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RIO DE JANEIRO
2003
ii
Dedico aos meus pais
iii
AGRADECIMENTOS
Hugo Lovisolo,
Muito mais do que um orientador.
iv
Agora não importa o que fizeram de ti,
Mas o que tu vais realizar com o que fizeram de ti.
v
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................. p.viii
ABSTRACT......................................................................................................... p. ix
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... p.1
1.1 Introdução....................................................................................................... p.1
1.2 Problema......................................................................................................... p.3
1.3 Posição............................................................................................................ p.4
1.4 Delimitando o objeto....................................................................................... p.6
1.5 Caminhando para uma hipótese...................................................................... p.12
1.6 Limites de estudo............................................................................................ p.14
1.7 Estrutura do Estudo......................................................................................... p.14
2. MOVIMENTO HIGIENISTA NA EUROPA.............................................. p.17
2.1 Do contexto..................................................................................................... p.17
2.2 Industrialização............................................................................................... p.19
2.3 Cuidados com a saúde dos pobres................................................................... p.20
2.4 A urbanização e as epidemias......................................................................... p.21
2.5 O idealismo do Movimento Higienista........................................................... p.25
2.6 O motor humano............................................................................................. p.30
2.7 Desenvolvimento e debates na Biologia e Medicina...................................... p.43
3. OS HIGIENISTAS DO BRASIL................................................................... p.47
3.1 Brasil: início do século XX............................................................................. p.47
3.2 Abandono do povo: as epidemias................................................................... p.53
3.3 Pessimismo em relação à raça e o povo.......................................................... p.57
3.4 A resposta nacionalista.................................................................................... p.64
3.5 Discussão intelectual sobre os problemas do Brasil....................................... p.69
3.6 Os higienistas: crítica da sociedade e polêmica racial.................................... p.97
3.8 como mudar? A intervenção higienistas......................................................... p.121
4. A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS HIGIENISTAS............................................ p.134
4.1 O exemplo francês.......................................................................................... p.134
4.2 Os intelectuais brasileiros, os higienistas e os métodos ginásticos no Brasil. p.137
4.3 O melhor método............................................................................................ p.141
4.4 Outras propostas, os mesmos objetivos.......................................................... p.145
4.5 A Educação Física e as teorias higienistas...................................................... p.147
4.6 O exemplo da Revista Educação Physica (1932-1945) sobre os ideais
higienistas.............................................................................................................. p.154
5. O NOVO HIGIENISMO NOS ESTADOS UNIDOS E EUROPA............. p.161
5.1 O abandono do rótulo...................................................................................... p.161
5.2 O novo higienismo social................................................................................ p.163
5.3 O novo higienismo da saúde física................................................................. p.166
5.4 Educação Física, Medicina Esportiva e saúde física....................................... p.170
6. OS SEGUIDORES BRASILEIROS DA SAÚDE FÍSICA: A TESE......... p.179
6.1 O discurso “brasileiro”da Educação Física e Medicina Esportiva.................. p.179
6.2 Da fadiga ao estresse....................................................................................... p.198
6.3 A tese do combate à doença na Saúde pública................................................ p.202
7. REDEMOCRATIZAÇÃO E CRÍTICA DA SAÚDE FÍSICA................... p.207
7.1 Os anos 80 e momento da antítese.................................................................. p.207
vi
7.2 O movimento sanitário.................................................................................... p.208
7.3 A VIII Conferência Nacional de Saúde.......................................................... p.215
7.4 A ampliação do conceito de saúde.................................................................. p.218
7.5 A antítese da Educação Física......................................................................... p.222
8. MOVIMENTO DE SAÚDE E SUAS POLARIDADES.............................. p.236
8.1 Os anos noventa e a busca de uma síntese...................................................... p.237
9. HISTÓRIA COMPARADA: EXISTE DICOTOMIA ENTRE
“MOVIMENTO HIGIENISTA” E “MOVIMENTO DA SAÚDE”?............. p.262
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS (PARALELOS QUE SE CRUZAM)......... p.269
BIBLIOGRAFIA BÁSICA................................................................................ p.280
vii
RESUMO
viii
ABSTRACT
PROBLEM: In the end of the XIX century and beginning of the XX century, it
arrived to the Brazil, by means of new interpretations, a new ideal, like the Greek
culture, with the central preoccupation in the health. Their proposed resided in
the defense of the Public Health, in the Education, and in the new habits
teaching. It stipulated denominate him of “hygienist movement” (SOARES, 1990).
This action has a central idea that is the one of valorize the population as one
well, like capital, like perhaps main resource of the Nation (RABINBACH, 1992).
Praising rules and habits that would collaborate with the refinement of the
collective and individual health, we had as hypothesis that the “hygienist
movement” was highly heterogeneous under the theoretical point of view (in their
biological and racial foundations) and ideological (liberalism and anti-liberalism).
Beyond of this, their presuppose would continue in vogue until the end of the XX
century, thwarting the thesis that the action would have whether closed in decade
of 30 or 40. OBJECTIVE: Compare the current speech of the field of the health
with the of hygienists. Analyze historical periods exclusively political in the field of
the historiography of the Physical Education and Health. METHOD: We
accomplish a historical research comparing the ideals of the called hygienists of
the beginning of the XX century, with the intellectual current of the field of the
Health and Physical Education in Brazil. OBTAINED RESULTS: We realize the
continuity of a heterogeneous speech in the political and scientific aspects,
however they had and have in common in the different ages, a professional
intervention with the objective of reformulate of collective and individual habits.
FINAL CONSIDERATIONS: Thus, we defend the thesis that the “hygienist
movement” of the beginning of the XX century in Brazil extrapolate the traditional
historical period that imputes you the terminus in the 30 or 40, depending on the
author, and it prosecutes with her traditions and heterogeneous ideals until the
end of the XX century, and very maybe, by today, at the beginning of the century
XXI, not winning characteristic that determine a historical differentiation input
both interventions.
ix
1. INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
movimentos das mãos, diz com otimismo que sua situação felizmente o priva
esta é uma exceção, talvez uma declaração esnobe, contudo, todos se vêem
saúde?
respostas bem diferenciadas por parte de seus defensores. Uma história que
parece não ser exclusiva dos dias atuais, que nos remete à mitologia grega e
Asclépio foi iniciado nas artes médicas. Em pouco tempo chegou até
deus dos infernos que procurou seu irmão Zeus, queixando-se de Asclépio.
Com medo que a ordem dos mundos fosse abalada, Zeus fulminou-o com seus
castigo, Zeus o enviou para servir ao rei Admeto da Tessália, como escravo.
2
A nós coube a tarefa de garimpar e apresentar os ideais, nas suas
1.2 Problema
década de 30 ou 40.
3
1.3 Posição
ela jamais é absoluta. Autores que se não nos deram um modelo metodológico,
cirúrgicos “mais estéreis possíveis”. Não acreditamos que isto seja diferente no
sentirmos” (HOBSBAWN, 1998, p. 20). Ele quer nos ensinar que uma história
exemplo, uma história pode ser contada para os que pretendem revolucionar o
mundo, outra para quem pretende reformar e outra para quem é conservador.
1
Da mesma forma nos orientou Antônio Jorge nas suas aulas sobre Popper.
4
Uma história para os judeus, outra para os alemães. Hobsbawn pensa que a
fazer com que a História perca sua universalidade, tornando-se uma história de
legitimação para seus atos no presente. Eles utilizam a história para justificar
higienista” brasileiro, optamos nem por defendê-lo nem por atacá-lo, mas
matizes de valores da época que eram diversos dos da sociedade atual, o que
5
urbanização, no controle de novas doenças epidêmicas e ocupacionais. Ou
com outras concepções de outros tempos” (GRAMSCI, 1978, p. 13). Enfim, nós
vezes são contrários aos valores de hoje. Tentamos olhar para o passado sem
prejulgá-lo.
Seria muito difícil determinar datas que fossem consideradas como a inicial e
isto seria possível caso considerássemos este discurso como específico das
6
Contudo, esta prerrogativa não se manteve, pois, quando
das diversas ideologias que militaram na segunda metade do século XIX, como
Porém, realizamos um corte por certo arbitrário, que tem seu início
no Brasil em 1901 e caminha até o fim do século XX. Este texto panorâmico
século XX.
7
Alguns historiadores têm afirmado recentemente que uma
política pela social, a macro pela micro. Elas devem conviver, de acordo com
Carlo Ginzburg:
global como tradição da Escola dos Annales, substitui o falso debate entre os
8
a influência da nova história neste trabalho, sobretudo, na luta da assunção de
dentro deste modelo podemos dar uma certa unidade aos higienistas. Contudo
9
dentro desta perspectiva. Não poderíamos caracterizá-los como intelectuais
consciente de seus movimentos físicos e dos jogos sociais e políticos dos quais
10
população nas normas higiênicas. Eles tinham a missão de convencer e
Educação Higiênica.
usam suas teses para indicar as melhores formas de evitar a doença, quando
que, por muitas vezes, seguiam direções opostas, mas com o desejo de
11
1.5 Caminhando para uma hipótese
eles teriam atuado. A historiografia dos anos 80 optou por esse modelo e, com
avaliação de suas ações, que esta tipologia cria uma polarização que se torna
dual que divide entre o bem e o mal, se assemelha à retórica americana versus
12
dialética. Teríamos, em oposição, que pensar a possibilidade que, além dos
levassem em conta.
preparada.
2
Nos dias de hoje o próprio movimento da saúde pode ser considerado como derivado do
discurso higienista do início do século XX.
13
1.6 Limites do Estudo
da Medicina ou Educação Física. Não foi este nosso objetivo, mas sim a
estruturação.
14
da saúde pública e da industrialização na Europa, principalmente, nos séculos
XVIII e XIX. Nesse resgate, almejamos encontrar subsídios para uma possível
como Alberto Torres, Fernando de Azevedo, Gilberto Freyre e outros, que com
XX.
15
Já no sétimo e oitavo capítulos, contaremos a reação do movimento
noventa.
16
2. MOVIMENTO HIGIENISTA NA EUROPA
2.1 Do contexto
aspecto que caracteriza o contexto até o século XVIII e XIX. Inicia-se, também,
3
Lembramos que a primeira edição de O Capital é de 1868. Sobre a “manufatura” e a “grande
indústria” e suas condições de operação e vida dos trabalhadores, sua obra continua sendo
uma excelente fonte.
17
na filantropia, que começa a ser adotada por novos governos liberais na
Inglaterra e França.
1994). Esta demanda não é ignorada pelos médicos, que defendem diferentes
(RABINBACH, 1992).
4
Malthus, no século XIX, acreditava que a produção de alimentos crescia em progressão
aritmética, e a população crescia em progressão geométrica, chegou, então, a concluir que se
não se controlasse o aumento da população, teríamos uma grave crise que espalharia a fome
pelo mundo. Sua profecia não se manteve, pois com a industrialização a produção aumentou e
o problema passou a ser a distribuição de renda.
18
2.2 Industrialização
passa a ser trabalhado de forma cada vez mais eficaz. As tecnologias estavam
produtividade e da produção.
19
2.3 Cuidados com a saúde dos pobres
Europa. George Rosen nos mostra que vários projetos foram elaborados para
época é visto como uma virtude moral, e o ócio, um vício. Se o indivíduo está
ocioso, é por falta de vigor moral. A pobreza era encarada como um vício
20
Samuel Hartlib, segundo Rosen, estava interessado em propostas
populares. Mas por que não o médico? Esta classe era inacessível aos pobres,
pois seus serviços tinham um alto custo econômico e eles eram em pequeno
médica por conta dos padres, como exemplifica Rosen com Gerrard
levellers (ROSEN, 1980). Hartlib desenvolveu ainda outro plano de atenção aos
gratuitamente.
21
higienista”. Petty foi pioneiro também em estudos aritméticos de mensuração
demonstraram a utilidade da aritmética política de Petty. Ainda foi ele que deu
dever de criar estas condições, visto que as políticas de Saúde Pública, até o
campo, a transmissão das doenças era dificultada, mas agora estavam todos
22
Não havia saneamento básico apropriado. Somente a partir do
século XVII, o Estado passou a cuidar deste problema. Antes, isto cabia aos
indivíduos. Mesmo assim, o Estado não cumpria seu dever, segundo Jonh
novas doenças. Rudolf Virchow elaborou uma teoria segundo a qual a doença
epidêmicas. Nos séculos XVI e XVII, entre estas novas doenças estavam o
observa que esta doença transformou-se em uma ameaça para a saúde das
conta Rosen, tem origem “na severa pressão econômica e à terrível pobreza,
ser evitada pelo consumo de cálcio, fósforo e vitamina D, mas, como o leite
(rico nestes componentes), estava sendo pouco consumido devido aos altos
consumo.
pela Inglaterra. Durante o século XIX, este país enfrentou muitos problemas
23
a semelhança dos sótãos lotados de pessoas em Manchester e Liverpool aos
de Lille e Ruão.
24
um direito à assistência do Estado, cujo papel seria aumentado, vindo a
perturbar o jogo dessa sociedade, ela pretendia fornecer os meios para o povo
parte do Estado, o papel seria sancionar, por meio de uma tutela cuidadosa, as
dos trabalhadores, mas a sua obra clássica foi “De Morbis Artificum Diatriba”
seus termos:
25
Hipócrates, deve acrescentar mais uma: qual é sua profissão?
(RAMAZZINI apud SCLIAR, 1998, p. 87).
limites do corpo. Mais do que isto, foi a época de debate em defesa de uma
26
tópicos que levam o homem a cuidar de seu corpo, buscando novas formas de
preservá-lo.
Cada homem fazia parte da força social, que por sua vez dependia
uma nação era medida pelo número de trabalhadores que ela poderia ter. A
idéia populacionista defendia a livre procriação, que garantiria uma maior força
social. Deste modo, cada mulher e cada homem são vistos como um capital da
nação.
para a força social da nação. Com isto, surgem discursos que defendem o
trabalhadores.
