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Normas como Condição Necessária
para a Comunicação
Regras Implícitas
Conhecimento e Ética
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validade, expressam os aspectos ideativos pelos quais os signos sofrem
encadeamentos, significados e transformações (derivações apodícticas = lógica;
derivações hipotéticas = retórica).
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língua como meio – a determinações sociais para uma explicação precisa e
sistemática (lógico-semântico) por um indivíduo com grande autonomia para
explicar o produto de suas visadas; já, a dimensão sócio-cultural e psico-afetiva
devem muito mais suas determinações de significado à dimensão sócio-
institucionais e culturais (pragmática) dependem muito mais a externalidade como
critérios para as visadas subjetivas do que no caso anterior, em que o objeto de
estudo é natural, que deve uma margem grande dependendo do indivíduo singular:
pois este detém as operações mentais comuns; e, por outro lado, o ambiente
externo (sócio-cultural) envolve outros aspectos (intencionais e instrumentais) no
trato intersubjetivo: sendo o processo significador altamente influenciado e
dependente das relações externas e suas implicações psicossociais.
(…). Ao usar a linguagem, estamos agindo em um contexto social, e nossos atos são
significativos e eficazes apenas na medida em que correspondem às determinações
dessas “formas de vida”, dessas práticas e instituições sociais. Em seu uso da
linguagem, os falantes seguem regras, não apenas lingüísticas stricto senso (isto é,
gramaticais, fonéticas, semânticas), mas sobretudo pragmáticas. (OLIVEIRA, 1996:
158).
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expressam evidentemente uma e mesma reflexividade da razão humana e de tal modo
que a razão, com a ajuda da linguagem, tem que elaborar uma interpretação do mundo
e, com a ajuda da interpretação do mundo, construir um sistema semântico da
linguagem, o qual deve se estabelecer em um nível ético-comunicativo, ético-
discursivo, se quiser se constituir como sentido racional e intersubjetivamente válido.
(COSTA-APEL, 2002: 8).
(…), pressuposições elas próprias podem ser identificadas tornando claro, para quem
conteste as reconstruções que foram propostas inicialmente de maneira hipotética,
como ele se envolve em contradições performativas. Ao fazer isso, temos que apelar à
pré-compreensão intuitiva com a qual todo sujeito capaz de falar e agir entra em
argumentação. (HABERMAS, 1989: 112 e 113).
407 A diferença entre a proposta de Hilbert e a minha é que ele repete, reproduz a asserção
“axiomas não se provam”, o que equivale a dizer que podemos partir de qualquer um deles,
ou mesmo que tais não carecem de avaliação pois são “evidentes” ou “indemonstráveis”.
Avaliar os axiomas é tratá-los pelos resultados que obtemos da aplicação deles (os axiomas).
Aprofundarei tal tema dissertando sobre o auto-evidente e a indemonstrabilidade dos
axiomas quando tratar sobre a Filosofia Regressiva de Perelman e as considerações de
Habermas.
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sob as quais ela é verdadeira. Uma semântica se apresenta quando as regras sintáticas
são completadas por regras de designação, que especificam as coisas às quais as
expressões lingüísticas se relacionam e as regras de verdade que explicitam as
condições de verdade. É nesse contexto que Carnap desenvolve sua célebre distinção
entre intensão e extensão. Em primeiro lugar, essa distinção é vista à partir dos
predicados: a intensão de um predicado é sua significação, isto é, um conceito,
enquanto a extensão é a classe dos objetos subsumíveis sob esse conceito. Assim,
enquanto a pergunta a respeito da semelhança ou identidade da intenção de predicados
é uma pergunta lingüística, a mesma pergunta relativa à extensão, é uma pergunta
empírica. (…). Essa doutrina da distinção entre intensão e a extensão dos predicados é
aplicada por Carnap aos nomes próprios e às frases. Assim: a intensão de uma frase é
a proposição, a extensão seu valor de verdade; a intensão de um nome é seu conceito
individual, a extensão é o objeto por ele designado. (OLIVEIRA, 1996: 84).
