estes são reprimidos e
armazenam-se no inconsciente com as pulsões instintivas, onde não são acessíveis à
consciência imediata. O inconsciente dirige em silêncio os pensamentos e comportamentos
do indivíduo. A diferença entre os nossos pensamentos inconscientes e conscientes gera
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uma tensão psíquica que só se liberta ao permitir às recordações reprimidas aceder ao
plano consciente mediante a psicanálise.
- definição de psicanálise segundo Freud:
“ A psicanálise é um nome: 1º de um procedimento para investigação de processos
psíquicos que de outra forma seria quase impossível de alcançar; 2º de um método
terapêutico (baseado sobre tal investigação) para tratar distúrbios neuróticos; 3º de uma
série de conhecimentos psíquicos adquiridos por esta via que gradualmente se acumulam
e convergem numa nova disciplina científica”

Psicologia da sexualidade (pansexualismo)

- a personalidade é formada em grande parte até a pessoa atingir os seis anos


- quando uma sequência predeterminada de etapas é completada com sucesso, a
personalidade torna-se saudável, quando há alguma falha no processo a personalidade
torna-se doentia
- as várias fases da sequência estão relacionadas com as zonas erógenas (partes
sensíveis do corpo que provocam prazer sexual, desejo e estimulação) e qualquer falha na
conclusão de uma fase faz com que a criança se fixe na respetiva zona erógena- o que
levaria a pessoa a refrear ou a exagerar a sua satisfação sexual em adulto
- reconhece a existência de uma sexualidade infantil
- líbido = desejo sexual (ponto de vista médico e biológico)
- a sexualidade é um impulso vital primário, não é aprendida

Instâncias da personalidade

- tenta descrever como a mente funciona através da distinção entre 3 partes da


personalidade e da mente humana: o id, o ego e o superego
Id
- todas as pessoas nascem com um id- é responsável por o recém nascido conseguir
satisfazer as suas necessidades básicas
- é algo que se baseia no que conhecemos por “princípio do prazer” ou seja, o id quer o que
dá prazer naquele momento e não toma outras opções em consideração
- não toma em consideração nem as outras variantes da situação, nem as pessoas nela
envolvidas
- quando um bebé se magoa, quer comer, o id leva-o a chorar até as suas necessidades
estarem satisfeitas

Ego
- começa a desenvolver-se naturalmente durante os 3 primeiros anos em resultado da
interação da criança com o mundo à sua volta
- baseia-se no que ele refere como “ princípio da realidade”
- o ego apercebe-se que há outras pessoas á volta que também tem desejos e
necessidades e que o comportamento impulsivo e egoísta pode ser prejudicial
- toma em consideração todos os pormenores da realidade, sem deixar de satisfazer as
necessidades do id
- quando uma criança pensa 2x antes de fazer uma coisa inapropriada e percebe que
poderá ter um resultado negativo, é o ego a funcionar

Superego
- parte da nossa personalidade constituída por princípios morais e ideais que foram
adquiridos e nos foram inculcados pela sociedade e pelos nossos pais

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- segundo freud numa pessoa saudável o ego é mais forte do que o id e o superego uma
vez que consegue avaliar a realidade da situação satisfazendo ainda assim as
necessidades do id e certificando-se de que o superego não é posto em causa

