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o da história.

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iconográfico, no caso das mulheres, tem ob e
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na signilicativa lunção do espelho. Nresas assir &

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HISTÓRIA Bonni Es rputh


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uma perspectiva de gênero, este livro abor-

da uma temática atual e de grande interesse, por ser um

estudo metículoso, em termos histortográficos, bem fun-

damentado teoricamente e que traz grandes contribui-

ções às questões epistemológicas dos estudos históricos.

Õ livro rastreia a constituição do campo do

Gêne
historiador sob a perspectiva do gênero, destacando as

historíadoras que encontravam-se alijadas num dito

“História |
“amadorismo”, Destaca, também, como os estudos

dessas historiadoras, ao focalizarem diferentes temas e

perspectivas, contribuíram significativamente para a

ampliação dos objetos e temas de estudos históricos,


abriram perspectivas para temáticas sociais e do cotídia-

no, dando vozes a outros agentes (mulheres, negros,

colonizados, operários e pobres), contribuindo para

ampliar as questões historiográficas e as que gravitavam

em torno da cidadania.

Apresentando trajetórias de vida, a disciplina, os

estudos e os matizes de vários historiadores (homens),

Bonnie Smith recupera a maneira como era realizada

sua profisstonalização. Também reconstitui como se cons-


truíu a prática acadêmica e de pesquisa, os institutos, os

seminários, retoma as temáticas eleitas, os focos desen=

volvidos com preponderância político=factual=celebra=


cionista e destaca a vinculação desses estudos à cons-

trução de um sujeito histórico universal masculino.

A maneira incisiva como a autora trabalha este e

outros temas torna este livro uma contribuição signífica-

tiva para a análise historiográfica e metodológica,


desvendando a construção do campo dessa disciplina e

abrindo novas perspectivas de análise.


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A pe TER pl e ME o Tradução de Flávia Beatriz Rossler


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Dara Gênero. é História : homéns, mulheres
histórica” | Bonnie: G: Smith;
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Published! by: árrangement it Haspard University.


cp COPO: o (tradução), EDUSC, 2003
“9 AGRADECIMENTO Do Ss
“13, INTODUÇÃO, : SA gos É s
CAPITULO r
39 o caminho do narcótico. rumo ao passado

CAPITULOS] CEP no
87 O" nascimento da. amadora REL TAN
t
“Capiruro 3. ata Rsa saio
155 Ó que é um historiador? —

is
4 e CAPÍTULO 4 o re
o “217 As práticas da história dentítica A io

“CapfruLO 5.
217 Homens e tajos - Ei
“Carmo6 ne O a A
3a o alto amadorismo «e o passado panorâmico. EC

DT Capirúio 7 E
87 Mulheres profissionais: 4um terceiro sexo?
Rg

Captruro 8: po E A
, 448 Modernismo, relativismo + e vida cotidiana

: ex 493 Inpjce ONOMÁSTICOse ds


É ai Após ouvir uma a paléstra sobre o capítllo: des” Y Pein
Eri te livro que trata das fantasias dos: historiadores ho= tó
RR “mens, “David Schalk, do Vassar. College, declarou “que
LER an “tivera certa vez uma visão em que Clio precipitou- se
AR as 'para ele. e predisse que ele jamais seria um scholar.. Rae
= Muitos anos antes dessa confissão, David me presen-. o.
: teara com dois. volumes. de autória de Lucy, Maynard | A
Salmon - uma. figura de destaque nestas. páginas. po
Como. Gênero e História levou um longo tempopara ser
“concluído, colegas generosos, como David, tiveram-a o
“oportunidade de fazer maravilhosas contribuições ao, a
RR rorigo de quase duas' “décadas. “eh N Ea PO a tod
RG tido Estudantes e Prolêsçores das iniversidádes de É ao
o Das “Rusgers e Rochester forneceram um” caudal de idéias |
ERA “e foram de um coleguismo extraordinário. Quero
near “agradecér sobretudo a Mary Young, Stewart Weaver,
Bette London; Brenda Meehan, “Thomas DiPiero e
2 " Lynn Gordompor partilharem seu, trabalho ou. forne-. Vu o
ps Ceremscríticas profundas 'sóbre o meu. Colegas. da, a Ego
PR a Rutgers estão na vanguarda das pesquisas no' campo
do gênero e muitos deles merecem: agradecimentos EN

E
pelo. apoio, pessoal. e intelectual, especialmente Su- An UR A
“o zanne Lebsock, Alice Kessler-Harris, Dee Garrison,
“John Gillis, Jennifer Jones, Belinda, Davis, Deborah paro
White, Barbara Ballier e Mary Hartman. - Bstiidantes. + o

portantes; Entre elês, “Todd Shepard cohtributa tamo


“bém com pesquisas e Tamara Matheson e Scott Glot-,
PA zer aputtaçarm nos detalhes finais. ESA ci ar
- Colegas de outras institúições tiveram Teações a
“que delem dra E] capítulos. específicos Reiina! de Dt
e tro o Shelby. Clund: Davis éem 1992- 1993 € ao corpo: E tudo, eles” sabem como valorizo: «cada: um deles e: sua Da
“docente do Departamento de História de.Princeton, “amizade. Honoré Sharrer e: Perez Zagorin, amigos
especialmente. Elizabeth Lunbeck, Peter. o ER fiéis e comipanheiros encantadores, impulsionaram Q
' (uragnt Stansell A “manuscrito | .TUMO “à' sua finalização. Patience H,
“Smith contribuiu: com importantes. insights para o
material sobre trauma.e texto. Ela, John R, Kelley e; se
Patrick W. Smith' apoiaram meu trabalho muito além,
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- do que qualquer umitéria o direito de CSperat; - mes-
mo a própria família: '
, “sobre: a anotada àe: “suas ondas e agade gs Es “ Este livro. tomou forma em minha mente. en- sto
E sobre a complexidade de de Staél; Judith Bennett, o * quanto testemunhava a força dos diálogos historio-
Ê sobre as mulheres medievais. Meus argumentos fo 1 r gráficos - ao longo. de-várias décadas. No começo da
a ram também: aguçados pela, troca de pontos de vista. E ' década de 1970, Natalie Zemon, Davis fez uma -pa-
com colegas europeus, incluindo «Gisela Bock, Maria a “Testra pioneira sobre. historiadoras €é alguns. dos ho-
a datevet: Minéhe Basel Francisca de Haan, Josiné a “o o * mens que as apoiaram. Desde então, seu talento para
“0 envolvimento. dialógal tem feito avançar a historio-
: grafia do“gênero, assim como tem. feito progredir Ds
“grande quantidade de erudição histórica. Ouvir.Na-. *
talie Davis e Donald. R: Kelley discutirem. histório-
grafia foi uma fonte adicional de avaliação dialogal. PR
É: em outro diálogo, ainda, Donald Kelley forneceu
mente, “sob: dfereutos Idrmas nas publicações 4Ame SA “infindável apoio, . abundante informação e correção,
nº H storical Review, rent Historical, Siudies, His. ' “paciente dos detalhes historiográficos aqui apresen- .|.
tados: No- espírito, (do diálogo, e como símbolo de mi-
“o Brepoto, s A.- (Bélgica). nha gratidão pela inspiração. que eles me' Pproporcio- Ea
; ntovces Selizeí ee: Maria Ascher, da, Harvard Uni-. : maram, este livro traz úma dedicatóriaa dupla.
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Da AE x E ; 1,5 tai

Não sou sectário.: -Por quê? Porque na história nada | A Rc


-Vejo senão.história. A uteis
Né re- Lucien Febvre, Combats |pour 1 histoire: am cs É ,

“Este livro insere o termo «gêntro” no contex- Var fu A


“to da:historiografia do mundo ocidental. ! Propõe: que se
o desenvolvimento da moderna. metodologia cientí-
— fica; da epistemologia, da prática profissional e da dic
: teratura tenha estado intimamente ligado a defini.
ções evolutivas“ de masculinidade e. Teminilidade. E
—* Em, assim. fazendo, parece: ir contra: a essência do
o próprio" profissiônalismo: por mais de um século é o
“meio . os: “historiadores têm se -orgulhado da. forma | '
«como sua experiência permite que superém contin-
E gências de. credo religioso, niacionalidade, clásse,
“Taça, etnia é gênero por meio de escrúpulosa adesão
ao método - científico..: Quando os preconceitos das
: pessoas de fato se manifestam, “os historiadores apon-.
tamenos' e os: corrigem, a fim de chegarem o mais,
próximo possível, de uma: “ciência “isenta”. Embora
“suas vidas. pessoais possam ser muito influenciadas ,
: “por questões de “gênero, sua metodologia Os ajuda : a
o Chegar tão. perto. quanto humanamente possível de É
a uma verdade. histórica, não contanhinada pelas ques; E

= princípic Side)
= Politics of History: New, York é lume ,
Press, 1988. Es pa is É
tões de” gênero. Apenas a “má. história se Esforçaria,
“Iheres. e negros, dig -se, 'politizaria o:setor. Ou essas 2
- pará, promover uma versão do” passado religiosa, ra-
'“subdisciplinas =; Ser “sensual; “elegante e quente” —
“ - selalou baseada em classes que se opusEsse claramen--
poderiam. abalar o valor de verdade da história real ao
te âquilo: que está. comprovado. to ;
- expô-la a influências (tais como ideologia e forças, de
E dei AS. mudanças havidas na profissão desde o iní-.
mercado. “desenfreadas) que operavam fora de pa-
“éio da década de 1970 têm sido baseadas nessas cren-
f . drões profissionais para'o que era, “importante.”
ças: Experientes em. métodos científicos, os história- Eai
a “ Confirmamos: essas crenças porque confiamos
“dores de mulheres e de: pessoas de cor reconhecem
“No. espelho da história => Uma metáfora que tem indi-
que sua erudição: acabaria por se enquadrar no cam- N

cado há muito tempo como os estudiosos | no Ociden-


> “Pó da história cômo um todo. Suas descobertas com-
“te imaginam a verdade histórica. Preso ao passado,0
Erigder “ pletam o quadro, tornando a sabedoria do: passado fi,
epelho supostamente reflete acontecimentos ante-..
E -nalmente verídica, porque mais completa e atualiza. “a tiores com mais precisão do que qualquer: outro ins-
“da. É claro que muitos: também , acreditavam “queins,. 7 “trumento ou ferraménta, nada mostrando de fanta-..
: "gredientes tais como;a periodização se, modificariam,
-Sioso ou irréal. Embora reflita fielmente o passado, os
= E E “à médida que assuntos: importantes para às mulherés .
“espelho pode também mostrar imagens Tugazes e
| deslocassem * acontetimentos. masculinos, e que O
“fornecer um: sentido de mudança e movimento. O
“elenco de: personagens históricos e muitas interpreta-..-
*- espelho é também úm tema relevante para o sujeito |
“ ções trádicionais se alterariam também. Imaginava-
e racional moderno, cuja auto-análise é.o primeiro pas- :
o se, “contudo, que a racionalidade; ea imparcialidade,
so-rumo ao: entendimento, ea construção de uma
eo nda) profissão acabariam por permitir: às descobertas da
“mentalidade. científica sem preconceitos. Como re-
o - história dé mulheres e:as realizações das historiadoras
: sultado do autoconhecimento eido conhecimento de;
a E “ sua total. influência e' dignidade: na academia:
seus. preconceitos: é falhas, o históriador está “mais
pop “quanto isso, alguns homens historiadores saudavam. o:
bem equipado para analisar os objetos históricos. rê-
ê - surgimento eo “desenvolvimento. da história de; mu-
“fletidos no-espelho.!. Esse tema tem'outros aspectos,
“leres. e, Tnaiso tarde, da história dotada de gênero, co
“sobretudo. na idéia Hegeliand de, que ; uma à vejdade,
=” como uma correção de rumos? Quando, na metade. Y
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e da década de 1980, um proeminente historiador. so: A
a NOVICK, Peter. That Noble Dream: The “Objecti-
EU E na cial anúnciou que a pesquisa histórica sobre mulhe: . ; vity Question”. and thé American Historical Profes-
A
tes tinha: ido longe: demais e que deveria acabar, foi a ““sion. Cambridge: Cambridge University. Press, 1988.
a «por, acreditar que as alegações da história para a fal. É 4 Para'um resumo dessa posição, ver/GASCHÉ, Ro-
ta de disriniinação, ponieriará ser invalidadas por um qd dolphe. The: Tain of-the Mirror: Derrida and the Philo:
sophy of Reflection. Cambridge, MA: Harvard Uni-.
“Versity Press, 1986. p. 13-34. Muitos estudiosos em=
"pregam o topos: por exemplo, HARTOG; Fránçois.
2 STONE, Lawrence: "only Women. New York Re.
“The Mirror ofiHerodotus: The' Representation of the o
E view of Books, 32, p. 21, E Apr. 1985, | estabeleceen.
E s“* “Other in the Writing of. History. Trad. Janet:Lloyd.. .
+ Berhdey: Unuvepst ar Califórítia Press, 1288: da
e DR ARES A A a de

mais. elevada Acohtece apenas quando s se. alcança avo RA “política, | a “história profissional. náturalmente esco-
deliberada transcendência. 'do relacionamento entre. SÉ isto , lhéria grandes homehs: para estudar. “Além disso, ó
o Sujeito conhecido. eo objeto. do escrutínio: O; resul- Eh ” estado- “nação, que inspirou e financiou- grande, parté
“tado, como: Lucien: Febyre: sugere. quando . afirma não. BE ati “da nova ciência histórica, -proporcionaya apenas aos.
“ ver na história senão história, équea figura, do. his- Espe a RL “ homéns: plénos direitos: de: cidadania durante aquela Pao
RE = Aoriador. individual torna-se espiritualizada' e inyisí- E " época. É evidente, portanto, que eles estariam mais .
ES Var “velo Seu eu, “que. inclui preconceitos ' e preferências, inclinados a defender sua própria história. A história,
Pro desaparece do espelho junto com as 'minúcias imper-. ais) ; como Jack Hexter afirmou há cerca de cingiienta”
- feitas-do “objeto refletido, para ser substituído por "anos, “tem sido: sobretudo ' um assunto; só de ho-
“uma: visão “verdadeira” da realidade: histórica rela-, E vd mens”, transformada: em gênero masculino por tra-
Efe PIA tada por um narrador invisível, oniscienté. EA aa dição, acidente e circunstância. $ Segundo esses. pon-.
E E el Na ento ocidental 9à sue conhecido —Fio : “v/ tos de vista, “há pouco a se ganhar com a' investiga- Te
tão ção de gênero na historiográfia é na prática histórica. o,
-Considéremos, no entanto, outra imagem no
E quase: «sempre masculino, acrescentando coiplea “espelho da história: Sempre. que a pessoa diante do.
“idade “ão: que, aparenta. ser: uma simples imagem. espelho. é uma mulher, sua: autocontemplação tem
em Quando, pensamos em um grande historiador, instin-! po "> parecido repetitiva, “até mesmo" obsessiva e indicáti-
'tivamente'o imaginamos homem; aceitamos com na-. “—» vade vaidade” OU amor pela, luxúria. > conotando o.
turalidade títulos como The History Men Os homens da ty " sensual no lugar do. racional. o espelho iconográfico, a
º história] (como foi chamado um recente livro de, his Co “no casoidas mulheres, tem obstruído a profundidade
o toriografia), porque profissionalização e ciência dis-, Pq reflexiva.e próduzido apenas superficialidade - — uma.
“"tórica se desenvolveram em-uma época de. esferas nos Ls mudança drástica na significativa função do espelho.
ces distintas, “quando, as mulheres de. classe média leva- | "Presas assim a súperfície, as mulheres têm sido vistas .
"vam uma vida sobretúdo doméstica.* “Dessa forma, - Como i incapazes de alcançar à profundeza necessária
So

“por.razões que a história” explíca, como se cóstuma sie O "para a história ou o autoconhecimento. Elas ocupam
dizer, a. profissão era praticamente monopólio “dos Aria um degrau inferior na escada do, ser cognitivo — más
homes. Apenas eles tinham, tempo para sé, engajar re profissionais, na verdade, como eram-com fregiência e
“nas: atividades “pesquisa. em “arquivos, ensino, nas ms e consideradas 'as muitas historiadoras amadoras, inclu-.
a ES universidades) das quais “dependia Ô fundamento da “sive por elas mesmas. Por um lado; o espelho podé s
MPa história: profissional. o bom senso! histórico deveria Va Ná produzir refléxos da realidade universalmente verda- - o
VR também “explicar: pot que as: histórias mais concei- * deiros, tmportafires. e objetivos; por, Quiro, no: entan k) Dm
: tuadas diziaia,FR penO a homens: ao. focar a PAstóRia
E 4 y Ses
EO 6. HEXTER, Jack H. Woman. as Force in: History.
Co a ss. KENYON, É Pp. The Bison Men: “The Historical- “Review. of Mary Beard. New York Times. Book. Se
ns - Prolession in England since; he Renaissance. “o Review p.5,17 Mar 1946. Apralieço o dia Ainsg e
/ ser- “pela referência.
MUS “ dade pairá acima, dessas questões. contingentes ou
to; ele” tem. “tradicionalmente trabalhado: pelos a Lo co "insignificantes como o gênero, pata, alcançaro auge.
* quando + o observador é do sexo masculino. Podemos Pa “da percepção filosófica "ou o melhor exemplo: musi-
« aiebmenias que essas imagens do; espelho. com fre- ; Ro cio ú , cal: Grandes artistas e: filósofos: ão gênios acima. de p
- quência invocadas, ;são meramente metalóricas; con- tudo; homens apenas por acaso. ra
| tudo, ohistoricismo, da metáfora mostra que, duran- »”. “Estudiosos de outras disciplinas, no entanto,
pat | “ téséculos, ele de: fato. não teve apenas força 'decora- st “estão investigando-: essas. alegações . fundamentais
So tiva, mas explicativa. Os termos . “sensual”, “da - para entender: como essas áreas são: dotadas de. gêne-
* moda” é “quente”, ugados- para designar . a má histó- “TO. Feministas: estudiosas. da música e da. filosofia
“ria (ou a história “de pessoas. de; core de mulheres); são
= > “têm estado entre as primeiras a explorar como fun-:
“ igualmente ricos em eficácia de gênero é fazem par- E “cionam essas alegações, mostrando como. o; gênero
“ tede uma longa tradição « de: se imaginar à obra do his- Re Ci opera inexoravelmente até no mais. abstrato e no
toriador' dé diversas. maneiras, sempre com. gênero Pocbei menos representativo. dos trabalhos: e nos. padrões
; definido).Assim, porque o “espelho da história resiste “e SE - aplicados pára julgá-los, Susan McClary comparou os
“a alguns estorços para se alcançar. a: neutralidade. de EN os “elementos formais da música que os críticos reputam..
gênero, suas múltiplas imagens da” relação do. gênero “1 - Como “masculina”, e, portanto, de alta qualidade,
profissionais e: com. a: ciência histórica .
. com: práticas CÍ ecomos considerados “femininos” e, por isso, inferios..
3 são intrigantes o suficiente para: merecer exame pos-
ou Tes. O “masculino” na sonata e em várias outras. for-
pica terior, ainda que apenas. para eliminar controvérsias. “mas musicais é visto como uma série de frases ascen- aa
A o» Inseridos nessas imagens. preliminares de su- dentes. de notas. que disputam um” alcance sempre
- perficialidade e profundidade, de verdade com gê- nos o mais, «alto até que a competição: esteja inteiramente
: à “nero versus verdade universal, o metafórico e oreal., “exaurida. O “feminino” é muitas vezes, tido como
são : alguns . obstáculos . históricos -aos quais: temos, “qualquer “dissonância em larga escala” que precisa
EE E “dado pouca atenção, porque: automaticamente favo-- ser tesolvida em-uma obra musical.” Londa Schiebin-
a SO recemos a “profundidade”. de nosso conhecimento e “ger apontou. as: maneiras. como a “ciência moderna |
o : tê; a “esperamos apresentar. relatos “reais” e uma” “verda:
ie tem muitas vezes preténdido. mostrar-se imparcial.
E de liniversal”. ÃO. mesmo --tempo, rejeitamos ter “até mesmo quando. é inóspita, para. com as: “mulheres =
: como objetivo o. que é superficial, dotado de gênero cientistas. Além. disso, ela narrou as fantasias mascu-
RR te Bo metafórico. “Mui ás. disciplinas compartilham os js x

: VE E E apelós da: história pata “que seja alcançada a verda-:


q “Ver! espeialimente: MECEARY, Susan: Feminine
te deou a: beléza. universal, podendo uma ou oúitra ser Endings: Music, Gender, and Sexuality. Minneapo- i
: comprovada. pór um conjunto de padrões. rigorosos É lis; University of Minnesotá Press, 1991; e Id., Nar-
aus se. encontram. acima de contingências como -: » rative. Agendas in “Absolute” Music: Identity and
a Difference i in Brahms: 's Third.S nphony: In:SOLIE;-'
Ruth'A. (Ed. ). -Musicology and Difference: Gender and
“os
é gênios, musicais, cleneiticõe e filosóficos, “por
E aliry in Musical Scholarship. Berkeley: Rinivera tao
Exemplo; Sejam quase Sempre homens, sua genial ; - a not Califomia, Aos. Pi 326 344 :
gi gênero e» baseado gi uma, hierarquia que privilégia se
“linas. em. ação na designação de espécies éanimais e na.
o ee homens comia intelectos. e sexualiza as mulheres, lo,
- descrição do funcionamento das. plantas, * As duas
(Le: Doeuff mostra: ainda em “detalhes «como a
“autoras mostram como os apelos da universalidade . :
hierarquia do gênero faz á filosófia trabalhar intelec-
; fotam acompanhados pela valorização dos homens. e
o tual e: sociologicamente: o ser eo nada, ide Jean- Paul ó
pela: simultânea desvalorização das mulheres — isto 6
é Sartre, exemplo central do. livro de. Le Doeuft, ado- *
: ; como foram. facilitados pela: Hierarquia do gênero.
tou coípo feminino « como uma imagem para tudo 0:
A filósofa Michele Le Doeuff distinguiu “dois
que é inautêntico, parao, caráter impuro da nature-
. caminhos para-a masculinização do: estudo filosófico '
za que os humanos: precisam transcender rna busca o
= caminhos que também. podem ser suges ivos, pára
“da. verdade filosófica. “Há úma possibilidade” de 0.

=
: os historiadores.? 20 primeiro envolve as metáforas
suas socieda-
Em si conseguir « absorver o Para si... A infâmia é a vin-
com as, quais os filósofos. têm descrito
-- gança do Em, si. Uma. vingança ,feminina doentia-
des; perfeitas e com as quais têm conseguido apre-.
E mente doce... Tela): me atrai, me suga.. “É uma ação :
sentar novas respostas para dilemas epistemológicos, ') suave, proveitosa, uma aspirância lacrimosa' e femi-
“ ontológicos, estéticos e éticos. Essas metáforas têm : nina... Em um sentido; é como 'a suprema docilidade.. j
“muitas vezes um gênero. definido, significando que: o
“dos: possuídos, a fidelidade de um cão que. se “entre-
o “caminho, para, a verdade universal =. 0 que; permite.
gar Como esse exemplo começa, a: demonstrar. e
“aos filósofos “geniais pensarem = 'é sexo e gênero. Le
os a BE E Como Merleau- “Ponty indicou éem detalhes, Sartre só
Doeuff não apresenta “o gênero« atuando em todos
+, a consegue explicar óponto principal. da fenomenolo- Nr
- avanços teóricos. Mas Andrea Nye acredita que: as
têm sido gia cômo:o trabalho de um sujeito masculino que ne- E
: “ metáforas de feminilidade e. sexualidade
cessita aniquilar a subjetividade feminina, Elé des-
: êssenidiais para os; avanços 'de grandes lógicos, “de Par- er
Creveu todo o processo de auútocriação em termos da:
'menides a Frege. A lógica não é uma espécie de; abs-
repulsa: ao: envolvimento sexual com a mulher. 12/
e tração matemática desprovida de conteúdo social;'ao ;
o De acordo. com Lê: Doeutf, essas: tentativas filo- ao
HE contrário, Nye demonstra que a lógica tem' sido his-
'soficamente” permitidas de : superar O “repugnante” Jo
toricamente estabelecida d partir do pensamento...
“outro ácdmpantiavam a «exploração dda + toitinanheira” ia
= Mercado p lo gênicro um penisamenito marcado pelo
X

“10. NYE, Andrea. Words JF. Power: A Feminist Reading -o


8 SCHIEBINGER, Tolida. Thê Mind Has No. Sex; Wo-
o: the History. of Logic. New York: Routledge,. 1990.
ita “in thé Origins. of Modern Science. "Cambridge,
= MA: Harvard University Press, “1989: Id. “Nature's iiiSARTRE, Jean- Paul. Y être. A te néant: Paris: 'Gal- '
“Body: Gender in: the. Making of” Modern Science. pa
Boston: Beacon, 1993,
o LE “DOEUFE Michele: The: Philoabpáitcal ima
= shary. Trad. Colin Gordon. London: Athlone, 1989; j
“ER e Td, “Hipparchia. 's-Choice: AnEssay Concerning Wo-. E)
“men, nlosoph. etc. “Had. e Selous. Oxford: fico
“aqueles termos como “superficialidade”, “metáfora? e b e
lo) prada por manto relatos. dé seu relacionamento. ERtra “mulheres”, que supostamente se tornaram. irrelevan-

- Como estudantes universitários, Sartre: .e dé Beauvoir “tes para técnicas históricas. aceitas e para as comuni- :
to dades científicas: que praticavam à-nova história. Ele
o tinham desempenho praticamente idêntico. Sartre era
volta-se. então para. personalidades. femininas e: ques-
o o primeiro e ela a segunda na agrégation; mas há ind
tões de gênero que :a historiografia geralmente evita.
“cios de que ele tenha sido reprovado muitas vezes an-
Por exemplo, apesar do impulso da maioria. a
- teriormente, ao ponto de.os examinadores : sentirem.
“dos relatos” historiográficos, a “história dos últimos-.
e pena. daquele homem que; de maneira convincente,
“dois séculos: não tem sidó escrita em sua maior parte
«Se, declarava gênio. : De Beauvoir, ao sontrário, “acabou:
e
vo por homens e tampouco: diz respeito unicamente à
Se vO mesmo árduo cutso em dois anos em vez'de três, e
EANES homens. As: mulheres no Ocidente têm demonstrado .
RONRAD O: E o ganhou o apelido “Beaver"* que a acompanhou avida E
Seu um vivo, produtivo e crescente: interésse na questão.
Mio inteira pela tenacidade. com que se dedicou.à filosofia:
- do gênero,. pelo menos desde: o final do século 18.
o AO longo da vida em comum, Sartre insistia em dizer
" Súas. “carreiras é reconhecimentos. têm sido diferen-
«cade Beaúvoir é a, outras: pessoas que a mente. dela era
“tes, no entanto. Por um lado, embora no final do sé-.
muito inferior. mas que trabalhava com: áfinco, ao:
culo 19 algumas inglesas e ameéricanas: tivessem car- Á
- mesmo tempo em que fazia com que ela | passasse a
End “ reias, satisfatórias no: ensino superior, ' “milhares de”
«maior patte do dia” escrevendo os projetos. dele."
“historiadoras continuavam a sér chamadas de ama-
Nó, entanto, como: “podem histórias. tão sórdidas j
ni doras, sem as associações institucionais dos profissio-
“aumentar nossa compreensão da história: científica e SRD

Ee E É
oe
-Nnais do. éSexo masculino.'* Por outro lado, as mulheres
GR sua profissionalização, sobretudo: quando. a profissão.
o “muitas. vezes escolhiam assuntos. históricos) diferen-.
nho E “acaba permitindo o ingresso, de mulheres, nesse cam-
tes: a história das: mulherés, 'da vida social, é da cul-,
ada po? Embora este livro explore o desenvolvimento. da
tura supérior é inferior. A prestigiada história profis-.
Daio “dência “histórica como ; um esforço complexo | em-:
=“ »Sional baseada na reflexão prófunda eem importan-'
E Rs, - preendido por jovens eruditos: aventureiros. do século. '
Imbuia tes tópicos. políticos era para homens, enquanto éas.
REiiaS 19, ele também + tem.A frade preocupação € comi todos f
PEN -mulhetes “amadoras” buscavam um modo mais.“
: perficial” de escrever sobre o passado. docas
Rs Casior éou, em linguagem cóloquiaL pessoa alii AN: T) os
Gia AE Este livro. examina. precisamente narrativas
3 BAIR, Deirdre. Simone de'Beauvoir: A Biography. jo o
- 5 É Sos ingênuas sobre a Tealeza ee. damas famosas. para” ma-,
New York: Summit, 1990, pássim. A. biografia de Si-.. ç nl
“moné de Beauvoir escrita por. Bair não a glorifica. de, Abs
' nenhum. mod Es ao contrário, mostra seu declínio ú 14. Por este, livro ter sido inidádo. como: “um estudo:
- “em uma patética escravidão diante de Saríre, duran-: “ exclusivamente sobre. mulheres, “coletei , informa- . so
ne“te aqual elajescreveu para ele, arranjou-lhe.f parceiras: a piers ções” sobre “centénas de mulheres: cujos |momes não:
ú sexuais, além de, drogas ilegais, Le. Doeuff faz muitas, são aqui: mencionados. Gostariade: partilhá-lo;com.
: “observações similares Esses: pontos são: reavaliados “todas as. pessoas interessadas em. estudar | em: dieta
- em MOI, Totil. Simone de Beauvoir: The PRE o!of an hes, essas historiadoras. | aos io o 5
Intelectual Woman. Oxford: Blackwell, 1994.
cueiÃO
o Va GS SS IS, ÉS O º “ua 46
Gênero e Históri ia: hômpris, mulher es e a pr ática histórica Si

os me a é . + rg .
E va. Ou, “mais uma vez, seria o conceito” do, dhador:
““pearo lado superficial, literário, trivial e “feminino” E apenas o resultado da profissionalização, uma imita-.
“do: amadorismo. Faz isso não para negar tal caracte- Vas ção mais fraca: -e-menos valiosa! (“ 'amadorística” ) do.
“ização, 'mas sobretudo: para explorár esse. tipo de “profissional científico personificado por aqueles que SÃO e
* produção histórica, tal como ela existiu no-início do não se preocupavam. em. ser historiadores, profissio-: ps
século 19, antes que a prática científica, baseada na. nais? Se qualquer, uma dessas. idéias for, verdadeirá, EN
universidade, a ultrapassasse. É arriscado partir da. “como! funcionavam as produções históricas “impu-
É “rica tradição historiográfica de, ver; escritores canôni- ç “as” “oufalsas”? Acreditamos saber O queé a histó- a |
"= cosdo sexo masculino no centro da história, ma r
mo ria superficial é amadorística. Mas de fato, sabemos? o de
= réce importante. mostrar desde o início o: superficial “Dois-sentidos. do que “era “trivial” e “inferior” o, RO
e trivial - não obstante ardenté relacionamento das
“ dão subsídios a esta discuissão. A literatura amadora. . Ir
o "mulheres coma história. Analiso': a condição. amado- .
- passou, a ser. vista como de certa forma apropriada E
4
“Ta "das mulheres não apenas porque seu trabalho tor-. para mulheres - "mulheres que ganhavam a vida es “
“nou- se sinônimo de “amadorismo”, : mas. também : “crevendo para. o mercado, fora das mais exclusivas ci a
porque. a relação entre a mulher amadora 'e a profis-. “ instituições, profissionais, de: história. Essa espécie de Cuca
“sionalização está muito pouco clara, inexplorada até, obra direcionada pelo mercado foi considerada bási- Coca
embora a questão histórica - — “o passado” — Se: “simi- ca por profissionais de épocas posteriores, servindo;
lar para, escritores homens e mulheres." Por 'exem-. de instrumento a gostos literários inferiores é! distin-- dos
E “plo, se considerarmos que a história” escrita amadora ta do trábalho de alta qualidade de prósperos: ho- o
é mais antiga do que a profissional, a prática-das mu- mens de fora da academia: “AS “mulheres” eram a” e bo
"ihéres : seria mais autêntica€e natural, precedendo a “quintessência' do: “amadorismo, que se' envolviam. vt
e criação da história científica, com suas; copiosas te- Yg Som O mercado; os] homens, os profissionais ápropria- cs
“gras é procedimentos? Constantemente “éscorraçada". “dos, que serviam a fins mais. elevados:!* A distinção
: “pelos. homens das universidades, a literatura amado-
vs ra do século. 19) pode: também ser vistacomo uma es-
“pécie de impureza que o profissional eliminou — - uma Tó. Essas “questões são COmplidadas pela etimologia: ,
“imensidão de falsidades: que éle removeu. para enc! ado O termo “amador” em inglês obteve sua maior ácei- o ts
“ - tação - a partir do. início, “do século19, ; quando o A
Ss contrar” umnu passado à autêntico e tima verdade objeto. " “amador” era um conhecedor de alguma coisa (do... Eos
Y =
sd E abacaxi, digamos), ejera, por. isso, muito instruído veis
-15. Nem PHiipuá Levine. nem Rosemary. Janp «sobre o assúnto ou. era alguém que praticava uma” rd
id 2 se “considera as mulheres. Ver seus “excelentes estu: CU vã das artes (embora: não, por dinheiro), enquanto, 6
““ dos sobre amadorismo e anarquismo: LEVINE, s fiebsstonl tinha interesses-côrporativos enão na-
- Philippa.. The Amateur and the, Professional: Anti Ko » cionais, ou uma-identidade religiosa e não leiga:, A.
“quarians, “Historiafis and. Archeologists in Victo-, - medida: “que o termo evoluiu, o profissional, tornou-,
“rian England, 1838-1886, Cambridge: Cambridge. | "se alguém. que não escrevia para 6 público em geral,
“University: Press) 1986; e JANN, Rosemary: The, - enquanto a mulher amadora miitas vezes dependia A
vu ArÉ and: Sciençe of. Victorian: History: Columbus: o pabico para o seu. sustento, den
la Ohio. State. Unte Press, ABS. do ap
e de imparcial em”n questões de vida: ocial ou política.
sda F a a ca-
o entre éesses termos. justápostos « era “xucial pára o Construída em meio à modernidade que se espalha- Cia
Rae pacidade « de os profissionais moldare m-se “como par-
va ein regiões cada vez maiores: do: Ocidente, ahis-
daí estrutura: dé poder. da elite, distinta das idéias : é
fe “tória amadora escrita, por mulheres muitas vezes o
bai -não- -cultivadas das: pessoas comuns. Mas: como exac, . -palpitava, com descrições expressivas e intenso sen- 4
il “tamente: 'aconteceu isso, em 'que- termos, com que: timento = -O córação do que passou a a ser “chamado de o
DEN pas“ marchas é, ;contramarchas? A história “amadora, de Finenige e “superficial”. Ea
“mulheres tem servido como um térteno dotado de; O que primeiro foi eHamado de.e aihiddorisho”
EMA - Bênero para.a profissionalização, . áinda' que um ter=. : “feminino é sintomático de um. relacionamênto. com, o“
reno até aqui cárente de especificidade histórica, da. passado: similarmente filtrado através 'do trauma. Os:
| mesma, forma: como a, historiografia. da. profissionali- Nndes
De se tempos revolucionários trouxeram um sofrimento in-.
pit di “zação tem carecido do sentido. dessa interação. Ah suportável, e-o modernismo. resultante levou:à deso-
o T+ gação das mulheres com o mercado permitiu o surgi-. rientação. O clima político / fomentou. a igualdade cos:
“mento de um domínio masculino mais transcenden- “> direitos universais, mas ao mesmo tempo houve uma |
“tal e profissionalizado da história escrita... crescente denegação das: mulheres e sua espoliação o
A.literatura profissional alcançou importância. - legal. '7 Escrita em grande parte, por mulheres, que o
“oc em tempos de” modernização econômica e política, “muitas vezes
+ não: tinham, o direito de conservar, seus EEE
El “começando muito lentamente na. “metade do: século. ms Z x O
Ea :
o 18.e “acelerando. da metade para o final do século - 17. A interpretação. dó trauma como informação. po
19.0 amadorismo feminino, contudo; decolara vá "para essa análise vem de BROWN, Laura.S. Not Out-,
(rias. décadas. antes. A] partir das Revoluções France: “+ “side the Range: One Feminist Perspective on'Psychic
- Trauma. American Imago,-48, p.:119-133,:1991. De' mis
sa e, Americana, mulheres. amadoras. como Mercy
:« acordo com Brown; psiquiatras têm sustentado « que”. ER
“otis Warren; Louise Keralio, Germaine de Staél, Jo-. : as mulheres não podem-ser classificadas como trau-. io voto
hanna Schopenhauer, Caroline, Pichler e AnnaiJame- | matizadas, porque incesto, estupro é abuso em geral Pit
Ro “son, viveram em climá de. intenso derramamento de . dos * contra”ás mulheres estão de tal modo inseridos na,
te: discri- vida cotidiana que elas jjá devériam estar” acostuma-
É Mania ita - sangue, drástica agitação. social 'e crescen
intelec tual . — das'As experiências dos, homens (com aguerra, por; ERR
Ras -minação contra as, mulheres. Sua”visão
Vaio exemplo): estão “fora do alcance” da experiência nor- :
«Majeva através de um panorama de feridas terríveis ” mal e por isso são “traumas “reais”, “legítimos”.
SAIDA “e perdas maciças no seu caminho rumo-ao: “passado. nes “Browi estabelece que as minorias Taciais e as mulhe--
: Embora muitas amadoras tenham estuda do. manus-”. “e Teg-estão dentro do alcance dó tratima, por causa do
E “critos: e outras. fontes de- arquivo, grande F arte das. catete abuso «que sofrem na: sociedade. Sobre al-«
“que 'éscreveram fizeram- no-em um: período .antes de: - guns textos histórico/etnográficos. de: homêéns afro-,
", “americanos do início do século 19, ver BAY, Mia. The ai RA
“a história ser subjugada Ê “transformada em, uma es-.. * White'Imáge ini the Black Mind, 1830-1925, New York vç.
pécie de: conhecimento profissio] al e “Oxford University.Press, a ser publicado, cap. 2. Essas
Gu ca, de. novos e cércitos denmassa ed violência inter-. “= obras/são escassas, séu.1 autores efêmeros e difíceis de: tag
aà bj Rsserem rastréados. . UE
EpiuRçã RR

“Introdução
mim

ss E
da a

“dem Wnite, os leitores (incluindo eruditos) “pódem


“ganhos, a. História atuado: Toi uma “representação Ca “! deixar: suas. violentas fantasias vagarem livremente E
BRA “complexa desse mundo. “Como muitos homens da “ao. fazer história. º Em observações um tanto diferen-
“época, as mulheres escritoras -— notadamente: Gérmai- 3 - tes, Dominick. LaCapra sustenta. que. lidar de manei- E
- ne de Staél - viam q “passado como um ponto de tris- “xa cognitiva com acontecimentos: traumáticos pode
«tes recordações e de perdas para elas, como: mulheres no ajudar 'a; “superar” as emoções debilitantes associa-
e, “muitas vezes, para a sociedade como um todo.. o. “das a eles.” Da. mêsma forma como “esses estudiosos
«legítimo é intenso. sentimento conectado à obra” de "passaram. recentemente: a pôr em dúvida nosso rela-
memórias é quase sempre associado à experiência dos: cionamento com a história da guerra e o Holocausto,
“homens em acontecimentos como à Primeira Guerra podemos olhar para o trabalho de mulheres amado- |
“Mundial eo Holocausto. 18 Estamos acostumados ao! ras.no contexto. de novas idéias sobre o relaciona-
“trauma. -que motiva O gênio romântico saturado de:
mento entre; cognição, “emoção e a psique. Escritoras
“drogas do início do século 19:e também aos sofrimen-
ds diligentes, muitas vezes chegando ao ponto da, grato-
tos de escritores como: Baudelaire e Mallarmé em res- mania, incansáveis coletadoras de informações du-
— posta às provações: da: modernidade. No caso das mu- ' rante tempos. perigosos, extenuadas e exploradas co-.
“lheres, as drogas tambérn ajudaram. pessoas como de : E Jaboradoras. das .minguadas economias, domésticas, :
Staél, a vencer. o caminho até o-passado, produzindo. o “ privadas de direitos políticos e de, propriedade, as *
“que analisarei. aqui como “narco-história”. Outras mulheres: historiadorás produzirana um grande fluxo :
Seuilheses escritoras, também posicionadas. no campô

ç
de histórias culturais” e sociais e de narrativas “sobre
“do. trauma, planejaram estratégias diferentes, mas - rainhas e mulheres notáveis. Esse repetitivo. focohis-
“não menos importantes, que renderam histórias ; am- ) tórico em: assuntos superficiais requer. uma, investi- .
- plamente lidas sobre realeza e mulheres notáveis, as gação em, termos epistemológicos e psicológicos.
“cultura, Viagens e vida-social, como parte de uma tra- O que nos tem impedido de considerar à: obra
EN “dição: maior, inexplorada e diferenciada pelo gênero. de mulheres amadoras € seu, relacionamento com; o.
ri “Historiadores: proeminentes têm sugerido que
“desenvolvimento da feminilidade intelectual. e polí-
va uma história. boa, : analítica até, inspira. emoção e.
tica é uma historiografia que erradica o amadorismo
“que, com isso, “pode servir. a importantes funções psis “para contar uma história singular sobre as altas rea- o
,
“ cológicas. - - Como 0 passado oferece narrativas de
e lizações do profissionalismo. Em contraste, O entrela- te Gary
acontecimentos. violentos já supetados, afirma Hay-
3 samento “da obra histórica, deé homens e de mulheres Ene
inptar ip
ad . See ES

8. Pára exemplos do modo. como. o trauma está re-. 19. WHITE, Harder à The Content oft the Form: “Narta:
o lacionado, com a história e com fatos históricos, ver tive Discourse and” Historical Representation. Balti-
E ROTH, “Michael 'S. The Ironist's-Cage: Memory, Trau- 1 more: Johns Hopkins University Press, 1987. p. 89.
ma, and-the Construction of History. New York: Co-
20. LaCAPRA, Dominick: Representing. «thé, Holocanist:
“ lumbia University Press, 1995; LaCAPRA, Dominick. History,
: “Representing the Holocaust: History, Memory, e no —siy PrPress,Memory, Trauma. Tthaca: son
1994. p: d- 17. so
Uniiver- ESA
e “Ma. Tthaca: Cornell UinivenaetrDicso 1994: PSIG
Poa “sistívelr para os círculos anglótonos. Historiadores dai vo
É mostra como oà profissional: construiu seus padrões des a Po

et" ciência, no. entanto, formecem . provas de. “que as, ss)
“excelência ao se diferenciar de um: “outro” inferior,
; “ciências não apenas refletem de forma | mais ou me-
indigno. e-trivial” Várias gerações de jovens. “classi- : “nos neutra, mas: que as práticas ' e às ferramentas
“o. cistas, especialistas! em. Jatim, é grego e com. grandes “a -(tais “como mirar- se no: espelho e' o espelho ““em si'
. experiência em avaliar as nuanças das palavra : mesmo) ajudam a moldar a disciplina, suas idéias
sentaram. as fundações para: o- “aprimorament O: Esses ç - sobre verdade, seus! pregadores e seus leitores: Pro- RE
“campo de conhecimento. Castigados fisicâmente na ““cedimentos, comportamento-profissional e práticas :
escola por: cometerem. erros com palavras de clássic eruditas têm sido definidores, e nunca de forma tão E ra
- “cos recônditos, os futuros profissionais Vieram, a “fe Ro intensa quanto na criação de profissionais no campo (o
n tichizar” o documento escrito, menosprezando obje- “= da história, As mulheres"escreviam sem parar e ao.
“tos'e artefatos do dia-a-dia e enfatizando sua subli-. so SR mesmo tempo administravam, o nascimento dos fio tum
do me identidade: másculiha como «especialistas. que o:
“1 lhos; as famílias ea catástrofe política, “além de te-
ndo pairavam acima da vida comum, da mesma forma: gatear condições com- os. editores; elas representa ia
1), como-sua obra. pairava. acima da: compreensão « doi in-: vam a história em tableaux vivants, traziam à- luz NE
vtelecto comum e acima” das, questões domésticas | e
- Uma variedade í impar de dochmentos, coleções. e in- o
“fêmininas. “Cientistas”: históricos estabeleciam olaí y jo

“ Fidades "entre profissionalismo. e amadorismo entre na


23: Pará uma amostra de um: trabalho voltado! pará)
história: política - e ninharias culturais, entre o espí novas idéias de evidência e objetividade nas ciências :,
toeo corpo — - polaridades emé que o último termo era é “e outras disciplinas, ver MEGILL, Allan (Org.). Re- da
sempre “inferior ao anterior. 22 Foi no diálogo: com a-vi- * Minking Objectivity. Dorham, NC: Duke: University o
Eh a pda e são: amadoóra mais popular — isto é, “com.a. feminilida- - Press,' 1994. Estudos 1 monográficos incluem DAS-" tutto
"TON, Lorraine. Classical Proóbability. in the Enlighten" é “ Elo o
ope “de, “a vida cotidiana é sua concomitante superficiali-
cment. Princeton: Princeton University Press, 1988; : K
frete ane “dade. - que a “ciência histórica “tomou forma. como “SHAPIN; Steven. The Social History of, Truth: Civility a
Pl uma questão . de importância nacional, como verda- and, Science ini “Seventeênth Century England.. chil o
E aà de' “univérsal sem gênero e, ao mesmo. tempo, como voir | cago:. University of Chicágo Press, 1994: LATOUR, '
uma à disciplina sobretudo para homens. E - Bruno, Laboratory Life: The. Construction. of Scienti-:-
“fic Facts: Princeton: ;Princeton, University Press,
o Edo “Até tecentemente, a idéia de. uma. “lemdade 1986; Id, The Pasteurization of-France. /Trad. Alan.
TA tap universal + refletida pelo, espálio da história era irre- Sheridan. - Cambridge, MA: Harvard University.
Press, 1988; LUNBECK, Elizabeth. The: Psychiatrie .
Es E Té “ars A Aisiuasdo é. tirada: de STALIVERASS, Peter a “Persuasion: Knowledge, cender, and Power. in Mo- cd
neo
Rs SE sqa WHITE, “Allom. The Politics and. Poetics of Tegtsgres, : - dern; America. “Princeton: : :Priniceton University
: “sion. Ithaca: Cornell “University Press, 1986. — Préss, 1994; PICKERING, Andrew. The Mangle of
Ea A Practice: Time, Agency, and Science. Chicago: Uni- ns “
22: SCARRY,/ “Elaine. The: Body. in: Pain: New. York: E “ “versity: of. “Chicago Press, 1995. Esses estudos foram.-
* Oxford University) Press, 1985; “ONG, Walter. «Figh- 20 Ev -precedidos: pela. obra-de Gaston Bachelard Robert .
tinade a Contest, Seen, and O
É * Merton €e; “mais. tenententelite, Mari EHesse. :
Tie

o o formações, tentando fazer. esse Material vibrar. em “dem: relormilar “problenis ou decidir questões. “o,
AE Y o a TÍVEOS, de viagens e romances históricos. Os profis- ao - espelho, tem-sido uma metáfora útil na explicação « de
e Lais “sionais, ao contrário, “direcionayam o foco. pára trei- “como a história opera, é o gênero esteve necessaria-
a Es “amentos e seminários e. consideravam- -se pesquisa- mente” envolvido. na definição de, profissionais: em.
= dores dé arquivos que: intéragiam com documentos. “oposição ao que era inferior e amadorístico: Imagens
EEE “autênticos, ainda que empoeirados. Eles, também: “de feminilidade e sexo. serviram, surpreendente- , as
Ed + praticavam a história mais privadamente em casa, mente, para: fazer avançar a obra histórica, “desem-
tais dad e arregimentando mães, esposas, filhos, cunhadas, ps baraçar nós históricos e incitar fantasias sobre o pas- :
Na
Ega dg UI primas e" outros parentes do sex6. feminino para O. sado. “Assim, examinarei particularmente o modo
Ele Ea “trabalho de: pesquisa, “arquivamento, editoração er “como tanto a linguagem 'do' corpo quanto a sexuali-
E até mesmo da própria escrita. Todos os. “créditos iam ; dade 'tornaram-se cruciais, para o estabelecimento :
“para: o autor homem. Esse trabalho do profissional. “das condições de. coerência para, (os avanços nessa
“masculino como o mais; verossímil narrador do pas- área. Até” mesmo termos importantes, mas simples,
“sado e'a concomitante omissão das, contribuições de, ) “como “Íatos”, “detalhes” e realidade”, estavam ex-
“suas parentas'e das amadoras; são um outro aspecto, sphdtamentr, entreineados. comi sexo € gênero..
da: determinação “do gênero. da ciência. histórica. o - COMO a profissão. evoluiu baseada fortemente ai
“historiador é muitas vezes visto como uma: pessoa, H-.. “NO gênero; surgem indagações sobre, as primeiras mu-
e “de problemas: um. especialista experiente. Nes- “Iheres profissionais que receberam instrução univer-
te livro, examinarei' as conexões do historiador pro-: . “sitária na Inglaterra é nos Estados: Unidos, a partir-da
;isstonal com obras omitidas: e narrativas “inférios década de 1870. Teriam-elas um desempenho de pro-
. No: processo, explorarei a hipótese de o profis- “issional / é, como tal, de” “homem”? “Conseguiriam
tes ; desiisiiá ser um relacionamento. depend: ente de elas, de alguma forma; despersonificar- se, apesar de
vozes desacreditadas e de relatos desvalorizados.. [Nai Weronta coletivadas mulheres no período vitoriano
= Insights: tomados emprestados da ântropologia, E “ser “o. sexo”? Conseguiriam elas evitar, ER contamina-. ,
da crítica literária e da” filosofia têm. orientado indá- o do “amadorismo, “sobretudo. porque o amadorismo E
gações contemporâneas pará o desenvolvimento Jin-. stava florescendo no final do século? A) maioria des-.
* gúístico e metodológico da nova ciência e profissão : “sas mulheres permaneceu. solteira, dissociada : da de.
«de história. Desde: Wittgênstein, sabémos que alin- “pendência pessoal e financeira que 0' casamento au-
guagem: e-a compreensão: são fragmentadas em / co- - Êtomaticamente trazia-e, por isso, jprecisava! levar
munidades lingiísticas e, mais recentemente, a filó-
1
a(avante, “seu trabalho sem « o torte «apoio. familiar qu
“sofa Mary Hesse mostrou. em detalhes como o: pensa- A
“mento m tafórico “ajudou: cientistas à fazerem suas
- descoberta: ca progredirem, em suas carreiras. Essas”
metáforas Amenitaio, a, foriminjaçao de: novas idéias, “24, HESSE, BRO “Revolutions, and “Reconstructions. in
«the id ade. Bloomindtorr Indiana Uni- da ao
es “histór amada escrita por mulheres Nlaresebu e não. *em geral, O profissionalismo envolveu o controle do-
“apenas expandiu seu alcance de literatura, de Vingeind to “espelho. da história por homens universitários, cujas
Pit d - história social e: narrativás culturais, mas também. - práticas fundamentais baseayam-se em: desacredi-'
ia «adotou novos campos, como o+ estudo cultural do, RRe tar a visão. histórica. de, intrusos como. feminina e,
“por, isso, “inferior”.Pr, o que aconteceria quándo dife-.
"térpretados: como párte de várias “iradições nacio: rentes “profissionais | — incluindo aqueles de sexo
na nais “originadas da ansiedade étnica, | do mal- estar cul- / “inferior” “eraças “inferiores” apoiados- por conside-
ini tural; e de outros fatores, Eu, os; leio de maneirá dife- rável experiência profissional — passassem a se
rente como continuação. das figurações. traumáticas - ocupar da história de maneira perceptível? Duran-
«de “obras anteriores e, ao, mesmo tempo, um “molde, ste grande. parte. do século 19, em uma: época de .
- para um gênero distinto. De maneira mais drástica, participação eleitoral mínima, o tema histórico
: is - sufragistas e outras feministas, pesquisadoras sociais | f “concentrou- -Se nas elites e no funcionamento: do go-:
Pd ROO ce reformistas: começavam a investigar o passado, para a - Verno nos. níveis mais. elevados. Entretanto, nos.
aiio pttA cd - produzir relatos sobre à experiência econômica e po eua EN “anos anteriores a Primeira Guerra Mundial, o elei- /o
ECA. : “ lítica menos importante: das mulheres e mapear «o, mn e “torado masculino branco do Ocidente expandiu: se
surgimento: ide movimentos. a favor. de mudanças. : -% ÉÉ Tapidamente, enquanito o crescente consumismo e >
- Essa é.a história dô relacionamento itrigante ós avanços: dos meios de comunicação. incrementa-
“e “ainda inexplorado: de” mulheres: profissionais tanto: vam 0. desenvolvimento”, “da. sociedade de massa.
“com O “amadorismo quanto com: tropos corpóreos, - "Um movimento coletivo pelo sufrágio, a. correspon-..
- metáforas. sexuais : valores com gênero: 'd ciência. dente, revogação. de leis: “que haviam concedido aos
“histórica - «correlatos da pesquisa: em arquivos que homéns os salários e' as, propriedades. das mulheres, * -
o elas empreenderam e-da. objetividade. que'vvaloriza-.
s so — e “uma rápida queda nã taxa: de natalidade repre-
E do - ram) Asihistoriadoras profissionais e aquelas. com ins- 5 Es | “sentaram desafios aos modos tradicionais de produ-
: “trução universitária lançaram um.olhar. profundo ou é Papiro “air o gênero. Os compromissos. comcertos aspectos ,
“superficial no espelho da história? Sua obra. foi mo- ú Es Oniagra Es da identidade: masculina profissional
« dificada- ela cauição! da, esfera piada e-suas con-: Ro eso “ foram“ desfeitos. como resultado dessas mudáânças. a
“Ao se redefinirem, historiadores tão. díspares como.
“ Benedetto Croce, Karl: Lamprecht, Johan Huizinga, Sa
-Henty Adams e Henri Berr expandiram seu raio de. -
ação: para incluir a; históriá da cultura, davida: géo-. z
- nômica eum compromisso com a: “síntese” eafes- sro
Ê tética” , em lugar de fatos e, detalhes, Sua obra, tor- ai
- nou-se modernista, más não menos. sexuada e pro- o
“papel tão importante no motiér is jo histórico” da “vida de gênero do. que, a-prodúzida em períodos. an=
« duanto «o do gênero na Sonsinução do modernismo Caia A “teriores, áinda que os autores questionassem o cen-
a “tralismo: dos fatós, as pesquisas eem à arquivose a, his “vaso Examiná como, “entre 1800 e 1949, eles lui
pe a tória política da elite. Eles ajudaram a: construir a: jr Tam por definições de: sentido histórico;. “como, de
“persona; do historiador moderno, tornando- “a | muito
: maneiras variadas, imaginarâm tópicos é significados
> mais visível no espelho. da história.. As « históricos; e-como produziram eus eruditos a partir 0.
E As mulheres historiadoras não tiveram. desem-
dé práticas históricas e da interação de: regras histó- Cação
“ pénho d diferente, tornando- se modernistas elas tam-.
- ricas. Não havia “um” sem o “outro”. Contudo, ape- .
* bém Críticos literários viam nas metáforas e preocu-
a sar da centralidade incerta do gênero, à narrativa.
“ pações modernistas tanto uma definição. quanto uma; “singular” da historiografia, da realidade histórica e
“ indistinção de ; gênero, que. ofereciam a possibilidade "do avanço profissional persiste e: contíriua a ser um.
“de práticas literárias; “Sociais € profissionais mais Vac “produto básico para a maioria denós: É hora de uma
equitativas. 2 AS mulheres, dé acordo com tais estu-:: a “versão da historiografia | que réconheça o gênero mu
- diosos, (são emblemáticas em uma forma que é. mais -- uma! Versão que nos, permitirá dar novo Polimento ,
“libertadora do-que aquela oferecida por-conceitos vi- o “em nosso, espelho sobie o passado. ENE E,
| torianos de esferas separadas. Tecnologia, primitivis- , vo Í
Eua
mo, paródia e outros, aspectos do modernismo, ofere-. € Us ( | : ; ; Do :


Aedo

“ceram aberturas que as mulheres eruditas aproveita-


“ram, com: variados níveis de! sucesso: Lucy Maynard. a
“Salmon, Eileen” Power, Jane Ellen Hairison e Mary
- Beard foram historiadoras. únicas, mas: todas. elas
produziram história e: personias históricas, que consti-.
tuem um até agorá négligenciado: elemento do mo-
“dernismo de nossa profissão. o E &
: - Embora ostestudos: de história como » profissão
sigam. muitas vezes fantásias da partenogênese his-
: tonopiáfica masculina; de um téma: exclusivamente '
masculino de' verdade histórica e da importância dé:
+ É Diocedimentos e tópicos definidos como. thasculinós,

“ nições e - temas que homes e mulheres têm imaginá- A


- do interativamente apartir de, uma altéridade cons- 1
“truída em bases sociai: e EeprR de forma cogniti o

“aE FELSKI, Rita. “The Gender of Maderiib Gambá:


“86, MAS Harvard | University Press, 1995. DEKOVEN:
aManintine. Rich and ás gender Hisiors, À Moder- a
“capítulo 1º 2)/ Pon “oo prt y E

o CAMINHO DO NARCÓTICO -
RUMO AO PASSADO :
Eco - ; Ns “a

Ei A historiografia.cristaliza- -se em torno da figu-


“ra do. historiador e de seu trabalho, mapeando um
. conjunto de diferentes temas, Vestratégias e avanços
cu RE Ele próprio serve como herói intelectual, 'cujo cará- |
RR ter unificado toi purgado de todo material contradi- :
“tório ou confuso. As virtudes de uma apresentação :
como essa são numerosas, permitindo gue nos iden-
“tifiquemos com um “bom caráter, que encontremos
coerência em grande número de obras escritas e que “|
imaginemos de fotma vívida que somos intelectual-
mente inspirados para nossas próprias inovações. A
história escrita por. mulheres e sobre elas, no entan-'
to, tem colocado: em: questão o foco que mostra” as.
“notáveis” como insípidas e elitistas, e essas críticas
ndo 'são importantes. Em virtude de uma. dessas “notár
PE veis” — “Germaine de Staél — ter'tido papel tão impor-
“ tante na imaginação historiográfica norte-americana ho
“e européia, parece essencial estudá- la e, com isso, in*
troduzir os contornos, historiográficos, biográficos Ee aa
“notáveis” de: nossa ciência.
Sd No caso: de de Staél, a unidade imputada à sua
obra, centra- -se-no constituciohalismo e liberalismo Ro
E
sy ativismo: nd 'No: entanto; tal únidade: pode ter su 1 ar- ; es
“> madilhas, ao. nos encorajar a. imaginar alguéi m ém
idea de “gênio” influericiou mulheres escritoras é fe,
Eu maneir S inadequadamenté, claras e que prestem; um.
E ministas “que se: inspiraram em. de stael, para moldar” E
verdadeiro desserviço a complexidade, “A historió- e
asi próprias e a muitos de seus personagens. de fie-
ss grafia é avança. com: o: mapeamento. deeus 'coetentes e e:
“ção. No entanto, “gênio” é uma” palavra hoje. yara-
> de seus. coerentes “Conjuntos de idéias: Mas podem
= mente. associada. à.boa' história, “cujas palavras-cha;
surgir , ocasiões em que ela talvez. não -áyance: Ger-.
A vês são. “pesquisa” * e “fatos” O pesquisador esforça-
|
“maine de; Staél, como crédito. de ter dado forma a,
do, que as vezes, reclama do trabalho duro que é a
- uma trajetória liberal, inicial da, história da, Reyolu- e
““arquivologia; mas que detém-uma' grande riqueza
“ção Francesa, tinha valores “históricos: muito; mais. * /
“em conhecimento, deve: desaparecer no discurso
problemáticos do que se, costuma: supor. Em primei
: “erudito, permitindo que a verdade construída com
“To lugar, ela descaradamente intitulot- “se “gênio” na | ;
base científica tenha seu dia. “Em contraste, um gê- É
“arte-de, fazer, história, e depois aprésentou-se assim
“nio, ão lançár insights inspirados, é imuito mais per-,.
“em, uma grande quantidade de-livros notáveis e bá-.
turbador - e para a mente profissional, desagrada-:
sicos para: a obrá; histórica: Corinne,-ou | Ttalie (Corin-
“velmente: perturbador. Talvez nos pareça mais difí- :
ne, ou à Itália); Dix années, d “exil (Dez anos de exílio); De E.
“cil ainda imaginar um gênio. quando o assunto diz.
ud “Allemagne (Sobre a Alemanha); e até “Considérations. sur
: Hespeito a mulheres historiadoras: o gênio, “implica
“ les evénements. principaux de la Révolution française (Con-: e
- siderações sobre os principais acontecimentos da Revolução n :
dentes, ênquanitá as mulheres têm: tradicionalmente
sido! caracterizadas cómo derivantes, secundárias e"
“; meramente, competentes. Na época em que de Staél.
À miêres é liberté, Paris: Klincksieck; 197:
“escreveu, o significado de “gênio” como “um indiví-,
: Madame de Stgel: Ecrire, lutter, vivre. Geneva
“duo inexplicavelmente e incomparavelmenté criati-
:VO " , estava substituindo seu sentido mais antigo,
“um espírito, orientador”, - como no Génie du Christia-. E
nisme (Gênio do: cristianismo), de: Chateaubriand. Além
disso, no final do século 18, “gênio”, readquirit. sua
; antiga alusão aà loucura divina e frenesi; assim, foi se
tornando. cada vez mais perigoso para as mulheres 2
", profissionais adotarem ra postura de gênio, uma vez
que o campo da psicologia passou a caracterizar a fe o
a a ao o: Preténno, da toucira: "Q génio de

)4 A literatura sobre : a idéia de gênio é, enorme: “para


“Um resumo; ver os “artigos: sobre gênio de Giorgio To- ts
o nelh, Rudolf, Wittkower e. deivard) Lovinska, em
O caíniiho:do jarcótico rumo ao passado-
C pt oUNO PsE ES NES

ide stagl oferece desaniva para 'a tradição historiográ-|


“Oswald, encontra- -se. por acaso: na multidão | e:- tam-.
“fica, o que torna seu; caso exemplár em nosso ) esfor-
“bém é tomado pelo encanto de Corinne! Ela atráves- Pia
ço para: compréender a dinâmica do gênero. " Ssacom ele a Itália, sempre narrando a história, italia-
; * Em 1807, “Germaine de Staél, muitas. vezes as-
“nã. Por: fim, Oswald: retorna à à Inglaterra e casa-se
Í sociada a aspirações políticas racionais e constitucio- “com uma mulher mais convencional, contribuindo
-s nais, “publicou seu romancê. Corinne” — uma: notável com isso para, a morte de Corinne.: Nessa: obra, de
representação de sensibilidade: Histórica, construída
“Staél reivindicou 0: gênio histórico para. as mulheres
ao-redor do, “gênio de uma mulher. Em umia cena, 'a - “e para si própria, mostrando, para o melhor e para o.
A heroína, poeta e patriota, cujos relatos elogientes -. pior, como ele operava na narrativa do: passado. ;
- das glórias e desventuras do povo italiano: comoóvem
Mesmo para umá “historiadora, as conseqiiên-
até os corações mais duros, discursa no, Capitólio so- “cias da escolha de uma identidade podem ser dramá-
bre a história de Roma. Na: visão de de Staél, O gênio
ticas, e.nesse aspecto Corinne, no qual uma mulhér
paira acima do, talento |ou da inteligência quantificá-
famosa relata a.história como“úm autoproclamado. gê-
-vel;é o inefável em forma. humana, representado de st
- nio, é um dos livros proféticos. da: Europa do início do:
maneira' pública e responsável, mas muitas vezes
> século 19. Por um lado, o. livro” personificou o gênio,
É perturbada e às vezes fatal. A intelligentsia romana. —
situando- -o em: uma: vida real, e fez Germaine de Staél
exatamente como fizera: com. Petrarca e Tasso : - co-
ser tratada como celebridade internacionalmente:
Toa: Corinne com louros c a lança; no meio da multi-
““Corinne” e“de Staél” foram associadas a “gênio” du-
- dão: ágitada das ruas vizinhas para receber homena-.

