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AD2 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH
Licenciatura em História - EAD
UNIRIO/CEDERJ

DISCIPLINA:
COORDENAÇÃO:
AD2 2023.1
Nome: Ricardo dos Santos Vieira Reis
Matrícula: 23116090134 Polo: Piraí

Prezado(a) aluno(a), os critérios de avaliação das questões dissertativas da sua avaliação APE são os
seguintes:
● Correção do português;

● Clareza e qualidade da argumentação (coesão/coerência).

Leia o artigo Os documentos textuais e as fontes do conhecimento histórico, de Silvia


Hunold Lara (Anos 90, Porto Alegre, UFRGS, v. 15, n. 28, dez. 2008, p. 17-39) e faça uma
resenha conforme a orientação a seguir:

Roteiro da resenha:

 Escreva um parágrafo inicial resumindo o texto (não copie o resumo do próprio artigo, faça uma
paráfrase do resumo escrevendo com suas próprias palavras);
 Escreva um parágrafo apresentando a autora (busque informações sobre ela na internet);
 Observe o movimento do texto e descreva-o, explicando o ponto de vista da autora: Como o
artigo começa? Como ele é desenvolvido e como é finalizado? Percorra o artigo ao descrevê-lo.
A descrição deve ser detalhada e indicar qual é o tema geral do artigo, quais são os objetivos da
autora e que fontes ela utiliza;
 Destaque os principais argumentos do artigo, evidenciando o ponto de vista da autora, as
escolhas que ela fez ao longo do texto;

Observe que uma resenha deve descrever o texto resenhado, apontando seus aspectos mais
importantes e, se for o caso, indicando fragilidades ou lacunas observadas. Eventualmente, é possível
comparar o texto com outros, construindo uma crítica. Mas, o fundamental é explicar o que a autora fez
e como fez. A resenha deve ter, no mínimo, duas laudas.

A avaliação da resenha deverá considerar a correção gramatical, a clareza ou fluidez do texto, a


pertinência da descrição e seu detalhamento.

Resumo: Segundo a autora, o objetivo deste artigo é a pesquisa histórica para enfatizar
conceitos que podem ser testados por meio de evidências de fontes e documentos,
desmistificando a ideia de construção de história apenas baseadas em textos. A contribuição
para documentos históricos usando outras técnicas e interpretações dos fatos devem fazer
parte de uma visão macroprosópica para entender o contexto, buscando indagar como e em
que momento da história foi escrito o texto. Outros fatores de suma importância são a procura
por métodos que auxiliem na comprovação e na autenticidade de informações de uma fonte e
análise do ponto de vista dos autores e até mesmo dos atores. Citando como exemplos suas
pesquisas no caso de Palmares de 1678, que conta a história de Palmares, das guerras feitas
por Fernão Carrilho por ordem do governador de Pernambuco, dom Pedro de Almeida, e do
acordo de paz que acabava de ser firmado com Gangazumba.
Nascida em Ribeirão Preto, São Paulo, no ano de 1955,Silvia Hunold Lara possui
graduação em História (1977) e doutorado em História Social (1986) pela Universidade de São
Paulo. É professora livre-docente (2004) e titular (2009) do Departamento de História da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Aposentada em 2016, tornou-se desde então
professora colaboradora deste departamento. É autora de “Campos da Violência. Escravos e
senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808” (1988) e “Fragmentos Setecentistas.
Escravidão, cultura e poder” (2007). Junto a Joseli M. Nunes Mendonça editou a coletânea
“Direitos e Justiças no Brasil. Ensaios de história social” (2006) e com Gustavo Pacheco a
coletânea “Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949”
(2007). Organizou ainda a edição comentada de “Ordenações Filipinas, livro V” (1999) e um
repertório da “Legislação sobre Escravos Africanos na América Portuguesa”, publicado em
José Andrés-Gallego (coord), Nuevas Aportaciones a la Historia Jurídica de Iberoamérica
(2000, CD-ROM). Tem experiência na área de História, com ênfase na História do Brasil
Colonial, da História Social do Trabalho, especialmente na História da Escravidão, e das
relações entre História e Direito.
Com base em seu artigo é possível perceber que a intenção da autora de fato é
argumentar diretamente sobre os critérios utilizados na pesquisa com base em um texto
específico, fazendo comparações em suas pesquisas. O artigo se inicia com uma pergunta
qual a constituição o que rege as fontes escritas na pesquisa histórica? Ao longo do artigo a
autora cita alguns aspectos e busca relacionar essa questão adicionando suas pesquisas para
orientar os verdadeiros interesses na história. Ela também aborda a diferença entre
documentos e as fontes, dizendo que é necessária para uma pesquisa mais profunda com um
olhar minucioso não só se atendo aos documentos do passado. Para Silvia, a construção de
um texto é muito pessoal na forma que se escreve, refletindo os critérios que faziam sentido
para eles(autores).

