Você está na página 1de 4

PROFESSOR: RONALDO CHAGAS

ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA.


INSTAGRAN: ronaldochagasnippon

Teoria da História
Por Kaili Takamori
A teoria da História consiste no estudo da própria História e o trabalho do próprio historiador. Tal conceito
passa a ser utilizado a partir do século XIX, quando a História passa a ser vista como uma disciplina – e uma
ciência, e assim como qualquer outra prática científica requer um embasamento teórico e metodológico para a
sua prática.
Importante ressaltar que a História não surgiu apenas no século XIX, mas foi apenas neste período que ela
ganhou outra notoriedade. Ao analisarmos a própria História nos deparamos com indivíduos que escreveram
relatos de seu tempo, a exemplo de Heródoto, conhecido pela alcunha de “o pai da História”. Este pensador
grego que viveu por volta do século V a.C. propõe-se a narrar e registrar os eventos que se passaram na Grécia
Antiga, com grande destaque para as Guerras Médicas.
Em outros tempos, na Idade Moderna, por exemplo, Maquiavel escreve uma obra conhecido como Discursos
sobre as primeiras décadas de Tito Lívio. Aqui o autor florentino, expõe algumas reflexões sobre o texto do
autor que nomeia o seu livro. Tito Livio, por sua vez, também pode ser considerado um historiador, pois
escreveu uma obra dedicada a contar as origens de Roma, desde o seu nascimento até o século I d.C.
Enquanto os dois outros dois autores antiguidade citados, que se limitam a um trabalho, basicamente, daquilo que
habituou-se chamar de cronistas da história, pois apenas narram os fatos; Maquiavel faz uma análise de uma
dessas obra, ou seja, utiliza-a como fonte primária, seu documento. Ainda que em uma numa tendência muito
mais filosófica do que histórica o escrito de Florença, tateia a história de outra forma, a partir de um
distanciamento temporal do objeto de estudo.
Conforme escreveu o historiador francês, Marc Bloch, a respeito da história, esta é “o espetáculo das atividades
humanas, que forma seu objeto específico, é mais do que qualquer outro, feito para seduzir a imaginação dos
homens. Sobretudo quando, graças ao seu distanciamento no tempo ou no espaço, seu desdobramento orna das
sutis seduções do estranhamento.” (Bloch, 2001), O que o historiador nos coloca é algo fundamenta na análise
história, quanto mais distante de seu objeto de estudo, melhores são as possibilidades de entendimento deste. Do
contrário, constrói-se uma visão míope da História, embaçada por eventos do calor do momento.
Uma analogia para compreender essa ideia é a expressão “olho do furacão”. Aquele que está dentro do furacão,
pode não ter uma noção plena das dimensões do da tormenta e seu impacto. Já o espectador, aquele que observa
de fora, com certo distanciamento espacial e, às vezes temporal, consegue ter uma maior dimensão do evento.
O que não se pode acreditar é que a História é apenas uma análise de fatos do passado. E aqui a teoria da História
passa a ser fundamental, ao pensarmos no conceito separadamente, “teoria” é uma forma de sistematização, de
observar um determinado evento e/ou fenômeno, com o intuito de descrever e analisar, no caso do historiador, a
partir de fontes documentais. Mas, ao dizer que o trabalho do historiador não se limita a análise, quer-se dizer
que há algo além. Afinal “essa ação não ocorre no vazio. Ela é realizada por indivíduos, os quais carregam
consigo, conscientemente ou não, uma série de influência que os formam enquanto seres. Por conseguinte, por
mais que se tente ser impessoal, a formulação de uma teoria sempre acontece a partir de determinados valores,
ideias e percepções do sujeito observador, o qual está inserido em um tempo, espaço e circunstâncias de seu
tempo.” (Mello, 2012). Ou seja. o fazer histórico é também fruto de seu tempo.
Ainda de acordo com outro historiador francês, Michel De Certeau, “Antes de saber o que a história diz de uma
sociedade, é necessário saber como funciona dentro dela. Esta instituição se inscreve num complexo que lhe
permite apenas um tipo de produção e lhe proíbe outra. Tal é a dupla função do lugar” (Certeau, 1982).
Talvez, seja inclusive, falar em teorias da História, dessa forma, no plural, uma vez que o fazer historiográfico é
extremamente diversificado.
No início do século XX, um movimento de historiadores que se propuseram a pensar a história para além de uma
mera leitura documental, ficou conhecida como Escola dos Annales, além de ampliar a ideia de fonte
documental, até então muito restrita a textos escritos, considerando relatos orais, objetos arqueológicos, imagens
e outros como fontes também. A grande questão ao Annales, é que estes estabeleciam padrões extremamente
empíricos para o estudo da História. Não que a teoria tenha sido deixada de lado, mas ficou em segundo plano,
certamente.
PROFESSOR: RONALDO CHAGAS
ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA.
INSTAGRAN: ronaldochagasnippon
Para além disso, o fazer do historiador está permeado de reflexões, analisar o documento e conversar com este,
questionar o documento quanto a sua produção: em que contexto foi produzido? Como? Por quê? Com qual
finalidade?
Em suma, a teoria da História deve ser parte fundamental à pesquisa história, uma vez que “pretende
compreender os mecanismos de elaboração, distribuição, recepção e legitimidade de um conhecimento histórico
acadêmico aceito como relevante entre os praticantes do ofício.” (Mello, 2012).