A fadiga parece ser o termo do século XIX para expressar o que hoje
27
abatidos. Da mesma forma, o trabalhador industrial do século passado sentia a
sociedade moderna, ainda não havia aparecido como um termo médico e nem
Dois séculos antes de a fadiga se tornar o centro das teses sobre o trabalho,
28
este pedagogo já a identificava como um mal que deveria ser evitado na Escola
ou seja, o motor humano. Esta metáfora tinha sido inaugurada no século XVI
por Descartes, que dizia ser o corpo do homem uma máquina. Eis a passagem
e da população em geral.
29
Um dos papéis centrais da metáfora do “homem-máquina” foi o de
30
os sócios produtivos da sociedade. Reformas que poderiam reduzir a
Paul Cauwès e Raoul Jay, fundaram uma revista onde enfatizavam os custos
em 1904. Para ele, uma nação que permitisse a destruição ou redução das
planejamento. Essas forças físicas e morais são uma parte do capital nacional,
sabemos que ele nunca terá que consertar o dano causado pela negligência
(RABINBACH, 1992).
31
O interessante é observarmos que o “movimento higienista” elabora
povo. Sua preocupação também era com a saúde da população. Pois, se não
32
energia foi aplicada a vários assuntos sociais: jornada de trabalho, acidentes
mais altos fariam a indústria perder competitividade. Outros diziam que com
produzir.
Este discurso não foi aceito sem muita resistência, como exemplo, o
33
entanto, cresceu o número de obras que defendiam a melhoria nas condições
34
Outro aspecto que poderia diminuir a produtividade era uma nutrição
americano, também observou que o trabalhador nos Estados Unidos tinha uma
35
dirigiu o movimento internacional dos trabalhadores à meta da redução da
jornada de trabalho. Como Cross discute, o movimento das oito horas era o
resultado de trinta anos de luta política e ideológica, que teve o apoio das
trabalhador.
jornada de trabalho.
energia aos seus trabalhadores. Com a jornada de dez horas em dois turnos,
de uma esperada redução dos salários. Mas os salários não foram reduzidos.
36
Solvay e pelo Escritório do Trabalho Belga, em prol de uma redução legal da
jornada de trabalho.
em troca, não teriam uma redução nos salários. Abbe considerou sua
37
O que podemos considerar nestas passagens comentadas por
higiênico.
francos em dez horas por dia) com os salários mais altos dos trabalhadores
das docas (oito francos por oito horas) concluiu que a diferença estava
produzida, mas pela intensidade de fadiga, quer dizer, pelo valor da energia
seriam medidos pela produtividade, mas pelo dispêndio de energia que ele
provocasse.
38
no trabalho não só por uma porcentagem de produção e desempenho, mas por
cada profissão teria que ser investigada para se obter as despesas fisiológicas
da ciência do trabalho.
encontradas pelos reformadores para afiançar uma lei de dez horas na jornada.
O segundo foi o impacto de uma lei que ordenou, em julho de 1906, todos os
Georges Clemenceau, propôs em uma nova lei reduzir gradualmente para dez
39
horas o dia de funcionamento para todos os trabalhadores. Houve resistência
horas é, em geral, o limite máximo, sendo o ideal dois períodos de quatro horas
horas.
Medicamento de Paris, alertou que, para todo trabalhador, era necessária uma
“higiene racional”, que poderia determinar uma dose diária de trabalho sem
40
deteriorar suas forças. Ele calculou o limite de oito horas em um estudo
intervalos. Reclamavam que não havia tempo suficiente para fumar um cigarro,
poderiam ser gastos razoavelmente. A fisiologia pode fixar este limite com
enfermidade ou óbito.
41
Mais que qualquer outro político na esquerda francesa, Vaillant fez
de trabalho. Este equilíbrio, no entanto, poderia ser fixado para cada ocupação
“motor humano”.
42
Como vimos, na Europa, a intervenção nas relações de trabalho por
descrevemos a seguir.
afirmavam ser o contato com o indivíduo enfermo o meio pelo qual as doenças
5
José Luís dos Anjos (1995) considerou que esta explicação teórica (dos miasmas) não era
adotada pelos higienistas, pois ia contra os interesses das elites sociais. Neste item
43
se propagavam. Para controlar a doença e prevenir as epidemias, eles
econômicos.
Segundo Rosen,
vida.
comprovamos que a teoria dos miasmas foi central no movimento higienista até o início do
século XX.
44
As teorias miasmáticas foram superadas em prestígio científico
bacteriologia.
relatou em seus “Études sur la Tuberculose” que esta doença não se originava
indivíduos.
45
Outras teses sobre outras doenças surgiram derrubando o princípio
dos miasmas e as antigas teorias do contágio. Contudo, este não foi o fim da
rigorosa. Roupas limpas não eram suficientes para conter as doenças, era
ser cuidado continuou com as novas descobertas da ciência, que chegaram até
o Brasil.
46
3. OS HIGIENISTAS DO BRASIL
Eu falo em nome das crianças dos meios rurais e operários, filhos da rua e
da miséria, brotadas em lares onde escasseia o pão e sobram as provações e
onde o agasalho do corpo e a própria subsistência não provém do salário certo,
mas de expedientes aleatórios. Eu falo em nome dessas crianças enfezadas e
anêmicas, quase maltrapilhas que enchem grande número de escolas públicas,
bem perto do bulício e do fausto dos grandes centros da cidade, e trazem, na
tristeza apática, nas olheiras fundas e no olhar sem brilho, quando não nas
escolioses, e em toda espécie de estigmas, a marca do meio social em que
definham, e todos os sinais de uma debilidade congênita agravada pelas taras
hereditárias e pela penúria de meios malsãos, e oferecida como presa fácil à
contaminação ambiente. (AZEVEDO, 1934)
47
Nesse momento o Estado prioriza a unidade do poder. A sociedade,
formar parte do debate político e intelectual. O Brasil era ainda um país jovem,
até nossos dias: Brasil, país do futuro. Mas, quando os brasileiros observavam
negativamente.
48
o país, embora a porcentagem da população classificada como branca no
(SKIDMORE, 1998).
49
pensamento intervencionista. De acordo com este, o povo brasileiro não era
pouco faziam pela educação e saúde dos brasileiros, que estavam doente e
abandonados.
Era preciso agir para sanear o país. Segundo Gilberto Hochman e Nízia Lima,
50
principal problema do País e o maior obstáculo à civilização. O movimento pelo
objetivo, era preciso convencer o Estado a cumprir seu papel no campo social,
Oswaldo Cruz é o nome mais aparente desta linha, contudo, suas orientações
Vacina.
República. Essas oposições eram formadas por dois grupos. O primeiro, muito
51
de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Tratava-se primeiramente de
52
A população se rebela, a cidade do Rio de Janeiro transforma-se em
MARINS (1998). Vemos que este texto trata o “movimento higienista” de forma
Vacina.
53
dependeu, portanto dos governos, mas da caridade pública”. (SANTOS FILHO,
organização institucional”.
54
e propícios às manifestações epidêmicas. No início da República houve
dos óbitos no Estado na década de 1890. Estas, ainda, não eram atestadas por
pelo serviço sanitário estadual para atender a estas situações. Este quadro
1996).
assistir a população.
no Brasil.
55
O interior do Brasil encontrava-se em condições tão precárias
sofrimentos. O sertanejo não era inferior por sua natureza, mas pelo abandono.
Ele desabafa dizendo: “Não temos unidade de raça” (CUNHA, 1933, p. 70). O
1996).
exemplo a ser seguido pelo Litoral (LEITE, 1976). Thomas Skidmore também
56
Pioneiros como Rondon e Chagas lideraram um crescente
esforço para educar o público no sentido de compreender que muitos
brasileiros eram improdutivos por causa das doenças causadas por
necessidades médicas e sanitárias não satisfeitas. E os esforços desses
pioneiros levariam a importantes campanhas de saúde nas décadas de
1910 e 1920 – campanhas que ajudaram brasileiros esclarecidos a
desafiar as teorias deterministas raciais e climáticas que tão
freqüentemente dominavam as discussões da elite sobre o lugar do
Brasil no mundo. (SKIDMORE, 1998, p. 117)
Brasileiro.
57
Influenciados por escritores europeus, alguns autores acreditavam
resumo, nosso povo teria pensamento e atitude natos que eram herdados das
Brasil, imenso estado negro, que retornou à barbaria, são os dois únicos de
58
Leite cita muitos destes deterministas. Podemos destacar aqui
Oliveira Vianna, que defendia a tese de que o Brasil era formado por uma
responsável pelo atraso do país (VIANNA, 1959). O povo era inferior por ser
da Europa e América do Norte por ter uma raça inferior, devido à mestiçagem
A raça africana, pela sua inferioridade moral e pela sua inaptidão social e
política, sendo introduzida brusca e violentamente no seio das
populações inteiramente distintas, certamente que não podia contribuir
para o seu desenvolvimento moral e intelectual, senão para seu atraso.
(SALLES apud VITA, 1965, p. 106)
unidade de território, etnia, e língua, que na época eram alguns dos principais
não se formaria como nação. Objetivo que só foi alcançado nos anos 30.
59
desequilibrada mesmo entre os brancos, mas complica-se ainda mais pela
população”.
partir da citação de Gramsci. Esta linha adota a tese da inferioridade das raças
brasileiras como motivo principal para o nosso atraso. Nossa raça seria inferior,
inferior à dos brancos. Este autor passa a defender, na área médica, a idéia de
Eugenia.
indivíduos teriam atos e idéias não condizentes com o estado normal, pois
60
negros têm sua cultura comparada e considerada como inferior. A diferença
uma civilização de duas culturas: uma primitiva e outra mais avançada. Ele
este pensamento.
61
Para Lobato, o caboclo, comum no interior do Brasil, ao contrário do
lhe dar. Em suas palavras, este funesto parasita da terra era o interiorano,
organização de sua moradia. Não consertava seu telhado e nem limpava sua
casa, tudo era abandonado pelo desleixo daquele habitante. “Quando a palha
do teto, apodrecida, greta em fendas por onde pinga a chuva, Jéca, em vez de
6
Movimento literário.
62
remendar a tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a
que o caboclo não sabia quem era o presidente da República, pensando que
quem fosse o chefe de Estado do país era o imperador. Este isolamento aos
principais fatos políticos do país, não se daria pelo fato de o caboclo ser uma
raça inferior. Era evidente que esta falta de informação era produto do
psicológicas por parte das raças. Comprovando isto, pensam que se nosso
povo é geneticamente debilitado, o país sempre será pobre, sem termos o que
fazer e realizar. Mas esta ideologia tem seus opositores. Entre eles, os
63
nacionalistas, alguns intelectuais, e também vários higienistas, que às vezes se
alguns elementos deste pensamento influente na época. Isto será visto mais
amplas, não sendo possível atribuir-lhe um estado teórico distinto, a não ser
políticas nacionalistas.
64
de identificar sobre uma única expressão, manifestações de idéias e
terceiro mundo.
65
Dentro do Nacionalismo encontramos palavras-chaves que, se
estudadas, desvendam esta questão no Brasil do início do século XX. São elas:
os realistas.
críticas aos brasileiros, por que não criticamos a cultura européia, criando uma
Graciliano Ramos achava que a adoção do futebol pelos jovens era “fogo de
não pega, tenham certeza.” (RAMOS apud SOARES & LOVISOLO, 1997, p.
12).
66
Para ele, o esporte nacional seria a “rasteira”, valorizando o que é
por natureza criado aqui. Outro exemplo pode ser analisado na obra-prima de
formular foi uma reforma cultural que valorizasse o que fosse verdadeiramente
do Brasil. Propõe, então, que a língua portuguesa fosse substituída pela tupi-
cultura popular, teria como objetivo mostrar ao mundo o nosso potencial. Com
todos esses valores amalgamados, criaram nosso nacionalismo que, por ser
difuso em sua natureza, caminhou para duas vertentes, como dito antes, a
ufanista e a realista.
67
matéria de patriotismo, melhor um otimismo ingênuo do que um pessimismo
raças. Tudo o que era considerado problema para o Brasil, em Affonso era
palavras do último:
reforma cultural para o Brasil, mas que não faz nenhum sucesso. Depois,
68
as dificuldades do campo. Finalmente, vê que o problema nacional só pode ser
do seu idolatrado líder. Quando acontece este fato, ele se decepciona com o
presidente, que diz: “mas, pensa você, Quaresma, que eu hei de pôr a enxada
na mão de cada um desses vadios (...)” (BARRETO, 1997, p. 143). Nesta obra,
69
momento, vislumbraremos nuances das obras de Alberto Torres, Gilberto
Rio de Janeiro. A obra deste autor é polêmica, pois, embora possa ser
fossem lidos hoje, afirma Dante Moreira Leite, seus trabalhos suscitariam teses
pensamentos?
absenteísmo liberal do Estado – fato que faz Nelson Saldanha sugerir uma
dois pensamentos possuíam uma ruptura radical, como indica Barbosa Lima
Sobrinho:
70
Havia também, em Oliveira Viana, alguma coisa de
desalento e pessimismo. Não confiava no homem brasileiro. Deixara-se
aprisionar pelo preconceito de raças e aceitara, em relação aos
mestiços, doutrinas estrangeiras que não passavam, no caso brasileiro,
de manifestações teorizantes, como tantas outras que êle [sic] profligava.