“Ao longo de suas vidas (individuais ou coletivas), homens e mulheres produziram textos diversos – do modo
como achavam que deveriam ser escritos, por motivos e com fins os mais variados, que foram guardados ou
descartados segundo critérios que faziam sentido para eles e, depois, para os profissionais responsáveis por sua
preservação.” (Silvia 1977, p.18)

Em sua pesquisa faz críticas a forma de olhar do colonizador que por vezes não
entendia a cultura dos colonizados e a necessidade de aprofundamento dos autores em que
contexto foram escritos os textos não se apoiando literalmente o que é com base nos
documentos é preciso ir além buscar a verdade como as condições de escritas, a época em
que foram produzidos os textos e entender como os textos chegaram aos dias atuais. Ainda
ancorados no século XIX com a ideia errônea de que os documentos registram a história, os
historiadores se confundem em suas pesquisas e não percebem que as ações individuais e
coletivas se alternam e alteram muito o curso e o registro da história. Analisar de forma ampla
os componentes de um documento textual nos possibilita compreender e conhecer a atitudes
humanas que geraram a história.
A autora cita sua observação no caso de Palmares, onde não há registros produzidos pelos
palmarinos, mas sim escritos pela visão das autoridades colonizadoras. Ainda em sua pesquisa
sobre Palmares ela conta sobre a crônica 1678 na visão de Fernão Carrilho por ordem do
governador de Pernambuco Dom Pedro de Almeida e o tratado de paz entre Gangazumba,
líder dos Palmares, que não continha referência nenhuma com o documento original e sim
reunir materiais para história e geografia do Brasil. A discussão desse tema confirmou ainda
mais a carência por busca de novos formas de consultas, eliminando as dúvidas deixadas
pelos escritos. Ela fala também da recriação da crônica por outros autores como Pedro Paulino
da Fonseca, tendo como por base o manuscrito Évora onde ele adicionou fatos, completou
texto, mudou frases. Um exemplo disso foi que Silvia Lara encontrou sete textos diferentes da
crônica de 1678. Muito da história são contadas por outras versões de autores que se
interessam pela história e acrescente ou dão ênfase naquilo que lhe é conveniente.
A busca de Silvia Hunold por documentos originais sobre a crônica tinha consigo o objetivo de
entender o processo de construções documentais, seja por comparação dos textos
interpretados por outras autorias com os originais ou por análise das escritas. Ela supõe que
tenham existido duas cópias na Torre do Tombo que não foram encontradas e a existente na
Biblioteca Pública de Évora. Isso mostra como o texto que permite ao autor questionar vários
aspectos e inventar sua própria fonte. Lembrando que o documento de Évora nunca foi
publicado sendo usado pelos historiadores a recriação de pedro Paulino. Deve-se sempre
busca questionamento sobre a fonte e buscar outros artifícios não para mudar o que
aconteceu, mas para descobrir através das perguntas certas, o que realmente não foi relatado
ou falado. Você tem que saber quem o escreveu?e como foi escrito? Como o momento do
evento afeta a redação do relatório? Há algumas perguntas a serem feitas para justificação. A
autora cita Eric Hobsbawm nos estudos dos movimentos sociais para afirmar os
questionamentos.

