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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES – ICHCA

HISTÓRIA BACHARELADO - 1º PERÍODO

DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS

DOCENTE: ELIAS VERAS

DISCENTE: IGOR ARAÚJO DE AMORIM

“A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO”

Devemos levar em conta que na segunda metade do século XVIII a percepção de


um historiador profissional “acadêmico”, era ainda um elemento disperso em meio às
visões dominantes de que existia uma “verdade histórica - única e absoluta”, e que está
seria a pedra filosofal na reconstituição histórica a ser realizada pelos historiadores. A
noção de que cada época produz a sua visão histórica ainda soaria muito estranha para a
maioria dos homens. Era um fato que começava a se tornar útil e necessário eles
reatualizarem constantemente a diretrizes da historiografia; hoje a História foi
convertida em ciência solidamente estabelecida no currículo formativo de todas as
Universidades Mundiais0.

Dando continuidade no livro “Apologia da história ou ofício de historiador” de


Marc Bloch; o livro é tido uma obra prima da historiografia mundial, BLOCH nos
apresenta várias concepções da escola dos Annales, exemplos de tratamento de
documentos, de reflexão filosófica, de uma análise crítica dos testemunhos e
principalmente de erudição e interdisciplinaridade que o historiador deveria utilizar
dentro de um trabalho historiográfico. Seguindo ainda as apresentações de Bloch investe
em uma história como problema, pude perceber em várias nuances de seu texto que ele
foi uma espécie de fundador da antropologia histórica.
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Quando o historiador trabalha com as fontes históricas, é prioridade observar


determinadas interpretações, não deixando margens por influencias do seu presente, no
entanto, o historiador, a partir de outros textos, de elementos diversos inscritos em uma
historicidade específica, contextualizada, busca a compreensão do significado de tal
fonte, busca qual representação de mundo está inserida ou o grupo que a forjou. As
fontes são nesse sentido, artefatos culturalmente construídos e repletos de
intencionalidade pelos grupos que a originaram. Assim para Bloch: “Tudo que o homem
diz ou escreve, tudo que fabrica tudo o que toca pode e deve informar sobre ele”.
(BLOCH, 2001, p.79.). Neste sentido, o passado deve servir para compreender como
viviam os homens do passado, e principalmente estabelecer a relação com o presente.
Ainda segundo Bloch: “A ignorância do passado não se limita a prejudicar a
compreensão do presente; compromete no presente a própria ação”. (BLOCH, 2001,
p.65).

Segundo Barros em uma avaliação do que é essencial para qualquer profissional


que segue o caminho da História é ter um denso conhecimento teórico sobre sua área de
atuação. A Teoria da História constitui um campo de estudos fundamental, ficando
inviável para o historiador vivenciar seu oficio sem compreender as relações da História
com o Tempo, com a Memória ou com o Espaço, ou sem conhecer as grandes correntes
e paradigmas teóricos disponibilizados aos historiadores da atualidade. Após 1930 com
a contribuição da escola dos Annales, influenciados pelas teorias de Karl Marx sobre a
pretensa objetividade imparcial da história e o materialismo histórico, o fato de escrito
através dos documentos oficiais deixa de ser visto como portador de uma verdade
irrefutável, uma vez que o fato histórico deveria ser construído pelo historiador a partir
de uma conjunção entre o presente e o passado.

No tocante ao campo teórico e metodológico, o campo disciplinar é


especialmente importante, pois a teoria pode ser entendida como uma síntese que é
aceita por um dado campo de conhecimento; Burke explana de forma bem suscinta a
ideia da Interdisciplinaridade no seu livro "Os fundadores", de forma fundamental para
a história, ao correlacionar a Geografia, a Psicologia, a Antropologia, dentre outras
matérias, para melhor fazer a História.
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Tendo vista dos argumentos apresentados trago com reflexão conclusiva a


(Teoria do Espelho) de Bonnie Smith onde ela nos esclarece que: nada vemos a não ser
a própria História nos trazendo a ideia implícita de que o escrito do historiador não dá
lugar para preconceitos e preferências; o escrito nessa perspectiva não teria sexo, classe
social e não teria gênero. Smith apregoa que embora o “espelho ” seja um ótimo
instrumento para se visualizar os acontecimentos, ele pode também refletir imagens
fugidias e/ou falidas. Deixando em evidência nos estudos históricos que sempre o
tratamento de um assunto era tido na época como mais relevante se fosse um homem
“historiador”.

Acredito dessa forma, que as produções históricas atuais devem ser utilizadas de
uma maneira sensata, respeitando e trazendo à tona temas que antes eram “escondidos
ou suprimidos” por motivo de serem considerados pela sociedade da época como
vulgares ou não apropriados; só assim com essas novas perspectivas e visões essas
ferramentas serão auxiliares para à compreensão do presente através do passado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, José D Assunção . Teoria d a História Vol. I. Princípios e conceitos. 20


13, p. 11;

BLOCH, Marc. “A observação histórica”. In: A apologia da História ou o Ofício do


Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001;

BURKE, Peter. “Os fundadores”. In: A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução
Francesa da Historiografia. São Paulo: Editora UNESP, 1990;

SEMLER, Hohann Salomo. Versucheiner freiern theologischen Lehrart [Tentativa de


um método mais liberal para o ensino teológico]. Halle: C. H. Hemmerde, 1777;
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SMITH, Bonnie G. Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica. Bauru,


SP: EDUS C, 2003. p. 16.

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