A
“ante mais de um século: Por outro lado, a fusão de...
: gens pela, sua: percepção do caráter, da história e das gênio com mulher escritora provocou. uma: “variedade.
tadições clvicas. do) Foyo italiano. Um lorde escocês, =
“de outras reações « emocionais, entre elas o rancor e a
“perplexidade que muitas vezes resultam da: Teivindi-
WIENER; E (Org). Dictioado of the History: of E “cação, por: parte. das mulheres, do reconhecimento de,
po Ideas, New York: Charles Scribner's Sons, 1973..5 v. 1,
*p. -293-326: Para o contexto francês, ver JAFFE,- -Ki- - suas realizações importantes. De Staêl recebeu o epí-;
“ neret's. e Concept of Genius: Ts: “Changing Role i in" teto nada lisonjeiro de homasse (* “homem- mulher” ),
R Eighteenth< “Century French Aesthetics:; Jouinal of the “enquanto sua: obra, embora louvada por muitos, fos-
- History ofíldeas, 41, p: 579- 599, 1980; é WILLARD; “ se às vezes difamada como caótica por não ser histó- na
- Nédd::Le génie et la folie ai dix- huitiême siêele. Paris: ria nem ficção. Com a publicação. de Corinne, de Staél,
PUE 1963, Para o. contexto alemão; que também
tornou» -se é ainda mais odiada por Napoleão, ques gosta- i
“contém parte do- horizonte intelectual-de Ger rmaine Es
LDA da E
de Staél, ver FSCHMIDE, DENGLER, Wendelin, Ger x” TX

Ss. Fótam: muitas “as biografias. de dé Staél escritas nos


“ por mulheres no. século-19,:em quase todos:os. paí-
ses “do imundo ocidental. Além disso, “Corinne s serviu Ro
de modelo “para numerosas obras. de ficção, à Come-
É gar C mM, “JAMESON, «Anna: Diary, e an: Enade,
, bonidon: 5 felbiraa 1822. .
à te des sua. própria: história (e provavelmente de. seus.
— gênios) armbiguanhente militar. e: viril. “Até no exílio.
- trangimento: uma demonstração, de narcisismo, um)
ERAS
e exagero. Não. apenas muitas. mulheres: ainda hoje
“em Santa Helena, o imperador derrotado. sentiu-se. equiparam história com “racionalidade | e homens -
" compelido a reler o romance, masa narrativa ducto Voy nom
"como também, na. qualidade, de profissionais "que.
or Tdo do Sua irar “Detesto essa mulher”, Série ocupam. póstos importantes na comunidade acadê-,
AU descrição dessa anômala mulher genial em «mica, elas compreensivelmente acham o-termo“ “gê-
“sido 'desde então um legado conflituoso para. mulhe- , sobretudo: na forma como, de Stael 0 incorpo-..
res escritoras. Duráânte-quase-um século, as gráficas EM í
rou, “difícil desaceitar.? /
(
E
vb - despejaram biografias de de Staél, da Noruega e Ale-. “Ainda: outros historiógrafos contemporâneos igo
é manha: aos Estados. Unidos. Muitos dos biógrafos | noram a inspiração. que a descrição do gênio histórico:
“concordaram com a escritora norte- “americana Lydia . das mulheres pode-ter fornecido para escritores do iní-
Maria Child: de Staél foi “intelectualmente a: maior
“cio do século 19: Suprimindo evidências 'do “frenesi
“mulher que já existiu”. 7 Nessa leitura: de de Staél, ela-.
- divino”, eles insistem no compromisso republicano
-era-um modelo cúja memória conservou grande, for-. “como O ingrediente comum nas biografias de mulhe-...
; ça até muito depois de sua morte, uma ressonância: res escritoras. Não o gênio, mas a virtude, eles cla-'
“que, poderia- alimentar. a. ambição das mulheres: No" -- 3
“mam, oferecia-o salutar.e vantajoso ponto. de vista a.
: século 20, contudo, essa avaliação. foi abafada quan-. 4 “partir do. “qual escreveriam
a história, porque ele valo-
«dos 'mulheres se tornaram: mais; profissionais: “Ten- e
rizava a postura desinteressada das mulheres fora da:
témos levar Corinne a sério”, escreveu Ellen Moers na
"esfera política.'º Tal explicação sobre o trabalho histó-
“sua análise, cruel do: que'o retrato de Corinne edesua “rico das; mulheres na, chamada: “era da revolução”, é
“criadora. representaram pata .as mulheres: intelec- “ - ni
ft ii 1 De É

“tuais do; século: 195 Para mulheres contemporâneas, 9. Para úma crítica: sobre a digação das mulheres pro-
como Moers, o: quélificativo dde «génio era um, const fissionais-com o projeto: Iluminismo,..ver FLAS, ;
o “ Jane. Thinking Fragments:, Psychoanalysis, Femi-
6: “Sobre esse ponto, ver POLOWETSKY, Michael. A. : “ omism and Postmodernism'” in the. Contemporary
: - Bond Never Broketi: The Relations. between Napo- “ West; Berkeley: University : California Press, 1990; +
“Jeon and: the Authors of France: “Rutherford, NJ: eld., Disputed Subjects: Essays on Psychoanalysis; Po-
Fairleigh. Dickinson: University |Press, 1993, Para um. ndo e litics and Philosophy. London: Routledge, 1993, vs os
relato rápido sobre; o? crescente ódio e perseguição e, JO. Ver, por: exemplo, BAYM, Nina, “American Womén
“de Napoleão: a de Staél, ver DIESBACH, Ghislain de. “Writers and. the Work of History. “New Brunswick, NJ
“ “Madame de Stal: Paris; Perrin, 1983; oi GAUTIER; % Rutgers University Press, 1995. À interpretação . bas
Paul. Madame. de Staél et Napoléon. Paris: Pon, 1903. , Séja-se. no conceito «de “maternidade “republicana”, à
“7. CHILD, Lydia Maria. The Históry of the Condition doi to “5 “como historiadoras dé mulheres (Linda Kerber, Glai-”
“1 ré Moses e Karen Offen, “por exemplo) na década de
2 ta Women im Various Ages, and Nations. Boston: J. Ab

7
“den, 18352 vol, p. 157. 4 1980. passaram a descrevê-la para'a “França é Estados

=
“4. Unidos do período -pós- -revolucionário. Aúdéia de ma-:
se B 'MÕERS, Ellen. Literary Women. Garden city Ny o térnidade republicana é então vista como fendência.
y “Anchor Books, lo77. » 2630. EN: naasóbra das Amu eres historiadoras e sua inspiração.
Danças

Ao eo ” x CRY 4

: “persuasiva: 0> republicanismo Herínidia: que elas' se “-sideradas participantes centrais dela. “Em seus. téxtos,
/
OR CT = imaginassem importantes "narradoras da: verdade: e: o a história confrontava, de maneira explícita Ó abismo SEE
“testemunhas dos fatos. Mas por que a idéia de imilhe: entre. os vivos e os mortos; referia-se a fantasmas era
ss sr “res escritoras como participantes emães: republicanas: ' oa a tumbas, “mas também tratava de liberdade e comuni-
afsttidia teve, tanto peso, ao ponto de apagar. o retrato: dramá” “dade, ao mesmo tempo em que flutuava em enormes,
tico. de mulheres como gênios absolutos na; história?. e doses, de ópio. Sua obra confrontou' história com arte,
“4 :Pelós padrões. de hoje, de' Staél seria “muito ex-- " música, poesia é literatura. e-uhiu homens e mulhe- SAR 1
- cêntrica: como historiadora. Para “colocar'e em. termos E res, mas também os distanciou por causa daquela la= os
“claros, as drogas eo corpo eram “dois de séus veículos cuna chamada, interpretação. A história foi uma for- .
preferidos para a “verdade histórica: e ela escrevia não. ma de compreensão que deixamos para trás em favor .
“em um. bem. equipado escritório particular, mas: em. “do “conhecimento, do: profissionalismo e da ciência o: Na
- Viagem, no caos da fuga é do, exílio. Além disso, de, histórica sem ambiguidade. No entanto, esse desem-.
“ Stal = como Corinne— era devassa, não casta; exces-. penho práticamente único do gênio das mulheres que sd
sivamente rica, não: pobre. Dessa forma, embora qua-. trabalham fazendo história constitui um espectro ir
;8e desde. o início muitos quisessem aclamar de Staél que precisa ser situado, inserido nó contexto e éxa- - RR
por sua feminilidade intelectual, seu: enfoque narcóti- minado em “minúcias-como o vestígio de uma época. co
“co e erótico em relação ao pássado dificulta. ã identifi- “em que. o gênero era visto como explicitamente. Co-- o 5
“cação de profissionais de hoje com. ela-em qualquer, nectado à à. “história e em que a própria história era algo io &
sentido convencionál. O gênio histórico das mulheres, | * diferente do conhecimento profissionalizado. .
“do mode: como foi descrito por de Staél, pode ser uma:
- idéia tão incompreensível e desagradável que impeça' x os

nosso. acesso a ele, uma:vez que fói o. profissionalismo UM sixeio INDISTINTO: GÊNIO E.
qué definiu nossa metodologia. Por um lado, ela escre- “NARCO- HISTÓRIA | “eds
veu antês que nossos paradigmas historiográficos mo-. K E
a
+
dE; CIA

-dernos tomassem forma; por outro, no entanto, ela De staél modelou : seu: gênio, histórico com os
“tem sido “extremamente. “suscetível a interpretações E x materiais de seu tempo, e à, “Ode to Poppy”: (Ode a
transferidas. de nossas práticas racionais. No caso'de de". “Poppy, 1803), de. Charlotte Smith, que inspirou, De >
“ Staél, encontrar uma abordagem historiográfica unifi- 1 “ | Quincey e Coleridge, estava: entre eles: º
“ cada! “pode ser simplesmente. impossível. PAIS os
De Staéli inseriá- -se parcialmente no mmúndo ex k Hail, lovely blóssómt- = ou canst case
“ travagante dos gênios, no clima pulsante do conheci ; The wretched victims. of Disease; * e CE TE ld
- mento sensual-e na agitação traumática da política.e “Canst close those” 'weary eyes in. gentle sleep;
“da história Fa guilhotina: Sob. 9 «disfarce ae Corinne, “E “Which never open-bút to, weep;
"For oh! thy potent charm
Can agonizing. Pain. disarim!
nn A Rs ii : , de j : E é de alga

“Gênero e História: homens, mulheres. a prática histórica -


“nl Roy
Sea DR sesa SA: E ELE
IS

DRA e l impérious Memory tro hei: seat, "AO iniciar-se ó século 19, a pesquisa. em arqui-
PICA -And-bid the throbbing heart forget to: beat. ER = “vos! não era de formã algúma O: «caminho. universal- - pio
Ro e “[Salve, “encantadora flor! não conscanes aliviar mente “áceito: para, | Nerdade, histórica, como y tam-
. é -
“AS infelizes vítimas da- Enfermidadé;- a
x bém «não era, o seminário a principal forma: de insti-' Rá
e Não consegues fechar em Na sono o áqueles olhôs eo! Jar um sofisticado: conhecimento histórico. Entre
exaustos, nte oa EO : “1750 e 1830, o mais. provável eta que os historiado-
E Que. Nunca se abriram : senão Para chorar; | com rés homens tivessém a formação de juristas e teólo-.-
» Pois. oh! tel potente encanto 4) to! “gos; “ou eram os, banqueiros é burocratas que éscre- |
Edi a “Pode à Dor agonizante desarmar! a Fã so “viam por puro passatempo. Além disso, as práticas e. .
ceu po DE Expulsa a imperiosa Memória de seu lugar, “a os impulsos históricos eram expressos em formas va-.
Aa E ordena é ao palpltante Coração que esqueça de baiér % | riadas: que não haviam sido reduzidas a um método
Í “formal, e os próprios. historiadorés: tinham, até então,
Smith aludia' a uma a psique Huinana tão ator- ao" potico poder institucional. Ao lado: da meticulosa |
º “nrêngada pela história que) precisava de um. antídóto o - pesquisa : “dos monges: beneditinos e. do desenvolvi-:
pára acalmar seu» tormento. Nesse aspecto, 0” poema mento dé métodos eruditos e da pedagogia na Uni-
““abria- “se para, os. ingredientes da história antes que” versidade de:Góttingen, por: exemplo, havia os pito-
Cio
aqueles que'a, exercitavam , -sé transformassem em' “rescos romancges: históricos de Walter Scott, das iirmãs.
* profissionais no controle de, suas. informações. Na- Í
g Porter e, de, fopiie Gti. iz AS publicações d de textos, Cs
- quela' época, a história muitas vezes indicava “uma 1
sensibilida de: inténs escondia lembranças extréma- do
EO E “2. Para o. “variado treinamento.aleinão de nistolias
“mente amargas e via-se.relacionada aos mortos, não” anca Pati doras. antes da profissionalização, ver BLANKE,,
N
A

; ao passado na: forma de: conhecimento. profissional. Ea co Horst' “Walter; FLEISCHER, Dirk. Theoretiker “der
, Michel Foncault. mostrou como, “durante. 0. Período o “x deúischen Aufklârungshistorie. Stuttgart: Erômbmanno
“Te olucionário, as, ciências humanas sé desenvolve- IN ** - Holzboog; 1990. II, p.:771+811; para a França, KEL-
“ram, tomo uma forma de conhecimento que permi-.. “LEY; Donald R=-Histórians'and the Law.in Post Revo-":
no lutiônary. France. Princeton: Princeton, “University
“te, ele próprio, o exercício, do poder pelos possiido- o
“1 Press, 1984; para os Estados Unidos, HIGHAM,, s
Sp qÉ a Jes do conhecimento. “ No entanto, não foi essa a his- o o Job. “History: Proféssional Scholarship |lin the Uni"
Y tória. praticada por dé Staél nem por “qualquer outro, “= ted States. Baltimore: Johns Hopkins, nivérsity
“dos aútodenominados. gênios de sua época, que. têm “om Press, 1965: P. 6-25, 150- 157. sobre os estudos fei-
“sido desertos inadeguadamentes como. românticos. + tos em Góttingen no: “século 18, ver, por exemplo,
Quo
“= VÓDERER; Háns Erich. et.al. (Org). Aufklirung und,
- Geschithte:. “Studien | zué deutschen «Geschichteswis-
“M. Ver especianhao FOBCAUET(MicHAL The Birth á tg sensehaft im 18. “Jahrhundert. Góttingen: “Max: fori
“of the Clinic: “An: Archaeology- of-Medical: Pérception.. 252 Planek-Institut fir Geschichte, 1986; e para o iníció..
« “Trad. Alan. Sheridan: New Yark: Pantheon, 19735: 17: :. da moderna, pesquisa: francesa, “um exemplo é: BAR,
E 4 Td. Discipline: and: Punish “The-Birth of the Prison. . RET- KRIEGEL, Blahglindo Lês historiens et: ta monar- Sc
a Trad “Alan SHeridar New Xork: Vintage, 1979.
v

“assim tão. convu Morsdos o “século. 19º ini-


Á; Y j , “Sd

“eruditos: em uma à ponta do: Espectro; e = de romahces aasiá


iou- se! em meio. às: dolorosas Jombranças de Tevo-.
A “” Nha'outra eram igualmente consideradas história.
st Pao o ER Dessa forma,. no-que se 'réferia a pedagogia,
público, metodologia e práticas, a história foi menos .
E mé: “Augustan and: Romantic Literature, Pitts- “ ia
+ disciplinada nos anos iniciais do século 19 doque em. E burgh: University2of Pittsburgh: Press/1977; JANO- « dad
- gerações posteriores, porque naquela época, de revo-, “= WiITZ, Anne E -England's Ruins: Poetic Purpose and
»
e * luções 0 conteúdo e o.foco da história eram menos co “the Natiônal: Landscape. Cambridge;. Blackwell, > +: EN
definidos. Os românticos. alemães. encontravam ves- . NR VER ERAS 1990; REILL, Peter H.:The German Enlightenment and E 0)
JS E ih -tígios históricos em monumentos, “narrativas folclóri- | E oo o thesRise of Historicism. Berkeley: University. o Califor-
na CoD as O njaCPress, 1975; HAMMER. Katl;- voss,' Júrgen.
RA cas, linguagem. e ruínas antigas, embora outra cor-:: Cons Org). Historische Forschung im: 18. Jahrhundert.
- “rente de historiadores enfatizasse à evidência escri- Bonn: Rohtscheid, 1976; FUETER, Edward. Geschich-
has co tal Para outros ainda, as evidências não tinham 'pra-. “te Ver neueren Historiographie.' Berlim: Rs Oldenberg, o
“ticamente nenhum significado. O estilo da obra his- | "936; ZIOLKPWSKL Theodore: German Romanti- ...
“Ecism'and Iis Institutions. Princeton: Princetôn Univer.
Co tórica era também indeterminado. A história: podia' “sity, Press, 1990; MARCGHAND, Suzanne. Down from
ENE c “tomar a fórma de poesia épica, como no trabalho de | “Olympus: Archeology and Philhellenisim iin Germany,
“Lucy; Aikin; a peça teatral histórica era uma:forma “1750-1970... Princeton: Princeton University, Press, di Pes
popular; e alguns historiadores “proto- profissionais . ; 1996; BAYM, Nina. American Women. Writers “ànd the
EO Work of. History. New: Brunswick: Rutgers University e
“a estavam inclusive passando à considerar o, jornalis-. E Press, 1995; SMITH, Bonnie G. Women's Contribu-
mo. um.meio de comunicação histórico, além de um. +" stion“ to Modern: -Históriography im: Great. Britain, gr
apo di “concorrente. Muitas | dessas. convenções, procedi- o - France, and thê United States, 1750-1940. American Id
“mentos eitendências continuam, vitais para c certos es. “Historical Review, 89, 'P. 7709-732, June 1984; WAR-.
4 Ea er o “critores de história ainda Hoje: Ro odds * NER, Michael, Letters of the Republic: Cambridge, MA:
Sa VA : “Harvard. University. Press, 1990." RR
A Se N á ME
Si
a 5 e: : Y = vo , cf s x :
a Sobré as várias origens e treinamento de historiadoras E
13. As seguintes obras dão, como'jum tódo, uma " no ocidente antes da profissionalização, verBLANKE;- :
; idéia do alcance da produção histórica no ocidente -. “Horst Walter; FLEISCHER, Dirk. iTheoretiker der deuts- 1.0.0
E E «durante a vida dede Staél: BURTON, June K. Napo-:. rage “Chen Aufkliirungshistorie. Stuttgart: Frommanh-Holz- .: gd
“o leon and Clio: Historical Writing, Teaching, and Thin- - o 6 “7 boog, 1990. IL p: 771-811; KELLEY, Donald R.Histo-
psi testo po oie ing during the First Empire: Durham, NC: Duke E api a “rians. and the: Law in Post Revolutionary. France: Prince: :
= University Press, 1979; REARICK, Charles.- Beyond. cuia 55» tom Princeton» University Press, 1984; HIGHAM,
E the Enlightenment: Historians and: Folklore in Nine- e John. History: Professional. Schoolarship in” the lo
“er teénth-Century France. Bloomington: University. of - United States. Baltimore: Johns Hopkins' University: Fars
Cad Indiana Press,. 1974; “MORTIER, Roland, La, poétique e Press, 1965: Px :6 23, 150- 157. Sobreeo inda ses od
“=. des ruines en France: Ses Origines, ses variations, de |
Ddr RR Renaissaricé à “Victor Hugó, : Geneva: Droz,. 1974; :

o Study) of, Historialis in:the Pre


« ford: Stanford University Press, 1958; GOLDSTEIN, o Eis E Geschichte; 1986; é BARRET: -KRIEGEL, Blandine. Lesé
; Laurence. Rins and Eine: The, Evolution of aae, historiens et la, momarólio: Paris: PU, 1988. As AR A5
dente do gênio-romântico, poucos démonstraram isso ú
ção o históri aci à incerteza sobe qual passado : seria . E
descrito. “As representações “Com n tanto efeito na prática |histórica. “quanto elas
da história. eram: ào
o mesmo tempo, cerimoniais e representativas, “apre se Corinne, conta a história da. Itália, derrotada” fe
sentadas: tanto. de-maneira artística (como nas im-. “- desmembrada, | da mesma forma. como 'á Alemanha. e
E “depois a França, cujas histórias de Staél; também nar- a de
--portantes pinturas neoclássicas populares antes e
“durante as revoluções) quanto como parte da vida “tou. Naquela: época, o passado: permitia apenas amisté-
o quotidiana (quando. as-cenas históricas: e patrióti- “rios traumáticos. — incompreensíveis e:estranhos— dos
cas apareciam. em pratos. e: botões, “conectando pros quais,Oo. maior era precisamente a condição dos mor-.
: dação artesanal com política). os. textos históricos
tos. 16
Em pé, perto idas ruírias, de Pompéia, Corinne
às vezes tomavam a forma de tratados importan*, T

tes, hinos em honra à heróis como Washigton, ou; : 15/ “Informações sobre de staél e drogas podem s ser.
“> encontradas em HEROLD, Christopher." Mistrêss to.
histórias vibrantes sobre batalhas e« Yíderes milita+ “= an Age:A Life of Madame de Staêl. Indianapolis:
«res do. passado (as favoritas de Napoleão). 14 Porém, “ - Charter Books, 1958; € DIESBACH, Gislaine de. Ma-:»
da mesma: maneira que a memória dos legalistas o dame de Staél. Paris: Perris, 1983, que também men-”
= ciona visitas a Humphrey Davy, com. experiência:
“norte- “americanos, dos, revoltosos: da Vendéia, ou de.
“em ópio e; produtos químicos. -Memórias do perío-;
velhos cortesãos,' grande. parte do passado conti-. do também demonstrám- que ela Fazia uso jegular.
muava. uma obsessão, imanente ao presente, e até pesado. até, de drogas.
: '“amargamente perturbadora. e TT6. “Ver VALLOIS, Marie- Claire. Fietions “ mirios;
“Naqueles, dias tumultuados « e incertos, para: de. e “Mme de Staél et les voix de la Sibylle. Saratoga, CA:
Staél a autoria de obras históricas codificava um re- “e N “Anma Libri, 1987; e VALLOIS, Marie-Claire. Old
- “Idols, New Subject: Germaine de Staél and Romanti- . orla
. laciônamento particular com um passado. difícil, qué
não “era. “passível
= cism. In: GUTWIRTH, Madelyn et al. (Bd.). Germaine
de conhecimento”. Lidar com o ei de 'Staél: Crossing the: Borders. 'New Brunswick:
É passado» "envolve sempre um. relacionamento. com University Press, 1991. p. 82- 100. Vallois” cita de Staél
“como atuando nó. mundo do: misterioso “ isto é, 0 « e 9 de
aquilo que:se foi ou se perdeu, mas isso pode variar
profundamente, dependendo: do posicionamento. do: miúndo dé “elementos tão. irreconciliáveis. “quanto o
“masculino e:o féminino: Historiadores recentes da
5 «autor. Escrevendo em meio a guerras. e: revoluções” a ' Primeira. Guerra Mundial, observaram que o fenôme-:.
p se precedentes, de Staél, compartilhou. com grande ) no'do imisterioso Com. relação: ao irreconciliável, in--
- parte de sua-geração uma” sensibilidade. conectada E quilificável .e horrível trauma das perdas. em tempos
a não: apenas com « os tempos, mas sobretudo com o luso. de guerra, da desfiguração e da histeria que “se mani-.-
º do ópio: * Embora: Os escritores falassem sóbre o con- ". festa na' visão de fantasmas e-outras apariçõe + Vero
- por exemplo, FUSSELL, Paul. The Great War and Mo-
É sumo” de morfina, ópio. e láudano' como umHi compo dem Memory. London: Oxford: University Press, 1975; Pr
“= KENT, Susan'K: Making Peáce: The Reconstruction: of,
e A Gender i in Interwar Britain. Princeton: Princeton Uni- A
o vérsity. Press, 1993, cap. 5;; WHALEN, Robert: “Bitter: tir
1Wounds: German: Victims; of the Great» War, 19140
: 1939: Ithaca: “Cornell.| Uipiversity fress, 1984; BROST,
L tes; ' a ' É : E 4 Vis CA 4

pi “ —o'gêni do intérprete. “De-todos os« meus dons” | diz; A


observa: “Há: “quanto, fétano: O hqnidi existe! Há”
PEL SU “quanto tempo ele: vive,. sofre e sucumbe! Onde po- É Ce “o mais poderoso « é o do sofrimento” (75). :
Ea “dem seus sentimentos e pensamentos ser encontra
dos. er gênio histórico . acarreta necessariament
: moi de novo? o 'ar que: respiramos nessas ruínas ainda “uma série de. emoções, “estados psíquicos e senti".
ea ; carrega seus' vestígios, ou: “eles estão para sempre alo- “mentos corpóreos' que os historiadores de hoje têm
“0 s<" jados.no céu onde reina a imortalidade?” (204) 17 A. ue«Teleiiado na sua bem-exercitada busca pelo conhe-.
CMS ES historiadora. não procurava “conhecimento e fatos, “-cilnento histórico: De Staél reconheceu a suprema:
Vs “mas comprometia. -Se a criar uma ponte sobre o hiato, não cia, da erúdição histórica quando fez Corinne “dis-
para tratar, de uma dolorosa ferida causada “por sofri “correr sobre. as virtudes da história escrita.e da eru-
“mento emorte. A história da Itália, por exemplo, re- RR “dição, além do “prazer encontrado na pesquisa “cul-
“velava um esplendor passado'.e, de acordo com “de “a “ta e na poética” (72): Mas a erudição por si só era.
Staél, seu futuro (por causa. desse passado) também. Pics simplesmente. inadequada. Embora. tenha grande
* prometia grandeza. “Mas entre o passado “conhecimento de, livros, Corinne suplementa | sua :
eo futuro
apareceram “0 passado próximo: eso presente, -que instrução com. o: estudo de música, monumentos,
- constituíram'uma cadeia de infortúnios, um insondá- E arquitetura, horticultura, artes visuais, tumbas: e
ú “vel abismo | que bloqueavya o acesso às vidas esplêndi- DR “de muitas coisas mais. Ela/faz. Oswald ouvir os sons:
a- das dos. italianos mortós. Foi aqui que de Staél situou-. “de AHieri é Tasso, observar atentamente o: Coliseu e:
se em sia busca por: compreensão. “Mistério” e “in-. ca Ponte dos, Suspiros, e explorar + os matizes. na “sua
lo " “fortúnio” como. os da Itália seriam, “compreendidos “coleção. de pinturas históricas. “as leituras. sobre
Í por “meio da: imaginação e não do .. . julgamento: críti-. “história eos pensamentos queselas provocam: não:
. so “1 cor (17). Criar. uma ponte sobre:o hiato e investigar o ; “agem apenas sobre: nossas almás como, essas pedras é
CR “infortúnio exigia os dons da emoção e da imaginação ni “dispersas, “essas ruínas entremeadas com edifica-.

E
:
3) “
Y Ria ções”, explica Corinhe, enquanto, observam da, (eoli-
a na do Capitólio o pánorama de Roma. “Os olhos são
= is

é] SARtoinE: the Wake. of War: “Jes Ancients Combate. onipotentes sobre a alma; depois de ver as' ruínas
“, tants” and, French Society, 1914-1939. Trad. Helen rômanas, você acredita nos romanos antigos como
ARi çã “
a “ McPhail. Providence, RI Berg, 1992; BOURKE, Joan: no
ço “na. Dismembering the Male: Men's Bodies, Britain and: Ra se tivesse: vivido entre: eles” (64). Para Corinne, ver.
“the Great War. Chicago: University of Chicago Press, dessa forma é "também. uma questão. “de. contraste, Fa
“1996. Para, uma! teorização completa. do trauma Inis- pois. O, fantástico, espetáculo, de Roma. 'é aquele em.
“que I ínas de antigos. monumentos estão -ao lado da. LE
>Lerioso ve» pós-Primeira Guerra Mundial, . ver
'PANCHASI, Roxanne, Reconstructionis:: Pr thetics
“cabana de um. camponês, “evocando. assim “uma ”
““and-the Rehabilitation of the “Male: Body iú World”,
inexplicável: mistura. de idéias notáveis e simples” e
Rr
“War I France. Differences, 7, P..- 109- 140, autumh 1995. |
:“VE Outras. citações “de. STAÉL, Germaine de: Corin: 5). Às, imensas termas, aquedutos, e obeliscos.ser-
ne, or. Italy. Trad. Avriel H. Goldberger. New. Bruns-. ao “vem. como car] jinhos para “chegar ao passado de ma-:
“wick:' “Rutgers University Press, 1987, “aparecerão a
“Heira estética e como,oisten bolos: do passado na forma a
Es - apenas com, 9 número , des Páginas após a citação.
oggênio. histótico de: Corinhe assimila: o 'pas-
- dé diterstiçãs e. tuna “9 gênio da beléza ideal
“procura consolar O: homem pela. dignidade teal. Ri sado: como uma: dolorosa e funérea perda no curso.
|
: e verdadeira que ele perdeu” (67)... “normah da vida de sua época. Entretanto, de: tStaél
"não estava sozinha ão oferecer. essa visão, histórica. oa
- Para deStaél, a história dependia da doloioca, qe
“Em. unia: noite. enluarada'.. eu caminhava ed
- percepção: pelo: gênio da irreconciliabilidade e inco-....

EX,
s sublimes [quando] SR
- mensurabilidade e do seu, constante | 'empenho: em - Coliseu cheia: de pensamento
Po Sea
* conciliar o inconciliável. “Esses grandes senhores ro- uma voz nítida, mas que tinha o som de ER
“ta, “disse 'Sou uma das. divindades, romanas!” Essa .
“manos estão: agora tão distantes da pompa. suntuosa
no:
“ de'seus ancestrais. quanto seus ancestrais estavam da - experiência particular, Joi relatada em 1819
Davy ; — quími co brilha nte,
» austera virtude. dos: romanos durante “a república” diário, de Humphrey
e: |
(86). Assim,: “uma profunda percepção das diferenças | amigo “de de Staél e, como ela, usuário han
,1
ópio.'' O sentido “da história como cm conde SO NES
: Impelia aisensibilidade histórica do gênio. — uma per-
asmagórica ou« presença sensua l: (voz com so e:
cepção da” diferença- entre os) humildes. eos. podero- oh
flauta) fluía como uma corrente através. de. uma.
"SOS, 98 derrotados e os vitoriosos, Os mortos eos vi.
VOS. A. disparidade irreconciliável não foi» subjugada | “certa experiência da elite. Davy. percebia que ou-
SS ado
- pelo conhecimento ou tornada “real”. por uma narra- “tros reflexos. similares à esse animavam, E
RR
o
* tiva convincente, mas manifestada pela, presença de: enquanto ela: olhava: com. atenção. as ruínas . da
“Milhares de; pensamentos . Emi edo
“fantasmas, espectros e outras aparições assombradas. Ê Abadia | “Tinterna:
"
A atmosfera da Itália, como :Corinne explica, -está “passaram pela mente de'centenas de seres inteli-
“carregada, de morte: “O ar que se respira. parece puro gentes - eú estava perdido. em um “sentimento. so-
cial profundo. e intenso. .. Nada sobrou. deles a não,
e agradável, aterra é alegre. e fértil, à noite delicio-'
a
samente fresca 'e revigorante, depois do calor 'escal- “ser Ossos transformados em pó; suas idéias, e seus,
no: de
y
Vas “danté do dia-.e no entanto. tudo isso é; morte” (88)... - nomes sucumbiram.. Também nós. sumiremos
-pó?r Contudo, as reflexões de Davy, como: as de de
“Nojinício do século 19 a'morte, representando a ima- ”
os. |
nência da história, estava sempre à mão. Pódia ser. “Staél, Jevaram- -no a concluir, esperançoso, que
a viver naqueles Penne — co
“vista nas tumbas. “que retratavam Os: romanos antigos “mortos continuavam
(e seus. -costumes, nos profetas e, sibilas pintados no | “tos profundos é intensos”, nutridos pela sociedade,
“teto “da Capela Sistina, parecendo “fantasmas: envol- É, = “e pela natureza e que acabavam por produzir uma:
tos na penumbra”. O “fúnebre”; õ “fantasmagórico”, a exaltada, Sensibilidade histórica. 1 Esse. refrigério
era conseguido com a ajuda ddo, ópio: Ele eum
=
“sensação de frio”; as imagens “daqueles. que: nos: festa
DrAdaçã no caminho para o: túmulo”. (180) inspi- ! Ss Ls E Ê > TEENS RR NS vit

ravam não apénas o. conteúd o 18. Citado em LEPEBURE, Molh COR Maigni in ad
je de monumentos, cons-
— truções, textos literários: cas “artes, mas também. suas. É “Opium:. The Expanding: e »Of| Coleridas;
E Humphrey, Davy and The, Recluse. Mordáio th Cir
“formas evanestentes. ou: parciais (destroçadas).. A: /
7, 2, P. 8, SPInE, 1986.
“história Pulsaya com ár morte.
Po relacionamento. astificial com O passado, tepresen- o mais,s notável. é que 0 sonhador dominado pelo
“tado como:a. complexidade, do gênio. « tinha acesso” à verdade « com. a ajuda, de um | guia, 4
RR drogas, aliviavam. à; dor da perda: sentida Por'
À gênios como de -Staél, enquanto sifriultaneamente- vai Davy, de um: “gênio” do época: (um “Ancient Ma-.
Sã fortaleciam a visão, úma: parte, decisiva de seús po- - rinér”, um, Kubla Khan**). Assim, O gênio, Corinne,
Cos s deres?” Era no sonho do ópio que muitas vezes. acon- e : como a visão em um sonho provocado pelo: ópio, leva :
Fa A a teciam, experiências brilhantes de: verdade mnemô. Oswald. (e da: mesma maneira conduz o leitor) pela”
; nica. De fato,.os viciados. valorizavam as: “excelentes * EN história italiana. Sob a influência do ópio,: o sonho
percepções dosonho e sua maior “confiabilidade. O Pers -: produzia uma: autoridade, sobre o passado — o histo-'
Foo Vo do intelectual sonhador penetrava: no'ceme do infortú-. “riador — que era seguida é até, mesmo annpdiohada,
fait, nio, da tristeza e do sofrimento. e então acordava Jó s
“sobre ó:sentido da história.
“pará analisar às percepções do sonho, que mais tarde, “ Acompanhado e auxiliado pór suá autoridade
E “Seriam. incorporadas” ao, trabalho de arte ou. história “ou gênio, o sonhador do ópio via-se então. passeando, k
Cos o “ observando, aproximando- sede. verdades que pare-
1 (conta-se que. Sir Walter Scott criou de maneira bri-.
ELE Lado o lhante- personagens, verdadeiros « em The Bride. of Lam-- ciam além-de seu alcance ou de sua capacidade de
mermoor [A noiva de Lammermoor], porque produziu a: suportar: Na verdade,. Oswald constantemente se ma- ns
“= obra enquanto consumia maciças, doses de láudano - “ ravilha com a forma. inspirada. com que. Corinne EX- o
“um narcótico. à base de ópio). Mas sé 0 ópio. oferecia: Plica o passado, como ela-vê longe para perseguir as SE ue)
acesso ao espírito. histórico, permitindo que fossem a ne “aspirações - htimanas e, como consegue penetrar, mais
EA : criadas. narrativas mais intensas, isso acontecia sob
É
- fundo do qué ele nos princípios daí história.. Mas ' é a:
condições eepecíticas que davam cor à obra escrita. - duplicidade “do processo histórico que. precisamos,
4 2 “considerar, juntamente cóm a, criação de um gênio Et
o a DO ob o ta 20. 'Os trabalhos “mais úteis sobres o uso.do ópio 1nes-. “ histórico visível. Corinne.é uma autoridade histórica 30%
DE ER er a deli SO período: são HAJYTER,| 'Althea. Opium and the Ro- que é mulher, e autoridades femininas não eram ra-.
| de a o amantic Imagination. Berkeley: University, of CGálifor- “Tas“em sonhos- pr vocados pelo ópio. Ela “demonstra

e:
Ro ee ds mia Press, 1970; e BERRIDGE, Virginia. Opium and “também ser gênio com um aluno, com uma' “platéia e
«the People: Opiate Use in Nineteenth- “Century En
da: mesma. forma com uma: sociedade — todos eles ne. ,
; gland. New Haven: Yale- University Press,, 1987, “Ver,
- cessários para, medir á profundidade da' compreensão Ea E
“também,. GOODMAN, Jordan: Excitantia: O “How
; Enlightennent. “Europe Took to Soft Dr gs. In: “histórica, o sonho em razão do ópio tornou: visível Qu 0
“GOODMAN, “Jordan et àl. (Org.). Consuming Habits: que era menos frequente no caso da leitura e da. re
“Drugs im History and, Anthropology. London: Rour
- «orita: ele entrelaçou corporificações àdo escritor: erudi-" o
“. tledge, 1995.'p. 126- 147. Esse artigo, É também in-.
“ fluenciado por RICKELS, Latirence A. “Aberrations of
: “Moúrning: “Writing, on. German - “Crypis. “Detroit:
Wayne Staté University Press, 1988; e. RONELL,: j Ee “ Taylor coléridge.” so Rs
Avitál.. Crack Jara: Literature, peido Mania. nr Conqpisidda imongol o t “ E aà De
E)
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A “
ae í ' s 7 : iss O
f PEN is j y

“Gêneio e História: Momens; miúlheres eapr rica hstóri ica

E parei - Pesa O : os

BEE,

a A : “o to e “do Jeitok da; irópidade e do: Tetiado. ' medida


associação , Republiegna! eÉ aqieles ae
Po que a: modernidade atingia | novos, limites, essas, enti- : “Atrida: uma
dades cada vez. mais operavam em domínios distin- o | não- conseguem: «convencer precisam”. oprimir”.
na
Como nas representações que Goya fez da região. ru-
APS
pie J “tos, separádos pelo livro é ligados não pelo físico, mas'
sta-
“+, pela mente: Na visão do ópio, ao contrário, a-autori- ral, entretanto, “forças. sombrias, e mistério contra
de-
; Ss “. dº- dade e 6 iletrado, o sofrimento e o. consolo, os-vivos e: vam com a' brilhante visão racional é “republicana
pan
rd = v/0s Mortos eram: inteiramente imanentes comoa cor-. “uma época anterior. O sonho 'do ópio de Dayr
- o 4 “ porificação da diferença, de um outro, que podia: tan-: “bém evocaya a massá republicana em que “mil! pi
s e
NERO da e to “confortar “quanto consternar o sonhador. Pio N de pensamentos -. . tinham passado pelas mente
gentes - eú estava perdi- E
cos Emúm sonho opiáceo, afirmavam De Quincey “uma centena de seres inteli
o”m 23.
“e outros viciados, a' pessoa vê 'apenas..o que já está “dó em um sentimento social profundo e, intens
“ predisposta a ver. A idéia de uma comunidade dei in- Ea público, no entanto, também produzia O seu s
, cla- E
* telectuais — um público — era um: ingrediente estabe-. outro -'0 historiador — de forma visceral e visual
e :
s lecido do pensamento iluminista e, como a “vida nos * mando para que tomasse. forma. A platéia, ao. am
Ae / salões: e o ópio, parte fundamental: da biografia de de: - fazer “grandes exigências a seus. intele ctuais , condu
o.
-- Staél?! A elogiiência da oratória de Corinne: para nar-- “zia-os a.alturas mentais e. retóricas impossíveis para
à alta
Cs Yara história leva a comunidade. a tomar forma, a faso “pensador solitário ou o, autor isolado. De fato,
lidade intelec tual:, “Quan do
ro aà zer da cultura o fundamento do nacional e do políti- E “de público ; levouà esteri
mais alimen tado. de fora,, ele 'se
co. Corinne reproduz um antigo cenário republicano ô pensamento: não é
vir,
ao; Tejeitar o isolam nto de um, público leitor modet- “volta para “dentro, “analisando, formulando, doi
n-
(4 NO e evocar, ao. contrário, uma sociabilidade, educa-. Ao “a -gando os. sentimentos interiores.” Ao contrário;yi
vidade..,
vaio 1. “da, em quea elogiiência agrega indivíduos-e os con-. : “cêntivo” e “competição” alimentavam a. criati
o sé ufana vam degua. capáti dade |
duzpata além de suas insignificantes e isoladas, pai- “Os: homens: comuns
pe-
“. 'xões, pára um reino de prudente virtude pública. “de admirar e, assim; O culto ao gênio era. exercido
de o
R “> Para de Staél, a narrativa da história construiu co-. “las, mesmás pessoas que não tinham. esperanças:
podere s. histór icos de.
: id E “ múnidade e compreensão com- base não na força Na- “pirar às suas 'coroas”. (143). Os
mas essa dr a
- poleônica, “mas em uma reciprocidade e cortesia: vio o Corinne vêm de: sua. genialidade,
pf ção
público
Ê síveis, “Raciocínio e Sloquencia- ela propuisdia em ( “Ide floresce apenas “com-outro' elemento - “um
Eu real. Dessa forma; Corinne está reple to« de a
“ricos. em que. o gênio! tem: plena consciência é e
pi Ni
1 ali Ver especialiiene GOODMAN; Dená. The Répir- 4 ps
po os -blic of Letters: À Cultural History of.the French. En-- própria visualização, o Haro góreça; com | uma. sé
EUR E Lu, lightenment, Tthaca: Cornell University Press, 1994;:
“| GORDON, Daniel. Citizens Without Sovereignty: De la litérature, Pais: e
Equass e 22. “STAÉL, Gérmaire de “aA
= Mity and Sociability in French. Thought, 1670-1789. 460 o ( ;
Ro Princeton; Princeton. University. Press; 1994; e POT- 4 - Flammarion, 1991. p.
E Po a Humphrey Davy, Notebook 20a, citado |em u
o E E “1 KAY, Adam. The Fate of Eloquence:in, the Age afRaimies,
Alia TELE Rui O CR “Ithaca: Sornel University, Press, » 1994. E -Jebvre, Somsolalions in Optio 54. cá o
.
“-Gênero.eiHistória: homens, mulhevese a prática histórica
EN CEAR (aba
pi May . Mad
“a

À Rd s :
Ra A, Es
. %
Pais PERSEU

o de tablemo Virada = uma. form “que mais tarde, no: temologia, narcótica -ea fa a história e, nesse caso, o
e “ É
“decorrer do século, tornou- “se popular nás dramatiza- vi “hi toriador deriva de, uma, rede de: associações e ana-.
ções domésticas-da historia: o sonho desencadeado. logias c não de um “conhecimento de datas, detalhes.
o j + o ie pelo ópio desempenha . o “papel dessa: visualização € em e fatos. Esse gênio histórico, plenamente visualizado:
ENO a que o eu que instrui e o eu instruído eram duplicados “e enredado,.não é um. assassino: do: pai, como. os his”
E e observados pelo eu sonhador, a criação da república É toriadores: se tornariam. mais tarde” ao mostrar um to-:
Edo ae seus: cidadãos apoiados em uma sólida camada: de: - nhecimento superior. àquele, da geração precedente.
Cen teatralidade e não: na an Sparinda, que os leóristas “DO. contrário, uma persona moldada genealogicâmen-
o postulavam, até então. ae : Me: dependia, para sua: identidade, de um | séquito de:
1 es
O vício reagiu, ao ínisterioso, Calidando à a-re-. “gênios femininos atuantes?
“ Reticuláres, teatrais: e irreais, “ouitr as histór ias
ps És membrar os terríveis fragmentos dos mortos. Não:
evitávam à nafrativa' realista er
ENADE, “mais desarraigada,- Corinne-une-se a uma comitiva o stael também
at is de gênios: narradores da; verdade, cujas: histórias ela linear da guerra, preferindo Ó mundo: de monumen-
mistura côm as suas próprias como parte da história o “tos; e tumbas, canto e poesia. Personagens | como Mi- |
oo st da Itália. Safo, O professorado italiano. feminino, Co- = rabeau, “cujas paixões envolviam todo 'o seu: corpo
El É rilla e aSibila' em cuja casa Corinne vive, fornecem | o como as serpentes: de Laaçoonte”; viveram no mundo sã
a
“uma linhagem para a mulher historiadora. Elas são a. É do mito, deixando a análise: para outra geração. Mes-
"substância. da: qual ela surge; elas a produzem edã mo depois da queda de Napoleão, todos os momentos.
" Me consistência, em vez de deixarem-na. transpa- : “sangrentos da Revolução Frarrcesa e das EuerTAS sub-:
seguentes: representaram ' um abismo”. ao qual “nip-
LA -

x Tente, Corinne. assume, cómo historiadora, uma den-


'. Sidade adicional, atuando no méio de seu material. : guém devia dar atenção”. onde quer que tenham: en>
PUTA histórico, rodeada por um séquito de alunos e uma: “ trado. na sua narrativa, de: Staél: substituiu fragmen- :
Pa dedo é Platéia, :e servindo, de elo na cadeia: de mulheres ge-. Es os textos ou das análises do. fanatismo político ;
TANGA niais. O, «pensanitento reticular - = típico de uma epis- | í feitas por seu pai, fabricando uma história melhor,
relato. da tenebrosa e
“menos Sangrenta: Em Vez, de um
“márcha da família “real para Paris depois dos aconte-
ER ap o 24. Sobre à retórica eos valbres epublicanos, espê-: Dea sta |
-cialmente o da transparência e falta de teatralidade, : “cimentos de:6. de outubro, ela narrou o avanço. de
EPE “própria família atéa capita “alcançamos Paris por
; ver, entre inuúitas-obras: STARÓBINSKI, Jean. Jean- ea a
e PRA Jacques Rousseau: La tránsparence ét Vobstade: - Pal * outra, rota, que nos Ponpel de uma: temível Ra
; +
cl tis: Gallimard, 1975; POCOCK, J No

-vellian Moment: Florentine. Political Thought: and rande número: AS aseodagõem em Co-
“the Atlantic Republican Tradition. Princeton: Prin E sue
-rinne, Para! Ê E are
ver, os específico dé Sato, -DE- Beto
“+ ceton University Press, 1975; HUNT: Lynn. Polítics, “JEAN, Joan. 'Fictio nsiof Sappho,: 1546-1937. “Chicago: . ne
“ University of Chicago Press, 1989;.€ Id., Portrait of
“ Culture, and Class'in the French: “Revolution. “Berkeley: -
University of”California Press; 1984. São bem.co- (od,
the “Artist 'as* sappho.. Tn: GUTWIRTH, Madelyn et
“ mhecidas a fregiente produção teatral de: de Staéle- Crossing :the- Borders.
“al (Ed) Germaine de. “Staêl:
: sua + participação em Peças: de teatro: em, sua” “casa, - 122- 140.
; New. Brunswick: (University Press, à dagl
so Coninine captavam o os monumentos do passado, «os OU No
«atravessâmos 'o Bois de Boulogne, €'o. tempc estava
ie vidos deleitavam-se com os sons, seu. corpo. estremes O
excepe nalmente. bom: uma brisa” agitava com: =
E “cia ão contemplar governantes despóticos e ela suspi-.
'vidade as: árvores eo sol brilhavao. suficiênte para
) Yava diante. de tumbas e ruínas. Como Mártin Heideg- E
“não deixar nenhum espaço de sombra na paisagem.” ger afirmou sobre. oviciado, ela viveu -o mundo exte-.
-O-inc ncebível — cabeças € partes- dos corpos espeta-

a
Ee «rior— mas com o. seguinte acréscimo: explicitamente. y KH
ad Dos “dos em: estacas, O “sahgue | correndoiem. Versailles, 0:
“com o: corpo: o corpo da “historiadora: demarçou E
o Y «Terror — ainda não pode ser recuperado « como “conhe-:
pectos. importantes do passado italiano. Fisicamente, ER
“cimento: “Olhamos, pará o céu e para, as, flores cos “como “oradora
| histórica,
* Corinne forneceu os: meios
E HA CL censuramos por brilharem e perfumarem o ar em um,
“para a criação de uma ponte sobre. todas: essas lacunas, É y
é “- tempo de, tantos sacrifícios.” Mais: precisamente, a Ls conseguindo ultrapassá-las e preenchê- -Jas com -sen- o
e Riso “1 Marco-história gerou máscaras poéticas, «expressou 0“, sualidade. A historiadora: pérsonificada, percebendo e
- impensável como diferença. romântica: :“Nenhum-ob- - representando | o passado, tomou:se o-elo perdido: que
- jeto exterior correspondia ao nosso pesar. “Quantas
ni transformou oposições rompidas em um continuumte-
ções, “vezes O) “contraste entre a; beleza da natureza € O so-. RD “conhecível, “importante acima dé tudo por-conectar O.
EA O a | frimento infligido pelos, outros reaparece no decorrer, - passado ao presente. Mesmo em uma: obra tão ântiga |
4 davida de uma pessoal”? Às vezes estetizada-e com- E -quantó sua história: da Revolução. Francesa, de: Staél. |
pia
«fregiiência “imaginada em 'sonhos, a, narço- “história
induía- “se consistentemente no cenário, falando com a É E
A “surgiu do gênio. arrebatado. dessa mulher, que 'vivelo: ! rainha (morta), fugindo. ou indo pará O exílio com Seus
Ce inconcebível 1 no seu vício e o exibiu como obra, sua:
ga «abais (mortos); e passando pessoalmente 'pela' experiên- Aston
à cia dos: horrores de. 1Q/ de agosto: ide 1792, como tan- Ca E

mea
tas outras pessoas de sua classe que foram'massacra-
“a |
- das, embora: ela.tenha sido poupada: Em De “Allemag- ni
ne, ela esteve sempre em cená com. Goethe, Kant ou :
"Hegel, como uma insistente questionadora e presença o a
ani um. | gênio. riativo' sem genitália”, “escreveu: e e
irreprimível. Nessa: apresentação; opassado
0 e o pre-. E
“Johann: Georg Hamann para. o historiador Johann: o
- sente, Os vivos e.os mortos, o real-e O imaginário, os
* Góttiried Herder. De Staél, também, anexou genitália - franceses ejos alemães formavam. um panorama: ape-
e um corpo ao gênio, de maneira alguma prefiguran-
o “ nas quando a historiadora entrava em cena fisicameén-,
e E do a narco--história como o universalismo. transcen- = lo
“té para recosturar tempo e espaço. o corpo autosre-,
— presentado. de um. gênio unia: incompatibilidades-epis- a
temológicas é e horrores existenciais. Ee asia