Já Alberto Torres, libertando-se de todos jogar êsses preconceitos,
manifestava sua confiança no homem brasileiro, confiança no futuro e
um otimismo tranqüilo com os seus alicerces firmados na realidade
nacional. (LIMA SOBRINHO, 1978, p. 323)
importação de teorias racistas européias, pois percebia que elas nos negavam
71
de fontes diversas, quase na mesma geração, chegando, por métodos
e do Norte da Europa.
certamente da margem Sul deste mar (TORRES, 1982). Isto posto, Torres
Brasil era temporária, e não definitiva. Era possível intervir na raça brasileira
Franz Boas:
72
grandes eleitores da ciência selecionista; mas a ciência, prosseguindo
em suas indagações, chegou à conclusão de que, ao lado das
diversidades físicas, verificadas na estrutura humana, nada,
absolutamente nada, autoriza a afirmação de uma desigualdade radical,
na constituição cerebral, em seu funcionamento, em seu poder de
desenvolvimento. A relação entre os caracteres físicos e os caracteres
psíquicos jamais se conseguiu afirmar com dados definitivos e
irrefutáveis. Recentes investigações, do mais ilustre, talvez, dos
antropologistas americanos, o Sr. Boas, demonstraram que os
caracteres somáticos de uma raça alteram-se, notavelmente, de uma
geração para outra, com a simples mudança para um meio novo.
(TORRES, 1982, p. 59)
Educação.
ao povo, com recursos estatais. Era preciso mudar as condições de vida, para
época a formação do Estado Nacional é atrelada à unidade racial. Tese que ele
73
refuta, pois chega à conclusão de que a raça é, de todos os elementos da
ainda hoje radicalmente destacados dos três grandes tipos étnicos europeus: o
nenhum desses povos deixou de formar uma nação no aspecto moral, político
74
suporte efetivo, afinal, de toda a carga das tributações, diretas ou
indiretas. O protecionismo, recente, viu contrabalançadas as vantagens
que prometia à produção, pelos entraves à circulação e ao comércio,
pelos tributos estaduais e municipais, pelos açambarcamentos, pelo
enxerto de intermediários e de especuladores. (TORRES, 1982, p. 129)
Ou ainda:
75
prosperidade e à educação do povo. Os fatores patológicos cooperavam para
(TORRES, 1982).
termos:
76
referência para as teorias higienistas que criticavam as teorias racistas
(MARQUES, 1997).
brasileiro. Assim como Alberto Torres, Gilberto Freyre via em Franz Boas e sua
77
No prefácio da primeira edição de Casa Grande e Senzala, Freyre
questões raciais, mas nas explicações sociais, sobretudo aquelas que residiam
histórico:
78
Não nos coube nesse texto nenhuma tentativa de esmiuçar
importante deles. O contato com este higienista faz Lobato refletir sobre os
do que tinha pensado, não era o caboclo. Ele não era culpado das doenças, do
79
não bastava uma reforma constitucional, era preciso intervir imediatamente.
Quando Penna expõe este quadro a Lobato, este vê seu ânimo exaltado. O
último, na ocasião, era muito criticado pela descrição que fizera do caboclo.
Então, reconhece que foi injusto em sua análise. Observa que a culpa residia
estado de indolência. Não se passa muito tempo e Monteiro Lobato já era uma
saneamento obtivesse êxito. Ele diz: “respiramos hoje com mais desafogo. O
80
são a garantia biológica dos grupos étnicos. Pela capacidade de trabalho
mantêm eles sempre elevado o nível da produção econômica; pela saúde
física, mantêm em alta o índice biológico da raça, pois é com sangue e o
músculo forte do camponês que os centros urbanos retemperam a sua
atividade. (LOBATO, 1961, p. 255)
ele, influenciado pelos nacionalistas, o que é de criação brasileira deve ter mais
descrição do “movimento higienista”. Tem uma ligação com nossa área devido
physica” [sic], mas publicou uma vasta obra em que analisou a sociedade
brasileira como um todo, por exemplo, em a “Cultura Brasileira”. Ele também foi
81
um militante, participando da discussão dos Congressos de Eugenia e de
problemas brasileiros residiam em um povo fraco, mas esta não era uma
essas duas questões. Neste, ele criticava a precariedade das condições sociais
82
(...) quem tenha tido o ensejo de observar e experimentar ao
vivo o estado de miséria física e social de grande parte da população
escolar, de centros urbanos e rurais, não pode passar despercebida a
necessidade de incorporar, nas reformas, planos de assistência higiênica
e alimentar às crianças pobres, de uma população, sem seiva, sugada
até à medula menos pela miséria do que pelas verminoses, pela sífilis e
pelas endemias. Mas, entregando-me rasgadamente a uma política de
assistência social, sentia que todo êsse esforço [sic] não atingiria os
objetivos visados, se, ao mesmo tempo, não procurasse pôr em via de
solução o problema do tratamento das crianças enfêrmas das escolas
públicas. (AZEVEDO, 1934, p. 184)
(AZEVEDO, 1934, p. 42). Continua ele, dizendo que, até então, quase todas as
83
trouxe, em conseqüência, o desenvolvimento das idéias igualitárias, que
presidem à nossa evolução social. A educação nova, nas suas bases, na
sua finalidade e nos seus métodos, não podia, pois, fugir, de um lado, às
idéias de igualdade, de solidariedade social e de cooperação que
constituem os fundamentos do regime democrático, e por outro lado às
idéias de tese racional, trabalho criador e progresso científico, que guiam
a sociedade cada vez mais libertada da tirania das castas e da servidão
dos preconceitos. (AZEVEDO, 1934, p. 17)
escolas, com rádio, disco e cinema como materiais que pudessem auxiliar na
industrialização, que por sua vez exigia uma educação para o trabalho.
poderia ficar alheia ao fenômeno da industrialização. Por este motivo, ele foi
dessas considerações:
84
portanto, me obriga a reivindicar para o indivíduo seu direito em face da
sociedade, à qual aliás ele tanto mais se adaptará e servirá, como
unidade eficiente, quanto mais desenvolver e aperfeiçoar sua
personalidade, “em todos os sentidos”. (AZEVEDO, 1934, p. 19)
Azevedo pensava que seu projeto não era somente pragmático, mas
que a Educação integral, nos sentidos moral, físico e intelectual, era um direito
sobre a vida. Para ele, a Escola, dentre suas funções, deveria cultivar o valor
do trabalho, mas isto não seria exclusivo aos proletários, e sim a todos.
profissão, pois isto era papel da Educação Profissional, mas de ensinar o valor
pois:
85
(...) a intensidade febril da vida moderna, com todas as emoções que nos
faz constantemente experimentar, obrigando-nos a trabalhar e a produzir
como máquinas, não se pode suportar senão, a expensas do sistema
nervoso que se mantém em alta tensão, sempre vibrante em seu
máximo grau. Ao lado e simultaneamente com esses fatores que
contribuem para o esgotamento das energias individuais, trabalhadas e
enervadas por toda espécie de solicitações externas, o veículo fácil e a
máquina reduziram, nas grandes cidades cada vez mais industrializadas,
as oportunidades para os exercícios e para as fadigas físicas,
multiplicando as ocasiões de contágios pela interpenetração cada vez
mais profunda dos círculos sociais e profissionais, nas ruas, nas escolas,
nas fábricas, no teatro. (AZEVEDO, 1934, p. 174)
trabalhadores, mas isto, na época, longe de ser um mal, era uma unanimidade
no povo brasileiro.
86
Ele criticou a forma como a educação tradicional tratou os assuntos
médica que se prolongaria até a casa do aluno com as visitas das enfermeiras.
escola pudesse alcançar este nível estrutural, mas isto não feria os princípios
Ele nega as teorias deterministas raciais quando prega que a nossa raça
estava ruim, mas poderia ser melhorada com a intervenção estatal na Saúde e
que seriam transmitidas para gerações futuras. Este é o projeto eugênico que
87
Para entendermos precisamente o que ele pretendia, temos que
pensamento era uma das tendências da Eugenia, como veremos mais adiante.
7
Inezil Penna Marinho, no livro “História Geral da Educação Física”, cita Manoel Bonfim como
um dos defensores da Educação Física bem orientada.
88
destoava da unanimidade dos intelectuais da época, como Alberto Torres,
determinismo racial (GRUNENVALT, 1998). Porém, já pôde ser visto que esta
cita Dante Leite para afirmar que as análises daqueles autores eram simplistas,
brasileiro.
Educacional.
89
grandes centros, obrigatoriamente, incomodava muito aquele marxista. Nas
suas palavras:
ele, era manter seus privilégios. Eles eram os culpados do atraso do Brasil, e
90
atingia era a falta de vontade política em investir no povo. Para ele, as teorias
racistas eram pretexto para a dominação européia. Dizer que os brancos são
Portanto, as teorias racistas pregavam que o domínio das elites brancas era
para discutir a raça. Começa dizendo que “num povo que exprime em patente
raciais dos povos. Quando fala sobre as teorias deterministas raciais, ele é
taxativo:
91
que a organização das colônias italianas e alemãs no sul do Brasil, que servia
imigrantes. Mas isto não significava que o caboclo era naturalmente inferior, ele
estava inferior.
passagem:
diferente de seus contemporâneos, era além de ter uma raça homogênea, ter
sua obra, ele constrói uma história do Brasil que ressalta o sentimento de amor
92
nossos antepassados (os índios), exaltados pelo indianismo de José de
Alencar.
nacionalista, mas não deixa que este sentimento o faça esquecer os problemas
do Brasil. Ele conta a história do Brasil, com o objetivo de análise das nossas
um país atrasado por ter sido colonizado por portugueses. Fazendo críticas aos
ibéricos, ele faz generalizações sobre estes povos. Dizendo que, depois das
e culturais para o que ele considerou atraso dos mestiços do Brasil, ele
93
Portanto, o brasileiro teria uma raça, que tinha características psicológicas
que deveria ser feito era investir na cultura e educação deste povo, ensinando-
humanidade. Por sua vez esta humanidade se realizava nos grupos nacionais.
dizia, uma geração superaria a outra nos valores sociais, fazendo com que o
Para ele, a Educação era o grande projeto para o Brasil. Dizia que
faltavam homens valorosos em nosso país, então, o caminho era formar estes
resultasse a efetiva instrução tinha que ser, antes de tudo, uma excelente
definir o que é educação, pois, para ele, este era um termo vago em sua
época, dizendo que não bastava repetir o termo, como se nele houvesse
94
qualquer valor. A educação deveria ser pautada em valores claros (BONFIM,
imigração. Este era o caminho que o Brasil devia percorrer, a exemplo do que
ocorreu nos países europeus. Ele afirmava que todas as nações modernas
século XVIII, que, em tempos de crise, não titubeou em tratar a educação como
pós-primeira guerra, com o país destruído, foi criada a Escola Nacional Única,
como não poderia deixar de ser, cita como exemplo a Rússia da revolução de
1917, que segundo ele, apesar dos imensos obstáculos, conseguiu, através da
Educação, criar uma nova Rússia. Dizia ele: “A Rússia antiga desapareceu
pelo bolchevismo, sortiu uma Rússia nova, potente nas energias essenciais do
95
achava-a imprescindível. Como esses preceitos eram científicos, ele os
aceitava e defendia sua divulgação entre as crianças. Não pensava que estes
científicas.
um povo fraco, que não poderia desenvolver o país, pois estava doente. Mas
96
poderíamos melhorar este povo, torná-lo apto ao trabalho. Por isso estes
Mostraram que nosso povo não estava condenado ao fracasso eterno de suas
idealismo destes intelectuais, que viram muitos dos seus objetivos não serem
alcançados. Jorge Nagle mostra que a maioria das suas metas foi alcançada
(NAGLE, 1974).
higienistas e médicos.
97
Da célebre frase de Miguel Couto: “O Brasil é um imenso hospital”
Biologia que teria por objetivos: melhorar a qualidade de vida humana, prevenir
explicações nestes fatores sociais, assim, eles podiam, com o simples apoio
deles foram atrás deste título. O primeiro passo que tomaram foi a crítica da
8
Cf. Todos os manuais de higiene aqui estudados concordavam com essa definição. Abreu,
Henrique Tanner de. Estudos de hygiene. Rio de Janeiro: Quaresma, 1929; Assali, Nicolau.
Higiene do Trabalho. São Paulo: [s.n.], 1942; Bandeira de Mello, Jorge. Atmosfera do
interior dos edificios e locais de trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 1945; Baptista, Amaro
Augusto de Oliveira. Elementos de higiene. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1941; Barreto,
João. Hygiene do Trabalho Industrial. Rio de Janeiro: Oscar Mano, 1937; ______. Tratado
de Higiene. 2. ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948; Barroso, Sebastião. Hygiene para
todos. São Paulo: Melhoramentos, [19--]; Ellis Júnior, Alfredo. Noções elementares de
hygiene e de biologia. São Paulo: Saraiva, 1933; Fontenelle, José Paranhos. Compendio de
Hygiene. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1940; Peixoto, Afrânio. Elementos de
98
estivessem afirmando aos intelectuais que concordavam com suas explicações
categórico:
Elas sofriam a influência do ambiente, e para ele, assim como para Fernando
encontrava frágil no aspecto da saúde, isto não era devido à sua constituição
Hijiene. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1913; Takaoka, S. Tratado pratico de hygiene no
Brasil. [S.l.: s.n.], [19--?].