Uma regra, uma norma lingüística, lógica e retórica são esquemas gerais –
já testados – que internalizamos por repetição e aprendizado, com o propósito de
fazermos o bom uso delas. Para tanto, faz-se mister uma adequação, uma
correspondência entre: entre letras e representantes (ortografia); entre gráfico e
pronúncia (ortopedia ou ortoépia); entre representante e o representando (nome e
coisa-objeto = taxonomia); entre gêneros e espécies (morfologia); entre
composição do morfema em unidades (morfologia) entre classes de palavras e sua
combinação (morfossintaxe); entre significado e combinação (regras de seleção
lexical); entre modo de expressão e significado (estilística); entre significado e
representado (semântica-ontologia); entre significado e contexto de situação
(pragmática); entre ou duas ou mais premissas e uma possível conclusão
(inferências: dedução e indução); entre discurso e demonstração (argumentos
para uma tese); entre recursos lingüísticos e convencimento quase-lógicos
[retórica e parcialmente a estilística (no tocante às figuras)]; entre significado e
efeitos (pragmática); entre significados e campos (critérios de agrupamento
paradigmático = campos semânticos); entre palavras e associações operativas
(campo de associações); entre significado e intenção (teleologia); entre critérios e
casos singulares a que foram aplicados (axiologia); entre ação (meios e fins) e
resultado (ética); etc. Este elenco exaustivo sintetiza minhas incursões temáticas
sobre tais relações que detêm – ainda que implicitamente – normas a serem
aplicadas para um uso responsável da comunicação.
A cada combinação, a cada associação, a cada inferência, a cada hipótese
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plausível, a cada problematização, a cada correção teórica é necessário um
domínio (ainda que intuitivo ou inconsciente) das relações entre representantes,
representações e representados somados aos significados associados a eles; todos
eles gerando significados (tanto pelo eixo sintagmático como pelo paradigmático),
a cada pesar de valores, a cada decisão está envolvido uma rede complexa –
porém sistêmica – de deveres operacionais!
(…) Seres humanos são diferentes, opostos entre si em diferentes dimensões. A razão
humana tem a ver com o que é comum, universal e, portanto, neste nível, com o que
possibilita a unidade de convivência na diferença. Desta forma, pode-se dizer que uma
sociedade é racional quando ela resolve seus conflitos a partir do reconhecimento de
regras comuns de validade universal. (COSTA-APEL, 2002: XV). Obs.: Apresentação
de Carlos R. V. Cirne-Limae Manfredo Araújo de Oliveira.
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(…) a reflexão crítica da idéia de filosofia transcendental, ao vincular o conceito de
razão com o conceito de linguagem, implica uma nova concepção de reflexão
transcendental, ou seja, implica compreender a reflexão transcendental identificada
não com a problemática da consciência como medium, mas com a problemática da
linguagem como tema e medium da reflexão transcendental; o que tem como
implicação fundamental que toda constituição racional de sentido intersubjetivo
humano tem como medium transcendental a comunidade de comunicação e sua
dimensão ético-comunicativa, ético-discursiva. (COSTA-APEL, 2002: 7).
Nessa perspectiva, pode-se dizer, com Apel, que quando o falante efetivamente
argumenta para obter o reconhecimento de sua pretensão de poder, reconheceu,
também, implicitamente, através da intenção de convencimento de sua própria
argumentação, que o uso da linguagem abertamente estratégico é basicamente
<parasitário> em relação ao <uso orientado ao entendimento>, pois, ao argumentar,
colocou-se na posição de interlocutor em relação ao reconhecimento de pretensões de
validade, embora a questão da validade – por exemplo, da pretensão à verdade ou da
pretensão à correção normativa – esteja, neste caso, restringida pela superioridade
fática da posição de poder do falante. (COSTA-APEL, 2002: 273).
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nos sobre os discursos para apreciá-los (aprendermos e corrigi-los) – a ambos
pautados num exercício normativo-aplicativo, geralmente de maneira implícita,
intuitiva. A assim chamada reflexão pragmático-transcendental:
todo falante tem um conhecimento intuitivo das regras de seu falar, e o analista da
linguagem apenas explicita essas regras, que já foram internalizadas pelo próprio
processo de aprendizagem da língua. Como dirá Searle, quando descrevo a linguagem,
o que faço é tematizar aspectos de meu próprio domínio de uma capacidade dirigida
por regras… um saber reconstrutivo duma ação regrada. (OLIVEIRA, 1996: 166-167).
