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Índice Pag.

Introdução..................................................................................................................................3

Capítulo I...................................................................................................................................4

1.0. Breve contextualização sobre as fontes da história............................................................4

1.1. Classificação das fontes históricas......................................................................................5

1.2. Relação existente entre o historiador e as fontes históricas................................................7

1.3. O uso das fontes históricas em sala de aulas.......................................................................8

Capítulo II..................................................................................................................................9

2.0. Documentos históricos, manuais e textos de apoio de História .........................................9

2.1. Classificação dos documentos históricos..........................................................................10

III. Conclusão...........................................................................................................................11

IV. Bibliografia........................................................................................................................12
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1. Introdução

O presente trabalho de pesquisa surge no âmbito da cadeira de Didáctica da História II, e tem
como tema: As fontes históricas; como objecto: a classificação de fontes históricas; e como
aspecto: documentos históricos, manuais e textos de apoio de História; pois, uma das
temáticas pertinentes à discussão sobre ensino de história nas últimas décadas se refere ao uso
de documentos históricos na prática de sala de aula e mais especificamente desde o fim do
século XX até o momento, com vistas à produção do conhecimento em sala de aula.

1.1. Objectivos:

Gerais:

 Compreender as fontes históricas: documentos históricos, manuais e textos de apoio


de História;

Específicos:

 Descrever as fontes da história e a sua classificação;


 Explicar a relação existente entre o historiador e as fontes da história e o uso das
fontes históricas em sala de aulas;
 Caracterizar os documentos históricos, os manuais e textos de apoio de história.
1.2. Metodologia

Quanto à metodologia, neste trabalho recorreu-se primeiramente, não só na recolha de


dados bibliográficos, efectuada na biblioteca e internet, que fazem uma plena abordagem
sobre o tema em destaque, como também fez-se algumas consultas no mundo virtual a fim de
perceber o nível de estágio da compreensão do tema em relevo. Não obstante, fez-se também
algumas leituras, análises, discussões das ideias de diferentes autores, resumo de conteúdos, e
a compilação das fontes, estas que, por fim, culminaram com a efectivação do presente
trabalho.

1.3. Relevância

Espera-se que o trabalho contribua para a aquisição de conhecimentos sobre os


conteúdos em relevo, quiçá que levante um ambiente de debates na sala de aulas junto aos
colegas e a docente, e que possivelmente sirva de uma mera ficha de leitura para quem
procura informar-se sobre os conteúdos concernentes as fontes históricas: documentos
históricos, manuais e texto de apoio de história, e que lhe traga certos subsídios ou materiais
adicionais para os próximos trabalhos da mesma linha de pesquisa.
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Capítulo I:

1.0. Breve contextualização sobre as fontes históricas

Segundo PINSK (2005, p.7), as fontes históricas são o material o qual os historiadores
se apropriam por meio de abordagens específicas, métodos diferentes, técnicas variadas para
tecerem seus discursos históricos.

Actualmente o conceito de fonte histórica ampliou-se significativamente, entendendo-


as como vestígios de diversas naturezas deixados por sociedades do passado. Entretanto, o
historiador deve dominar métodos de interpretação, entendendo que as fontes devem ser
criticadas e historicizadas (Idem).

JANOTTI (2005, p.11) avança que, desde metade do século XIX quando a História se
estabelece como disciplina académica, métodos rigorosos de análises foram impostos,
privilegiando o documento escrito e oficial, pautando-se na autenticidade do documento,
tendo este como o “relator da verdade”, do fato histórico em si. Essa concepção está
intimamente ligada à escola metódica de preceitos positivistas, que acreditava que a
comparação de documentos permitia reconstituir os acontecimentos do passado, desde que
encadeados numa correlação explicativa de causas e consequências.

De acordo com Silva (2006, p.159), após 1930 com a contribuição da escola dos
Analles, influenciados pelas teorias de karl Marx sobre a pretensa objectividade imparcial da
história e o materialismo histórico1, o fato descrito através dos documentos oficiais deixa de
ser visto como portador de uma verdade irrefutável, uma vez que o fato histórico deveria ser
construído pelo historiador a partir de uma conjunção entre o presente e o passado. Desta
forma, o próprio sentido dado ao documento também se ampliou deixou de ser apenas o
registro escrito e oficial e não importava mais a veracidade do documento. Segundo Silva
(2006):

‘‘[...] a fonte histórica passou a ser a construção do historiador e suas perguntas,


sem deixar de lado a crítica documental, pois questionar o documento não era
apenas construir interpretações sobre eles, mas também conhecer sua origem, sua
relação com a sociedade que o produziu (p.162) ’’.