Conceção de Freud da psique humana

- a nossa psique parece-se como um icebergue com o âmbito dos impulsos


primitivos, o ego, oculto no inconsciente
- “a mente é como um iceberg só uma sétima parte da sua massa sobressai da
água” - Freud
- os nossos sentimentos, crenças, pulsões e emoções básicas encontram-se
alojados no nosso inconsciente e portanto não estão disponíveis à mente
consciente
- freud também acreditava que há níveis de consciência que vão além do consciente
ou do inconsciente
- Freud defende que o estado ativo da consciência- a mente operativa da que
somos diretamente conscientes na experiência quotidiana- não é mais do que uma
fração da totalidade de forças psicológicas que operam na nossa realidade
psíquica
- o consciente existe no nível superficial, ao qual temos acesso imediato e fácil
- sob o consciente encontra-se a poderosa dimensão do inconsciente, o fundo a
partir da qual se dita o nosso estado cognitivo ativo e o nosso comportamento
- a mente consciente é apenas a superfície do complexo reino da psique
- o inconsciente abarca tudo, contem sem si as esferas menores do consciente e
do pré consciente
- tudo o que é consciente- aquilo que não conhecemos ativamente- foi inconsciente
antes de ascender à consciência
- nem tudo chega a conhecer-se de forma consciente, dado que grande parte do
inconsciente permanece ali
- as recordações que não estão na nossa memória funcional quotidiana mas que
não foram reprimidas residem numa parte da mente consciente a que freud deu
o nome de “pré-consciente” - somos capazes de trazer estas recordações à
consciência a qualquer momento

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metáfora do icebergue

- a água a volta do icebergue é o “não consciente” ou seja tudo o que não


experienciamos e das quais não temos consciência pelo que não pertencem nem
moldam a nossa personalidade de modo algum
- a ponta do icebergue, a nossa consciência, é apenas uma pequena parte da nossa
personalidade visto que é apenas a parte de nós próprios com que estamos
familiarizados, o consciente contem pensamentos, perceções e dados cognitivos do
quotidiano
- diretamente abaixo do consciente está o pré consciente ou subconsciente, quando
solicitado podemos ter acesso a mente pré consciente mas não é a parte ativa
do nosso consciente e exige um pouco de esforço. o superego encontra-se no pré
consciente
- visto que só temos consciência da ponta do icebergue o inconsciente é enorme e
consiste naquelas camadas submersas e inacessíveis da nossa personalidade, é
aqui que se encontram os medos, desejos imorais, experiências indecorosas,
necessidades egoístas, vontades irracionais e desejos sexuais inaceitáveis e o id
- o ego não está fixado numa parte específica do icebergue e pode ser encontrado
no consciente, no pré consciente e no inconsciente

pensamento dinâmico

- Brucke afirmava que como qualquer outro ser vivo o ser humano é um sistema energético
e por isso deve ater-se ao princípio da conservação da energia - estabelece que a
energia total de um sistema permanece constante ao longo do tempo não se pode
destruir, apenas transferir ou transformar
- freud aplicou este planeamento aos processos mentais e propôs a ideia de energia
psíquica
- assim se temos algum pensamento inaceitável para a mente consciente a mente
redirige-o e afasta-o do pensamento consciente para o inconsciente num processo a que
chamou de “repressão” (ou recalcamento)
- podemos recalcar/reprimir a recordação de um trauma infantil, um desejo que julgamos
inaceitável ou ideias que ameaçam o nosso bem-estar.

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pulsões motivadoras

pulsão= impulso
- o inconsciente é o local onde residem as nossas pulsões biológicas instintivas
- as referidas pulsões governam os nossos atos dirigindo-nos para opções que
prometem satisfazer as necessidades básicas e favorecem a nossa sobrevivência
- são a água e alimento, o desejo sexual que garante a continuidade da espécie
- mas freud sustém que o inconsciente aloja também uma pulsão oposta- a da
morte- que se torna presente desde o nascimento. é autodestrutiva e que nos
impele para a frente ainda que com isso nos aproximemos da morte
- propôs uma nova estrutura em que distinguia o ego, id e superego.
- o inconsciente aloja um enorme número de forças em conflito, além das pulsões
da vida e da morte compreende todas as emoções e recordações reprimidas
assim como as contradições inerentes às nossas percepções da realidade
consciente juntamente com a nossa realidade reprimida
- segundo ele, o conflito que surge entre estas forças opostas é o conflito
psicológico que subjaz o sofrimento humano

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