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Objetivos de Aprendizagem
Os objetivos são compreender as principais contribuições da fenomenologia e
do existencialismo para a filosofia moderna; Conhecer o contexto histórico e
teórico que marcou o surgimento da fenomenologia; Analisar a abordagem
desta teoria com ênfase na sua concepção sobre a problemática do
conhecimento; Discutir a crítica e o desenvolvimento propiciado pelo
existencialismo a essa teoria.
Os objetivos são conhecer as concepções modernas de educação e a
expansão da escola; investigar a Influência do positivismo e da concepção
liberal de homem nas teorias pedagógicas; discutir as teorias crítica e Escola
de Frankfurt.
Plano de estudos:
Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos:
1. Edmund Husserl e o surgimento da fenomenologia;
2. O existencialismo de Jean-Paul Sartre.
3. Surgimento da pedagogia e da reflexão sobre a educação;
4. Escola tradicional e algumas características;
5. Teoria crítica e as contribuições para a educação.
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CONVERSA INICIAL
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famílias e escolas que muitas vezes utilizam-se do senso comum1 para a
educação das crianças.
Neste caso, não dá para afirmar que exista uma teoria pedagógica
sistematizada, ainda que seja possível retirar da análise deste tipo de modelo
de prática educativa, uma concepção teórica empirista, pautada na realidade
factual e que não abarca uma reflexão clarificada sobre os meios e os fins
propostos por essa forma de educação. É com a necessidade de
sistematização, da exigência do rigor conceitual, a definição dos fins e a
escolha dos meios para estes fins que surge a pedagogia, ou teoria geral da
educação.
1
Senso comum é o modo de pensar da maioria das pessoas, são noções comumente
admitidas pelos indivíduos. Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de
experiências, vivências e observação do mundo. É um saber que não se baseia em métodos
ou conclusões científicas, e sim no modo comum e espontâneo de assimilar informações e
conhecimentos úteis no cotidiano. Ou seja, o senso comum descreve as crenças e proposições
que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar
verdades mais profundas como as científicas.
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1. EDMUND HUSSERL E O SURGIMENTO DA FENOMENOLOGIA
2
Lembra-se da unidade anterior? Vamos relembrar! Na “Alegoria da caverna” Platão conta uma
história na qual os indivíduos que estão na caverna não conseguem ver o que está lá fora. Eles
apenas veem as sombras que as coisas externas formam no interior da caverna. É esse o
significado utilizado por Kant e apropriado pela fenomenologia.
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Quadro 3– A relação sujeito/objeto de acordo as diferentes vertentes filosóficas
Vertente Relação sujeito/objeto no processo de
Filosófica conhecimento
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Um dicionário d filosofia é um ótimo instrumento para tomarmos conhecimento dos conceitos
fundamentais de cada teoria. Ele não apresenta apenas uma definição, ele também traz o
desenvolvimento do conceito ao longo do tempo e entre as correntes filosóficas.
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[...]. Com efeito, o ponto de partida adotado é, para empregar o vocabulário de
Schopenhauer4 “a representação do mundo”, não “o mundo”. Assim, o
idealismo começa com o “sujeito”.
O que nos interessa aqui é saber que a vertente idealista considera que a
consciência do sujeito é quem em última instância determina a existência real
do objeto, pois, é dela que Husserl parte para formular sua teoria – e como
veremos, é também ao idealismo que a fenomenologia retornou.
Ao invés de colocar a primazia do processo de conhecimento no sujeito ou no
objeto. Kant acreditava que o processo de conhecimento se dava numa
correlação entre a apreensão sensível das coisas mesmas e a formalização à
qual as coisas são submetidas pela nossa consciência.
Veja que se esta apreensão é entendida como assimilação das coisas pelo
sujeito, então, em última instância, anula-se o objeto. Foi essa insuficiência que
Husserl detectou na filosofia de Kant e para a qual forneceu uma alternativa.