1
O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da
história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). O
materialismo histórico procura as causas de desenvolvimento e mudanças na sociedade humana nos meios pelos
quais os seres humanos produzem colectivamente as necessidades da vida. De acordo com a tese do
materialismo histórico defende-se a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até actual, se dá pelos
confrontos entre diferentes classes sociais de correntes da ‘‘exploração do homem pelo homem’’ (SILVA, 2006,
p.161).
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FONSECA (2005, p.82) sustenta que, influenciados pela historiografia dos Analles 2,
os seguidores da Nova História na segunda metade do século XX abarcaram em seus estudos
históricos as mais diversas fontes como a literatura, as imagens ou a cultura material. Este
factor modificou o conceito de fontes históricas, entendendo-as como vestígios, registos do
passado ligados directamente aos estudos como o quotidiano, o imaginário, a alimentação, as
tradições, a cultura, etc. No entanto, os documentos escritos não perderam seu valor, mas
passaram a ser reinterpretados partindo de técnicas interdisciplinares.

Nesse contexto, “Fonte Histórica”, é tudo aquilo que, produzido pelo homem ou
trazendo vestígios de sua interferência, pode nos proporcionar um acesso à compreensão do
passado humano. Neste sentido, são fontes históricas tanto os já tradicionais documentos
textuais3 (crónicas, memórias, registros cartoriais, processos criminais, cartas legislativas,
obras de literatura, correspondências públicas e privadas e tantos mais) como também
quaisquer outros que possam nos fornecer um testemunho ou um discurso proveniente do
passado humano, da realidade um dia vivida e que se apresenta como relevante para o
Presente do historiador (Ibid:83).

1.1. A classificação das fontes históricas

Fontes Históricas

 Testemunhos de pessoas vivas;


Transmissão oral de testemunhos;
Orais
Tradição; lendas; mitos; fabulas;

Primários
 Utensílios e instrumentos da
civilização material; Vestígios
Materiais
arqueológicos; monumentos;

2
A historiografia dos Annales: novos paradigmas e o alargamento do conceito de fontes Históricas. A
partir da organização da Escola dos Annales, com Marc Bloch e Lucien Febvre, o “pensamento histórico
desenvolvido rompeu com as amarras conceituais e metodológicas herdadas da historiografia oitocentista”. No
entanto, é com o surgimento dos Annales em 1930, no bojo das transformações pretendidas, entre elas, a história
passar a ser entendida na longa duração, o foco dos estudos históricos passou a ser a economia e sociologia,
psicologia colectiva, propondo uma interdisciplinaridade, rompendo com a história política tradicional a qual
julgavam superficial (JANOTTI, 2005, p.13).
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Incluem-se como possibilidades documentais desde os vestígios arqueológicos e outras fontes de
cultura material (a arquitectura de um prédio, uma igreja, as ruas de uma cidade, monumentos, cerâmicas,
utensílios da vida quotidiana) até representações pictóricas e fontes da cultura oral (testemunhos colhidos ou
provocados pelo historiador) (JANOTTI, 2005, p.14).
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paisagens; obras de arte; filmes;


gravuras; esculturas; rochas;
vestuários; fotografias; ossos;

 Diplomáticas (régias);

 Jurídicas (lei, decreto, carta régia);

 Eclesiásticas (bulas);

 Epigráficas (inscrições);

 paleográficas (pergaminho, papiro,


papel);
Escritas
 Demográficas (registos paroquiais,
censos, testamentos);

 Privadas (correspondência, notas,


diários);

 Literárias (contos, cartas,


romance, poesia);

 Jornalísticas (anúncios, jornais,


etc);

Secundárias Historiográficas – resultante da interpretação de fontes


primárias. Contributos de outras de ciências.

Quadro 1 – A classificação das fontes históricas (SILVA, 2006, p.155).