(…) O problema filosófico fundamental daquilo que, desde os gregos, se chama razão
prática, razão ética e política, está na questão da fundamentação destas regras e
instituições que precisamente só podem ser ditas racionais se é possível fundamentar
seus princípios; numa palavra, a tarefa que cabe à filosofia consiste em fundamentar
princípios universais que possibilitem o encontro entre indivíduos, grupos e
instituições, mesmo estados nacionais, justificado por razões, por sentido e não pelo
arbítrio e pela força, ou seja, trata-se de fundamentar ética, justiça e direito tendo
como referência a humanidade como um todo. (COSTA-APEL, 2002: XV).Obs.:
Apresentação de Carlos R. V. Cirne-LimaeManfredo Araújo de Oliveira.
(…) como mostrar que podemos, com razão, esperar da história um progresso no
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acordo intersubjetivo se estamos dispostos a explicar quase-naturalisticamente, como
exige a crítica das ideologias, as causas sociais que obstaculizam tal acordo? (COSTA-
APEL, 2002: 105).
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problematização pragmática (incluindo as demais dimensões) é própria de pessoas
comprometidas com uma avaliação, correção e auto-correção do “dado”, que um
dia fora montado, e também, sistematicamente erigido para benefício de grupos
minoritários.
Enquanto para Austin a linguagem ordinária não pode ser a última palavra,
porque perpassada de inadequações e arbitrariedades, para Wittgenstein a linguagem
ordinária é perfeitamente em ordem. (OLIVEIRA, 1996: 167).
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implica, ao mesmo tempo, uma inibição e uma tematização: com ela se atinge o solo
do conhecimento absoluto da fundamentação última. (OLIVEIRA, 1996: 39 e 40).
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adequação predicativa.
(…) porque sei como se fala determinada língua, tenho domínio de um “sistema de
regras” subjacente ao meu uso de elementos da língua em questão, Toda e qualquer
pessoa que domina uma língua tem um saber atemático, implícito, inconsciente dos
sistema de regras que constitui essa língua enquanto tal. (OLIVEIRA, 1996: 174).
O que eles propõem (…) é um conjunto de regras para a combinação dos significados
dos elementos lexicais individuais. Essas regras chamam-se REGRAS DE
PROJECÇÃO, a combinação é designada por AMÁLGAMA (…). As regras de
projecção são necessárias, pois é preciso determinar o que é que se pode amalgamar,
com quê e por que ordem. Isso será determinado pelo estatuto gramatical dos
elementos – o adjetivo combinar-se-á com o substantivo, o sintagma nominal com o
verbo, etc. (PALMER, 1979: 120 e 121).
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tipo de falácia ou destituição sintática, semântico ou pragmática! O grau de erro
do primeiro caso é menor do que em situações em que os substantivos possuem
gênero sexual: pois nesta situação, tal erro é arbitrário, convencional. No segundo
caso, quando afirmo em português ‘macaca-solitário’ (quando deveria ser
‘macaca-solitária’), o grau de erro é um pouco maior. Mas por quê? Porque neste
substantivo percebemos dois gêneros sexuais.. o grau de incoerência nessa
combinação de dois morfemas é maior: pois não é um convenção reconhecer em
palavras algo sensorialmente (fisiologicamente diferente)… ainda que o adjetivo –
noutras línguas – não seja uma necessidade corresponder ao substantivo: pois é
uma convenção que a classe de adjetivos (e portanto o âmbito morfológico)
receba o predicado de gênero sexual. Tudo isso que comentei neste segundo caso
é válido para o conceito de número (singular, plural). Nesse ínterim, no conceito
de gramaticalidade e agramaticalidade, noto que há graus de coerência e, com tal
aspecto, graus de inadequação (‘erros’).
Pois bem, o mesmo não ocorre no âmbito sintático-semântico-pragmático.
