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Noções Básicas de

Teoria do Conhecimento

Profa. Alessandra Brandão


alessandra.gomes.brandao@gmail.com
Teoria do Conhecimento
Pré-Socráticos
Conjunto de indagações: o que é o mundo? Qual a origem da natureza? Quais as causas da
transformação da mesma?
Ponto central: o que é o Ser ? (as coisas existentes)

Heráclito de Éfeso considerava a Natureza (o mundo, a realidade) como um “fluxo


perpétuo ”, o escoamento contínuo dos seres em mudança perpétua. (Nunca há um Mesmo
homem – e um Mesmo Rio)

Parmênides de Eléia - Só podemos pensar sobre aquilo que permanece sempre idêntico a
si mesmo, isto é, o pensamento não pode pensar sobre as coisas que são e não são

Demócrito de Abdera – Teoria do Atomismo


A realidade é constituída por átomos. “Os seres surgem por composição dos átomos,
transformam-se por novos arranjos dos átomos e morrem por separação dos átomos.

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Teoria do Conhecimento

Sofistas

Sofistas eram profissionais que vendiam seus serviços de compreensão do mundo de


obtenção de sucesso:

Impossibilidade de conhecer - Diante da pluralidade e do antagonismo das filosofias anteriores,


a postura filosófica era que não seria possível conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões
subjetivas sobre a realidade.

Retórica - Para se relacionarem com o mundo e com os outros humanos, os homens devem
valer-se de um outro instrumento – a linguagem – para persuadir os outros de suas próprias
ideias e opiniões.

A verdade como opinião - Uma questão de opinião e de persuasão, e a linguagem é mais


importante do que a percepção e o pensamento.

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Teoria do Conhecimento

Sócrates

Mantinha um distanciamento dos primeiros filósofos e dos sofistas

A verdade pode ser conhecida, mas primeiro devemos afastar as ilusões dos
sentidos e as das palavras ou das opiniões e alcançar a verdade pelo pensamento.

Os sentidos nos dão as aparências das coisas e as palavras, meras opiniões sobre
elas. Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto
de vista individual à ideia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores
da vida moral e política.

Sócrates fez a Filosofia preocupar-se com nossa possibilidade de conhecer as


causas das ilusões, dos erros e da mentira.

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

TEORIA DO CONHECIMENTO

Platão:
No esforço para definir as formas de conhecer e as diferenças entre o
conhecimento verdadeiro e a ilusão, Platão e Aristóteles introduziram na
Filosofia a ideia de que existem diferentes maneiras de conhecer ou graus de
conhecimento e que esses graus se distinguem pela ausência ou presença do
verdadeiro

Platão distingue graus de conhecimento

1.Conhecimento sensível: Crença e Opinião


2.Conhecimento intelectual :Raciocínio e Intuição intelectual. .

Exemplo de conhecimento intelectual: Matemática

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Teoria do Conhecimento

Aristóteles :

Distingue sete formas ou graus de conhecimento: sensação, percepção, imaginação,


memória, raciocínio e intuição.

Para ele, nosso conhecimento vai sendo formado e enriquecido por acumulação das
informações trazidas por todos os graus, de modo que, em lugar de uma ruptura entre
o conhecimento sensível e o intelectual, haveria uma continuidade entre eles.

Para os gregos, de forma geral, a realidade é a Natureza e dela fazem parte os


humanos e as instituições humanas. Por sua participação na Natureza, os humanos
podem conhecê-la, pois são feitos dos mesmos elementos que ela e participam da
mesma inteligência que a habita e dirige.

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Teoria do Conhecimento

Filósofos Modernos:

Na modernidade, a Teoria do Conhecimento torna-se uma preocupação específica do


Filósofos

Influência do Cristianismo:
Fé e Razão; Verdades Reveladas e Verdades Racionais; Matéria e Espírito; Corpo e
Alma; Erro e ilusão

Filosofia encontra novos problemas:

1. Como, sendo seres decaídos e pervertidos, podemos conhecer a verdade?


2. Sendo nossa natureza dupla (matéria e espírito), como nossa inteligência pode
conhecer o que é diferente dela?

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Teoria do Conhecimento

Pergunta central do Filósofos Modernos:

Como podemos conhecer a verdade?

