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Conceito de Conhecimento

Lilén Gomez | Janeiro 2023


Professora de Filosofia

O conhecimento é o resultado do
processo de aquisição de entendimento
ou conhecimento sobre algo, seja um
objeto, uma prática, um conceito teórico,
etc. A definição do que é o conhecimento
é variável de acordo com as diferentes
correntes que ocorreram ao longo da
história do pensamento no campo da
epistemologia, ou seja, o estudo filosófico
sobre os fundamentos do saber.

Conhecimento na antiguidade
A teoria epistemológica proposta por Platão (427 – 347 a.C.) na Grécia clássica tem sido
uma das mais influentes em toda a história do pensamento ocidental. Segundo ela,
podemos conhecer graças à nossa capacidade intelectual, em oposição à ordem de
nossas faculdades sensitivas. O conhecimento válido advém da razão, que nos
aproxima das verdades universais e necessárias contidas nas Ideias, pertencentes ao
mundo supra-sensível.

A epistemologia proposta por Platão é, a rigor, uma epistemologia, na medida em que o


filósofo identifica o conhecimento dentro do marco científico, em oposição à mera
opinião. Aristóteles (384 – 322 a. C.), por sua vez, difere do platonismo, na medida em
que introduz a ideia de que o intelecto apreende as formas como imagens, ou seja, a
intelecção é sustentada necessariamente pela sensação, embora a mesma seja
diferenciada.
Teorias modernas sobre o conhecimento
A teoria epistemológica que marca a modernidade filosófica é, em primeira instância, o
racionalismo de René Descartes (1596-1650). Descartes postula que o conhecimento
pertence apenas à faculdade cognitiva, a razão e, portanto, a ciência forma uma unidade
em si; portanto, é possível avançar de forma ordenada de um conhecimento a outro,
seguindo um método — a saber, o método matemático-dedutivo. A matemática aparece
como um saber indubitável, pois suas regras não admitem verdade ou falsidade,
portanto, funciona como modelo metodológico aplicável a problemas empíricos. Com
base nessa ideia, Descartes formulará sua teoria epistemológica, baseada na evidência
do ego cogito —penso, logo existo— e nas regras do método.

As teorias empiristas do conhecimento responderão ao racionalismo cartesiano, que


sustenta a ideia de que não conhecemos graças à nossa faculdade racional, mas
apenas graças às percepções dos nossos sentidos. David Hume (1711-1776), um dos
maiores expoentes desta corrente, chegou a questionar a ideia de identidade pessoal,
bem como a unidade da mente, desde que esta seja fruto de uma mera justaposição de
percepções.

Conhecimento a partir da visão de Kant


Com a crítica ou idealismo transcendental de Immanuel Kant (1724-1804) introduziu-se
uma virada radical na concepção do conhecimento. Kant recupera ideias de
racionalismo e empirismo; no entanto, ambas as correntes entendiam o processo de
conhecer como uma relação entre o sujeito cognoscente e o objeto do conhecimento de
tal forma que o primeiro se aproximava do segundo para conhecê-lo. A partir de Kant, o
conhecimento passa a ser entendido como um processo construtivo. É o sujeito que
constitui o objeto, a partir das estruturas mentais que compõem sua subjetividade, que
independem da experiência, mas que exigem que ela seja preenchida com conteúdo.
Com o idealismo kantiano, o sujeito deixa de ser um receptor passivo de estímulos
externos e passa a ser um agente produtor de conhecimento.

Conhecimento na perspectiva de hoje


A chamada virada copernicana introduzida por Kant, uma vez que o sujeito se torna
ativo na produção do conhecimento, abre as portas para considerar as condições em
que esse sujeito produz o conhecimento. Na contemporaneidade, as condições
históricas de produção do conhecimento, atravessadas pelas dimensões política,
econômica e social, tornar-se-ão o centro das reflexões filosóficas. Com autores como
Michel Foucault (1926-1984), abre-se no campo do conhecimento a questão sobre as
configurações desse saber a partir de uma perspectiva ética. Uma vez que o
conhecimento deixa de ser uma aproximação da verdade para “a própria verdade”,
torna-se possível questionar quais são os efeitos e objetivos de certas articulações do
conhecimento.

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