O documento escrito é uma das principais fontes da História4, sendo imprescindível


na reconstituição do passado os seguintes tipos de documentos: Os textos escritos de pessoas
que viveram na época em estudo são denominados documentos históricos. Estes

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As fontes históricas são todos vestígios ou materiais que permitem ao historiador reconstruir o passado
da humanidade. É tudo aquilo que, produzido pelo homem ou trazendo vestígios de sua interferência, pode nos
proporcionar um acesso á compreensão do passado humano. Fonte histórica, documento, registro, vestígio são
todos termos correlatos para definir tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança
material e imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento histórico
(SILVA, 2006, p.158).
7

proporcionam valiosas informações sobre muitos aspectos, como o pensamento, a visa


quotidiana ou a organização política daquela época (SILVA, 2006, p.156).

1.2. Relação existente entre o historiador e as fontes históricas

De acordo com Janotti (2005, p.12), a discussão sobre as fontes neste trabalho, ainda
que de uma maneira sintetizada, busca demonstrar qual o material que os historiadores
utilizam ao fazer a história. As fontes históricas são para os historiadores, aquilo que o
permite moldar seu pensamento sobre a história, seria o barro para o artesão, que forja entre
seus dedos uma representação do que ele próprio está envolvido.

BLOCH (2001, p.79) afirma que quando o historiador trabalha com as fontes
históricas, este, como se pode observar tece determinadas interpretações, influenciado pelo
seu presente. No entanto, o historiador, a partir de outros textos, de elementos diversos
inscritos em uma historicidade específica, contextualizada, busca a compreensão do
significado de tal fonte, busca qual representação de mundo esta inserida o grupo que a
forjou.

As fontes são nesse sentido, artefactos culturalmente construídos e repletos de


intencionalidade pelos grupos que a originaram. Assim para Bloch: “Tudo que o homem diz
ou escreve, tudo que fabrica tudo o que toca pode e deve informar sobre ele” (Idem).

Neste sentido, o passado deve servir para compreender como viviam os homens do
passado, e principalmente estabelecer a relação com o presente. Ainda segundo Bloch: “A
ignorância do passado não se limita a prejudicar a compreensão do presente; compromete no
presente a própria acção” (BLOCH, 2001, p.80).

LE GOFF (1984, p.111) afirma que uma primeira operação importante para o
historiador que adentra o trabalho de reconstrução de um processo histórico é iniciar um
sistemático processo de compreensão acerca das próprias fontes que utilizará em seu trabalho
historiográfico, sejam elas quais forem. Para isso, vários autores na área de Teoria e
Metodologia têm proposto “taxonomias5” – como forma de melhor compreender cada tipo de
fonte que se pode ter à disposição ou que se possa constituir no processo de produção do
conhecimento histórico.
5
Uma taxonomia é uma classificação, uma maneira de entender melhor este vasto e complexo universo
que constitui o conjunto de todas as fontes históricas possíveis – o que, rigorosamente, coincide com toda a
produção material e imaterial humana que pode permitir aos historiadores interagirem com as várias sociedades
localizadas no tempo. Uma taxonomia deve ser útil para a própria avaliação problematizada das fontes. Uma
taxonomia deve permitir ao historiador fazer algumas perguntas fundamentais às suas fontes (LE GOFF, 1984,
p.111).
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1.3. O uso das fontes históricas em sala de aula: o documento histórico e sua utilização
como ferramenta na aprendizagem histórica.

Na perspectiva de FONSECA (2005, p.56), as fontes históricas assumem um papel


fundamental na prática do ensino de história, uma vez que são capazes de ajudar o aluno a
fazer diferenciações, abstracções que entre outros aspectos é uma dificuldade quando
tratamos de crianças e jovens em desenvolvimento cognitivo. No entanto, diversificar as
fontes utilizadas em sala de aula tem sido o maior desafio dos professores na actualidade.

SIMAN (2004, p.88) realça que o professor age como um mediador e através do
diálogo, ou seja, do entrelaçamento entre sua fala e a fala do aluno de forma dinâmica
propicia a atribuição de novos significados sobre a história, sobre conceitos históricos. Este
pode utilizar mediadores culturais (fontes históricas) tentando circular assim uma interacção
entre um objecto da história e as representações que os alunos irão formar sobre a história.
Assim:

‘‘A presença de outros mediadores culturais, como os objectos da cultura, material,


visual ou simbólica, que ancorados nos procedimentos de produção do conhecimento
histórico possibilitarão a construção do conhecimento pelos alunos, tornando
possível “imaginar”, reconstruir o não vivido directamente, por meio de variadas
fontes documentais (SIMAN, 2004, p.88) ”.

