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3º ANO – FILOSOFIA 1º BIM.

EPISTEMOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA


Ciência, tecnologia e conhecimento em debate
Episteme (Conhecimento fundamentado) Doxa
X
(Mera opinião)
GNOSIOLOGIA
EPISTEMOLOGIA ˂―˃
GNOSIS= CONHECER (AÇÃO DE CONHECER)

Epistemologia A Epistemologia (do grego ἐπιστήμη – episteme), ou Teoria do Conhecimento, diz respeito ao problema
do conhecimento. Questiona as condições de possibilidade e de validade do conhecimento humano (do grego λόγος –
logos, discurso). É, portanto, um ramo da filosofia que versa sobre os problemas filosóficos afetos em torno da relação
entre conhecimento, crença e verdade. Diz respeito ao valor do conhecimento humano.
O desafio da epistemologia é responder “o que é” e “como” alcançamos o conhecimento?
A epistemologia surgiu com Platão, onde ele se opunha à crença ou opinião ao conhecimento. A crença é um ponto de
vista subjetivo e o conhecimento é crença verdadeira e justificada. A teoria de Platão diz que conhecimento é o
conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. A epistemologia
provoca duas posições, uma empirista que diz que o conhecimento deve ser baseado na experiência, ou seja, no que for
apreendido durante a vida, e a posição racionalista, que prega que a fonte do conhecimento se encontra na razão, e não
na experiência.

EMPIRISMO E RACIONALISMO
EMPIRISMO
Corrente filosófica que diz que todo conhecimento provém unicamente da experiência.

Francis Bacon (1561-1626)


Francis Bacon é um dos fundadores da ciência experimental.
Só é verdade o que passa pelo laboratório.
A verdade não está no discurso, mas na comprovação científica!

Thomas Hobbes (1588-1679)


Hobbes afirmava que nem o bem o mal não existiam como valores universais. Para ele, o que era dito como bem era tão
somente o que se desejava alcançar, enquanto o mal era apenas aquilo de que se fugia.
Sendo o bem e o mal relativos, a convivência entre as pessoas era impossível: Homo homini lupus (“O homem é o lobo
do homem”).
Neste caso, só um Estado forte, impositivo e punitivo tornaria possível a vida social.

John Locke (1632-1704)


Homem: folha em branco, tábula rasa
1) Ideias da sensação: são nossas primeiras ideias, aquelas que chegam à mente através dos sentidos. Essas ideias
seriam moldadas pelas próprias qualidades do objeto externo.
2) Ideias da reflexão: são aquelas que resultam da combinação e associação das sensações por uma reflexão, de tal
maneira que a mente vai desenvolvendo outra série de ideias que não poderiam ser obtidas das coisas externas. Seriam
ideias como a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar.

GEORGE BERKELEY (1685-1753)


“Ser é perceber e ser percebido”
Os filósofos partiam da premissa de que aquilo que existe no mundo é composto por matéria. Berkeley passou a
questionar se havia matéria, criando o “imaterialismo”, que levou o empirismo às últimas consequências: se a ideia que
fazemos de um objeto depende dos cinco sentidos, dizia o filósofo, nada garante a existência daquilo que não podemos
perceber. Apesar de submeter a existência da matéria ao fato de ser ou não percebida pelo homem, o bispo evitava
entrar em conflito com a sua fé. Para ele, havia uma força superior definindo o que podemos ou não sentir: “quando
abro meus olhos, não está em meu poder escolher o que eu quero ver ou não”, escreveu. “As ideias impressas em meus
sentidos não são criadas por minha vontade. Assim, existe outra Vontade ou Espírito que as produz”.
DAVID HUME (1711-1776)
Cuidado com o hábito!
a) impressões: referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos;
b) ideias: referem-se às representações mentais, como memória, imaginação, etc, derivadas das impressões. Assim, toda
ideia é uma re(a)presentação de uma impressão.
“Embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais
minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espírito não
ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos
sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de ouro, apenas unimos duas ideias compatíveis, ouro e
montanha, que outrora conhecêramos” (David Hume, Investigação acerca do entendimento humano).

RACIONALISMO
Corrente filosófica que diz que todo conhecimento é gerado pela razão, independente de experiência.

RENÉ DESCARTES (1596-1650)


Ele é quem vai levar a razão até às últimas consequências através de sua dúvida metódica. Segundo essa proposta, para se chegar à
verdade, é preciso colocar todos (mas todos mesmo) os nossos conhecimentos em dúvida.