Por quê? Por que nestes âmbitos (ou níveis), as relações entre significados são
mais graves, menos arbitrários, menos acidentais: há relações essenciais –
necessárias – para toda e qualquer Língua que haja consenso de critérios das
regras que se baseiam num âmbito Comunicativo e que se for desrespeitado gerará
confusão na interpretração, ou mesmo impossibilidade de interpretação… ou
mesmo alguma destituição semântica (o que seria ainda pior). O estudo das co-
ocorrências revela (explicita) qual âmbito da linguagem e o porquê da
impossibilidade da mesma se quisermos ser compreendidos (e não apenas a
arbitrariedade da ortografia, ou da morfologia dos aspectos gênero e número).
Com a explicitação dos motivos de tal combinação ser rejeitada, estamos ciente de
qual o critério de tal restrição de seleção das palavras quando combinadas (em
sucessão direta) pela incompatibilidade entre dios léxicos: seja por aspectos
morfológicos, seja por aspectos semânticos/operacionais em que notamos que há
critérios objetivos (definidos, explícitos) para que combinamos dois léxicos
enquanto substantivo e verbo, advjetivo e verbo, adjetivo e substantivo e, num
âmbito ainda mais grave (de implicações mais essênciais ou necessárias) de
sujeito e predicados. Obs.: é aqui que comento sobre o equívoco predicativo
formulado por Marilena Chauí sobre os sofistas e filósofos na antigüidade.
É na impossibilidade de coerência semântica entre duas palavras que
implicam numa correção de premissas que se baseiam em tal incompatibilidade,
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daí minha motivação do Apêndice Filsoofia Regressiva e Progressiva como uma
correção de formulações (premissas) baseadas em contradições semânticas… que
acarretam, nalgum momento, em contradições pragmáticas. A Gramática ordinária
está mais para ofertar convenções arbitrárias… exceto quando se preocupa com
vícios de linguagem. Quando disserto sobre o Apêndice Critérios Comunicativos,
desenvolvo, fundamento que a Gramática Filosófica deve ser ensinada ainda mais
nos currículos do Ensino Médio: pois é no domínio das falácias e vícios de
linguagem que o hábito da Incomunicação é sistematicamente ensinada. Vejamos
a citação do Lingüista inglês F. R. PALMER, exemplificando os motivos da
restrição lexical, equivalente às regras de formação de R. CARNAP:
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prova que possam ocorrer nestes contextos, uma vez que a matrix registrará o que é
possível e não o que é impossível). Da mesma maneira, mostra que cut requer um
sujeito «concreto», e drink um complemento directo «líquido». A especificação é feita
em termos de componentes, sendo referido que o sujeito e o complemento directo
devem ter os componentes (concreto) e (líquido). Trata-se neste caso de RESTRIÇÕES
DE SELECÇÃO. Qualquer frase que não as observe será rejeitada e a gramática não a
produzirá. (PALMER, 1979: 115 e 116).
por meio da reflexão sobre o uso dos elementos lingüísticos dessa língua, é possível
tirar esse saber do anonimato e, em primeiro lugar, conhecer os fatos formulados nas
caracterizações lingüísticas. Tais caracterizações podem ter validade universal
precisamente na medida em que contêm regras. Conhecendo as regras, sei não só de
fatos presentes ou passados, mas tenho um “saber projetivo”, pois sei como serão fatos
futuros, pressupondo-se que essas regras sejam seguidas. (OLIVEIRA, 1996: 174).
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1) Saber projetivo: são as regras de projeção pelas quais as estruturas superficiais
derivam-se das estruturas profundas interiorizadas e, na maioria das vezes, não
estamos cientes dela: embora possamos pensar nelas, reconstituindo o caminho de
como formaram: reconstrução genética.
2) Saber corretivo: é uma segunda etapa de conscientização das regras implícitas:
para corrigir alguém é necessário explicitar os critérios pelos quais nos
baseamos... tanto quanto é necessário expormos em qual regra da lógica alguém
não aplicou para afirmarmos que é inválida, e explicitarmos os critérios pelos
quais legitimam chamarmos um argumento de falacioso: indicando, reconhecendo
ou qual, ou quais expedientes da linguagem figurada foi aplicado.