99
soberano é a cultura; o culto se faz são, o são se torna forte e o forte
herda à prole a sua robustez. (COUTO, 1933, p. 142, grifos nossos)
100
Bonfim, Fernando de Azevedo e Miguel Couto. Esse autor aproxima-se mais do
praticá-las, pois não tinha nem recursos para se alimentar, quanto mais para se
medicar.
um emprego com salário justo. Mas, como indicar ao indivíduo que tomasse
banhos todos os dias e usasse roupas limpas, se ele não tinha nem o que
comer? Diante deste quadro o higienista poderia direcionar seu discurso para
101
deste panorama desolador, denunciando um país que deixava seu povo
o nosso problema era social. Ele propunha uma visita às periferias do Rio de
Janeiro, pois ali o mesmo contexto desolador seria encontrado, criado pelas
mínimo, uma reflexão. Vale lembrar que este autor foi um dos mais
102
Estado com o problema da saúde. Unido a Arthur Neiva, liderou a Liga Pró-
para os diversos setores da vida. Não foi um crítico do governo, como Penna,
pressões populares, está mais disposto a intervir nos setores sociais, muitas
Azevedo.
quanto, ainda, tínhamos que construir para atender a nossa população. Era
claro para aquele médico que o Brasil não tinha realizado nem uma parcela
103
Sobre a mortalidade infantil e pré-natal, Barreto começa
questionando o alto índice de mortes das mães no parto. Diz que no Brasil, os
(Curitiba) e 21,9 (Teresina) por 1000 nascidos vivos, sendo 6,4 o coeficiente
altos números, ele pensa que a maior influência reside nos fatores médicos e
104
ser combatido. O outro aspecto que vamos tratar na obra deste higienista é o
trabalho industrial.
como umas das características da modernização, mas defende a tese que este
duração da jornada de trabalho era outro fator onde a higiene deveria interferir.
assim como na Europa do século XIX (RABINBACH, 1992), que por pressões
jurídico. Mas este assunto será descrito mais adiante, quando for discutida a
entendendo que os médicos não devem ficar alheios às causas sociais das
105
em causas médicas e sociais para a doença, aliando as descobertas da
trinta anos antes, não era este o contexto em que viveu Afrânio Peixoto.
pregavam que o Brasil não poderia se desenvolver por ser uma raça inferior e
ter um clima tropical propício à proliferação de epidemias. Para isto, faz uma
em todos os povos. Cita, por exemplo, os Tupis que chamavam sua língua de
106
negros. Com isto, quer mostrar que existe em todos os povos um sentimento
domínio sobre os outros. Porém, a raça ariana era um mito. Ele mostra que não
racial, dizendo que estas idéias ganham maior repercussão quando são
adotadas pelos outros povos, como era o caso do Brasil de Oliveira Vianna
(PEIXOTO, 1938). Era preciso não aceitar, e provar que o Brasil tinha futuro.
epidemias, isto explicava as doenças. Peixoto rejeitava esta tese por ser
107
fatores sociais poderiam influir (adotou este pressuposto da teoria miasmática),
108
Brasil, é um autor que não se desprende do racismo das teorias que critica. Ele
sua raça, mas não como se fez nos Estados Unidos, com a eliminação dos
negros em prol de uma raça branca pura. Ele diz que as imigrações “nos dão
Eugenia.
109
3.7 O “movimento higienista”: seus contrastes e sua complexidade
intervenção e teoria.
110
Eugenia. Eram discutidos os meios para se chegar ao objetivo. Pela bibliografia
da época podemos observar que não havia discordância sobre as normas das
de um tema: a Higiene da Raça, ou, Eugenia. Pedro Ângelo Pagni afirma que:
(até mesmo entre primos) e os que eram contra, cabe analisar as teorias em
raça.
características físicas das raças. Paul Broca, médico francês, um dos maiores
9
Cf. os manuais de higiene: Abreu, Henrique Tanner de. Estudos de hygiene. Rio de Janeiro:
Quaresma, 1929; Baptista, Amaro Augusto de Oliveira. Elementos de higiene. Porto Alegre:
Livraria do Globo, 1941; Barroso, Sebastião. Hygiene para todos. São Paulo: Melhoramentos,
111
nomes desta corrente, constatou que o cérebro dos negros era menor que o
justificassem a intervenção.
homogênea, mais apta (MARQUES, 1997; SKIDMORE, 1989). Esta teoria foi a
Peixoto, como mostramos, tinha esta certeza, pois confiava na base desta
teoria. Por outro lado, não poderíamos dizer que Peixoto e outros eram
de Darwin está Galton. Para ele, a evolução natural poderia ser auxiliada pela
[19--]; Takaoka, S. Tratado pratico de hygiene no brasil. [S.l.: s.n.], [s.d.]; Ellis Júnior,
Alfredo. Noções elementares de hygiene e de biologia. São Paulo: Saraiva, 1933.
112
além disto, esterilizariam os doentes mentais. Sobre a hereditariedade, Galton
(MARQUES, 1997). Esta teoria foi usada para justificar a intervenção higienista
113
Esta teoria é exemplificada na obra de Manoel Bonfim, onde ele
higiênicas, de tornar o trabalho justo. Viam, porém, que isto só seria alcançado
10
As experiências mendelianas da época serviram de prova empírica para o Lamarckismo.
114
Higiene. Não se pautavam no discurso racial, pois, para eles, o problema
muitas vezes unia pressupostos de teorias diferentes. Esse quadro também foi
seguir.
115
Meus senhores (...) a associação eugênica que tive a honra
de fundar sob os auspícios de Arnaldo Vieira de Carvalho, depois da
morte deste ilustre patrício e depois de minha transferência para esta
capital [Rio de Janeiro] caiu em estado de latência, para não dizer que
morreu, devido a inconstância no entusiasmo que despertam as
iniciativas sérias e altruísticas no nosso país. (KEHL apud MARQUES,
1997, p. 58)
Mas esta não seria a primeira e nem a última vez que as teorias sobre a
estas não eram as únicas explicações para o atraso brasileiro. Assim defende
116
Roquete Pinto: “(...) é uma questão bastante difícil, à primeira vista; pois que o
mas também por fatores sociais” (PINTO apud MARQUES, 1997, p. 66). Ele
deixava claro que não adiantaria os casamentos entre indivíduos mais aptos,
se estes não tivessem as condições sociais favoráveis. Por outro lado, diz que
adquira características positivas, pois estas iriam ser transmitidas aos filhos.
teorias que julgavam nossa raça debilitada, como aponta Lilia Schwarcz:
117
Segundo Vera Marques, parafraseando Renato Ortiz, a partir de
1997).
mais moderno do debate brasileiro, dado que poderia ser entendido e traduzido
como determinismo racial. A raça brasileira no debate intelectual não era mais
eugenizar a raça?
118
Se não podemos comprovar este fato, podemos colher indícios que
do Brasil era social, e não racial, ele usou o argumento de autoridade: “Como o
jornada de oito horas entre outras. Ele aumentou o seu papel interventor nos
119
bacteriologia iniciada nos nomes de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e
120
3.8 Como mudar? A Intervenção Higienista
higienistas tem à sua disposição o Aparelho Estatal para intervir nos setores
sociais. Por exemplo, com a mudança do espírito político (do liberalismo para a
(GÓIS JUNIOR, 1996; 1997a). Isto é, não é mudando o governo que se mudam
os ideais.
Por exemplo, Fernando de Azevedo sofreu forte crítica por parte da Igreja
121
mentalidade higienista não data até 1930, ao contrário, no Brasil, é a partir
recursos para áreas sociais. Além disto, a área da Saúde precisava de uma
ansiosamente por isto. Agora, com os recursos garantidos pelo Estado, era o
momento de agir.
resolvido na década de 30, por via das dúvidas, adotaram as duas formas de
11
É entendido que há uma relação determinista entre o movimento higienista e os princípios
liberais. Porém, mostramos que esta relação é mais complexa, haja vista que o movimento
tinha o apoio de diversos posicionamentos políticos.
122
Com isto, o discurso higienista estava presente não somente nas
melhor material, o local mais adequado e a distância ideal entre uma habitação
dos Estados Unidos (PEIXOTO, 1913). Imaginamos o que ele diria se pudesse
dar uma olhada no futuro. Este autor ainda cita o exemplo de Belo Horizonte,
das moradias. As normas para o local eram as seguintes: este deveria ser
elevado, em declive suave, bem ventilado, mas não exposto aos ventos fortes,
12
Cf. os manuais de higiene citados anteriormente.
123
materiais, levando em consideração a resistência ao tráfego, durabilidade, a
ação das águas que escorrem a superfície, os efeitos do calor e das variações
com formação de poeiras. Depois desta análise, eles chegam à conclusão que
Mas conforme o local, poderia se usar outros materiais. Eles ainda indicavam a
124
A primeira crítica que reinava entre os higienistas era a questão
estrutural das escolas. A Escola era insalubre. Os prédios eram muito antigos,
não possuíam janelas amplas, que pudessem ventilar o ambiente das salas de
uma Escola mais liberal, que deveria ser gratuita, obrigatória, e laica. Com isto,
125
A crítica de Azevedo era dirigida à escola tradicional, onde as
normas de higiene e os princípios de saúde não podiam ser ensinados por falta
intelectual. Os higienistas querem mudar este espírito. Com este intuito, ele
por tudo o que exige justeza e precisão, a higiene é uma virtude capital”
126
higienistas. Conscientes da discussão que tomou a Europa com “The Human
para o trabalho industrial. Para isto, descreveram o que era a fadiga industrial,
do ritmo das máquinas, ao qual pode não estar adaptado o operador; dos
monotonia que traz ao trabalho; das posições fixas13. Esta nova realidade
imediatamente.
13
Cf. os manuais de higiene que tratam da Higiene do Trabalho. Abreu, Henrique Tanner de.
Estudos de hygiene. Rio de Janeiro: Quaresma, 1929; Assali, Nicolau. Higiene do Trabalho.
São Paulo: [s.n.], 1942; Bandeira de Mello, Jorge. Atmosfera do interior dos edificios e
locais de trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 1945; Baptista, Amaro Augusto de Oliveira.
Elementos de higiene. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1941; Barreto, João. Hygiene do
Trabalho Industrial. Rio de Janeiro: Oscar Mano, 1937; ______. Tratado de Higiene. 2. ed.
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948; Barroso, Sebastião. Hygiene para todos. São Paulo:
Melhoramentos, [19--]; Ellis Júnior, Alfredo. Noções elementares de hygiene e de biologia.
São Paulo: Saraiva, 1933; Fontenelle, José Paranhos. Compendio de Hygiene. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1940; Peixoto, Afrânio. Elementos de Hijiene. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1913; Takaoka, S. Tratado pratico de hygiene no Brasil. [S.l.: s.n.], [19--?].
127
fases. A primeira é a motivada, onde o funcionário executa com prazer sua
trabalhador melhores condições de vida e trabalho, o que não foi aceito por
ciência poderia julgar o que é justo nesta relação. E é o que fazem. Propõem
128
fábrica também repercutiam sobre o cansaço do funcionário. Assim sendo, ele
não poderia estar mal alimentado e nem ser um alcoólatra. O ideal seria que
horas diárias, assim o operário teria tempo suficiente para o sono, e para se
férias remuneradas de quinze dias por ano de trabalho14. Desta forma, segundo
equipamentos de segurança.
Afrânio Peixoto:
129
e para desenvolver-se, exonera-se no operario. Resultado: salarios de
fome, embora a estafa no trabalho [sic]. (PEIXOTO, 1913, p. 405)
trabalho visando proteger a saúde do trabalhador. Isto é claro para eles quando
cuidaria de seus hábitos higiênicos? Eles sabiam que não. Este fato poderia
suprimir qualquer otimismo em relação aos seus ideais. Portanto, devido a esta
trabalho.
14
Cf. os manuais de higiene.
130
precocemente a escola, à procura de emprego. Fora daí, e mais
generalizadamente, valerão de muito as medidas que, fazendo
obrigatória a instrução, elevam o limite da compulsoriedade, aquém do
qual a ocupação só será permitida, se exercida fora das horas de aula ou
nos períodos de férias, e, assim mesmo, para número reduzido de
ofícios. A tendência é para, apenas, tolerar a ocupação, já assim restrita,
dos 14 anos 16 anos, o que importa em fixar, nesta idade, o limite
mínimo habitual, para início do trabalho, embora se reconheça a
vantagem de se continuar a instrução até aos 18 anos (...) C) Visando a
proteção dos menores empregados nas indústrias, é, de fato, de suma
importância estabelecer, para a admissão, um limite mínimo de idade.
Poupar o mais possível, aos menores, os malefícios da ocupação, é o
que se tem em vista. Na impossibilidade, então, de se ir de chofre ao
extremo, tem-se procurado elevar, progressivamente, o mínimo de idade
em que o trabalho será consentido. A tendência, já se viu, é para tê-lo
nos 16 anos, pois que, na vasta maioria dos casos, os reajustamentos
fisiológicos e psicológicos da puberdade não se completam antes desta
época. Assim, formalmente, se deve prescrever, com duas ressalvas,
porém: a das profissões que oferecem, para o adolescente, grande
perigo, físico ou moral, e para as quais o limite ascende até aos 18 e
mesmo aos 21 anos; e a dos ofícios leves, em que, ao contrário, se
tolera o trabalho dos 14 aos 16 anos, idealmente com a restrição de que
não ultrapasse oito horas diárias, o período total, dedicado à escola e à
ocupação. [sic] (BARRETO, 1948, p. 821-2)
higienista. Com estas propostas nas mãos, eles colaboram na pressão social
131
grande riqueza das nações. Os higienistas sempre alertavam para este
o interesse dos industriais, eles viam como sua obrigação primeira o zelo pela
que não é fácil afirmar, como fazem diferentes autores, que os interesses
132
em voga sobre raça. Influenciados, sobretudo, por todo um contexto que
Educação.
de seus objetivos.
133
4. A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS HIGIENISTAS
mentalidade da Educação Física, que, por sua vez, foi influenciada pelos ideais
higienistas. Por que e como isto acontece? A resposta para esta indagação
de uma forma irracional, que mais poderia debilitar o homem do que prepará-lo
134
fisicamente. Segundo os higienistas, era necessário metodizar a ginástica,
Mas até mesmo entre os fisiologistas não havia nenhum acordo sobre qual
135
Em 1900, Marey foi designado para encabeçar uma Comissão de
regulamento passa a ser adotado no exército, e também nas escolas, fato que
fadiga. Ele tenta ser construído respeitando estes princípios. Por exemplo, na
136
A prática destes exercícios colaboraria na formação de um homem
desenvolvimento econômico.
Brasil
viam o método francês como o mais científico e as atividades físicas como uma
137
Em primeiro lugar, o discurso dos intelectuais brasileiros, a partir da
O povo brasileiro não era debilitado por natureza biológica, apenas estava
social, dizendo como ela deveria ser feita. E é na constituição deste plano de
como hábito higiênico. Por exemplo, João de Barros Barreto dizia que os
musculares, que deveriam ser regrados, sem abusos, para que trouxessem
Ele segue na descrição dos vários motivos que deveriam convencer o homem
(BARRETO, 1948).
