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Com isso, Kant afirma (Ler, p. 1-2, nota 1-3): “Não conhecemos um objeto
senão pelos predicados que enunciamos ou pensamos dele [...]”
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Longuenesse parece nos adiantar o que ela descreverá, no final desta introdução ao
capítulo, sobre a relação do entendimento com a intuição sensível, isto é, que essa
relação seria simultaneamente “circular” e “cumulativa”.
Portanto, o fato dos conceitos quanto a sua forma serem factícios não resume a
posição de Kant quanto à natureza dos conceitos. Essa posição precisa ser
compreendida por meio das explicações concernentes ao “x do juízo” que é reportado
os conceitos atribuídos por meio de um juízo a um x que o juízo mesmo constitui.
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Quanto a essas explicações de Kant, Longuenesse nos alerta sobre sua “ambiguidade”.
Segundo ela:
Disso podemos destacar que o objeto sensível que pensamos a partir de certos
predicados que formam os conceitos são ligados pela própria intuição sensível. Isto é,
“o x do juízo” é imanente à intuição sensível.
Em outras palavras, Longuenesse afirma que essa “alguma coisa em geral que
pensamos por certos predicados” não é mais a intuição sensível, isto é, o que fornece
aos conceitos o “lugar” e o fundamento da ligação discursiva. A intuição sensível é,
segundo a autora:
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Importância da noção de “comparação”
Por fim, autora aproxima estas duas passagens à outra que explica a
comparação de representações que derivam de uma gênese empírica de
conhecimentos. Essa passagem está na Introdução á segunda edição da Crítica que diz
(Ler na pagina 7):
Com esta citação, fica evidente que lhe interessa falar sobre a comparação de
representações sensíveis que são ligadas ou separadas para produzir a “matéria bruta
das impressões sensíveis” e transformá-las em conceitos segundo a forma que é
suscitada pela faculdade de julgar. Ato de julgar que, por sua vez, compara os
conceitos e forma os juízos. Aí está o que Longuenesse chama de “forma impura das
ligações discursivas” que lhe interessa particularmente neste capítulo.
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No entanto, a importância do termo comparação como atividade discursiva não
é uma originalidade do empirismo, mas sim da encontra-se na definição de juízo
proposta pela Lógica de Port-Royal. Segundo ele (ler p. 8)
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Para a autora, Kant está se referindo a este “tipo” de comparação quando
afirma, na primeira frase da Introdução a CRP (B1), que os objetos dos sentidos: “[...]
em parte produzem eles mesmos representações, em parte colocam em movimento
nossa atividade intelectual para comparar essas representações, para ligá-las ou
separá-las [...]” (p. 10, nota 19).