3) Saber auto-corretivo: é a terceira etapa da conscientização ética da
comunicação. É o reconhecimento de que incorremos em determinado desvio, em
dada deturpação discursiva (como na segunda etapa); porém, introjetando o valor
de dever, para corrigirmos nossa insuficiência comunicativa para o caráter de
pretensão de consenso universal (válido para qualquer um no mesmo caso ou
situação) e pretensão de consenso de sentido e compreensão (as associações
adequadas perante as regras da língua e o contexto de situação). Vale aqui a frase
do filósofo SÓCRATES: Conhecimento útil é aquele que nos torna melhores!
(…) Apel defende a tese de que a pretensão à verdade não pode ser colocada
explicitamente por nós, os seres humanos, sem que se exponha também, ao mesmo
tempo, implicitamente – no nível interno correspondente do discurso argumentativo –
uma pretensão de veracidade e de correção normativa, e de tal modo que, para ele, a
pretensão à verdade posta argumentativamente pressupõe sempre, por princípio,
normas morais inelimináveis (…). (COSTA-APEL, 2002: 262).
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Citei alhures o conceito psicanalítico de resistência psíquica: é uma
espécie de negação de alguma ordem: tanto da realidade externa, como da interna.
(…) enquanto o opositor (…) não quer ingressar no terreno do discurso argumentativo
(…) não se tem de fato nem sequer a possibilidade de começar a argumentar, a
situação seria inteiramente diferente se o opositor quisesse argumentar seriamente
(mesmo que fosse o cético radical) pois, neste caso, o opositor reconhece
performativamente, de maneira necessária, certas normas do discurso. (COSTA-
APEL, 2002: 271).
(…) para Apel, (…), três pretensões necessárias e universais à validade do discurso
humano podem ser formuladas, que são as seguintes;
(…) o próprio fato de opor-se a uma certa concepção da metafísica faz supor que se
preconiza outra concepção da metafísica, e que cumpriria explicitá-la, se é apenas
implícita. (PERELMAN, 1997: 131).
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de “metafísica” como: os fundamentos últimos e, infelizmente, auto-evidentes408.
Mas qual o significado de 'fundamento'? Algo que funda é algo que constrói, que
serve de apoio, que sustenta ou sugere uma dependência interna dos demais
elementos perante aquilo que se considera: relevante, fundamental, importante,
necessário, determinante e anterior.
O próprio Aristóteles nos diz que a filosofia primeira constitui o objeto da obra
que foi, antes de todas as outras qualificadas de metafísica, alguns séculos após a
morte de seu autor. Poderíamos chamar de filosofia primeira qualquer metafísica que
determina os primeiros princípios, os fundamentos do ser (ontologia), do
conhecimento (epistemologia) ou da ação (axiologia) e se empenha em provar que eles
constituem uma condição de qualquer problemática filosófica, que são princípios
absolutamente primeiros. (…). um princípio é primeiro quando vem antes de todos os
outros numa ordem temporal, lógica, epistemológica ou ontológica, mas insiste nesse
caráter apenas para determinar-lhe a primazia ou o primado axiológico. O que é
primeiro, fundamental, o que precede ou supõe todo o resto, é considerado principal,
primeiro na ordem de importância.
(…). Daí a importância, em toda metafísica desse gênero, do critério capital ou da
instância legítima, cuja determinação fornecerá a rocha sobre a qual se poderá
construir uma filosofia progressiva. (PERELMAN, 1997: 132 e 133).
408 É quanto a esta consideração milenar e irrefletida (ainda argumentarei para demonstrar
isso!) que Chaïm Perelman propõe como uma complementação das derivações silogísticas
(inferenciais) o exame, a avaliação do (lema) =premissa prima. A esta proposta ele
denomina de Filosofia Regressiva – em contraposição mas não contraditória com a pretensão
de verdade, sentido e validade – da Filosofia Progressiva.
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das condutas ou práticas ou discursos pelos conseqüências (perlocutórias =
pragmática) e pelos efeitos (funcionais); ambas são relações de valores, metas,
causas, meios e efeitos (axiologia). Uma filosofia unicamente progressiva é
funcionária do status quo! Tanto pelo seu fechamento – reduzindo o filosofar à
predominância de operações lógicas, como também pela recusa de avaliar, de
considerar os axiomas, práticas e conceitos (os três são casos de valorações) como
objeto de estudo para a atividade judicativa = judicação 409. A falta de consenso no
acordo de sentido, verdade e validade é uma incomunicação, como vimos.