138
ao esforço requerido, um rendimento mais nítido do trabalho solicitado, enfim,
elites. Mas, como vimos anteriormente, o discurso em torno da fadiga não era
interesses do trabalhador.
melhor educado. Contudo, houve grande resistência por parte dos empresários
higienistas.
15
Cf. os manuais de higiene da época.
139
De fato, nos parece que alguns higienistas pretendiam reeducar os
principal dos higienistas era conservar e aprimorar a energia social. Era preciso
termos da época. Assim, a Educação Física, sem ter outra escolha, fazia parte
1953, p. 90).
140
demoraram em adotá-lo como modelo no Brasil, até que fosse elaborado um
método brasileiro.
141
auxiliassem na resolução dos problemas da sociedade. Deste modo, seria a
disciplinas como Higiene e Biologia, ela teria como objetivo o ensino dos
preceitos higiênicos que significavam muito mais que normas profiláticas, mas
consolida neste projeto aqui descrito, que via na saúde individual e coletiva o
Assim, esta área aceita este papel, tendo a saúde como o seu
Física.
falta de cuidados com sua própria saúde seria um crime ou pecado físico16. O
indivíduo que agisse dessa forma estaria cometendo um pecado que não só o
Podemos entender, desta forma, que o interesse pela saúde era cada vez mais
16
Esta idéia tem origem nos pensamentos de Hébert Spencer (LOVISOLO, 1999a).
142
A Revista Educação Physica apontava, em 1937, que a grande
opção era esta última, ainda restava escolher o melhor método ginástico.
17
Cf. MARINHO, Inezil Penna. Os clássicos: Spencer. Revista Educação Physica, Rio de
Janeiro, n. 73, 1943.
143
Por outro lado, Georges Hébert apontou os perigos morais do
saúde moral e física acaba se perdendo. Assim, para que o Esporte tivesse um
benefícios morais:
144
A oposição entre Ginástica e Esporte passa a ser substituída pela
Então, o que diferenciava as propostas dos métodos ginásticos não eram seus
no início do século XX, tinha como objetivo melhorar a saúde, que estava
145
que o diferenciava dos outros era sua proposta de intervenção. Seu ponto
ambiente.
tese e refutando outras. Com isso, Hébert também direcionou críticas aos
correr) sem ter uma preocupação exagerada com o gesto, mas sim com a
Educação Física preocupava Hébert. No seu ver, um método não poderia ser
área, não era contra a saúde como objetivo principal da Educação Física.
Sueco. Sua criação dá-se no início do século XIX, tendo como idealizador
texto.
146
estética, o método estava completo. Contudo, o eixo principal era a ginástica
pedagógica, como alude Ling: “Dos quatro tipos de ginástica, o que mais
Educação Física não discutiam. Para alcançar este objetivo, para a maioria, o
de se ter a idéia que nenhum método seria melhor para o povo brasileiro do
que um nacional.
147
elaboração de um método nacional18. Estas idéias eram aceitas por todos, mas
racial da população.
18
Cf. Loyola, Hollanda. Para um método nacional. Educação Física, Rio de Janeiro, n. 39,
1940. e Marinho, Inezil. Método Nacional de Educação Física. Educação Física, Rio de
Janeiro, n. 85, 1945.
148
A intervenção de Azevedo era pautada na democratização da
abaixo:
de novos hábitos, que, por sua vez, construiriam um novo homem brasileiro
149
(GÓIS JUNIOR, 1998). Este seria apto ao trabalho, saudável, disposto e
pedagógico é patente. Azevedo quase não pensa a Higiene sem ela. Segundo
não poderia auxiliar seu projeto, pois nele, a ginástica seria obrigatória,
higiênicas. Assim sendo, a escola tradicional não serviria a este fim, devido às
área, onde estes pudessem aprender os métodos científicos dela. Sem dúvida
precária em sua época, da Educação Física (AZEVEDO, 1934; 1920). Ele foi
isto, o seu melhor instrumento pedagógico era a Educação Física. Mas nem
por este motivo, foram poupadas críticas por parte dos professores galtonianos,
150
caracteres adquiridos, como valores educativos e robustez, não eram
Educação Física perde o sentido em sua proposta. Nela, aquela área teria
base fundamental que é a saúde? Por isto, ele afirmava que a Educação Física
151
responsável: a falta de exercício físico (ARENO, 1941). Daí a importância da
que seria? Na sua opinião, seria a Eugenia, nos termos de Galton, ou seja,
doentes mentais, criminosos, tarados, nos termos dos galtonianos. Com isto, o
152
pacientes investigações em que o homem interesseiramente gasta sua
inteligência em observar, experimentar e raciocina para aperfeiçoar
esses animais. (...)
Entretanto, sem descrer da hereditariedade de caracteres
bons ou maus de robustez ou de fraquezas orgânicas na sua espécie, o
homem não faz uso em si mesmo da ciência que aplica para selecionar
animais. Esquece que traria reais benefícios para sua descendência se
assumisse uma atitude eugênica quando tivesse de contrair núpcias. Ao
invés de controlar suas impressões e sentimentos afetivos por
raciocínios, em face de observações e investigações mórbidas na
pessoa e na ascendência de quem é objeto de suas inclinações, ele
deixa-se levar só pelo coração, ou usa o cérebro para previsões
estranhas aos interesses da saúde da prole. Do ponto de vista
eugênico, casa-se às vezes bem, por acaso, outras vezes mau,
conhecendo ou não as predisposições hereditárias do outro cônjuge.
(BUSCH, 1943, p. 58)
métodos nunca foram seguidos no Brasil. Mas, sem dúvida, tiveram influência
como encontramos na bibliografia brasileira anterior aos anos 20. Como estes
uma, nem por outra. Podemos constatar isto nos periódicos da época, que
153
divulgavam as duas teorias como em um debate democrático. Além disso, as
higienistas
dos pilares da Educação Física. O seu objetivo, com isto, era o de aprimorar a
publicados que revelam uma preocupação com cada uma dessas orientações.
mostrar como deveria ser a escolha dos alimentos, anuncia o seguinte: “sem
154
nutrição não póde haver vida. Della depende o crescimento e desenvolvimento
do corpo” (EDUCAÇÃO PHYSICA, n. 16, 1938, p. 65). No que diz respeito aos
cuidados com o asseio corporal, prescreve como deve ser o banho, como
nosso povo, uma condição almejada desde o século XIX e que, agora,
enfatizando que: “A belleza, em seu mais amplo sentido, não se limita aos
155
simples traços do rosto, preconceito ainda em voga. É, sim o desenvolvimento
corpos.
seja o início da inculcação de uma relação das pessoas com o próprio corpo,
com a saúde e com a beleza física expressa nas colunas e nas imagens da
156
estavam presentes na Europa. Na realidade, tais preocupações começam a
na virada do século XIX para o século XX. Segundo Mary Lucy del PRIORE
relacionam com o seu próprio corpo, colocando o seu cultivo como o centro de
toda a vida pública e privada, tal como mostra Antoine PROST (1992),
as roupas usadas pelas pessoas a partir desse período teriam se tornado mais
157
revista é publicada, ou até um pouco antes. A higiene do povo tornava-se
higiênicas. Segundo PAGNI (1997, p. 68), houve no início do século XX, “uma
culturais.
atinge as classes mais privilegiadas, mas para que este projeto realmente
tivesse êxito, era preciso a democratização da Escola, para que estes hábitos
158
corpo, mas sem dar vazão àquilo que a moral da época considerava
permitiu com que esta relação com o corpo e a sua exposição pública, pregada
autocontrole das emoções durante esse período foi o esporte. Outros, foram
ordens de seu mestre, não sendo nem faltoso ao cumprimento de seu dever e
exemplo a ser seguido pela sociedade em geral, que deveria, acima de tudo,
gentleman.
159
A revista também se preocupava com a formação de uma elite que
líder deveria ser altruísta, “leal a sua instituição e seu grupo” e nunca trair.
para não deixarem de lado sua formação intelectual. Isto pode ser verificado
Nestes termos:
160
5. O NOVO HIGIENISMO NOS ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA
o rótulo de Higiene. Isto pode ser explicado, primeiro, pelo fato dos hábitos
Aos poucos, seus membros percebem que aquele rótulo já não mais
Higiene, fato que para ela poderia representar uma possível cisão na SBH,
161
organização do movimento higienista, já a partir da década de 40, tem origem
distintas”.
Universidade de São Paulo (CANDEIAS, 1998). Isto pode ser explicado pelo
162
5.2 O Novo Higienismo Social
educação em saúde.
163
estatal mais decidida nos setores sociais, através de planos integrados, nos
países industrializados. A busca pelo corpo saudável até este momento tem
capita dos Estados Unidos de 1860 a 1920, porém, a acumulação ainda não
164
máximo. A realidade inescapável, na virada do século, de serem a
pobreza, as doenças, o vício e o sofrimento fenômenos urbanos de larga
escala, e sintomas de uma moléstia social de raízes mais fundas, tornou
impossível sustentar confiança nessa crença. Desde o rastilho de
descontentamentos e desordens na Inglaterra, na América, na Alemanha,
e em outros países, uma onda de opinião dissidente se ergueu, e se
converteu em programas de reforma. Embora as origens desses
movimentos variassem de país a país, houve em todos um afastamento
da ordem da livre competição, do liberalismo; em grau maior ou menor, os
reformadores aceitavam a necessidade da interferência do Estado.
(ROSEN, 1994, p. 255)
indivíduo afastar-se destes. Há, desta maneira, mais um paradoxo nos ideais
fumo.
165
Quando a saúde passa a ser considerada uma questão de
papel de educação para a saúde, e, como já foi mostrado, ele acatou este
cometia um pecado físico contra a nação (coletivo), hoje, temos que ter auto-
166
individualização na conquista da saúde. Porém é na vertente do higienismo da
pessoas passam a se preocupar mais com os seus corpos do que com outros
fatores que também poderiam trazer satisfação e felicidade. O corpo passa ser
Sentir-se bem com o próprio corpo passa a ser um ideal, o centro do prazer
(PROST, 1992).
biológicos e suas metodologias são os focos centrais dos seus estudos, que
buscam melhorar a condição de vida das pessoas mesmo que, por certas
167
democratização dos mesmos. Esta tendência tem início nos Estados Unidos, e
autoridade religiosa. Mais tarde, estas condições vieram a ser vistas como
crimes, para depois serem vistas como enfermidades. Claro que pecado, crime
pediatria.
168
Logo, o fenômeno de medicalização, que se preocupava com os
definição, é difícil imaginar qualquer aspecto de vida humana que esteja fora
intimamente ligados à doença e aos fatores de risco. Este fato foi tão marcante
sedentarismo.
169
causador, e sim múltiplos fatores que levam à doença. Assim, a partir da
19
Cf. BREWER, Sarah. Saúde e alimentação. São Paulo: Manole, 1998, 80 p.
170
“novos higienistas”, nunca na história da humanidade se precisou tanto das
destruindo, pois este estilo de vida leva as pessoas a um caminho sem volta, o
doenças, dentro de sua visão, ficou clara. Fica sendo responsabilidade de cada
Jürgen Weineck.
circulação.
No fim dos anos 60 e início dos anos 80, Cooper publica dois livros,
171
Nestes dois primeiros livros, Cooper parece pretender reunir todos
exercício físico. Não se deve desistir, e sim, resistir, é preciso subir a montanha
para admirar-se com a vista no topo. Esta idéia é identificada por LOVISOLO
(1998) como uma atitude estóica, ou seja, a ação que exige esforço passa a ter
172
treinar, se ele corre, devemos correr e assim por diante. Embora Cooper
brotaram no mundo afora. A saúde passou a ser vendida para quem pode
comprar.
saúde pública, que conceitua a saúde como algo palpável, mensurável. Através
173
pesados, com uma estrutura basicamente rural e fisicamente ativa, numa
A vida está se tornando cada vez mais fácil em seu ponto de vista.
acesso. Prefere, em resumo, questionar: “será que lucramos alguma coisa com
(por exemplo, um simples resfriado ou uma cefaléia de tensão), fará com que
174
que a inatividade física e a condição cada vez mais sedentária de nossas
alterando seu estilo de vida por completo para a obtenção de hábitos saudáveis
disponíveis sobre o que a atividade física pode fazer para prevenir e tratar esta
doença ou condição, ele termina sua introdução afirmando que “a aptidão física
é bem mais do que a simples ausência de doença e que a boa forma física
175
Fica bastante aparente que o conceito de saúde de Pollock
quando pouco se fala sobre o social é apenas uma estatística fria. Estas
que a aptidão física é uma maneira segura de se obter saúde, a idéia que se
tem neste momento é que basta a pessoa alcançar os índices físicos que
atribui ao exercício físico uma relação positiva de causa e efeito com a Saúde,
fato que já não é unanimidade nem na área da Educação Física, mas nos
176
Weineck, sem rodeios, vislumbra sobre sua preocupação central: as
saudáveis, vícios) e endógenos (fatores de risco como alta pressão arterial, alto
exercitado.
pessoas sedentárias, este risco aumenta ainda mais depois dos 40 anos.
para saúde com esta premissa, ele evidencia que seu conceito de saúde,
também é restrito à saúde do corpo, que, ao seu ver, pode ser quantificada e
treinada.
177
Contudo, é compreensível que Weineck, como indivíduo nascido e
brasileiros.
178
6. OS SEGUIDORES BRASILEIROS DA SAÚDE FÍSICA: A TESE
século XIX.
179
A base desta tendência é divulgar novos hábitos que não têm
alerta para a necessidade de o indivíduo mudar seus hábitos, ele não está
afastar dos vícios, dos maus hábitos. É necessária uma mudança de atitude,
uma melhor qualidade de vida. Ele está cumprindo seu ideal. É isto que
“movimento higienista” pelo que ele tinha e tem em comum, ou seja, o objetivo
homogeneidade.