“57: HEIDEGGER, Martin: Rena “an TÊM “ad. Rai


: “John: Macquarrie é Edward Robinson. New York: Ro
cus Harper, pesam fo DR E
fm Corinne, o gênio « que e apresenta fisicamen- o
“teaa história permite que os italianos se: reconstituám ú nei física, “mas taimbéii. erótica, como: parte, de -
-na: forma de uma entidade social e pública. Avoz de, E + uma luta por interpretação histórica. o: horizónte da.
“Corinne emprega:d “uma- variedade. de-tons que. não mia Sea “compreensão histórica de Oswald, o “amante inglês de
vs “destruíram O: confirmado. encanto da “harmonia” 7 º - “ Corinne, diverge do dela. “Aqui há outro abismo, noso4 ba
npá v despertado, assim, as emoções: e estabelecendo uma. “qual história, nacionalidade, gênero é epistemologia”: jet
o “relação entre à historiadora e o público. Sua: história : sé entrelaçam, -dé uma forma, para Oswald e de outra. a
executa o projeto do Romantismo de associarafetoã j para o gênio Corinne. “Oswald: propõe que a tazão so-. A RNA
“narrativa do passado, mas com. um propósito consti- o “ zinha mostra'a superioridade fundamental de insti-., :
4 tivo. “Em vez. de analisar ou recontar, o objetivo é. A | " tuições inglesa omo-elas se, desenvolveram ao lon-"
«UM chamamento poético de imagens que produzirão o “go. do tempó: Enquanto: Corinne: “dá a cada, cultúra RD E
“-sentações físicas no. ouvinte. O som: físico da voz de; dance grega, “italiana e: -outras) o que lhéé devido Red
“Corinhe narrando à: história “estabelece uma emoção | ào marcar sua história'e-seu caráter nacional particu- q
a “po ouvinte tão vívida quanto inesperada” e criaum “ires Oswald permanece preso a maior parte do tem-.
“ elo. adicional entre a historiadora eo público, e tam> o < usar insti-
“pô a uma identidade inferida'e singular ao
“bém entreos indivíduos que compõem” 6: público | É -tuições; políticas como o único padrão para a avalia-: IADE
je Além, disso, a “epistemologia estabelecida. Ne são. histórica. Gorinne, por: outro lado, dá peso histó-” :
póssonifdada de seus desempenhos acabou por per- ' ic O a uma cornniçópia de jatos: (nas,artes, na religião, —
- suadir o público italiano deseu (do povo é dela) pró-
rio: gênio. Os italianos absorvem, compreendem e)
aprovam visual. e: oralmente: suas recapitulações do.
passados A comunidade (a nação). materializa- sefisi É
/ camente em torno de: sua; recepção, do desempenho
“fisico do passado, enquanto. o corpo de Corinne não
-apenás se restábelece, «como “também. faz circular. 0,
- passado. entre uma platéia de: italianos “de mesma rativas. mútuas: e Intércainhilando diferentes en- e
opinião. A história como o retórica, como: deem semiantos ci com alemém, sem necessaria- EIA

y cios: entre. indivíditos Aigatido: os em “uma un' Jade


“sensível, Os: córpos. substituem: um suposto grupo de SS
Jeitores afins, um epijónio Hiousparente de. cidadãos

ao focar o público leitor. demon essa- interpretaçãoo


tenha sido extremamente importante” em. variádos “o
É Aspecto. pefimánecetiro. eorias da: nação, como -
id é-cãso; a dei spin, que |
Ve so, 1991, também. Coloca a mação o
Cs
o E : 5 O E A A

a LA “uma espécie de. interpretação ou hermenêutica com wald, os vivos eos mortos: “história e ficção, omend
Cris, base no estabelecimento de uma. “associação com 0“ e mulheres * produzindo uma- situação | hermenêutica
: passado que era não obrigatoriamente, de identidade. “ intensamente carregada (isto é, erótica) e; ao mesmo”.
nos O passado. como outro”, adaptava- sé em uma: neces- “tempo,. uma situação em que a individuação residia a
dg Cds cid -sariamente imperfeita assaciação : eu-você de “distin-- “em uma complexa rede de múltiplos “outros” *º
EU -sões sujeito objeto, “em que sobejavam. lacunas e 'de-, Po Esse erotismo estruturou a maior parte da obra
sagregações precisamente por causa da: diferenciação ; “ de de Staél. “Em. Considérations sur les Evénements princi- Nus
entre 0 eu.€ o outro. “Contudo, a situação hermenêuti- “ paux de la Révolution française, suas descrições de gran-
“Ca estendia- sea situações pessoais também, de acor- no “des personageris históricos consistiam em tensas inter-
“do com românticos.e filósofos e, de fato, a hermenêu- e= Togações sobre séus motivos e seu caráter, em um.ver-.
Po a “E tica era explicada em termos pessoais. A irídivid jali- . »tiginoso. vaivém de. narrativa e “avaliação, as palavras
Ce 7 Zação Ou à pessoa ou: 0 tema: distintos imaterializava- ' deles contra as dela. De Vallemagne relatava suas .con-
8. se apenas no, relacionamento com alguémmais - 0 0u-. “-versass investigadoras com filósolos, historiadores e ou-
“tro — que era exemplificado quase. sempre como/um , o 5 : : : Z

“= parceiro sexual. *2 Havia relações sujeito- objeto com-:


a 4300 Pata efeito de clareza, esse ensaio omite a luta
Plemetares — - aquelas: entre o'eu e a, sociedade, o eu, í “pela. definição enérica "ocorrida nos textos de de
es AD o estado, o eu e a família, o presente : eo passado, E Ê Staêl é que intensificou a busca heérmêutica em sua
de
E Mia assim por diante. “Dessa forma, ;de Staél aproximou- se o co obra. Para algum “conhecimento sobre o tópico
EN e combinou opasigõés! sujeito: objeto >— Corinne é Os-:. indeterminação: literária, ver DIPIERO;- -Thomas.
e
x ço
EE Dangerous. Truths: and Criminal Passions: The Evolu-
tion' of the French Novel, 1569-1871. “Stanford:
“ e ES e : ps Ev
Ee fi
“o
a 29. Para: “conhecimento histórico e bibliográfico do. Ps rh ion “Stanford University, Press, 1992; GEARHART, Su-
na Ó aa “pensamento . hermenêutico, ver LEVENTHAL, Ro- “ zanne. The Open Boundary of. History and Fiction.
pus Rag NUR “ bert S The Disciplinesof Interpretation: Lessing, Her-, : Princeton: Princetôn, University Press, 1984; GOSS--. |
nad dA Da ei
cado “der, Schlegel, and Hermeneutics in Germany, 1750- , MAN, Lionel. Between History and. Literature, Cam-
oo tio, 1800; Berlim: Walter de Gruyter, 1994..WACH, Joa-. “ Bridge, MÁ: Harvard University Press, 19907 A obra e
S “ ehim: Das Verstehen:. Grundziige einer Geschichte- - de de Staél, assim como a de um crescente; número
oa o gl RR co der hermeéneutischen Theorie im 19. Jabrhundert. Li de: mulheres que passaram a: produzir : “história du-
MR O ig Tiúbingen- “Mohr 1926-1933; GADAMER, Hans- “rante a-época'da revolução 'em particular, mostra
A ea o / estao Georg 'BÓEHM,- Gottfried (Org.). Seminar; Philoso- '“umá: instabilidade ou: controvérsia sobre qualquer
po aa q, na Hermeneutik. Frankfurt: Suhrkamp, 1976; “determinação de gênero, da ainda. indeterminada oii
: ç - MUELLER - ZOLLMER, Kurt (Org.). The Hermeneu--. entidade chamada história. Para uma-ópinião: dife- am
“tics Reader. Oxford; Blackwell, - 1986; ORNISTON, -:. “rente sobre esse ponto,, no entanto, ver HESSE,
= Caylé L: SCHRIFT, Alan, E:(Org:). The Hermeneutic) ' Carla. Revolutionary Histories: The Literary, Politics é
“Tradition: from Ast to Ricoeur Albany: State Univer- ' oi Louise - de Keralio (1758> 1822): In: “DIEFEN-
É «Sity of New York, Press, 1990; FRANK; Mántfred. Das: “DORE Barbara B.; HESSE, Carla (Org.). Culture ando
5 individuelle. Allgemeine: Textstrukturierung und Tex-. : = Identity in Early Modern Europe; 1500-1800: Essaysin
Unsenprctation nách. Schl iermacher.. Frankfúrt: Ea E «Honor of Natalie Zemon Davis: Aún Arbor: Univer-
ch «sity of Michigan Press, 1993.p..250. SE
“+ Ocaminho;do narcótico rumo aopassado
ANTA 4 . /

EN eGr . Y ? : é. - Nr mo:

“trimonial desastrosa. Oswald ésntede a esse docilsien eia


ea manifósia carga
é a a. que. elas Srta nos. "to “uma! força suprema, “prenunciando. o domínio, d
j

leitores, de Napoleão a Elizabeth. Barret. Browning, “evidência escrita na ciência histórica. Livre de inter- E
e permanecerain válidas. no Ocidente até o final do sé- retação ou questionamento, a carta é a voz da autori-
culo 19. Homens émulheres jogavam uns contra os ou- dade e da razão, da história factual, do patriarcado, do «By Sá
“tros suas' diferenças, ansiosos: por: compreensão e defi-- : , Nacionalismo presunçoso e limitado-e da casta militar),
| Rição: O estado er “indivíduo, assim. como a: história e - Nessas circunstâncias desanimadoras, o gênio, aa
“a ficção, disputam. Õ controle da narrativa; ela será. do-. “ como corpo sensível, “oferece O único espaço remánes-
É “minada pelo estudo da Itália, ou pela história de amor? —“ “* cente de liberdade. Ele sozinho abre- -sé pará a herme-
“Na história hermenêutica, | identidade; relativa de na-! “ nêutica e coloca-se contra E obediência cega: à razão
“ções inteiras entrou ém jogo. Leitores se; reuniam para: -despersonificada. Por intermédio "da historiadora: fisi-
: formar. a comunidade de de Staél, instigados não ape- - camente, presente, de: Staél, éa chamada" constituciona-
nas' pela virtude, mas, por seu gênio erótico. Vig istiteos 4 “lista ou liberal, “questiona o: cartesianismo. e o desper-
Va
Em: Corinne, a perpetuação: da hermenêútica, din= O É «sonificado indivíduo titular de direitos, como o funda- |
- euindo a pluralidade cultural, a heterossexuálidade o “mento da história ou da nação. Extasiadá e livre no: o
“cosmopólita, a indeterminação, de gênero + eà Teconci- “ “momento. do “desempenho histórico, 'a história da Itá-.
“liatão de vida-e morte, significa “que a pessoa precisa “lia narrada por Corinne cháma'a atenção para « o corpo
ádeitar éa neoon sir abitigade: ou a ceilere na: ela pre us “ feminino n construção da. nação.
Da

Por
É <= Há quem insista que o gênio de Corinne situa <a
liberdade no terreno do gênero, porque a. hermenêuti- Er
= ca é uma: articulação explícita, da diferença. Ao discu- 0! É
tir o passado artístico, Corinne cita 0. classicismo na :
“pintura histórica! do: século 18 como um exemplo da se!
(isto é,“dá Teafidade 4 jistórica de Oswald) com a pró" “Salta: de liberdade. Se-o gênio seguisse: servilmente. os :
- pria epistemologia sensual e read de Corinne. | “princípios clássicos, “como. poderia o gênio ascender?” cho :
ela/pergunita. Porque gregos e romanos. são diferentes, PA
«ela afirma, “é impossível. pará: nós criar “da forma como .
“eles criam, inventar novas idéias, no que poderia-ser np
- Chamado. de território. deles” (147). Em utras pala- ERA
“vras, se os artistas usassem a história. para ocupar 0-es-
“paço. histórico idêntico ao: ocupado: por seus antepas”
clética de Coniito;adendo: àseparação. “do casal Es
— 'sados; eles se; sentiriam reprimidos e produziriam 1 me-
“fim do erotismo. Do fato, isso acontece quando Oswald “ras imitações. AO: contrár o, gênio e liberdade: exigem
diferença - — à. diferença na hérmenêutica de gêneros, a
«nações vivos e mortos. o erotismo bloqueia: a. regra: =
EEN o simular de autoridade, de úma verdade transcenden-
lneranto a reitera. “Essa reiteração “pode -ter alic
: “tale de. Patriarcado, porque o feminino: personificado “mentado as; emoções de: diversas gerações de leitores,
e atuante = sua voz, seus “movimentos, suspiros — exi- * perinitindo- -lhes' prantear, o. passádo: com maior êxito .
“be a diferença da mesma: forma « como certamente um. “do que conseguiriam, (com à' história profissional. De-.
-Universalismo - despersonificado a: “esconde. -De Stael “bates correntes sobre. a palay; | iéscrita,. o vício, 0, 1 Polis
-- contrapõe isso a qualquer solução de gênero ou junida- E “trauma: ea melancolia nunca jncluíram « de Staél no
de para a política é e a história em. termos: de uma evi-.. “vasto, panoraina de' escritores viciados e' compulsi-.
«dência escrita, do “real” e do' herói militar. «VOS. » Uma: Coisa, no entanto, é certa: no fim da obra. ipifendo
Pardo o mundo da história- imaginativa e, “Cultural ide
- de Staél, a morte permanece. tão irracional quan-. AS
At tria-uma república de letras, inanifestamente física, : -to'sempré foi. Evocações e poesia não produzem um ss
: “ondé homens. e mulheres podem reunir-sé-em Uma A “conhecimento: moderno da morte e do passado; ao ..
“busca: “hermenêutica e “onde, mulheres superiores: Ss | contrário, “permitem- nos beber um transbordante .
"não apenas homens= conseguem cumprir. seus desti-. Ro “gole de perda.” No início. do século 19, a celebração |
nos. 'O gênio. de Corinne como “historiadora: usa ini-. da morte e da “peidá, ao lado” de umaa diseoloça,
,; cialmente: as: diferenças imasculino- feminino para. E É -
> atrair, Oswald Quando viajam para ver Pompéia. eo r Press, 1982; FLETCHER, John; BENJAMIN, Andiew
- Vero, ele reconhece “os: generosos pensamentos. : (Org. )«Abjection, Melancholia and Love: The Work of
que a, nátureza eaà história inspiram”. (206), enquan- , "Julia Kristeva. New York: Routledge, 1990: BUTLER, -
Ea oa “passa-a apreciar “q. estilo setentrional” dos cos- ' Judith. dé. Bodies that Matter: On the Discursive Li-
A -tumes ingleses (301): Portfim, no entâánto, sua devo-. mits 6f Sex. New York: Routledge, 1993, relaciona a
- idéia de abjeção à exclusão política. Sobre a abjeção,
: “Go às crériças tradicionais inglesas; sobretudo à idéia * em Corinne colocada para uso diferente, ver.MIL-..
“de que as mulheres deveriam ficar: caladás, “impede "LER, Nahocy. Subject'to Change: Reading Feminist Wri--
“que O “eu” de Oswald envolva verdadeiramente -o ting. New York: Columbia University Press, 1988. p-
dia a pec de Corinne. =. ASS eai 182-191. Miller se- -detém na a“análise do gênero do
“ olhar. e seu intriga em rejeição à: abjeção de Corinne:
RA : ES o “Uma comunidade diferenié toma forma, «cânge
= BR. Sobre. questões de trauma: .e lutó em relação dife- ENA
TESE a A Truída sobre a. desagregação e segregação e, por. isso;
- "rentemente a memória, textos literários e drogas, vers 02
o “Tepresenta- o: fim. do gênio: Quando a. narrativa histó- Ee E LE POQULICHET, Sylyie. Toxicomanies etpsychanalyse:
“rica” “acaba, Corinne torna- -SE 0“ que, Julia Kristeva . » Les narcoses du désir. Paris PUE 1987; RICKELS,
“jchâma
a de: ser. abjeto, que se. encontra além “dos limi- am Laurence. A: Aberrations: of. Mourning:' Writting on.
“tes 'da com inidade. A A conclusão, quando: Corinne
“= German Crypts. Detroit: Wayne State University Press," |
ea 1988; RONELLE, “Avital: Crack Wars: Literature; Addic- “o
- morre, mostra, as dificuldades do conhecimento «cor-e “ton, Mania. “Lincoln: University of Nebraska; Press;
1992; HACKING, “Tan: Rewriting”the- Soul: Multiple”
Personality.
E and the Sciences of Memory. Princeton:
“Princeton University-Press, 1995: is e pur
ei Sodré 9 conceito, a abjeção. ver KRISTEVA, e
lia, Powers ae Horrór: : 33. Para uma discussão sobre as evocações e résso-. a da
“ nância poéticas : versus ciência, ver: BAGHELARD,
“Gaston. Le,eemtque, de EEspace, Paris: POE; 1957;
“zida. A; “Era dá Revdlução: traçou á cidadania, “a na-.
moderna forma de seé fazer história, constituindo. tita
“cionalidade e as fronteiras nacionais, com. atitudes ar-
“terreno negativo pata. a profissionalização:
“rojadas e marcadas pelo gênero. Do Terror, à época do
e
E -
Cas
!
: :
Pad
das Napoleão, o: acesso das mulheres aos direitos de cida- y
7a dania foi abruptamente restringido. De Staél estava.)
E pes — EXIADAD DA HISTÓRIA “com pouco mais. de trinta anos quando Toi apresen-" g
É
tada uma séria medida legal que proibia as mulheres "os
TEN EC A narco- nistória: de dé Staéle sua epistemolo- no - de aprender a ler'e escrever.” Embora a tentativa
E E gia erótica não combinam: com nenhuma compréen-- lim, fracassasse, ar formação. da: cidadania masculina flo-
o SãO convencional de seu, liberalismo iluminista e tal o A “resceu com a descrição da nacionalidade como, teo- -
“vez pór isso, as: muitas análises de'sua obra têm ig- , a ricamente, uma prerrogativa: “universal aberta à to- ..
“ morado « o modo como o Corpo e as drogas figuram. em sc das as pessoas. Quase simultaneamente. à proibição
seus textos. Até a abordagem que ela faz, da' história io da atividade política das mulheres durante a:Revo-
política — que é em geral atribuída ao'seu interesse. .
*lução, Mary, Wollstonecraft, em seu romance póstu-
“natural” pela política, como filha de Jacques. Nec- oa Po
“mo Maria, perguntava. a si mesma “se'as mulheres - Ro
«ker (financista- inovador e ministro de Luís: XVI) e E
têm uma pátria”? * Q caso de Germaine de Staêl le-' Bed)
Suzanhe' Curchod Necker (uma respeitada salonnitre) Eu vantou de maneira viva a questão da cidadánia das. no
- - contém ingrédientes bizarros é mesmo incompati- AOS ; mulheres. Filha de pais: suíços, identificando- -se en-
“veis, que. têm sido' cortados de sua'vida;)! Donadeseu. “faticamente como francesa, casada com um embai-,
“próprio sal lão, como; sua mãe, (“criei minha filha para - “xador sueco, exilada de Paris e por fim. de muitas. ;
vã SCE Emile, não Sophie”, “anunciava” Suzanne Necker), : “áreas controladas . por, Bonaparte, ela na vérdade
s ig A : ela conhecia. todos, de, Talleyrand: a Bonaparte, e por.
* muitas vezes escreveu afastada do centro da políti-
5

“issc parece ter parti ipado. normalmente do mundo Ei “ca e do poder. Zelosa administradora da fortuna da Pos
“da alta: política. De Staél, -imagina- se, estava próxi- - família, de Stáaél.amava a: -essência da política mas, ipa N
ma a do pede e escrevia sobre ele. dessa Posição; uma” - em constante, fuga da polícia, de Napoleão, era forçã=; Ss
«dá 'a “observá- laide-uma distância extrema. “Assim, 5
- embora sua história mostrasse o interesse pelo ópio eus
“um: «casamento com um, hermenêutico erótico, ela A A

Es 35. Sobre» as. dimelições! filosóficas da” controvérsia


É “sobre a capacidade. das mtilheres deler e escrever, ver ED o
34 Par “Uma importante E
PR RR da; “FRAISSE, Geneviêve. “Reason's Muse: Sexual Diffe=,
: cuidadosa atenção “de Necker ão seu salão, que. faria e -rencé “and the Birth of Democracy. Trad.-Jane: Marte 5 on ranão
“dele o. protótipo, da virtuosa república das,letr: : “Todd, Chicago: University of Chicago Press, LOGAN q ata
GOODMAN. “ “Dena: ai of Leiters. “36. WOLISTONECRAFT, Mary. Maria, or ther to
suronos of. Moman: New Ron: Norton, 1975. DB: 108. AS ;
Eres “também- sé posicionava, em uma a extraterritorialida- lia; iAlrita e de outras regiões. De staél e trelaça. to-
A “de. geográfica e nacional rara nos textos históricos da. “dos os seus trabalhos, inclusive esses dois, “com exten-
Ê “ era moderna.. Com mais frequência “os. escritores, o sivas. descrições de viagens de: carruagem e à pé.
mesmo. quando. escreviam: a história de outro país, , “A harradora de Staél, assim como seus pretal
faziam-no- com naturalidade — istoé , colocados em, +28 : gonistas,; inicialmente cruza: fronteiras geográficas E
“uma posição. de neutro nacionalismo.” so E - que demarcam os limites do estado. No: entanto, as o
o “Não era essé O caso de de. Staél: sua: “obra histó- : “Ironteiras. 'mais importantes.são as que, separam e de-
Ea e “Tica chamã: “declaradamente E atenção para, 0 exílio ie “ finem as populações de acordo com. sua mentalidade
RR Nai . “sua condição: de: estrangeira. De VAllémagne. e Corinne tão e. cultura. Nesse aspecto, o trabalho de de. Staél con-
(dica não “apenas: descrevem, e analisam as realizações de tribuiu para preencher as fronteiras políticas da Eu-
“países. estrangeiros para provocar o interesse. "dó leitor; ER -ropa-com marcas cúlturais e, dessa forma, promover dE
=-as duas. obras são dramatizadas como sé escritas. em . a, definição nacional, Não obstante nossa idéia de que
meio'a embates. estrangeiros. A primeira interpreta | de' “as diferenças. mentais e culturais são de alguma for-
“maneira “explícita a: história ea cultura alemãs para | “ma, intangíveis, pará de. Staél a nacionalidade era.
“não- “alemães, traçando: nítidas fronteiras: entre, grupos, “uma proposta” representada e “personificada, . assim jo
* Nacionais. | Como intérprete, presente na-cena é auto- "; como a maior parte dos c outros aspectos de seus tex-
“dramatizada, de. Staél. faz. comentários como uma. es, os históricos. Suas visitas a estados e cidades da Ale-
- trangeira no, meio, de alemães..Corinne, retrata uma: sé-. manha. a fim de pesquisar para seus livros causavam
ie: de observadores. nacionais: que testemunham a his- (. S sensação. Ao chegar a Weimar, em 1803, ela inspirou
“tória da Itália; Oswald, seu parente. inglês Egermond extrema admiração em mulheres da, corte e na intel- o des
“comia esposa ea filha, seu falecido pai e vários outros“ igentsia - a tal ponto que Schiller lógo dé início tran-' Lily
E AR ménos; importantes. fazem. observações: 5 quilizou/ “Goethe: “ela é igual a todo mundo, não há n
pi óro Pe, j “sobre a natureza dos italianos ie encontraram; a nada de. estranho,. falso ou patológico nela... O quese.
ES de dizer dessa mulher é é que.ela' representa de. ma-.. e
“ção entre a áli : neijra perfeita e interessante a inteligência francesa.”
“gens, á própria Corinne tem. duas nacienialle jade, Eba. " Suas insistentes investigações. e-entrevistas, contudo,
Seja sua Apultgde em parte -nessa origem bifurcada Pon Togo fizeram-na passar de objeto de curiosidade. tel a
5 “preseitativo do espírito francês ar um incômodo
“exemplo, da, “natureza | superficial dos, franceses”,

e
* Goethe, questionado e pressionado, achou que “ela Via
3 Pata uma ) interpretação difereite de Staél como: A ao
: exilada; PR ORE farda. aa Weinen and e e “comportous se de maneira grosseira, como. um: via-
“jante. que se.hospeda entre aborígenes”. 3 Embora de. Si
ste eenseguiose. descrever. se como umaa republica, fabio
ne a

38. Citado. em DIESBACH, Ghislaine “de. Madame de.


—- Stabl. Paris: er tosa. Pe 349. 392 nai “
ns “como hóspele (Preciso de dáis JOAO apenas” "o ela - Ro
“ escrevia'com: frequência a seus hospedeiros), outros.
“na verdade v viam- na como uma presença exagerada, je;ão, e Flora Tristan mais tarde: usou essa metáfora. JS
; « barroca, úma: artista sempre represeritando. em de- “para caracterizar. a situação das. mulheres em geral). do
Eis o " masia e distante de sua platéia natural. Essa estran- o Externamente, de Staél permitia que as: leiforas que”
Ea * geirice, era ainda “mais visível: “nas/longas disonicõas - à veneravam. conquistassem uma: nova perspectiva:
J
de fúgas e. viagens. “Em: Considérations sur les événe- De sobre sua própria situação como forasteiras que care-.
apo “men principaux de 1 la Révolution française, ela trata de ciam da estabilidade de uma identidade política. Daí E'
UUG Eae E eu Sa própria partida precipitada « e da de: sua, família. “ o usó da viagem, em cuja perspectiva volta'a concén- :
E o ES «de. Versailles, de: Paris, dos subúrbios dé: Paris; da o - trar-se o foco minuto a minuto, para adequar a, loca- ET n o
Las Re Vim “Bélgioa, da suíça: e de outros lugares: “A-alegria de “ lização do. viajante à cena corrente.” ve .
a “todo povo que eu acabata de: testemunhar, à car- Ru Dessa posição. em constante mudança, a histó-
PEA -ruagem: de meu pai | puxada pelos habitantes das: ein ria! nacional aparece de outra: forma: não política,
- dades que, cruzávamos, as: mu eres do campo ajoe- pis “mas cultural, baseada não no poder militar, mas na
" lhando- -se. quando. nosviamn. passar— nada, provoca à realização artística e intelectual. .Os forasteiros pre- oi
“em tim emoção tão grande”. De 1º “Allemagne à inicia-se A - cisam sempre compreender a cultura e de; Staél citou CL,
as diferenças culturais em minúcias. Ainda que uma As e
— com uma carruagem. que: atravessa a. tesão rural ale-
Á pessoa: não pudesse: ter direitos políticos, conseguia vi
imã, de aspecto cinzento e melancólico.
= participar da comunidade cultural. A vida cotidiana o cr
“Assim persch ficada, encenada. e situada, aa his:
E exílio, com a “qual as pessoas precisavam lidar o o
“do por álguém em viagem: eengielio; conectândo je : com mais deliberação porque éram estrangeiras, es- a
sim. história ê “nacionalidade de modo. 'diferente- das: tava também em primeiro plano nos comentários de
científicas. / à nação é os. mortos encontra. “Staél- sobre indumentária é aparência, “sobre a
: condição das mulheres, o. conforto, das acompdações- nat
/ á Ro ta Elm

radas é Taimasmagóricas, um. reino do dial os: “20. DeStaél comparou explicitamente as iulhéres es E “ aa
: : Lado
m estavam exquidos Déssa posição Pd gótica, sa sobretudo” as mulheres“intélectuais,. com “os párias- + Jeni
"da Índia” em Dela littérature, HE, p. 158:167. Ver:
TRISTAN, Flora: Peregrinations of a Pariah, 1833-.
1834 Boston: Beacon, 1987, publicado. originalmen-:
é como Lesi pérégrinations d: une. pariaho, Paris: As:

c | tação sotida: e importante, ver Ya S - a |


ê* mesón, Diary. of an Ennuyée, onde a-heroína atra- Agora
* vessa de+ sarrlingera à: Itália; - onde narra sobre obras do
“;- Gêneroe História: homens, mulhéres e a prática histórica"...
CJ j RA , , : td
(ud Su ER És N
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Nie PO NS Re
AO EN
uq PAR s: Ea: EA
Videta rs

e os padrões de etiqueta. De fato, na! história de de: ho. caso de de staél, quet tensão: e ambivalência. entre:
Eua Pá “Staél, a fiação; tornou-Se-uma: presença mais' “elêmera, “interpretações, e fragmentos: éia melhor alternativa:
Ante es, quando comparada com suas outras personificações ás mulheres, ela escreveu certa vez, são “indetermi- -

po
cs - históricas - -i uma entidade cultural diferente, cam “nadas”. As Dramatizada. demais para ser transparente,
R t
biante, póssível de ser “sentida com o corpo. e de acor- “ela também: exagera nó ópio, no erotismo e conspi-
E TA “do com..o estado do corpo, em fuga, e “drogada para . o 'cuamente: exila-se, para' que sua obra sé reconcilie . e
;
-apaziguar a“dor do' “exílio. O viciado, escreveu “Mar- plenamente «com: 'a-de Staél: racional, republicana e.
tin Heidegger, “está. sempre adiante do Ser; O herme-. - bem informada. “Além disso, essas descrições confli-,
neuta precisa. entrar, no horizonte do. conhecimento. a -tantés,' todas.elas perfeitamente possíveis, não se ali
“de outra. pessoa: Assim. também de Staél, o gênio exi- “nham de forma: convincente para formar a base de:
“lado, estava “além. do sampo de sua “identidade. o “uma: verdade biográfica ou fundamentada no: conhe-
Essa versão “de uma de Staêl drogada, erótica e: - cimento. Muitas, vezes inacreditável em. seus textos . :
“barroca; é apresentada como um fragmento. -“um: e-nos: aspectos bárrócos, grotescos' até, de sua vida, “(0
fragmento que, precisa ser mantido. em tensão com as ela não preenche, como personagem, o. requisito his-. ?
- representações mais familiares. de sua “vida: é obra, pç ' toriográfico de imitar o-real. Essas qualidades exage-
“inspiradas racional e constitucionalmente. Faz. parte “Fadas e inacreditáveis. de dé Staéle de seu persona- ...
de uma constelação que pode abranger uma propso: : gem central, Corinne, “ctjaram embaraços para Ellen - a Ae
= pografia staeliniiana e seus tAnhápios euus.*
é Parece, - Moetrs quando ' 0 movimento feminista, contemporá- PST didi e
neo. começou: a esquentar." “É melhor, ela pensava, u
e
centrar na virtude, na racionalidade, no republica- a :
“42. Palio as vantagens de pensar em. termos de mui.“
“nismo e-nas “realizações” de de Staél como inspira- pa
qro & pfeidade aoapresentar ou conceituar um eu-.o
: seu-próprio ou 6 alheio - ver BUTIER; Judith.: Gen. : dera de mulheres. escritoras do século. 19: ii
- det Trouble: Feminism and the Subversion. of Iden-; - É uma ironia da vida de de Staél que. ela tenha.
Yo New York: Roiitledge: 1990; MEYERS, “Diana e é lançado «à herói. intelectual feminino — "que descrições SATA
“ lletens “Subjection and: Subjectivity: Psychoanalytic, ita
subsequentes: a tenham estabelecido como; à quin- us
Feminism. and. Moral Philosophy. Ney York Rou-
tledge, 1994; Id. “The” Family Romance: A' Fin- de= é -tessência' da mulher digna e como modelo de realiza-.
- Siêdle Tragedy. In: NELSON, . Hilde Lindemann: ção feminina. Durante várias décadas, mulheres, ta-:.
(Org). “ Feminism and Families. New. Yor : Routled-” Na us, E
“ge 1997: e SCHEMAN; Naomi. Engenderings: Cons
- Húctions of/ Knowledge, Authority, and Privilege. -
«New “York: Routledge, 1993. Meyers, em “The Fa- nho 1991. Im Pp. 150. Eua
: “mily Romance”, adyerte. que o teu. múltiplo” ou “44 Cómo se nadá houvesse mudado em. vinté. anos,
urptiidádo, adotado: por. filósofos, como O] P.N$ Furbank escreve sobre Corinne; «que.o livro “é;
/ precisa ser abordádo com. cautela, 5 maravilhosaménte, inexpressivam, nte, absúirdo .
“por “causa de sua corrénite popularidade no diagnós- : - Seus romances simplesmente não':servem” “RUR-,
tico “de “dist árbio pe alidade, múltiplas, mal f “BANK, PN. Call Me Madáme:, New ork Review e
| RR sis çe o Vacsid EI - Gênero'e História: homens mulheres e aprática histórica
ESC ; EI=

gráfica e não. a invoco de nenhuma tor


Tefitosas tentaram ser. Corinne, e é possível sentir que.
tal, Na verdade, ela nnos serve como o m
EU a -elas: -captaram “melhor do- que ninguém. a complexi--
“= dade do que isso- significava, Ao mesmo tempo, os
descendentes de de Staél começavam, a controlar-os
es No bioquéia: e lança o discurso cjensáfico.!45 Pensar,sobre
Ro “arquivos da família de modo a manter sua vida pes-
“de Staél pode servir para. localizar aquele: ponto | im-
so ct "Soal'= seus: casos amorosos, “os. filhos: adulterinos e o
Ela tornou-se portante. em. que-a' inteligibilidade. foi estabelecida,
NILO “casamento. clandestino = “em segredo, so s
mass onde ela também desaparece,
nai “por fim úma. figura que. precisoú ser' descoberta. e
“Assim, a busca por uma conclusão leva- -nos aós. CBO
o ia a desimascarada | para que sé “constituísse assunto de co-
, estudos hermenêuticos . de Hans- “Georg ' Gadamer, ' RR
Dad nhecimento, contribuindo de maneirá importante. '
“que parecem apropriadamente. apontar na: direção '
o UÉ is Como inodelo para.o imaginário político das mulhe- (1... 23
TES. OU! ela podia ser lida como um tipo familiar: um " de de Staél: “Apenas se; odos esses movimentos que
ev eos a
Ç “compõem a arte da conversação —- argumento, | per-
-“<, — eterno retorno da mulher genial sensível, da mulher.
“gunta. é resposta, objeção: e refutação... -- forem inú:
. «aristocrática, experiente, da salonnitre no centro da,
teis, a questão se repetirá; só nesse caso-o esforço: de'
cultura internacional. Porém, não obstante todas as
Vantagens, a mudança rumo-a uma exemplaridade À RO mpreensão percebe: a. individualidade. do “Você” es
Ea 0 gênio- era, dé.
Pl : modelar. substituiu a hermenêutica histórica com a o “compreende, a sua [sic] unicidade”.
com os hérmeneutas “da época-de: de 'Staél,
; . perigosa visão de, um personagem histórico único +, . e acordo

“uma mulher digna. Apesar de sua energia política, 1 áquele que: todos. “sempre se. 'empenhayam - sem su-.
Na
CN essa visão era ao. mesmo tempo “Ólisada, porque uma, | cesso— para interpretar. Antes da profissionalização,
Be
“mulher escritora iria, de novo, como Oswald, inserir- obra histórica eia. repleta, de perguntas, inespendi
Res
E se em um “tipo” de história patriarcal,
| baseada não na .. is, de estratos contraditórios do progressivo e do:
“hermenêutica, mas na: autoridade; baseada não na. E m terioso, do. género e da. raça, 'da imaginação e da; eb
EA diferenço , mas, nia identidade. A = “ razão, do: escrito e do oral. A invocação dessas alteri",
Senti Uma alternativa seria ver que, como aà história “ dades talvez sugira, a algumas pessoas que podemos,»
asas so que “de Staél escrevem; algumas. das vidas que ela les omJê- las tanto a fear iantés ao Satrenio, de seu sentido =

: “ vqui são demasiadamente. inacessíveis € exageradas:


4 em termós de modelos historiográficos para serem ÃO assim | api ovaria om undo dá “compreensível, que éé:
Bon “ compreensíveis para, nós hoje. Podemos-começar a E “diferente daquilo: que-os escritores” de, história pré: No
“avaliar O que uma, história narcótica, erótica e barro=" "| - profissionais reconheceram - isto é, um reino exten- É
“ea realmente acarreta, apesar. das te) ativas iniciais sivo do mal Hserpreiado, onde o Próprio. sentido. foi.
se espiga aqui seus5 contornos? E à. polar é geo”. so

é
ã vel, jesandos «nos para “ém. dos: limites de nossa pró:
priá, compreensão” -do inefável? A falta: de reconcilia-
) Apunidos da + modernidade. histórica ou bio- :
: das, Assim, o gênio, devida: do constante. ésiada de: É
“ desentendimento e incompreensão. final, lançou a
- discussão, as perguntas ea instabilidade. AT ado e
ao de Homi Bhabha àarespeito “do, arcaico ou doi ini-. ES ad
“Os historiddores bem informados. de loje con- RE
“seguem ver, um terreno final: e ahernativo Para uma: na maginável com: o imperialisi o. sugira, isso. É pone E :
“que, muito antes de Corinne: ser escrito, sua extraor- ai
“escravidão e Taça. “Pouco antes doa: “nte ã nos e “dinariamente rica aútora já tivesse construído. seu,
“torno, dé 1785, calcula- -se),.a jovem: Germaine Nec- imaginário arcáico em termos faciais é colonizadores, -
- ker: escreveu o conto-“Mirza”,”, com vários ingredien-" - que/a raça: fosse a “impulsora | final de seu discurso
“tes. familiares aos leitores de Corinne: «uma excepcio- ' histórico sobre cultura, nacionalidade e gênero éque:
“nal heroína mal: compreendida (Mirza),. que, revela A “Corinne fossé uma ínéra capa. para essa origem impe-.
trial, da história edo heroísmo modernos: No entanto, es
-. conhecimento de diversas! línguas eum amante' que.
“acaba deixando de; 'amá-la. Só que “dessa vez a histó-, : também parece desnecessário eliminar: os múltiplos la

1 sRiÉ
e ria. da diferença de gênero . e dos horrores da: “guerra. eo . traumas que . 'desencadeáram a: história . naqueles CEE
i estreitar e assim conquistar significado; em vez
“acontece. entre; grupos, étnicos, “africanos; à derrota -
traz a escr vização, quando os dérrotados. são vendi- “de demarcar seus limites e. determinar o'conceito de -
gênio. em nome do conhecimento profissional. e “O
“dos pelos “vitoriosos: para ' traficantes, europeus. ; O.
“trauma. histórico reside na instituição: da. escravidão, narcótico, erótico é doloroso: caminho errante do gê-
“ enquanto o herói cuja. infidelidade sexual causa a: mio. através: da terra dos mortos €e de seus fantasmas o
: morte de Mirza, estabelece a traumatização múlti- DR “cônstitui uma fronteira para as práticas. subsegiiên-
a pla: déle. pela deterioração de: seu. corpo, “provocada a | tes que empregamos, determinando um local de
a - por sua: escravização e pela. mórte de sua amada: RA onde. o racionalismo: pudesse” começar. Como- tal, É aÃ
' uima' conquista sedutora, mas a longo, prazo ainda. :
o as E "Sua obsessão Pela sepultura de Mirza, o seu, ane é no
neo E Le Psi PDA serve como “importante” limite e meio: de: controle;
i
defrontada com isso, a, história profissional iria: se es
sas a Para um. breve resumo dese poito, ver GRON- ANA
“1 DIN, Jean. Sources of. Hermeneutics. “Albany: State Uni-. r sozinha -— para o bem ée par o mal,
(
A vérsity of New York: Press;1995; e: para uma
ue completa da: má compreensão universal -de gênio na >< ao. Nessa: área tomo o exemplo de muitas fontes, jné
época de de. a ver o capítulo e Schleiermacher e ias “clusive “do “diálogo entre Sharon. Bell e Françoise
: - Mé ssardien- Kenney, “Black White: Translation,
ass, and Power”, KADISH, Doris Y;.”
ARDI) NNEY, Praniçoise (Org. li Trarisla Ra
"0 gênio ao;
a o qual todas asi irávam. 1Desde o início, mui.
no,
tas: erceberam o. significado completo de.“ “gênio” á Cê
:
com: “ela o apresentara, Margaret Fuller, por: exem-" (o E
. p o « Pensou em si. mesma e ficou conhecida c como “a, ento

mós uma percepção: mais sou menos. intuitiva” “do. que


constituía a-sua, ; história. amadora: narrativas dramá- -
quando não inteiramente im.
aboidanene mmuitas vezes .
4

enha que a. obra his dita das mulheres tem por


: “objetivo. promover o ávanço-da influência” da; esfera -
“agpriética « e; «portanto, das mulheres. Mesmo “essa,
rar:
oe à história escrita por mulheres .
enas na década” de 1970: “Nós a inven, “ras tépidas em 1 comparação. com às múlhéres dai [4
ricadas, as escravas: fugitivas que. lutaram por seu.
povo e'as feministas, ativistas que deram início à
«construção. de um movimento de massa:
AS descrições da seriedade: e “das virivides” das
“amadoras têm mérito. mas, como no caso. de de: Staél, -
impulsos múltiplos podem ter moldado seus textos,
eló menos na' primeira. metade. do século” 19. Como
É -de Staél, também: Stéphanie- «Félicité de Genlis, Vic-
“torine de chástenay, Lucy Aikin, Lydia Maria-Child,
Cristina Belgiojoso « e Johanna. Schopenhauer escreve
“ram em tempos perigosos, traumáticos e. intrangúilos.
“Poue s delas, contudo, estiveramtão isoladas pelo: Cas
“sulo a riqueza e da, política. quanto de Staél; e já vi E
“mos a fragilidade + com quê esses, “fatores conseguiam po:
proteger! até mesmo uma mulher como ela. Não; se
“ pode escrever a historiografia do período: 1800: 1860 E
odificação é dá inferioridade das múilhieres tórnaram- -
sem, considerar a àgitação- “corrente. que: modificou aí
E particularmente aguçadas, que a extrema: violên-
+ obra histórica. Entretanto, uma. leitura” mais sintomá-
“veja d “guerras e: revoluções políticas aconteceram no;
“tica do- “amadorismo revela que a. história amadora
“meio. das' mulheres: e tiveram grande, efeito: sobre” .
consiste em. “algo verdadeiramente: extraordinário: o
É suas vidas e que a: violência pessoal em instituições o .
s “relato de múltiplos traumas-é não apenas dos relacio-.
| como o casamento ea escravidão ainda persiste. A In- ud
“nádos a guerras e revoluções. Quando. se examina 'O to

amadórismo sob essas linhas, é possível compreender.


Opesalmieme BROWN, Fauta: Not Outside the Range,
* melhor como à. moderna historiografia do mundo oci-. -
““AmericanImago,. 48, nd, Pp. 119-133, 1991;
“dental esteve marcada pelo gênero. NEWMARK, Kevin. Traumatic Poetry: Charles piu. 1
Ao usar.-o termo “trauma”, não pretendo irinvo- -delaire and the Shock of Laughter, American Imago,
“cat sentimentos de consternação pelos sacrifícios ha: ss | 48/ À. 3; p.,515- “538; 1991. “Ver também LaCAPRA,;'
“vidos, mãs sugerir uma situação, uma localização so-. “o Dominick. “Representing.. the “Holocaust: . History,”
, “Theory, -Trauma.''Ithaca: Cojnell University Press;
“cial, cultural. e política, a partir da qual. as;mulheres«
" 1994/e CARUTH, Cathy. Unclaimed Experiênce: Trau-.
escrevéram: O traumá, na Tnaioria dos. estudos, é. “ima, Narrative;, and" History. Baliimore-i ilohnã, Hop:
E uma categoria histórica quase” exclusivamente apli-. E kins University Press, 1995.
* cada à homens brancos - — suas experiências. de guer- “4. Ver, por. exemplo; CLARK, Ana) Womén $ silence,
o Ta, Holocausto, ' viagens de trem (e mais tarde de áu- 24 Men's Violence: Sexual Assault in' England, 1770-1845.
: : tomóveél: e ônibus) e colisões de trens e:até mesmo de. London: Pandora; 1987; “BLOCK, “Sharon. Coerced
“choques intangíveis como à da. “modernidade”. . A Ee Sex in British “North America, 1700- 1820. “Diss: “Prin-
- -Ceron- University, 1995. PLECK,, Elizabeth Domiéstic/
-maior parte. dos historiadores recusa- -se a adimitir. que
“Tyranny: The, “Making of, American' iSocial Policy.
Os. estupros, -espancamentos, incestos e outros, atos de: - “against Family Violence, from Colonial Times to the. &
“violência. perpetrados. contra minorias: táciais emu: “Present. New. Yoxk:. Oxford, 1987; GIDDINGS, Pata:
“ lheres sejam traumáticos, uma vez que o abuso é ha-. : Wiiei ând Where | Enter: The Impact of. Black Women:
val.d Argnmnentando éo contrário, a psicóloga Iaurá cs - on: Race. and Sex; “New York: Morrow;: 1984; HAM: .
-“MERTON, A: James: Cruelty and Companionship: Con-' Ea
à j “trauma” pala abranger flict in Nineteenth- Century Married. Life. Lóndon:
Routledge, 1992, Para O: “Tinal do século. 19:.e início: do:
“ guialdade, mesmo ondê o valor apregoado pelã sociêl “Século 20 ver, por exemplo, GORDON, Linda. Herões
«dade éa igualdade: Sé examinarmos “a condição, das ives: “The Polias and History of Familr
r cidértes de. choques traumático nã. forma - “como.
- Freud: os: “descreve, deixam vestígios na memória,
“com 05 quais o. “sujeito lida dé maneiras” variadas, na
tentativa. de restabelecer o. “controle ea me gridade. 7 ' “das terei servido: rmuitas. vezes como uma, contra-.
: Vestígios desses fenômenos; estimulantes. nã arte, na: E tarrativa) ou cobertura, que escondia o.que: aconte-
linguagem emo comportamento manifestam uma Té. “ela nas. violentas e tumultuadas, vidas. que-levavam, | : "o
DE lação com 6 trauma. NR CA us vidas marcadas por pobreza, adultério, filhos con:
RE ER “Um poderoso conjunto. de condições infórma- 'cebidos fora dó casamento, violência, abandono e pó
CSS! iva O amadorismo. histórico das mulheres, ordenando : abuso; vidas: «modificadas pelo; cofitexto duplo. de. o
“seus limites: cognitivos, de linguagem. é manifesta-, “um discurso. político de. direitos e igualdade cede um: A AçtaRo
«ções psíquicas. “Talvez, seresta página: algum dia ti- “outro legal que: escravizava, empobrecia e: estupra- FOR
“ver: leitores,, “eles ficarão espantados com o terror... “va as mulheres. Essa situação produziu um persona. aos
que tomou conta: “de nós”, a historiadora francesa: «gem histórico Parttenioa uma: metodologia especffi- Petr
“e Victorine: de Chastenay rábiscou “com. Tetra” quase: ae ição ) literária para 'o mer-e

ilegível no seuú diário dos anos: revolucionários e na; E


poléônicos. Mercy. Otis. Warren. recheou seus relatos -
- sobre.a Revolução, “Americana com alusões Fepetiti-
o «vas, Pina do analisadas, retiradas de cartas o tdo
cenvoNênies: é divertidas "sobre: rainhas. (por x em- e
lo, às: biogralias da. Rainha dia e de: Aga | Bo-.
duziu á Ser escritora”, 5 admitiu Hannah Adams, é
a

EW York: o ford University dress; 1993 ,


I ulheres também. participatas

SR io Liberty, 1988. 2v pa ;
1805); ADAMS, o ot A: Memoir 0
“des por seu. trabalho. Suas histórias mostram como ar : E
perdoa |
é do amadorismo tornou- se pare ines

“0 apelo à magrianimidade àdas. mulhexes àama. É a


dóras encobriu' uma, -Tunção” mais picante de :sua ,
obra, tomando por inspiração o que seus: textos pro-:
transforimando; eleito er causa e abrandan-.

Uta: ela sobrevivência. Victorine de Chiastenay ER pi


AL77I- 1855); além das histórias que: publicou sobre . Eat
os porimandos,. a civilização clássica «e. unira asiá- “

rias: escritas “com mão: cada vez, mais: “tensa é Jetra..


quase ilegível. Ela o iniciou: em 1817, a partir de no-
tas, e: útros trechos de memórias que haviam. sido o
ido; ntê)o-caos e'o perigo, pos.
haste ay iheluiu detalhes de arrepiar: lanças
é com os cabelos cnados pato.
R participava de uma luta imensa. »e Mercy Otis war
“ten angustiou- sé: quando a perna “de seu filho preci- “dio do marido; escréveu histórias implacáve
+ SQU ser amputada devido a um ferimento sofrido du- «bre à inivasão dé Danzig durante “as Buenas revotu- à
Ea rânte à. Revolução Americana, “quando outro-filho “cionárias e napoleônicas. sa
morreu as caminho da Europa, e quando um: outro | " Algumas, como:a escritora inglesa Helen Maria
o “ainda, foi morto: em uma batalha, contra, índios por E “Wiliams procuraram a, excitação; Willians fixoni;s se!
Elo causa: de fronteiras. 7 Johanna Sehopénhatier cujo ti. Eojo a

Quarterty, 10, p: 378- 402; 1053; MARROWITZ, Ju.


: E “-dith. Radical-and Féminist: Mercy Otis Warren ando Cv E
o de Chastenay, 177h-1á “the Historiographers: Peace anq Change, 4, p.10- 21
“ Paris: Plon, 1896. 2N.1 “1977: SMITH, William«R.. History as “Argument:,
Three Patriot Histórians ofithe Ametican Revolu-
sore de Chastenay”. "Sobre Chastenay, ver LAPE- “+ tion. The. Hague: Mouton, 1966; HOFF-WILSON, ' AS
ROUSE, 'G: Mme ta comtesse de Chastenay, Chátillon- o
“= Joan; BOLLINGER, Shatón. Mercy. Otis Warren: 4
“o Playwrighit; Poet, and Historian of the Americam io
“ Revolution. In: BRINK, J..R. (Org.). Female Scho- “it. cl
“lars: A Tradition of Learmed Women before 180Q: ma dat
St. Albans, VT: Eden Press, 1980.p. 161-182. 0 o
“8. Sobre “Schopenhauer, ver, LÚTKEHAUS; Ludgcr o
: (Otg.). Die Schopenhauers: Der Familien- Briefwecli- ne
4 qn ve Revolution. Diss. Mad of Colorado “, sel von Adele, “Arthur, Heinrich Floris und Johãnna
“im Boulder, 1993; DAVIS, -Garolh ". Schopenhauer; “Zurique: Haffmans,'; 1991; DWO-:
«RETZKI, Gerttud: Johanna Schopenhauer: Ein Cha- .
“rakterbild ' aus Goethes Zeiten; Dusseldorf: iDrosté, ti :
1987;/SAFRANSKI, Rúdiger. 'Schopenhaúer: The RR
Wild Years of Philosophy. Trad. Ewald Osers: Cam- "cs
bridge, MA: Harvard: University. Press, 1990: p.7-8345./0:
> e passim; FROST, Laura. Johanna Schopenhauer: Ein ET da
* Frauenleben.. “Berlim:: Schwetschke, 1905. Ver o
-" SCHOPENHAUER,;: Júhanna. Johann. van Eyck una: SET OE a
“seine Nachfolger.. Frankfurt: He Wilmans, 1822; 1d. =
“ Jugendliebén und; Wanderbilder:: Braunschweig: Goi
“o -Westermann, 1839; Td. “Ausfiucht an den Rhein und
“o dessen náchstên Umgebungen im Sommer: des ersten
EE friedlichen Jahres: Leipzig:F. A. Brockhaus,, 818: Id;; a
das súidliche Frankreich bis ae Vie-

rata und Schoitland. “Leipzig: É.


