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A Palavra - Eduardo Carvalho

No princípio era o verbo. Depois vieram os substantivos, os adjetivos, os pronomes.

E o homem começou a produzir discursos e a conquistar seu mundo por intermédio da palavra.
Nominar para conhecer, conhecer para conquistar. E jamais houve arma mais poderosa do que a palavra.

E o homem usou a palavra para continuar suas descobertas. Para perpetuar suas experiências. Para
acumular seu conhecimento.

E o homem usou a palavra para cativar amigos, para seduzir amantes, para celebrar comunhões.

E o homem usou a palavra para conquistar fieis, para dominar territórios, para exercer o poder.

E o homem criou novas palavras para velhas coisas. Traduziu-as para novos idiomas, diversificou-as
na torre que buscava a própria palavra em sua origem.

Mas a palavra sempre se impôs a qualquer homem. Sempre perdurou para além de qualquer discurso.
E onde já não há rosas, ainda seu nome perpetuado para além de sua efemeridade. E onde já não há
existência, palavras renitentes ainda existindo.

Ainda hoje, a palavra transformada em pulso eletrônico, em onda magnética, em pixel luminoso,
concretiza-se na matéria etérea de significados da qual é feita.

Dominá-la e entregarmo-nos ao domínio que nos impõe. Eis o sentido último do encanto, do jogo, da
paixão e de nossa devoção e vicio. A palavra, vivida como profissão.

(CARVALHO, Eduardo. Disponível em: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/A-Palaavra/12/11469. Acesso em: 23 nov. 2015.


Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 288-290).

A Palavra - Eduardo Carvalho

No princípio era o verbo. Depois vieram os substantivos, os adjetivos, os pronomes.

E o homem começou a produzir discursos e a conquistar seu mundo por intermédio da palavra.
Nominar para conhecer, conhecer para conquistar. E jamais houve arma mais poderosa do que a palavra.

E o homem usou a palavra para continuar suas descobertas. Para perpetuar suas experiências. Para
acumular seu conhecimento.

E o homem usou a palavra para cativar amigos, para seduzir amantes, para celebrar comunhões.

E o homem usou a palavra para conquistar fieis, para dominar territórios, para exercer o poder.

E o homem criou novas palavras para velhas coisas. Traduziu-as para novos idiomas, diversificou-as
na torre que buscava a própria palavra em sua origem.

Mas a palavra sempre se impôs a qualquer homem. Sempre perdurou para além de qualquer discurso.
E onde já não há rosas, ainda seu nome perpetuado para além de sua efemeridade. E onde já não há
existência, palavras renitentes ainda existindo.

Ainda hoje, a palavra transformada em pulso eletrônico, em onda magnética, em pixel luminoso,
concretiza-se na matéria etérea de significados da qual é feita.

Dominá-la e entregarmo-nos ao domínio que nos impõe. Eis o sentido último do encanto, do jogo, da
paixão e de nossa devoção e vicio. A palavra, vivida como profissão.

(CARVALHO, Eduardo. Disponível em: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/A-Palaavra/12/11469. Acesso em: 23 nov. 2015.


Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 288-290).

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