Mas não discutem como tornar tudo isto acessível à população mais pobre,
180
indústria esportiva, das empresas seguradoras de saúde e dos especialistas.
física, nutrição, com terapias, criando toda uma rede de profissionais da saúde
brasileiros que associavam saúde e aptidão física, na maioria das vezes eram
da seguinte forma:
181
ministrados em quase todo país, pude notar a deficiência e dificuldade de
conseguir bibliografia atualizada. Mesmo quando eu carregava comigo
este material, muito pouco uso dele era feito, por se tratar de publicações
em línguas estrangeiras. (BARBANTI, 1988, p. 3)
país.
uma prática de exercícios físicos que congrega toda a família. Essas sessões
182
da população brasileira nos seus diversos aspectos: social, educacional,
cultural e econômico. (GUISELINI, 1985, p. 9)
diferenciada.
país. Milita na área do Treinamento Desportivo, onde é autor de livros com boa
de 80, “Aptidão Física: um convite à saúde”. Ateremo-nos mais a esta obra por
183
técnico de atletismo da Universidade de Oregon, chamado Bill Bowerman,
Estados Unidos. Na sua descrição, apontou que Kenneth Cooper foi o grande
etc. (BARBANTI, 1990). Esse fato revela que Barbanti identificou em Cooper
Saúde, que, segundo ele, mede a qualidade da saúde que pode ser
no outro, ele estaria com uma saúde ótima, com grande capacidade funcional
em seu texto.
184
o autor, existem muitas maneiras de se comparar o corpo humano a uma
palavras:
185
equilíbrio causado, por exemplo, por hábitos alimentares errôneos ou
passo que a sociedade se modernizava e a vida das pessoas ficava mais fácil
física ainda era uma questão em debate, mas afirmava que ela melhorava a
qualidade de vida das pessoas ativas. Para ele, a comprovação disso estava
evidente pela participação das pessoas de meia idade e idosos que entraram
termos:
20
Como veremos nos próximos capítulos desta tese, esta teoria ainda não é comprovada
cientificamente.
186
O exercício é a verdadeira fonte de juventude. É uma
grande mentira que a vida começa aos 40, como é uma grande mentira
que ela deveria terminar por aí em termos de atividade física. A imagem
do vovô e vovó sentados na cadeira de balanço, está sendo substituída
pelo vovô e vovó jogando tênis ou correndo maratonas. (BARBANTI,
1990, p. 115)
benefícios da vida ativa não é condenável. Contudo, o que pode ser criticado é
a atividade física regular poderia ser capaz de retardar o declínio fisiológico que
das atividades físicas. Para isso, ele não estava sozinho, existia todo um
cadáver:
21
Apresentaremos este conceito mais adiante.
187
2. RENUNCIE A QUALQUER ATIVIDADE FÍSICA NO FIM DE
SEMANA... MELHOR É FICAR EM CASA VENDO TELEVISÃO,
DORMIR MUITO, DESCANSAR!!
3. NUNCA ANDE A PÉ, MESMO SE TIVER QUE IR DE UMA ESQUINA
A OUTRA... AFINAL, PRA QUE SERVE O AUTOMÓVEL?
4. SEMPRE QUE PUDER, FIQUE SEM FAZER NENHUM
MOVIMENTO... ASSIM VOCE NÃO GASTA ENERGIA!!!
5. QUANDO TIRAR FÉRIAS, PASSE O DIA TODO DEITADO,
SENTADO, PARADO, AFINAL... NINGUÉM É DE FERRO!!
6. JAMAIS SUBA OU DESÇA UMA ESCADA... POR QUE
INVENTARAM O ELEVADOR?
7. COMA BASTANTE, BEM MAIS DO QUE VOCÊ PRECISA, ASSIM
ESTARÁ GARANTINDO QUE DE FOME, VOCÊ NÃO MORRE.
8. APROVEITE TODAS AS DELÍCIAS DA VIDA. INGIRA MUITO
ÁLCOOL E FUME BASTANTE... É ELEGANTE.
9. SE ALGUM AMIGO CONVIDÁ-LO PARA JOGAR BOLA, CORRER,
JOGAR TÊNIS OU NADAR, FUJA DELE... ESCOLHA MELHOR SUAS
AMIZADES.
10. E SE ALGUÉM CONVENCÊ-LO A FAZER ALGUMA ATIVIDADE
FÍSICA, CUIDADO... NÃO DEIXE QUE ISSO SE TRANSFORME NUM
HÁBITO. Faça tudo isto. E descanse em paz. (BARBANTI, 1990, p. 139-
140)
188
Outro autor importante nesta corrente, a partir da década de 80, foi
Turíbio Leite Barros Neto. Médico e fisiologista, Barros Neto destaca-se com
Devemos observar que estes autores, na história, têm de dez a vinte anos na
símbolo inexorável da saúde física. Este autor diz que quem tem que fazer
atividade física como opção de saúde física e mental devem respeitar seus
dor. Ninguém precisa e nem deve sofrer ao fazer exercício (BARROS NETO,
1997).
dos hábitos mais saudáveis que se podia recomendar. No entanto, o fato das
o preocupava. Afirma:
189
Infelizmente, a maioria das pessoas que procura iniciar a
prática de exercícios em academias ou clubes se preocupa muito mais
com a estética do que com a saúde. É possível conciliar um corpo
bonito com um coração saudável? Claro que sim.
Devemos, entretanto, entender que nem sempre os
exercícios que fortalecem ou torneiam os músculos são saudáveis para
o coração. A realização dos exercícios contra-resistência nos aparelhos,
tão comuns nas academias, deve ser sempre acompanhada de
exercícios aeróbios como caminhar, pedalar, correr, nadar, etc.
A combinação adequada dos exercícios de força e dos
exercícios aeróbios levará, sem dúvida, ao fortalecimento dos músculos
com melhora da estética corporal e contribuirá para manter o coração
saudável e prevenir as doenças cardíacas. (BARROS NETO, 1997, p. 7-
8)
Cooper, que, segundo ele, muito havia contribuído, a partir do final da década
de uma melhor qualidade de vida e talvez – por ter a consciência de que esta
190
tese não é comprovada no rigor científico – retardar os efeitos do
NETO, 1997).
qualidade de vida. Para ele, a atividade física no idoso traria benefícios como a
atividade física na terceira idade têm cada vez mais se difundido na população
prática de exercícios físicos era o objetivo idealista de Barros, pois para ele,
191
Este autor das décadas de 80 e 90 concentrou seu discurso na
que em outros tempos (na Idade Média) ser gordo e pesado era uma distinção
social, pois trabalho duro e alimentação escassa, sem luxo, conferiam peso
quantidades de gordura eram tidas como referência de beleza. Para ele, tal
192
Aliadas a isso, evidências têm apontado que o excesso de
gordura e de peso corporal, por si só, induz a graves disfunções
orgânicas, congrega-se a um conjunto de doenças associadas e
aumenta a probabilidade de limitações funcionais e morte prematura.
Assim, seja com finalidades estéticas ou com objetivos de manutenção
e promoção da saúde, o controle do peso corporal passou a constituir-
se em importante preocupação do homem moderno. (GUEDES, 1998, p.
9)
Corpolatria”, que era egoísta dispensar horas e horas ao seu próprio corpo
com objetivos estéticos (CODO & SENNE, 1983). Este quadro resultou na
preocupava este novo higienista, pois sabendo que em muitos casos o objetivo
193
porque indisciplina o uso de produtos dietéticos e multiplica as
carências nutricionais e porque aumenta os custos com prestações
sociais por incapacidade e com tratamentos para resolver
complicações das reduções bruscas de peso corporal. O controle do
peso corporal também se torna novo problema clínico porque as
restrições dietéticas violentas provocam desnutrição, com todas as
suas complicações, porque a utilização indiscriminada de fármacos
para redução do peso corporal agrega complicações de forma até
agora desconhecidas, porque se multiplicam perturbações
psicoemocionais e surge nova patologia comportamental em
conseqüência da insatisfação com a imagem corporal e com o desejo,
muitas vezes frustrado, de redução do peso corporal. (GUEDES, 1998,
p. 9-10)
no comportamento.
194
Contudo, Guedes tornou sua intervenção mais coletiva no momento
Física na Escola.
1999). Diante destes fatos, o autor defendeu que as aulas de Educação Física
mas não tinha inserção no meio escolar. Ele observou que outros profissionais
195
Guedes já pertencia a uma corrente que desvinculava o Esporte de
desempenho da Saúde.
Eles pensavam que o conceito se referia a uma maior vigilância sobre todos os
a OMS defende a saúde como um conceito amplo que diz respeito ao bem
196
aumento na prevalência da obesidade e do sobrepeso nos diferentes
segmentos da população brasileira. (GUEDES, 1998, p. 19)
brasileira é desnutrida.
longe da realidade descrita. Afinal, até o fim do século XX, o Brasil convivia (e
ainda convive) com problemas sociais graves, como a fome, que é retratada
197
integra essas informações e emite mensagens para cessar a ingestão
de alimentos.
O excesso de gordura e de peso corporal é reconhecido
como importante fator de risco predisponente ao aparecimento e ao
desenvolvimento de disfunções orgânicas que elevam acentuadamente
os índices de morbidade e mortalidade, o que vem resultando em
preocupação constante na área da saúde pública. (GUEDES, 1998, p.
143-6)
longevidade? Para quê, se sua vida não tem qualidade? Além disso, também
que, no mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a População, três
22
Cf. Informação retirada de: Veja, São Paulo/Rio de Janeiro, n. 1.617, p. 87, 29 set. 1999.
198
6.2 Da fadiga ao estresse
Este deslocamento dos ideais higienistas pode ter sido causado pelo
Pública. Por exemplo, a partir dos anos 30, o governo brasileiro passou a
projeto coletivo que, a partir dos anos 70, se individualiza cada vez mais. Na
199
a conviver com esse mal que aflige, diariamente, milhares de pessoas.
Os exercícios podem ser uma opção. As recentes teses têm dado uma
importância significativa à prática regular de atividade física como meio
de combater o estresse.
Ao participar de um programa cuja meta é melhorar a sua
qualidade de vida, você vai verificar que o exercício:
- ajuda a controlar o estresse e reduz a tendência à
depressão: você enfrenta com mais coragem e disposição os problemas
diários. Melhora, inclusive, o seu humor. As pessoas que se exercitam
tendem a ser mais alegres e dinâmicas. (GUISELINI, 1996, p. 18-9)
regular o estresse por causa dos seus benefícios psicológicos. Para ele, outro
onde possa haver prazer e convívio social, mas por que, necessariamente, a
200
Os novos higienistas da saúde física falavam do estresse como se
sociais.
201
6.3 A tese do combate à doença na Saúde Pública
da Bacteriologia e da Epidemiologia.
202
situação do momento mas não retrata a evolução do fenômeno; não
basta, assim, para avaliar ações de saúde, muito menos para justificar
modificações.
Inegavelmente os indicadores estão, ainda hoje, em nível
muito inferior ao que todos desejaríamos ver.
O registro puro e simples dos atuais índices, sem
aprofundamento na análise de sua tendência, leva com freqüência a
apreciações fragmentárias e superficiais, de caráter negativista, gerando
o desânimo e o pessimismo.
Necessário é examinar em profundidade, identificar, dentro
da série histórica, a evolução dos indicadores de saúde e reconhecer os
progressos registrados. Só então haverá condições para criticar o que
foi feito e, sobretudo, para sugerir alternativas mais eficazes. (GEISEL,
1977, p. 19)
forma como o número de postos de saúde e hospitais. Porém, ainda era claro,
Mota:
203
justificadamente, ocuparão maior tempo e mais largo espaço para a
análise do seu comportamento epidemiológico e para que se reavive o
conhecimento dos meios que, se vem utilizando no seu combate.
Outro grupo de doenças endêmicas, menos expansivas
porque apresentam distribuição focal predominante, mas de real
importância em saúde pública, está incluído nos programas das grandes
endemias: são a leishmaniose, peste, filariose e tracoma; sendo que as
duas primeiras, como se sabe, podem apresentar formas anátomo-
clínicas severas e surtos epidêmicos.
É de se destacar, também, a febre amarela, incluindo a
vigilância contra o vetor urbano, o “Aedes aegypti”, pelos exaustivos
trabalhos profiláticos que exige.
Há de se lembrar, também, que ao lado d'essas entidades
mórbidas de caráter endêmico, ter-se-á que perfilhar a tuberculose e a
hanseníase, que retratam não menor faixa de transmissão.
(...)
A definição da problemática das grandes endemias, a sua
delimitação geográfica, o levantamento dos seus índices e indicadores
epidemiológicos, o equacionamento das medidas para o seu combate,
com a estratégia e as táticas peculiares a cada uma, bem como os
resultados colhidos até aqui, formam o contexto desta apresentação.
(MOTA, 1977, p. 31)
Belisário Penna não tiveram eco naquela conferência, muito menos o teor
204
que pretendia mostrar os perigos da veiculação de tais idéias, mesmo
alerta para o fato de a área de Saúde Pública não dever opinar sobre questões
que, para ele, estão fora de seu campo de intervenção. Podemos observar
Seixas:
205
O governo militar, mesmo atrelando suas políticas a uma Medicina
Mas nossa história não termina por aqui. Até agora poderíamos
uma oposição velada em plena ditadura, é com o fim dos “anos de chumbo”,
206
7. REDEMOCRATIZAÇÃO E CRÍTICA DA SAÚDE FÍSICA
1990. Contudo a liberdade de expressão já reinava no Brasil dos anos 80, que
anos 70.
Com isto, tudo que havia sido sufocado volta à tona. O movimento
nova classe média cantando um Rock nacional com temas sociais. Surgem
Sucesso, Engenheiros do Hawaii, Titãs. Hoje, as pessoas que têm por volta de
40 anos e outros vitimados por tragédias pessoais, nos anos 80, representaram
207
7.2 O Movimento Sanitário
grupos humanos.