É essa a razão do surgimento da fenomenologia. Ela surge como uma tentativa
de propor à filosofia uma resposta para a questão de como conhecer as coisas
que constituem a realidade humana, mais precisamente, foi uma tentativa de
formular uma teoria sobre o processo de conhecimento.
Merleau-Ponty (2011) define fenomenologia no prefácio de seu livro
“Fenomenologia da Percepção”:
4
Schopenhauer (1778 – 1860) foi um filósofo alemão do século XIX, influenciou filósofos como
Friedrich Nietzsche. As obras mais conhecidas são O mundo como vontade e representação
(1819) e Parerga e Paralipomena (1851).
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Figura 4– Edmund Husserl
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2. O EXISTENCIALISMO DE JEAN-PAUL SARTRE
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Fonte: criado pela autora.
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Quando nascemos, encontramos um lugar, pode ser um país, que está situado
em um continente, onde se fala determinada língua, se tem determinados
costumes etc. Também está sobre certa jurisdição e corresponde a todos os
outros elementos tecnológicos, produtivos, sociais e culturais que dimensionam
esta situação em que me insiro e agora posso também modificar.
A defesa de Sartre sobre a liberdade remete contra antigos dogmas,
superstições e tradições, que buscam, cada uma à sua maneira, definir e
defender uma essência humana que esteja descolada da história, mas no
entanto, coerente com os princípios que esta doutrina defende. Assim, as
famosas assertivas de Sartre, como “o homem é o que ele faz de si mesmo”.
Soaram às vozes conservadoras da metade do século XX como heresias que
deveriam ser combatidas.
Segundo Sartre (1978), o dado primordial é a própria existência, o que faz com
que a realidade humana não possa ser deduzida de qualquer necessidade que
se estabeleça antes da própria existência.
O único destino fatal aos quais os homens estão submetidos é a liberdade para
construir sua existência. Nisto consiste o existencialismo, esta radical
contribuição de Sartre para a filosofia e para a teoria do conhecimento.
Em uma famosa conferência conhecida como “O Existencialismo é um
Humanismo”, Sartre sintetiza alguns dos princípios fundamentais da filosofia
existencialista esclarecendo seus posicionamentos contra seus críticos, que,
entre eles, estavam os comunistas, os católicos, entre outros.
Figurava também em torno do tema existencialismo uma grande moda, que
atingia artistas de toda parte, o que para Sartre implicava em uma confusão
que nada significava aos olhos da filosofia existencialista propriamente
elaborada.
Nas palavras do próprio:
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humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O
homem é tão-somente, não apenas como ele se concebe, mas
também como ele se quer; como ele se concebe após a
existência, como ele se quer após esse impulso para a
existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de
si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo.
(SARTRE, 1987, pg. 56).
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Edmund Husserl, até o existencialismo, de Jean-Paul Sartre. Este vídeo pode
ajudar a compreender melhor as diferenças e originalidades de cada uma
dessas escolas de pensamento.
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=Z2XPHjSYBfw> Acesso em: 24
out. 2017.
Reflita
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Indicação De Leitura
Introdução à fenomenologia
Autor: João Ribeiro Júnior
Idioma: Português
Editora: Edicamp
Assuntos: Filosofia
Ano: 2003
Resumo: Este livro apresenta o essencial da doutrina
filosófica da fenomenologia de modo claro, com estilo vigoroso e com
abundância de exemplos. O livro examina fenômenos tais como percepção,
figuras, imaginação, memória e linguagem e mostra
como o pensamento humano nasce da experiência.
Fonte: SARAIVA, 2017.
Existencialismo
Autor: Jaques Collete
Tradutor: Paulo Neves
Idioma: Português
Editora: L&PM Pocket
Assunto: Filosofia
Edição: 1ª
Ano: 2009
Resumo: "A história do pensamento é pontuada por uma série de despertares
existencialistas, o primeiro sendo o apelo de Sócrates: Conhece-te a ti mesmo."
