Poetisa: Orides Fontela

Discentes: Gisely Patricia de Souza Morais

Josefa Arruda Silva Neta

➢ Alguns poemas de Transposição

Apresentamos, abaixo, alguns poemas presentes no livro Transposição de Orides

Fontela:

Núcleo O nome

Aprender a ser terra A escolha do nome: eis tudo.

e, mais que terra, pedra
nuclear diamante O nome circunscreve
cristalizando a palavra. o novo homem: o mesmo,
repetição do humano
A palavra definitiva. no ser não nomeado.
A palavra áspera e não plástica
O homem em branco, virgem
da palavra
Sensação é ser acontecido:
sua existência nua
Vejo cantar o pássaro pede o nome.
toco este canto com meus nervos
seu gosto de mel. Sua forma Nome
gerando-se da ave branco sagrado que não
como aroma. define, porém aponta
que o aproxima de nós
Vejo cantar o pássaro e através marcado do verbo humano
da percepção mais densa
ouço abrir-se a distância A escolha do nome: eis
como rosa o segredo.
em silêncio.
Fala Errância

Tudo Só porque
será difícil de dizer: erro
a palavra real encontro
nunca é suave o que não se
procura
Tudo será duro:
luz impiedosa só porque
excessiva vivência erro
consciência demais do ser. invento
o labirinto
Tudo será
capaz de ferir. Será a busca
agressivamente real. a coisa
Tão real que nos despedaça. a causa da
procura
Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser só porque
é excessivamente lúcido erro
e a palavra é densa e nos fere. acerto: me
construo
(Toda palavra é crueldade)
Margem de
erro: margem
de liberdade.