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ABORDAGENS PRÁTICAS
AULA 3
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conteúdo e muitos outros aspectos do documento histórico se dão tendo em vista
a fonte escrita.
Ainda que hoje seja fundamental a importância da ampliação da noção de
documento, incorporando a ela mais elementos e linguagens que tragam
informações sobre o passado histórico que não a escrita, ainda sobrevive a
noção de que, quando existirem, os documentos escritos possuem alguma
centralidade. E isso faz bastante sentido, numa observação preliminar da própria
história dos próprios registros humanos que, posteriormente, são lidos como
documentos que sustentam empiricamente as interpretações possíveis sobre o
passado.
Certas estruturas do passado, como administrativas, legais e jurídicas, ou
mesmo determinadas expressões do pensamento, da religião, da cultura e
outros de sociedades do passado só nos são acessíveis ou o são de maneira
mais completa pela mediação feita por documentos escritos. Isso não reduz,
contudo, a importância de outros tipos documentais, como fílmicos, materiais ou
iconográficos.
Para aprofundarmos a respeito da importância das fontes escritas, será
importante aqui relembrarmos alguns pontos da taxonomia dos documentos. Os
documentos escritos, como explicado por Barros (2012), precisam ser objeto de
uma crítica do pesquisador/historiador, tendo em vista informações que o
definem, classificam e desvelam suas funções, usos e intenções, esmiuçadas ao
máximo.
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Quanto à época, o pesquisador/historiador deverá identificar se é uma
fonte direta ou indireta. Aqui importa saber se o documento em questão funciona
como mediação direta ou indireta entre o leitor do presente e um fato do passado.
Por exemplo, um pesquisador/historiador que esteja investigando civilizações
nativas do Brasil no primeiro século da colonização poderá ter uma fonte direta
no relato de Hans Staden sobre os tupinambás no Brasil, publicada em 1557,
porque ele foi escrito com base em dados recolhidos e narrados pelo autor em
suas duas viagens ao Brasil, no século XVI, nas quais esteve em contato com
os mesmos tupinambás. O mesmo historiador encontrará alguma fonte indireta
se, por exemplo, analisar algum autor que escreveu sua descrição sobre o
mesmo povo levando em conta, por exemplo, os relatos de Staden.
A posição ideológica do autor do documento também é bastante
importante. Manteremos o exemplo no século XIV. Um historiador que analise a
Inquisição espanhola verá esta representada como protetora da ordem na
análise do Manual dos Inquisidores (Eymerich, 1993) na sua versão compilada
pelo inquisidor espanhol Francisco de la Peña, publicada em 1578. Por sua vez,
a mesma Inquisição será retratada como uma inaceitável tirania, de acordo com
o relato do espanhol convertido ao protestantismo e perseguido pela Inquisição
Reginaldus Montanus (Bethencourt, 2000, p. 348).
Finalmente, a posição da fonte em relação ao problema analisado pelo
historiador também é um aspecto fundamental. De acordo com o tema/problema
da pesquisa, o pesquisador/historiador deverá fazer as análises sobre a posição
do documento no seu contexto, tendo em vista também as hipóteses e objetivos
da pesquisa. Dois exemplos, aqui, para esclarecermos melhor esse ponto. Um
é o trabalho de Mattos (2014) a respeito das críticas à Inquisição de Portugal no
século XVII. Ele analisa as posições variadas de agentes produtores dessas
críticas, e o fato de elas próprias se localizarem ideologicamente contra a
instituição interessam ao problema central do trabalho. Num caminho oposto,
Feitler (2005) analisou literatura, no mesmo século, favorável à Inquisição de
Portugal. Assim, a documentação deveria ser posicionada também em função
(em termos de estar direta ou indireta relacionada aos fatos narrados, posição
social e ideológica e do documento na sua época de elaboração) desse
tema/problema.
Quanto ao primeiro elemento da taxonomia, que é a posição do
documento em relação à sua época de elaboração, a posição do documento é
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analisada em relação a pontos como sua procedência ou finalidade. Aqui se
observa se a fonte teve como emissor um agente do estado ou se é uma fonte
de natureza privada, por exemplo. Observa-se se a fonte é oficial, representa
uma instituição ou pessoa. Discutiremos mais a fundo esse ponto no próximo
título.
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analisada. Outro exemplo nesse sentido é o trabalho de Galvão (2015) sobre
censura e críticas à ditadura em novelas exibidas no Brasil nos anos 1970, com
base na análise de documentação institucional dos fundos dos órgãos de
censura do regime militar brasileiro, no Arquivo Nacional.
1.4 Periódicos
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paróquias e outras unidades administrativas da Igreja católica entre os séculos
XV e XX.
O maior acervo dessa tipologia documental é o Family Search (S.d.),
fundo que possui um grande acervo digitalizado de documentos recolhidos de
paróquias em todo o mundo. Ele é voltado, sobretudo, a pesquisas sobre
genealogias e demografia, além de ser muito utilizado em pesquisas
serializadas.
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1.8 Outros tipos de documentos escritos
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ciências, além da historiografia (clássica e recente) do recorte temático
escolhido, de maneira a se obter o instrumental teórico para problematizar
devidamente as possibilidades e as limitações do documento.
2.1 Diplomática
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um documento administrativo, por exemplo. Assim como é ela quem poderá
checar se determinado documento é um original ou uma cópia.
2.2 Paleografia
Sobre esse aspecto, Caio Boschi (2012, p. 98) explica de maneira bem
clara:
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e que os guardam são graves descuidos cometidos por
pesquisadores... É essencial, pois, que os historiadores participem das
discussões e dos trabalhos relativos a disposição e ao armazenamento
dos conjuntos documentais recolhidos aos arquivos permanentes.
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TEMA 4 – RESTAURANDO UM DOCUMENTO
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substantiva importância para se decodificarem informações que constam nos
documentos.
5.1 Numismática
5.2 Heráldica
5.3 Braquigrafia
NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
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Ainda vimos que, nas tipologias escritas de documentos históricos, se
apresentam alguns problemas que dificultam sua leitura pelo
pesquisador/historiador do presente, como dificuldades quanto à grafia e a
linguagens do passado.
Não obstante, vimos ainda alguns apontamentos importantes sobre a
conservação dos documentos, sua restauração e políticas de descarte e
conservação deles nos arquivos, de maneira a entendermos que é fundamental
que o pesquisador/historiador conheça, ainda que por alto, as políticas de
conservação, descarte e restauração dos arquivos que pesquisa.
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REFERÊNCIAS
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FEITLER, B. O catolicismo como ideal: produção literária antijudaica no mundo
português da Idade Moderna. Novos Estudos - CEBRAP, n. 72, p. 137-158,
2005.
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