1817; e dsambém. seus romances, “romance
“toda dê 1820, a, átivista s aliaa « Cristina Belgiojoso esa.
ogia: A s “capou, da: polícia e escreveu suas, muitas histórias: do
ada biografia da Rainha Elizabeth. e uma a antol “ exílio em Paris e em. outras partes da. Europa.!Ri Em .
cem quatorze volumes de obras escrit as” o mulh eres ei
nos 1848, “a escritora: “norte «americana! Matgaret , Fuller,
> "como. Jessie White Mario e: “Belgiojoso, Viajou pará Ao
o Itália e mandou. relatos. de Roma. sobre « Õ modo como , s E Es
vas tropas. francesás' espalhavam. sangue pelas ruas eo Vo
bia matavam mulheres e crianças em suas camas. Os fes Vi e
. -ridos eram arrastados para porões semareas casas. .
ia Revolution
riting,- ai Vê 1790. 1827. 0x A brutalmente invadidas na busca de revolucionários
Clarendon Press, 1993; w: 5a AMS, Helen VA, ae suspeitos. “Pessoalmente, eunão sêntia muito, embo-
«Letters from Fran : PR ow taas'balas de mosquete'e as bombas começassem . at iis
cholars” Fa AE ei cair então tainbém ao meu Tedor. ra - Participárite 'do Ci

Es, Princess. “Chicago: University of cago Press,


ab WHITEHOUSE, Remsen. A, Revolutionary Pri

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“orig. 1849), on the Present. Condition of Women.
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E doi - : El pt
Uia : dio ú
Da Cp

E movimento d abolicionista, vaia Maria chilá foi trata-. si inçÃo


ss da com crueldade mais de, uma Vez por rpfovatadores ns t

: digo Napolebnico (1803: 1804), “que “ele foi escrito por


um homem”.!* Se às: mulheres não fossem: deliberada-
o délas nãoà oitémia evitar os tumultos, fossem os: dis “mente mantidas sem instrução, observou. o jomal fran-
= túrbios. de Luddite, as guerras; “as revoluções polític “Cês Athêndê des Dames em 1808, “poderíamos vê-las.
ou o extremo deslocamento social que acompanhóu “avançar na- mesma condição “dos, homens”: Mary
pão indus rialização 4 ea modernização. econômica. À poé-- — Wollstonecraft escreveu: uma! série de. trabalhos em Co
- sia/ dás mulheres norte-americanas foi: uma espécie de > “que relatou, com amaígura a incapacidade legal. das
“memorialização” que cobriu a, Revolução America- imulheres, enquanto Judith Sargent. Murray. exigia 0. |
Na, a; guerra! de 181 ia remoção à força, dos'Chero- - desenvolvimento delas por meio -da' educação, 4 Emo
o kees, a guerra com o México, “a luta contra a “escravi- : “uma rara demonstração de ressentimenito, Agnes e Eli-
dãoe a: continuada violência que, envolveu'ã marcha a - zabeth Strickland comentaram sobre a sorte de a Rai-, -
para o oeste. Ela continha imagens: de sangue. coagu- “ag nha Katherine Paar e suas: tuteladas, as princesas Mary
“ Jado, casas em: chamas, Fios de sa gue, imundície, de=; “e Elizabeth, não- terem” vivido como: “vilipendiadas a
c sh es
“sonta, espadas, estupros e criam as; -agoúizal tes. Jr Ê E “eruditas” no século 19, /Os conhecimentos das: damas :
T “AO mesmo tempo, aconteci m'revisões nas re-
“gras referentes ao gênero. nã sociedade ocidental e: elo posteriores, a ignorância das “pessoas conseguiu”
visões que davam. melhor encadeamento ao trábalho | : “ difamar mulheres que homens como Sir Thomas More,-
“das, mhlherés intelectuai is: As deficências culmitais Ao - Erasmo, Udall e Ascham:;sóÓ faltaram endeusar. mare
EN
econ: Ô mica ie pol líticas das “mulheres. c ã '

“tá: Relatado em “CARRE, Narcisse. Nouveau “code des.


e e A - femmes 2nd-ed. Paris; Roret, 1828. po37
“AS. L'Athénée des damimes, 1 (25 dej janeiro de 1808), 4.
“Té. “Sobre os protestos de Murray ée outras: mulheres
“nos Estados Unidos, ver KERBER, Linda K. Women
os of the Republic: Intellect and Ideology à in Revolutio-.
"- naty America, Chapel Hill. University of North Cas. e
rolina Press,1980; FIELD, Vena Bernadette: Constan- Sd
Cotia A Study. of the Lifé and:Works' of Judith Sarpent-
o Murray: Orono: University of Maine Press, 1931:
; “STRICKLAND, “Agnes: Lives of. the. Queens. of.
qm
: St
8 and mê Work o :
: Rutgers -
CA. pobreza Je galmente: induzida estimulava:
- Strickland para expor. “quão; ; hrofunidamente: elas muitos. “textos amadores e isso distanciava. ainda .
a?/ sentiam essas deficiências AA: autora.| inglesa par mais essas escritoras: da) aristocracia | ociose tida
“ como norma: “para as mulheres de classe? média. Ca- A
= tharine Maxailay, Germaine: de Staél; “Mercy : Otis n a
“Warren e Daniel-Stern eram nobres ricas, bem nasc
das e tinham, posição social. elevada, mas à maio- SEE
o ria-das. outras amadoras. careciam de: recursos e pro CNE
leiohal com. a persistência dos movimentos evolui E “quravam desesperadamente óbtê-los com o que és-"
ionários (minha pátria. cambaleante) - e esteve. “ ereviam. Os textos históricos das mulheres tinham do
Po muitas vezes nos locais de acontecimentos olém. | Du espaço: no crescente mercado de livros, cujos. edito-” Ro
tos,-como na destruição dé todas as árvores nas Tu- es tiravam vantagem. da inferioridade social. elegal no
“lherias pelas tropas: aliadas: ou; no assassinato do du- “dessas autoras para reduzir os custos de expansão do... É
“que de Berri-No ehtanto; Praticametite ' "durante o ' mercado. O abuso sofrido pelas mulheres escritoras uu o
“toda'a sua vida, e. apesar dé tér récursos suficien- “mas mãos, dos “editores, em termos de: acertos finan- moço
» tes, ela- “também: sentiu o: duplo golpe-da herânça. ceiros quase sempre desvantajosos, tornou- se a es
“perdida de: seu pai: e de ter nascido” mulher: “Sofro: -- sência da: tradição literária do século 19, Anna: Ja-
pelo que sou, feio. que fui,À pelo, que poderia ter sido- a mesón. trocou Os: direitos “de” Diary ofian- Ennuyée Eca
“- e pelo. que, ' Nascida “quatro: décadas . uma imitação extremamente popular de Corinne A
— depois deé Berry Margaret Fuller sofria de fortes. : por uma guitarra, ainda que:a necessidade” de sus- a
A tentar os pais-a fizesse. trabalhar como governanta ;
“40 mesmo tempo “em que exercia a atividade deses- a
- critora 2º As irmãs Strickland venderam os, doze vor ci
vai lumes da obra Lives of. the Queenis of England, (A. vida:
e das: rainhas “da: Inglaterra) por 150.Jibras; a obra. foi ES
JE reimpressa: incessantemente durante os séculos 19 ESPN
privilégios dós iene é asana des: AA é. os s direitos. foram eopiprados, vendidos e, Jeis
!
lheress machnca masas intelectuais. Sutias + s N : , - ZA,

20. Sobre Jameson; ver “THOMAS. Clara. Love and


si “Work: Enough: The Life of Anna Jameson. Totonto: “
E University. of Toronto Press, 1967; HOLCOMB, Ade-
Te. Anna Jameson, 17794 860; "Sacred Art and “Social “
pelas jamúílias das mulheres e por “estica feministas
—. Paras muitas. mulheres, de 'Staél foi um modelo, é:
“Guia, cujas. tegras. elas reiteravam. -ao constituir. suas:
--vidas e-seu trabalho. “Elas eram Corinne. E múitas das-
Ei contemporânicas de de, Staél Viveram aà vida sexual...
e mente. plenas que ela. viveu. dis
“sv Sobiessas' regras, o amor apaixonádo' nunca à foi
posto muito: a distância, e com frequência, mostrava-
o se entrelaçado com o: trabalho intelectual sobre histó- !
ce oc Fal “Graças a Deus você ainda não 'sabe quão inces-
, o a santemente. meus pensamentos estão com: você —;..
“Jos editores como escritoras. assalariadas. Embora a E “como é afetuosa, como: é inflamada a: saudadé, que:
“maioria.E canRgulsde manter, uma certa. aparência éde. sinto de: você”, escreveu. Sarah: Taylor- Austin a um É
Ser príncipe alemão, | cujos relatos obscénos: sobre: sta vias e
“SS gem à Inglaterra ela: traduziu e organizou “em um”
Nono best-seller. no início da: “década, de Ras Austin”
ao, a, SEA

, estima e das con : >» 4 Sobre: Allart, ver SÉCHE, Léon. “Horiense Alar de
: enções sociais.
s s de gênero: Com freqiiência abaladas “Méritens dans ses rapporis avec Chateaubriand; Béranger, ao
ca pelas longas horas: de: trabalho: mal pago; responsa” Ss - Lammenais; G. Sand, Mme: d"Agoult. Paris: 'Merchre de siriio
“France, 1908; SAINTE- BEUVE, Charles- “Augustin. “Cor- Cen E id
“ respondance générale.. Org. Jean, Bonnerot: Paris: Stock, Neo
“1935223 .; SAMAN, Prudencé de. [Horteise Allart]. E
Lesenchantements de Prudence. Paris: Michel évy, 187300.
“Sobre. d'Agoult, wer VIER, Jacques: : La Comtesse
d'Agoult etson temps. Paris: Armand Colin, 1955- 1963.
6 wie DESANII, Remintqne. Dente, Paris: TR serao
E “isso como algo- q -sebiepujáva à vida cotidiana em. EIS
“mais do que. uma maneira. neinçE pos Saio, a
= Embora. essas autoras fossem: inuitas vezês pu- AT
nidas - -€'se autopunissem < - pelas vidas apaixonadas. ps
ue; Jevavam: e por suas: aspirações; intelectuais, elas cu)
também buscavam: meios de Tacilitá- lás: “Excelen-: ps
- s'pr ano eraduizia: Ranke, mo E tíssima. Deslealdade”.. “Excelentíssima “Sublime
. ÉCousin ee muitos outros. escritores consigiadios ““Deslealdade”' foi" como.;. Chateatibriand dirigiu- seca ls do
E Hortense. Allart, cuja, produção literária foi tão abun- E
ue dante quanto o número. deamantes que teve. As, pri.
meiras, obras de. Allart, escritas. quando- ela tinha
s pouco mais de vinte ános, inclúíam uma, história: da;
“ conspiração, de: Amboise de 1560 e-uma análise de”:
“Germaine de 'Staél: “Pouco depois, mudou-se para a E
Ttália para! ter seu primeiro: filho ilegítimo. Casamen- EO
“to, segundo afirmou mais tarde; era “um jugo insa=,
portável e: degradante, 'queescravizava as muilhe- Es
e res”, “Se ela convidou iarie d'Agoult, grávida de. seu.
= “amante Franz: Liszt, pára: ir também dar àà luz'o filho
“na Itália. “Está na hora de as mulheres. terem seus fi--.
ú lhos: ondé e- quando decidirem:” A. maternidade fora .
O casamento. intensificou ainda mais, o contato so--.
cial Es com: os “homens pois; “POr ser, evitada E

S de déstcaldade drihçó e sua “relação


amorosa com Harriet Ta lobe: rompeu relações:com o
. “elas «Ver: HAYEK, FA. John:Stuart, Mill and Harriet eim
“Taylor. London: Routledge and. Kegan- Paúl, 1951. Pp
“O nascintento ida: amúidora -

sa por, muitas mulheres respeitáveis, ela. fez dos ho- o


so mens sua: companhi mais acessível, ao lado. de inte +
lectuais como: 'd'Agoult'ék George Sa d.'O. ostracismo | :
: proveniente. de certos rituais sociais deixou- lhe en- . Ê “hentos. de vários pretendenitesg enquanto: pfadugia-s Se
“tão muito. tempo Tívre para um, amplo campo de eso “ úma 1 torrente de publicações: “Isso “não! significa in-.
- tudos: * chinês, história: da Ásia, teologia, “civilização. Dito e verter: a, descrição geralmente aceita. "da, “athadora , no
a clássica, sem falár ha “história:das imazonias. A histó- Vo o como pessoa sem graça e virtuosa: e transtormá- laem: 4 Í E de
“tia fazia: companhia: para 0 amoré também. provoca- ima “maça devassa” ou' sugerir que ela tenhasido +.
va longos. períodos de solidão. Separada. de Bulwer-- meramente. (cómo: Christopher Herold: chamou de,
« lytton, mas criando um bebê que teve'com outro a -Staél) “amante de uma era”. Ao contrário, represen- Um,
amante, Allart escreveu que “trabalhava” em “três lil, “-ta,o amadorismo. como: algo :ao mesmo tempo mais
“ VIOS ao mesmo. tempo e estou. muito conténte, levan-,. E opositor e mais: cerceado, do que tem sido -apregoado.
Fã do: uma “vida filosófica, ocupada apenas: com meu . Feitos dó amor. e feitos da literatura rivaliza- o
“bebe. be e desfrutando. inteiramente. de minha liber-. o “vam com outras: extravagâncias. “comportamentais
l dade € minha castidade” >: : ent : Harriet Grote biógrafa, historiadora. e mulher do
“Essas historiadoras = difbremtes: das: personas Roo = classicista* George Groteé - éra conhecida” por suas
afáveis -que: chegaram até nós = não viveram. suas vi-. roupas. excêntricas, seu modo afoito de dirigir car.
“das de acordo” com os. padrões. de cómportamento , É - tuagens ie” sua. viva. inteligência. Ela era” conspícua:.
q “que as “mulheres resp itáveis deviam Seguir. Mercy aa “das mulheres inais inteligentes que já conhe-.,
so Otis Warren e Stéphanije : “Genlis produziram: uma, € ", disse Sir William. Molesworth. às As: roupas exóti. E eis
Ne sátira política: mordaz,» embora ade. Warren fosse , cas de Lucie Austin - filha de-Sarah Taylor Austin, RE
muitas Vezes anônima: ela tivesse: impedido a pu-. it amiga de Harriet € que, “cómo Sarah, traduziu: Ran: Es
Blicação de:
A
sua história da Revolução 'Américana du- 5; so ke, além de escrever vários. livros sobre o Egito — iu
“tante deze sete anos. 'Mandada: pará o exílio duran- E “chamavam tanta atenção. quanto seu. hábito dé Fur Ed A :
te.
dd descem Sustentoi- los várias for- “már charutos e-o:fato de adotar como filhos crianças
- abandonadas africanas e asiáticas, de. quem seus pro-
“tetores' tinham se: cansado. »:Nos. Estados' Unidos, .
Lydia Maria Child recusavá” “sea vestir as roupas: dio :
F Agoult, segundo: E “tadas pelos códigos, da alta sociedade de Nova York e .
era uma gratomaníaca iirrefletida, cuja Boston, e tornou- -se, tão negligente com. a indumen- o
“he arichild: era uma csdi itora inquieta, em páro -
“te: porque erá “ambiciosa, “mas também porque seu “smith e e muitos outros elássicos “que: “ela estudou. e
“marido não tinha nénhuma experiência e forçoli- aa: “Comentou: com regularidade durante os cinco anos: de “
“passar pela humilhação . da falência.. “Acreditand -se noivado: “George. Grote preparou uma: lista: “similar
“gêmea de George Sand; ela teria: “preferido. vagar pe U pata, sua: noiva, Harriet, Hortense Allart conseguiu És
“las Hloréstas ao somde um pandeiro, “com: meu bebê: patio “que” um de seus amantes; Chateaubriand, "lesse as |
s preso a meus ombros fortes, à viver. no meio das ele-. =» - provas de suas, obras e ele sempre deu bons conse-.
“ gâncias reprimidas de'Beacon, Street”. 30 AS roupas : “lhos autorais e editoriais. Mary Wollstonecraft e He-
pobres. tornaram- -se afinal. um disfarce que permitia Ji “Jena: Maria Williams - conseguiram, de testemunhas
“a Child. investigar condições sociais. para-seus textos. ç + “oculáres informações sobre .-a Revolução Francesa
:--sem'levantar suspeita, O que teria.ocorrido. com uma .. para suas, obras. subseguentes,. ao mesmo tempo em
: mulher bem vestida da sociedade: “Suá “colega: mais E que iam ao "encalço de amantes no continente. Simi-"-
a jovem, Margaret Fuller, também tinha a reputação “larmente, três décadas mais tarde, as viagens de Al“
“de possuir: hábitos obsessivos de trabalho, comporta a art, com Hehry Bulwer-Lytton forneceram -lhe'rela-
mento sexual exagerádo (pelo à menos durante a' “ado: a - tos' em. primeira. mão sobre a política na Inglaterra: e. Aa
Jescência) e inteligência ilimitada. No entanto, as,“ Vs “na Bélgica para seus textos históricos e comentários Er
mais ex “êntricas dé tod Is talve: À enham sido as dr= “políticos. Seus amantes « eos outros homens dos quais
= mãs Berty, de, Londres, que começavam a envelhe-. era intima,. foram os primeiros a persuadi: “laa aban:
cer: Rostos: cóim- maquiagem. exagerada e conversa, o donar Os romances de sucesso: que vinha escrevendo.
o vulgar tinham sido aceitáveis para a sua condição de o É no final da. década de 1820; “e início da de-1830,€ .
-- classe mais € levada no século 18, mas nas décadas - perseguir exclusivamente o estudo viril”) da histó- ss
ç de 1830 e 1840, , fais: hábitos em; senhoras idosas, “tia. À condessa d Agoult escreveu. seus primeiros ar- =
gos coma: ajuda. do, amante Liszt, que os assinava nv nd
“vam muitos vitorianos, Jo SÊ -para4 publicação. Os preparativos: iniciais, para que se CN
As mulheres amadoras muit g “. tornasse uma intelectual. foram apresentados: como
E “envoltos em amor: é até mesmo em-sexo. Poucas des- a
sas: eruditas consideravam! sua relação com a história Pr
pan de um inflamado impulso vocacional inerente,
as suas naturezas; as cont ário, | a história veio de
zer. com que: a ehiriassém. de Matia e não” de Lydia;
“como-fizera sua família. -Os textos históricos. e a: ado- :
e ção de. novas identidades. “andavam juntós, uma vez -
ué as escritoras muitas vezes invocavam mulheres

miávél. Maria, a bela”, reteritido: ao “contrário,


aria, a extremamente culta, Maria, a sábia” > Coe
e ' Na troca de classe, na troca de nome, muitas, Po
“trabalharam com Õ; gênero. Nomes bem conhecidos. Ss SiS La
“; na historiografia amadora; que 'soavam masculinos =. 0.
“como Daniel Stern e-Blaze de- Bury, eram. de mulhe
“res, e assim, suas óbras passaram : a ser um local onde
moldava-se uma. identidade ambivalente, com. gêne- É
“To. Os críticos literários-têm em geral interpretado a”
Da adição. de: pseudônimos masculinos pelas mulheres
"como. uma forma de proteger sua. feminilidade de
““classe média: No, entanto, “isso: deveu-se em parte. a;
“uma forte coerção. Na década de 1860, “François Bu-.
“Joz,. “editor da Revue. des Deux Mondes, fez Rose. Stuart |
- Blaze de Bury assinar todos os seus artigos históricos:
- apenas! como o'sobrenome do ma ido; ele não:permi-.
É a “0; feminino em E textos desse, tipo” 2 Em, con- ce

4:34, “Hypatia”: carta de: Hortense. Allart. para. Mari.


Pê dA gole, » sem “ data, Bibliothêque Nationale NAF q :
“25285, Fond'd” Agoult,. pasta 152: Carta de: 'Horten-.- :
“seaa paço Marie d” Agonia 28 de sgosia de 1840,
x

“traste,. àà prática de alguém esconder a identidade * "


É À“valendo- -se de' “mudanças múltiplas. de nome era co-:
“tória. dia Maria Child: sentiu que “seu. cora E
“a “mum entre nativos norte-americanos que précisa-
a vam: tratar com europeus. Um novo nome- protegia o “de um homem aprisionado: dentro do destino de uma o
von mulher. e, pará Hortense Allart, a história. era um r
eu contra Torças prejudiciais, dava- lhe nova: “Foupa-.
“trabalho. “viritr. No entanto, ' quando, “um. de seus: Dera a
“gem e-assim multiplicava ou defendia. sua força: 36 De.
«amantes, -o crítico Sainte- Beuve,. elogiou o que ela es as
— Stephanie de Gentis, que escreveu sob vários nomes, E
“erevia, “O Tez. chamando- -a de: “minha Mademoiselle, E Ro
- durante a: Revolução, a'Charlotte Carmichael na, vis
“Lézardiêre”, nome de uma mulher famósa cuja. histó-. :
“rada do, éculo 20, 'as “amadoras adotaram: nomes fe-
"“mininos.e-não apenas masculinos para proteger eo “Tia: das: instituições Trancesas, em quatro. volumes, ba- Ra
- embelezar. suá condição de autoras. Fi : seada em documentos é escrita 'duránte- a Revolução unos ,
Couiio ÁS opiniões. eram: ambíguas com. relação. ao:o que “Prancesa, “tinha sido: a coqueluche” da décáda de 1840.
“ass milheres realmente representavam, quando. trata- m, outras ocasiões, essas: amadoras, escreviam sobre. si
“va-sé de” empreender um: trabalho literário. Elas não A mesmas: como “homens”. e. "ofereciam explicações. som. Nároa te)
- podiam ser grandes “astrônomas, geólogas ou metafí- “res seus. escritos sem, nenhiima apologia. Quando: uma setas
= sicas” » Margaret Fuller disse a. seus alunos. na Greene . silher conséguia vencer por si próptia'fora: 'das nor- É Psp
Taça * School of Providence, “mas podiam ser "e esperava- > Mas e' “quando, circunstâncias, como 'talerito ou sorte.
ns se que, fossem — boas historiadoras”. ”-“A sociedade é . í ava lhe, notoriedade, afirmayá. “Daniel Stern,“ “pas
Corp de tal forma' à esfera de ação das.
« mulheres escreveu A “quele: exato momento” ela assúmia responsabilidades Eid dede,
Sarah Taylor Austin, “que elas: parecem ser historia o [o viris".*> Antes da' década de 1850, a história não tinha ' Ea
as naturais e oportitmas" à: Somente, em uma fase ainda “claramente um gênero, nem as mulheres inte- cocos
sê Jectuais situayam- sé, demaneira: plena: como parte do; Ee rd En
; "universo feminino. “Como: mulheres, elas. estavam“. o tá
Of God. Trabalho-ápre no | É — “além: do círculo deeseidadênia, como, intelectuais, « con- Se
for Historical Andl PESO
eco: àvprofessora
je sua análise Sob
“minado, uima pessoa podia simultaneamente inspirar- É
Se em Corinne, nas. histórias de rainhas” e cortes, na. ;
“obra de Walter: Scott: = que. fazia palpitar” coraçõ sie
«até nos estudos de e Thierry, Banke e Sparhas
| Iranceses* A 4 sua V
“como: parte de seus eus, “indluindo ó árduo: trabalh
“intelectual executado. por elas enquai Ho enredava;
[Se em: amores ena luta; por dinheir: “Elas enreda: Õo
vampse 1 has férteis memórias de outras “mulheres-te-
“midas e admiradas - = memórias que as “ajudavam a.
- solucionar: questões decisivas envolvendo: suas vidas. ' »
“Durante á maior parte do tempo; elas confrontáram ,
os padrões e leis emergentes, que governavam” uma: ;
' Teminilidade cada vez mais normativa com 0 traba- qro ai
“lho ntelectual frenético. : ; DD

= PoseE desómpenho domiplego de um àmiadoris-


“mo que conseguia entrelaçar-se com: os papéis femi nr
ninos e «até a além deles, nos incentiva éa Jepen.

“idéia de que essas historiadoras amadoras mMeranen-. e


ate seguiam. uma das. tendências. políticas: machistas — E
adversárias obretudo o mepubifeio « ou: a monar- E ARNS
“Sonineios iasaltoapóieo espártilho arqueado [busquêl o
- «decorado com fitas, pompons e-réndas = conjunto de Do '
- Coisas: que, as mulheres hoje: téntam resgatar”. “7 Ela
'asempo recida- Elizabeth Benger: Na escreveu; que: “Talleyrand teria dito: “O “anúncio da, E
do, século; a mu her d leé tal nor mais morte dá: alta sóciedade ecoou de repente, .. - e'a mo-
lerna frase * 'a-dama respeitada” foi a primeira nota.
qué. soou. “A sociedade” moderna significava ó-fim.da:
era “das rainhas, da salonniere e das: prerrogativas das. io
“mulheres: nobres. Distantes do progresso universal
“ménte reconhecido, muitas: das historiadoras do: sécu-. Ê “gado
“Ao 19 detiveram- -Se Na figura do aristocrata do ancien
É “régime. De, Genlis salientou o triste fim das mulheres ii
afetadas, vaidosas e fingidas, quê haviam dominado:
castelos e cortes, enquanto Schopenhauer pranteava,. os
"08 sinais de-beleza multiformes: que, tinham, em tem-
g pos passados, “adornado! os Testos: das mulheres elegan- 4
2: Ai invocação: de-perda mitou a morte de Corinne, is
- pois. a: mulher. aristocratã havia sido” divertida, “catio o
“Vante-€ pre parada-para à aventura. Woman in France
ring the Eighieenth, Century (A mulher na: França du-. ca
rante, 0 século: I8; 1850), de Julia Kavanagh, descreve.
o século: 18º como uma; época em. que as “mulheres
- francesas possuíam um poder extraordinário e, como;
“Dora distria observou, apenas na. Rússia, era possivel E
E sobr o “Oriente” pará: justificar. a regia: ulia do im-
“ perialismo, essas escritoras, usaram o. exemplo de mu-.
“lhetes da Turquia, que “elas consideravam ter uma.
“histór ia privilegiada, em contraste com,a'sua própria.
jara essas escri-. poi “os acontecia com. “todos os personagens: de;
posição. política da época. A históri
“ Stern, fosse
“a
amartine; ou Ledru- Rollin. Protagonis-
“toras era um, Jocal de erda. avassaladora, onde raços:.
“as históricos revelavam | motivos; fraquezas. easfor
-oblíquos e hesitantes do antigo, poder subsis iam na,
“as que.! lhes permitiriam caúsar impacto na política.
: Ásia,; «ha! “Rússia e nas tentativas: fúteis das mulheres
contemporâneas de recapturá- “Jo! Rs : “narrátiva, quando: retratava homens, revelava aos...
- Jeitores “uma verdade que. “havia sido imanente na Eça
CR en ESP * O trauma pode “« estár. ligado | à incapácidade de
época. Os acontecimentos, também, mostravam. sigo pr ER a
É ne: o prantear, de livrar-se dos- mortos ou de aceitar. conse-”
-mificados superficiais: “Esse germe da discórdia, es- .
Cs quências traumáticas. trabalhando- -as para que te-:
as paixões contidas com tanta dificuldade pela mão E
nham um fim. A esse respeito, a literatura. armnadora
“despótica do-rei, pressagiavam uma fenmpestosa! re-
«não acarretou, necessariamente o fim ou àa Objeúfica
«gência para o paíst(47).. e cho se
“O mais importante, é que as “amadoras tenta.
í mede diversas maneiras retratar os: restos vitais das tp
tudo de personagens par “-falecidas mulheres-de valor. 'O crítico Richard Gar-''
as chamava- -08 a existênc nett citou os ensaios históricos da escritora britânica
“Anna J meson como fonte de “maravilhoso cohheci-
E mento *,.€ “The: House of Titian” (A casa de Ticiano)
à erviu de. modelo. para esse tipo de produção, “ “im-
“P egnada de sentimento veneziano”: Jameson, que :
inicioua história da arte, bem como a própria histó-
“ria amadora, invocou Santa: Catarina e Santa Bárba- o
ra, de Ticiano, como: ainda presentes. na: sociedade =...
italiana: “Como bem, me: lembro, vi issó.em uma: fes-.
“ta ho Lido; mulheres: com olhos exatamente: como es-
«Ses, escuros, brilhantes, melancólicos - "e cabelos pres.
q essa: redundância, “trançados,
elegantes cabeças.” ho oferecer essa visão geralí da om revivia
e - -a:à ngacida de dair mulhere:
E história, Jameson não mostrava- -se nostálgica — não, “elen: régime. Dé Genlis, produziu um: série de histó- o
; sentimentalizava. árarte dos. “bons vélhos tempos” “ ““- vias. sobre a corte, “que descre iam jogos. secretos, . já
. apresentando as; heroínas de: Ticiano. na Veneza con- E x encenações: teatrais, e'atos de, frivolidáde, tudo, o
e temporânea e esperando éque aparecesse um novogê- “que-veid a. ser chamado. de. “superficial”. s-Qutras é |
* nio.para Tesgatar as glórias do passado. Sua história : É histórias sobre a vida-na- corte reproduziam. relatos pois Ré
- gra dei imanência: “Não está aqui, ao nosso lado, uma/ urpreendentes, narrativas improváveis eos. bon aldeia
“ parte de nossa: existência presente?” Não “apenas de - “mois (cônceitos engenhosos) usados com perspicácia DA
-Staél, mias também Mary. Wollstonecraft, tinha in-. pe “por grande parte. da alta sociedade. Mary. Berry.
Pa terrompido sua história da Revoliição. Francesa para apresentou boatos deliciosos do:salão de Madame AO
invocar ós fantasmas que assombravam, os salões. de “du Deffand e sobre a vida particular da imperatfiz TREO ns
= Versailles. se. “Apresentar essá imanência. tornou- -se a; * Josefina. Kavanagh descreveu as parentas do du-" ativos
tatefa da amadora esua importância. Toi ainda: maiot,; “que de Orléans (regente: de Luiz: XV): sua mãe, que. Pio EE
“-porque-na sociedade: mioderna “ como coloca Jame-: “ vangloriava-se de ter. introduzido. omeletes: de
son =“6 alarido de uma cidade ensurdece a imagina- º “arenque na corte francesa, tinha “mãos de: feiúra.
ção para. todas essas vozes dos mortos” St AÍ imanên-. E,- inigualável” é usava uma peruca: redonda” 'como a
cia era complexa, como a de Jameson, ou “mais sim-, i “de homem”; sua filha, Mademoiselle” “de Chartres, :
ples, como a-das irmãs Strickland, «que relataram que” - que gostava de' armas de fogo; dé soltar fogos-dear= 7
Vis “cada Vez que chega: o dia do: aniversário de Eduardo: -tifício e de sangrar as freiras no “converito que “diri-,
“VI o fantasma de Jane Seymour é visto subindo ass gia; e outra filha, “Mademoiselle de-Valois, que | le-
- escadas fem: Hampton: Court], vestido. com roupas. as vava o “amante. pata “seus. aposentos: atravé de um
“brancas: soltas, com uma lamparina acesa: na mão”. A o “armário de cozinha” secreto. 9 jegente chamava a
- A melhor história era que mulheres: poderosas. per-
ci maneciam como Tantasmas entre «os; vivos. eo
a,

histórias: sobre mulheres de valor não apenas “trans-


, âncien) Tégime em. imanente = - elas» des-,
m pé e “soberbo. no estribo da.
tirando dy hapéu, gritou com

o “grand maioria das ulhéres: Apesar de todá” a rea


o leza ser apresentada écomo a « Ristória; melhor”, o

“o unia espécie d
“amortecedor para o trauma. iminente. “Como: Baude-. É
lah e explicava” À s O :
so em si mesmo: é umnho,» porque interrompe «o

das ibpeaiam « o avanço: rumo aó sehtido pleno dos


ee punido do pasado é com Õ,é. Presentes. As

a pede
chocante - ora. do: sgicado e revelando para nós,
so que “ofejete um “biilho adicional asé idéias de “visão “e “Corinne. como se Os tivesse escrito: em méio: a bata- o
«duplas
; de WE. B. “du Bois € Joan. Kelly. Por um, lado, . “ lhas estrangeiras, “estudando. explicitamente a Ále-
como escrevem especialistas - em tráuma,. situação “manha “para interpretar a história e à cultura; alemã,
traúmatizan e, éaquela, em que o: sujeito. é tão. prof x “para não- -alemães, traçando. fronteiras claras. entre | E : Ts
“ grupos nacionais é fazendo comentários como umes-
* trangeiro ng meio deles. Ela entrelaçou toda, a sua:
Re obra = as duas: acima. e também Considérations sur les. do
événements. principaux de la Révolution française —= “com
» extensas descrições de. viagens em carruagens ea pé.)
o mesmo fez a história: imitativa, da Itália e de sua.
= “arte de Anna Jameson; 'o best-seller Diary of an Ennu-
“yée (Diário-de uma entediada), do início da. década de. Es
“1820; City,of the Magyar; or Hungary and Her. Instit En
=tions. (A, cidade do. magiar; ou a Hungria e; suas. institui. Ro
“ ções), e ciy of'the Sultan. (A cidade do sultão) ( ambos da, =
“década de 1830), de Julia- Pardoe; e muitos dos tex.
«os de Johanna: Schopenhauer, ida. Pfeiffer e Ada
“Hahn Hahn. As “narradorasS amadoras e às'vezes seus * SIE
» Protagonistas travessavam: as: fronteiras geográficas, j eu
“que marcayam “os. limites ísicos “do estado. Elas dis-:
“ secavam as' mais importantes: diferenças mentais e tio
“culturais para marcar exatâmente a que distância, de
“seus. países as viagens as. tinham levado e com que
grau de sucesso haviam, conseguido escapár. Espan-' so
“ cada e-abiisada: mentalmente pelo, marido, “Hahn
“Hahn explicou em-seu primeiro livro: “viajo, para ( End
Ponseguir vive PBP go ns s

1 59. HAHN' HAHN, Td: Ei ei do


-Brockhaus, 1840. 2 v. L| p. 16. Ver FREDERIKSEN, EEE
“Bike. Der.Blick indie Fere: Zur. Reiseliteratur von - re
ms Frau, nTn: GNUG, Hiltrud; MÓHRMANN, Reniate..
(Org): Frauen: Literatur” Geschichte:. scbreibende”.
- Frauen: Yom Mittelalter Hs. “Zur, Gegeniart Stu.
o rável àà “desatenas: e. superior à odo: o civ ]
“no, exceto: ada Inglaterra”. 6 Daniel Stern: = - em uma:
fase posterior da-vida, depois. que Napoleão: HI derru-.
“bou a/ Segunda República:—. continuou a escrever sua .
na Histoire des commencerents de la république aux Pays- -Bas is
(Histói ia do i início. da república; na Holanda; 1872)“ “para” RR
entender a soma “de condições: que deram ààs: [institui- o
ões! republicanas] em.outros lugares, ao:contrário do.
“que temos Ina França], solidez: e viabilidade”, P Mui:
“e tas histórias. que encerravam uma. mensagem republi: :s
“cana eram também. desvios do local do traúma da pró-..
- pria: autora. O espelho que refletiã o passado eo pre-.
“sente da autora apresentava também um quadro per-
urbador, tornando-a afásica nésse terreno. E
“ Vixtude e-moralidade, peças centrais do deba-.
. te público e do discurso político, formavam, assim, à
“mais desarticulada “porção . do, discurso “histórico.
Mercy Otis Warren acompanhou” o: desenvolvimento Mi
“de uma: sensibilidade republicana antes e durante o
na saerifício revolucionário, más “também castigou” al
“guns. e seus. líderes por abandonar ideais “virtuosos
] rde instituições e privilégios monarquistas. A
: idéia de que “a vida: pública deveria; exibir virtude
= constituía 'o lado irreverente das representações tea-
, trais: amadoras e de grande parte da. sagacidade. da
época. “Essai sur' la liberté; (Ensaio sobre; a) liberdade;
1847), de Daniel Stern, examinou a sitização da liber
“Zzer que um: home de gênio, na:
“te, influenciaria. muito pouco nosso “déstino”. “Em:
-seu Germany from 1760 to 1814 (A: Alemanha de 1760 a.
1814), Sarah Taylor Austin desafiou a tendência do.
“texto: histórico. contemporâneo à discussão. científi:
“ca dá política. “Austin estava profundamente fami-.
“Jiarizada: “com esse gênero que, surgia devido às im=
portantes traduções das histórias : de: Ranke feitas
por sua filha. e por. “ela: própria. Austin pôs é em evi- ne ae
“bre migrantes, e “estrangeiros és E
“-teiros frustrados e fugitivos: pre ci im |
x cultura- é compreender - Os fatos: importantes. da vida.
“ “social: para: sobreviver. “De fato, as “historiadoras:
e amadoras apreseritavam, as diferenças culturais em“
“minúcias. “Quem não tivesse direitos políticos. preei-c a
sava 'enfrentar a comunidade cultural.) Albertine 3!
-Clément- “Héméry,. depois :de explorar ' o mundo dás - - ] EO
: r artes em Paris durante a Revolução e editar uma're" at
eredité va que uma pessoa conseguia DISTO- jo “god vista, para mulheres, passou, seus últimos anos de”
aa “ vida “a escrevéra história dos costumes locais france-
“ses; “evitando” as “longas, fastidiosas e- inúteis narrati-». ,
vas" de batalhas, «estratégias e governantes. “o des- Pod
“ tino muitas. vezes “depende dos. costumes de. um no
EN povo”, ela, explicou; ciente disso, suas narrátivas, des-
- ereviam festivais, procissões religiosas, regimes ali:
= mentares' eo; custo, da comida, práticas agrícolas, cha-.
-rivaris e histórias sobre castelos locais: e sêus senho- Ps
es, so A vida: cotidiana no exílio — - com a: qual era à pre: Dão
a

s beth, "Lady Historian: Martha J Lamb. Northamp.


a ton, MA: Smith Collegé Library, 1969.
“68: KRISTEVA, Julia. Strangers to Ourselves. Trad. e
“= Leon: Roudiez.. New Nor. Columbia University “
na Press, 199 a Eri
11.69. CLÉMENT-HÉMERY, Albertine. “Histoirê He fios
“iciviles et; religieuses, usages: aniciens et modermes "ducdé-
“partement du, Nord.. Pais: J. Albert Mercklein,: 1834
» Po 5 iVer Id., Histoires des fêtes civiles et:religieuses, g-
DeCs ges ancienset modernes de la Flandre et d'un g
cc nombre. de villa es de France, “Aveésnes: CG. Virou; 1845;
“Td; Notices. s sur les comimunautés de femmes établies ao
: Cambrai avant la Révolútion. “Cambrai: S. Berthoud, v
1826; Id,, “Promenades dans |! “arrondissement: d'Aves=
- nes: Avesnes: G; Viroux; 1829. Ela também escreveu.
“com. vigor contra: propo: tás para impedir que as”.
o mulheres aprenidessem a der e As escrever; Ver Ja, Les se
:detoito ânos, cofitáminada: por “seu marido libertin
“tários das amad ras sobre indumentária e aparência, “ea doençã exacerbou de maneira dramática sua epi- |
; condição, das mulheres, o conforto das acomodações z| o
“ Tepsia?! Ela passou, o resto da. vida sobvo: efeito. de,
gos. -padrões de eliqueta. A nação e: sua. política tor-
: «drogas que variavam da beladona' aorópio: Naquele. dia
- narame-se, na” história “amadora, uma: presença mais período. dá história, as: mulheres grávidas prepara-. E :
“inconcebível do que em outras corporificações, histó-. : , vam-se para. morrer “de parto. — ulha possibilidade Da RD
: 'icas. A histó ia' cultural e social, embora” fornecendo praticamente inimaginável úa' década de 1990. Até
importantes. informações, para a sobrevivência. das. “<a metade do. século 19, fórceps.e, outros instrumen-.
pessoas traumatizadas pelo gênero republicano/libe- x
=tós, como ganchos, infligiam mais dor e danos do que
ral atribuído à à "modernidade política e econômica, po;
a nos anos posterióres, “quando os procedimentos. obs- o
diá constituir ão mesmo tempo uma história melhor elo “o tétricos, melhoraram gradualmente. As práticas en-. ts Pad E
de mais. uma: vez, uma: história. que falasse da inflúên- 553 -Volvidas ho parto laborioso, no nascimento do: Teto o
. ia e da: importância das. mulheres. Para. reiterar oo
“em posição invertida e outras complicações também us
apelo, de Austin: “Qual o significado de, numa época
contribuíam : para o sofrimento na hora do fparto.
- dessas, este ou: aquele país ser 'o mais poderoso, esta.
“Afastar as.crianças durante os paítos, sobretudo as
“ou, aquela. stoser entronizada « ou licar na, Obseu-”
meninas. pré-púberes e “adolescentes, evitava- “que, ;
“em idade ainda muito tenra, ficassem traumatizadas Ng ae
o com a agonia de parturientes e de mulheres'à as vezes pda “
àbeira da morte. Esperava- se, por, outro: lado, queas ss
mulheres adultas- presenciassem. os- partos é. ajudas-. Pa A a
Dad nunca: Torá. de fato examinada em n detalhes Ás teo-
“Sem a realizá-los, envolvendo-se ainda mais no:trau-
ec Tias sobre o traum "focavam éás. vezes: a experiência :
ma. “As que sobreviviam. à experiência do parto pre-
ins dos homens, com, dor, no,o derramamento. de ae
f am, suportar dores que. acabavam por, incapileis

é tava disseminada: erae poncõe


Dis mente ou nunca a tratada. E
“o 'tros cojhecimeéntos “cientizados”,
= de, isciplinas. a No « en:

E “uma abordagem profissional, secular. e entiica da .


“morte. 'Ao cóntrário, feitos passados de personágens -
e notáveis. ou. insignificantes, juntamente” com o desti-:
“no dé seus corpos, continuavam eficazes para a pro. ae
x dução: de: fortes. sentimentos de catarse — não de: co- ão
- nhecimento. Dé fato, a busca do passado. não fazia.
a parte do: desejo de, conhecer. Não era uma participa- |
“ção no poder nem seu exercício, mas um. circuito ir o
: “resistível, um a jornada, uma práxis 'emócional
« emen-. E Ea
- ó tal.“Na: “época! em: que “Anna Jameson publicou: séu
' Diary of an Ennuyée, na, década: de 1820, as lângúidas
viagens déCorinne eseu amante, “para observar a his-
tória italiana, tinham-se. metamorfoscado. em angus-
: tiantes jornadas de coche de uma Jovem através da,
“ Hália e da França, durante as: quais “rabiscava' suas
“histórias. Excitada, | perseguida, pelas memórias: e.
atingida. pela “história, 'a-heroína morre. na estrada, :
"como, resultado da influêr ia-mortal do passado. EE A, Me
) “A imanência da história - —'sua conexão com o
E trauma - foi o tema unificador « que: caracterizou” alix:
afetaria amadora, “com: seus árgnmentos éevocativos

oferecia. novas “descobertas. de conhecimento * “e


: “uma. narrativa mais, amena. “Os-relatos amadores.
“eram uitas vezes, filtrados através “de várias Tenún-
mo trabalho “mental é em: uma.à odio intelétáiais Em
E 1835, a prolífera. Valérie de Gaspari, no seu: Pprimei-
“To livro sobre a história da Tália, escrito na forma de
“-relato de viagem, -apresentóu, uma “natradora ques
«- tenta suprimir suas emoções e manter a “postura de. 2: E
“ “ighorante” diante de grandes “obras de arte, monu- eacir dd
“mentos históricos e outros locais importantes; dessa 04
om forma, diz a narradora, “muita coisa dé nosso próprio.
só “século me diz respeito, sem que eu deixe que os pro-
o dutos da: história esgotem. minha imaginação: Ps a
: * Confrontar a história era extenuante-e amea'
, cador; não apenas por; “causa de-seu efeito: na' Psique, :
“mas porque Ós meios para coletar material histórico ,
“essencial, não eram nem um pouco regulares | para es
e sas amadoras - =*ou para quem.quer que. fosse. As. prá. E
“ticas, a metodologia “e a méntalidade históri a mo-:
“derna estavam ainda em “desenvolvimento nessa era.
de revolução (e: mudanças dramáticas, mas as práti- Da E
“cas amadoras parecem é specialmente., polimorfas eso
“ cónfusas, exigindo uma “engenhosidade. não. progra- We
“mada na busca de um. passado, muito importante: E ENA DS
“Em uma noite de inverno, em 1814, Mary Berry : E

na, casa a de Madame dé. stael. Dos convidados. recém


É chegados de: Genebra, “nenhum sabe nada sobre: sua
* pequena rebóbid a não ser q: que vêr nos é jornais ç

75. GENLIS, Stép ranié-l o Parisi


aa l ou. =por exemplo,L Db. 281, 266,
ingleses? 7. Os jornais ingléses cram poucos, suas1s his-
tórias não erain confiáveis e, pelos: padrões de Berry,
não. eram ma “onte sobrê ax qual pudessem, seí ba- à localização dé imaterial sobré am Rai hel Russel, -
seados os julgamentos políticos ou: quaisquer outros. “cujas cartas e textos Berry publicou! como. parte, de
E ah “AO contrário; os que: chegavam de: Genebra — teste- “uma biografia. A carta, de Guildford mencionaya tra=,
Cia a É imunhas: “oculares privilegiadas — eram O “melhores : tados, do-século 17 que elé: possuía, .'á: coleção de Lor-
j “4 informantés e, “por isso, Berry. maútinha um. constán- no de: Bridgewater mantida em Ashridge, os documen-.
E te. círculo de isitas-em Londres e na região1tuíal. Ela” “tos de John Somers comprados do Lorde Lánsdowne ne

“também viajou repetidas Vezes:para, a França, Itália” - pelo British Museum, papéis | guardados. por; Lorde
'e Alemanha; parentemente por causa da saúde, mas Chichester, os herdeiros de Lorde Hardwicke, e ou:
“mantinha “um exaustivo programa “de excursões. a É tros assuntos. 78 Com material de biblioteca sem uni
a “monumentos, a locais de acontecimentos: históricos Er : Rs formidade, “doctimentos importantes espalhados Por. c

é “aos escritórios e palácios dos. poderosos, Sua visão era e toda: parte e 0 acesso a repositórios |limitado — se'não:
- panorâmica” 'e “abrangia: inovações na construção de impossível — para! as-mulheres, descobrir a informá-
- estradas, avaliação. de trópas. durante paradas milita- :- ção correta era: um teste de engenhosidade, pois era:
Tes; novos procedimentos industriais e interiores. de “ difícil acompanhar as conexões e os relacionamentos;
“palácios dos mais altos” líderes -< - tendo usado tudo : familiares. A Théorie des lois politiques: de la mona chie
Cn TisSQ eni- suas histórias, Na década: de 1830, Berty- tio française (Teoria das leis políticas da monarquia francesa; 4
E se nha: “conhecido grande: parte. da. Europa. ocidental” e 1792), de 'Mademoiselle de Lézardiêre, baseava-se : É
ES estabelecera relações comreis, rainhas, “imperadores, na “em livros “que ela comprara e em manuscritos que.
“Papas; Proein ês, pduninêsas e Princesas, o à que. a aju. 4 lhe foram. enviados pre contatos. na. Praça jo Dela:
ç A Ds: : cm

78. Carta do Lorde Guildford pára Mary Berry, 27 de”


: janeiro: de 1818, Tbid., HI P: 153 od
179. “Omais importante da obra de Marie- Charlotte
- Patiline-Robert de Lézardiêre são os 'quatro volu-
-. mes de Théorie des”lois politiques de lasmonarchie fran-:
«çaise. Paris: Nyon lainé et fils, 1791-1792: Foram re-.
= publicados em 1844, sob o - patrocínio. de Guizot,
= que se, enttsiasmara com o trabalho da autora: Para
Maiores informações sobre: Lézahditre, ver'CAR-S.
* GASSONNE, Elie. Mons sqalde det deue de, ta; e

“(Õrg, » Essai sur EuThéori


: narchie françáise par Mademoisele àde Lézardiore. Poi-
britânicos, cias emprega
ram' odos. os meios. po síveis: para

“cisõe do governo | eram tomiadas «


Nunca. havia uma identidade. total; é
Gênero e História: homens, mulheres ea prática histórico

Va E sda roubos” que acompa havam- S-


“revolucionárias. “O país inteiro”, ela: escreveu, - ci :
- tandóra carta de Nathaniel Gréene para o cavaleiro. E
“dela Luzemêe, “é uma cena contínua de. matança e:
sangue" Lydia Mária Child viu-se de: repente face :
“a facé com a brutálidade da escravidão: quando, gra-
“ças ao. seu relacionamento: com Amy Post, tornou-se
“a “compiladora da: história. sobre a vida-de: Linda,
Brent s Esses cirçuitos e fios, condutores faziam eco.
a informações: importantes que à amadora espalhava,
- mais longe ainda, nunca em uma posição que: as.
“abrandasse” e transformasse em: conhecimento espe-
cializado para. um “público. leitor limitado e profissio- a
ag ali mas, ao contrário, propagando-as sempre-mais.
Ce OS conhecimento. amador era- uma rede, um”
emaranhado. de materiais “surpreendentemente dis
tintos, quea maioria dessas escritoras bátalháva paía
» conseguir dentro. de um ambiente que não apenas
-desprezava o intelecto das mulheres como-também
-tramava para impedir qualquer trabalho intelectual E
“que elas almejassem: executar... -Assim, as “amadoras a
á “ abordavam o passado, de uma posição: ambígua: ao: Eos
“mesmoo tempo em que eram definidas como “mulhe- a E
le econômi :

Progress: an: Términation of the Américair Revoliitior j


=“ Org.. Lester: H. Cohen: Jniiahanonis Lider Jess. e

“ 8 Sobre” essa histórias agi JACOBS, “Harriet. A


of re. ARCÍAeRS in the Life oraa. Slave Girl Ra
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica
O nascimento da amadora

co, com toda a espoliação que a categoria acarretava, filósofas feministas já demonstraram em outrôs con- N
viviam como escritoras que geravam dinheiro e'so- - textos, fornecem informações confiáveis.“ Elas então
friam a marginalização da cultura própria do sexo se fortaleceram com uma série de procedimentos, re-
feminino. Muitas tinham problemas: para conseguir gras não escritas e rituais para escrever a história.
as informações básicas de que necessitavam para A visão do amadorismo como traumia nos ajuda
prosseguir com sua literatura, para sustentar-se e a explorar as interseções do séxismo com outros atos
para ter acesso ao passado. Essa situação era ao mes- que infligem trauma. Por exemplo, uma “história
mo tempo sintomática, simbólica, indicadora e tera- * melhor” alternativa para algumas amadoras passaria
pêutica, perpetuando a história amadora" como uma a conter anti-semitismo, racismo e valores imperialis-
representação do trauma mesmo quando as mulhe- tas como circuitos diferentes em torno da própria in-
res perseguiam Os recursos necessários para escrevê- ferioridade da pessoa. Quando a história de mulheres
la. Cada ato de coleta de informação parecia ocorrer surgiu nas universidades, isso deu-se inicialmente
de dentro de um casulo, resultado em grande parte por meio da repetição de tropos de trauma, com a va-
da inferioridade, da exclusão e da difamação das lidação da importância dos valores femininos, da his-
mulheres, o que tornava a busca dessa informação tória social e da história cultural. Dentro de poucos
ainda mais necessária e obsessiva. anos, no entanto, as amadoras passaram a ser vigoro-
.... / 24. . -
-samente rejeitadas como se nada de útil tivessem a
dizer sobre esses tópicos (entre as exceções estava o
O LUGAR DA HISTÓRIA CATÁRTICA interesse antigo e continuado de Natalie Zemon Davi
pela mulher historiadora profissional). 85 Os profissio-
A apresentação da literatura amadora como nais vieram. especialmente para repudiar as' mulheres
trauma tem dois finais. O imais lógico deles demons- de valor.
tra a importância de ver a história amadora em ter- Ao repudiar dessa forma o passado historiográ-
mos de trauma. Esse tipo de leitura deveria nos aju- fico do amadorismo, a pessoa assume uma posição
dar a revisar histórias de modernidade e repensar firme no lado do profissionalismo que, com seus pro-
uma variedade de conceitos, tais como “cultura” e “o cedimentos, práticas, metodologia, textos, fantasias
social”. Ele também nos permite especular sobre os
textos históricos amadores na produção da imagina- 84. Ver, por exemplo, JAGGAR, Alison M. Love and,
- ção e motivação política das mulherese, depois, das Knowledge: Emotion in Feminist Epistemology. In:
GARRY, Ann; PEARSALL, Marilyn. (Org.). Women,
feministas. Mostra ainda a multiplicidade de cogni- Knowledge, and Reality: Explorations in Femirtist Phi-
ções, sensações e relacionamentos históricos com o losophy. Boston: Unwin Hyman, 1989. p. 129-156.
passado, uma continuação das práticas e da sensibili- . 85. DAVIS, Natalie Zemon. Gender and Genre: Wo -
dade de de Staél. No exemplo das amadoras, cogni- "men às Historical Writers, 1400-1820: In: LABAL-
ções importantes eram baseadas no trauma, no medo, ME, Patricia. (Org.). Beyond Their Sex: Learned Wo-
no perigo e na degradação — cognições que, como as men of thé European Past. New York: New York
University Press, 1980. p. 153-182.
t
'

148 149.
Pri as, “mas Aaibémia a da conquista notiranda; até che.
“o gat à de Cromwell. e mais adiante, quando” as. tropas
do General Monk levaram Carlos II de. voltã ao. tro
no: A partir, de então, as. histórias de Thierry desti-
- sNaram-se a: mostrar àos. leitores 0: lado cruel da: histó-
“ria, tanto da Inglaterra) quanto da França, ao mesmo , “inúteis - a enfatizassem. a importância. política do esc
248 tempo em que os burgueses portadores da: civiliza ção - tímulo. à esperança que. tais: textos geravam, o que' PIA,
os artesãos e mercadores - —Jutavam-contra as clas-". — precisa Ser “destacado aqui é a. força persistente da “ vo
ses de guerreiros e outras de índole, rude é selvagem: | ' inferioridade da amadora. Ná metade do século: nes
: Pilhagem, estupros, saques, “ escravidão. — a «história . nhumá mulher amadora estava sendo chamada de FIN
“tratava dé “conquista e submissão: senhotes e escravos” : ds “gênio, como: acontecera com de Staél, mas as fileiras
: Contudo, essa catarse não. circundava o trauma; ao, “de historiadores. homens. “brilhantes” avólumavam-
“contrário, déslocava: «se para «confrontá- lo. Houve: “se Além disso, continua-quase impossível falar sobre
uma: ruptura: «declarada. nesse tipo de texto antes do o “a opressão. das mulheres pelos : homens de: qualquer '
triunio completo da ciência. ts io “forma que não: pareça inferior, ainadora, excessiva-)
“ 'Qs conceitos de: tráuma, ruptura, erotismo” e mente. emocional ' e acrítica. Dada, “essa. situação, eu:
catarse nos permitem, usar o amadorismo para inter-; amadorismo deve. ger mantido. em um permanente
lugar de alteridade; com respeito à profissionalização |
is rógar nos: as práticas (a.violenta supressão: de outros
da história'e até. mesmo para 0 crescimento. da: histó-
“relatos históricos, “por exemplo). Pode-se da mesma
t “forma usar o profissionalismo corno ponto de entra: E a das mulheres no século 20. RR
“da para a cognição amadora, “desvendando : sua natu-
“reza extremamente. interessante: Por outro: lado, a:
“ rejeição da amadora confirma a natureza profunda- x
ment dentalizada da ver-"
dade históricá profissionalizad o do. conhecimento e:
1 1.0 fracasso em lidar com essa:
is alteridade faz «com que a masculinidade (definida
“não; em termos de “homens”. Téais, tias como um pri-"
e vilégio do gênero e comoá capacidade. de- suprimir.
“ou: menosprezar violentamente outras: vozes) ainda.
predom e na profissão. OQ amadorismo mostra-nos à
“forma ao de uma à trallição “mM inoritária destinada : ar

Di

fúdes histori ques.


o “0 que é é um “autor”, 0: filósofo Michel Fou:
Ko cault perguntou. há cerca: de duas décadas, e embora >:
cs Sta pergunta tenhá fascinado os teoristas literários, ela'
«quase. não. despertou interesse nos historiadores, Eira
“mais absorvidos: na luta cóm questões, como-“verda-
“de” e “objetividade”. LAS realizações. da, história
científica são sem dúvida atribuídas. a: grandes histo=
riadores, praticantes tecnicamente experientes, evito
“ sionários, que estão ac ma. das paixões e dos interes-
"ses das pessõas comuns, de tal maneira que: lhes seja
— possível produzir história instigante; ainda que nem. 4
Sempre p feita. Os. estudos. de um ou dois grandes Ê
“historiadores a cada geração servem. muitas vezes |
“para construir á historiografia, mas. «embora: 'exami-
“hemos as. riquezas da história moderna, raramente r
consideramos: a forma. da historiografia, em sié Oque -
“tem significado para, a Proisiad: ter. suas realizações o

a a cp 73-M Dá, 19. de Rune os recentes trabalhos: sobre ac)


o 1.9. verdade na história, ver APPLEBY, Joyce; HUNT
: “Lynn; "JACOB, -Márgaret. Telling the Truth about His “EA
Jor); Néw: York: “Norton, I99A: BERKHOFER, Ro: Po
o autores. “Pata que m são criadás à essass biografias ent
als “como; as. vidas de grandes historiadores fortaleceram
“OS apelos: básicos dé objetividade? Por: que a história, E o “ém. geral « como: praféssoies. universitário “ou.
" “do erudito que luta'para liberar seu talento, do pre- . “durante! o "período . em: que ocupam cargos iaportantes: a A
“conceito e« da banalidade do: “cotidiano. tem. sido: um. o - «como figuras. públicas: Cada uma. dessas instituições, | o
e ingrediente. de profissionalização tão vitale ainda as- no “no entanto — incluindo família, escola, amizade e ca--
“-Sim'tão pouco, explorado?. Nesse'contexto;. “0 queé “Samento - - era um lubar para. o texto histórico, um.
“um autor?” seria de fato uma pergunta. mútila ser fei- ponto onde o” “historiador. era de fato. “produzido”,
“ta por. historiadores, sobretudo com telação a-seus | como um modelo para à:historiografia e “onde a, políti-.
“vários heróis do século 19) Pira “ca adquiria seu brilho, Vista como separada: da histó-
A questão. do: “historiador” torna-se mais. re : “ria— uma. esfera separada, - nã verdade — a vida domé =" “
“mente quando considerada à luz do módo como cer- ' tica! era muitas vezes um lugar onde os historiadores
“tas personalidades + eo tópico do estado» -nação são con-. Ena Es crevdam,; suas: primeiras obras sérias, “Usando ferra- Re e Caio
siderados centrais para todos os relatos da obra, histó- é Ei mentas e observando com atenção: os materiais que
| rica do século 19. As mulheres amadoras, “com seu pú- são com miais fregiiência associados ao lazer do«'queao
— blico leitor. ardente, desaparecem. da: historiografia; já trabalho. Sexo (raramente associado , com as práticas.
É longe de informar história, elas parecem estagná-la. A “fundamentais do, texto histórico! moderno). e: filhos (o
h stória social e cultural, sobretudo quando voltada resultado do sexo) estavam tâmbém na órbita do; tra:
“para as preocupações e questões femininas da vida co; n alho histórico. Contudo; a tmhaior, parte da histo jogra-
“tidiana, passam ater. pouco valor. independentemen-”. E fiavão: relato da vida diária, O relato, sobre família, in-
= te de quantas marcas características a história social 1 - fância, sexo. e casamento, “como. irrelevante. pará. a.
possa ter ocasionalmeênte, política” eos homens que. o obra: histórica importante é: para: Fl remodelação: da .
screr sobre ela são o. “feijão com arroz”, da grande a disciplina” no século 19. Ao contrário, esse capítulo ar. :
- gumenta que 1vida doméstica, SEXO, e casamento con=
“interno nos' arredores de Boston. paia os pais: “Quero”
5+ muito v ê- “los. Espero que estejam. lembrados de que
“É à minha vez desir. para casa no próximo, sábado..
- Hoje: é quinta- -feira, dia em que dissertamos em aula. “nais “Conbeituádos historiadores Honieis do: asc
Fiquei em terceiro Tugar.. “Meu: nariz; tem sangrado | “9, Jevanta, dúvidas quanto: à. adequação. “as sérias
“com frequência ultimamente, mas acredito que-não: - mudanças que ocorriam nos textos: e no aprendizado
“vá sangrar por muito tempo. Senti. uma dor: no lado. " de-história. A. primeira” éxperiência para muitos mes.
“ «uma ou duas vezes:”2 A) preparação escolar” de:Mo-: Nninos'era: de desespero ao serem arrancados, de, casa “a
-Uey para tornar-se historiador envolveu um intenso é suas: cartás expressavam' a falta patética que sen-
“aprendizado” de línguas, “acompanhado: por. sua. cres- tiam dos membros da família e dos Hituais lamiliares.
“cente: sede, “de leitúra). uma: sede: que: era inconscien- e “Minha mamãe: querida”, “Thomas Macaulay escre-.
- temente fomentada por uma escóla onde treinamen- sveu “da escola ém 1813, aos. treze anos, “não lêmbro.
- 40 lingúístico,: matemática é um poúco de; ciências deter me sentido mais infeliz em íhinha vida do que,
A -completavam o, currículo. “De manhã; das cinco: e “quando deixei Clapham pela primeira. vez" Em suas.
S sete, +estudo francês”, “escreveu para'a mãe, cartas, “Macaúlay contava os dias pata as férias, im-
Um ano inais tarde. “Depoi: “do. café da manhã, estu- “plorava ãos pais que o:deixassem voltar para seu ani- -; LOCA
= do espanhol das nove-às déz-e meia, quando. témos: “vêrsário: €- 'bombardeava a mãe com lembranças, de
um intervalo de dez ou quinze minutos; quando-vol- suas alegres caminhadas e conversas. Dividindo. acó-:..
no “tamos, estudo grego: até o meio-dia, quando. somos: -módações' com: outros quarenta meninos, o “tímido e.
; dispensados; | de: tarde estudo. Cícero é recito para O: -cálado William Lecky, estudante nã década de 1850,
al Beck, um: “alemão, ra -Motley pédia livros a: seu, não gostava! do tamanho de sua scola, dá! Fic 10
» queixando- -se da falta de material. dé leiturá; S so
; gem mesmo quando uma sala de leitura finalmente Ro
E materializou- -sé nas “escola ( ele conse uiu, satisfazer
e seus, anseios. Ninguém contribuí. ía com- livros, eos.
* poucos. jornais: eram: “de cem anos: atrás”. e já esta”
vam mutilados. uma, hora depois de: serem colocados -
O que Edim historiador? ="

ii “von. Ranke, Frederic: “Maitland, Hey. “amor pelo domesticidade” “do menino;
o — inúmeros autores de história mandaram
Do Cartas. prolundamente sentidas para a esfera domés- "os “tíodo menor r da. juventude do queé à maioria dos hi:
ao “tica, falândo sobre suas privações e solidão. “Todas as toriadores, também preocupava: sé com o filho, “pór-
/
"= noites, no caderno onde anotava meus gastos”, récor-: “que sua “ligação | com: à casa. era excessiva”. ne
- “dou Ermest Lavisse, autoridade: em instrução pública A maior parté dos rituais escolares enfatizáva.
e compilador de umá coleção em doze: volúmes sobre. ea as diferenças, efitre o mundo: dos estudos do: menino :
“xa história mundial, “eu contava “Faltam apénas tan-.. “e seu mundo doméstico e familiar. Quinet, que fez a. o
“tos dias até as férias” “= e os: últimos dias pareciám o primeira” comunhão mais: “tarde do que, o habitual,-
- muito longos? deal E «depois dé-ter entrado para o: internato, tinha. lena
cio Avestola colocava-s -se em marcante . contraste , * consciência: de que a. religião católica que: estava
com a esfera doméstica: “Quando as portas do colé- o Ss “adotando divergia profundamente da espiritualida-
A gio'se, fecharam fiquei atônito, eo tempo. serviu ape- - Sa “de tolerante dá mãe. Embora criada na religião lute-.
- nas para. aumentar iminha sensação de prisioneiro”, rana; ela o levaraà missa. regularmente e o aprésen-.
“o uinet escreveu sobre sua chegada em um in- tara a uma: grande variedade de práticas religiosas,
E “ternato : aos "doze anos de idade. E Para: ele, -a sensação E mas'á instrução, religiosa: de Quinet no colégio inter-:
ara o dé prisão originava- se da diferença entreoritmo eos... "nó deixáva-o témeroso de que o padre o forçasse: ao
“valores da escola e Ós de casa. Ele adorava cuidar de escolher entre a' Santa: Madre Igrejá e a mãe biólógi-.
“um pequeno jardim, colher trigo, usar.a farinha: em. ' ca, e ele sabia que a Igreja condenava sua mãe. Fe-
" bolos « e tortas, :€ pereibulai sem
+ destino. “Mas o as-: no diz ao ser confirmado, “a' única angústia era: a ausên--
cia ide minha mãe”. 2 Práticas religiosas impessoais :
“tomavam o: lugar. das familiares. ou.locais, eia língua
Cri ia “materna desaparecia do. currículo. clássico, quese. bar
-seava. sobretudo'no latim e no grego. » vs
As: saudades epistolares para casa, “é as lem-
“ranigasidos prazeres da infância. eram acompanha:
o maior: prazer de; das ou Jogo substituídas. per relatos de estudos, a.
férias era fazer tortas, d

To “CLIVE, Jobmi Maiula: Thee Shaping of thé, ps: :


- torian. New York: Knopf, 1973.p.:23-39.
11. “Life and Letters: of Barthold George Niebuhr Obi
É -Dora Hensler. New Yoda Harper's, 1854 3 v.L p- 2a.