208
A proximidade do discurso dos novos higienistas do movimento
século XIX, como fez Jairson Silva Paim, ao referir-se a Rudolf Virchow:
estes princípios. Para ele, a saúde para todos é um conceito global cuja
(1989).
209
Este movimento sanitário, a vertente de esquerda do novo
movimento mais amplo. Isto pode ser visto como o prenúncio de uma tentativa
civil, que, por seu caráter prolongado, foi chamada metaforicamente por
Gramsci de "guerra de posição”. Para o setor saúde, Gallo via uma íntima
210
vinculação desta teoria gramsciana com o quadro vigente da saúde pública no
muitas vezes eram escritas não por historiadores, mas pelos próprios
capitalista, sustentando sua narrativa no uso das instituições médicas por parte
Para ele, o governo da República Velha tinha concedido poder político aos
amarela, febre tifóide, entre outras, era eliminar uma série de constrangimentos
211
impostos pelo quadro sanitário ao desenvolvimento das principais cidades
econômicos? Ou, havia ideais subjacentes a esta lógica que interferiam nos
rumos desta história, como por exemplo, a vocação de defesa da vida, à qual
sobre o espaço urbano, sobre o modo de vida dos indivíduos e sobre a própria
212
infestação do Aedes aegypti estão em locais carentes de infra-estrutura urbana
sociais.
Emílio Ribas em São Paulo, identificando o período entre 1900 e 1920, como
marcos temporais desta intervenção. Para ele, Emílio Ribas, além de ter
campanhas e da polícia sanitária. Ele afirma que o principal alvo das práticas
estes objetivos.
213
Este autor não esconde o fato de Geraldo Horácio de Paula Souza,
esconde o mérito dos pressupostos de Paula Souza e nem o fato de ele ter
sido Diretor Geral do Serviço de Saúde Pública no Estado de São Paulo entre
1922 e 1927.
higienismo não era a construção de uma narrativa histórica precisa, mas sim de
214
uma que não era contada na ditadura. O intuito era mostrar e denunciar a
vez, aberta não somente para profissionais da saúde, mas para os diversos
Desde o início do século sabia-se que era mais barato investir na prevenção do
papel da Educação na Saúde, mais uma vez é alardeado, assim como faziam
215
importantes e que deveriam vir em primeiro lugar, não mereciam a
aplicação das contribuições diretas do operário e deveriam ficar sujeitas
à variável escala de prioridades adotada por governos que, por longo
tempo, consideraram de escassa significação os problemas sociais.
(SANTOS, 1986, p. 16)
conceitos sobre a Saúde no Brasil, que, como vimos, atendia a uma realidade
modelo econômico mundial. O objetivo era justiça social, que, como se sabe,
comunista.
216
Sobre a questão dos conceitos de Saúde, a fala do então Presidente
da Fundação Oswaldo Cruz, Antônio Sérgio Arouca, foi definitiva. Seu conceito
parafraseando a OMS, tinham uma outra visão sobre o conceito, que tendia à
nos últimos anos, colocado pela Organização Mundial de Saúde, foi também
criticado por seus termos muito genéricos e abstratos. Ele não poderia servir de
momento de transição. Para ele, saúde não é apenas ausência de doença, não
doença, saúde deve ser entendida como bem-estar físico, mental e social
(AROUCA, 1986).
os novos higienistas sociais, um povo com saúde deveria ter direito a uma
217
reprodução humana saudável, e a uma habitação que não fosse a casa do
barbeiro, nem um mangue com seus caranguejos, mas um lugar que permitisse
Uma boa descrição da trajetória deste conceito foi feita por Juarez
CAMPOS et al. (1987). Ele explica que Galeno conceituou Saúde como um
cada idade.
referiu à saúde como qualidade vital que permite ao indivíduo viver mais e
vida mais rica e mais útil à humanidade (CAMPOS et al., 1987). Embora aqui o
conceito ainda guarde consigo uma visão biológica da saúde, percebemos uma
218
vislumbra a idéia de Perkins, de que a Saúde é um relativo equilíbrio de forma
ótimo de vitalidade física, mental e social, que surge como decorrência da ação
enfermidade”.
219
anseios dos novos higienistas estavam sendo plenamente alcançados. Para os
Em suas palavras:
220
encarada não em termos de indivíduos isolados, mas de uma
população que apresenta segmentos sociais vivendo em condições
diferenciadas. Assim, quando se analisa como enfermidade ocorre e
se distribui na população descobre-se que o fato de ela se
individualizar em determinados organismos biológicos é, em grande
parte, uma conseqüência de serem esses organismos membros
participantes de determinadas relações sociais. (PEREIRA, 1986, p.
29)
estavam percebendo, cada vez com maior clareza, que a explicação das
que o corpo era algo indissociável da alma e do homem. Sendo assim, não
dicotomizado. Ao dar este passo, a Medicina atualiza seus conceitos. Por isso,
Pereira defende que ainda que, como fenômeno biológico, a doença possa ter
esse homem é uma abstração, algo que não existe. Ele relata que:
221
enriquecida do conjunto do qual se partiu. Só quando se tem um mínimo
de percepção dos fatores sociais produtores da enfermidade é que se
pode compreender porque a presença da causa necessária de uma
doença não necessariamente a desencadeia se não estiverem
presentes as condições suficientes para que ela exista. É nesse sentido
que se pode dizer que a verdadeira causa da tuberculose são as
precárias condições de vida e não o bacilo de Koch. (PEREIRA, 1986, p.
32)
fatores multicausais.
influenciada pela saúde física, recebeu nos anos 80 estes novos conceitos?
de saúde dos anos 70, a Educação Física ganha em diversidade e debate. Isto
222
(...) cultivar a Educação Física como elemento de saúde
teria alguma validade se as condições sociais e humanas para a prática
dessa atividade fossem consideradas e respeitadas, no tocante à
alimentação dos alunos, às condições de higiene na escola, recursos
materiais disponíveis, os salários dos professores e outros aspectos
didático-pedagógicos e materiais. (CARMO, 1985, p. 33)
disse que se alguém não seguisse esta vertente teórica na PUC teria sérias
similaridade de idéias.
23
Deve-se fazer justiça a pensamentos da década de 70 que traziam certa diversidade à área,
como o movimento Esporte para Todos e a Educação Física Humanista, como exemplos
representativos.
24
Lino faz estas considerações em entrevista a Amarílio Ferreira Neto. Cf. FERREIRA NETO,
1996, p. 206.
223
Deste modo, o discurso de antítese da Educação Física foi
elaborado nos limites da Pedagogia. Fato que acarretou, por parte desses
Freire, por exemplo. Ao criar uma nova proposta de Educação Física Escolar,
estes intelectuais, que não chamaremos de higienistas, pois seus objetivos não
revolucionário.
os ideais da saúde. Autores como Valter Bracht e João Paulo Medina, sem
nessa área.
uma leitura do marxismo pelo viés das teorias da Educação, como a concepção
uma contra-hegemonia. Este axioma ia contra uma tese muito aceita no campo
224
das Ciências Sociais, que era cético a um projeto da Escola que não
1994).
elaborar estudos para uma nova Educação Física, que elegeria como seus
para mudar o status quo. No que tange à Educação Física, deveriam construir
225
formado por Lino Castellani Filho, Carmem Lúcia Soares, Valter Bracht, Celi
toda a sua história vinha sendo atrelada aos interesses dominantes. Eles
mais influentes na Educação Física da década de 80. Além disto, seus escritos
226
dualista ou pluralista do homem, e, tendo como uma de suas características a
valorizando a última. Por esta razão, quando trabalha o corpo, faz isto de
227
Valter Bracht ainda reforça esta idéia. Parafraseando BRACHT
termos:
228
valorização do social em conjunto com o biológico, Bracht quer a substituição
saúde. Ele conta que na época do Império, por exemplo, a nossa educação era
nível de saúde e higiene da população escolar. Para ele, esta concepção ainda
de ginástica seja ainda hoje a grande meta da Educação Física significa estar
deveria a Educação Física rever sua prática. É neste momento, que toma como
229
considerando o moderno conceito de 'um estado de completo bem-estar
físico, mental e social", este seu sentido pode não estar contribuindo em
nada para um ato educativo mais eficaz. Se algo não se processar na
consciência do professor e do aluno, tal conceito continuará tão vago
quanto qualquer outro de épocas anteriores. É preciso, antes de mais
nada, que se entenda visceralmente o que é este estado de completo
bem-estar físico, mental e social. (MEDINA, 1995, p. 59-60)
na década de 80.
Ela colheu bons resultados desta diversidade, mas também uma certa
230
trabalho, Hugo LOVISOLO (1998)25 apontaram muitas lacunas na produção da
com propriedade:
25
Ademir Gebara (1994) e Luís Alberto Pillati (1994) questionaram a questão da periodização
política adotada pela “História Crítica”. Pedro Ângelo Pagni, em “História da Educação Física
no Brasil: notas para uma avaliação” (In: FERREIRA NETO, 1995), faz uma crítica sobre a
produção de Fernando de Azevedo, Inezil Penna Marinho e Lino Castellanni Filho sobre
história da Educação Física, ressaltando lacunas na historiografia destes autores. Hugo
Lovisolo, em “História Oficial e história crítica: pela autonomia do campo” (In: Coletânea do VI
Congresso Nacional de História da Educação Física, 1998), vê semelhantes essas duas formas
de escrever história na Educação Física Brasileira, pois estiveram da mesma forma
preocupadas mais com a legitimação de uma pedagogia do que com a reconstrução da
história.
231
Concordamos com a análise de Caparroz. Não precisamos
por muitas vezes, higienistas como Fernando de Azevedo, Miguel Couto entre
232
E não se trata aqui de minimizar ou mesmo ridicularizar os
personagens e pioneiros que, no passado, trabalharam e lutaram pela
ginástica, pelo esporte ou pela Educação Física e, de uma forma mais
ampla, por uma cultura física. Se, por exemplo, Per Henrik Ling possuía
uma visão acentuadamente anatomista do movimento do homem, isto
não quer dizer que sua contribuição tenha sido pouco relevante para a
evolução da Educação Física em todo o mundo ocidental. Este mestre
sueco foi de fato um dos decisivos precursores de uma Educação Física
realmente científica, preocupada em ampliar as possibilidades da
atividade física e educativa de sua época. Como igualmente importante
foi o papel do pedagogo inglês Thomas Arnold, ou do francês Pierre de
Coubertin para o desenvolvimento do esporte como fenômeno educativo
e cultural, apesar das críticas que se possa fazer hoje às posições
político-sociais de ambos à luz dos conhecimentos atuais. Da mesma
forma temos que reconhecer e reverenciar a lucidez de um Rui Barbosa
que há cem anos atrás, em tom profético para a época, já defendia a
necessidade da atividade física para a formação mais plena do homem
brasileiro (...). Cada época deve ser analisada pela ótica da realidade
que a circunscreve e não faz sentido a aplicação de princípios antes
prevalentes, mas que atualmente se mostram superados pelos novas
conhecimentos estabelecidos. Nas ciências não existem verdades
eternas. (MEDINA, 1995, p. 61-2)
mesmo sentido à medida que considera que uma história narrada sem uma
maior imparcialidade, como foi feito na década de 80, está sujeita a acreditar
que questões, como: de que lado está a história narrada? a quem defende?
quais são seus heróis? qual sua moralidade ou sua política?, têm mais
26
Lino cita esta passagem de Jurandir Freire COSTA (1999) como argumento de autoridade
em seu livro. (Cf. CASTELLANI FILHO, 1988, p. 44)
233
narrativa, das provas factuais, da originalidade no tratamento dos materiais da
consistente. Assim, por exemplo, a história crítica não poderia ter ignorado que
27
Demerval Saviani (1983), Maria Luísa Santos Ribeiro (1982), Otaíza Romanelli (1984),
Libâneo (1985), Alcir Lenharo (1986), Edgar de Decca (1988).
234
dos trabalhadores, ajudando-lhes a consolidar a idéia de que Saúde e
Neste sentido, Max Weber pode nos ensinar que o indivíduo deve
mentalidade das pessoas. Temos que entender que o protestantismo não foi
235
“weberiana”, procurando afinar esta reflexão, ou seja, o velho higienismo era
236
8. O MOVIMENTO DE SAÚDE E SUAS POLARIDADES
237
8.1 Os anos noventa e a busca de uma síntese
se e transformando-se.
diversas, como evitar o conflito? Ele ocorreu, mas de uma nova forma. As
seguinte, sendo substituída por diversas linhas teóricas, podemos observar que
238
com a queda do muro de Berlim influencia muito este quadro. Alguns
descritiva, com a defesa dos fatores de risco, ainda eram muito influentes. A
partir de uma aliança com a mídia, seus ideais continuavam sendo amplamente
critério principal para uma vida saudável. Sua idéia central é erradicar a doença
maior, o capitalismo.
seus termos:
239
de todas as pessoas que estão nesta mesa –, e de como articular o
mundo do trabalho e o mundo da cultura. (...)
Vou citar um exemplo da nossa área de saúde coletiva: lá
pelos anos 70, depois de declinar continuamente, a mortalidade infantil
começou a aumentar no país todo, e particularmente em São Paulo.
Naquele tempo o professor e sanitarista Walter Leser publicou na revista
da Fiesp um artigo correlacionando o comportamento da mortalidade
infantil com o salário mínimo, o nível do salário real e a extensão da
rede de abastecimento de água e saneamento básico. Isto é, um estudo
de epidemiologia clássico, simples, publicado pela revista do poderoso
sindicato dos empresários paulistas, feito por um professor universitário
que nunca foi, não é e nem provavelmente será um homem de
esquerda. Se fôssemos fazer a crítica epistemológica do trabalho de
Leser, poderíamos encontrar mil insuficiências, reducionismos etc. (O
professor Jaime Breilh, do Equador, poderia fazer um livro inteiro de
considerações críticas.) Mas, independente disso, de quem pagou, de
onde foi publicado e de quem era o autor, o conteúdo concreto de seu
estudo, de sua observação, foi um poderoso instrumento de trabalho
político para o movimento sindical, para o movimento dos sanitaristas e
para a saúde pública de um modo geral. Não quero entrar nos
meandros da discussão sobre a neutralidade do conhecimento
científico, mas acho que temos de admitir que qualquer tipo de
conhecimento, mesmo que parcialmente verdadeiro do real, é algo que
pode ser apropriado de diferentes formas, por diferentes forças políticas
e por diferentes classes da sociedade.