Bibliografia:
BLOCH, Marc. Apologia à História, ou, o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2001.
CERTEAU, Michel. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense, 1982.
MELLO, Ricardo Marques de. O que é teoria da História? Três possíveis significados. Uberlância/MG: História
e Perspectiva, nº 46, 2012, p. 365-400.
TAVARES, Ana. Debate sobre Teoria da História. Site Café História, 03 mar. 2016. Disponível em:
https://www.cafehistoria.com.br/debate-sobre-teorias-da-historia/, acesso em 04 fev. 2022.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA


A introdução ao estudo da História se inicia com a constatação de que é por meio do estudo do passado das
sociedades que descobrimos as motivações e os efeitos das transformações pelas quais passou a humanidade.
É necessário ressaltar, porém, que, como disciplina, a História não é o próprio passado, e sim, a interpretação que
historiadores e estudiosos fazem dele. As interpretações tendem a ser subjetivas, refletindo os pontos de vista, os
valores e as ideologias e crenças de tais estudiosos. Os historiadores exercem muita influência sobre o estudo da
disciplina de História.
Todo aluno deve saber que a História que foi escrita – inclusive o que consta em livros didáticos e se estuda no
colégio – nem sempre retrata com veracidade o que ocorreu no passado. Ao longo da história, foram os
dominadores de uma sociedade ou país que escreveram uma história oficial, que não necessariamente retrata a
realidade. Fatos históricos foram frequentemente registrados pelos vitoriosos e, portanto, são, por definição,
subjetivos. Quando um aluno estuda um texto histórico ou assiste a uma aula de História, é importante que
lembre que as informações apresentadas costumam ser tendenciosas. Isso não significa que o aluno deve rejeitar
o que é ensinado em aulas de História e o que estuda em livros e publicações dessa matéria. Significa que todo
estudante deve estudar História com espírito crítico.
Vale ressaltar também que o tipo de conhecimento de História Geral que é ensinado nos colégios brasileiros
originou-se na Europa. Assim, trata-se o continente europeu como se fosse o centro do mundo.
O eurocentrismo é a origem da periodização que se utiliza no estudo da História: Idade Antiga, Idade Média,
Idade Moderna e Idade Contemporânea. Mesmo o estudo de História do Brasil foi muito influenciado pelo
eurocentrismo, pois o País foi colonizado por europeus.
É fundamental distinguir realidade histórica de conhecimento histórico. É necessário analisar e questionar as
formas como o passado é interpretado e retratado por historiadores. O objetivo do historiador é desvendar o
processo histórico e produzir uma reconstituição. Isso é denominado historiografia.