Um dos principais movimentos filosóficos do século XX, o existencialismo teve
maior impacto na literatura e nas artes do que qualquer outra escola de
pensamento. Mais do que uma crônica filosófica dos anos 1930-1950, este livro
mostra as principais linhas do ideário existencialista em torno das noções de
realidade, liberdades individuais e subjetividade, perpassando o pensamento
daqueles que mais influenciaram o movimento: Kierkegaard, Husserl, Jaspers,
Marcel, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty e Camus. O existencialismo não
pode ser visto apenas como uma corrente filosófica, já que passou para a
história como um movimento intelectual intimamente marcado pelas
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consequências de duas guerras mundiais, legando à humanidade novos modos
de escrita, de comunicação e de inserção na sociedade.
Fonte: L&PM EDITORES, 2017.
Indicações de Filme
Porco Espinho
Lançamento: 2009
Diretor: Mona Achache
Elenco: Josiane Balasko, Garance Le Guillermic, Togo Igawa, Anne Brochet
Gênero: Drama
Nacionalidade: França/Itália
Sinopse: conta a história de Paloma uma menina séria e inteligente de 11 anos,
que decidida a se matar em seu décimo-segundo aniversário. Fascinada por
arte e filosofia, a menina passa o dia filmando seu cotidiano, a fim de fazer um
documentário. À medida que a data de seu aniversário se aproxima, ela
conhece pessoas que a fazem questionar sua visão pessimista do mundo.
Fonte: PSICOLOGIA E CINEMA, 2017.
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Indicações de Filme
De Repente, Califórnia
Lançamento: 2007
Diretor: Jonah Markowitz
Elenco: Trevor Wright, Brad Rowe, Ross Thomas
Gêneros Drama/Romance
Nacionalidade: EUA
Sinopse: Zach (Trevor Wright) é um rapaz que, desde que foi forçado a largar
seu sonho de estudar artes, coloca as necessidades dos outros acima das
suas e por isso passa seus dias trabalhando em um emprego sem futuro e
ajudando sua irmã mais velha, Jeanne (Tina Holmes) e seu sobrinho Cody
(Jackson Wurth). Em seu limitado tempo livre, ele surfa, desenha e aprecia a
companhia do seu amigo Gabe (Ross Thomas). Quando o irmão de Gabe,
Shaun (Brad Rowe) retorna à cidade, é atraído pelo altruísmo e talento de Zach
e, assim, os dois iniciam um relacionamento íntimo e verdadeiro. Shaun
incentiva Zach a dar rumo à sua vida e a investir nas suas artes. Zach, porém,
entra em conflito com sua própria identidade, tendo que conciliar seus próprios
desejos e necessidades com os de sua família e amigos, enquanto tenta
compreender os sentimentos que tem por Shaun.
Fonte: ADORO CINEMA, 2017.
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3. SURGIMENTO DA PEDAGOGIA E DA REFLEXÃO SOBRE A
EDUCAÇÃO.
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4. ESCOLA TRADICIONAL E ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
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Deste modo, podemos afirmar que esta forma de educar nos remete a
característica empirista de educar (pedagogia essencialista), porque dá ênfase
à assimilação, por parte do aluno de um conhecimento completamente externo,
que só pode ser adquirido por transmissão, sem a exigência de maiores
elaborações por parte dos indivíduos-alunos.
Essas foram as características gerais da escola tradicional, em seguida
falaremos um pouco mais sobre algumas das muitas faces que esta escola
tomou ao longo dos quatro séculos citados. Para podermos aprofundar assim,
algumas teorias filosóficas que marcaram a educação ao longo do século XX e
início do XXI.
Essas mudanças ocorrem pelo fato da escola ter sido interpelada às exigências
históricas diversas. Em um primeiro momento (século XVI e XVII), as escolas e
os colégios tem uma organização marcada pelas ordens religiosas,
interessadas no processo de evangelização das crianças. Podemos destacar a
ação dos jesuítas, principais educadores das colônias recém-descobertas pelos
europeus.