“Em muitos casos, o historiador dos movimentos populares descobre apenas o que está procurando, não o que já
está esperando por ele. Muitas fontes para a história dos movimentos populares apenas foram reconhecidas como
tais porque alguém fez uma pergunta e depois sondou desesperadamente em busca de alguma maneira –
qualquer maneira –de respondê-la. (HOBSBAWM, [1988] 1998, p.220)

Como é escrito um texto por um determinado autor pode influenciar de forma a enaltecer ou
diminuir o protagonismo de uma figura da mesma forma como imprime sua visão.
“Pedro de Almeida é a figura central, capaz de manejar a situação, ordenar expedições e garantir uma vitória
sobre um inimigo tão importante quanto os holandeses. A descrição dos mocambos tem uma função específica:
mostrar como Palmares era poderoso e perigoso”. (Silvia 1977, p.25)

Nessa narrativa exaltando o triunfo de Pedro de Almeida sobre Palmares


Uma história escrita por diversos autores possibilita utilizar de várias vertentes. É importante
ressaltar que as técnicas utilizadas na passagem de um manuscrito para outro por meio do
etnocentrismo, das diferenças ortográficas e também da transcrição foram muito importantes
para o sucesso do estudo e que o autor pôde potencializar seus esforços no universo
acadêmico. O grande desafio do historiador é estudar e atualizar a história social, como fez
com o autor, onde parte da história era um texto contendo informações obscuras e geradas por
múltiplas personalidades e que relatavam apenas o que interessava ou o que lhes era exigido,
porque a maioria deles eram soldados que tinham que escrever de acordo com certas regras.
E a outra parte não produziu textos, o que tornou a pesquisa mais intensa e teve que aplicar
técnicas de pesquisa à transformação histórica do modo de vida daquelas pessoas, formas de
organização social e outras circunstâncias. Outro aspecto dominante no contexto do historiador
é que tudo o que foi previamente produzido como texto não está disponível ou utilizável na
historiografia. Seja porque não foi devidamente registrado, seja porque se perdeu, e até porque
não foi possível analisar todo o material.

“O mistério aumenta quando, apesar de vários esforços, consultas e tentativas – minhas e de vários colegas e
técnicos da Torre do Tombo – a tal manuscrito até hoje não pôde ser localizado naquele acervo.” (Silvia 1977,
p.25)
Uma constatação que amplia as possibilidades de análise do tema, aconteceu no
momento adotado no tratamento na história de Palmares onde não foi feira por vias étnicas
mas sim por vias politicas.
“…Palmares, de um chefe político – um rei – com quem se podia negociar. Mais que isso: revelam que homens
ligados à administração colonial portuguesa, no século XVII, puderam equiparar Palmares a um sobado centro-
africano e qualificar a negociação empreendida com Gangazumba como equivalente aos acordos contemporâneos
feitos em África” (Silvia 1977, p.31)
Ela conclui que seu ponto de vista observando que a politica de Palmar não era reconhecida
pois muitos historiadores ficam se ocupavam mais com a leitura dos documento do século XVII
sem verificar se havia outras versões daquela crônica além da publicada pelo conselheiro
Drummond.
A importante lição aqui subentendida mostra que não é através somente dos textos que
fazemos história. É preciso um olhar, mas amplo e cada vez mais profundo do que está escrito
aliado de outros elementos que permitam transformar os textos em fontes históricas. O fatos
registrado em cada peça textual faz com que o texto se torne fonte histórica permitindo saber o
que aconteceu e por quê? E quais os atores envolvidos? E como os textos são interpretados os
dias atuais impedindo falsidades ideológicas invenções mas sim buscando argumentos
verídicos que complementem e dê veracidade a história.

Referências bibliográficas:
https://www.escavador.com/sobre/1691226/silvia-hunold-lara
Os documentos textuais e as fontes do conhecimento histórico

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