HISTORIOGRAFIA
Os gregos antigos foram os primeiros a utilizar o termo “história”. O grego Heródoto (480-425 a.C.),
denominado o “Pai da História”, considerava que o estudo da história deveria servir como uma lição de moral.
Foi a partir de então que se iniciou o registro da narrativa de acontecimentos, especialmente os mais relevantes.
A história narrativa foi seguida da história pragmática. Essa forma de estudar História valorizava, acima de
tudo, o estudo das forças atuantes no processo histórico. A história pragmática, que durou até o século XIX, foi
seguida pela história científica, que se iniciou no início do século XX. A história científica foi caracterizada pela
utilização de métodos de investigação e de crítica das fontes históricas. A história científica utilizou o
conhecimento de outras disciplinas, como a Geografia, a Economia e a Sociologia, para interpretar o passado e
tentar prever transformações futuras.
No século XX, surgiu a história nova. Esta se baseava no estudo especializado dos acontecimentos e na busca de
explicações sociais globais.
PROFESSOR: RONALDO CHAGAS
ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA.
INSTAGRAN: ronaldochagasnippon
PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA
Para organizar a sequência de acontecimentos históricos, é necessário o uso do tempo cronológico. Essa tarefa é
realizada pela cronologia – a ciência da contagem do tempo.
É importante lembrar que vários povos utilizam seus próprios calendários, baseados em eventos importantes em
sua história. Por exemplo, os chineses, os muçulmanos e os judeus possuem seu próprio calendário. No
calendário islâmico, o marco inicial da contagem do tempo está associado ao nascimento do fundador da religião
muçulmana: Maomé.
No Brasil, assim como no restante do Ocidente, é utilizado o calendário cristão, cujo marco inicial da contagem é
o nascimento de Jesus Cristo, considerado o ano 1. É importante notar que no calendário cristão não existe o ano
zero. Os anos anteriores ao nascimento de Jesus são contados em ordem decrescente e acompanhados pelas
iniciais a.C., que significam “antes de Cristo”. Nos anos posteriores ao ano 1, utiliza-se apenas a data sem
nenhuma sigla (por exemplo, 2019) ou as iniciais d.C., que significam “depois de Cristo”. Utiliza-se também a
sigla A.D., do latim Anno Domini. No calendário cristão, a contagem do tempo também é feita por meio da
divisão de décadas (períodos de 10 anos) e séculos (períodos de 100 anos). Geralmente, os séculos são indicados
em algarismos romanos: a sequência é decrescente antes de Cristo e crescente depois de Cristo.

O TEMPO HISTÓRICO
O tempo histórico é constituído tanto por mudanças rápidas como lentas. Os tempos de mudanças rápidas são
constituídos por acontecimentos e fatos. Já a formação de sociedades, culturas e idiomas, que evoluem por um
longo tempo, são denominadas estruturas de longa duração.
Ao se estudar História, é fundamental identificar tanto os acontecimentos como as estruturas de longa duração.
Deve-se buscar entender como eles se influenciam e se integram.
Baseando-se na cronologia, os historiadores dividiram a história, considerando alguns fatos como
transformadores de sociedades. Tais fatos, denominados marcos históricos, indicam as mudanças dos períodos
que constituem a história. Por exemplo, a criação da escrita, ocorrida por volta de 4000 a.C., é considerada o
marco histórico que divide dois grandes períodos – a Pré-Historia e a História –, pois foi a partir da escrita que os
homens passaram a deixar registros escritos, que é fundamental para o estudo dessa disciplina.
A História, iniciada a partir da escrita, é dividida em quatro grandes períodos:
1. Idade Antiga (Antiguidade): inicia-se por volta de 4000 a.C., com o advento da escrita, e se
encerra com a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476 (século V).
2. Idade Média: iniciando-se em 476 e estendendo-se até 1453, quando terminou a Guerra dos Cem
Anos, e a cidade de Constantinopla caiu em mãos dos turcos otomanos. Durante esse período,
prevaleceu a estrutura socieconômica feudal no Ocidente.
3. Idade Moderna: iniciou-se em 1453 e se estendeu até 1789, quando se iniciou a Revolução
Francesa. Durante essa época, consolidou-se o capitalismo comercial.
4. Idade Contemporânea: iniciou-se em 1789 e prossegue até a presente data.
É importante que o aluno de História saiba que novas estruturas não são resultado de apenas um acontecimento, e
sim, de muitas transformações, evidenciadas por diversos acontecimentos, durante um período de tempo
relativamente longo. Vale ressaltar que, no presente, os historiadores se concentram mais no estudo das
estruturas do que dos períodos.