A negação desse conhecimento através de critérios que
não sejam os de validação de conhecimento, próprios da ciência é um
sério obstáculo para uma aproximação entre o mundo do trabalho e o
mundo da cultura e da ciência. E isso não só expressa uma cegueira
ideológica, mas conduz a erros políticos graves. (CAPISTRANO, 1995,
p. 29-31)
primeiramente pela coragem, pois é comum que um discurso deste tom fosse
240
não se tornou regra, mas demonstra um anseio em ouvir o outro, em ser
exemplo citado por Capistrano ilustra muito bem que a vulgarização da idéia de
como proposta para a crise, que não atingia somente o marxismo, a saúde
de uma ciência disciplinar, onde cada ciência deveria ter seus próprios objetos
social à tese da saúde, até aqui, principalmente de caráter biológico. Uma das
instituições brasileiras de tese que mais aderiu a esta proposta foi a FIOCRUZ,
241
Rita BARATA (1996), surge uma nova proposta de ciência epidemiológica, que
242
sustentava que não é a quantia que uma pessoa tem no bolso que informa
sobre sua classe social, mas sim sua inserção no sistema de produção, não
são essas taxas que revelam a saúde ou a doença das populações” (SAMAJA,
populacionais”.
são correlações relativas, que podem ocorrer ou não, portanto não são
deste senhor não ter nenhuma doença cardíaca, prova que os fatores de risco
podem levar à doença, mas isto é relativo, porque o senhor não ficou doente.
243
conceituais e metodológicos adotados em sua produção, com ênfase
em seu caráter probabilístico e respectivas conseqüências; as
pessoas lidam e percebem seus riscos (e dos outros) de modos
variados – envolvem aspectos que ultrapassam os saberes científicos
e mesclam dimensões simultaneamente biológicas, psicológicas,
socioculturais. Enfim, se pode haver uma certeza estabelecida acerca
das verdades sobre os riscos é que estas são relativas (...)
Porém, logo estas opiniões se diversificaram. Uma outra corrente defendia que
244
determinação das mesmas; e a segunda, onde as doenças que prescindem da
terapêuticos, que, por uma questão de limites, não abordaremos nesta tese,
pois sua repercussão é muito recente e merece uma análise mais aprofundada
na área da bioética.
Sichieri:
245
restringir aos macronutrientes. Adotar, por exemplo, as estratégias
seguidas pelos países desenvolvidos, como estimular a redução do
consumo de gordura, podem também significar o consumo de ferro e
vitamina. (SICHIERI, 1998, p. 21)
dentro da realidade dos grandes centros urbanos, mas o que dizer do interior
do país?
246
maior parte das enfermidades carenciais e a ascensão vertiginosa da
obesidade e das diversas enfermidades que se associam a essa
condição. (MONTEIRO apud SICHIERI, 1998, Prefácio)
com um forte aparato da mídia para alcançar seus ideais. Os temas da saúde
física dividiram espaço com a política na primeira capa das principais revistas
2000).
247
Coletiva da área de Saúde Pública. A segunda buscava a reiteração dos
da realidade brasileira.
passou a criticar o conceito de Saúde da OMS, que definia saúde como bem-
conceito passou a ser visto como demasiadamente genérico. Ele não garantia
248
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de
vida. (MINAYO apud PALMA, 2001, p. 29)
relação positiva entre saúde e atividade física. Uma das estudiosas do assunto
atividade física e saúde”, Carvalho mudou os tons das críticas ao modelo dos
seus termos:
249
Neste sentido, a autora busca vislumbrar a negação de uma
de vida de um povo, sua qualidade de vida social. Podemos observar que seus
programas que tinham como objetivo mudar os hábitos de uma população, com
250
Portanto na realidade local brasileira o modo de intervenção
dos Estados Unidos e países europeus. Para promover a saúde no Brasil era
à questão do sedentarismo.
251
nas oportunidades em que continuamente são necessários.
Caracterizam-se tanto como agudos, em crises sociais, guerras e
catástrofes climáticas, quanto como crônicos, em ambientes adversos à
agricultura ou no subdesenvolvimento social e econômico. Os principais
fatores ligados a eles são os relativos à produção, à distribuição, ao
acesso e ao consumo. (...) quando muitos passam fome e uns poucos
sofrem de distúrbios associados ao consumo exagerado de nutrientes.
(GONÇALVES et al., 1997, p. 28)
anos de atraso.
e por sua vez das atividades físicas. Esta teria um importante papel, não único,
252
Ao contrário dos críticos da década de 80, os novos higienistas
termos de Farinatti:
253
diferente, no caso a visão “biologizada”, considerada anteriormente, símbolo da
da Educação Física, que representa muito bem esta tendência, ganhou renome
quando foi fundado. No início de sua intervenção, o Celafiscs foi marcado pela
qualquer universidade, e assim mantém-se até hoje. Suas teses possuem uma
Nos anos 90, este ideário continua, mas não da mesma forma. O
Celafiscs muda, talvez por sua dinâmica, ou por sua disposição em debater.
Centro nas questões sociais, ao seu modo, ele realizou teses comparativas
254
projeto como o “Agita São Paulo”, que atingiu grandes parcelas da população
sexo. Isto comprova que o Celafiscs nunca poderá realizar teses sociais
entidade, pelo simples fato de não ser este seu perfil, por não saber realizar
entendam a luta de classes, que isto marque sua intervenção, estes autores
O Celafiscs não fará uma intervenção social, pois, além de não estar
preparado para isto, não é de sua competência. Sua visão de mundo é parcial,
28
Cf. OLIVEIRA, L. C; MATSUDO, V.; MATSUDO, S., 1994, p. 05-20.
255
interesses da Atividade Física e Saúde, voltados aos interesses da classe
acessível a quem pode pagar. O Celafiscs tenta ao seu modo, dentro de sua
visão de mundo que não é total, escutar estas demandas, e cria com grande
do Manifesto:
256
de Otawa (Canadá), através da Carta da Primeira Conferência de Promoção em
problema, desta forma, passa a ser o acesso. Com isto, justifica-se a crítica de
atividade física é apenas um hábito higiênico. Parece-nos que esta idéia não
Cruz defendia a água filtrada como bebida, mas não percebem isso. A atividade
física, assim como o escovar dos dentes, os banhos diários, não promovem a
257
Na década de 90, o Celafiscs continuou se transformando e, ao
dos higienistas da saúde física passa por uma crise de identidade. Isto pode
2000).
mesma forma, autores como MIRA (2000) passam a questionar o benefício dos
para um estilo vida ativo, onde atividades físicas sem orientação e aparelhos
ocorreu.
Nos anos 60, como vimos, o atleta era o símbolo da saúde. Sua
Deste modo, para se obter saúde bastava treinar como atletas. É este o
258
atividades extenuantes que não tinham aderência e, algumas vezes,
reação e velocidade) (NAHAS & CORBIN, 1992). Já nos anos 80, teses
demonstravam que:
termos:
29
Maurício Nahas é professor da Universidade Federal de Santa Catarina e Charles Corbin
professor da Arizona State University (EUA).
259
Com isso, muitas pessoas relacionam a prática dos
exercícios físicos ao seu extremo: o atleta. Imaginam-se levantando
pesos, participando de longas maratonas, fazendo “aeróbia”, “step”,
“cárdio-funk” ou outra atividade em moda para poder garantir as
esperadas vantagens. Com a extraordinária evolução observada nas
últimas décadas no campo do conhecimento relacionado ao binômio
“atividade física e saúde” constata-se que não é preciso tornar uma
pessoa atleta para assegurar-lhe uma vida mais saudável. Pelo
contrário, as teses têm demonstrado que essa estratégia pode, até
mesmo, comprometer um melhor estado de saúde, pelo excessivo nível
de esforço que demanda. (GUEDES, 1995, p. 2)
para algumas pessoas, toda a atividade física ressaltada pela mídia estaria
com música frenética que faz sucesso uma aula aeróbia, defendendo seus
produto com esse fim, sem sua comprovação científica30. O autor, ainda em
30
Observa-se que a imagem que o autor tem de saúde é algo mensurável e físico.
260
Podemos identificar, ainda, nesta década uma outra variação
o saudável é o médio.
corpo e mente.
Enaf.
261
A hipótese que levantamos poderia ser enunciada da
seguinte maneira: os efeitos de prevenção e proteção adicional que se
atribuem aos exercícios físicos – em pessoas saudáveis e normalmente
ativas – não passam de ser hipóteses valorativas; isto é, ancoradas em
critérios de valor e não em fatos científicos. Ou dito em outras palavras,
entre exercício físico e saúde existem inter-relações, interações,
retroações complexas e recíprocas, mas não existe uma relação positiva
de causa-efeito. De maneira geral, é a saúde que conduz à atividade e
ao exercício físico e não o contrário. (MIRA, 2000, p. 3-4)
presente neste ponto das análises é: Será realmente que este movimento
“movimento higienista”?
262
9. HISTÓRIA COMPARADA: EXISTE DICOTOMIA ENTRE “MOVIMENTO
HIGIENISTA” E “MOVIMENTO DA SAÚDE”?
certo que todo movimento social não é estático e linear, ele sofre contradições,
visando uma formação moral, por mais questionáveis que fossem aos olhos de
escritos:
263
Pagni considera a prescrição dos exercícios físicos e a inculcação
apelam para a consciência individual de fuga dos fatores de risco. Mas outras
exemplo, o Higienismo Social da década de 80, com todo seu discurso voltado
física. Esta tese tornou-se geral para todo o movimento, mas, na verdade, faz
certo que esta tendência tem maior apoio dos meios de comunicação, que por
sua vez comercializaram a saúde quantificada e física, e não a social, que não
uma “pelada” na periferia não vende como uma Copa do Mundo, e ambas são
práticas do futebol.
264
caracterização individualista para todo o movimento social – também comunga
1994).
provenientes de famílias mais ricas e dos meios mais cultos que tinham
se diferenciavam.
265
É preciso ter em mente que ambos os movimentos não estão
século XX no Brasil viam o povo como uma criança, que não sabia o que era
benéfico para si. A partir deste argumento e de uma autoridade científica, eles
266
Mesmo assim ainda houve uma normatização, que não se deu a
fatores de risco. Não fume, não beba, não seja sedentário, não coma
cobradas socialmente.
isto implicava mudanças nas mentes, nos espíritos, nas psiques ou nas
consciência para mudar hábitos corporais. Por outro lado, promete que a
ato sexual.
267
3) O “movimento higienista” centrado na higiene esgotou-se no
evolução do higienismo.
268
sofisticados da história e epistemologia da ciência. Todos esses objetos
pareceriam ser portanto não comparáveis ou incomensuráveis, como se
afirma numa linguagem mais técnica. Assim, o relativismo opera a partir
de dificuldades reais em se estabelecer o progresso e empurra na
direção de se pensar que a própria idéia pode provocar problemas
maiores do que aqueles que parece querer solucionar.
70?
269
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS (PARALELOS QUE SE CRUZAM)
270
Para QUÊTELET (apud CANGUILHEM, 1995, p. 124): “A principal
mesmo à sua revelia, está sujeito às leis divinas e com que regularidade as
cumpre”. Quêtelet julga que as leis biológicas, por influência divina, podem ser
e quanto mais ele se afasta dessa média mais caminha para a anormalidade
(CANGUILHEM, 1995).
atividades físicas, como por exemplo: “Só são realmente fortes, os países de
271
os seus defensores, a prática de atividades físicas fortalecia o homem e
Atividade Física & Saúde, que não houve uma variação daquele discurso. Nos
uma máquina.
trecho:
272
Parece-nos um discurso muito próximo à descrição de Georges
fatores de risco.
asseio nos preserva das indisposições das doenças, ele é para o corpo o que a
273
higiênico. O caráter de prescrição dos hábitos individuais é uma constante nos
6) Da fadiga ao estresse.
austríaco Hans Seyle, ainda na década de 1930, porém, seu livro “Stress: a
tensão da vida”, publicado em 1956, tornou-se sua obra mais famosa sobre o
7) A legitimidade na Ciência.
274
bem-estar e de conforto das populações. Os avanços alcançados pela
ciência moderna vêm fornecendo ao Homem elementos para alterar e
dominar a Natureza; a sua adequada utilização vem promovendo as
alterações perseguidas em todos os campos e, especificamente,
naquele da saúde podem-se apontar as positivas contribuições que a
sua aplicação provoca nos perfis epidemiológicos e no aumento da
sobrevida com qualidade, sem evidentemente esquecer os persistentes
desafios ainda presentes, no nosso meio. (GOLDBAUM, 1999, p. 1)
viver.
275
Da mesma forma a medicina preventiva, com o objetivo de afastar
higiênica.
276
sobre a educação higiênica, facilmente seria confundido com uma visão atual
de diversas estratégias.
277
ponto do mesmo desafiá-lo a um duelo, que nunca se realizou (SCLIAR, 1996).
de 80, podemos observar uma clara continuação dos ideais da Liga Pró-
que teria como objetivo criticar radicalmente o modelo médico sanitário do fim
278
hábitos para conservar e aprimorar a saúde coletiva e individual. É somente
momento, estão lado a lado para defender seus interesses, com no caso de
não é por isso que se conta uma história do movimento estudantil que
prossegue com suas tradições e ideais heterogêneos até o fim do século XX, e
intervenções.
279
Devemos ou não procurar uma nova mentalidade, que se afaste da intervenção
Devemos ou não unir forças no desenho de uma intervenção que conviva com
280
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