O problema do conhecimento torna-se crucial para os modernos, ou seja, o exame


de nossa capacidade de conhecer

Teoria do Conhecimento:
- O pensamento e as coisas;
- A consciência (interior) e a realidade (exterior);
- O entendimento e a realidade;

Em suma: O sujeito e o objeto do conhecimento.

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Filosofia da Ciência

As bases epistemológicas da cultura moderna

Francis Bacon - Empirismo


René Descartes - Racionalismo

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Filosofia da Ciência
Francis Bacon (1561 – 1626):
Contexto histórico: Galileu forjava na Itália sua nova prática científica

Bacon, na Inglaterra, proclamava o nascimento de uma nova era para humanidade em que as
Ciências Naturais traria a redenção do homem, que acompanharia seu progresso espiritual para
o milênio critstão

Proposta de Bacon
A descoberta de um novo mundo exigia a descoberta de um novo mundo em nível mental
que superaria os velhos padrões: a cegueira intelectual, as distorções subjetivas, as confusões
verbais, dando espaço para um novo método de adquirir conhecimento:

Seria um método basicamente empírico, ou seja, por meio da cuidadosa observação da


natureza e da hábil criação de experimentos variados, praticados no contexto da pesquisa.
Em suma: Por, esse método, a mente humana aos poucos obteria as leis que proporcionam o
entendimento da natureza, necessário ao seu controle

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Filosofia da Ciência

Francis Bacon:

Cético em relação ao conhecimento dos antigos, considerado osbstáculos rumo ao


conhecimento útil, Bacon defendia que o progresso da Ciência exigia uma radical
reformulação dos seus fundamentos.

A verdadeira base do conhecimento era o Mundo Natural e a informação que ele


transmitia por meio dos sentidos

A busca do conhecimento não deveria partir de abstrata definições e distinções verbais e


a argumentação dedutiva, forçando os fenômenos a ordem previamente arranjada

A busca do conhecimento deveria fazer uma análise desapaixonada dos dados concretos
e a partir disso argumentar indutiva e cautelosamente para obter conclusões gerais a
partir do empírico.

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Filosofia da Ciência

Francis Bacon:

Para Bacon, o máximo que a Razão Pura obteria era tecer em torno de si uma teia de
abstrações sem nenhuma validade objetiva.

Por outro lado, o verdadeiro filósofo deveria abordar o mundo real diretamente e o
estudar, sem falsas antecipações que prejudicassem o resultado. Teria a mente limpa das
distorções subjetivas.
Logo, pressupor que o mundo fosse divinamente ordenado e acessível pela mente, como
faziam os antigos e medievais, era impedir que se percebesse a real Natureza.

Mesmo com toda argúcia, Bacon subestimou drasticamente a força da matemática no


desenvolvimento da Ciência, e não percebeu a necessidade da conjectura teórica antes da
observação empírica, deixando escapar o significado da nova teoria heliocêntrica.

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Filosofia da Ciência

Francis Bacon:

Sua convincente defesa da experiência como única fonte legítima do


verdadeiro conhecimento deu nova direção à cultura europeia, voltando-a
para o mundo empírico, para o exame metódico dos fenômenos físicos a
rejeição de pressupostos tradicionais – teológicos e metafísicos.

A força teórica e ideal visionário de Bacon, persuadiu as gerações futuras


ao cumprimento de seu programa revolucionário: a conquista científica da
Natureza para o bem estar do homem

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

René Descartes: (1596 – 1650)

Contexto histórico: insegurança


A crença humana era ditada pelo costume cultural;
Os sentidos podiam ser ilusórios;
A estrutura da natureza não correspondia ao processo mental
A falibilidade da razão impedia o conhecimento

Desafio de Descartes: Encontrar uma base irrefutável para o conhecimento seguro

Primeiro passo: Duvidar de TUDO


(eliminar os pressupostos do passado e estabelecer verdades indubitáveis)

Apoio metodológico: Geometria e Aritmética

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Filosofia da Ciência

Racionalidade Crítica de Descartes

Método Matemático:
Afirmação de principio simples e evidentes
Axiomas essenciais que poderia extrair outras verdades
Aplicação desse raciocínio à filosofia
Aceitar como verdade apenas as ideias claras e distintas
A racionalidade critica superaria a informação não confiável

O ceticismo e a matemática se combinam para gerar


a Revolução Cartesiana na Filosofia

A certeza da consciência individual


Pelo menos o eu, que tem consciência de duvidar, o sujeito pensante, existe. COGITO: Penso,
logo existo !