Nesse sentido, as fontes históricas forjadas a princípio num circuito de historiadores


que as legitimam enquanto tal através do discurso histórico poderá ir além, tratando-se da
relação de ensino/aprendizagem da história. Elas podem durante as aulas tornam-se uma
ferramenta cultural capaz de permitir ao aluno fazer diferenciações entre o passado e o
presente através da contextualização das fontes na história.

Para DUTRA (2005, p.785), as fontes enquanto ferramentas psicopedagógicas


assumem uma posição favorável no imaginário histórico do aluno. Elas demonstram as
evidências do passado e como os grupos que a forjaram idealizavam a sociedade em que
viviam. Essa possibilidade de aproximação com o fazer do historiador permitiu o
desenvolvimento de uma nova postura frente ao conhecimento histórico, o qual deixa de ser
um saber pronto, acabado e cristalizado, e passa a ser compreendido como fruto de uma
construção social.
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Capítulo II:

2.0. Documentos históricos, manuais e textos de apoio de História

Na perspectiva de PINSK (2005, p.10), os documentos históricos 6 são fundamentais


como fontes de informação a serem interpretadas, analisadas e comparadas, pois representam
visões de mundo e modos de viver, permitindo ao aluno “olhar historicamente”, recolher
oralmente informações sobre o passado mais próximo, pesquisar arquivos familiares e tomar
conhecimento de uma grande variedade de fontes.

Desse modo, a orientação para o trabalho com documentos históricos nas séries
iniciais do ensino fundamental leva em conta que as crianças pequenas estão iniciando seu
contacto com as diversas linguagens comunicativas e, nessa fase, prevalecem os estudos
comparativos, a percepção de semelhanças e diferenças, permanências e transformações de
costumes e organização do grupo familiar (Idem).

SILVA (2006, p.169) sustenta que a palavra ‘‘documento histórico’’ é empregada


frequentemente como sinónimo de fonte histórica. Há algum tempo, essa palavra era até mais
comum no linguajar do historiador do que ‘fonte histórica’. A expressão ‘documento
histórico’, típica do século XIX, mas que continuou a ser usada com sentidos ampliados no
século XX, estava muito relacionada tanto aos arquivos que começaram a ser organizados
sistematicamente na época, como também à maneira como se concebia a História.

De salientar que, esperava-se que o historiador documentasse, no sentido jurídico, as


afirmações que fizesse no decorrer de sua narrativa histórica. Daí a palavra “documento”,
que, além de possuir uma origem jurídica, estava associada à ideia de prova, de
“comprovação”. Hoje, empregam-se indistintamente as expresses “fonte histórica” ou
“documento histórico” (Idem).

LE GOFF (1984, p.103), sobre a questão de documentos históricos, avança que não é
o documento que se faz por si só ser uma fonte histórica, mas a validade e importância que o
historiador concede a ele. É preciso salientar que nem todos os documentos manuscritos,
impressos, talhados, desenhados, rabiscados, etc., possuam um valor histórico significativo.

6
Os documentos históricos: literários (poesia, obra teatral, prosa, crónicas, cartas, documentos
administrativos, Relatos históricos, Testemunhos, Jurídicos (lei, decreto, carta régia, etc.); o termo mais clássico
para conceituar a fonte histórica é o documento (PINSK, 2005, p.11).
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Começaremos por lembrar que Seignobos, em um manual escrito no início do século


XX, um dia registrou uma frase que terminou por se tornar célebre: ‘‘Sem documento não há
história’’ (1901). Com isto buscava situar a fonte histórica como o princípio da operação
historiográfica. A frase seria contraposta, algumas décadas depois, por uma outra que seria
criticamente pronunciada por Lucien Febvre: ‘‘Sem problema não há história’’. O historiador
dos Annales, com isto, queria mostrar que a operação historiográfica principiava na verdade
com a formulação de um problema. Seria um problema construído pelo Historiador o que
permitiria que ele mesmo construísse as suas fontes, agora deslocada para o segundo passo da
pesquisa’’ (Ibid: 99).