: Eraphe - Org. Simone Bernand-


fo Plammarion, 1972. P- 1 -
« do caté da nisnhã reeitamos c os ; exercícios de latim'é
. “de gramática. grega que: preparamos, n “véspera, e
1.5, resolvemos dois ou três problemas. de matemática.
: : Quando o.café da manhã acaba, estudamos Euclides:
-esgrego: até'o almoço da úma hora às duas e depois
estudamos Cícero'e Horácio”, é assim: por diante. ts to q
é Dessa forma, o aprendizado dos futuros: histo-.
“e riadores não se: baseava nà história, mas: nos idiomas
o lembrar de : seu tempo de estu- —tânto que.os, exercícios de línguas e de um sistema E
“As; gramáticas Renteics eram 'a
- formak diferente (matemática) absorviam, quase todo
0 programa escolar, Os seis anós de preparação “de Lai so
"visse: para a universidade foram gastos “escrevendo.
- prosa em grego e latim, traduções do. grego e latim
discursos, em grego e francês, ensaios:e:

1
cês, Tel poesia; em, latim”. 16 Leopold, vo
“dou: na Schulpforta, na Saxônia, uma escola conl
da por perpetuar o tipo de ensino, clássico e ling ísti
“co que foi, pela primeira. Vez; “Considerado importan SER antiga
te durante, o Renascimento. “Acredito”, elé disse, aO ie
“recordar mais tarde os primeiros cinco aros que ali.
“passou. (1809- 1814), “que eu-tenha lido. à Ilíada ela So.
Odisséia dO Àinício '“ao-fim três vezés". 1 Ele inclusive sa

E “4 PAULSEN, Friedrich. An Autobiography, Trad. |


“ “Theodor” Lorenz: New York: Columbia University
Press, . 1938. p. 113-115, 130131: : Ps
ç
“15: “Thomas Macaulay. pará Selina Mills: Micanlay, sz
12 de' fevereiro de 1813, em MACAULAY, Thomas:
: The Letters, of Thomas: Babington Macaulay: Otg: Tho-:
: mas Pinneéy. cambridges: eammbride Univetsity :
- Press, 1974. Í p: 17: SÃO
“Es dó a' lazer extensivos exercícios dé idiódias, mas s'tam.
OE proveito | dos estudos filológicos, que revo-
então O estudo dos clássicos. Inspirados!" +. to da estação: sattirnal para dizer ao
é seu senhor (mi
E por. Johann Winckelmann, Friedricich August Wolf er “ nistro! e cortesão subordinado a Néro) algumas verda-
«estudiosos: da antigúidade: em: geral, esses exercícios “des: nuas [Mas] eram pessoas que eu “mal conhecia,
visavam traduções textuais: que — graças 'a que falavam de assuntos que:eu conhecia menos ain-
lacável busca, de. detalhes filológicos ——'sê apresenta da, porque nossos professores falavam: pouco sobre
Ham precisas, “acuradas e-sem “nenhum. anacronis- s essã gente ou, sobre a Roma da época de Cipião, “ou, so- :
mo!” Na maioria dos. casos, entretanto, hem os méto- “bre a Roma imperial, ou vo
“dos tais. récentes:de: ensino. de línguas, nem. os mais Ea Naquele momento, “então; a nistéria, era uma” Ce,
é antigos, deram. grande: importância ao estudo da. his-: : coisa à parte,*um subproduto du “uma variante no
Ei tória, “se é que isso algum dia foi considerado. “A his- estudo de idiomas. Ela talvez fizesse paíte do curtí-
PÉ tória chegou. às tarefas escolares: apenas: na: medida culo. ou da vida de um, menino por c causa da suces
co em, que era necessária para. a compreensão. de: textos.
clássicos; mas afora isso foi ensinada em geral de for- : “por ejemplo: “estimulou Barthold
“ma simples ' e: seca”, contou Frederick. Pollock. 2 De a “gar à listar os principais acontecimentos d
“Na escola de Paulsen, um professor de g soe teolo- É
a fato, os alunos não faziam: idéia sé Júlio. César prece-., z
gia, tinha: “uma grande predileção: por. discursos: po-
dera Virgílio, Homero, ou Platão; sabiam Apenas qual dit
Jíticosre, € nia época da estrela ascendénte 'de Bis-
» marck, os alunos podiam, facilmente “induzir o-mes-
“tre a falar. mais sobre acontecimentos correntes. Ao
longo do ano, escolar, os: “alunos debatiam em todo lu-
- gartópicos. relevantes é. indicavam. os- próximos. de-:
. “batés, sobre: questões políticas extracurricularés, E
“Hoje” não tenho aula o dia inteiro”, Macaulay es.
-creveu para casa, aos treze anos, “e: estou aprovei
“tando: sobretudo para fazer. anotações para úma dis-
; SEntação [sobre] ' seas Cruzadas | foram: ou não bené-

: Rated Ernest Souvenirs. Paris: “Calmann- E


Evy 1988. P- 216.
“ficas para á Europa”: 3: “Quardo: os debates” acaba. a tricados e as;construções gramat Os a no
“rám, ele comentou: “Não “gosto “muito. d assuntos . “ho
creviam suas próprias rredações: com-o objetivo.
: “políticos, pois eles. deixam. os méninos muito inflas imitar “a tão desejada color latinus. Paulsen: récordou
- mados na defesa: deste. ou daquele partido. ” Para 2 : que a maior excitação ocorria quando « o Professor. de-.
: Macailay,. esses debates voltavam) a, dar prioridade neto volvia” as redações corrigidas. “Para cada um de nós,
“ao lar; “Quando alguns, “dos meninos têm pais. ma “elé lia uma lista de erros, apontando: as maiores as- RE
o, - casa: dos. comuns, eles. lutam. pelo, partido dos pais, “heiras, e também: qualquer falha! de especial: interes-" RS!
io estejam eles certos ou errados: 24 Qutios. tópicos que: se, o que. lhe dava a: oportunidade de fazer: comentá- e Hs
“08 meninos 'debatiam eram a: queda: de: “Roma, as rios instrutivos ou: observações espiritúosas. Se tivés-
* Guerras. do Peloponeso e outros acontecimentos im- semos: cometido algum: disparate, gramatical, nós cas
“portanites encontrados nós textos, latinos. e gregos. "sentíamos genuína e, profundamente. 'envergonhados
: Nesse caso, . Macaulay. já' estava construindo uma - [por ter] de novo afrontado a lógica ê oespírito da
És hierarquia. do certo e do errado: (objetividade e ten-. língua dos'romanos."2s
“a dência), em-quea família pendia. para-o lado da in- “Talento: para. as línguas clássicas era; “íeial, a
ferioridade é do erro. os debates tora da área. fitoló- no porque ter instrução envolvia diferençar-se dos outros -
' gica; vVocavam acaloradas paixões, nos meninos:: “No: “alunos por meio de apresentações orais e de disputas, “5
» “salão de: estudos, à noite, .os que eram “fortes em,ar- que eram -constantemente levadas em consider ção
“à gumentação”: revisayam.. seu material, tornando- -se. - para a: classificação geral. Tendo a. identidade, Í umilial ;
“emocionais, exaltados, o sangue, afluindo ao rosto,
“sido perdida ou desacreditada, uma nova persona to
E gesticulando Da OS: braços abertos ' ou levanta- -mava forma em tomo do: que. agora interessava: “a:
“dos”. = Havia, no entanto, -pôuco conhecimento: dé notas nos cadernos dos professores, a classificação ses uso
- história em todo. esse ímpeto;. «a maioria entusiasma--. E “manal e nossas composições, nossa presença na: lista. STO
“«Varse, “com a competição: por. uma boa classificação | - das homenagens no dia da premiação, “quando as au-. nua
“na: turma, ou coma experiência de saberem com o, toridades sentavam- -se:à tribuna em trajes formais”.” A
ue se = botetiarissuas Próprias disqtásõess + a As notas eram em geral dadas em base diária: Motley,
como- vemos; em “uma! das: cartas que escreveu aos de:
“iamos de idade, estava ém térceiro. lugar. na apresenta
ção daquele. dia: O historiador inglês William: Lécky
+ que detestava á Escola Cheltenharr que tregientou
“na, década de 1850, em geral. resistia. à intensa. com-.

+ “De PAULSEN, “Friedrich. An. uiaiograpio md É


“Theodor . Lorenz: New: York: Columbia University, Cad
“Press, 1938: p. 1522153, as is Uno ué
“27. LAVISSE, Ernest. “Soniveriirs Pari Calmann- se
Rd 1988. p Jos aos
petição Por prêmios, eno entanto yfiow em.décimo: qu
e batiam nos. àlihos é como parte dde Pr
i gar, entre os quarenta, alunos: examinados. para 0 in-
dizagem: “A disciplina consistia, e
“gresso na Universidade de Dublin; ele também acabou”
em uma'mão forte sobre a cabeça. dos. mm
séndo um excelente orador: Apesar “dos contínuos pro-
testos de Lecky de- que era “indiferente àas ambições « e:
Ê vara, fina sobre suas mãos”; disse: Stubbs,
a escola. primária: 3 Paulsen; quando. menino, Jevoi
competições escolares”; ele: escreveu a “um amigo de”
certa, vez fortes paricadas. nã cabeça com um: lápis.
pois. de- um. debate em. 1858: “Esta noite a comissão -
porque. demorou: a; dar suas. respostas em. latim. No.
preparou as; notas: de oratória € ganhei a medalha de.
no “início, John Richard, Green: esforçava- se ao máximo.
ES ouro “que me'é, confesso; muito. gratificante... “Minha Es
Do HERO para evitar os maus trátos, mas certo. “dia ele deu uma. ce
“rs pontuação, na opinião. deles, é a mais alt conseguida
e resposta errada em aula e levou uma: surra: “Fiquei ECON
: “na. Sociedade. em; alguns. anos. É uma fração acima. “da
meto simplesmente estupéfato - = porque. meu pai nunca
Cite que. Plunket conseguiu no ano passado. tras, Macaulay,
e havia me batido.” Depois de quebrado q gelo, ele pas-.
comó a maioria dos outros meninos, escrevia pára casa
“sou a aceitar suas: punições remiianes sem, reclamar,
: no início. de cada período. de provas, informando. os.
“como todos os outros.” só o Vo ado Site ção
' pais. sobre sua ansiedade: coma concorrência de um :
= Da mesma forma |“como “eram treduênios: os. E E
ea determinado aluno pela nota inais alta, e “depois con-
maus tratos, pedagógicos, Ó, abuso; de um estudante Rs
"tando sobre a classificação dé cada um em todas as
pelo outro era comum e, em geral, mais, cruel. ain- é :
matérias assim que a nova classificação da turma era
da. “Ma caulay- resistiu em silêncio aos espancamen-. aos ER
divulgada. “Conforme. escreveu, Lavisse,-os. drieaçie “ey
“tos de um jovem valentão e contou a seus pais. ape-.
“incitavam isso. pSiquicamente,: exigindo. “competição: -
Noca nás quando, ocoléga já.havia deixado à escola pará

ao
“Anotei em:meu caderno minhas: vitórias sobre Ge-.
sempre. “Ele, em geral. me: batia ou insultava dez
audet, Paul Grizot e Sage; ou, como. prova” “dó que,
“= vezes por “dia. Embora" 'eu fosse esperto: “demais e
: digo, meus fracassos. 22o ak
“talvez um pouco. orgulhoso “demais para deixá-lo.
uitos. tinham dificuldades iniciais não: ape:
Ro “ sgntir que eu percebia. ou estava atento ao-que ele
Rig pretendia: fazer, “garanto- “lhes que meu: silêncio não
: * era. sinal de consentimento. Ele. se: foi, “finalmen-
igor. Esse. “último “áspecto, constituía um outro.
te. e Lecky, embora “horrorizado diante dos: rostos
da luta. por uma, nova utodelinição, já: quê: a fa, :

“3a, om Macaulay para Sela Mills Macaulay o


so. Thomas Ba:
“da casae da família. A toradd
fornecia ' uma nova! i lentidade api
“ substituir:a “doméstica. Esses “momentos. dedicados Eos
“aos textos eram pontuados por dor física e luta,'o
“que; também decretava. não apenas: uma jararajiia: A
“entre'a. palavra eo corpo, mas também entre os' que. o
infligiam adore os que a recebiam, “Ao! examinar a
"violência. dos' jovens “alunos é sua ligação com o co- -
. “nhecimento. abstrato,. Walter 'ong interpretou esse:
id fenômeno como indubitavelmente masculino, :“en- na
"quanto Elaine Scarry discutiu a dor.física. sobretudo Frades do
, que a chigarni ao reu
“em termos de um. “corpo com toda a-certeza mascúli-. 00,
lo que, nada menos de ”
no. Contudo, histórias da Primeira Guerra; Mundial,
ao descrever a feminização de. soldados feridos, su =.
: gerem. que os conflitos. armados | ea inflição de dor:
têm efeitos altamente marcados pelo gênero. A dor A
o violência: tortura, afirma. Scarry, transforma
Ê er em corpo em nada mais do que um obje- A
: 3] perior: “ Ao marcar dessa forma 0
I É corpo a 9 entendê- cá
“deixo:
“ “olhou com 1 gratidão” para”
pri dezóiio anos recém 1 completados, “tinha despiréio: -de
des: homéns”, * mas: “sua companhia
Re clarado: por uma, certa Madame de R.=“uma' desgra-
1 pessoas anônimas '€ insignificantes”: “cujas: tumbas”
"-çada: tagarela, supefficial e insípida”, que ousatra dis=:
“eram. decoradas, com: tal | “quantidade de absurdos” Ss
- - eutir com ele se mão. de: Deus: era. mais” visível na
deixoúo “enojado. “um homem escreve. uma inscri- a
atureza. ou no curso da história. “Defendendo « essa . O
-ção em hebraico ria: tumba- de sua: irmã; em: “outra, dad
“última. -posição,. Niebuhr apregoava conseguir dela o
«acho que: também. pertencente ama mulher, há.
“que quisesse, e isso ele deduzia do tratamento gentil “uma inscrição “abissínia.” "ss Grandes homens, ao lado |
&, que ela lhe: «dedicou: nas semanas seguintes. “ [Mas] a. >
dé mulheres insignificantes, línguas" estrangeiras
“7 honta que me “é devida: pode ser-apenas conferida *
j

“(que ele: dominava) destinadas a gente do povo e: ao E :


"por homeiis, . - porque eles a. têm. em abundância.
sexo frágil, tudo isso: perturbava a ordem de conhe: rca
“para dar : : Receber ei rosas e murta demãos femini-
“cimento construída durante a adolescência. A dispú- Ea
mas nenhuma. láurea; “quero apenas plantá- “laser
ta linguística dos rapazes. por honras acadêmicas es-
“depois: ser coroado por três ou cinco homens." J R.
4 tapelecéra padrões para! uma: masculinidade comum:
“Green, “de vinté é um anos, queria uma: .Espósa “que in
: vAs formas. e convenções da história fundiam-
Ê nunca invada. minha, sala. de leitura”. ENS
se “com: 'as experiências adolescentes de: “conheci-
Esses, homens jovens ficavam, magoados” com No
mento: clássico: O ensaio de. Lecky: “O massacre do”
as mulheres: que: tentavam debater com eles no. té
“gramado da faculdade”. “mostra um estilo nascente,
teno intelectual que, ao-longo da adolescência, fica- nosqual a: retórica. usada por escritores clássicos
“sra limitado, ai competições é brigas com seus: “iguais, o ú
“para: descrever uma, “batalha óu cena; funerária, une- -
4 qué va; orizavá O: próprio: exo: Na época, eles:associa- RE
sé aos dramas coletivos e pessoais do internato. “Talo
“vam os detehtores do “conhecimento e séus! temas as
: vez um: relato mais familiar seja a descrição. feita” ns
EN “masculinidade. Niebuhr. tinha um padrão tão rigoro- :
p por: Henry Adams de: uma: luta, de; bolas denevedu-. o
so com relação, ao. “gênero m. aiestões RR :
“rante o inverno de 1850, em que: osalunos da Las ser
tim School, de “Boston enfrentaram: alguns ad versá-
a ros, da classe trabalhadora:

38. Parthotd Niebu hr para. Amelia


va) ; Basta Géom 1798,.€
— Gênero e Históri

“poriante : porém éque:


te ser verdadeira
Magno Via- «Sé! mais adiante ma. “mássa “escura de =
ana “gente que se: preparava! para:a: última investida, é t
corria o! boato: que imo enxame de. “canalhas dos e “ emoções;atribuídas 1 imais tarde à. um Soldado; do Ge Z
“bairros àmiseráveis, liderados por uma térrível figura; » neral Turenne ou da Guerra Civil. A luta, como par- |
E“ chamada Conky- Daniels, munido: de um porrete, ir te, constante, e inspiradora do térror na vida de um
“ de tma péssima reputação, daria. um fi n definitivo o “adolescente, “determinava! o género. da identidade
"nos; covardes da Beacor £ rêet. as Amassa! escura: sol-- profissional dos jovens novatos. e “oferecia a: lingua-,
tou um grito e. precipitou- se. Os meninos da Beacon gem para'a descrição de um: soldado. de Turenne, de
Street deram meia volta e: subiram as escadas cor Henrique Iv ou da Guerra Civil.
“ tendo, com exceção de Savagee Maivin: e dos pou-. “As lutas nos: gramados ea disputa comm colegas
É A cos valentões que não correram. O terrível, Conky. de aula por prêmios e, classificação eram os momen-
“Daniels assumiu, ares de superioridade, parou. por! “tos expressivos “e aflitivos de autodefinição,. a pártir 1
: um rmmomento com:seu' guarda: Costas para dirigir «al-. e dos quais à sensibilidade histórica: foi construída... Os,
- guimas: blasfêmias a Marvin é depois apressou- se go de assuntos importântes. na escola — o que o aluno escre-
:a! perseguir os fugitivos, hesem tocar nos * poucos meni- ir via” em. Casa ou “recordava — “eram. constantemente:
: transcritos em. uma espécie. de pré- escrita-da histó-.
«Tia; William. Stubbs, que ajudava: como: um insano
: Adôms fez/ o.) elo. entre os ; bárbaros: costumes. ns seus “companheiros à se prepararem, para, os. exames,
“da infância era violência da: história: “0 menino DMA “escreveu uma crônica em que zombava de si mesmo /

Henry pass ra por tanto térro quanto. se fosse: Tu- “como se fosse. o, abade de um mosteiro que explica-
Tenne:ou Henrique. Iv €; dez ou doze anos: mais: tar- ser va por que, acordar cedo facilitaria o: bom: desempe-
dé, “quand esses mesmos meninos. lutavam: é caíam | “nhó escolar: “pelo enzemplo dos santos sacrados que
- em-todos'os. campos. de batalha. irginia, e Mary-. a lenvantavan e “dormian como nauscer 'dosól: ese.
E “land, ele! se, questi nava se a educação. recebida, no ábito: (embora, nas vêzes acontecece por nencecida- :
. Boston” Common tinha ensinado Savage e Marvin a e Vai de-ou falta de, luz artificial) éé muito ótimo que seija
“ “comentado e mui o dezeijável « que sei | renst bele
cido”. at As cartas apresentavan certos tipos d
= “gressivo desenvoly imento. da política e das. iclações ei ' datação ee outros, «procédirhaios o menos: av F
| legais” ão contrário, ela compreendia: “polít ainte-, “, com a sensação de algum passado nive al (como,
Jigente, guerras bem- sucedidas ea força de persona- CS “queixou- se;Lavisse). do que com uma espécie de'ri
"lidades: poderosas. "2 “Estratagema e: fraude Jeram]" “tuál lingúístico. que acontécia. a portas: fechadas, en-. :
o “usados, comó armas de défesa”, Layisse' escreveu do tre. homens de mesma opinião é instrução: similar. As
“ Liceu 'Charlemagne, “pará. vencer à batalha: de cada ab “grossas paredes dos internatos, invocadas com 1 tanta, Õ
Cs “minuto” 43 Uma batalha; “podemos acrescentar, para “insistência por Ranke. meio século. mais: tarde, prépa-;
“ ajudar um, “herói poderoso. a triunfar. Elimiriar os" | Taram,o temperamento para 0 estudo. isolado, em ar-
NE açontécimentos domésticos das. cartas e depois. livrar. “>, - quivos, da palavra, da frase, do texto a - para a obje-..
-: narrativas epistolares e-autobiográficas. de excessivas tificação de: documentos políticos e a criação de uma cs)
a * emoções: pessoais, familiares e outras — “como Qui et” vo o modema disciplina de. história. Embora a-história já e
“4 deixou mu 1 o claro: — era. parte importante da vida no « E empregassé convenções existentes, ela. ensejou: uma
ed escolar, nas também. da: história. Nas: descrições des simulação detextos. jovens, "marcados, pelo. gênero,
“meninos sobre as. práticas escolares, o material de, ! - altamente problemáticos, atormentados. até. ;
Importância histórica” já; emergira. : “Historiadores j jovens tinham refeito O seript. dó
“Quando: esses historiadores começaram â “ches “indo durante: seus anos escolares, achando. -que 08.
“gar à idade” “adulta, seus. interesses: já se haviam e “componentes: mais. importantes eram. o conhecimena. a
“ transferido das questões domésticas
d e das rotinas fa-. a “tó-das palavras, os téxtos, as lutas ou-guerras, ralém - -
o - da, “construção de personalidades: poderosas. AO
-mesmo! tempo,, tinham/ identiticado- características, poços
“emoções. e posições. associadas à inferioridade das e, Po
ar sa “mulheres, ávida social e ao Jar, que elas denunicia-| Gail)
“AS im, não pareçe ter sido | por acaso
: que os" REAR o Tiam por: estarem: de certa. forma' contaminando o
“Primeiros | extos históricos do século, 19? tenham tido no campo de. estudo. “Cada vez sinto-me ne

«de dade tomo; “téndo dlgbificados «cognitivos E


U comportamentais, € dialéticos, além: de, outrosídistin=: É
tós, que. podem inclusive operar em. conflito: uns. A E
É com os outros. Emprego aqui vári desses. sentidos, :
em vez de tratar” a; de mo. um concei O,
téitava éque, muitos. anos antes; já se -totnara “mes- : :
«tre de mim. mesmo; eu. estava “acostumado. a que tiam pór prêmios | em. seus estudos: repre: nitavam
meu carpo' é minha. alma fize sem, “minha vontade. - uma versão jovem “do modelo encontrado: em é
- E assim salvei- -me daquelas: paixões. brutais. que ce- “eu Cícero — um modelo de homem. que fazia guerra: e “A
“gm: e entorpecem. o homem, e ir edem. que ele'es- . "política, mas que também escrevia. Entre, os antigos, os
- tude o déstino humano” *** Com as paixões: pessoais e» . * Niebuhr afi maya; “guerra, “repartições. públicas. e
“os laços familiares colocados de lado no liceu, Taine Es, -erudição: eram magnificamente combinadas na vida :..
* preparara- se para;“la' science”, ; onde poderia “pen-. REI de um: único homem. ** Pela direção específica! de mi-. É
: Sar bastante, descobrir ruitas coisas novas, “con “nha mente. e'meiis talentos”, ele informou aos' pais,
- templar e produzir belos trabalhos”: Além desse es- “acredito que, á. natureza tenha planejado; que-eus,
tudo imparcial, Taine, aos vinte-anos, tinha apenas fosse literato, historiador, dos tempos antigos e mo- o Ê

Na
“um ontro “objetivo: O companheirismo. de: homeéns. dernos,. estadista € talvez homem do mundo”... A “oo
realizados eé idéias semelhantes, que ele chamava de : experiência da: juventude formou o credo profissio-. ml,
é
“amor”, No mundo de contemplação desinteressada, “o nál, permitindo que Niébuhr mantivesse os mésmos'
a companhia perfeita “não é. uma mulher, mas um. Eai companheiros, - “se envolvesse nas “mesmas: “Jutas,
- “homem”, ele escreveu para um de seus competido: =“ + Continuasse O estudo erudito dos textos: qu Te ha-
“res na escola secundária, à quem esperava incluir na: viam. indicade esse-caminho na “primeira vez: Ao.
Mio o -““fraternal perseguição da verdade” .” o grupo de | « mesmo tempo, s homens. que escolheram essé-rumo
ts “alunos qué se-tornara tão endurecido na luta pela» os e que mais tarde estudaram história. conseguiram A
| verdade adolescente continuaria intacia para perse: “manter à “objetividade” de tais avaliações, pois.o. es
- guir, “a, science”. E ue 7 tudo: era-0; ais, alto “é complexo. escrutínio mental: RR
<iudição objegiva também tinha sido coditi- “= que se opunha. à: -objetificação . nos espancamentos,/ PN
“nas lutas dá infância e na brutal, repressão contra a Ea tR Sadi
Coste »identidade doméstica dé um “menino. O. e cito em, ' o
mm Ea “produzir. a color latinús e os fatos acabou com os es-.
uhr pára seus pais, 15 de Dorsnnrd: ça a *. pancamentos e estabilizou: a “condição do adolescen
de 1794, "ey Nichuh, Life “and Letters of Praia . ARE iv te, Pfmitinidor “lhe umá novaà suberividade o esi

“as; “Barthold Niebuhi para: Dora. Hensler, 6 de se


[e: temabro desE emm Nic tis and “Letters of.
E a distinção É quanto hexaisiiio Pessoal. “No. conflito
raias adolescente: “de menino contra me stre, menino con-..
“o. tra ménino é menino contra o texto. — por méio da
= eterna luta. contra a inferioridade, .o corpo, a femini-'
“mente nos projetos de: seus s maridos o ou até éescreviam
“ lidade— o historiador adulto emergiu penosa e ápai- E livtos. elas: mesmas. No decorrer dar profi sionalização
xonadamen é. Esses relatos dos: jovens. seriam. com. “do século: 19% também: no século 20, muitas obras e:
“sucesso . transformados. em ciência histórica, no ele - pesquisas, ram feitas em família. Os membros da fa-.
prod mento que: diferenciava os vencedores dos. perdedo-- E “ mília: eram pesquisadores, copistas, colaboradores,
o o, “res, 68. superiores dos inferiores, e que se romátia a editores, revisores e ghost writers,
w e grande Parte dos.
RE “base da narrativa política pes no a“textos era escrita, em casa.
Ne
- François Guizot, que;

E “A VIDA DOMESTICA OS GRANDES Rua


0 o, HISTORIADORES . feto
poa
1 a
,

Pas cd. R$ Green, “de vinte e um anos, que queria


CE “a “uma esposa. -que'se mantivesse. distante “de “sua sala.
Edo «de leitura, procurava, no entarito, alguém. “que pos-.
Rana sa decifrar meus horríveis rabiscos. é copiar meus..
«ebeonizãe algo que nos) desse um.1 emprego. cestável é
“que garantisse um tipo de-vida diferente. da que leva-. “ai,
. mos-agora. :«*Foi para Superar essa dificuldade que nos”
uinente permeáveis fora àE colabora es mar
propusemos a executar esses dois grandes. trabalhos. E
do-mulher, como as de Alice Stopford: Green e R..
:Gréen, Barbara. Hammond es. H: “Hammond, Mary:
Os dois fracassaram e em breve terá: decorrido um ano
“Ritter Beard: e ch les: Beard. 33% “Apesar do; moderno
da data ém que pensamos. colocar a primeira pedra da -
.etos de esferas separadas para homens e mulheres, a Pia ted
“pequena: fortuna -«que precisamos: construir de qual- cu
“Aiteratura histórica envolvia-vida doméstica, família liso
quer: maneira. “155, Pauline .Guizot escreveu" romances. e:
cobras pedagógicas, leu livros e fez anotações. para Os
e sexualidade— um. conjunto: rico em possibilidades ;
de confusão autoral e influências não. profissionais.
“artigos de François e conduziu a correspondência dele:
- pára à editoração da Revue Française, ajudou O marido A medida que:se intensificava a: procura “por
“a preparar suas palestras, e por fim: editou à coleção. “instrução de alto nível é pesquisa extensiva, Os histo-
de documentos sobre a Revolução Francesa: O lar dos: * riadores organizavam seus lares como sistemas: com-;
- Guizot era uma-oficiha literária, e continuou assim || - plexos e eficientes. Miller observou, entretanto, dus. Pod
* depois da: morte de Pauline. A segunda esposá, Eliza : rante uma visita à-casa de Eugêne Burnouf, que o Tas Vo
j “Mmoso: estudioso tinha. “quatro filhas, pequenas: que aid RÃ
evidentemente o ajudavam à reunir e organizar. por
Do “ordem: alfabética. uma série de fichas em que ele ano-..
“sobre o estádo da: “Gália; e: te piece age =] “o retava qualquer coisa que tivesse considerado: impór-. se
“uma terceira VEZ Acredito « que serei ana a tes o Pies tante durante: suas leituras no decorrer. do dia”, 36 O A
| historiador Thomas Frederick Tout tinha à esposa, a.
“cunhada é outras parentas trabalhando para ele, Essa ed
“pronto, É autória conjunta” garantia que as mulheres com algum. Eaitos
quando a a - Parentesco fossem as: mais familiarizada com o q
i
fo

“afetté: Guizot, 3.de unhó. de 1839, “ibid, p. 187- 190.


= sobre. o casal Hammond. ver WEAVER, Stewar po

Brege "1997. O material mais importanté sobre Bar


ris, bara Hainmond' está.nos arquivos: de Lady Margare :
Cant Hall, “Oxtord” cORiv Erin Ver tafobéro + RÍDLER, esti
“balho do historiador: “em consegiiêndi 1,.€ las seriam. as.
“o “ compiladoras naturais de suas: publicações póstumas -
Te suas. biógratas mais. capacitadas. Tais. publicações .
o representavam um estágio: essencial na,
1 criação da per; Cao
ao sona do historiador autônomo: o estágio em que a es-
“explícitas ccom.p relação à às,Pa nEDe eme inte-
posa dispensava ; sua própria “contribuição.
-Jectuais'a qualquer. tipo de realização:. Harriet Grote,
x “Assim, nos períodos de profissionalização tanto ,
que escreveu diversos livros — inclusive a biografia: do:
nascente quanto madura, à história teve, equipes de.»
- marido, George. Gore, historiador da Grécia— “muitas
“autores-que trabalhavam em oficihias domésticas: Ao
«vezes subestimava o: “marido, nunca: -ela mesina”, Ar-
5 redor dessa: complexidade surgiram” convenções que —
- naldolo Momigliano afirmou, com sarcasmo. a
tratavam a autoria, como extraordinária e masculina,
q
; comojum. empreendimento público e extrafamiliar.
— Por exemplo, sempre que um crítico avaliava: um tras. “58. STILLIN GER, Jack. “Malipie Authoranip and me
- “balho: feito por, marido. e mulher, o. costume ditava: “Myth of Solitary. Genius. New York» Oxford; 1991,
- . pede, uma visão mais: compléxa da autoria, que te:
“que a autoria fosse atribuída aperias ao homem. o o conheça. o trabalho dos organizadores, mas esse li.
- erítico: poderia: fazer isso ao falar, por: exemplo, sobre - 1 NIO tende a reforçar a visão de: que os homens eram.
“a série Rise of American Civilization (0. surgimento da. ate Es “gênios cujos organizadóres e viúvas não faziam con--.
vilização “ameticana), “de Charles Beard, e mencionar, “tribuições “substantivas”." Por “exemplo, embora
“a colaboração de; sua esposa”).; prosseguindo, depois, “John Stuart Mill diga que“ “todo: o “modo de pensar”.
“em On Liberty seja dé sua' esposa, Stillinger diz que
“como sé: Charles Beard fosse. o único autor. Diziá-se: +53, OS estudiosos deveriam realmente focar no papel de spo
h a que o livro escrito em conjunto pelo casal Beard, The “4 Harriet como “organizadora de textos (Ibid., p. 66) e
A Americân. Spirit (o espti ito americano) “parecia “uma. - parar de preocupar-se em saber se ela tinha idéias -
e - enciclopédia! sobre as leituras: de Charles: Beard; aq relá não as tinha, ele dá a entender. Por fim,. ele des- |
“créve ospapel dela como “6: Mill de';imeia- “idade sen- -
a longo da úlnma década”. * * Umn elogio 2a musa que i ins- o te, a do-embelezado por sua esposa para uma apresenta-. no
, “ção autobiográfica atraente”. (Ibid., p: 182): add
Eh sl ate Outro reconhecimento importante sobre a comple. o
-xidade: dá autoria aparece em GOSSMAN, Lionel.
Rrero - Towards a Rational Historiography. Filadélfia: Ameri
o cam Philosophical Society; 1989,. que descreve” com:
ai “simpatia” a comunidade. dá. crítica absorvida pelas
publicações. eruditas. Gô tudo, ao falar “sóbre: uma.
obra-de Stephen Toulmiri e outros: dois. autores,
- Gossman (exceto.| pela. “primeira” menção) “cita- ao
como exclusivamente de Toulmin, referindo-s-sê in- mê
Gênero e História: home 2 mulheres é pri

A - Essas. obras deram continuidade ao processo de


- distanciamento de uma “vida mais: intensa: e: intelet
“ tual da doméstica” e afetiva. Com base na pesquisa
5 “assídua, de historiadores: instruídos e abnegados, “os -
"melhores relatos profissionais continham Sua: própria e
“ verdade positiva, porque os autores, haviam deixado “
4; de lado: política, classe social, gênero e outras paixões
“para com os mestres”. o Mesmo quando já se estava ato
/€ interesses, bem como preocupações com o. drama
- Na,1 metade. do século 20, a ciência histórica conse-. pars
- literário, para” que chégasse a un texto autônomo, ç

“e universalmente válido. No entanto, à medida que"! !

“a. história se “profissionalizava, esses apelos:para a im


*pessoalidade científica; foram convertidos em uma
disciplina composta de ingredientes diversos, como |
escritórios 'em-casã e no trabalho, assistentes de pes-..
- quisa, “direitos aútorais e royalties, traduções, publi-
«cação; “editores, leitores e. uma hierarquia acadêmica .
- de seres. humanos de carne e, osso que reforçavam: ao
“autoridade: professoral. Embóta os padrões profissio-..
nais invocassem a impessoalidade, 0 profissionalismo e
“ desenvolveu- sé como uma arena: repleta de afeto hu.
- mano e, fantasia. Gabriel Monod, estudioso” francês
ci “com. mente científica, confessou que uma'crítica sor:
bre a biografia, de Lucrécia Borgia crita por, -Ferdi- e
: nand Gregorovius tinhá “me: deixado “com: água na
| boca”, ansioso por um “contato | “mais: íntimo com
7
- aquela mulher“ 'sém Tédeas, “a fiável" re 69 o louyou o
“extasiado Julés Michelet pot conseguir : “não escapar
“do contá gio: e seu. entusiasmo, suas esperanças e seu.
E coração; jovial sa Os, Telormistas muitas: vezes se
“úm homém motivado superou “um n grande. número” É
“de difi uldades familiares, conjugais e de outros ti=.
“pos para. perseguir. sua “obsessão pela história. Em
consequência, durante -quase um: século, o retrato .
- da vida: pessoal de Michelet : = “teoricamente. irrele- Ç
vante para a historiografia - “serviu a várias escolas
Mistória de suá. infância. Elé rascinhou uum, manuscri 2
“intelectuais, a políticos partidários, avariços pes-.
“soais. e um “grande número” de: “outras Causas; Por. . “= to nunca “publicado, ““Mémoires d'une jeune file.
“toda a sua especificidade e por seus detalhes: nti- : honnête” (“Memórias de uma jovem hónrada” x soc
“mos, a história: pode ter um círculo familiar. o bre.o início da vida adulta da esposa. Depois da mor- Y
e NÃ primeira” esposa de Michelet, Pauline Rous- | “te do marido, “ela continuou à publicar: seleções do sos:
: seau, morreu em 1839 teve dois filhos et i inteira A diário do marido, “uma história sobre:a” juventude cus
dele, uma: edição póstuma de: suas cartas de amor.
“viaà giándes esforços para construir uma carreira im- Durante os anos que passaram juntos, Jules mantéve
portante. AO contrário > da separação. relativamente “uma diário em que registrou os sentimentos pessoais.|
* “dela e. muitos. incidentes da vida profissional dos dois.
- Casamne O de Jules, com Athénais Mi laret, foi uma. Athénais tinha vinte e dois anos quando se co- “
à complicada e literária: Por um. ladó, e nhecerám;. Jules, comcinguenta, sentiu- seé paixona-
damente atraído. -por ela. No entanto 0, casarmento,
“- apesar da extrema excitação. sexual dele, foi consu-
“ imado: com grande dificuldade, depois; Jules levar
"sua jovem» esposa a vários “médicos Essas questões .
eram: 'também cônsideradas' literárias, pois! ele tegis- o
trou 9 andamento das consulias nas cartas: que escre-
>. via e em seu diário anotou 65.períodos menst uais da o
esposa durante mais de duas décadas é escreveu, tan-
“to sobre às relações sexuais frustradas “quantos sobre
“as bem- -sucédidas. A qualidade literária. da vida. em
“comum. construiu e:até permito a. Jules a conquista o
A de arg de 1849, oito dias: depois. do casamento, Ju-
“Jes mencionou, que o'casal fizera um trabalho. intelec-
tual conjunto pela primeira vez, mas “fisicamente é:
— impossível: “estarmos menos “casados”. ss Esse padrão 5
- persistiu por algum tempo: trabalho durante o, dia,
seguido de “dificuldades. insolúveis” «a noites, Os re-. io crito em. 1857, pç de discussão intelectual: particu- ; :
«Jatos: de Julés falavam de um crescente desespero se- o Brinente intensa envolvendo a redação: de L Insecte AR
- xual, alternadó com momentos de “abandono muito (o inseto) e ano em que Jules recheou. seu diário com
“terno” “de alguns. doces é agradáveis sinais de que ..
- detalhes sexuais. “Depois. da: menstruação, extrema:
“seu pobre. Corpo jovem tão sofrido e: encantador não “paixão. Anseio por lançar-me. nessa fonte de: vida ais ADS
“é, no entanto, insensível ao alento de maio”. “Suas -. Blá. própria está. ardente, delíciosa, saborosa: me Essas Deo eu
ie - Narrativas mostravam desejo na pessoa de Athénais e. descrições impetuosas não: “indicavam relações. ge. a
“- eriavam, um drama literário extraordinário, quasé gós
E xuais muito fregiientes, (o casalfazia sexo a'cada dez.
tico” de perseguição e fuga. ss “Meu aihnor, com muito.
- “dias, mais ou menos), mas elas muitas vezes aconte-
“doçura, recebia-mé por um ' momento. em sua:
“cama Por fim, no dia 8 de novembro de 1849, “de
e manhã, “antes do meu trabalho”, ocasal fez sexo: “Pes, :
* hetrei- -a inteiramente, E “com muita firmeza, “como,
-meu médico indicara:”o = + EA,
“o Tules, deu” “ao seu diário, 9”feitio de saga. sexual: ,
e, depois, dessa: consumação, seus'relatos sobre o ca-
- saménto. contintiaram a. impregnar | o estudo : eotex-
* to doméstico de: negociação ' “sexual. Ao “olhar para
: trás e tecordar. o melhor. sexo. que hayiam tido ão.Oi
poi a “E

Ea
: E ER
ai “mento familiar ==-paintilha « emarido/mulher
Seo viam essas vidas literárias. =

é chelet em obras de Eta natural” “como od Oiseau


nde eu possa. se forte”. 76se Ro cy o (O pássaro; 1856); Lnsecte (O inseto; 1857), La Mér (0%.
: “Jules complicou, ainda. mais a interpretação : mar; 1861) e La Montagne (A montanha, 1867), e em J
“seu “casamento, ao: referir-se com fre- outros textos: estava: repleta de ambigúidades da pro-
le como, uma ligação incestuosa, em que dução: literária doméstica.” Embora L. “Oiseau fosse
temente o papel. de Pai : publicado sob o nome de, Jules, ele, Jmesmo mencio-,
nou a questão da. autoria, primeiro, ao dedicar L “Oi-
çº seau a Athénais como um produto do “lar e-do cora- .
- ção, de. nóssas ternas conversas: noturnas” So “Essa
obra, Jules explicou, foi 9 resultado de. “horas dela-..
E zer, conversas vespertinas, Teiturás hibeinais, bate:
pessoas de dades muito diferentes 5são . = papos« de; verão” é dê outros esforços conjuntós.*! Um
nd as mais velha haiece Pai Sus o : crítico do Moniteur -não o único à “reconhecer. vesti=
glos “de-uma colaboração <>-citou a obra como têndo: e
“o estilo de um homen superior abrandado pela” gra- : to
ça e pela, delicada sensibilidade deumamulher”.s? O o ss
mp próprio. Jules escreveu a; jornalistas” lembrando suas o a É
Sd o origens familiares e pedindo- lhesrpara; “lévarisso em
conta”.em suas críticas; No ano Seguinte, ele falou de
“maneira bem diferente à um jornalista italiano sobre Eita
ja autoria de L Tnsecte; O livro era, + “ma verdade, 1 tra o

79. Sobre. Essas obras e sua! importante relação | com Tea


nr RE: progressiva conceitualização de Michelet quanto a:
EAR questões históricas, ver ORR;-Linda. Jules Michelet:
Coco Nature, Históry; and: Language. Tthaca: Cornell Uni- É
= Versity Press, 1976, te des '
“80, MICHELET. Jules: Deuvrês: o mplôtes org. Paul NE
Viallaneix. Patis: Flamin rion,1986. XVII, PudSa
A balho dé! conipilado
“por mimVictor - Hugo féz el g os; depois de rece: ., morte, Athénais deu a Monod. púdeies pá:
“ber um exemplar. gratuito. “de L Tnsect “Sua. esposa. “muitos dos. papéis do marido. Com isso :
: “ está-n ú le, e sentia passar nos € orredores subterrâ- , “deiros' próblemas começaram. Ns
“neos coma “uma: fada; “como um luciole avorientar o. ': De'Monod'a Lucien Febyre e outros, o interes- :
“gênio do marido- “com; sua luz ardente": Nos testa-- “se por Jules Michelet créscia entre. intelectuais: fran". em
mentos qué fez em 1865 e 1872, Jules legou a Athé- “ceses proeminentes, “mas era: am interesse! invariavel-
“mais. ôs direitos: autorais sobre seus livros. e outros. mente. acompanhado: de sérios ataques a, Athénais =
“ textos, não apenas porque, ela servira de secretária, “ataques que se tornaram ainda mais pronunciados ao o
“pesquisadora e leitora-de próvas, imas: porque, “escre- E “Jongó do século 20. Monod;-que durante à vida de
vera muitos «capítulos desses livros”.85 » Athénais reconhecera sua: contribuição àaobra de Jur E
“Quando Jules morreu, “em 1874, sua viúva co- “ les: (“fiel depositária de suas idéias” ys e creditara aela
loco de lado: “alguns, dos Projetos nos quais: estivera o, mérito pela: publicação de muitos. trabalhos: póstu- PR NR
trabalhando « com: interesse especial, Pôs em ordem | os mos, trocou habilmente de posição. Praticante de ima :
papéis que ele próprio não destruíra e usou- os-como “história diferênte, mais científica, Monod atribuiu, a”
“base para diversos livros, inclusive. um resumo daju- o
cs ventude dele, uma Versão abreviada de seu diário, ns
um livro histórico, um de viagens: e uma: biografia, o:
E genro de Júles (igura literária de “alguma j influência, Ra à icler incorporou o “espírito: histórico francês,
Sit Mas de. reputação desprezível) e os netos contesia- “solidariedade pelos mortos não pranteados- que foram no
“e tam a herança: em juízo. -Athénais ganhou a causa, “ MÓSsÓs antepassados”** e, como tál, serviu: de historia- +
ve "entretanto, tomando. como patrono néssas iniciativas |: “dor modelo do nacionalismo francês, tão. importante nao
Eden “ editoriais Gabriel Monod — amigo: i família, funda- “ para: os historiadores. científicos da geração de 'Mo-:
dor da Revue Historique «e pioneiro no. desenvolvimen- ; nod;* De Tato, muitos historiadores que se interessa-
o da. obra hi tórica: científica na França. Monod ir ram pela ciência naguela época de-profissionalização, :
“troduziu seleções do trabalho de: Michelet, escreveu o “embora repudiassem os interesses políticos e desejas- :
a uma. análise. sobre ele no seu. livro Renan, Taine, Mi sem sepurgá-los: de suas obras, Foram incontestavel: |
= “chelet (que: também enalteceu a “dedicação. de Athé-
te, “nais éà: memória. do: “marido e seu, interesse em dar de MONOD, Gabriel: Renan, Tainé, ; Michelet: sh ed
a ao trabalho dele), grére ven uma:1 bio- Paris: Calmann- Lévy, 1894. Pe 289. náseioo
graf

y and Community
Press, 1975.
Jivro publicou bartés: íntimas de: seus dé rios, , paras
mostrar à; complexidade. do relacionamento, do. casal:
av e do relacionamento de Jules com: “outros membros“
o : de sua: família. “Apesar de sua moderação, o: trabalho o es
- de Monod foi crucial: pará a, análise de sua: autoria
em, “termos científicos”, distinguindo: o como figu- "cs
Ya representativa: da: historiografia romântica t deli= (0
neando claramente: os: contornos .dé um Michelet
unitário, o “grande - historiador. Os. capítulos sobre. Ea
«dois dos filhos de Michelet é o material. sobre sua
primeira esposa ampliam o conhecimento público Po
de seu círculo familiar, reduzindo à segunda esposa
a: um. dentre os muitos “coadjuvantes. Dutante: “esses
período, ' Monod também. ministrou um curso sobre ido
* Michelet no Collêge. de France e aumentou ainda. E
mais. Õ. conhecimento: sobre o. “autor ao examinar.
“ * exaustivamente. as origens de seus textos históricos
“e estabelecer um: precedente elucidativo: Monod
o -apregoava. que o mais importante trabalho de Mi-
“4 Chelet havia sido: elaborado durante seu. Primeiro
Era cásamento e. antes da: Revolução de, 18481.
A jMonod nunca, separou em definitivo Miche- “os
let de. “suá esposa. Também não rompeu o vínculo RR
celebrado no diário de Michelet nem: desaerediton es Sie

Y %“chelet, 1798: 1852: Cours professé aau O sllág de Fran:


RE « - Ger “Paris: Champion, 1923. 2 v. Essa publicação pós:
Ele E “tuma influenciou ; elarâmente a interessante. inter.

“em 1854 ernbora Michelei tenha vivido, “ainda | por pri


' duas décadas, escrito muito e 3 ) Je o
2 * história natural que influenciariam Lucien Febyre e els
“outros historiadores: da escolaa Aitaleio E e R e
intéiramente « o sentido de fusão” “que “Aslrênaio éra Jus
domentado. ao fazer as publicações póstumas. Ou- o
“tros autores. foram mais corajosos. Em 1902, “Daniel: ;
- Halévy publicou na Revue de: Paris um- artigo: de “tos, e -editóres: postériores tescreveram o cenário.
“ grande repercussão sobre: o 'segiindo casamento: dé ao “como inversão: é desmando. sexual. A drástica revi-.
“Michelet, no qual, afirmava: a total inutilidade: da o são de seu script - — “aquele, que: retratava, uma vida 4
“obra-de Miçhelet depois: de sua exoneração de to- - doméstica terna, erótica. e colaborativa - — estava” em.
-dos' os cargos: por Napoleão III (e. por, “implicações . “andamento, perpetuando à alusão a segredos se.
ma após'ó casamento). Mas Halévy também atribuía. = Gif
| xuais que: motivavam a pesquisa, “enquanto: supos- RA
- explicitamente. seu fracasso à; Athénais que, 'segun-.. “tamente esclarecia a questão da autoria.
do ele, “sofria destrigidez espiritual” que. contrasta- “Levada dessa. formapara o estágio historiográ-
“va vivamente. com “o misticismo e o entusiasmo | Aico, a Viúva teve uma importante função literária
“ fervorosos”: de Jules; Reconhecida, mas; também . ao ajudar à estabelecer ironteiras em torno dó autor. a
“perturbada, ela tinha como, objetivo: a total, eanti- “de obras históricas e-ao agir como” uma “dublê. com
natural dominação do marido, “do. quarto de jdore “quem o herói lutou em tim conflito clássico deau-
“«todefinição. “Em lugar da zelosa filhã de um: pai/do-.
de trabalho. Bra. à: mesa de trabalho. que. ela aspira. ey “minador, “Athénais tornou-se “uma daquelas mulhe
va, mas: no prificipio-(era, Michelet: que é a defen-. “tes que concedem: com mesquinhez. O sexo”, forçan- nos
- do Jules a travar, uma eterna batalha para conséguir- E
um: pouco mais/dele: 26 -Em 1936, Anatole de: Món-.
“zié, um: advogado. e autor que fora sucessivamente o
“ministro de obras públicas, finanças e educação, cur
“nhou otermo:“viúva abusiva” - estranhamente não
para corisortes' famosas por seus escândalos, como: ca BERRO
“Catarina” de: Médicis,. que, podia ser considerada: Os
: “claras e corajosas, Ra o destacavam "airída 1 cengtiplo do “desmando” feminino, mas para Sônjt
má is do elenco de peisónagens, que eos circundava: “ges de intelectuais. Ele acusáva essas: mulheres: de
Es “interferir nos Jegados: literários é “artísticos “deh
“mens como: “Clãude Bernard, Leon Tolstoi e Jules Mi-
A cheler. As mulheres 1manobravami é a fepuiação de
Ve

X
a

trabalho: detalhado mostrara “que R


1 “histoir 5universelle (Introdução à à históriaur
"1830, Íora'a obra dos seis anos. precedentes e que seu
| prefácio tinha. sido. em grande parte escrito-nos mes
'ses, anteriores ão verão de. 1830/95 E isto: é, antes. que: =
-a chamada era de liberdade, tivesse começado. A
“construção. de-um aútor. que fosse utilizável teve
- precedência sobre a precisão erudita, e Febvre iria
constantemente: reférir- se a Michelet em sua obra;
“cescrevendo. por fim um artigo intitulado: “Comment
“Jules Michelet' inventa, la Renaissance”, ("Como Ju-
-Jes Michelet inventou o Renascimento”). a
re-via (seguindo Pt AO: assumir, o comando do projéto pós-guerra '
tia da: liberdade “de publicar uma edição “erudita dos documentos. e pas,
'trabalhos de-Michelet, Febyre escolheu Paul. Vialla-. Cosas
“neix e Claude Digeon como organizadores, “supervi- (4.
sionou ele mesmo q' projeto, e confirmou seu grande
“interesse: em” Michelet. Os volumes -quecaté então.
“ haviam aparecido continham (entre outras coisas) o.
“diário de: Michelet, |seus textos -da- juventude eos
trabalhos feitos em “colaboração « com a esposa. Em to"
dos eles, os; organizadores incluíram sériossataques a
“qualquer. alegação de que “Athénais tivera um papel. o : '
substancial - = - OU, mesmo ínfimo= na sua autoria. Eles :
provavam. essa! posição de várias maneiras, todas elas
E aceitas como > parte do método denílico Em Pri.