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Filosofia da Ciência

COGITO: PRINCIPIO E PARADIGMA PARA O CONHECIMENTO

Base para as deduções subsequentes


Modelo para todas as outras intuições racionais evidentes

Aplicação desse raciocínio:


Nada se origina do nada: existência de um Deus
Com esse Deus Perfeito: A razão humana estaria assegurada
Dicotomia: alma - mundo (res cogitans – res extensa)
Homem e suas duas realidades: corpo e espirito

Dualismo de Descartes:
De um lado: Alma é o espirito da consciência humana - pensante
Os sentidos se inclinam ao erro
A imaginação é presa da distorção
As emoções são insignificantes para compreensão segura
Dou outro lado: todos os objetos são desprovidos de consciência

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Racionalidade Crítica de Descartes

Ideias Gerais:

- O universo não era um organismo vivo, mas uma máquina


- O mundo se compunha de matéria atomística sem vida
- Estas substância seria melhor compreendida em termos mecânicos
- Importante, portanto, reduzir a partes mais simples;
- Deus criou o universo e suas leis, mas autorizou que essa máquina se
movesse sozinha
- As leis da mecânica são iguais a lei da Natureza
-O mundo físico é inteiramente objetivo, solidamente material, sem
nenhuma ambiguidade, sendo possível mensurá-lo
-O instrumento mais poderoso para compreensão do universo: a
matemática

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

A autocritica do Pensamento Moderno


Ao mesmo tempo em o homem moderno ampliava seu conhecimento
humano, a epistemologia crítica revelava os limites desse
conhecimento

Gotfried Leibniz – 1646-1716


Baruch Spinoza – 1632-1677

John Locke (1632 -1704)


David Hume (1711 -1776)

Rev. Kantiana: Imannuel Kant (1724 – 1804)

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Filosofia da Ciência

John Locke (1632 -1704)

Contexto histórico: o sucesso da ciência tinha definido o papel


da filosofia

1- Localizou a base do conhecimento humano no encontro da


mente com o mundo físico
2- Necessidade de análise da mente capaz desse conhecimento

Locke: Definir o principio que fundamentava o empirismo


Não aceitava a crença cartesiana nas ideias inatas

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Contribuição de John Locke

Tábula rasa: Não há nada no intelecto que não tenha passado pelos
sentidos

Sua defesa:
Todo conhecimento humano se baseava-se na experiência sensorial
Há uma combinação das impressões simples ou ideias (conteúdos
mentais), em conceitos mais complexos, através da reflexão, a mente
chegará a conclusões corretas

Fonte do conhecimento: os sentidos impressionam e a reflexão


interioriza essas impressões

A mente é inicialmente uma tábula rasa,


sobre a qual se escreve a experiência

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Filosofia da Ciência
PODERES INATOS: a partir dessas impressões, a mente pode construir seu
entendimento conceitual por meio de suas próprias operações introspectivas
de combinação:

Direção distinta de Spinoza e Leibniz: a mente seria única a obter


conhecimento seguro por meio das IDEIAS INATAS

Para os empirismo: o racionalismo era cada vez mais limitado, uma vez que a
mente sem a experiência sensorial, poderia apenas especular

Os racionalistas: deslocava-se da ideia de que a Ciência poderia obter


conhecimento seguro da verdade passando para uma postura menos
absolutista de que a Ciência não poderia fornecer a verdade das coisas, mas
por meio das hipóteses, descobrir verdades prováveis

O ceticismo alcança o empirismo, quando Locke admite que não há garantia de


que todas as ideias humanas das coisas se pareçam com os objetos exteriores
Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão
Filosofia da Ciência