Os jesuítas eram professores rigorosos, cuidadosos e tradicionais em sua
prática pedagógica. A predileção por parte destes professores era pela tradição
clássica, assim ensinavam o latim ao invés das línguas chamadas vernáculas5,
e se omitiam quanto às críticas nascentes da modernidade à filosofia medieval,
especialmente São Tomás de Aquino e a lógica aristotélica, a qual a Igreja
Católica havia se apropriado.
Alheios aos embates filosóficos que nasciam neste período, rejeitam as
descobertas científicas como as de Galileu Galilei. Ignoram também a filosofia
cartesiana, e em conjunto, matérias como: história, geografia e matemática,
dando ênfase a retórica e aos exercícios de erudição.
Quando falamos sobre as linhas gerais da escola tradicional, podemos
destacar os jesuítas como os principais executores desta escola em seu viés
mais rígido: o universo é exclusivamente pedagógico, separados do mundo e
5
Vernáculo, nome dado à língua nativa de um país ou de uma localidade. Vernáculo é utilizado
sempre para designar o idioma puro, utilizado tanto no falar, como no escrever; sem acréscimo
de palavras de idiomas estrangeiros.
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da vida. São estimuladas a clausura, a renúncia, o sacrifício, e a vigilância, pois
é o principal meio para se controlar a disciplina.
Aos poucos, modos paralelos começaram a surgir na forma de entender e
praticar a educação, com uma tendência mais realista que buscava trazer
modelos mais ligados à vida real, é o chamado “realismo pedagógico”. No meio
religioso foi Martin Lutero (1483-1546), precursor da reforma protestante um
dos primeiros a defender uma escola primária para todos, repudiar os castigos
físicos, o verbalismo exacerbado típico da escolástica, e como contraponto
propôs o uso de jogos, exercícios físicos, música, literatura, história e
matemática.
Em seguida, no século XVII, outro grupo se destacou, eram os “Oratorianos”6
que a partir de um espírito mais moderno de educação, voltaram para as novas
ciências e para o pensamento de Descartes: ensinavam francês, estudavam
história e geografia com o recurso dos mapas, além de encorajarem a
curiosidade científica e utilizar um sistema disciplinar muito mais brando.
Mas essa tendência “realista” teve mesmo seus principais adeptos nos
defensores secular do pensamento, voltado para a superação da influência
religiosa na forma de entender o mundo. Pensamentos renascentistas como
Erasmo, Rabelais e Montaigne se destacam. No século XVII, outros teóricos se
preocuparam com as questões metodológicas, muitas vezes refletidas nas
ideais iniciais da pedagogia. Derivados da busca metodológica pela verdade,
deduziam que se existe métodos para que o conhecimento esteja correto,
deveria existir também um para ensinar de modo seguro e rápido.
6
Os “Oratorianos” ou “Ordem de São Filipe Néri”, representam uma sociedade de vida
apostólica fundada em 1565, em Roma, por São Filipe Néri, para clérigos seculares, sem votos
de pobreza e obediência, dedicando-se à educação cristã da juventude e do povo e a obras de
caridade.
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John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês de grande influência na política
britânica e na filosofia ocidental. Elaborou o pensamento liberal, e foi na
epistemologia (teoria do conhecimento) um defensor do empirismo. Partiu de
uma crítica ao francês, René Descartes, em especial contra o argumento deste
último, sobre a natureza inata das ideias, isso é de que as ideias se
desenvolvem naturalmente nos homens. Para Locke, era fundamental a parte
do mestre/professor para proporcionar atividades fecundas que auxiliem a
criança a desenvolver a razão.