“ 106: 'MONOD, Gabriel: Tail vie et ta peniste; de “iles


= Michelet, 1798- 1852: “Gours. professé aus, Collêge. de
“Pari «Lp: 185-187:
a om cért Za sabia do. grande conhecimento
. de Monod sobre à obra de Michelet- “conhecimento
“que demonstrava que a Introductionsà Ehisioire uni-
verselle não Hiaviá sido “écrits sur: les pavés Vrulânis o :
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica O que é um listoriador?

meiro lugar, os manuscritos de L'Oiseau (e de outros cial entre marido e mulher; ao contrário, lançaram o
textos sobre história natural) foram minuciosamen- livro como o produto de uma disputa entre masculi-
te examinadosa partir da caligrafia. Qualquer deta- no e feminino, em que o gênio masculino triunfou,
lhe na letra de Jules indicava aos organizadores que dando ao mundo mais uma obra-prima.
era ele o autor; ao contrário, qualquer detalhe na es- “ Ao recontar a história de Michelet, os organi-.
crita de Athénais indicava que ela não era à autora — zadores abandonaram a progressiva, porém qualifi-
que era uma “simples copista”. Os organizadores ad- cada desaprovação de Monod quanto à autoria de
mitiam que ela fizera grande parte do trabalho pre- “ Athénais e construíram um relato inteiramente ne-
paratório para L'Oiseau (pesquisa, esboços), mas en- “gativo de suas “falsas” produções literárias. Publica-
cobriam essa única atribuição generosa, citando no- das após a morte de Jules, elas incluíam textos de
.tas para indicar a “importância do trabalho pessoal “sua' juventude, trechos de seu diário, narrativas de
[de Jules] na documentação”. Por fim, os editores viagens e suas cartas de amor para Athénais. A edi-
compararam os abundantes esboços iniciais com a “ção escolar de Ecrits de jeunesse (Textos da juventude)
versão final do livro e consideraram que, em con- abre com uma descrição de como esse trabalho ins-
traste com sua “verbosidade”, a versão final era tão pira não apenas meninos, que recebem o livro da
“definitivamente” marcada pela “originalidade” de mão dos professores, mas também jovens mais ve-
Michelet que as idéias de sua esposa e, por conse- lhos e mais requintados, que consideram as amizades
guinte, qualquer pretensão de que 'a autoria fosse de Michelet análogas aos relacionamentos entre os
sua, estavam inteiramente descartadas. Assim, “'a nobres retratados nos textos clássicos que estudam.
colaboração” de Madame Michelet ... deixa de ser No entanto, se os dois grupos de leitores fossem aos
“um problema”.'” Confessando pertencerem à área arquivos de Michelet, descobririam que, apesar das
científica, os compiladores viam o “espírito criativo” proveitosas lições do livro, eles haviam sido engana-
de Michelet firmemente estampado na obra: “A con- dos e se transformado (nas palavras dos editores) em
tribuição dela para L'Oiseau lirnitou-se de fato à pre- “venturosas vítimas de uma fraude”.!”
* paração.” Transformado pelo “excelente projeto” do Qual é a natureza dessa fraude? Em vez de re-
maíido, o-“imaturo livro dela transformou-se
em um velá-la e de apontar imediatamente seu perpetrador,
épico”. 1º Os “organizadores construíram a autoria os organizadores mantêm os leitores em suspense,
-com.base na caligrafia, e mesmo assim aplicaram pa- mudando para a inspiradora história da vida de Mi-
drões marcados pelo gênero ao que isso indicava. Em chelet, que apresentam como passada na “febre
nenhum caso eles admitiram a colaboração substan- mental” da preparação de suas várias histórias. Mais
/
velho, “considerando seus textos da juventude uma -
107. MICHELET, Jules. Oeuvres complêtes. Org. Paul relíquia”, Michelet começou a destruí-los, junta-
Viallaneix. Paris: Flammarion, 1986. XVIL p. 187.
“108. As citações referem-se especificamente à dis- 109. MICHELET, Jules. Ecrits de jeunesse. Org. Paul
cussão dos editores de The Bird. Ver MICHELET, Viallaneix. 5th ed. Paris: Gallimard, 1959. p. 10.
op.cit., XVII, p. 187-206.

204 205
dentes, os organizadores providenci
= rabiscos, nos cadernos, e em trechos avú Iso

“= dos”. “Nãoi imaginamos que a exatidão noss exigisse res- EsÃs


“Peitar, esses “detalhes, "2 Bra dessa maneira “que os ho-
mens que acusavam Athénais de ter eliminado frases:
“que não cóincidiam corr seus valores explicavam as.
mudanças que eles mesmos haviam feito, sempré que. to
“seus próprios. critérios diferiam dos de Michelet: De: '
“Jato, "Os: organizadores criaram; a partir.de, fragmentos
e textos diversos, um “único e completo”. relato, um:
AD “Micheler integrado. é inteiro, separado: de suapérfida
esposa. Mas esse 'Michelet era o Produto dessa edição o
específica de seus trabalhos.º E
“O tropo continuou poderoso. Por. exemplo, Mic
“chelet lui-même (publicado “em: inglês simplesmente: S

a
, cómo » Michelet), +de Roland Barthes, Sustenta “que. ta

E, MICHELE, Jules. Journal. Org. Paul Villa


“Paris: Gallimard, 19621 Pp. 3 :
“is: Os: interessados em inaiores informações. sobre: '
o relacionamehto dos organizadores . dos textos .
com Michelet devem consultar as introduções ao...
“sei Journal é outras obras. Muitas delas têm como
: base úma linguagem rebuscada;'a: introdução: orse-. e
"gundo volume do Journal, “por, exemplo, éum
" Tática imagináção da-vida de Michelet, com:
“ nais, escrita com; o pronome de tratamento no
“tal: “Vocês vão embora sem sua companheira
" não- está bem hoje, “uma. pessoa . doente, ferida
comoó todas“as mulheres; 'Vocês- passam, pela porta:
de seu amigo Quinet sem bater. Vocês não têm con-.
dições. de explanar sobre'o futuro da democracia: o. Ee
a céu está puro; demais, aluz cáli demais; Esta noi-.
“a te de.setembro lhes é dada: generosamente.: Fla, Te- Sinais
“quer rpeditaçãos, : Michelet, Journal, H, “gi.
Uma exceção à: idéia iedorinagãe é o recente estu. dé
“do; de Arthur Mitiman. sobre Michele, qué téntou ge : E vel; iagifar uia, forma de tratar Athénais écomo
+ Merosamenté absolver Athénais de muitas dessas. acu-. “historiadora. ou autora não é'o meu propósito. “Abor-.
"Sações, explicando que sua formação | não era a de uma . s do 9 aspecto. “de ser ela ou não urna autora apenas
mulher erudita."> Além “do mais, como Mitzman ob- ga E para sugerir (ao-lado: de Mitzman). suas; qualidades
o serva e seu, próprio trabalho demonstra; ainda «que nome dialogais e «colaborativas, “para indicar o modo como.
“essa “viúva “abusiva” tenha suprimido algum. material, “+ ela; editava passagens dos: diários de: viagem, para
“sexualmente explícito, ela ainda assim, permitiu que. “descrever: mulheres é não homens, e para: observar.
“muita coisa fossé publicada, tornando: as obsessões de no que. grande parte da tão condenada compilação das
Michelet mais do que bem documentadas. “Mitzman Cartas de amor de Jules envolveu 'a omissão das car-
táâmbém observa que a versão dada pelos: editores mo- tas em que ele discutia o estado sexual e psicológico >
EA “demos. às cartas de amor de Jules. (uma “relíquia sa- | . dela e -as opiniões: “médicas. sobre. 0 Caso. its
“grada”, eles afirmam,. canonizando Jules). omite as de: o “Os ataques à; condição de autora: de Athénais - ;
-Athénais,. que: ela incluíra na edição original. A omis- As “são interessantes por si mesmos porque, ao usar o gê-
: são torna: muitas vezes as cartas de Jules incompreen-. : “nero para, criar um autor histórico; eles ajudam a de-
“síveis. Mit “man continua a refefir-se ao “falso Miche- = “= finir 0 campo “histórico. Para usar outro exemplo:- os.
“er” criado | por sua viúva, mas reconhece à natureza io : organizadores da obra de Michelet se perguntavam se,
: interativa dos textos, pelo: menos hos póstumos rio Vi -Athénais “coneiliou - suas. pretensões literárias com. q
E É possível supor que às: “eruditas feministas "amor de esposa sem: questionar se o: gênio literário ànão:
Ra apoiariam O tratamento | favorável. dispensado. por”. era profundamente individual, se o mais fiel dos es- + í
& gcMitzman” à autora;: aprovariam a apreciação de seu “critóres não se descobre sozinho. com suá, «consciência .E :
trabalho: e lutariam paja estabelecer ao, menos um: 4 = e seu talento: quando escreve, e se o primeiro compro.
“contexto historicamente acurado- dé: suas realizações. Err. - misso. de fidelidade com elação-a à | memória de Jules
entanto, elas também correm o Higã o de repetir 9

a linguagema erudito combina passagens que listamed


tações de arquivos é ções de “respeito ao pé da:
TAí

“essa: história: tem sido ao, mesmo. tempo altâmente


Es acusada. é recusada: por: “considerada, | Tepleta- dec
É fantásia,. paixão é ultraje marcados pelo gênero. O
É - caso, dá viúva-de Michelét mostra tudo 1 isso: de forma
via estabelecer ós' limites. da. história, cujas: fronteiras
“ela desatiou- de maneira tão clara. ii ' AU nome de Bloch. (que, era Júdeu). Diante da insistên- .
O grande autor, criado de, forma tão. ligada ao. «eia de Bloçh para que resistissem as políticas anti- E
- gênero, colaborou com os dilemas autorais de outros | | semitas dos nazistas, Febvre respondeu: “Qual é 0.
"historiadores. Por exemplo, o trabalho, de organiza- A - problema de haver apenas um nome: na apar, Baco
A
ção de Lucien Febvre na nova edição da obra de Ju-. .
“+ leg e sua “devoção pós-gueira' à Michelet ea criação.
ros als. Ver SCHÓTTLER, Péter Lucie Varga: Les auto Coto
“ao culto do autor; “encobriram ambigiidades nasua o RR vo “tités invisibles, Paris: Cerf, 1991. Schóttler fez exce-
“Própria autoria dos. Annales e dé outros trabalhos, o Vala doação «Jente trabalhó ao descobrir os. detalhes' da vida obs- aa
- durante a década de 1930 e a Segunda Guerra. no “ cura de Varga é: publicar novamente seus; ensaios e. Si
“7 Mundial. Febyre foi. co- -fundador. dos” Annales. com. «artigos. Ele sugere a atitude misógina dé Bloch como
“Mat Bloch: e seu'trabalho conjtnto nunca-foi fácil, Goi relação ààs mulheres intelectuais, mas O-mais impor-
- tante é a'angústia de Bloch ao, descobrir que sua co-
- como apont, muitos ip iadores, A partir. da' me Es
no laboração | com Febyre fica ainda mais Corhplicada E
pela obra de Varga. Schóttlet relutou em revelar a
“extensão; do relácionamento de Vargá- e Febvre: “La,
| Vie scientifiqué et Yamour..: não-São. considerados
“pertinentes em, relatos: da vida, de um intelectual”.
: No entanto, Schótiler considerou necessário revelar, | s
TO, “O romance porque “suas consegiiências eram tão: e PEA
determinantes que não seria possível mantê-lo em im
Se segredo sem falsificar 'a- história”. 457, n. 142): Essa". ERR
Eid declaração . ambígua”, talvez sé referisse. ad subse: red dd
o quente, emprego de Varga comô vendedora deaspi. er o
“Tadores de pó e: depois, em tira, agência de pub

“ simples impediu- -a “de conseguir. o “medicamento: E


- Necessários . para tratar à: diabetes, Ela morreu em
“1942; aostrinta é quatro: anos) E
“DAVIS, Natalie Zemon. Women and the World of
“the Annales. History. Workshop Journal, 33; “p: 121137:
1992, descreve-c S: “contribuições: de: Suzanne Dognon Ee
ebyre “pata a obra de Lucien Febyre. & considera o im
A
a

O que é um historiador? .

iniciativa. que conta: tuo Davis Hustra as dificulda-:


: “suas centenas de milháres de viúvas de: guerra e com, se
des dos autores' durante a Ocupação citando os mui
- Uma: ordem, “de gênero” perturbada pelos efeitos da
tos compromissos, alternativas e resistências possi-
“guerra e da depressão econômica. Os homens: que. Eos
“veis. Febvre preferiu não. colaborar abertameúte . “ “voltavam da guerra estavam muitas vezes: inteira,” re
, nem resistir abertamente, mas. sim tomar um cami- :
“mente desorientados; outros acreditavam que-as es.
nhointermediário; que lhe, permitisse continuar F
posas os haviam abaridonado, e um ousado movi-
- parecer um autor histórico importante. Por estar
. mento feminista exigia direitos iguais aos 'dós ho-.
Michelet. solidamente estabelecido como autor no.
» mens. o: desmando — O “declínio da Terceira- Repú- É
- discurso historiográfico das décadas precedentes, blica”, como a maioria dos' historiadores franceses di-
Febvre consolidou sua própria posição apoiando os. ria — lévou: à derrota em 1940 e a. um prolongado |
ataques sistemáticos à viúva abusiva e supervisio-
mal-estar depois da “Segunda “Guerra: Mundial. A
nando um projeto que, eritre outras coisas, se empe-..
“viúva abusiva”. oferecia uma explicação oportuna,
nharia em déstruir suas pretensões de aútora.
“em que sua falta de inteligência, sua inferioridade. e
-AQ estabelecer os limites da história e da natu-
“fragilidade simbolizavam uma inversão de. tudo o :.
Teza da identidade autoral para gerações subsegtien-
. - que os intelectuais franceses consideravam s suas, ca-'
tes de historiadores, a. saga) de Jules e Athénais' Mi-
-racterísticas definidoras. tão vai sie
“chélet pode inclusive ter originado. indagações sobre
o “Se, como Hayden Whité sugere, a narrativa Fica
a identidade. francesa e a forma de sua história. A: factual “moraliza a realidade”, a erudição de Miche- so
França. do século 20 foi particularmente abalada por
let (e este relato abordou. apenas alguns pontós de
questões denacionalismo, gênero) e história. Enqua
n- especial interesse) tinha uma relação direta com a
-to Monod e Halévy. esboçavam |
uma história de” realidade política da história da França. A biografia.
transgressão feminina na casa de Michelet, a queda:
- “ de Michelét:como historiador. recapitulou a história
ao índice de nascimentos, o movimento feminista
é “da França pós-revolucionária, usando o gênero como
“nova: mulher” já tinham levantado questões de
tropo. Antes de 1848, Michelet envolyeu- “se em he-
: : gênero e provocado temores ha declinante virilid
ade róicas. batálhas por grandeza como. historiador; mas;
= dos homens franceses. Desde sua derrota na gueira :
. “aquele ano revolucionário foi um divisor de águas
“ franco- -prussiana de 1870- 1871, os franceses tinham
para ele, da mesma forma como foi para a França —
“enfrentado um mundo conturbado por derrotas, Te.
extasiando- O € até mesmo fazendo dele o escravo: de.
parações e anexações.. “Apenas depois de' 1920; no
um soberano. “ilegítimo”. Michelet continuava. “pro-.
“entanto, o discurso da “viúva abusiva” tomou forma
dutivo; “abrindo; inclusive. novos meios de pesquisa,
completa «e: efetiva, enquanto: a: França Intáva com - mas suar “escravização* estava em “contínuo: -desgas- so
EN

no: “Lucien Febvre' para Marc Bloch, 1941, citado ; i20. Essa “parte de. meu argumento baseia- -se- “em ro
aims, em: DAVIS, Natalie. Rabelais among the Cénsors. é ROBERTS, Mary Louise. Civilization without: “Sexes:
-Reconstructing Gender in Postwar: France, 1917
“1927. Chicago: Universidade de Chicago, 1994.
comenitiável sobre sua inequação «
ótica. Além disso, a mudariça na a
cismo, do Plane. or Jaz a
fissões que reabili- “menisurabilidade e relatividade tenham: a 'suá. Nez; í
- Mas os critérios: de Gossman ainda deixam de consi-
La ir N ria oMichelet -— um enprme Projeto da + a dérar a repetida: atenção a alguém tão: insignificante “+ E
quianté Athénais Michelet. + Apenas explorando c os mo-
“e singulares « como Os- abitejastados: e colaboradores
“dessa nova escola de.história,-é trabalhou para obter-
“um roteiro nesse sentido, como múitos antes dele ha-.
viam feito. A categoria “autor”, como Foucault pro-
: pôs, ajudou a organizar a disciplina em torno da clas: '
-sificação de textos históricos e do “desenvolvimento E
--deoutros: procedimentos críticos que a invocação de
“um único autor facilita; permitindo: o surgimento de
genealogias de iniluência e. ascendência: ã Desde o Sécuto. 19, as alegações: de “que a histó.
ces LO que.é um historiador?” perguntamos, alte-: - Tia, é científica têm: Se apoiado não apenas em sua su-
“ rando a indagação de Foucault. Até agora, um histo- — o posta objetividade, “mas no trabalho efetivamente:
“ riador tem sido a incorporação da verdade universal; . «realizado. na busca da verdade. “Todo “Sato. históri-
alguém que, formado por retalhos de detalhes psico-: “co”“a , escreveu o historiador Michel de: Certeau; “rê-
“lógicos +e de provações purificadoras resultantes de sulta de uma práxis, .. - Resulta de procedimentos, os
contingências da; vida. cotidiana, da; paixão. humana quais têm “permitido a “articulação de um modo de;
« ede mulheres vorazes; surge como um gênio despro- " compreensão. ha forma de uma exposição de. fatos”. E.
vido de gênero“e com um nomé que irradia *extraor- = Essa formulação espelha o que os: historiadores. da:
“dinário poder. É hora” de se. começar a pensar, sobre+. ciência descobriram: que uma atividade intensa e. de-
“as maneiras pelas: quais essa “presença. autoral tem; “talhada precede necessariamente a produção de fatos
E na: verdade, assumido. o gênero masculino, é como: - científicos. Da mesma. forma, historiadores inovado-, nO
ela toma formá em razão das repetidas comparações: res sustentaram, no século 19; que a verdadé cienti-
* déuúum “original” mascúlino com uimá “copista”, “fal: “fica.sobre O passado fundamentava- -se em um 'con-.,
: sificadora” ou “fraudadora” femininaí No século 19, “junto de. práticas seguidas com Tigor + incluindo- se,
Ó processo” de criação: do superior e'do inferior fazia - dentre as mais importantes, o treinamento em semi-: o
parte dá prática: educagional, assim: como do traba-". : -nários e a pesquisa em arquivos. Essas. práticas esti-. No
“lho adulto. Embora os espancamentos tenham: aca- “mularam : um entusiasmo extraordinário . no: mundo q
“bado nas escolas, o' conflito. entre vencedores e fra: ocidental, ão ponto: de homens. jovéns viajarem mi.
“cassados figura em nossa “cultura visual e histórica. : - lhares. de quilômetros para participar de seminários e ço :
Na historiografia em si o grandehistóriador, ligado à —antes das bênçãos, do; aquecimento central, -das via-. E
parceira ausente, inferior e sem originalidade, conti-. gensspp 'e e, uma série de benetícios feenológ
Nua aser o modelo. sempre preserite para, padrões
“científicos, mis ines dB card. o i vida :

ú “123 “Sobre esse: ponto, vet BLOCH, Ri Howard: a ,


“Medieval Misogyiy:" Reresentaticii 20, P: 1brado:
autumn 1987.
E Como. mostra o “casosda imadora! EN “história tomou
« “muitas formas; “jurisdições e valências antes do adven- :
“To do seminário e de outrás “práticas , profissionais: 's
Po "Mesmo. na educação em: núvel superior, as universida-. :
si

“E des. e academias encenarám a: disseminação do conhe-


cimento histórico como espetáculos. Na segunda ;me- essas “ocasiões “paras O cacto Vespertiió”, à Apenas
a tade ido: século 19; enormes platéias - com frequência % “aqui e ali era: “possível ver: úm homem- jovem”: 3
o compostas. em grande parte por senhoras da sociedade Embora 0 amadorismo, florescesse, no final, do.
Oa Ji
JN
S
cb
º | século o seminário ea pesquisa em arquivos, tinham.
- provocado: uma reversão de: destinos, 'ao conseguir | o
“Sodeiyo Camb deé MA: Harvard University Press, -
1987. Embora muitos, estudos . nacionais sobre “a
“ascendência sobre outras práticas históricas, “estabe-.
pr issignalização da-história 'e o surgimento das lecendo os padrões para a escrita histórica como ain- NE
;ciên as sociais tenham ajudado a. dar forma: ao meu ] vestigação da política, e convertendo» “sé nios critérios;: EINS
argumênto; não “considero as: diferenças hacionais. para O sucesso dentro de uma profissão poderosa.
“CÃO; contrário, focalizo o desenvolvim: nto institu- jo Isso ocórria especialmente dentro: do: seminário, más aaa
informações sobre desenivilvimentos nnacionais de-: : fo
vem consultar ROSS, Dorothy. The Origins of Ameti- 7
Sana fes PA MNE te

E “can Social Science. New York: Cambridge" University :


91: HIGHAM, John. : History: Professional
4 USO =E hodin
Es Higher Historical Instruction: In: HAIL, G. Stanle A
UE in the United' States. Baltimore: Johns) - A Org). Methods of Teaching- History. “Boston: - Ginn,
, William. 5 Heath, 1885. p: 44.'Não estou tentando: corroborar:
erlbs este mem: os muitos outros” relatos de. que” os: salões ,
de: conferências” europeus careciam de-hómiens jo-.:
xéns e vigorósos, mas à idéia estava amplamente di=,
1 Historiographiegesehhichte | “K fundida. 'MARTIN- FUGIER,: Anne. La vie Elégante;' :
Frommann-Holzboog, “ou, Lá formation: de” Toui- Paris, 1815- 1848. Paris: Fa=
“Transformation: of: A, yard, 990, oferece forte' evidência de que-essa sitha-s
«gland. New York: são: existia na Franca; Jacób Burekhardt fez conf E
1 Aftiqua- | rências para a sociedade dá-Basiléia na metade do sé
rians, Historia aand db in VVict “culo; e há relatos de” que.as palestras em universida-
des inglesas e alemãs: contavam com inúmeras mi
Ps CAS E lheres'na platéia, As palestras de. Treitschke mais para
UQ finalido século, eram muitas vezes; citadas como éx-
: sceção: 'cada, uma” delás arrastava centenas de homeús,
*; jovens: ansiosos por. “ouvir: sua versão: “combativa-" ncia
e mente nacionalista da hi tória. Mas a. idéia mnuitas.
o
asa

Gunis haviado recebido. Heipáménio, em seminários. cxiro que parte “do atrativo dessas novas;s práticas tenha
: Como- a maioriá. das outras, profissões no período mo- o . “sido a forma pela: qual elas. propuseram uma; ident
“derno, a história desenvolveu -um perfil institucional E - dadé masculina: dignae à altura da árdua. busca. da”.
mais pronunciado ao treinar historiadores em uma | . objetividade. Disciplinados pelo seminário: 'para- se
: metodologia distinta, dotando-os de um (conjunto de. tornarem “cidadãos” aventurosos, jovens, profissio- ,
é “ conhecimentos que os habilitava. . vo PecaçO “nais saíam e em busca de arquivos, na. esperança de
“A ascensão da história científica por 1 meio do Ú — carrombar 08 portões do “harém”, documentário, sal-
poder crescente de suas práticas | tinha implicações: “varas “delicadas-princesas”. ali residentes: e nesse |
«de 'gênero, também: Seminários e arquivos eram es- processo, encontrar a verdade.
paços reservados sobretudo para, homens profissio- o
“nais, e é nesse contexto. que o trabalho profissional ;
“da ciência histórica. pode set -visto como intimamen- o Emi áRiA HISTÓRICO + b
te ligado ao. desenvolvimento da masculinidade no sã /

século 19: As; discussões sobre o crescimento de dis-- “Antés de 1500, o seiliinário histórico éera. umaa. ço
“ ciplinas intelectuais: nos. tempos modernos identifi- o “ Ânstituição nova com: tal. magnetismo internacional, gos,
- caram o conhecimento profundo, o domínio e outros” : que, de longínquas: distâncias, Tapazes mandavam
“ atributos caracterológicos como: essenciais para, a “para seus ansiosos pais. cartas. entusiasmadas' sobre. e
. -profissionalização, 18008! têm classificado. em grande | - Suas experiências nesse tipo de atividáde. Professores ot
- parte como: “traços burgueses ou “de: classe. média. e universitários escreviam relatórios ssobre seminários e a

A
si Existém, contudo, evidências suficientes para suge- faziam-nos circular amplamente, enquanto autorida-
sais “des universitárias e até ministros de educação tenta-
5. Ver, por
p exemplo, E “caracterização de Burton Bleds- “vam: conseguir controle sobre eles. Esse: novo; local de'
“e. tein. po TITE, Andrew Dickson. :The culture.of Pro: aprendizado ; histórico surgit em algum momento; en-
po fessionalism: “The Middle. Class and, the” Development o Sos
: , e

'of.Higher Education ini America. York: Norton,


: - Notáveis exceções: a tendência a tolerar o desen- 'ned Professions' and “Their Organization, Hróm" the
: nã profissionalização Early Nineteenth Century to the Hitler Era. Cambrid-, Ds
ge: Cambridge. University Press, 1991; COCKS, Geof-
aca
Trey; JARAUSCH,. Konrad (Org.). German Professions,
“1800-1950. New York: Oxford University Press, 1990; ".. Goo
“ CONZE » Werner; KOCKA; JiúrgenA Org). Bildungsbiir- RR
“o gertum ini 19: Jahrhiundert: 'Bildungssystem und Pro- -
: fessionalisierung in intérnationalen' Vergleichen.
“Stuttgart: Klem+Cotta, 1985; GHISON,. Gerald em A o
] - Ea O im Pode
RE Aspráticas da história. científica
É o
pe es

tre 1825 e: 83, “duando Leopold" von; Ránke convio “Johns: Hopkins, os sêminários funcionavam o “Ja- Co

dou alguns. estudantes para trabalharem com ele se- Us boratórios onde os
« livros eram tratados cómo: espéci-: :
manalmente em sua: casa. O: interesse “espalhou- se mes minéralógicos, passavam de mão-em mão, eram)
pela Europa e Estados Unidos. De acordo como entu-. examinados e testados”. * Como diz Ephraim Emer
: siasmado “Herbert-Baxter Adams, da Universidade: ns ton; da Universidade de Harvard, o seminário era es-
sencial “para ilustrar é “implementar a seguinte ver-.

t
6. Meu objetivo não é fornecer uma história geral so- dade”: a história “tem um método científico”. 8 Mes-
bre os seminários anteriores à Ranke, mas mencionar mo um século mais tarde;. Walter Prescott Webb, em:
a crescente influência do'séminário de Ranke. Otra- “ seu discurso presidencial na, Associação Histórica: do”
“balho especializado em seminários filólógicos de:
'CLARK, William. O the-Dialectical, Origins of”the' Vale do Mississipi, conseguiu mostrar seu entusiasmo.
: Research Seminar. History of Science, 27, p.'111-154, “com o seminário histórico como uma aventura. expe-
1989; apresenta a fórma pela qual os seminários dei-- - 1 dicionária a um “país, desconhecido”, da qual o pro-
“lologia: patrocinados pelo. estado “em universidades “fessor era.o guia pioneiro eos estudantes “uma tripu-
+ alemãs se desenvolveram a.partir-de quatro das pri=
lação de desbravadores, observadores, caçadores e
meiras instituições educaciônais modernas: cadeiras:
EN "- professoras, cursos privados ou collegia, seminários “sentinelas, em todas às posições, à frente, nos flancos:
r “pedagógicos e sociedades privadas. Clark apresenta e atrás” As gerações criadoras da profissão de histo- |
“uma ampla lista de seminários filológicos da metade” -riador acreditavam: que a instituição do semi i
do. século 18-até 1838. Sobre.o aparecimento muito
histórico transformaria o conhecimento. É às -géra ões.
posterior do; seminário: filosófico, ver SCHNEIDER;
Ulrich: Johannes, The Teaching:of Philosophy at Ger-". posteriores conseguiram quiase todo. o seu treinamen-
Mai Universities: in-the. Nineteenth Century. History to profissional com otrabalho em seminários, ao mes-; |
- Of Universities, 12, p: 199-338, 1993. Ao citar fontes . * mo tempo em que encontravam as evidências histó-
culo. 19, Schneider. caracteriza -» seminário, . “ricas mais importantes em arquivos. a :
mo” a evolução de um método de” “erisino po
meio da: conversa”, em vez de enfatizar em.
rm primeiro “5 : -Não obstante as “invocações à obra escrita de:
gar a pesquisa, como. faz Clark. obre as várias ten- - Ranke, seus livros foram há muito tempo suplantados
tativas frustradas de estabelecer seminários históricos... pelos de;o outros eruditos e são pouco” lidos; seu semi- -
ntes do domínio de Ranke; ver LENZ, Max. Geschich--.: Ps
té der Kôniglichen. Friedrich Wilhelms- Universitat zu Ber- Do
tin.Halle:; Wisenhaus, 1910. 3'v. IH, p. 246-248. A li- 7 ADAMS, Herbert Baxter. New. Methods à in the
no teratura. sobre Rankeé abundante: Dois livros recen-: “Study
, of History Jenunmal of Social Sdente, 18, P. 2995 É
tes e-muito úteis são: IGGERS, Géorg G;; POWELL, “May 1884.
“James M. (Org.) Leopold von Ranke anid' the Shapiris 8. EMÉRTON, Ephiaiih, The Histotical | Seminar. inK o
of the Historiçal iscipline.. Syracuse: Syracuse Univer- : “American Teaching, citado em: ADAMS, Herbert, .
sity: B ss; 1990; e MOMMSEN, Wolfgang J. (Org). - Baxter. New Methodsi in the Study. of History. Jour"
*Leopold von Raânke und die mioderne Geschichiswissens- | E nal of sicial, Science, 18, p: 246, May 1884;
: “cha, Stuttgart Klett 9 9, WEBB, Waltér Prescott. The, Historical: Seminar:
as “Tts.Quter Shelland Its Inner “Spirit. sseiPR, Malta , e pi O
|, Historical Review, 42, P. 9, 1955 1956.
“Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica
“As práticas da história científica

alunos, trazendo para a sala de aula manuscritos ori-


ginais ou compilações impressas de documentos.'* No O que importava, acima de tudo, era que os alunos
seminário de Julius Weizsãcker, em Góttingen, sobre aprendessem “unicamente e por si mesmos a aplica-
a história alemã, realizado ção dos métodos corretos de investigação histórica”.'º
excepcionalmente uma
única vez na universidade devido a um caso de doen- Cada participante do seminário apresentava suas des-
ça em sua casa, o professor chegou com a criada a re- cobertas sobre o tópico escolhido e depois, em geral,
boque, “uma sólida alemã de uma
enfrentava um crítico indicado para contestar seus
certa idade, que
carregava nos braços nus um enorme cesto de junco”, métodos de investigação, enquanto o próprio profes-
repleto de volumes do Monumenta Germaniae Histori- sor fazia as correções e revisões necessárias. O profes-
ca.” Os professores em geral indicavam tópicos para sor, pelo que se conta, também ajudava o grupo a tra-
os alunos investigarem em fontes originais, mas em. balhar coletivamente em bateladas de documentos”
alguns seminários os estudantes tinham liberdade referentes a um determinado assunto ou período.
para escolher os tópicos que mais'os interessassem.!* Os profissionais sustentavam que a busca da
verdade histórica nos seminários deu origem a uma
16. Exemplos da abundante literatura sobre a relação nova comunidade baseada em um acordo para des-
entre métodos filológicos e o desenvolvimento da cobrir o passado autêntico ou real. Era um “Gesells-
ciência histórica são GRAFTON, Anthony. Defenders chaft”, relatou Emerton, da Universidade de Har-
of the Text: The Traditions of Scholarship in an Age of
vard, “uma sociedade, um clube, presidido por um
Science, 1450-1800.. Cambridge, MA: Harvard Uni-
versity Press, 1991, p. 214-243; é MARCHAND, Su- professor e composto não de alunos, mas de mem-
zanne. Down from Olympus: Archeology and Philhel-. bros”. Dentro dessa comunidade, as regras de eti-
lenism in Germany, 1750-1970. Princeton: Princeton queta, em grande parte estabelecidas por mulheres
University Press, 1996. William Clark traça um cami- em intercâmbios sociais regulares, eram abandona-
nho mais longo para a profissionalização dentro da
academia em “On the Ironic Specimen of the Doctor das na busca da verdade histórica contida em docu-
of Philosophy”. Science in Context, 5, n. 1, p. 92-137, mentos.” Theodor Mommsen, ex-aluno do seminário
1992, que argumenta que foi a própria natureza mu- de Ranke, e Johann Gustav Droysen recusaram-se a
tável do grau de doutor que lançou a pesquisa.
17. FRÉDÉRICQ, Paul. De V'enseignement supérieur : 19. GIESEBRECHT, Wilhelm von. Gedeichtnissrede auf
de Ihistoire. Revue de Vinstruction publique en Belgi- Leopold von Ranke. Munich: Akademie der
que, 25, p. 45, 1882. . , Wissenschaften, 1887. p. 14.
18. Ver, por exemplo, o relato de Charles Kendall - 20. EMERTON, Ephaeim. The Practical Method in
Adams sobre seu seminário, que ele iniciou na déca- Higher Historical Instruction. In: HALL, G. Stanley
da de 1860 na Universidade de Michigan; citado em (Org.). Methods of Teaching History. Boston: Ginn,
- ADAMS, Herbert Baxter. New Methods of Study.in Heath, 1885. p. 34-35.
History. Journal of Social Science, 18, p. 249-250, May
21. Sobre a importância das mulheres para o salão,
1884. Charles Adams disse que, ao contrário da prá-
ver, por exemplo, GOODMAN, Dena. The Republic of
tica usual nos seminários da Alemanha; ele experi-
Letters. Ithaca: Cornell University Press, 1994;
mentara deixar os alunos escolherem os tópicos por
HRERTZ, Deborah. Jewish High Society in Old Regime
conta própria, com excelentes resultados.
Berlin. New Haven: Yale University Press, 1988. So-

228
229
ória: Roniêns, mulhe

“der ao colocar a totalidade. da experiência histórica .


biiana sob: os olhos de, uma pegi na.e autócontro-
ia comunidade. Ocasionalmente, | “sala de. semi- : dição começou a mirdarfpara a universida
1 nários, era comparada a uma patérmalista “oficina O “Je Pratique des Hautes Etudes, “fundada nó: nal d
em que O mestre! experiente ensina a seus jovens | Segundo Império com o objetivo «de melhorar- a: edu-
aprendizes O uso inteligente das ferramentas da/pro- Roca
“cação: superior com a utilização de métodos científi: Ra
fissão”: Z Enquanto. a: preleção pública era: aberta a
Cos, -o seminário de “Gabriel 'Monod:- começou. no seu
“todos, o seminário estabelecia as condições para. o
apartamento de Paris; mas depois mudou-se para|
“ envolvimento. histórico, . restringindo- O a um local.

í
“duas pequenas salas na. Sorbonne. Essás sálas, segun-
E pequeno; -onde-o ingresso era permitido. apénas me-
do: uma descrição muito. pouco científica, tinham. ei
diante convite. Nos. lares de classe média, à sala de
“algo de íntimo 'a seu respeito, o que dava um certo SO
“, Jejtura dos homens. era “muitas: vezes o aposento E
charme às aulas. Era um: lugar- minúsculo, adorá- Cato 5
mais: pródigo da “casa, e paraí muitos exalava' umar:
vel” 27 Essá atmosfera. de intimidade era acentuada =
de comando é domínio masculino: tradicionais: 2 Os “pelo contraste com os enormes salões de: conferência agi ferã
manuscritos eram dispostos sobre uma ou. “duas
(onde: Oradores como Heinrich von Treitschke chega- ineo
“grandes; mesas centrais, de modo que o material SO-
o vam a atrair até 700 estudantes). Portas, escsta
“bre políticas: e. governos passados ficasse reunido: Lo
Ame aluno e por pudessem em, conjunto ; in-
Í cial ou compromisso com a'pesquisa históre
Lavisse estabeleceu fronteiras para: o aprendizado da.
: história fechando. a.porta de sua sala de aula:
“Asala de seminário em si limitava a comuni gor
dade de. historiadores, “dando-lhe ordem e: defini- nais
“+ 26: Pafa. uma escrição, er Jul | Garne Pe pd É e
: mou bra, Harvard. aver 1304, 2, Pasta “ção. OS primeiros observadores dos seminários es
-meravain- se em “descrever os procedimentos ' emo
an cada úm- deles e, acima de tudo, seus aspectos fís
“ H, Pertz. Uma impértaiite ariá lise sobre q estudo dos = cos = a maneira como documentos, livros, ornais,
E homens em sejação ag. espaço familiar urbano, e Esa
mesas; ;, Cadeiras, escrivaninhas | e* outros equipamen- :

N
x

Nos

no õ en anto, Jo o abrirarh caminho ara “is A


em cartas, a t 8 p " uma “cobertura vermelha ha mesa, “retratos. de gta
visitas - tinanciadas pelo estado e relatórios oficiais.
des historiadores decórando as: paredes eum imé
o muitas vezes citado e traduzido historiador, bel-
so paine A Go
-ga Paul Frédérica, cujos longos estudos sobre semi-.. e ds es é Ro a pera nie
“nários- europeus nas décadas de 1870 e; 1880 in-
apresentou seu diagrama utópico de maneira tão,
“eluífam relatos detalhados de salas de seminários;
“convincente que, no início-da década: de: 1880, os.
provou, ser extremamente útil para óutros estudio-
. estudiosos “europeus já tinham tomado conhecimen-. o
pe, Sos que tentavam instituir a atmosfera “apropriada,
“to dele é das. fotografias, da sala de seminários da.
“os: procedimentos corretos e a documentação bi
Universidade Johns Hopkins e tentavam fazer
" bliográfica adequada. Charles. Seignobos, quando igual. William Stubbs, de Oxford, por exemplo, pe-
participou de um seminárió em Leipzig, fez relatos
diú (via. Daniel Coit Gilman) “ “o diagrama, etc. de Fado
“sobre os livros na sala 'e acrescentou que ela “nos seu laboratório histórico” a e :
parecia indigna de uma universidade tão grande e
s “Em todos os países, “proponentes de seminá-
“de um seminário tão florescente”
rios adotavam uma linguagem urbana comum para
Herbert Baxter Adams, “da Universidade
sugerir que.o caráter de um homem podia ser altes"
. Johis. Hopkins, foi quem. fez o uso mais abundante”
rado e aperfeiçoado. com a ajuda de novos métodos.
tanto dessa: informação quanto da experiência pes-
de estudo da história. Desdenhando as aristocráticas o
soal na Alemanha; valendo-se delas para criar e di-, demonstrações de faro e-talento inatos, os seminá-
- vulgar. um: projetó para a sala de seminários perfei- o rios produziam estudiosos que'se revelavam prepa-' :
- ta. Sua, sala incluía = além: da obrigatória “Mesa: de rados para. trabalhar com afinco, dotados de compeé-
a Seminário .com: livros novos é periódicos atualizá- - tência técnica é peritos em pensamento crítico. Os
“dos” — um arquivo horizontal pará jornais, outro: - alunos que. participaram da experiência de Adams +00
- para mapas, nichos: para vários tópicos históricos; como método de seminários tornaram: se uma cole-
s “estantes dé. livros giratórias, escrivaninhas para alu- NE
tividade diligente e destemida, transformados. de
“nos. graduados, um fichário eum: banheiro, “Adams.
cavalheiros em profissionais. “Os meninos”, ele es-
recomendava as maneiras como os materiais deve- -creveu; “trabalhavam feito coelhos e cavavam bu-.
- Ham ser levados de. um: lado: da sala para o qutro, de
“racos em todos: os campos da sociedade arcaica; ne-”
“uma escrivaninha! para a outra, de uma: prateleira | nhuma dificuldade os interrompia; idiomas desco-
“para à outra, “dependendo da importância de um. de-
“terminádo documento pata o trabalho do seminário. A
“nhecidos rendiam-se ao seu ataque e 0 direito cos:
tumeiro tornou- -se tão familiar quanto, a corte pon
“. semanal. Outros ingredientes da:sala de seminários,
cat enborde omitidos / no. «Projeto, de. Adams, * Jnelifaio, 30: “Daniel Coit
€ Gilman para, Herbert Baxter r das, .
“15 de julho dé 1883, em HOLI W. Stull: (Org;). Histo
: 29.: SEIGNOBOS, Charles. Venscignement de; rhis- 4 rical: Scholarship inthe United States, 1876:1901;:as Re-;,
ATE dO “toiré en allemagne, Revue intermariondie. ve Aa,
/! : vealed iiin the cortesponderice Of Herbert B: “Adams; Balti-
Mement, I, n. b “Pp. 591, - Janvljuim 188h.. “more; Johns Hopkins Uteraie Press, 1938. P- 69.
'
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica
As práticas da história científica

cial”. A história do seminário evitaria o tipo de


operava conforme os próprios valores de Waitz: “in-
educação superficial oferecida em universidades.
tegridade e franqueza, ... uma imparcialidade que o.
que não passaram por reformas onde, como J. R:
fazia preocupar-se menos com sua reputação e mais
Green falou em tom de zombaria, dizia-se que qual-
com o progresso da ciência, a ausência de parti pris, de
quer “cavalheiro” era capaz de fazer história.”
qualquer fanatismo, de toda a vaidade nociva”: A
Os proponentes de seminários articulavam história profissional dependia da capacidade e do tra-
seus valores em termos do que poderíamos chamar de:
balho de pesquisa-e não dos artifícios retóricos de
classe média. Em 1880, por exemplo, Ernest Lavisse,
uma narrativa pomposa impulsionada pela vaidade.
disse aos candidatos à agregação que um homem ex- O seminário do século 19 promovia em minia-
periente no estudo minucioso de documentos era um tura a esfera pública interativa, formando um mer-
“homem útil”. Um seminário exigia, segundo um cado masculino de conhecimento, onde muitas hie-
- professor, “trabalho viril” e diferia claramente das rarquias tradicionais — propriedade, idade, condição
academias frequentadas pela aristocracia e dos salões social — eram niveladas à vista da experiência.
No se-
sociais, onde era debatido o conhecimento do século
- minário de Waitz, salientou outro estudioso, “sempre
18. Distante das pretensões e das posturas do saber
que um aluno fazia uma observação original, Waitz
- do ancien régime e baseado manifestamente no traba-
exclamava que ele mesmo acabara de aprender so-
lho, o seminário permitia — como no caso de Ranke — bre um tópico que já considerava esgotado e, tiran-
que o eu franco (ou “transparente”), autônomo e de
do um pequeno lápis prateado do bolso, fazia anota-
classe média tomasse forma. O seminário de Georg ções na margem de sua cópia”. Ao lidar com a ver-
Waitz, de acordo com um aluno da década de 1860,
dade demonstrável, os participantes do seminário
criavam uma verdadeira comunidade onde operava
31. ADAMS, Henry. The Education of Henry Adams. a virtude masculina, visto que cada pessoa agia no
New York: Modern Library, 1931.'p. 303; publ. interesse da coletividade. Por um lado, seu trabalho
orig. 1918.
os tornava autônomos; por outro, eles renunciavam à
32. William Clark afirma que procedimentos
não individualidade em favor de uma irmandade co-
“ostentosos” eram característicos do seminário filo-
lógico alemão do final do século 18. Eles contrasta-
mum de profissionais. O compromisso que compar-
vam com a apresentação tradicional das façanhas tilhavam com relação à análise de textos e ao traba-
acadêmicas em disputationes e dos tipos anteriores lho em arquivos os transformava em “uma grande
de seminários. Ver CLARK, William. From the Me- república de trabalhadores”, como disse Stubbs em
dieval Universitas Scholarium to the German Re-
search. University: A Sociogenesis of the German
Academic. 1986. Diss. University of California at 34. MONOD, Gabriel. Georges Waitz et le séminaire
Los Angeles, 1986. p. 525-527, 543-550. historique de Goettingue. Portraits et souvenirs. Pa-
ris: Calmann-Lévy, 1897. p. 102-103.
33. LAVISSE, Ernest. Concours pour l'agrégation
d'histoire et de géographie. Revue internationale de 35. FRÉDÉRICO, Paul. De Venseignement supérieur
Venseignement, 1, p. 119, janv./juin, 1881. de Ihistoire. Revue de [intruction publique en
Belgique, p. 28, 1882.
“1867; a à notória inveja de “participantés + anteriores
: pesava ao fim. “Contudo, manter a Femública exigia Er

Sem, estavam sujeitos a rigorosos testes pessoais. sém- si


- pre que: ar comunidade do seminário “via. “qualquer “estados coletando informaçõ E8 sobre. sociedades his- ae
exro-ou negligência. ifisinuar-se em. seu trabalho. As “tóricas regionais e instigândo' seus: ex- “alunos a“cons=" .
- normas comuns. da: “experiência do. seminário torna- NE truir bases de poder local para seminários de história: -
- Tam-se a: base para a proliferação de associações. e 4
O mais importante é que os: seminários de his.
“a -clúbes de história. “Na Alemanha, os seminários eram: tória acabaram fornecendo um imperativo. para tráns- ga
“ regularmente seguidos. de-uma refeição. em-um.res- formar todo o. sistema “de ensino de história no mundo:
-taurante ot taberna, e o seminário Propagou. uma sé-. O ocidental, levando, 6 sistema para dentro 'da órbita dos |
tie de instituições coletivas subsidiárias em todo lu-' historiadores com prática em seminário. Parte” desse.
gar onde chegou para dominar o'trabalho histórico.. imperativo referia-se meramente ao. crescimento €ao as
“A capacidade do seminário. de gerar uma: ex respeito pelos: temas: históricos, porque ha maioria dos Pas
“traordinária variedade de associações, clubes e outrós -, países a história era potico valorizada 'ou ensinada. Na
- programas coordenados: “marcou-o ainda mais como 0. »-- “Alemanha e nos Estados Unidos, O estudo dos clássicos
ceritro da comunidade histórica profissional. Ao Tepro-, Ro “sem : contexto. nem conteúdo histórico dominava: éõ
duzir ás. operações . do éstorçado. empreendedor de “currículo das escolas secundárias. “No. Lycée Charle-
“classe Média, o seminário de história promoveu um... -maghe, em Paris, os jovens compunharh' poemas em”
E: crescente mercado; de bens históricos, todos eles: com.
| grego. é: Jatim para figuras históricas, sem saber. ue
o-carimbo: de áprovação do seminário. Os frutos: dose. 5 “Grécia e Roma eram civilizações, diferentes. “Eu 'pen-. , a
minário: “atingiram proporções quase: imperialistas. “sava que o autor ensinado no primeiro nível fosse 0. -< E
Herbert Baxter Adams, por exemplo, apresentou: “um.
* primeirono' tempo -. Eu não sábia nada sobre a histó- ms º
“enorme mapa “dos Estados. “Unidos, no. qual fixou mar-'
«Tia da França. ma * Quando. à Johns Hapleint foi criada,
cadores. “que indicavam os lugares onde antigos parti o
cipantés, dé séus. seminários. estavam: introduzindo Es
ç métodos históricos modernos.
“cais de suas “Colônias”. “Sou por. acasc “um -Margra- é
“de. Era; como, um estudioso: observe o “um, “munido oa:
silencioso, sensato, onde a única ação: éo > pensaimen,
toi eõ. pensamento! é isento de. medo” ; SOL ;
“Os dévotos do “seminário estavam. sempre: êmç p
“Prontos; no entanto, à invocar a; “virilidade”: do se- is,
-minário e seu. compromisso. com o “trabalho-mascu-
lino”? Para Gabriel Monod, os professores. do sémi ;
“hário-eram o estado- “maior e: os participantes, eram
0 exército: enquanto. Lavisse via! todo. Ó empreen o
-mento, como” um exército em juta. contra: prát
| Educacionais obsoletas. De: acordo. com Gabriel:
feriados extra --Hanotaux, aluno de Monod que estudou na: “Ecole' ;
ainda que os des Chartes; (a primeira: “escola francesa aensinar.
técnicas “de. arquivamento). no início.da década de o
1870, o aprendizado por 'meio “do seminário: tinha A
“uma. certa beleza: masculina”. ta Para” “Emetton, “o
nome: 'Seminarium” denota. Õ+ poder, fertilizador do

Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica As práticas da história científica |

“Gesellschaft' histórico”. Um historiador britânico deriam desenvolver um trabalho seminário listo é,


descreveu o seminário como “um canteiro onde se- seminal]”.'s
mear as sementes do esforço intelectual”.'* Mais de. Pioneiro na expansão do sistema de seminários,
um século depois da criação do seminário, Walter Droysen fundia a ativa virilidade do homem que par-
Prescott Webb lançou uma série de associações com ticipava de seminários com história/época como se fós-
a fecundidade masculina: a palavra “seminário” se uma coisa só e a apresentava como o oposto de na-
vem de “seminalis, em francês e latim, semen, em tureza/espaço: “Como explicar então que, no meio do
francês, aqui também referindo-se ou significando: agitado movimento das coisas, a observação humana
- semente, fonte, princípio, germinal, originário”. O construa algumas séries de fenômenos que estão mais
seminário rejeitava a feminilidade da palestra pú- de acordo com seu lado temporal, e outras mais de
-blica ou do salão. Embora os acadêmicos pudessem acordo com seu lado espacial, considerando as primei-
frequentar o salão, o seminário tomara o seu lugar ras como História e as segundas como Natureza?” O
como ponto focal da sua república das letras. Nos mundo natural era aquele de ciclos recorrentes e pe-
Estados Unidos, onde a instrução superior para mu- ríodos. repetidos, aquele que preguiçosamente preen-
lheres prosseguia em ritmo acelerado, Charles Ken- che espaços, enquanto o mundo de história era o da in-
dall Adams introduziu o seminário em 1870-1871 dividualidade, da sucessão inquieta e da indagação
na Universidade de Michigan, que era mista. No “constante. A comparação de Droysen entre a ativida-
entanto, ele próprio tinha apenas uma “polida tole-
rância” por estudantes mulheres, e consta que te- 46. SMITH, Charles Forster. Charles Kendall Adams:
ria dito que “é claro que as mulheres jovens não po- A Life-Sketch. Madison: University of Wisconsin
Press, 1924. p. 22. Em uma carta para Herbert Bax-
ter Adams, de 9 de fevereiro de 1886, C. K. Adams:
43. EMERTON, Ephraim. The Practical Method in coloca seu primeiro seminário em 1869; HOLT, W.
Higher Historical Instruction. In: HALL, G. Stanley . Stull (Org.). Historical Scholarship in the United States,
(Org.). Methods of Teaching History. Boston: Ginn, 1876-1901, as Revealed in the correspondence of Herbert
Heath, 1885. p. 35. B. Adams. Baltimore: Johns Hopkins University
44. Arthur Newton, citado em SPECTOR, Margaret. Press, 1938. p. 79. Isso não quer dizer. que as mulhe-
“A. P. Newtón. In: AUSUBEL, Herman; BREBNER, J. res não tivessem suas próprias fantasias sobre o se-
Bartlet; HUNT, Erling M. (Org.). Some Modern Histo- minário, ou que as metáforas masculinas as excluís-
rians of Britain: Essays in Honor of R. L. Schuyler. sem de vez. As palavras “seminar” and “seminary”
New York: Dryden Press, 1951. p. 293. eram usadas alternadamente no século-19. Muitas-
instituições de ensino superior para mulheres foram.
45. WEBB, Walter Prescott. The Historical Seminar: fundadas como “seminários” e despertavam grande
lts Outer Shell and its Inner Spirit. Mississippi Valley interesse. Agradeço a Carl Schorske as informações
Historical Review, 10, 1955-1956. Webb está incorre- sobre esse tópico.
to ao referir-se à palavra francesa semen, que não
47. DROYSEN, Joliann Gustav. Historik: Vorlesun-
existe. A palavra verdadeiraé sperme. Elizabeth Vin-
gen úber Enzyklopádie und Methodologie der. Ges-
centelli (comunicação pessoal) apontou esse erro na
chichte. Munich: R. Oldenbourg, 1958. p. 411.
análise de Webb.
48. Ibid., p. 41- 415.
Gênero e História: homens, niulheres e a prática histórica As práticas da história científica

de e a inatividade da história científica com à passivi- cos estados alemães, as universidades chamavam ao
dade da periodicidade e a natureza feminina apenas - - atenção por uma certa florescência dos princípios re-
reproduziu os termos que os médicos usavam para des- publicanós, que incluíam a liberdade acadêmica
crever os papéis do sexo na Europa e nos Estados Uni- coro parte da modernização.” O assunto transparen-
dos do século 19. Da mesma forma como as invocações te, o estudioso ativo e realizador, uma comunidade
de trabalho, virtude cívica e transcendência eram in- unida de historiadores 'que cooperavam como -cida-
terligadas com qualidades específicas da metodologia dãos virtuosos: no século 19, todos esses atributos dó
científica, o uso inveterado de hierarquias de gênero -seminário começavam também a estruturar a mascu-.
para caracterizar o projeto científico moldou a prática linidade. Desde .o início, o membro do seminário era
histórica a partir de políticas normativas da época. considerado uma espécie de cidadão participativo,
Em resumo: a experiência do seminário como universal, ao qual era implicitamente atribuído o gê-
prática fundadora da história científica foi estimu- nero masculino e cuja autonomia era escórada pela
lante, porque aproximou-se do conceito atraente- condição excluída e dependente das mulheres— uma
mente progressista de cidadania masculina. É certo visão que era muito parecida com a do cidadão na
que havia diferenças nacionais no desenvolvimento teoria que tem como base a república.'' O seminário -
dos seminários. Na Inglaterra, por exemplo — embora era, assim, uma instituição extraordinariamente po-
os estudiosos se reunissem em seminários no Conti-
nente, embora os profissionais adotassem a lingua- :50. Ver MCCLELLAND, Charles
E. Republics within
gem republicana e embora estudiosos como E .W. the Empire: The Universities. In: DUKES, Jack R.;
Maitland tentassem estabelecê-los - em Cambridge e REMAK, Joachim (Org.). Another Germany: A Re-
Oxford a prática nunca desalojou o'talvez paralelo consideration of the Imperial Era. Boulder: Wes-
tview, 1988. p. 169-180.
Sistema tutorial.” Entretanto, mesmo nos monárqui-
51. Sobre a retórica e os valores republicanos ver,
entre muitos trabalhos, STAROBINSKI, Jean Jean-
49. A complicada história da história científica na Jacques Rousseau: La transparence et Vobstacle. Pa-
Inglaterra é resumida em KENYON, J. M. The His- ris: Plon, 1957; POCOCK, J. G. A. The Machiavellian
tory Men. London: Weidenfeld and Nicolson, 1983. Moment: Florentine Political Thought and the
Alfred Pollard e outros de fora de Oxford e Cam- Atlantic Republican Tradition. Princeton: Princeton
bridge conduziram seminários bem-conhecidos, University Press, 1975; HUNT, Lynn. Politics, Culture,
embora uma longa lista de estudiosos nas institui- and Class in the French Revolution. Berkeley: Univer-
ções mais antigas clamassem por sua regularização.. sity of California Press, 1984. Ver também BRUBA-.
Uma interpretação para a persistência do sistema * KER, Rogers. Citizenship and Nationhood in France
tutorial pode ser encontrada in DOWLING, Linda. and Germany. Cambridge, MA: Harvard University
Heilenism and Homosexuality in Victorian Oxford. Press, 1992. Sobre a forma como a construção da
Ithaca: Comell University Press, 1994. Sobre os vá- política e a esfera política excluíram o que eta con-
rios seminários de Maitland, ver FIFOOT C. H.S. siderado qualidade feminina, ver LANDES, Joan.
Frederic William Maitland: A Life. Cambridge, MA: Women and the Public Sphere in the Age of the French
Harvard University Press, 1971. p. 98. Revolution. Ithaca: Cornell University Press, 1988.
: disciplinares +
é “O paradiginá Tepublicado. ha: erudição;
a,+ política, estava, não - obstante, aberta para Tefor- J
- resistência. € . Tevolta. Seu" “considerável: poder, -
inda foi total, com também não foi total 'st aiden-
io vãs” além dos “puxa- Sacos”:” dos novos mé três cien
é “tidade' com expressões de vitalidade nacional E sua
: Autos Ele demiti 1-se da iversidades da Ragitcia 4
congruência. com privilégios: masculinos: harmônicos
“e conseqiientemente. invisíveis, o trabalho em. semi
* Nários provocou muitas vezes comportamento covar=: “khardt, com. o mesmo. tipo de treinâmento, recusou”
Ls de, rituais de: humilhação” e zombária. Às vezes a in- o “chamado”. para dar aulas em Berlim; ele voltou- vo Aids,
: ] se, ao contrário, para a h stória: da arte e passou tâm- Co
: segurança, não o êxito, foi 0. resultado da prolifera-. e
bém. à. proferir extensas. palestras. sobre: “tópicos
“ção do seminário, Herbert Baxter Adams é Henry
como, por. exemplo, à história da arte culinária. Os AS
- Adams direcionaram seus “respectivos. seminários.
- grandes, conflitos : armados' (como a. guerra franco: ME
= para. a “busca das. Drigens teutônicas de: instituições
'ussiana; nspiraram a propagação. dos: seminários
" norte-americanas, uma-antiga tendência cultural:re-
forçada. pela. admiração: dos dois pelo: poder alemão.
catos destrutivos. e beligciontes ocorriam em salas de “
“após a guerra, franco- -prussiana. Monod, Lavisse e 0u-'.
: “tros atribuíram a derrota francesa de 1870á falta de. “coordenada de algumas carreitas' eo avanço pelas fo
“experiência dos. historiadores franceses, em seminá- Jeiras dos protegidos moldavam a profissão. s. pra
rios e em filológia. e, embora prometessem. um futu-;. “o “ Alguns dos. mais ávidos: seguidores do seminá- . E
ro. “virt ” para seus participantes, os inexperientes io, introduziram. métodos heterodoxos, mostrando E
ço “eram- “implicitamente - “considerados efeminados ou. A
a Pouco masculinos. 2 Rss angústias podiam levár, Os. m
nte a); flexibilidade Potencial “do seminário “
Ena ; como uma- prática: Lucy. Maynard -Salmon, poré
“+. exemplo, recebeu: “treinamento, ha, “Universidade -
“o dr" de Michigan e dedicou-se à! pesquisa em arquivos,
; “EAR “introduzindo. o método. do, seminário no. Vassar “linguagem ddo , republicanisto e - dão nas»
DE “College, Salmon foi lembrada “como participante . “ “culina à história científica, conectando, dessa fo E
“o Íntegra da: comunidade Vassar, que enfatizava a. ma, inovação histórica com: imaginação política, Ao
E ad cidadania e o comportamento: público destémido.' ; “prátic “coordenada: de pesquisa em. arquivos, no. ETA
DEAD aa,» No “entanto, ao. mêsmo tempo em que adotava-essa E entanto, toi. concebida de maneira diferente. No. grade
o A postura republicana, ela-administrava: seus semi, ” o início de; sua extraordinária carreira. de incessantes. des “e
mários de: forma tão idiossincrática que, embora. “estudos em arquivos, por exemplo, Leopold Von :
” Tossem” Quito bem corisiderados, eram chamados: “5 Ranke descreveu Ós! idocumentos encerrados em ar- | DE
% e “de “As listás de: roupa por lavar de Miss Salmon”. o - quivos como “tantas princesas, possivelmente Dbe-. cio
e + Em lugar de-fazer com que Os alunos estudassem “las, todas sob uma inaldição e precisando | sér'sal-.
1 documentos oficiais, ela “jogava” na mesa do se-. & Er vas”. Ranke quase nurica' esteve só ad descrever .
minário uma. montanha. de listas de roupa, por. Jasio “osaiarquivos em térmos tão lortes. Para Léon de
var, “pilhas” de, tabelas de horários de trens; livros: “borde; chefe dos arquivos nacionais franceses du:
“de receitás, projetos arquitetônicos para casas e rante o “Segundo Império, “uma: biblioteca: É alg ; :
, outros aspectos da vida. cotidiana. censurada por
um arquivo é alguém :.. alguém que, vive. e respi- j e io
“críticos e desdenhada por editores: depois que vol-
Vs Ta” Antes'-da profissionalização, Laborde. afirma- R dá
— “ Aquíse para a história. mundana, Salmon, não: obs
RE va, Os: arquivos tinham' sido “violados” e emitilá- REDE O
ER END -. tante, mostrava que, com relação: a intrusões: fe-
“dos”, setasis braços e pernas rasgados, a. “cabeça” e ELO
ES mininas- (como no caso “de paixões nacionalistas) -
ap us “as, portas dos minário "poderiam. nunca mais estar
da “completamente : segutas.” 56uti -