HISTÓRIA
Por Geraldo Magela Machado
A palavra história tem origem grega e significa conhecimento por meio de uma indagação e deriva de histor:
“sábio ou conhecedor”. Alguns estudiosos deram definições diferentes para história, como o filósofo e escritor
alemão Johann Gottfried Von Herder, para o qual a história é o estudo do passado, o historiador francês Marc
Bloch definiu como sendo a ciência dos homens no transcurso do tempo, já o francês Lucien Febvre define a
história como o processo de mudança contínua da sociedade humana.
Para o escritor e lexicógrafo brasileiro, Aurélio Buarque de Holanda, história é a “narração metódica dos fatos
notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade, em geral”. Para Sérgio Buarque
de Holanda, historiador e sociólogo, “a história é o estudo do que os homens do passado fizeram, da maneira
pela qual viviam, das idéias que tinham”.
PROFESSOR: RONALDO CHAGAS
ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA.
INSTAGRAN: ronaldochagasnippon
Tomando como base os conceitos apresentados acima, pode-se deduzir que a História é a soma do estudo dos
costumes do passado, com a descrição dos fatos ocorridos, mostrando como era a vida dos povos que vieram
antes de nós. Para que isso possa ser feito, é necessário que pessoas especializadas, os historiadores, entrem em
cena. Seu trabalho consiste em estudar documentos, registros, vestígios e marcas deixadas pelos povos que
viveram no passado.
Os povos do passado não deixaram vestígios com a finalidade exata de orientar os pesquisadores do futuro, mas
cada pesquisador, através da análise de documentos e vestígios históricos, cria sua própria versão daquilo que
pode ter sido o estilo de vida e a situação de um determinado povo, em determinada época. Os documentos são a
principal fonte de informações para qualquer pesquisador, pois trazem relatos de situações cotidianas e especiais,
que podem dar uma idéia aproximada de como era a vida dos povos antigos.
Outra forma de buscar a história de determinado povo é através das diversas formas de expressão cultural como
contos, lendas e fábulas. São as chamadas fontes orais, nas quais, muitas vezes, ocorre entrevistas com pessoas
mais idosas, que tiveram acesso às informações, que passaram de geração a geração.
Grande parte das fontes históricas encontra-se em museus, bibliotecas, igrejas, universidades e galerias de artes.
Assim, mesmo o público que não trabalha com história, pode ter acesso às informações que o ajudará a entender,
mesmo que de forma simples, como era a vida e os costumes de determinado povo, em determinada época.
Fazer história é buscar informações do passado, para explicar aos povos atuais o que aconteceu, como era o
cotidiano das pessoas, o que faziam, o que sabiam e no que acreditavam os povos do passado.

Fonte:
Mota, Myriam Becho. História : das cavernas ao terceiro milênio / Myriam Becho Mota, Patrícia Ramos Braick.
– 1ª Ed. – São Paulo: Moderna, 2005.

Você também pode gostar