Nesse cenário de incerteza total, Descartes percebeu que a única coisa da qual ele não poderia duvidar de forma alguma era o fato de que
ele estava pensando. O exercício da razão era o ponto de partida pelo qual todas as afirmações poderiam ser feitas.

SÍNTESE DE IMMANUEL KANT (1724-1804)


1) Conhecimento empírico (a posteriori): aquele que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos, isto é, que é
posterior à experiência. Por exemplo: para fazer a afirmação: “Este livro tem a capa verde”, foi preciso antes conhecer a
sua cor.
2) Conhecimento puro (a priori): aquele que não depende de quaisquer dados dos sentidos, ou seja, que é anterior à
experiência, nascendo puramente de uma operação racional.
Exemplo: a afirmação (juízo) “Duas linhas paralelas jamais se encontram no espaço” não se refere a esta ou àquela linha
paralela, mas a todas. Constitui, assim, um conhecimento universal. E como não depende, para ser verdade, de
nenhuma condição específica, é um conhecimento necessário.
1) Formas a priori da sensibilidade: são o tempo e o espaço. Essas noções são intuições puras, existem como estruturas
básicas na nossa sensibilidade.
2) Formas a priori do entendimento: de modo semelhante, os dados captados por nossa sensibilidade são organizados
pelo entendimento de acordo com certas categorias, que são conceitos puros existentes a priori no entendimento, como
causa, necessidade, relação e outros, que servirão de base para a emissão de juízos sobre a realidade.
Para Kant, portanto, o conhecimento seria o resultado de uma interação entre o sujeito que conhece e o objeto
conhecido. Não conhecemos as coisas em si mesmas (o ser em si), isto é, como elas são, de forma independente de nós.
Só conhecemos as coisas tal como as percebemos (o ser para nós). Ou seja, as coisas são percebidas de acordo com
nossas estruturas mentais.
“Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com efeito, como
haveria de exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de
uma parte, produzem por si mesmos representações, e de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-
los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para
esse conhecimento das coisas que se denomina experiência?” (Immanuel Kant, Crítica da razão pura).

A QUESTÃO DA CIÊNCIA
Filosofia da Ciência é a área da filosofia que pergunta sobre a ciência, de quais ideias parte, qual método usa, sobre qual
fundamento e acerca de suas implicações e pressupostos. Mais do que tentar explicar, tenta problematizar os seguintes
aspectos: a natureza das afirmações e conceitos científicos; a forma como são produzidos; os meios para determinar a
validade da informação; como a ciência explica, prediz e, através das tecnologias, domina a natureza; a formulação e uso
de um método científico; os tipos de argumentos usados para chegar a conclusões; as implicações dos métodos e
modelos científicos para a sociedade e para as próprias ciências.
“Proposições fatuais são, pois, o fundamento de todo saber, mesmo que elas precisem ser abandonadas no momento
de transição para afirmações gerais. Estas proposições estão no início da ciência. O conhecimento começa com a
constatação dos fatos” Moritz Schlick (1882-1936) O fundamento do conhecimento.

VERDADEIRO OU FALSO?
1. O conhecimento científico é neutro porque, em tese, não atende valores particulares. Ou seja, não serviria a nenhum
interesse específico.
2. A autonomia na pesquisa científica refere-se a condições independentes de investigação.
3. A Ciência se faz com estrutura e equipamentos de tecnologia avançada. Ou seja, exige recursos financeiros e,
portanto, pode haver interferência econômica nas pesquisas, o que, em tese, afetaria a sua neutralidade.
4. A ciência e a tecnologia produzem instrumentos e meios que podem contribuir para a melhoria da humanidade como
um todo, mas, às vezes, apenas parte da humanidade colhe seus melhores benefícios.
5. É importante que o cientista reflita sobre a finalidade da sua investigação, para que os resultados da pesquisa tragam
benefícios, ao invés de malefícios.