Criticava também a preocupação excessiva com o latim. Defensor que era da
atividade mercantil que estava no auge em conformidade com os interesses
ingleses, Locke considerava mais importante o estudo de contabilidade e
escrituras. Enfim, eram os interesses da vida prática que devia prevalecer na
educação. Filiado ao “realismo”, a pedagogia de Locke propõe o estudo de
história, geografia, geometria e das ciências naturais. Entretanto, apesar de
representarem um avanço real quanto à dominação da Igreja Católica na
pedagogia, o século XVII viu ainda, um forte predomínio do ensino
tradicionalmente acadêmico e intelectualista.
7
A educação laica, baseada no laicismo, é um tipo de educação elementar que se caracteriza
por ser um ensino desvinculado da educação religiosa.
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O processo educativo, por desenvolver a razão nas crianças levaria
necessariamente à formação de um caráter moral desejado. Para Kant, era
necessária a “obediência voluntária”, quando pessoalmente o individuo
reconhece que as exigências são mais razoáveis (exercem mais a razão) do
que os pequenos prazeres momentâneos.
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Verifica-se na expansão mundial da escola pública, pertencente à última
metade do século XIX, uma progressiva desvalorização dos conteúdos
tradicionais, permeados pela substituição da leitura de clássicos pela utilização
do manual didático como principal fonte de ensino. Essa desvalorização
acompanha o movimento geral que Lukács denominou como decadência
ideológica da burguesia. Que é quando esta classe abandona de vez a sua
situação objetiva como classe revolucionária e progressista, passando a se
tornar uma força conservadora e reacionária dentro do conjunto social. No
Brasil, movimentos pedagógicos que visavam à difusão da leitura de clássicos,
também foram substituídos pela expansão baseada no manual didático,
condutor pedagógico da simplificação do conteúdo.
A especialização tipicamente burguesa da divisão de trabalho fabril acompanha
o movimento expansionista da escola no século XIX, reproduzindo no interior
desta, a mesma divisão, tornando o professor um trabalhador assalariado,
ligado à reprodução de uma condição que excluía a condição de erudição ou
de detentor do conhecimento através de uma longa experiência com a
disciplina, através de uma “facilitação” proposta pelo aviltamento dos
conteúdos, e a especialização de trabalho que já atingia o trabalhador da
manufatura, barateando o serviço pedagógico.
A expansão escolar foi uma pauta dos trabalhadores para que seus filhos não
fossem completamente excluídos das necessidades básicas de conhecimento
para a socialização, revelou-se uma face inesperada, quando, em conjunto
com o expansionismo decorreu esses fatores amputadores da qualidade da
transmissão do conhecimento, como a exclusão dos clássicos do conteúdo,
barateamento de serviço, entre outros fatores que impossibilitaram o
conhecimento da totalidade para a classe trabalhadora, dificultando o
entendimento da condição histórica de sua força de trabalho.
Foi desenvolvido um “simulacro de escola”, quando a educação torna-se direito
universal, acabou por tornar-se pouco frutífera, devido a sua adaptação às
condições de trabalho, impossibilitando tempo e condições para uma relação
pedagógica de fato, o que colaborou para a dominação religiosa nos espaços
educativos, transformando a escola em lugar de catequização. A contradição
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fica a cargo da pequena burguesia que reforça os conteúdos ensinados para os
filhos por meio de centros de excelência privados.
A transformação do capital globalizante da fase da livre concorrência para a
fase monopolista (essência do imperialismo) transformou completamente a
função social da escola, criando uma relação intrínseca entre Estado e escola
na manutenção das tensões sociais. Fenômeno característico, a ampliação de
órgãos públicos e estatais que se sustentam numa espécie de parasitismo
social e ocioso, atividades que não estão ligadas a produção direta dos meios
de subsistência, e sequer servem para exercer as finalidades à que
supostamente foram criadas, mas, sobretudo como burocratização necessária
para a dominação burguesa do Estado.
A violência do capital nas transformações sociais aumentou não somente o
exército de reserva como o número de ociosos e miseráveis. A escola foi
pensada em uma forma de adestramento desses sujeitos, complementando a
sua situação de depreciação geral, é nesse momento que surge o grosso do
funcionalismo público e das profissões liberais que visavam à harmonização
das relações entre capital e trabalho, anulando-se na própria prática as
“proclamadas intenções” liberais dos órgãos burocráticos.