2.1. Classificação dos documentos históricos:

Segundo DUTRA (2005, p.787), as categorizações que se referem ao âmbito em que


foi produzido o documento – e que, na verdade, já antecipam algumas das considerações
sobre o “lugar de produção” em que se inscreve a obra. Nesse sentido, um documento ou
texto pode ser público (produzido oficialmente pelo Estado, mas também por uma
Associação, pela Igreja etc.) ou privado (isto é, produzido por um particular). Cada um desses
tipos ainda pode ser avaliado com respeito ao âmbito de sua circulação.
Por exemplo, um “documento privado” pode ter sido projectado para conservar-se no
âmbito particular (uma carta endereçada a outro indivíduo, por exemplo) ou para se tornar
público (um livro, uma peça de teatro, uma confissão pública, o balancete de uma empresa).
Por outro lado, o “documento público” pode ter finalidades de transmitir uma informação à
colectividade (um decreto real, uma carta constitucional) ou comunicar algo a um particular
(uma notificação judicial) (Ibid:789).
Segundo Pinsk (2005, p.18), as fontes textuais de que se pode valer um historiador
abarcam um grande número de possibilidades: crónicas, narrativas, poemas, literatura de
ficção, prosa moralística, obras historiográficas, ensaios, tratados técnicos, entre as que
habitualmente se prestam mais à análise qualitativa que à serialização, e um grande número
de outras fontes que podem ser encontradas nos arquivos, como textos legislativos, registros
cartoriais, documentos comerciais. Enfim, tem-se, aqui, toda uma diversidade de documentos
que têm em comum a utilização da linguagem escrita (e não a falada, a pictórica, etc.).
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III. Conclusão

Terminado o trabalho conclui-se que uma das temáticas pertinentes à discussão sobre
o ensino de História nas últimas décadas se refere ao uso de documentos históricos na prática
de sala de aula e mais especificamente desde o fim do século XX até o momento, com vistas
à produção do conhecimento em sala de aula. Não obstante, sustenta-se que a palavra
‘‘documento histórico’’ é empregada frequentemente como sinónimo de fonte histórica, pelo
que há algum tempo, essa palavra era até mais comum no linguajar do historiador do que
‘‘fonte histórica’’.

Todavia, as fontes históricas não devem ser simplificadas a uma mera ilustração de
conteúdos, uma vez que se traduzem em artefactos culturais repletos de intencionalidades. As
fontes devem assumir um papel fundamental de significação na estrutura cognitiva do aluno:
demonstrar as representações que determinados grupos forjaram sobre a sociedade em que
viviam como pensavam ou sentiam, como se estabeleceram no tempo e no espaço; como
servir para que o aluno seja capaz de fazer diferenciações, abstracções que o permitam fazer a
leitura das distintas temporalidades as quais estamos submetidos.

As fontes históricas são todos vestígios ou materiais que permitem ao historiador


reconstruir o passado da humanidade. É tudo aquilo que, produzido pelo homem ou trazendo
vestígios de sua interferência, pode nos proporcionar um acesso á compreensão do passado
humano. Fonte histórica, documento, registro, vestígio são todos termos correlatos para
definir tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e
imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento
histórico.

Portanto, não é o documento que se faz por si só ser uma fonte histórica, mas a
validade e importância que o historiador concede a ele. É preciso salientar que nem todos os
documentos manuscritos, impressos, talhados, desenhados, rabiscados, etc., possuam um
valor histórico significativo. Os documentos históricos: literários (poesia, obra teatral, prosa,
crónicas, cartas, documentos administrativos, Relatos históricos, Testemunhos, Jurídicos (lei,
decreto, carta régia, etc.); o termo mais clássico para conceituar a fonte histórica é o
documento.
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IV. Referências bibliográficas

BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício do historiador. Tradução André Telles. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001, p.79-81.

DUTRA, Soraia Freitas. As crianças e o desenvolvimento da temporalidade Histórica. José


Miguel Arias Neto (ORG). Londrina: Atrito Art, 2005, p.785-787.

FONSECA, Selva Guimarães. Didáctica e prática de ensino de História. Campinas - SP:


Papirus, 2005, p.56-83.

JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro de Fontes históricas como fonte. In: Fontes históricas.
PINSK, Carla Bassanezi (org). São Paulo: Contexto, 2005, p.11-16.

LE GOFF, Jacques. Documento / Monumento. In Ruggiero Romano (org.) Enciclopédia


Einaudi – História e Memória. Porto: Imprensa Nacional, 1984, p.103-111.

PINSK, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p.7-18.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos.


Edição 2. São Paulo: Contexto, 2006, p.155-169.

SIMAN, Lana Mara de Castro. Ensino de História e Educação. In: ZARTH, Paulo A. e
outros (orgs). Ijuí: Ed. UNIJUÍ: 2004, p.82-88.

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