Karl Popper (1902-1994)


Karl Popper defendeu uma teoria científica bem diferente da costumeiramente aceita pela ciência. Ao contrário do que
sempre se diz, que a teoria científica deve ser provada como verdadeira, Popper defendeu que A TEORIA CIENTÍFICA
PRECISA SER FALSIFICADA, isto é, demonstrada como errônea pela experiência, até se chegar a uma hipótese possível.
Assim, discordou tanto do método indutivo como do método dedutivo, e propôs seu novo método.
Mas o que é indução e dedução?
 A indução é o processo pelo qual se parte de um conjunto de fato observados (particulares) até se chegar a uma
conclusão geral (universal).
Exemplo: Hoje fervi água, no nível do mar, a 100 graus. Ontem fervi a 100 graus. Mês passado fiz a mesma coisa. Logo,
toda água, no nível do mar, ferve a 100 graus.
• Já a dedução é o processo que parte de uma formulação geral que, por ser universal, deve se aplicar a situações
particulares.
• Exemplo: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.
Para Karl Popper, a INDUÇÃO não é confiável pelo mesmo motivo já apresentado no séc. XVIII por David Hume. A
regularidade da natureza e o hábito do observador levam a afirmações que podem não se confirmar sempre. Não é
porque algo sempre aconteceu de determinada maneira que deverá acontecer sempre, como se a natureza estivesse
obrigada a seguir um padrão normativo. Por exemplo, o fato de o sol despontar no horizonte todos os dias, até o dia
presente, por volta das 6h, não exige que ele aja desta forma no dia de amanhã. Só se pode afirmar com total certeza
isso, depois que efetivamente acontecer, ou seja, depois da experiência sensível.
Da mesma forma, Popper tem dificuldades para dar total credibilidade à dedução, haja vista que os argumentos seriam
válidos todas as vezes que seguissem logicamente as premissas. Mas e no caso de uma premissa falsa? A dedução, por
sua vez, seria válida, embora não verdadeira. Por exemplo: Todos os gatos têm gosto de banana. Tom é gato. Logo, Tom
tem gosto de banana. Do ponto de vista lógico, a dedução está perfeita. No entanto, tudo indica que tenha começado
com uma premissa falsa, já que, ao que parece, gatos não têm gosto de banana. Mesmo assim, nada garante que, em
algum outro mundo, os gatos não tenham tal gosto. 
SOLUÇÃO
• Karl Popper problematizou os métodos consagrados da ciência e da filosofia, ou seja, a indução e a dedução. E
reforçou sua ideia de que o melhor método é o da FALSIFICABILIDADE ou FALSEABILIDADE. Para ele, uma teoria científica
só seria verdadeira se pudesse ser testada na realidade e demonstrada como potencialmente falsa.
• Em outras palavras, a ciência não pode provar a verdade (nem pela indução nem pela dedução). A ciência precisa
falsear hipóteses, até esgotar as possibilidades de raciocínio. Tirando todas as possibilidades falsas, a hipótese que
sobrar será potencialmente a verdadeira.
Thomas Kuhn (1922-1996)
Teoria dos paradigmas científicos
• Uma teoria científica fica vigente até que comecem a aparecer anomalias, ou seja, resultados diferentes ou não
familiares. O acúmulo desses resultados leva a uma crise científica. A crise é marcada por um questionamento amplo a
respeito dos paradigmas. Muitos cientistas começam a pesquisar e buscar novas respostas para tal situação. Quando se
chega a um novo consenso, a hipótese consensual se torna um novo paradigma, substituindo o antigo.
• Somente desta forma, para Kuhn, a ciência pode progredir. O progresso científico se dá à medida que os cientistas
vão problematizando as afirmações e buscando novas respostas aos problemas de então. Mesmo definitivo, todo
paradigma é definitivo até que se prove o contrário. Nenhuma teoria pode estar fechada, resolvida em absoluto. Sempre
deve haver uma brecha para que as pesquisas continuem e sejam descobertos novos horizontes e novas respostas.

Atividades
1) Defina sobre o que é epistemologia.
2) Quando surgiu a epistemologia?
3) Quais são as duas posições provocadas pela epistemologia?
4) O que é empirismo?
5) O que é racionalismo?
6) De acordo com o texto, cite os filósofos da corrente filosófica que diz que todo conhecimento provém unicamente da
experiência.
7) De acordo com o texto, cite os filósofos da corrente filosófica que diz que todo conhecimento é gerado pela razão,
independente de experiência.
8) Discorra sobre Filosofia da Ciência.
9) Qual foi a solução encontrada por Karl Popper para defender uma teoria científica bem diferente da costumeiramente
aceita pela ciência?
10) Para Thomas Kuhn, somente de que forma a ciência pode progredir?

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