As complexas interações entre burguesia e estado que se entrelaçaram com
maior predominância na consolidação da fase imperialista do capitalismo, teve
na escola uma oportunidade de reaproveitar os trabalhadores expulsos pelo
desenvolvimento tecnológico das indústrias, e em conjunto com este, o
surgimento de toda uma indústria escolar (livros didáticos, materiais impressos,
editoras etc.), já que o Estado torna-se comprador monopolista dos livros
didáticos.
Althusser, teórico francês marxista, definiu a escola como aparelho ideológico
reprodutor da burguesia de caráter número um, apesar da forte tendência a se
interpretar o fenômeno escolar, por essa ótica, apresenta-se no texto duas
críticas a essa concepção.
Outra crítica possível à classificação que Althusser denominou de “audiência”
devido ao fato de que poucos órgãos de poder estatal teriam tanto tempo de
“doutrina” com a criança como a escola. Hoje em dia, acredita-se que a
predominância de este tempo doutrinário, cabe, sobretudo, a outros
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fenômenos, como a mídia, fazendo com que a potência da escola como
principal aparelho reprodutor ideológico da dominação burguesa, mostra-se
precária para uma análise crítica concreta da situação da escola pública na
história e na contemporaneidade.
Ao longo do século XX até hoje, o Estado continua a deturpar a função
especificamente pedagógica da escola, e isso pode ser percebido em fatos
como, o grande contingente de alunos da escola pública que a frequentam
devido à merenda escolar, programas de auxílio estatal para manter o aluno na
escola (bolsa-escola), sem compreender a que esta tem servido de fato, e
ainda outras facetas de dominação social, como o grande aumento do número
de mulheres no mercado de trabalho, obrigando estas a colocar maior
quantidade de crianças na escola, bem como a utilização da escola, pela
família (sobretudo das camadas mais baixas) como único local possível de
socialização.
9
A “coisificação” do homem é um sinal do trágico destino da humanidade: a banalização da
vida, a perda de valores éticos e morais, invertendo a prioridade da “coisa” sobre a vida. O
crescente hedonismo coisifica o homem, pois este passa a ser um instrumento com uma
finalidade única e suprema do prazer.
10
O termo indústria cultural foi criado pelos filósofos alemães Theodor Adorno e Max
Horkheimer, a fim de designar a situação da arte na sociedade capitalista industrial. Da qual, a
ela seria tratada simplesmente como objeto de mercadoria, estando sujeita as leis de oferta e
procura do mercado. Ela encorajaria uma visão passiva e acrítica do mundo ao dar ao público
apenas o que ele quer. As pessoas procurariam apenas o conhecido, o já experimentado. Por
outro lado, essa indústria prejudicaria também a arte séria, neutralizando sua crítica a
sociedade.
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importante reflexão a respeito das representações que colocamos em prática
como as conformações da disciplina, autoridade, e da sujeição do aluno.
Além desta contribuição, podemos falar também do artigo “Tabus acerca do
magistério” de Adorno (2009), sobre a profissão de professor, em um período
em que a referida indústria cultural está presente com muita força na sala de
aula, agindo muitas vezes diretamente nas subjetividades dos educadores e
alunos.
Reflita
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Durante a ascensão do nazismo no final da década de 1920 e o poder absoluto
sobre a Alemanha e em parte significativa da Europa Ocidental na década de
1930, os pesquisadores alemães da Escola de Frankfurt tiveram que exilar-se
nos Estados Unidos, onde estabeleceram outro centro de pesquisas. De
tendências marxistas e de origem judaica, os pesquisadores jamais teriam
terreno fértil para atividades intelectuais e políticas na Alemanha de Hitler. O
sombrio período da ocupação nazista, um notável pensadores ligado também à
Escola de Frankfurt, mas nem sempre como contínuo de Adorno, Horkheimer e
Marcuse foi Walter Benjamin (1892-1940) que se suicidou na fronteira da
França com a Espanha quando foi abordado por tropas nazistas no meio de
uma fuga.