£.
"seminário: de Salmon: ver amibém! DERIO Beat
= Ce A: Life in: Two Horia. New: York: Wales, 1983. J

57: ca a pa et
- 1828, em ERANKE
'veram: um. drama anialeaa o! Pa é
docuriientos estat s “encontrados” ém. arquivos. Essa que todo.o passado documental da:
verdade resultava do: esforço comum, embora-es) “der em chamas, juntamén
-cializado, é da capacidade dos cidadãos-de encontrar | outros documentos Telativos a propriedad
é documentos autênticos. Contudo, a busca em arqui - ços agrícolas... : : o Soh
“VOS que seguia de perto o treinamento: ém seminários Cu o Graças, aos: incansáveis estorços do arquivista Pia des
muitas vezes descaitavá àlinguagem da cidadania” em - - Armand Gaston: Camus, “isso não aconteceu; O: Terror. eia tro
“ troca da do: amor, do melodraina e até da: obsessão. - enfraqueceu e homens: mais moderados assumiram, 0 ; o Ss Í
“Desde o início da era pós: “revolucionária, os af- poder. No entanto, a. saga dos arquivos europeus nos, o
quivos é outros repositórios contendo fontes docu-: tempos' modernos tinha apenas começado. Quando ,
“mentais, é manuscritas foram, locais de controvérsia e Napoleão conquistou a Europa, ele também contis- E |
> intriga e podiam, por isso, ser considérados. qualquer e Tegu arquivos e “gradualmente começou a: construir O, £S

A
“coisa, Menos'campo neutro. Durante os períodos re-c abs ; enorme Palais des Archives no Quai, d' Otsay. A ese
volucionário e napoleônico na França, houve inten- “trútura do. prédio estava. com mais de dois. metros: de
sas lutas: por causa de arquivos, as quais lançaram
Õ
altura na época em. que o império caiu. Uma enorme
primeiro. indício da: moderna obsessão por. arquivos. ' quantidade de matérial de. arquivo, “incluindo docu-
“ Em 29 de julho de 1789, a Assembléia Naciona . mentos. oficiais e outros, tinhasido transportada para e
l .
a Francesa “decretou a fundação. de. um arquivo Paris, vinda- de Genebra, da Bélgica, da Toscana, da: - ue
para...
o “ suas atas e, no decorrer da década seguinte, uma in- Ro “Espanha. e da Holanda, de muitos estados. alemães, |
finidade de Jeis reguladoras do material de arquivos... . . dos estados papais e do. Piemonte. A:derrota de Na- e
o franceses, brotou de súcessivas assembléias. Quando » poleão: fez o foco dá atenção voltar-se de novo para
os jacobinos decreta ram a destiuição. de documentos o material de arquivo, acima de tudo para o retorno gut
u . Tur "da maior parte desses papéis e isso paréceu transfo
mar o interesse p t; arquivos em: permanente, um
nm 580 “LABORDE, Léon de. Les drchiivês, de a France: io
“Leur: vicissitudes, pendant la: -Révolution, leur Tégé- : VEZ que Os dramas. dos: estados”: ações e seus: arquis.
o “vos estavam | nterligados. Estúdiosos - “como 6. H
. neration sous Yempire, Paris: Vve: Renauard; 1867.
00.
“PD. 63: 64:€ passim.. Agradeço a Jennifer Milligan. por”. “ Pertz, dedicaram» "se a: «criar coleções de docume tos,
dl “indicar éssa: passagem. O capítulo não explora a
his-.
* tória compléxa, os debates“ém so Ca: rivalidade
“(à qual Labórde se refere) entre proponentes de. ars io
a: quivóse e «Proponêntes. de:e milioçêcas. Ele considera o
vo como o Monsinérita” Germiahido Historica, como: parte
“de uma busca do passado hacional. Patrocinado pelo.
“ Barão) von. Stein, Pertz batalhou| para conseguir: aces-..
so aos: arquivos papais, inicialmente” revisando cerca:
de. 24.000: documentos, em 1822, € copiarido
outros.
1.800. “Outros estudiosos” estavam” agora. ha. pista . rinário. para- dissemiindr seu: aérodo: de: exam nar.
o
É certa de coleções, subornando arquivistas e político Tóntes de arquivo, tornando. dessa forma as duas prá” a Er
s
-. para: tér a oportunidade de examinar. o material con- “ticas cruciais para diferenciar a história ciêntífica o Pori
E fiscado “original”. e “autêntico”. suborno e influên- e empreéndida por-homens. profissionais da baboseira |
“cia política tornaram-se fundamentais para'a obten- . diletante dos salões, das preleções. em universidades RA
“ção de cópias de documentos. À medida que os pro .e academias, onde homens e mulheres apinhavam- -se
cedimentos assumiam um caráter mais regular, os, “para « ouvir historiadores consagrados, e dos romances au
estudiosos da.maior parte dos países europeus — mui-' o históricos extremamente populares de Walter Scott...
- tas vezes enrum ato de patriotismo tanto quanto, de. na Ra “A linguagem de trabalho autorizava: o estudo
erudição . — - publicayam. compilações, de documentos dra em arquivos; em. contrasté com o Grând Tour do aris
.
J Oficiais originais, sobretudo, da época pré- -moderha. su “ tocrata europeu. (um longo; período de, viagens por:
dos Ranke ganhou: renome devido às suas incur- Er toda a Europa, considerado parte da. educação de um.
"«sões-em arquivos: “Conhecedor . da filologia clássica, ' de homem jovem), “esse estudo “era uma busca árdua.
“- ele tinha tanta experiência em comparar fontes e se- quase, um: trabalho | — empreendida, por cidadãos: ex: ré pá
. “Jecionar relatos >antagônicos de um “determinado. no perientes. Os estudiosos sujeitavam- se a inúmeras: CEA RP
: “acontecimento que passou-se .a' dizer. que à história. 'contrariedades e inconveniências, a fim dé perseguir o
“crítica 'começoi, com'seu History of the. Latin: and: Teu o: “conhecimento científico, “viajando para; visitar bis s,
«tonic Nations (História idas nações latinas e teutônicas; - bliotecas, “arquivos eoutros repositórios como um.re-.
1824), “livro que. rendeu- lhe um posto em Berlim. quisito. profissional. Eugêne Burnoul, que percor euro a e
Durante qu: TO anos: fde. 1827 a! 1 Ranke des. toda a Inglaterra é o Continente em. busca! demianus-
a critos na: década. de: 1830; descreveu: em: detalhes.
E sombrios. as muitas indignidades e sofrimentos: que
ch na sua, forma hão-oc ental. quando reclamou: '
A história, os faraós,
“precisou: “enfrentar: moites: insones em “carru gens
, mas nada é feito pela camas duras, ASte mistura de came e vegetalts.
ado em Goo o]
7
e dolnales que: conheceu “na estrada, a. p
efisual que leu; pelo caminho. eos es

os. Ao viajar para


à ele: vi u E
sidade”e velha:

“tor Langlois, os arquivos tariceses haviam sido *


dadas 7ao. longo. dos; séculos, E
“trar nos arquivos, do ministério exterior na década ide Além do mais, .Os “próprios arquivos eram “emo
“1870 tomou a, decisão de: “abrir as portas a força” e 2%
r
“grande parte. inacessíveis. Os leitores, quando conse-
- passar pelos guardas do harém. aos empurrões”. SERA "guiam: acesso, com. grande dificuldade, em geral con-
"OS arquivos evocavam esse tipo: de; fantasia'e | seguiam ver apenas um: número limitado de: docu-:
“também ofereciam, “um local onde cenários de. cónta-. “ mentos, que, eram trazidos aos eseritórios dos conser-:
minação: e perigo podiam : ser considerados: Para Os“ “-vadoóres ou a alguma área de leitura. A Biblioteca do
: primeiros estudiosos, os; arquivos. pareciam | “cavala-| o Vaticano não apenas'carecia de - 'um. catálogo, como feia
: E riças. de-Áugias” que'precisavam: de limpeza. Os his- “tinha: 204 degraus que: levavam: à torre que servia A
“ o“ toriadores do século 19 tinhamiimpressões similares. “como arquivo, com uma distância adicional entre o
“Os arquivos “estavam empoeirados e escuros; a luz é repositório e asala de leitura.” “Entretanto; a inaces-
era inimiga de documentos antigos, desbotando sua: NR sibilidade apenas intensificava o mistério dos arqui-. e
“tinta, € temperaturas extremas etam também preju-' “vos. Estudiosos como Ranke escreveram cartas. .exa-
= É diciais., Os arquivos: franceses no palácio Soubise, di-.
Zia-se, eram um: completo caos: caixas de. documen-
uh tos espalhavam- se de qualquer maneira: pelos « corre-
“ dores e escadas, o-teto estava caindo e roubos: e ou- receram e reviraram, os: aiduinidi
tras irregularidades ocorriam com. fregiiência. 'So- tativa de: descobrir - seus. Pieiens
da década de 1840, quando o palácio
mpliado; à situação melhorou. “Em. quivo. aportavam uma “sensação. de conhecimente
8SL, Heinrich vi m. Sybel, ao Examinár os papéis do: ça imagens “proibidas das proezas: sexuais da classe mé- o
'Gomitê, de Segurança Pública, encontrou “a-poeira do. - dia, Oque contribuía para: a configuração. do estudo E
anô de 1795" "Em todos.os arquivos o “abandono era histórico como-virtudes de trabalho e cívica.
evidente: " pequenos animais consumindo documé “A, busca de fontes: Originais podia ser proiun-
“tos sujos, insetos mortos, excrementos de roedores,| “damente afliti Gabriel Hanotaux observou Fo
“ veres, cabelos é pedaços de unhas; papéis antigos, + “efeito de estar “enterrado. na poeira de: meus, velhos: pica
x pergaminhos e manuscritos. danificados, por: água, - pergaminhos”. Ele passou “a: j ventude, “na década:
"vapores, uligem, temperaturas" extremas. Textos. de 1870, trabalhando nos 5 papeis de Rich lieu, tare-"
' “ilegíveis, idiomas! estranhos, escrita abreviada e có-.
“Sigos, faziam dos arquivos locais misteriosos. -
Cego pelo excesso, Thierry descre
“tiva pesquisa como uma espécie de delí ; U
E sm estudo dá vidaEO de, George a
se. Theodor von Sigkel descreveu: um momento em:
“ manée dominante. do equilíbrio: é próbidade
. X861 em-que Lorde Acton, em alucinant Di SE
“nos, “centrava-se em um sombrio estudioso cujo tra-.
“um documento papal, pôs- sea saquear os« arquivos do o e
“balho foi infrutíféro. e até destrutivo. “Seritado ho -
Vaticano; foi colocado: “em custódia. pelas tropas italia=" + Ed
“meio de pilhas de papéi Casaubon mostráva “uma,
nas.” Relatos autobiográficos. é outros de estudiosos
- melancólica ausência de paixão em” seus esforços: por
“de história, bem. como de autores de ficção e não-fic-:
“alguma realização e “uma arrebatada resistência a”
o ção; fizeram alusão à a perigosa possibilidade de.a bus- |
: confissão de quê nãojalcançara nada”: Se seu espíri-.
“ca de. documentos -e livros: raros conter elementos des
“to-sé mostrava atrofiado, seu. corpo. não « estava em. ' “irracionalidade, loucura ou perversão. AQ pensar sO- a
- “melhor: condição: “A digestão tornava-se difícil pela r

o bre os, estudiosos e colecionadores ao seu redor, «


s “interferência de citações, ou pela rivalidade de fra-.
A
sda ses dial ticas, soando umas tontra-as outras dentro
“Paris
va bli é “certamente
omanía cos”, 7 A partO irParaíso dos malucos: é dest bi
de-seu: “cérebro. 2D Ainda outros. escritores viam os. da década, de 1830, os. escri
ds, estudiosos de. manuscritos como: “mortos da cintura.
NA para.à baixo. “ Os historiadores também, escreviam
7. MULLER; Otíried. “Lebensbild iin Briefen,citado: et
e termos térteis, Atribuiúdo: o iníciô da cegueira ão es-' ' GOOCH; G. P. History and. Historians in the Nineteenth
“Century. London: Longman' s; Green, 1913. p. 40. ;
“tudo « excessivo. em bibliotecas é repositórios, Augus-
“77. SICKEL, Theodot von. Rômische Erinnerungen.
tin) Eblerri. imaginou. gue seu; frenesi de. estudiaso”
“Viena: Universitum, 1947. p 45- 46,133 377 178: 17h pas
* 184-185.. LE PERO CAS aro ud
o o 78. JACOB, Paul Lacroix. Le. amateurs sde viene lived sn
“Paris: Edouard Rouveéyre, 1880. Pp. 49. E .
“único “período em: que as: pessoas demonstram «
“sessão por livros e manuscritos, Por exemplo, um:
“fascinante-trabalho do. século-14 = BURY; Richard: de
* Philobiblon. Trad: E; C. “Thomas: -Oxfórd: Oxford Un
o Ee “sversity Press, 1970; publ: orig 1345 — acentua a.
“e portância “dos: livros: Esse é um tópos geral:na.liter,
“tura, mas sustento que. a quantidade. de: ficção que
chama aratenção. para o compéramerto. excêntrico
tante para as ; pretensões “dos es
“vos era uma: “olsessão real e PB) rigosé “Toinemos so-: “Ê
, nais. Mas Por que razão, dado. o:
mente: O caso, francês: apenas “na: década de: 1830,
“A Charles Nodi e! Gusta e Flaubert estavam entre os
“Muitos. que produziam os notáveis sobre “bi- Ea
fia, “eles usaram a linguageni àda: obsessão para. des-
bliomanidi ” + que no-séc O 19 significava uma desvai- :,
:crever o próprio empenho? Os primeiros “estudiosos Ed
“tada fixação: em documentos, manuscritos elivrosta-.
de história, nas suas descrições de trabalhos-de ar- Sei
“TOS que! uma pessoá quisesse “observar, toçar e possuir a
-quivo e manuscritos, tinham adotado-um vocabulá- Dr
.á qualquer: custo - inclusive à a morte. “º Algumas déca- |
rio que lhes eta de: fato, útil - uma. linguagem. de E
“ das.mais tarde, Jacob observou: que-um; “bibliomania- :
amor, de obsessão e; mais particularmente, de feti- Lt
"co desmaiaria se visse um: verdureiro enrolando; seus,
- chismo, A. última. envolvia fortes fixações emocio- A
produtos em: um. manuscrito, e arquivistas de Marse-
“nais em “objetos. ou partes do corpo em geral não. A
“Aha: contaram: em'.1869. que obstinados. estudiosos
evocativas de-tais emoções. Vínculos muito ' fortes o RAS
- prussianos tinham: roubado documentos durante cer-
- com um objeto que alguém acreditasse ter: poderes. o E
ca de dois anos:*º Em “ambos os casos, os documentos Ra
mágicos e também um comprometimento. exagera-".
“ despertaram. emoções. tão violentas que homens for- a
“do com alguma idéia ou ritual definiam ualmente- .
tes 'desmaiaram | e Os honrados: cometeram crimes. As-
o fetichismo no século 19. :
“sim, mesmo quando um estudioso dependia. de docu-
em ÃS linguagem. da obsessão é do fetichismo teve”
mentos: como; um ciéntista, sua obsessão por eles. po-
“O iieértio tipo de aceitação entre os intelectuais « que
“dia fazer com que perdesse à sensatez— ele. podia na
| a linguagem do republicanismo. Ela também ofere- SE

Koi
«verdade prejudicar todas as faculdades. necessárias ceu à ciência histórica um, ímpeto desenvolvimen- É A
“pará distinguir Q verdadeiro do falso. Uma complica-
“Lista similar. infiltrando-se na. linguagem. erudita, o” “o Doo
« ção epistemológica tomou forma: a obsessão tornou
E "conceito de, fetichismo em particular era vital para +
-indistintas. as linhas divisórias entre ciência e delírio :
três, preocupações da classe. média” naquela época;
.e conseguiu. transformar as. palavras racionais do ina”
valor econômico, conhecimento racional. e: amor.
-muscrito em, um méro objeto de “desejo excessivo. |
Marx. oltaria sua; “atenção para questões de fetichis- .
- Histórias. de obsessão documental levantaram
mo e valor no: conceito -da Inercadoria: transformada.
“a questão da confiabilidade. da. Pesquisa, tão impor E
“rial eshográfico, |montaram! um quadro complexo. do, Dr
“fétichismo como um compromisso, “irracional, em.
“geral de povos não- “bcidentais- = com objetos: comuns. Ao
(como úuma concha ud um. pedaço de pano). que eles ne
fã “acreditavam possuir, ropriedades mágicas ou divi- o : sivamente mais eselarecedores, 82,
nas.“ Essa interpretação do: fetichismo. situava- ono O conceito de) fetichismo como dérivado. dá
as: a+ sensato pré- -científico, fazendo dele o: oposto . “prática religiosa permitiu que os estudiosos: rejeitas-
«do, Tacionalismo “moderno. Iniciando- -sê com os ne-- E sem mais: enfatiçamente a história. baseada em, mo-
“ gociantes portugueses, passando: depois |para os filó-.. numentos totêmicos e-em ruínas, evitassem objetos.
sofos do Numinismo e seus relatos sobre. costumes | Ea b lugares-comuns (rochas, . penas e outros. representa-
“africanos, | Jo conceito de fetichismo tornou-se Cru-
vam 0 material do: Jetiché) em favor de documêntos:
- cial:para: 'o-processo de construção do valor de prá- E difíceis de serem obtidos, e evitassem' estidar cultos
“. ticas ocidentais, como comércio é “pensamento ras “Ta e sociedade: “o locus da. prática fetichista). em fa-
“cional”. o valor aparentemente bizarro que os afri--
"vor de uma: percepção mais-elevada,. transcendente.
“canos atribufam. a objetos considerados sem valor
até, “do estado. Diários. de eruditos usavam a lingua-,
- belos comerciantes ocidentais, além do fato de atri-
-gem do objeto aviltado. para derrotar. os. praticantes
“ bufrem': propriedades. eficaze a esses objetos, aju-
da história amadora e narrativa e o usb qué faziam |
- dou! a: definir O termo: “fetiche” como: símbolo do". s da “retó ica”, caracterizando o trabalho deles como
“atraso africano. ÂÀ medida à que foram, sendo desen-. -cheio de “armadilhas de mau gosto”, “bordado visto- ? E
- so”e “brilhos de estilo”. A: boa. história não: estava,
Dia
=

Dao: PIETZ, Willzanã. The Problém ofthe Fetish, na”,


Ps ma passim, De acordo com.Pietz, Os ocidentais já =
no. início do século 18 também: condenavam o feti= 0
- chismo africano por 'séus padrões incultos dê beleza.
e noções mal “orientadas sobre. potência sex al.
83, “Prefatory Note”, English Historical Review, pi 5
1886; Reviews of 5. Gardiner, History, ofi the: Coimmo
“lambuzada com: Tuge pátriótico, não tinha pernas o : “que dtúum acontecimento soro.
de pau, ; borzeguins, lantejoulas, nem adornos” * a ro. Pela coticentiação muito inten
- Além disso, o estudo do fetichismo permitiu de.
maneira ideal" quê : Os historiadores, profissionais, en-
frentassém. os. pr óblemas epistemológicos envolvidos
Pd do fetiche. (iomo o autor “bem salientou); mas Sê
“no estudo:de doc entós.. Um dos mais destacados > . “ele, inconscientemente. levantou dúvidas sobre a ver-
especialistas em fetichismo,: “Alfred; Maury; professor
“dade. que-os. historiadores apregoavam encontrar no.
o de história no Collêge de France *e-diretor dos Arqui-
estudo. intenso de um documento. Em La, magie et Vas
“vos.Nacionais Franceses (1868- 1888), “abordou ques- . trologie e dans 1 “Antiquité etau Moyen Age: (A mágica eaas
tões sobre o conhecimento é-o pensamento racional no .
trologia na
1 Antigiiidade e na Idade Média; 1860), Maury
“= caso de” experiências produtoras de imagens, como su-: tentou encontrar: uma saída para esse problema. Ele

vo
perconcentração, sonhos, alucinações etranses extáti-. - levou-os leitorés-por um emaranhado biográfico de ex-:
“cos Dos estigmas de santos aos eficazes resultados de .. táticos iludidos, depois garantiu que, nos casos dé. de-.
adoração fetichista, essas. grenças . ilusórias, como: lírio. provocado pela Suneroonieenitação, “são Pemipre,
Maury mostrou, tinham raízes em: causas: naturais. e: o as mulheres que predominam» so
» explicáveis, que. variavam do consumo: imoderado de
café (no caso de alguns: adolescentes convulsionários -
que em 1857 afirmavam falar latim): a uma vida reli- E 6. MAURY, Alfred: “tá magie et Vastrologie dan
VAntiquité etau Moyen Age;. ou, Etude sur les supersti j
giosa excessivamente ascética. (no; 'caso de extáticos e tions paienres. 4th' ed, Paris: Didier; 4877: p- 353;
santos)/ Ao atribuir, sentido: transcendente a objetos E 370. “ MauFy, em nóme da. ciência; constantemente
comuns, o, fetichismo: era sobretudo uma | forma dé ati erodia. a posição de estúdiosos: científicos. “Quando.
: vidade. mental humana inferior ao. “estudo científico ir - escrevia sobre fetichismo, xamanismo e outras prá- |.
“intenso. “Vários dos livros de. Maury consideravam es. , “ticas “mágicas, -ele afirmava que os -xamãs. eram
“= “atentos observadores dos'seres-humanos e-de to-'.
pecificamente,, os-efeitos alucinatórios que a: “concen- a
“das as suas fraquezas, perito em. penetrar da superfí-- :
“Aração. prolongada [poderia provocar] no sistema Der-. “icie até as profundezas da: “consciência da pessoa”: Pa=: ;
à “voso”: à superconcentração. em uina idéia, imagem Ou dres fetichistas eram muitas vezes “organizados em.
: texto.o poderia. levar alguém a. ereditar, por exemplo, io - unia poderosa e respeitada casta e posstitam,. como.
“Jos Chaldeanis, segredos para prodígios eêm ação que: -
conseguiam causar espanto à imaginação”. Quand
, Jêsses padres e xamãs, adquiriam a aptidão para-rel
= nir verdades sobré à morte; ou até mesmo para: reu
“nir'os próprios mortos, “eles sé “torávam o objeto.
“de estima. pública” (Ibidi p. 17,19, 39, 20). “Arobra
ide Maury. apontava para: "uma ansiedade “sobré a ver-:: =
«dade que não “existira: em trabalhos fundamentais
como os;de: heim Humboldt, em que a imagina-,
"ção. devia: preencher conexões; essenciais que esta-
: varia dalia ido nos documentos i
se com uma: dificuldade réal-no ar balho. científico: o
religioso. Isto é . os histoiiadori
-studo intenso de documentos: poderia produzir: resul-'
Jetthista na linguagem. norma
» tados falsos O (fortemente contestáveis, e pesquisado:
IE
1 Yes éxperient e bem- “intencionados poderiam ser,
«questão do delírio. no trabalho. em; arquivos j
+ . iludidos pelas 8e vidências. Por exemplo, uma con-
- como deixar de ser seduzido, intoxicado e enfeitiça,
- trovérsia nternacional sobre. as. origens do. Massacre do pelas. questões cuja essência ressuma desses amar-
«do Dia de.São Bartolomeu Jrrompeu com especial vi
ni “rulência” no final da década de 1870. e assim conti-. rados de couro-e caixas empilhadas. "8º Essas palâvras
» P “+ “deixavam. de considerar. delírio ou. fascinação | um: pror
-NUOU: durarite décadas, jogando pesquisadores meticu- £
EE SET losos uns contra os outros. A discussão sobre a existên-.
“blema epistemológico; ao contrário, os estudiosos pas- SA
- cia ou não de documentos: específicos. determinando: o Ssaram. à: aprofundar-se has: questões espinhosas, dei- Page
e massacre rendeu: “conclusões contraditórias e lévoui ale
| xando- -se expressamente levar por amor e sedúção.. AC ido
“guns estudiosos, como o arquivista francês Henri Bor-
pessoa com certeza sucumbiria; mas .essa articulação: Ao Ss
Ulrsave Ss dier, a Assegurar queos novos métodos eram insatisfa< Ea
«do. normativo escondia a dificuldade filosófica: O uso
aU do. gênero normalizava e haturálizava um. impassé
“tórios: “eles: não “podiam trabalhar com evidências ne-
- gativas e pro uziam Telatos que, sé detinham em um bo “epistemológico: que estudos sobre. o fetich mo «reli
- gioso haviam: tentado, . -mas hem Sempre, conseguid
“deter inado documento ou ém uma série: de: docu-" o
- mentos ao ponto de excluir o bom: senso, éa rázão. 7 E resolver « com:súcesso. si, es
AS filósofa. “Michêle: LeDoeutft' mostrou que, “= Da mesma forma como os romancistas estavam.
acrescentando um, cornponente. de forte conteúdo: se-".
“iquando os. intelectuais alcançam o limite, da explica- :
“ção, precisam: “atenuar “Uma “apor a” (um problema.'
“ xual aos, “temas fetichistas em suas: obras — histórias . nie
filosófico” “ou: uma incômpatibilidade, por. exempló),. “nas quais os heróis tornavam- se obsessivamente: devo: *
qu. trabalham além, dos limites de um “ponto cego”, “tádos a delicados: Sapatos femininos; minúsculas. mãos .
-enluvadas, legues e outros objetos que representavam
eles múitas vezes: usam uma imagem que já foi vali-
“dada por estudi Sos; anteriores. 8 No caso da história, o conjunto de. uma. mulher. viva — os historiadores.
“- abrigavam seu “compromisso com documentos no.exu
“os problemas T ferentes à verdade na Pesquisa: em ar. E

-quivos: foram a: nuados “berante Dorto seguro an Hortas s sexualmente et


pela t troca. eletiva. para
ções ; de fetichismo mo: uma ligação a um objeto que
, permitisse sentimentos sexuais enão apenas religiosos
: team a pessoa: de uma ligação « excessivara arqui=
ntos, Poeira, vestígios: de cabelo « er
/
- ganhando - assim em Tessonância. A caracteriza.

«suas “Obras pela morte é pela! fem onte O:a


riador inglês William Lecky, que viajou. extensiva=:
“assde Drificeçai ê virgens o e mente por arquivos de: pequenas “cidades da' França,
iassErt no amor puro:
Espanha é Itália em busca: de manúscritos obsguros,
a “Toda, descoberta”, exclamaram Seignobos: e Langlois +
' anotou uma litania de privações: certas vezes'o. calor, =
à respeito do encontro de documentos: intocados em:
“ era tão feroz que “éé praticamente impossível viver :
j + um arquivo empoeirado, “induz, ruptura”; Qt
| com-alguma roupa'no corpo; e a lóquacidade das sei o
: “O: vocabulário ide um, masoquismo diluto à e: -nhoras francesás; o-incessante estalido. de chicotes;o Zero
* descrições, mórbidas. de pesquisas (dos “ataques de “Jatido de cães e outros sons atrozes me deixam. pro-
- paralisia l e “frequentes, vertigens” que. Thierry sen-.
fundamente infeliz, sobretudo quando tento em:
“tia enquanto trabalhava”à “suave dor”: gravada nas”
: compreender. a teologia dos-gnósticos e a filosofia de »
“faces pálidas”, de Hanotaux) sugeriam a linguagem
““Scotus Erigena”. * O desconfórto pessoal era acoripa:
“de disfunção sexual“que também passou a ser Tela.
“cionada. com fetichismo. DE Aqui também, no entanto, .
nhado pelo isolamento, pela aliehação, pela separa
cão dos amigos. Ranke queixava-se de madrugar, “da
a passagem. do fetichismo religioso para o fetichigmos
o o escassez e da má qualidade dos documentos é da fal" ci
sexual. neutralizou a ameaça” “de quê a inverdade. de.
| de conhecimento. e sociabilidade; óutros: descre- a
“um, louco pudesse invalidar os resultados da-ciência.
“ histórica: “Para. amar, é preciso: “soirer”,. o alienista |
viam os 'exaustivos roteiros: das viagens de pesquisa,
o relacionamento . difícil. “com arquivistas. e outras.
Alfred Binet escreveu em 1887 no seu estudo sobre.
os complicações. A. caminho dos arquivos, Ranke sen-..

A
Aetichistas: dr Elementos de olomienitots e tortára que
a sia se: “não diferente de Amíbalr” ºs, Havia metáforas ,
a L glóis. Charles: Victor; SEIGNOBOS, Char.”
“les; Introduction: aux. études historiques. Paris: Has
“chette, 189 a ; “ : :
RN
o ;

” E . e Pi NO
tores: pertencem”. 16 Acton insistia, assim, na obsti-
«nada tetórica da/ (transcendência, mas era: absoluta-
“mente incapaz dé escrever por' “si mesmo úma
mo-.
nografia, porque (como Arnold Toynbee disse mais.
"tarde) Pperseguia o “fogo- fátuo da omnisciência”
ati- s espaço onde: a “história científica in é, a histór
tes-de conseguir escrever - uma paixão que é ton- “como conhecimento. e como verdade secular -- “podia:
“« tudo outro aspecto da obstinação histórica.” Apesar : ser escrita, “julgada e promovida. O seminário: cienti-
“disso, Acton. tornou-se, para Toynbee-e outros histo- “fico tornou- “se a peça fundamental do poder discipli-:
“Tiadores posteriores, símbolo. da erudição. sobre- hu- nár. Nele; uma! “comunidade”: ou “irmandade”. de es-:;
“mana, do historiador — um “milagre do aprendiza- tudiosos autênticos tomou forma, às descobertas; em:
dor, com “centenas” de caixas de. papelão repletas. “arquivos foram. reverentemente exibidas: para exa- Ei RO
“de: fatos meticulosamente anotados. 108 Historiadores «me minucioso e todo profissional novato'mostrou sua Ra
mortos, cuja obra não mais era lida, muito menos-
“verdadeira índole e recebeu sua. credencial. Ao mes.
" discutida, eram invocados com ressonância: emocio-.
“mo tempo, os arquivos: tornaram-se repositórios de Nica
nál como uma, imagem autorizada e qualificada « com
o “conhecimento ricamente. concebidos: e garantidores *
“poderes: mágicos. Bastava - “alguém . - pronunciar, o. ja verdade em-torno daqual a comunidade hisi óri="
nome “Acton” e visões de sua vasta biblioteca, cor
-ca alcançou um estilo republicano de. consenso;
dezenas de milhares de: livros; “documentos e ma-:
"Hoje, as contradições: da metáfora: republicana,
: nuscritos e centenas. de: caixas de fichas com anota-
são. tão aparentes quanto : seus aspectos poss.
ções surgiam parade novo inspirar as tarefas; da his- n : EE-Tes, e em nenhum outro: lugar isso éé mais pertinente | E
tória. científica. A historiografia. transformou. -se
em o “do. que. na profissionalização da; história. Enquanto”
-» Uma série de nomes de objetos de amores! perdido
s: ii impulsos' opóstos pelo 'podér profissional muitas ve-
-nomes que careciam, de um “significado” importan-:.
Vozes: introduziam. desconfiança | na “comunidade de. aÃ
“te, mas: que “serviam eficazmente — istoé » “fetíchis-
= profissionais virtuosos, a sede por documentos e suas
“tamente”: - “para alícorár jovens e velhos ha lingua-
, dificuldades é pistemológicas eram, muitas vezes ex-
“sem de aspirações universais da história científica.
ss plicadas. no-vocabulário, de fetichismo, amor e dese-
- jo heterossexual do. século. 19. Com o objetivo de en-.
o John. Emerich Edward Dalberg, Acton, cartã. -contrár uma verdade consensual, - profissionais de-se-
? o ss; para “colaboradores do Cambridgê “Modeim' History, “minários, e “arquivos dependiam em-grande. escala do:
em.
“+ AGTON; Emerich Edward: Dalberg; Lectures on
Mo gênero — um conceito que na época estava carregado
uderm History. London“ Maçmillan,; 1950, -P.315-316.º
-de hierarquia” 'e “dicotomia, e que impedia inuitas”
8 107, TOYNBEE, Armold 3.-4 Suidy: of History: The” - pessoas de chegarem; a um consenso: A iniciativa era.
ind Inspiration of. Historians. New Fork: Oxford Vime. à.
| sity, Press, 1963. "dessa forma:
ERC
cónstruida.
a E
sobre lissuras, que: Í
“BRYCE, James. studios in cneinporári:Bio- 6
Sa raptar New. York:Macmillan, 1903..p 386. - tuições que
a ciê
ç

a tiam com articula ões s de comunidade e racionali


Ê "de em nome-daquelãa mesma verdade. Expressões de
“ objetividade eram com tregquência feitas mmetáfo
É xas altamente sexuais
: = metáforas que pareciam “ny
SEcE É uirais” “porque a ideologia, moderna: considerava. ni
dee túrais as diferenças sexuais; As práticas da: histór
/ científica eram: ao mesmo tempo úgificadoras. e de-.
sagregadoras, férteis em “democracia e sugestivas d “Umaa produção cada vez maior de textos histó- =
- hierarquia, comprometidas com''o conhecimento é “ricos baseados: em princípios profissionais. foi o resul; Cs TS im
“revestidas de fantasia.'* Um ponto importante à sa- “tado do criativo trabalho: dos seminários, “arquivos é :
: hentar, contudo, .é que as contradições. dentro da . contatos: familiares. Em. contraste com 6 trabalho
área. eram muito produtivas. A história científica não amador, esses-textos eram, considerados * “científicos”
“era: apenas impulsionada pelo nobre sonho da objeti e Seu tema político tinha supostamente um significa- |
E “ vidade; era motivada: pela, objetividade: e pelosi ingre- - dó que ia. além do de qualquer outra história “Defato,
pião “dientes fantásticos com-ós quais fora construída. No
a; expansão “dos “estados-nações parecia. lançar. um
º - ESpaçõs. deixados abertos por, essas contradições e. *“ novo tipo de texto sobre'o passado= “um texto, “ons
“pela inévitável confiança na metáfora, os inovadores - derado científico é político— etesse “desenvolvimento ;
--ou aqueles que eram meramente diferentes = pó- Í ns pode, na, verdade, “parecer estranho: sob. um determi Ei o
Mata tentar encontrar novas direções. tr nado ponto: de: vista. A história antes. da profissiona- k
“lização, em comparação. com a quê se desenvolveu no:
século 19 assumiu. uma multiplicidade: de formas e cs
- envolveu. um. campo “mais “amplo da experiência hu-
“mana, “uma fonte mais variada. de material e. uma.
“epistemologia mais complexa. Ela: podia ter uma va-: o
“Jenicia. emocional, ou úma valência “erótica, e podia:
109. Para reforçar a complexidade das práticas. de ob= “= transmitir um sentido do passado em toda a su acele-;,
Jetividade, ségui o conselho de MEGILL; Allan(Otg
“ brada. imanência. “Se o: amadorismo. estava. sendo e
: Rethinking Objectivity, Dorham, NG: Duké University
Press, 1994. p. 1-20, uma coleção dedicada à às práticas da - construído como algo “inferior”, O. extremo estreita-
: científicas em : “mento do foco sujeito/matéria, “devido: à profisssiona-
lização « ea metodologia : “científica” dos homens nas ;
E = “universidades, fazia; parte dá criação d + superior”.
entiação ele relatos profissionais ée cien- ;
| predôminância de: gênero. À megida que a. imidadé alist ' que. a erudição corrente |
«de «crença religiosa européia se fragmentava e cera * modificou algumas. dessas formulações, a primazia |
“substituída pelo estado-nação, escreveu. Õ, historiador no da política persiste, “fazendo imediatamente as. ques:
“Michel de Certeau, a história intervinha para dar aos | tões de. gênero” parecerem pequenas - = "meros. “slo- por - a
E
novos estados um conteúdo positivo, um autoconhe- Bans”, como: disse um historiador, que se introduzem ' Rio
f ci ento que; havia sido anteriormente incompleto. Ls nessa esfera mais autêntica de: erudição,
“Outros. sustentavam que'a história científica tinha Essa história política científica era nova. “Ela”
“ potencial enriquecedor para a. identidade. nacional. “evitava o antigo. papel da história de elogiar bom- o “
O; “antropólogo Benedict “Anderson, “por. exemplo, - basticamente monarcas e. dinastias extintos. Evita-
“postulou. que o estado- “nação tomou forma. imagina- “va também, cada: vez máis, uma abordagem mora-
“tivamenté por meio da literatura, qué cuidou de “Jista.ou religiosa que se, empenhava -em encontrar.
“criar vínculos: comuns de informações « e histórias en-. santidade, maldade ou outros traços éticos no passa-
“o tre pessoas que "jamais: se haviam visto. À medida 5. do. Historiadores profissionais com mentalidade
“que as nações modernas desenvolviam. seu poder nos “empírica: repudiavam os sistemas: filosóficos. dos:
“séculos 18:e 19, a crescente produção dé história'pe- * quais O passado podia ser deduzido, e denunciavám.
los estudiosos e;a avidez com que os leitores arece- . cá abordagem romântica. da história adotada por seus .
A * beram- foi. um: modo primordial para “transformai a predecessores — uma, abordagem baseada na evoca-
Nação em realidade na mente das pessoas? O filóso- no são de reações emocionais a tudo o que: estava ndor-".
“« fo Júrgen' Habermas postulava a criação de uma es- “tó e acabado. Textos francos é. diretos, “julgamento: o
fera pública de opinião e conhecimento “que se cru-, o imparcial e fatós; detalhados constifuiam'.os ingre-
GERE Do zasse. com a crescente capacidade política do estado: dientes' do conhecimento científico, que, impulsio-"
pio E : A história, não menos doque o jornalismo ou outras. “ “Nariam. a: moderna história. política. Mas à. questão cr,
r
instituições «da vida) sociál, figurava nesse “desenvol-: so o * permanece:” “como esse foco em fatos é em um co-
E vimento. do discurso público. Qualquer que seja o Es os nhecimento de política determinou ou alterou o gê-s
a nero: do texto histórico, e como:o acréscimo de pala-
a“ CERTEAU, Michel de; The Writing of History. Trad. o vras como “realidade” e “significância”. dão força. ao
“Tom Conley. New York: Columbia Aniperstiy Press, “ “um motivo dotado de gênero? Além disso; em uma: E
no e ç “loss, po 260 5 “virada irônica, a” história Pp lítica passou a servir.
Do “ANDERSON, Benedict. “Inaginéd; Communities: : « como, um sinalde neutralidade, embora óutros sub=
“ Reflections on the. Origins « and Spread. of Nationa- setores (por- exemplo, a história cúltural'e econômi- ;
“lism. London: Verso, 1983. no dz
ca no, finalido' século. 19, ea história atual do traba- j
3. HABERMAS, Jirgen. “The.» Struétúral Transforma- o
“o tion df-.the Public Sphere:-An Inquiry. intó a Category
“lho, da: “ethia /e- do gênero). fossem: interpretados " o
“of Bourgéois Society: Trad: Thomas: Burger. 'Cam- RAS “como “póninicdos e POE) isso, tendenciosos..
caes MA: MIT. “Press, 1989; “CALHOUN, nda
'guns. «alegam que a história, política é «dominante )por- . s “tória científica «ocorreu, além: ésmais, dé forma inrei- e
“que a história política sobre: homens formou o parar ce A “ramente * “natural”, dé modo que. ainda! hoje as pessoas | x
e digma para o texto) histórico ocidental em tempos tão. - perguntam: “O: que gênero, tem'a ver com historiogra-.
antigos quanto o dos “gregos e Tomanos. Mas sSe.a his- “fia?” Há algo mais a dizer, alguns. afirmarão, além, do :
tória. profissional é apenas uma. repetição de antigos “ato de que são: homens os: historiadores. Mas-como..
paradigmas, de que'maneira ela é'científica; e nova? “ iso aconteceu? Todos. “diziam que.a ciência histórica «socio
"transcendia qualquer categoria contingente. Contudo, .
Como veio a ser chamada de “moderna” a; partir: da
metade. do: século 19 € por que os homens jovens sé "* durante muitas.décadas, pareceu normal-que aqueles &
entusiasmaram tânto com ela?. Deveríamos continuar que a praticavam profissionalmente. fossem: em'sua . sçónt
“a:rejeitar o universo heliocêntrico se a ciência mera- |. 'maioria'(e em alguns países” exclusivamente) homens. Pio Dad ed
mente repetisse' seus antigos paradigmas. Outros ob A: própria hatureza da história política científica dava - ERA
- servam: que, como-os. homens sempre detiveram.o po-:- "uma idéia falsa da onipresença do gênero (a história. aço
- der, eles escrevem sobre homens e a política do poder. tratava de homens apenas e indubitavelmente não, o
“para informar uns aos outros sobre a natureza da po- mulheres). e de suá “invisibilidade (a história tratava ns É
Jítica do. poder. Essa resposta tem virtudes, mas apre- -da' verdade universal, “não de homens) no século 19. A
senta limitações, também, sobretudo as inerentes à, parir d da Era da Revolução, questões de classe, -gêne- É :
“idéia. de uma história científica — uma: história que
contenha a verdade: universal do passado e que esteja : “vimento o de. movimentos de massa como s
“ dessá forma acima do preconceito. “Essa verdade uni- o feminismo: eo anticolonialismo. Contud 'a ciência: Ear
versal) não estaria também: acima da: contingência dá- fo “histórica escreveu suas narrativas políticas: sobré um
prerrogativa masculira? E, (se não estivesse, por que. “grupo relativamente pequeno de. homens de descen-
“passamos éaacreditar — é, por que tantos de nós ainda “dência. européia, parecendo, | durante todo o: tempo, no
E acreditam + “O significado “universal” da história, na. “tão isenta de gênero e > apesar do: evidente gênero da |
; sua verdade e-ná sua capacidade de transmitir conhe- sociedade e das muitas. controvérsias sobre o poder do
cimento? Em: outras palávras, “política” e “ciência” “ gênero. — tão real: Esse tipo de história” arrebatou seus”
ais não são apenas termos que: precisam ser explorados | “praticantes, pela descrição “óbjetiva” da “política do. PL
. em si mesmos e por si mesmos, "Mais essencialmente, passado. Que: tipo. de: “mágica à retórica dos fatos pos
o précisamos, examinar em maiores detalhes à força. ca “dera fazer. e Por que ela era tão, > fascihánte?. Taio
- importância de siia' combinação, “ainda que nações
— (para: não. falar em: regimes políticos). surjam e desapa-: Es
o feçam; é mesmo “que-sua incompatibilidade.: seja aúun-
E ciada'de tempos em. tempos (nammáxima. de que aé his dai
EE tória é arte, por io so
“contraste com 'a;1 obsoleta hhistória baseada na' crônica
“= Daí evolução. do espírito e na dedução, filosófica. 'No
- início do século 19,:05 românticos começaram à fazer dor a ciência. éra considerada: -congruente. com al
“analogia “entre trabalho histórico, e-ciência: Eles de “história na: base, de compartilhamento: de fatos, e a:
ram à especificidade envolvida na amalgamação da maioria dos profissionais aceitava! essa. “associação.
“história com a ciência um válor mais. alto -do qué às. cIAS práticas das ciências naturais e Tísicas j es É
si iqadades abstratas da filosofia do Iluminismo. Ao. en- “tavam a caminho de: ter um gê ero bem definido, O As
“fatizar a recuperação de objetos perdidos, a revalori- = que induzia as pessoas a argumentar. que o historiador
zação dé monumentos. esquecidos € a: redescoberta de - no desempenho: de suas, funções de cientista, mera: “
“fontes obscuras da. história (como documentos anti- = “mente adotava uma linguagem, pré- -fabricada e um as
“Re Eds
gos), os românticos viram,.nesse: material remanes-: rs -somjunto. de valores hierárquicos que AJadaivaro am
“cente do passado, os fundamentos da história. Na'me-.
“dida em que materiais concretos — não opiniões ou, “mas. Ac ciência transbordava: de: homens ativos que.
idéias - - - formavam esses fundamentos, segundo Fri “observavam, “manipulavam,. dissecavam e encontra-
“drich, Schlegel, “apenas uma ciência pode existir: a fí- vám a. verdade. a respeito “dos corpos das. mulhere eos
sicá, pois tudo pertence ã natureza”. * No final do sé- Sei segredos reprodutivos do universo: Algurias. das mais;
“culo, a analogia ganhou força: “É preciso deixar cla- o importantes descobertas, eem lologiar e Ponta refe-
“210% escreveu Ephraim Emeiton, da Universidade de
Harvard, “que a pretensão da história de, entileirar-se no mas das crenças imais s básicas nessas, áreas evidencias-
“em meio às ciências é fundada em um-fato = o fato | sem o impacto: dod útero na. capacidade merítal das
“de. ela ter im método científico”. Nunca ficou claro. : “mulheres. A genética concentrava- -se-na herança: bio-
“por queà invocação” à essa condição esua consegien- lógica e, por conseguinte, na: reprodução, embora ao
» te autodescrição, foi tão atraente, sobretudo. porque. a própria: jnedicina. -évocasse: imagens de; médicos fazen-
“invocação. das ciências évoluía-é se modificava cons- “do experiências nos muitos hospitais de caridade des- E
“tantemente. Deniro da universidade (onde a profis- tinados « à: mães: ! solteiras « e: pobres. Momentos impor- sr
sionalização estava acontecendo), os: cientistas conti-:

4 SCHI GEL, F jedrich. Kritiséd sá abe. Org Est


olar seus anstitom além4 de des
“crições. Jgualânente espetaculares de psiquiatras, : em:
;

sã delicada. E “um | estud o. atento. de cada detalhe


pecêberam essa designação diitânte éuma E
“para separar do texto. tudo 6 que ali é encontrado”. to
Taio tenso debate e Os seios feminina
A filologia influenciou a história coino uma dis-.
“ciplina baseada na mir úcia, no “detalhe, no. partiçus
lar.: Tendo “desenvolvido. sua: própria- metodologia, no;
a o século . 18, a.filologia isólou. palavras, «apresentou- as.|
“como, detalhes e particulares: identro. de textos, “€ de
“pois explorou, sua; diversidade ao. longo. “do tempo...
Hoje, -a: “produção. de detalhes e fatos' sobre indiví
“duos; instituições. e-vários aspectos da ordem social é
- fundamental Para
f epistemologias moderna:
o) : É

plo. H Em um veio sitnilás o interesse em


Raio isto 'é , separar O detalhe ou o fáto do todo =
o era “crucial para a moderna disciplina da história, Hi
“toriadores modernizadores. fizeram de sem relacion.
ns gir o individhial e O paíticular no-conjúnto, ho. siste. :
: ma; na, totalidade. Ao:contrário, a história. “torna-se
solidária. , ão particular .. - Ela consagra o: mundo dos : “/

fenômenos”. 2. A ciência histórica diferencia- -se “do di assim como o. projetista, “prodiziiá àapenas A
“tipo filósófico € teológico do texto histórico: e das. ar. E caricaturas”, sustentava Humboldt, “se ele merâmen- .
tes. ao dar prioridade à à pesquisa de-fatos e detalhes. “té desenhar. as circunstâncias específicas de, um acon-
“o mundo da experiência passada, é claro, esta- — tecimento relacionando- -as entre.si da maneira como”
a coberto de particularés, e uma infinidade deles ti= | “ elas; parecem se: apresentar”. EA disciplina « do. historia- |
“nhã sido- incessantemente descrita: (ou inventada). pe-: “ dor: juntamente. com, o “disciplinamento. da contusão
Jas mulheres amadoras' em. suas história de grande àl- “a histórica, “situava-se na: produção, na “avaliação e na.
: -cance. A história profissional diferenciava- se de duas “ordenação de detalhes, de modo que, na sua forma . no Rr
maneiras do. relacionamento amador.com os fatos. Pri- acabada, pudessem servir, como fatos bem ordenados. E
meiro, ela profissionalizou o termo “fato”. O fato não, - Os padrões profissionais. para Ô trabalho. histó-
- era meta informação “que existia de maneira óbvia ou E sobre: fatos dependiam do avanço da filologia. Os: : ia
-mesmo natural. “ÃO contrário, “sua condição denendia filólogos pioneiros imaginaram que suar tarefa final.
de sua descoberta, “de um exame minucioso € da veri- seria a criação + &o controle do! conhecimento; ER
ficação. pelo. historiador. Em outras palavras, exigia
“seu input ativo. Como disse Ranke, “história éa ciên-.
= da do coletar, encontrar, penetrar”, “que. não se satis-
“ dfaz em “simplesmente Tegistrar”. no o) “encontrar”, “historiadores imaginavam seu, trabalho. de forma : si-
Ea como: ato; disciplinado, recusava- se, espontaneamente “ilaimente: produtiva e capacitada: =. trabalho que:
— a aceitar. a aparência inicial do passado: “A estrutura: : diferia da tarefa do filólogo, embora: usasse seus mé-
dos' fatos”, escreveu Wilhelm. von Humboldt. em seu “todos, Os filólogos: tinham estabelecido novas régras
" ensaio pioneiro de-1821,“apresenta-se diante: [do his- * para: verificar se Os textos haviam sido modificados t

Foriadorf eem aparente “sóntisão: H A aparência cons... “com o tempo, e se certas. palavras haviam pelo menos
Apareddo em versões anteriores: dé um: trabalho lite-,
“A 12: RANKE, Léopold von. On the Character of His “rário, Uma à palávra éou! um grupo «de palasiçãs e. sua
E torical Sciente' [manuscrito da década de: 1830],
In:. - The Theory and Practice of History. Ed.
Homens efatos: poa

. a " Ea Meira e t Z Mc

Jologistás: A partir desses vestígios ou. simbolos «en-.. multaneamente, O domínio: do detalhe e a ração de
““contrados: em palavras
/
coritidas em “documentos, ós; fatos “produzia: competência masculina e státus pro-. Eat
| “historiadores. trabalharam voltados “para 0' passado, -fissional, “permitindo que uma pessoa, se comparasse”. e “o
“ Es - valendo: =Se de uma série, “de. sinais “intermediários” . - Com outra; para dessa forma medir a sua própria ca- AO pato
ás até finalmente alcançar um ponto em que pudessem : E ipacidade ' é criar uma identidade. “Bopp foi comple-", o
“construir um-fato: “Ê essa série que se pode reconsti-'. ““tamente. derrotado no debate sobre o ao”, “um estu- - 4
“ tuir para: averiguar até que ponto o documento está, E
dioso estreveu para sua família. “Em quinize Páginas |
- ligado a um fato e pode servir para compreendê- lo.” e [de um manuscrito que ele acabou de encontrar], | RA
- Assim; era- preciso: “uma cadeia de operações essen-.” não vi um único 4o.”'* Em um debate muito divul- + so =
“ciais para produzir. um fato”.'s “Mesmo estabelecendo “gado em 1887, Fustel de Coulanges acusou Gabriel
“a diferença entre. história e outras disciplinas, dentre : Monod de ignorar “o. estudo minucioso de palavras e:
-elas- algumas das” ciências, “o complexo. trabalho de coisas, o paciente acúmulo de detalhes e tudo aqui-,
- pesquisar documentos] para. Produzir. fatos: “dependia o que se costumava. chamar de enumeração: de fa-".
da engenhiosidade, do: talento, da formação edo.es- “ Monod; segundo, ele, tinha sido seduzido. pela ,
“ Torço do historiador em uma série de procedimentos modáe das. comparações em grande escala: Pee:
='tais como epigrafia, rastreamento de documentos e... “bon dieu.est dans; le' détail” (“Deus está nos deta- .
sta outros. Tudo. issoera: indicativo de sua força discipli- “lhes”) acabou sendo uma “opinião comum
nar. Além. disso, quando ele trazia à luz: "ou “produ j historiadores, ém parte porque à capacidade”
“zia” seus fatos, “eles tinhám perdido seu brilho: primi- “quisar até o assúnto mais insignificante era um sinal :
“tivo em narrativas. dé esplêndida retórica, sua própria - de infinito poder. Nesse, particular, também, Bóckh=. x
Sabacidáde de perturbar ou estimular.- havia. dadó-o:tom: “A tarefa da filologia' é dominar o.
ot sy ÃO contrário; -os fatos haviam sido. reconstituí- E “que ela reproduziu”. 20 Embora. Õ profissional produ-.
a dos, autenticados e. qualificados. pelo, profissional, E » zisse fátos, -a reputação por acumular muitos. fatos.
“ que encontrava prazer no detalhe. O amor pelo de- É “bem elaborados conferia autoridade profissional” e
talhe, — que, enchia livros e cartas - = - unia! os homens.

6 SEIENOROS Charles. Les “conditic Ons;: Pevnalo


Igiques' de la connaissancé en histoire. “Revue auto
— Phique, 24, Pp. 7, juin/déc. 1887. o dat ; é
ITEM. Maitland para. Henry Jackson, 5 de março
««de-1904; em The Letters of Frederic William Maitland.
Ed. CH. S.:Fifoot: oambfidee: Cambridge. Univer-. ;
Ee Sit dress A965; P. 299,
-Homense fatos Ê

“lidichdava aum | historiador do. outro. individuação, sagrado, consistindo. em je necéssiládes e: prazeres de.
comunidade e posição . elevada em uma hierarquia. cisto uma espécie infe or: (a) vida. cotidianá, O. prazer, “ardal
“= profioshónial resultavam: do uso de: “Operações históri- : “ -queza, etc. ); “a outra é o que se pode chamar de ideal,
Cas para a' criação de fatos. mm “ celestial, divina, desinteressada, tendo por, objeto for
“Ocampo de fatos relevantes. por fim detectai” mas. puras de- verdade, beleza-e: perfeição moral”. ;
Le dose conhécidos pelos historiadores acabava sendo; - divisão que Renan. tez: do reino do concreto em ess Esse
RN
sempre. maior do que era possível. processar em uma “diano (associado à: mulheres) e ideal (associado: a hos. o, q
“ narrativa, e era nesse segundo. aspecto que o profis. “ mens) tinha evoluído, no curso da metâmorfose- da a
siónal támbém mostrava à-diferença entré' o amor e história, para ciência histórica, 'é originado. a idéia de, 4 Ts o
“que ele éo amador nutriam. pelo detalhe. Muito do práticas como os séminários e ai pesquisa em arquivos. eniio
- passado era: irrelevante para a, história: o conheci- “Mas. ele viu explicitamente a divisão entre o não-his-.
- mento real, escreveu um defensor do estudo filológi-. tórico e o histórico como-“a, oposição entre:;o corpo e o
co e científico, “fão. pode. ser obtido da vida”. at Par-. il espírito”. 2a antinómia. entre Corpo (referente à às mu-
te da tarefa do historiador está em descartar a máio-.. ras lheres e à vida diária) e espírito (com relação à apolíti-
“Tia dos. detalhes em favor de um grupo pequeno, mas. ca) ecoava em geral por meio « da linguagem da profi
“importante, de fatos. de maior valor. O domínio dos “sionálização: Theodor 'Mornmsen, por exemplo, Ar
- detalhes: diferenciava os historiadores mais versados.. - ditando. cegamente na: superioridade das pessoas: fede-. e
“dos inferiores é , ag contrário, a ordenação. dos deta- : radas em nações, contrastava desfavoravelmente.| os
“ lhes em. si criava um espaço adicional onde,o. voca-. gregos. desunidos com os unidos romanos. “Para os gre-
“bulário da hierarquia informava a ciência histórica. Tal gos”, ele escreveu, “tudo É cóncreto,; tudo tem -gm
-Padrões. disciplinares. “que avaliavam a-xelativa im-... Corpo; para os romanos, a: abstração: e “suas. formula-“
“portância de. vários detalhes. focavam. na sua-utilida-. "“£ões apenas envolvem os espíritos”. Bale : tar ve
dee não. na: sua elegância, nà- sua: “condição como -— Tal, divisão podia parecer destruir a: analogia
“caúsas”. € não nas suas próprias qualidades malicio- da ciência histórica com.as ciências naturais e outras
“sas; e. evócativas. A articulação da hierarquia eo es. E ciências humanas, porque o método: científico. basea-
“ tabelecimento. de padrões | de. imp tância : -cons- va- se na: observação, dos; corpos físicos Examinar /
“riram a. expertise eo poder prófissionais. . “ cuidadosamente entidades físicas como rochas, plan
- Essa artéulação epi ca regoicamei tas e animais era crucial para as ciências naturais, ao.
“, passo que-gs fecenseadores (um exemplo de cientis-. s
“las sóciais nóvate levavam em cónta os
« corpos, ob.