Contribuição de John Locke

Fatores do processo do conhecimento: o espirito, objeto


físico e a percepção/ideia mental
O homem conhece diretamente apenas a ideia mental

Procura Distinção:
Substancias primárias – volume, peso, formato
Secundárias: cheiro, cor

Concentrando nas primárias, era possível para a


Ciência produzir um conhecimento seguro do mundo natural
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Filosofia da Ciência

Contribuição de David Hume

Levou ao extrema a crítica epistemológica empirista com algumas


diferenças dos dois anteriores (Lock e Berkeley)

Impressões sensoriais = base do conhecimento


Ideias = cópias esmaecidas dessas impressões

Sua defesa: Havia uma saraivada de impressões e a mente


organizaria essa sensações

Se toda ideia correspondia a uma impressão sensorial, como


percebíamos a causalidade?
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Filosofia da Ciência

Contribuição de David Hume

A mente não pode saber o que causa as suas sensações, pois jamais experimenta
a causa

Tudo que a mente tem para fundamentar seu conhecimento são essas
impressões da mente - experimenta impressões que indicam que foi causada
por outro evento

Problema: A causalidade não pode ser ratificada pela experiência

A mente pode perceber uma regularidade dos eventos, mas jamais prever sua
inevitabilidade

Ou seja, o nexo causal jamais foi percebido, nem se pode afirmar que exista fora
da mente humana e de seus hábitos internos

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

Contribuição de David Hume


Mesmo as ideias de espaço e tempo não são realidades
independentes, mas resultados das sensações coexistência de
determinados objetos

A inteligibilidade do mundo reflete hábitos da mente

Consequência da análise de Hume: debilitação da própria


empírica, pois a sua fundamentação lógica, a indução, era
considerada injustificável

Pode-se perceber a regularidade de um evento, mas não sua


inevitabilidade
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Filosofia da Ciência

Em tal contexto, a Ciência era possível, mas apenas uma


ciência do fenomênico (nas experiências registradas
pela mente) determinada não pela natureza, mas pela
psicologia humana

Hume concluiu, mais adiante, que a mente era apenas


um apanhado de percepções desconexas, que não podia
reivindicar unidade real, existência contínua, coerência
interna e muito menos conhecimento objetivo

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

A “revolução copernicana” de Kant

Desafio de Immanuel Kant:


1. Ciência: alegava que a Natureza era determinada por leis
2. Filosofia: Afirmava que a experiência jamais permitirá tal conhecimento

Quem estava certo Hume ou Newton?

Kant concordava em grande parte com as conclusões de David Hume,


mas tinha confiança no conhecimento alcançado por Newton em relação à
natureza

Solução de Kant: A Ciência explica um mundo já ordenado pelo próprio


aparato cognitivo

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

Solução Kantiana:

A mente humana é de tal natureza que não recebe passivamente os dados


do sentido;

A mente “digere” e estrutura. Sendo assim, ela pode conhecer até onde esta
se adapta as suas estruturas fundamentais;

O homem é capaz de conhecer o mundo permeado por seu conhecimento.

A causalidade e a leis inevitáveis da Ciência formam-se gradualmente no


quadro de referencia de sua cognição;

No ato da cognição, não é a mente que se adapta as coisas, são as coisas


que se adaptam a mente

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão


Filosofia da Ciência

A revolução de Kant:
Ao perceber que todo conteúdo que poderia derivar da experiência fosse extraído de juízos
matemáticos, as ideias de tempo e espaço permanecem

A mente tem um quadro de referência de relações espaciais e temporais. “O tempo e o espaço são
forma axiomáticos (elas condicionam qualquer observação)

A matemática podia descrever o mundo empírico porque seus princípios envolvem


necessariamente um contexto de espaço e tempo

A causalidade e a leis inevitáveis da Ciência formam-se gradualmente no quadro de referencia de


sua cognição;

Os eventos que a mente percebe estão sujeitos a princípios axiomáticos (tempo, espaço,
causalidade...)

Não é possível conhecer o mundo apenas pensando ( Razão Pura), nem tampouco apenas sentindo
(dados da experiência). È necessário uma combinação, sem a qual o conhecimento do mundo seria
impossível

Filosofia da Ciência – Profa. Alessandra Brandão

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