Instalados nos EUA, os pensadores alemães estavam em terreno fértil para
compreender a sociedade da indústria cultural, um lugar onde o capitalismo
avançado, durante e no pós-guerra, saiu fortalecido da derrocada nazista e os
seus modelos de padrões de vida floriam-se e se multiplicavam como o
“american way of life”, em tradução livre o jeito americano de viver, que
incorporava muitas vezes, um emprego médio para a satisfação de bens de
consumo básicos reproduzidos em círculo nuclear familiar.
Aos poucos os pesquisadores de Frankfurt puderam notar no próprio seio da
sociedade norte-americana que se apresentava como a vencedora do conflito
com a ameaça nazista e como ponta de lança de um novo tipo de sociedade
harmoniosa, que em conjunto com um capitalismo recuperado de uma crise
dos “Anos Gloriosos” pavimentaram o caminho de uma normatização da cultura
e da vida sob a base do trabalho explorado. Essa pavimentação era também
autoritária, fomentando muitas vezes uma cultura de dominação tão eficiente
em suas sutilezas e mecanismos prosaicos quanto a violenta subjugação
nazista dos valores à seus projetos de superioridade racial e da máquina de
guerra.
Com esta constatação, a de que o autoritarismo e
a violência simbólica rondam e constituem o
homem mesmo em regimes democráticos,
representando-os muitas vezes como selos
fechados de um destino rigorosamente
mecanizado pela indústria e pelos veios do
capitalismo como quer Marcuse (2012) em “O
Homem Unidimensional”. Os autores deram o
início à uma longa corrente teórica que
multiplica-se na investigação das formas pelas quais à indústria cultural
renova-se continuamente na reprodução descontrolada do capital em pleno
período da regência dos sistemas financeiros de crédito especulativo.
Esta discussão é totalmente integrada a Educação, na medida em que está
constitui-se como área de um Direito Universal que é perpassado pelas
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determinações macro econômicos e culturais e assim reflete e é passível de
também refratar a influência gigantesca dos meios de consumo materializados
em bens culturais que invadem hoje em dia a sala de aula, como demonstra a
irritação generalizada dos educadores com o uso abusivo de aparelhos
eletrônicos e celulares hoje massificados como bem de consumo, e em índices
cada vez maiores.
Indicações De Leitura
Compreender Adorno
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Indicações De Leitura
A dialética do esclarecimento
Indicação De Filme
O Show De Truman
Lançamento: 1998
Direção: Peter Weir
Elenco: Jim Carrey, Laura Linney, Natascha McElhone
Gêneros: Drama/Comédia/Ficção científica
Nacionalidade: EUA
Sinopse: Truman Burbank (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que
leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém
algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade,
seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren
(Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida
foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.
Fonte: ADORO CINEMA, 2017.
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CONCLUSÃO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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realidade humana. A partir daí, vimos como estas correntes filosóficas e suas
formulações influenciaram a educação.
Por fim, compreendemos como o surgimento da pedagogia, enquanto uma
teoria filosófica e orientadora de práticas educativas pode ser entendida como
uma parte específica da reflexão humana sobre o ato de educar.
Desta maneira, abordamos quatro pensamentos fundamentais da filosofia para
e sobre a educação. Refletimos e compreendemos como tais ideias filosóficas
influenciaram e influenciam as práticas e fazeres dentro da história dos saberes
pedagógicos.
REFERENCIAS
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POLITZER, G. Princípios fundamentais de filosofia. São Paulo: Fulgor,
1962.
KONDER, L. Marx - Vida e Obra. 7ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
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BERGO, A. C. O positivismo: caracteres e influência no Brasil. Reflexão,
Campinas, ano VIII, n. 25, p. 47-97, jan./abr. 1983.
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