(…). Toda metafísica original constitui uma ameaça para as outras. Daí resulta uma
luta implacável de todas essas doutrinas, que são incapazes de encontrar uma
linguagem comum, um critério comum e em que cada qual, por sua própria existência,
constitui um desafio a todas aquelas ás quais se opõe (…).
Quando “uma filosofia aberta” se opõe à metafísica, não é da mesma maneira que uma
filosofia primeira em luta contra outra filosofia primeira, mas como uma metafísica
que toma o sentido inverso de toda filosofia primeira. Darei a esta filosofia o nome de
filosofia regressiva. Darei a esta filosofia o nome de filosofia regressiva. A análise das
características próprias de toda a filosofia primeira e a descrição da filosofia regressiva
nos farão compreender melhor esta última, e nos darão a oportunidade de especificar o
sentido ampliado que esse novo desenvolvimento permitirá conferir à palavra
“metafísica”, de forma que ela possa englobar, a um só tempo, as filosofias primeiras a
filosofia regressiva. (PERELMAN, 1997: 133 e 134).
409A manifestação de juízos de valor como apreciação daquilo que fazemos no e do mundo
(natural e cultural).
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operações: regras de formação (base das relações sígnicas morféticas) e regras de
transformação (base para relações derivativas inter-premissas = inferências).
410Se for um discurso e/ou prática de um grupo específico que distorce a comunicação – via
algum(ns) desrespeito(s) normativos: será comunicativo para este grupo, pois eles já
aceitaram tal modo de deturpação comum (a eles); mas será incomunicativo quanto ao
saber intuitivo: as regras ou condições de possibilidade de interpretação de todo quaisquer
enunciados.
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2) Uma vez admitido tal arbítrio: as relações entre números e operações serão
necessárias, pois correspondem a uma determinada relação sígnica controlada
pelo significado dos termos componentes.
3) Qualquer erro será uma aplicação indevida, no tocante ao significado dos
termos em relação entre si.
4) A gramaticalidade também é análoga a este processo significador.
5) A verdade, sentido e validade de todo e qualquer signo (representante dotado
de significado) é homólogo aos outros dois, pois os símbolos são relações
adquiridas (culturais) com desdobramentos, derivações, transformações reguladas
pelos termos componentes: tanto quanto o são os componentes semânticos da
semântica = relações implicativas de componentes na montagem total da
comunicação.
Certamente, o saber intuitivo das regras que os sujeitos capazes de falar e agir têm que
empregar para de todo poderem participar de argumentações não é, de certo modo,
falível – mas, certamente, são falíveis nossa reconstrução desse saber pré-teórico e a
pretensão de universalidade que a ele associamos. (HABERMAS, 1989: 120).
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verdade, sentido e validade. A finalidade antecede a ação; as regras implícitas
antecedem a construção legítima = comunicação. Todo aquele que deseja
intimidar411 ou enganar revela uma coisa: que sabe, lá no fundo, que há normas e
que, devido à sua mesquinhez e exploração intersubjetiva, deve distanciar-se das
normas se quiser levar a cabo a consecução de seu objetivo estratégico-
instrumental, pois o seguir as regras comunicativas inviabiliza qualquer
instrumentalidade, pois a assim chamada Razão Instrumental412 é uma ação anti-
social no plano das ações e, como tal, encontra seu homólogo no plano do
discurso, pois este é o instrumento (linguagem verbal) da instrumentalidade
(abuso intersubjeticvo) estratégica.
411(…) quem se coloca abertamente na posição do mero poder não necessita persuadir seus
adversários por meio da simulação de querer convencê-los através de argumentos.
Entretanto, se ele argumenta tentando convencê-los de que há boas razões para aceitar o que
é expressado em seus atos de fala (uma exigência, por exemplo), então, admitiu,
implicitamente, que reconheceu seus interlocutores em uma relação que não é meramente
de poder, mas, também, de convencimento através da argumentação. (COSTA-APEL, 2002:
273).
412 Termo técnico empregado sistematicamente pelo Sociólogo e Filósofo Herbert Marcuse.
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