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Juízo cujo conceito do predicado não está contido no conceito do sujeito mas cuja validade é
universal e necessária
as suas possíveis operações e resultados analíticos (universais e válidos necessariamente
por pertença ao próprio conceito). Com a formulação simétrica a própria estrutura
gramatical anula-se. O sujeito pode passar a ser o predicativo do sujeito e vice-versa.
Visto que são iguais. Há ainda a compreensão do nexo entre um predicativo do sujeito e
o sujeito gramaticais como não sendo de igualdade e portanto de simetria (quando todo
o x é y, todo o y é x), mas como sendo de cópula. Ex: O quadro é branco. Não há
igualdade/simetria nesta função de predicação, ou seja, o quadro não é igual ao branco
(relação assimétrica), mas sim cópula, isto é, uma das qualidades do quadro é a sua
matiz branca. Agora, Frege considera que a função pensa a ideia de igualdade, e
portanto com ela imputa determinada operação a F (+ p. ex.), e determinados x a certos
argumentos (7,5 p. ex.) o que produz certo resultado (12). O sentido é produzido por
esta ideia de função. Mas é totalmente? E quanto à cópula? Pode uma função instanciar
a totalidade dos argumentos de todos os objectos (significações traduzindo-se como
Michael Dummet)?
5. Nenhuma significação (Bedeutung) pode ser função, visto que são sujeitos oracionais.
Não quer dizer que a função não possa ser ou não ser predicativa do sujeito. Bedeutung
é o ὑποκειμένων aristotélico. Aquilo do qual se predica algo numa oração. Por um lado o
sujeito, ὑποκειμένων, Bedeutung, objecto, significação, e por outro a função de
predicação com a qual se aplica o dizer desse sujeito alguma coisa de algum modo, isto
é, por alguma operação.
6. Um objecto ou significação pode ser visado por referentes de sentido diferentes, isto
é, por conceitos diferentes e, em certo sentido, intransponíveis um para o outro. Como o
triângulo enquanto triângulo ser visado pelo conceito de triângulo ou pelo conceito de
trilátero. Ou simplesmente que o mesmo objecto ou significação seja visado por
designações diferentes: Nietzsche ou homem dos bigodes. Colher ou spoon.
10. Relação entre elementos e conjuntos. Quantificadores existencial (existe pelo menos
um x que é f; é contraditório dizer que nenhum x é f) e universal (qualquer que seja o x,
x é f; ou todo o x é f; é mentira então que há f que não seja x;). A linguagem natural
pensa com estas estruturas formais. Pensamos predicação (sentido de função de
igualdade nas suas diversas acepções e cópula) e existência – na linguagem natural. O
que é que isto significa? Que as estruturas formais da linguagem são elas mesmas a
priori, segundo Frege. A expressão da realidade da experiência mundana ou da
metafísica são rejeitadas – envolvem representação cognitiva e não são a lógica
enquanto tal. O que se pensa ao pensar a lógica é a própria realidade. A lógica é a única
realidade com direito de cidadania na filosofia analítica de Frege, ao pensar-se a
linguagem. Toda a verdade é analítica e a realidade não é real. Reais são a lógica e a
aritmética enquanto analíticas.
11. Pode dar-se que um mesmo referido, significado, uma mesma significação
(Bedeutung) possua referências distintas, isto é, expressões de o referirem que são
diversas, e que até, por isso, não se perceba que o referente é o mesmo. Contudo,
aquando da compreensão que o referente é o mesmo dá-se que analiticamente o
significado era o mesmo só que tinha referências diferentes (e portanto apresenta-se
como uma síntese de denominações). Ou seja, a realidade em si não se altera pelo modo
como nós nos referimos a ela, isto é, se nós compreendemos ou não o que refere
exactamente uma referência ou não. O que nós colamos são referências particulares e
não a totalidade das referências. Daí este problema de síntese de designações
relativamente a uma mesma Bedeutung.
13. A função = é o pensar a conexão “é”, ou seja, nesta operação estão contidas as
verdades analíticas a priori e que constituem a possibilidade do sentido (leis de
reflexividade, reciprocidade e transitividade e suas formas negativas). Daqui deriva o
mundo empírico, ou melhor, a possibilidade de falar dele com sentido, e portanto, de
falar de todo em todo, de existir sequer mundo empírico.