à 22. RENAN, Emest. Vavenir de; Ja science. mi: E


é

23 MOMMSEN, Theodor.à ade


“im eidinani, 1868. 3wl p.2
gerando: sua à localização no espa “comercial, do- aê cada “unicarhente:e Ipelo] historiador, cújá visão. é na:
méstico e” “industrial. “Tanto os' aspectos | internos turalmente aguçada ' e tem sido afiada pelo. estudo e”
“quanto os externos do corpo podiam ; servir aos intel pela prática”. 2* No éntânto, “apesar de tóda-a ênfase”
“resses da” ciência. Por exemplo, “um sintoma médico Ss nos traçós: visíveis e nos detalhes superficiais, essa sU- sis
: podia ser. “uma manifestação | exterior, desde: “uma “perfície ou corpo, de fenômenos ainda tinha uma:si* +.
"erupção ou “descolóração da pelé até uma- golfada de: “tuação inferior nas mentes de Mommsen, Renan e
1 - Sangue, podia. ser também uma sensação interna de outros.: Deter-se” nessa. superfície, -de acordo -com:
“, dor... Os igramento' proveniente de: um-ferimento Humboldt, “seria sacrificar a real verdade interior... yo
“superficial óu de úm mais profúiido Podia: ser: trata- - por uma verdade extema, literal, e aparente”. ” Era o)
“do na superfície do corpo? Be o dead : preciso “mergulhar fundo”, “dissecar” ou “penetrar”...
Para“os historiadores; 9 primeiro passo na já tr nessa superfície ou “unidade: fisiológica”, , nesse
à vestigação ocorria de fato no reino da- aparência |ex-. “mundo. físico”, nessa “vida “orgânica”, como acredi-
“térna. O foco inicial era “gq fenômeno em si, . suas E tavam Humboldt e Ranke; era-apenasOO tesouro ínti-
condições; 'o meio, sobretudo porque de olitra forma o “mo que contava. antes do. reino da ciência,| 'eomo cdilos
“. séríamos i incapazes de conhecê- lo”? A metáfora do- zia Renan, grandes trabalhos eram avaliados” superti- | E
“corpo ajudava: a: organizar esses fenômenos. Momm-. cialmente, da mesma forma como “admiramos: a bela:
“sem classificou leis, «inscrições e outros materiais TO+” forma do “corpo humano”. Õ estudioso cie entífico do
manos primários. éomo parte! “de um “corpo”, de uma “futuro, no entanto, trabalharia “ “como: 6: anatomista, -
“unidade: orgânica”, de um “organismo”, cujas ' “par. “que corta de um lado ao; outro essa beleza: senst
tes” ele analisaria por “Junção”; Tal análise: envolvia ” “para, encontrar mais adiante, nos segredos de-sua OR o
a aparência; «era preciso, uma sera à abserváação pratir Pro "ganização inferior, “uma beleza mil' vezes: superior”. a E
= é “Mudando: abruptamente suas metáforas e consoli-. a
24; Ner FOUCAULT, Michel. The Birth afthê Clinic: An dando 'a superioridade “do interior sobre: O: exterior,
di “Archaeology- of Medical: Perceptión.' Trad. “Alan She- ! à Rénam concluiu: “Um cadáver- dissecado. éé horrível o
tidan. “New: York; Pantheon, 1973; 'JORDANOVA, | id : em um sentido, contudo o: olho da: ciência descobre Y
: Ludmila. Sexual: Visions: Images of Gender in Scien--
ce and Medicine between the Eighteenth. and'Twen-
"dentro dele um mundo de maravilhas”. * Bra o exte-.
“tieth Centuries. . Madison: “University of Wiscónsin. . rior, material que parecia horrível; bem lá no: fundo
z dios VE
Press; 1989, passim; DUDEN, Barbara: “The Woman.
“heneath the:Skin: A Doctot's Patients in Eighteenth- - .% HUMBOLDT, Wilhelm von. On the: Historian's | E
: -Century Germany. Trad: Thomas Dunláp.
j 'Cambrid- É Task [1821]: In: RANKE, Leopold von. The Theory so
“ge, MA: Harvard-University- Press, 199F.. Edo “and. Practice of History. Ed. Georg: G. Iggers e Kontad os
25. RANKE, Leopold, von. “On “the Charácter of pise o ne “von Moltke. Trad: Wilma A. Iggers e Konrad von co
- Moltké. Indianapolis: Bóbbs- Mer 1973. Pp to. flo
torical- Science . manuscrito: da: década. de: 1830].
dh lo. The Theor)-and: Practice, of: History. Bd. “27 Ibid, Pi Be SL emp in io E
aprE G:- lgers e Koniad E Moltke Trad. “Wilma 28: RENAN, “Bineste Lávenir de ta: science. mi . Eis
1 Oeuvres completes. Org. Hentiette Psichari. Paris: cal:
no mann- Lévy,. 194911, P- 888. :
Da geniduricalhos dé gosta dividoso ée ornamentos
“até aqui; pouca coisa sugeria o sexo desse ex- :
“superficiais. eram representativos. “da prostituição, e Ee
terior. material, “que os historiadores. com tanta: fre.
de mulheres;da Tua e de'sua sexualidade. A história,
“quência invocavam: como inferior ao espírito. À mes;
“ruim ou:s perficial, assim como-a prostituta, enfei-. : .
dida que a história. científicá! se desenvolvia, contu--
- tava- sé Selhore “Clio vai ser apenas uma mulher da. e NR
“do, -Os profissionais revestiam.a. “superficialidade” e:
“as! “aparências e extériores”, de: linguagem: feminiza-.
— rua”, escreveu um. historiador de uma universidade,
americana: para; um coléga, “uma mulher que qual-.
da. Corrigir. cada erro encontrado na superfície. das quer umcom: dois trocados no bolso consegue pos- ;
“a “Coisas significava Corrigir. a contusão ea falta des.
“E suirr Deu trabalho: determinar o sexo do corpo no.
* sentido; que eram cada vez mais definidas como fe-..
4 século 19 e isso foi realizado não apenas por cientis-. :
“mininas ha linguagem da: ciência do” século 19. Mas”
“tas, mas por historiadores profissionais. sa Depois de: :
a sexualização do exterior foi mais: direta. Como obs.
“terem. determinado” ique:o. corpo. era feminino, “os |
“ servado. no Capítulo 4;,0. historiador norte- -america-
“ históriadores colocaram- no em 'uma ordem: hi rár-
no Richard Hildreth' acreditava: que a história “sus,
“quica. para, indicar como os erros tinham sido. supe-
- perficial, era “ghfeitada pelo brilho. vistoso de: "uma,
xados, a fascinação-pelo ornamento” literário. rejeita.
o retórica prostituída”. Em consideração. a “nossos
"da e como até fatos haviam. sido substituídos. Isso
“pais eva nós. mesmos”,"os grandes personagens da” era parte integrante, e cotrente «dO desenvolviniento
história norte- “americana “deveriam ser apresentados.
“sem um exagero vulgár- de: tuge patriótico, sem per-.
-nas de € pau, borzeguihs, brilhos ou- adornos”. 2 O Eno
glish. Historical Review lançou seiis primeiros números:
“com uma promessa. de “não. oferecer aos leitores:
“atrativos de estilo”. OA publicação clogiava certos:
“trabalhos por sua: “absoluta ausência, de ornamentos
superficiais e Por, sua recusa. sem “adorar uma nar“ o
; Que “constantemente. impregna essa aparênc a deter=
“tos e.meias- -verdades” Seu olho também o diferen-: «
« Clava daqueles;cujos olhares podiam ser lascivos, su-
So “persticiosos ou. rudes: “Um. milagre. nairado por mil 7...
Ea orientais é menos: provável do que-a observação: de É
“um, único. químico”: * O olho impressionável do “seli= eo
ds vagem”,ço acreditava Renan, via “mil coisas de uma só -- NEPSd
“o vez” sem ser capaz de prioriza 5 O résultado” era: um,
o “poema;sensual”, um. “capricho” ou:
“+afísico selvagem =mas não ciência: ao

fusão. na aparência dé ieiômenos história os. Não par-..


) de de uma - economia. corpórea e per isso | não,
preconceito e da prova: insuficiente; de. ondea a pessoa “
- elementos de um. Sistema diferente dé outros espe
-mergulhava mentalmente, no: interior * nerdadeiro. e:
LOS do corpó. 2 O olho. era; um uma lente livre e trans--. * espiritual. Yeu do historiador carecia demais de um”
“parente, qué, operava, de, maneira cognitiva fora. do
“registro físico. Na declaração canônica de Pustel de
reino do corpó sensível (e por isso apaixonado, emo-
Coulanges: “Não sou ei que falo,. senhores, -tnas a his-,
“cional, incorporador, e feminizado). Especificamente, “e
tória que fala por. meu intermédio”. + Mesmo na: juro
“ele manitinha-se em'total oposição aos olhos-bocas-de- .
“«-ventude, os. historiadores. iniciantes desenvolviam a.
- Voradores- da leitora, feminina, “cuja leitura compulsi-
"linguagem do cogito: puro.: “sinto. que me transformo :
“va alimentava apetites . eróticos. SA imagem comum,“
na- personificação da Álgebra, em um cânone trigono-.
“do historiador “profissional. era'a de alguém. divorcia-: métrico vivo, em uma tábua de logaritmos em ativi- .
“do do. corpo, como. na ainda corrente imagem segun- .
dade”, um jovem, estudioso- escreveu aos | pais. *5- AO
do; a qual:a pessoa posiciona- sé, “no seuexterior”. »
submeter o corpo ao. excesso de, trabalho, ao frio e à
“ quando “examina: evidências. Coro. Humboldt - alir- . umidade e às adversidades das:viagens, O cogito his- o
“ava, “0 reino das aparências, [descrito “ como o'reino “tórico. pódia ao mesmo tempo alegar, com alguma jus-.

Saio.
- do corpo] só pode. ser compreendido: a. partir. de, um
“tificativa, “completa i ignorância da vida Teal”
“ponto f tora dele” +. 0"Final eraio reino de. terror, do. : “Com tudo isso, 'a metodologia histórica” expre
EN 'savaa feminilidade da evidência física que as pessoas
o viam, de. uma: maneira: que estava” inteiramênte le
acordo” com a tendência geral do. período moderno de:
classificar como feminino O corpo observado. cieneifi-"
- camente. A metodologia determinava o gênero-da-
história, também, uma vez que às, características do:
historiador masculino: resumian os ideais gerais de te o
E virilidade: “do século 19: autocontrole, «transparência,
“ “autenticidade. euma. representação. da universalida- E
o de; a Iecênsidade de executar um, trabalho árduo se-,
ido pr cedimentos detalhados; ca -piioridade. da
“mente. alma, lúcida e desincorporada &acima: do. reinó
:
das. contingências de classe religião, raça ou naciona- :
“lidade. A linguagem: histórica reproduzia. a, linguagem Es . o fenômeno deE Papa) Joan. instigou a imagina- ET Açã
de uma masculinidáde. universalizada UES “ção » histórica, mas no. século 19 tornou-se uma ver- cgi
-= isto é, uma |
“masculinidade Co “dadelia obsessão: Nas “décadas de: 1840 e 1850, reno-.
que” Í incionava” acima: “do reino de, co
“Contingências, tais como; o gênero em si. “mados historiadores holandeses, alemães, lranceses e |,
o VE “italianos tiveram muito. a: “dizer” Sobre: ela: Alfred = sa
A história Profissional c comô padrão pepara à ver E Plummer, do Trinity cos, dé Oxford, «considerou
“ dade “elevada” enfrentava. provas difíceis: para: dife-. RA
"a história “ “monstruosa” “absurda”. “Joan transgre- e :
“renciar o significativo do. que: devia permanecer'in-
- visível; o espírito do corpo; o matculino do feminino. “ dira as normas do conécimento verossímil, do poder x
Era necessário confrontar) contingência com falsida- potes e de tudo o mais que, algdem pudesse im
de para delinear exigências. universais. Nesse aspec- ns
“to, O easo Papa Joan ganhou vulto nã profissionaliza- nl
“o do: século 19. De. acordo com a narrativa — Tepe-
,
- tida, Tejeitada e renovada ao longo dos séculos — Joan
E era: célebre pór sua sabedoria *& foi-eleita para o. pa-. y “mente Superior a. lê no tocante à
“ pado aí metade-do século: 9º: Mulher de origem con-:. mu o caso de uma ez porte
“trovertida, ela, foi; para, Atenas (ou. algum « outro cen-
-
“tro: urbano). e tornou-se uma -das pessoas mais ins-
- truídas de. seu tempó,. Por cerca de dois. anos, desem-
. [tade é da século 12. Ela existiu antes, então, mera Ro
- penhou conscienciosamente' as: tarefas de um, papa, Ê
“mas então; em tima ProcissãoO pelas ruas, de Roma, oca do póvo”, significando. o clero,-o "
e outras é pessoas “sinceras” bêm- -intenciona- É
pé rtes : â história de Joan ca
| história d ,
tesco c le um 1 parto e exatamente no.o tróho papal. Como !
“resultado, mort: ja ali mesmo (álguns dizem que, ela pm
- Toi. apedrejada. até a morte, embora-a versão de Bo- =

1). Desde então, os papas: passaram à receber ur


os símbolos do-ofício sebtados em uma cadeira vaza-
“outras controvérsias picantes: como a “do aroit du seige ao,
EC “era
*
sim-).
“neur (isto é o: direito do senhor de manter relações -
- plesmente. usada: pára “dar? à multidão a oportuáido:
sexuais com qualquer noiva que 'habitasse | seus do- nã a
dede confirmar cóm os próprios olhos: que, os “Órgãos
“míhios), provavam ser não apenas importantes, mas RR
“genitais “do, papa eram masculinos. Para o sério. es “-constitutivas da história. Por um lado, elas continua-. e '
+" Gentífico: Dóllinger; as autoridades. introduziram à : vam a; canalizar | energia libidinosa para Ó trabalho E fã
REAR “cadeira vazada no Serviço. apenas por causa; de sa histórico, “oferecendo pinceladas de “proscritos pers, lu so
Los E teor bonita”. Em suma; uma mulher de 'grande co-. .
gosos é, de sexualidade. Ao usar: mulheres como-sinal +
nhecimento: e poder não poderia: ter “existido emra-.
“tanto; dó gênero em sua plenitude (isto. é, masculini-
-71ão de padrões universais como a. beleza 1 de, uma Sr É
No “ “ dade é feminilidade) quanto. de. tudo o que estáva: o er
“deita e a verdade de um texto: no o fora: “da história, os “novos estudiosos - imitavam , o o : o
: O relato de Dôllinger sobre Papa Joan foi o pri
su “mundo ocidental em geral— um imundo: dividido, nb
A meiro exemplo. em seu livro sobre; falsificações. etá-.
“qual uma. história. ideale; valiosa sobre, o “real” mas-> =
"bulas, e serviu como o emblema de:um gênero para,
ecúlino opunha- se a: úma esfera menor, 'sem sentido - sa E
o progresso da história científica, evocando. visivel.
“si histórico, digna de sér mencionada” apenas: « +
mente a” feminilidade. para reprimi- -la em nome da
a exemplo de erro. Õ trabalho de investigar “a; “primei
verdade. Amitaçando a noção de história como plêni-.. ra era: magnânimo, legal e nobre; o trabalho desupri
-tude masculina, “a história de Joan' tinha muitos: in-.
mir a segunda; em toda. a-sua inferioridade errônea:
“gredientes para” -torná- la categórica. na definição: do
“superficial, inuitas vezes desencadeava fantasias: de E
« novo sentido da erudição. Longe de pairar acima da. HE violência, mutilação e paixão. e :
Política, “ela serviu ão. próprio interesse de Dóllinger Ea
TO ça Ao. agir dentro desses parâmetros metodológi-”
“em. mostrar que: a igíeja universal conseguia sobreVi- “cos, os. historiadores. apregoavam descobrir o “real =.
ver mesmo, diante da imprecisão e-do escândalo, Por, “OU, como afirmou. Humboldt em seu tratado pedagó- E E
combater «poder secular intrínseco à nova doutrina É
Ci Do gico, | “o que de fato aconteceu”. Apresentar a tealida-. E
“da infalibi dadé: papal, ele foi excomungado na dé-:
x á “ “de passada era 9 i cal da metodol gia Científica, sua
“cada de: 1870. Contudo; aquela mulher gíotesca, que:
inverteu o gênero do conhecimento . edo poder, re
- Presentou, para. ele: 0; sinal de. Tuta; “ao empurrá- la- o
para a- “margem, é depois para fora dós. cânones, Dol-. .
É linger, como outros historiadores no Procêsso da ne
: narrativa em. questão, Ou. e iss Humboldt;
“sentado, além da “realidade”. Por' exemplo usava: se “esse efeito interior que a história precisa sempre pro:
a linguagem, um meio liberto da: métodologiá históri-.. duzir”.2 O texto- históri Co. científico valia-se de” notas:
E s cá em si, para. materializar o imaterial. Mas'a lingua- =“ de] pé dê página; apêndices: € outros. mecanismos, tor-
“gem, “brotando da completitude da alma, muitas: ve-. “bando 6: “real”: histórico muito mais inténso é muito gra
“g
- zes caréce de expressões que estejam isentas de todas diferente. do, que Tora originalmente, A história não.
“as conotações” 3 Os; Mais atentos . historiadores cien- “era apenas. “o que. aconteceu” jera mais do que isso =.
“tíficos,
s como: Pusteí de Coulanges, tentaram conceber ni ““exa'o que de fato aconteceu”: DR
modos não-metafóricos. de escrever — “nO seu Caso, vi- Í O adicional. eo suplemeiiir constituíam. a re-
=sivelmente
= sem sucesso. de o * presentação científica do passado. Isso dava à: “rea-
- Escrever sobre ' o que de fato acontecia exigia lidade” uma: natureza. artificial é exagerada, situan-
produtividáde por parte do historiador: algo precisa: | “doa história científica: no reino não apenas :da “hi-. rea ga
va ser acrescentado. aos meros fatos. “O que podemos. “ per-realidade”,. mas do paradoxo. “O acréscimo” dos.
“dizer. daqueles que” (Renan perguntou), usando. uma “muitos extras resultava na representação da, ealida;
sa
forite, “apenas a copiam oú extraem- “dela, sem. qual- e “de passada como túma hiper- -realidade, emborá- isso
“quer percepção do que é essencial, édo. que é acessó- também: constituísse a identidade masculina e pro
E «Tio? Os dados históricos não poderiam apenasapa-. ú tissional do. “historiador. O profissional não apena
“tecer: em. seu estado “cru” ou “originário”. A existên- mostrava- -se mais transparente; ele ao mesmo tempo
“cia de uma: verdade: interior demandava que ela fos-., no - sabia mais, via-mais e. trabalhava: mais. Para sie
“SE apurada e acrescentada aos vestígios de aconteci- Der! -. “ao ponto-de acessar e produzir. o real, “O historiador.
- mentos 'ou- fatos, “A verdade de qualquer aconteci- », renunciara ao. corpo masculino, fazendo com, que
mento implica o, acréscimo . : daquela: parte invisível, "seus procedimentos. parecessem necessitar de. sua | :
“de cada fato, 'cé essa. parte, portanto, que O historia- própria existência fora do. eutísico ou situado * =
: dor precisa “acre centar”: ad De, ia posição de pessoa. e “dependente: em relação | asi; mesmo”, como. afirmou
“Fustel de Coulanges. 53, Levando: muitas vezes uma
- vida pessoal complexa, o9 historiador laborioso pro
“Por. exemplo, a
Pipe Fo oferece uma. aprecie ão

e form
“dó câmpo do“ : “ser” para. criar um “objeto” que é to- -
a talmen

“ Laura Ma vey, “téorista. de. inss “vê 0: “Processo


“como agi ele em quea ruptura de um: eu sem corpo
rente, conseguia ver. “Prá uma “história quee descar-
“tava muitos detalhes físicos do passado humano por à
“não considerá-los importantes, aó mesmo tempo em
“que afirmava que'o que vinha. à mente desmaáteria-
lizada do historiador representava a realidade!” “cons
“'cretã”. A Competição, dos historiadores: por notas, de.
pé “de página, sua luta, pelo virtuosismo na busca' de
- Causas ena produção de “efeitos” reais e na: concep- a
“ção de novos. argumentos, faziam: parte de-uma ba-.
talha constante para “de fato” produzir a realidade, :
- penetrando cada vez mais fundo; para além da ine-.
. vitável, superfície feminina. 5a Tudo isso Tepresenta-. :
Sa. o trabalho dos fatos “ri
“ gundo. “essa “atirmação, os e biêriadores espe
a vernoo Tepublicano éa ciência se promovem é apói-
: nham uma função “definidora- para :Oe ado- nação,
e am se mutuamente”, disse um pregador de Boston
“apresentando. uma. história: sobre -o' passado | do ésta-. o fo E á
“end um sermão-no final do século 18. “Os. historiado- À
“do, a qual delimita é “distingue ó: Passado como pano
res: profissionais não. tinham opinião diferent
de fun ó neutro para o estado. presente— um pano
"- poder de' estimular o sentiment o nacional e aforça'
- “de fundo composto d -témpo | matemático. Conforme
“ moral: está nas. ciências histórico- filosóficas”, “afir-
as nações, evoluíam 1 para: o período moderno, à histó-
“mou o historiador. Wilhelm Dilthey na década de:
ria permitia bas sicamente essa evolução! ao criar cons:
1870, como parte: de suas alegações pata a teorgani-
tantesnarrativa do que. acontecera antes, a fim de aa
zação: da Universidade, de Estrasburgo.“ o Embora a .
dar. universalidade. histórica auma” instituição con-
- relação entre a histó ia e o estado- -nação seja muitas º
“tingente êa ltamente politizada, À medida: que: cada -
a- como um elo entre história e ho-'
- futuro se tornava um presente. e depois um: passado.
e “mens, pelaí lógica a: -conexão- “parece, contraditória .
“histórico no tempo progressivo da ciência históric à
quandoa tarefa de escrever a história do estado- -na-
históric | garantia “profundidade” e assim “projetave a
ção e de Homens é vista como apolític Nem mesmo:
. existência contínua ala Dação:

“sên a de: uma nação. “Yyhat Is a:


a Nation?” (0 que é :
-uma' nação?; 1822), de Renan, argumentava. <ontra .
o estabelecimento dos fundamentos das. Dações +'se

x
Aundamento “ou as
(como. fizeram, por
axtér Adams £ - Pustel de Cotilan;

nais nos arquivos


“ossuário oeulto,
hear elin ge
“. vontade de Deus mani
rediemos eque, “tal condição imp ica não: é um: tema
“de recordação séria”. A tarefa do historiador era omi-
“tir narrativas baseadas1 nesses fatos inferiores. “A co,
-munidade”, . afirmava | Hegel, "cria-se do que ela re- , assídua pesquisa. em; arquivos: baseou- se também na j
“1 prime-e do: que ao mesmo tempo é éssencial à ela: as Nos “demonstração! 'da “sucessiva vitória “da Jiberdade hu-
A - mulheres « em geral, o inimigo interno. As mulheres - 5 = mana sobre a totalidade da: natureza” O estado -a
É “culminação | "do ava ; nas instituições humanas. sito
EO “a eterna irónia “da comunidade — alteram pela: intfi- é
não resúltou da. força física, de acordo com Fustel de
Ds “oc ga o propósito: universal. de: governo para um fim
Ela Es particular”. “Esse imperativo, que envolvia a “odiosa is
Coulanges. Ao. contrário, desenvolyeu- -se: da; livre. E
Ex " categoria do local e do familiar, sob a ainda; mais. >.» prática-da espiritualidade, da consciênci | humana es
- odiosa” categoria do. feminino, considerada Ro inimigo “o da moralidade -— “do trabalhó de 1noss: mente”. SECR E :
: da história, continuou pertinente. Mesmo na méta- . “O: “desinteresse do cidadão — isto é, “sua: inde- SEÇÃO
de: “do século 20; quando Marc Bloch e: Lucien Feb. ; petiência de quaisquer outros víncu os: que não os co tn
vre tinham até. certo ponto, restaurado a idéia de Jo-:
5 cal, O segundo enfatizava que a: história científica
Pa evitava o feminino, acima de: tudo: a história recusa- : e escreve. Pustel, “requer que oo pesquisad Dj
= livre vo que: exereite E
“. da Escócia, ou a; “lançar luz sobre o Cavaleiro c d'Eon
“o eas s ânáguas dela” E rp beddo e rica: ea narração. dó Estado situavam-se: no “coraçã
“da profissionalização: “Acima; de tudo; fa história]
deveria beneficiar. a nação. à qual pertencemos: é sem
a: 'qual nossos: estudos sequer, existiriam”. 70: A. meto- . .
dologia, já. definia. o: reino da narrativa: superficial
h q ja =, como à que tomaya * aparencia. de
“realidade”, “nas Palâviar de Fuítel À de Goulanges. Em (nO; : segundo explicação. de Droysen”o A erpiiblógia.
“termos de tema, º feminino estava. desqualificado : «de
" acordo, com. Ernst Betnheim, funcionara. “desde
por sua aversão ao universal. A. verdade estava! onde
as mulheres não estavam— algum território invisível
x “e livre, purgado: do eIro pelo, trabalho histórico;. pur-.
“gado: do: detalhe: superficial, trivial e irrelevante; e
por issó purgado, através de: una variedade. de'pro- do da «profisstonalização, a imaginação política, oc ato
“cedinentos, da feminilidade. Sea verdade histórica | - dental ainda apresentava localismos, tempo ritual. ea
situa se.
. metodologicâmente em oposição ao femini- e - dôméstico, e também. saber aristocrático. Fla, podia o
- no, em termos de' tema: (como afirmam vários; histo- Ê ainda associar domínio político a-uma. ordem de tem-"
riadores, “de Hegel. a Febvre)“ esse reino de verdade: .po e espaçô, est belecida pelo divino. A ciência. his- ;
era. o estado-nação, onde uma congrúente oposição Ea “tórica (como a ciência astronômica e À geológica) n a
:“ãO feminino tinha sido construída com-base ria filo-- “ “tirou “do tempo essas qualidades, : para dar espaç o
“sofia e na lei- constitucional. e: positiva. A nação, j 'um novo consenso sobre um tempo transcendente,
“como sua história, repousava'em “um reino-de libêr- “Secular e serial que fosse omêsio para todos, contu-
“dade desincorporada (ou “vazia” "); liberdade essa-de- do: distante. da'casa, da família, da igreja «e de outr
“finida como a isenção de.erro — isto é, de feminilida- vos sentidos competitivos de tempo. Ê
de, Tanto a nação quanto. a história eram. espirituais, :
como, o. historiador, que; operava. de maneira seme-. :
lhante em um, reino desincorporado, mantendo ote-
“Minino-à distância, além de; suas fronteiras. Como |
Eis “disse Henri B TT, na tentativa de dar mais pego à ge- “ção, preenchendo: sua vacuidade om- fatos históricos e!
“ neralização e à síntese; na “história científica ,ráver- » sobre: “acontecimentos: nacionais importantes é é sobre ss
dadeira grandeza da França está no seu espírito”. Pra NE “as vidas de grandes homen : Situando dessa forina. o;
” A história: “da nação operava no reino livre do prónde iindivíduo, em uma Ea vacai nte, Meo
à x
; 'telnpo, sugerido, a partir das: revoluções “científica e
“5 « Kântiana, como existente acima de. todas as contin-'
Copo gências, inclusive. de credo. (isto. é, mão era o tempo ;
“de Deus). Era um, tempo. neutro, matemático, sem.
E “macas, que.ia ao “encontro da: transparência tanto do.
: cidadão quanto do historiador profissional, e que con
trastava Som” a espessa indelência do espaço femini
“ses, resultantes Cragisforiavam. ; história da verdade”
em. um: Telato da identidade masculina jue. os histo-

ividualidade- protunda baseada na “signific cân “as mífimas diferenças: entre os homens e: fornecendo
e seus feitos e de seu caráter” O historiador cienti-' : informações importantes: sobre as vidas: dos homens,
E fico determinou essa significância'a partir da profu- como » Tepositórios de poder e Benitade TÃO . E
são; de detalhes que pesquisou, dando ao, tempo po- |
“Jítico um peso: adicional. é =: A: rssem comportamêntal da histó ia
e j nte agonísfica e carregada de conflito A efe
AI passagem, do tempo histórico, assináládo pela
pas gens queim dificuldades
S (que incluíam !
“minação do- mundo 350: progresso da história políti-
como: progressivo, mesmo o quado: o historiador esta “ta: dependia, mais Uma vez, “do: trabalho do gênero; NE
“va julgando, instituições políticas: em grande escala “4 sugerindo que fatos políticos fossem carregados. des
-ou épocas inteiras. As coleções, em vários volumes de - valores que enfatizassem o gênero: a importância E
' Theodor Mommsen, sobre inscrições clássicas e-com- masculina versus: a insignificância: feminina; 'a supe-.
“pêndios das leis romanas destacaram- -sé de todos ós “Tióridade vérsus a inferioridade; a. transcendência o
outros trabalhos de estudiosos. pelas; transcrições de- espiritual versus ô materialismo. corpóreo; ó superior.
“talhadas, discussões sobre falsificações e introduções” “-versús o inferior; O vencedor versus o derrotado.
téênicas ão: shaterial (em latim). 'seu' trabalho culmi- Eae “Sempre: soubemos: que a história: política este
-nou, com os-nove Volumes sobre” a história dé Roma; = ve êntremeada com valores e isso nunca foi mais vér--
“ que situou Õ início do mundo. antigo na comunhão de : “7º, - dadeiro do que no período moderno, quando os. histo-" e
:g língua e origem. “racial, depois traçou a individuação o “riadores científicos, “ocidentais atiraram com “dedica- Cio
- por meio 'da filologia, até que gregos e romanos che-.. - ção ede: inúmeras maneiras, em nome: de suas na-. |
: “gassem. para- representar pólos opostos do: desenvol: . E “ções. Se-uma guerra: tivesse acabado há pouco. tempo, Us
vimento histórico. De acordo com. Monimsen, os gre- eles até se recusavam. a convidar. “colegas de” outros R
gos modelaram inftituições como aà religião: no con-" E -países para reuniões internacionais ou a: “colabot: ré
publicações. Muitos escreveram. livros e: ensaios que :
“o + justificavam polít cas governamentais como aa texa-

“76: MOMMSEN, Theodor. -Rômische Geselichlo


ns.“ Berlin: Weidmanns. 'he, 1868. 3 v.l p. 28-33. “Adin
“terpretação progressi carrega às'marcas de um so-
* nho primo ráial déi entidades ndidas, não: e

a zeres individuais é a boa- vida, mas sobre: asabstra:


ções: da: obediência patriarcal, da lei-e do estado: En-. :
=, quanto os gregos 1 tiveram sua unidade bloqueada por:
uma. sensibilidade.* particularista e “Bersoniiitada, os.

Capo nharam ria, pátria, um patriotismo 'desconhecido na


E Grécia Fói também porieessa à razão do únicos. en Te
: lo initeleetual. os vestígios5 políticó
0 estado parecesse, | mais5 poderoso,
“Comi novas' regras “para as perspectivas cham
- das) “realidade” e “factualidade”, o realismo na histó
sia, dependia de; uma comunidade de 5 Pesquifeido res, :

' “multancamente á “prof uziéiam. “É esse » conhecimento.


“dos padrões de observação”, edgerei Seignobos, * “que.
permite a: alguém" instruído: aceitar inicondicionalmen-
: te'as observações de um: colega: cujos: métodos ele-co- o
,” nhece ou, da mesma forma; às observações de homens”.
a instruídos em toda'a Europa. : $ Fosse conseguindo: con-:

std
“cordância no. uso dá palavra ou entendimento quanto.
às: narrativas históricas precisas dé: contemporâneos
“instruídos, a ciênci histórica era equivalente: ao grupo -
ques à praticava. Isso significava lei e comunidade, mas,
“referia-se apenas a hontens de- descendência: européia..
“Como: ocidadão , universal, o trabalho mais realista era.
“uma: narrativa de. fatos simples. 'e sem enfeites”, “ori
“ ginal”, “decisiva”; ; corajosa”, A“calma e “moderada”
“vigorosa”, repleta dé “visões «criteriosas” é cora im à ri
te assuihe. seus: próprios “conceitos para umia percep-
ção”, Seignobos escreveu.” Se o historiador conse-:
guisse pósicionar-se Sora: de seu corpo. para julgar a'
“ “verdade, essa experiênçia faria dele o espectador ou-
“testemunha: universal, “capaz de: descrever a realida-
«dede: instituições ao colocar-se como alguém « que, du-
- rante“longos períodos" da vida, assumiu uma: posição so
“ Tora do, cenário, alguém que ao mesmo. tempó tinha a
” so - uma identidade nacional e confessava carecer dela...
na A verdade, a actualidade e a busca géral. do. Die,
Pi “conhecimento :“sobre .o estado- -nação e seus heróis. pa
-mostravam- se cada vez mais sedutoras. Como o esta- Sia der
“do em si, os historiadores justificayam seus exercícios o
“dé podér afirmando apoiar” os;padrões elevados é de-
“sinteréssados em “que “todos. apostavam! e dos; “quais é
- pessoas deveriam aprender a participar. Para garantir.
“esses padrões; o trabalho histórico exigia proteção: de:
“frontéiras, estabelecimento deleis-e. regras, manu-
“tenção, do consenso é ação contra intrusos ameaçado- )
rés — exatamente os: procédimentos de política. tais.-
; como vieram a; ser compreendidos no século 19: 0:
“ “exércício do. poder po méio de atividades qué. envol;
Foo viam “conhecimento. histórico gerou, assim, expres-
sões “contraditórias. Por: um lado, os historiadores. as

ictions psy
histoíre. Revue
: uma história factual da; polinica! ã. partir de um " valor
o tão primordial. quanto o"» género. A ia & Sa gn NS,
o

“herdade bastava” ser “passivo” e apenas. “ou ara-.


“ão”. Contudo, para proteger a. Plenitude mascilina qu
- para, narrá-la, “elaborá- lá, detalhá- la, enriquecê- Ja =
«o era préciso habilidade. e precaução. 'A história cienti- a

bica sobre à política era fértil e incitava o trabalho di-


" bidinoso enão reconhecido. da: profissão, mais recen-":
a temente considerado « como homens. historiadores que
“oscilam “na. beira: do penhasco *“Os- historiadores:
Científicos. escreveram quequeri m eliminar o lado...
- catártico da, histór E tranisformando- -a. em um. cor
capíilo
: 6

OITO AMADORISMO E o
PASSADO PANORÂMICO | |
Lica o

r a ; it pm : : 4

“Apesar do desprezo dos protissionais, os té- o


mas: da literatura amadora — cultura, vida social, -
' viagens. e mulheres notáveis - = conseguiram. forrnar
* um gênero literário distinto por volta do último ter- |
; "ço do século 19. Enquanto florescia a história cien-
"o tífica, escritoras. como . Julia. Cartwright, Martha |
“4 Lamb, Alice Morse Earle e Ricarda Huch -atraíam se a
“um público leitor considerável: 'Engastado, em uma"
sociedade com. grande preconceito de gênero é mol-.
dada. pela: preceituada. inferioridade. feminina, o.
“amadorismo das mulheres era, nessa época, regula. .
- do por convenções. plenamente “desenvolvidas. AO
“mesmo tempo, entretanto, oferecia um repóvoa- ,
“+ mento e uma renovação, “cada vez mais, férteis ae
Po passado. Foi um período de “alto amadorismo”,
CO que: 0 sistema “de esferas separadas alcançou um de
o "seus momentos culminantes:' A domesticidade. da.
io “classe média — receptáculo, da feminilidade, - atin-
“gira a exuberância vitoriana, “um padrão de. vida re
lativamente luxuoso desfrutado “pelas”. classés' mé-
. dias no;mundo ocidental, Braças a uma sequência
E x de saques ocorridos em. âmbito global na: forma de..
E a riqueza, bens exóticos e: tesouros. artísticos: O alto o
Enio amadorismo. pesquisou essa vasta esfera, cultural e
“social, 'dotando à história com bens, obras dearte e
E costumes de um: simbolismo Tessonante, cheio de ' é
. « significado e imanência. : “o
sse- miadolismo é. em n geral visto como:
s “obia de escritores e: reformadores fêministas, Ê Essas
crise cultural do final do século XIX eRes = “avaliações: em geral vêem os-textos de homens e mu-)
q vp e º

: lheres cómo uma peça. única; contudo, elas incons-.'


mo. No que se) refere aos Estados. Unidos; por exem- .
; cientemente acentuam as disparidades: de gênero ao
. - plo. as investigações “de Earle sobre os interiores, das. :
: selecionar algumas mulheres escritoras como Tepre- sr
“casas coloniais cas tradições culturais são vistas como o
- séntantes de um imperialismo | mais: hipócrita, de, um
p parte de uma busca, pela classe média de um passado à
E antimodernismo mais insípido. Dessa. forma, con-. co
“ colonial que estabilizariaà identidade. anglo- -saxônica .
So diante da imigração e da política de, massas." Acredi-
* quistadores: como Louis Hubert. Lyautey. ou: estetas |
“ta-se que uma concomitante. “sensação de: mal- estar
nostálgicos como Julés e Edmond de Goncourt são Es
vistos como vigorosos, honestos e perfeitos, exempli”:
écultural das classes mais altas tenha gerado os copio-
- ficando o melhor de: "uma. «categoria ruim, enquanto
* sos estudos das' mulheres historiadoras sobre cidades
as mulheres representam o pior, De, acordo com essas. , ss
e estrangeiras, sua arte e sua arquitetura. “Não imais: en-
“ “contrando um lugar que lhes agradasse, em seus paí- interpretações, as mulheres autoras, sob o pretexto RD
ses de origem devido ao crescimento das massas, as. “do: feminismo, faziam suas reivindicações nas costas. so
2 y famílias. das classes mais altas saíam em busca de no:
“dos povos colonizados, .fomentando valores racistas
instaladas: tio conforto dos parásíticos lares: da: classe ;
o breza em Florença: ou em, alguma outra capital. de .
“média. Pelo menos o. imperialista masculino atrisca-
“arte aristocrática? O amadorismo, - dizia-se, era O Te-
va a vida pela causa -de:seu racismo. Similarmente,
“Túgio de uma elite decadente do final do século 19,
as mulheres historiadoras. da domesticidade care-
Dede ei embora à às vezes a atenção. a objetos. Materiais seja en-. o Ciam: do Tefinado discernimento. dos: verdadeiros.
iai nie tendida como parté-de uma atenção igualmente i ignó- /
“formadores. de gosto” como. os Goncourt, e assim:
A cd “il ao” consumo. Nessa. Jeituira: restrita; as. mulheres. ' “deixavam até mesmo-de. aparecer em histórias sobre
passávam de. virtuosas ' mães republicanas a' ávidas
o constmo.' Sua: popularidade é mantida “para mos- pi
s consumidoras de cultura e de bugigangas caras.
“trar a permeabilidade: do declínio social, moral“ e in-' Celso
So cos Umadeitura: “paralela vê: alguns desses: escrito- if
ride res: como viajantes colonialistas. e como imperialistas,
telectual, Pe assinalar a efeminação do: pensámen- e
f(os F E ÃO A
Para enieA a que consideravam, exóticos os. povos. colonizados. e
preocupavam- se'com o “declínio europeu. Interpreta- ; ae
: History: British Feminists, Indian Woimieh and. Unpe- :
“o ções : ré entes desmascarám, a | agenda imperialista n na
rial. Culture, 1865- J915: “Chapel Hill; University of
SO Edir E
- Nórth' Carolina. Press, 1994; Para uma interpretação
diferente, - ver. MELMAN,. Billie; Women's: Orients:
Newv England a Morsé Farle ánd the, Pistory'ó - English, Women afid the: Middle East I718- 1918.
[ omestie Life Diss. peito of Delawate, 1992., “Ann Arbor: University of: Michigan. Press, 19954,
eu “A. Ver, por exemplo, WILLIAMS, Rosalind. Dream .
. Neri: Mass, er in
“aoiismo: bastava. -se ago) a: ém um complicado traba-. Das
e lho metodológico que. demandava. viagens, regulares |
“De fat rso trabalho simbolizado do texto àamas o dé trem e de barco: Essas exigências mudaram. o peso
dóri não “enfraqueceu; ão contrário; ele intensificou-. . perceptivo, e “estilístico dos textos, produzindo descri- : st
-se “durante esse período, resistindo ao atáque da mi- “ções panorâmicas. do passado mais semelhantes à às de:
- Soginia.. Ironicamente, 'uma iflorescente literatura, fes. um fotógrafo do; que às de textos profissionais carre-
“minina tornou a, desigualdade das mulheres. ainda: gados de notas de pé de. página. Por outro-lado, dois;
“mais evidente, enquanto: OS contínuos é “abundantes so “campos de estudo inovadores : = histórias feministas e:
NR a
-têxtos misóginos populares, cómoos de Pierre Joseph - investiga ções sobré à vida de mulheres trabalhadoras
- Proudhon, réforçayam à inferioridade, inata das mu- i — absorviam um novo grupo de escritores. As primei-
» leres esua inutilidade. para, tudo; exceto a reprodu-: : “Tas denunciavam 0 tratamento desigual dispensado
“ção. Essa inferioridade putativa estava sendo cienti- às -múlheres no passado é mapeavam o surgimento do.
- ficamente. proclamada. nós: trabalhos de Darwin, as-. movimento das mulheres. Muitas dessas amadoras .
sim como: “hos: textos de biólogos, fisiológistas e Z00- feministas estavam ligadas ao moviménto das mulhe-
Togistas: -Essas “declarações científicas passaram. para
“* res ou aos clubes progressistas que floresceram no fi- -.
e “as novas ciências sociais, que produziram numerosos
nal do século 19 —- mesmo: como, ativistas as mulheres: vio
«estudos sobre; pessoas. pobres'e especialmente sobre eram ridicularizadas, hostilizadas, presas, brutaliza- nas
- mulheres. trabalhadoras pobre esprostitutas.:A vívi-. das. € espancadas por suas manifestações públicas. é
dá representação dessas pessoas como empobrecidas Sobre esse vasto panorama, as “amadoras come-:
= ; re “imorais: embelezou setores de. vanguarda como a caram a estabelecer, um quadro estatístico abstrato,
economia, qualificando esses trabalhos como politi- - «sobretudo na forma de: pesquisas a respeito de: como: ei
as mulheres das classes inferiores trabalhavam é vil!
st afprópria- literátiira: no: contexto “dessas descrições a "viam na época contemporânea é na passada. Ó sur-:
vs
“científicas provetativas; aterrorizadoras, até, de. um. “gimento da história profissional acábou: sendo « com-
-patível com esses silicarnãos do amadorismo, na me-
N

6 A literatura recente: sobre feminismo, ciência 'só-


- Cialie-grupos progressistas. de -réformas. inclui
'SKLÁR, Kathryn Kish. Florence Kelley and the Nas
Vos Hon's Work: The Rise of Women's Political Culture:
"New Háven:-Yale, University, Préss, 1995; YEO, Ei-
Snáry Passions: The French. ee of É Moral and.

Eres
f
“leen: The Contest for Social Scierice; Relations, and. Re-.:
“Political “Sciences, 1832-1848. Diss. University E
“Rochester, 1995,-Ver também. REDDY, William.
“= » presentations of Gender and Class. London: Rivers
“" Oramy 1996; HIGGINBOTHAM,. -Evelyir Broóks..
“The Rise of: Market. Culture: The: Textile, Trade. and
Righteous Discontent; the. Women's. “Movement “in
French: Society, 1750-
. 1900. Cambridge + cambridãe,
“the Black Baptist Church/-1880-1920. “Gaimbridge,
-Bniversirs Eresoy 1984. :
MA: Harvard; eUni veto, Press, 1993. e
“dida em qu “ambos dependiam da, “obtenção de: in-
=foninações | Firerisas, As feministas as amadofas. com
“compreensão Dime das: rainhas e de como Elas: io
A “vista de um amplo” campo;:s úeial podia eómitaibuir : viviam, - da. Fé relisiosa das mulheres, das mulheres na
“para, uma política sócial, progressista e até para; um.
“futuro melhor para as mulheres. 'Pode-se dizer qué a.
influência do- positivismo, nessas: históriadoras. frag-" de bens. abundantes à e de papéis eenbdárica As.
mentou o: amadorismo, permitindo. “que alguns. de - Hamtásias, históricas conflitantes - — as de amadoras e náo
seus textos: encarassem, de frente à tondição das mu- -
-Aheres. T Essa. fragmentação também. ofereceu. carac- “ter se -únido paraa produzir uma mentalidade moder-
“terísticas. “modernistas”. para à história que faziam: sa “nista, maisis arhpla. :
uma gama. de sinais e símbolos culturais: de, intenso
“slgnificadá, como os encoritrados: mais tarde no esti-,
“o de arte: surrealista, 'mais autoconsciente; e uma
«avaliação, matemática, exata, até mesmo. não- repre: :
- sentacional ou,abstrata do passado. *
O alto andadorismo das mulheres, ocorreu na-.
“quele momento érucial para 0 “desenvolvimento, da
“indústria da culttira em: que: apareceram as propa-. j
-- gandas coloridás, os primeiros. filmes, a: fotografia es.
y
(e- 6 jornalismo sensacionalista. Sea indústria. da cultu- -
«Taiestava: envolvida na disseminação de imagens da
“mulhér que era considerada o receptáculo de uma.
“grande variedade de fantasias, oo panorama, histórico

RA 7.Parte da literatura recente Sobre o trabalho estatid:


: “tico: das mylheres inclui. COPFIN; Judith “The: Politics,
“of Women's. WorkzThe Paris: Garment- Trádes, 1750-
é k915, Princeton; “Princeton. University) Press, 1996: O ud
pe 201- 228; “FITZPATRIGK;. Ellen. Endless: Crusade: ipdadio
“. Womén' Social. Scientists and. - Progressive. Reform.
“New: York: Oxford University Press, 1990;- SMITH
Bónnie GE Writing Women's Work”. “European Uni
y Institute, Working paper. nº 91/97 91...
BULMER, Martin; BALES, Kevin; SKLAR; Kathryn |
pista : (Ore T he” Social Survey in HistoricalE Res peGtd,
PA mulheres famosas; “além de esc rever ficção histórica, -:
“consúmia, a: extraordinária energia de: centenas. de:.
“países, cobfindo enormes “distâncias para RabitndE
: material histórico, trabalhando com-idiomas múlti- “ amadoras na Europa e na América do: Norte. No:final
“plos, usando experiências de: viagens, “arte, filosofia. - “do: século 19, havia] milhares dessas escritoras e ati-.
“e valendo-se de “dados estatísticos para “escrever “vistas históricas; que: trabalhavam para estabelecer |
: “obras, de grande alcance. Quasé todas. elas produzi-*. museus e arquivos da. história local. -O ímpeto por A
“tam pelo menos um “trabalho de ficção . histórica. A trás désse interesse: pela história, que parecia em:
“horte- “americana Mary Louisé Booth escreveu a pri- : - muitos casos motivado pela necessidade de dinheiro, . vo
“meira história completa da cidade de Nova York, po era na verdade pelnioro incluindo uma paulo tato, e
“editou a revista. Harper's Bazaar, traduziu as obras º
ide: Pascal, Cousin; Eaboulaye, Agénor Gasparin;:
“Henri, Martin é muitos outros, além: ide trabalhar “ tio, “que escre
“como, repórter do jornal. New: York Times. As amado-
- e biografias de Garibaldi e Maszini, ambe
o Tas, escreveram. praticamente em todos: os gêneros: . à
E Janet Ross, neta 'de “Sarah Taylor Austin, fez tradu-
«ções do. italiano, “escreveu posa ra sobre | Viagens, E

em arquivos,
em associações profi
panorântico. 0

* Edwaiids delêitava os leitores: com seu conhecimento tocou a ele ser abandonado. to Escândalo 1maiorpálio
amador, especialmente, sobré as pessõas: cujas “ex stenha causado. Vernon Lee, que fazia as. mães apres-
“centricidades: no vestir eram proverbiais”. * Em ter-. sarem- sea proteger suas filhas da sedução: sempre “o
“mos: sociais, O amadorismo permanecia um lugar para: que: essa lésbica: mal- afamada e sedutora” anunciava
vidas não- convencionais que, como a própria litera- “uia visita. Seus textos, de acordo com Henry. Ja- a o
“tura, atuava. nas fronteiras da respeitabilidade- da mes, tinham “implicação excessiva ide motivos se- “is
3 classe média. A editora : e autora viúva Martha Lab. xuais”: Para, o'irmão William, ele escreveu, “uma pa.
; atraía: seguidores. ardentes: e, emborá tivesse: Pouco lavra de. advertência “Ela é tam “gatos “ selva-
“mais dé sessenta anos, sentia que. novos relaciona. « gema.“ Relacionamentos próximos, “não. inteiramen-
“mentos. não: eram coisa para ela. Fránces Pattison,. te decorosos, existiam entre as amadoras: na Velhice, Ps
Mary. Robinson, - -que tinha: sido. “casada, com James Viésos
historiadora. amadora | que escrevia sobre cultura e.
“arte, vestia-se 'com roupas. sedutoras, fumava cigar:' Darmesteter (estudioso das culturas do Oriente Pró- o
TOS franceses e, na opinião de pelo menos um homem ximo) e Emile Duclaux (chefe do Instituto Pasteur) .
jovem, transmitia. um sentido diferente de “solidez s contaram para Vernon Lee suas: reminiscências: “sobre
“feminina”. Ela viveu longos- períodos separada do - “os primeiros anos em Lóndres como “novas mulhe-
E marido, O. estudioso Mark Pattison. Ainda adolescen; » res” e: escritoras batalhadoras. — sobre! “nossos janta-
te, Ricardã Huch' teve um caso amoroso com um -cu- “resà base de: escassos mingaus, . . aàs-noites em que; ss
“ nhado . que, como. era de se esperar, afastou-a da dormi. tão. protegida em seus, draçós”, 1 Vernon Lée
irmã, Quando estava com mais ou menos quarenta é teve um: colapso mental por ocasião dá Primeiro ca: E
cinco anos, Ricarda deixou o próprio marido'e a filha E samento de Robinson. ta r
para « casar-se com o cunhado é€ pouco tempo depois “ Qualquertipo de detalhe peitual, da apárên-. As : .
dx cia àà vida emocional, conseguia. perturbar a reputa- Ee :
: ção dessas mulheres; - mas elas Eram sobretudo anti.
Amélia B Rdward Papers, Somerville College Ar-
ves; Oxford University. Catálogo de biblioteca, cair”

gi o histó ca Doólivalênte das: mulheres, ver


WOÓLE Daniel. “A Feminine Past. Sender, Genre and.
“ge, Oxford, para detalhes dessa situação, e axa i
ts ações de' que Vernon Tee suspeltava, dos: prepa
des convencionais pelos padrões da: dlásse média ipor- ;
“que o trabalho. intenso: as envolvia, inteiramente,
cs «dáva- «lhes o sustento e muitas vezes: fazia com que:

,
Cir “suas famílias. se afastassem, Aos setentá anos, Mary : sa “tura. Professora: Cecilia: dao àpara, um internato: e,
Vic tm Robinson j passava de seis a sete horas. por dia em sua RE “para: Oxford, Ganhar dinheiro significava trabalho | (Ed ai e
meg “mesá de trabalho, escrevendo por: dinheiro. Para. ns “intelectual em: tempo: integral, assim: como respon- “vo
= isso, além da necessária. pesquisa, ela mantinha as | Eder, “sabilidades, em tempo: integral nos lares de: classe,
Y pessoas “sob. pressão, com exceção de: um único dia “ média e de baixa-classe média. Mesinó. uma mulher.

Sp
-— “Na semana, em que a'gente precisa, por assim dizer, ' solteira, como a historiadora holandesa. Johanna Nas
jogar tudo para o alto” Precisando de dinheiro-por | “ber; cujos pais obrigavam- na: a fazer'o “serviço do-...
de “méstico enquanto. seus; irmãos iam para a. escola ou Pe Ei
"razões de caridade e outras, Vernon Lee informou-
Se sobre cómo. publicar na França, onde 'os livros . “para a universidade, precisou, | nos: “últimos anos de is
Nr vendiam: melhor. “Quanto Théodore Benzton (Thérê- a E vida, tomar conta da casa para um irmão mais ve. 4
Ca Se Blanc) pediu-lhe para cólaborar em um livro, Lee Ca ' lho, ao mesmo tempo em que escrevia suas muitas Paio
“4 + erecusou: “Infelizmente, escrever, “para mim, é em So “histórias. 7” A americana: Alice Motse Earlé, suposta- a :
“grande parteruma questão de dinheiro; por isso, não “mente uma típica representánte da classe: média,
- posso colaborar”.'s Aos cinquenta e poucos anos ela. * passou-na verdade por grande pressão. como result
;- tinha uma renda anual de cerca de 600 libras pro-: ai o “do do fim' da-fortuna de seu imarido;. ela; escrevia
“o veniente do dinheiro de família, de modo que a des- fist “tarde da note, depois de pôr as cr nças para: dor-.
- culpa do dinheiro pode ter sido. una artimanha =, VER so mir, e trócava-de editora quando U “pagamento.
“4 mas uma. artimanha muito convincente para outras EA : Lo, “atrasava 'oú “quando, conseguia negociar, condições - MAs
“ amadoras em dificuldades. financeiras. Julia Gart- 4 e E melhores. Na -década de 1920, Constance Lindsay
wright estava sempre atenta - cheia de inveja — às “ “Skinner, nascida no Canadá, autora de dois “volumes ds
e enormes somas: que Mis. “Humphrey. Ward recebia Ç “da série Chronicles. of America, publicada pela Yale, no
= por seus romances, é quando algum de seus próprios University, Press, estava tão, desesperada por di
í

pis textos. era “transformado: em música e lhe rendia al-: às nheiro que considerou, por algum tempo, “aceitar no
É gum pagamento, “isso: me fazia vasculhar todos os. RE AR uma” «das propostas de “casamento que recebera. us
Tile na, papéis que. eu descartara” para ver see algo mais Po No “Skinner rescreveu com energia o volume de Herbert
Boulton' para, a série, ê além disso produziu eensaios, É

Cartas par Vernon! Lêe; 17 de março de 1927 e E es ip


n = 16. “A Bright Remembrance: The Paris of Julia Carte o
7 de junho de [19297], manuscritos-da Bibliothe-- TVR
Nationale, E - Es : DP oowright/1851- 1924. Org. Angela: Emanuel. London: »
Nei o Weidenfeld and Nicolson, 1989:p, 124. io
“uma. carteira 'difí , sua:
contos, romances históricos e out os 1 pos de ficção;
: petidas perdas: dois bebês, ; marido 3 jovem, “uma:
“amas fazia constantes. empréstimos. Para. conseguir Ev
“Tilha ainda. criança, os. filho S: na juventude. “Tendo. :
à sobreviver. AB ;
“publicado seus' Primeiros romances. ainda adoles-.
* Escrever significava um “trabalho. “árduo” e
K cente, ela passou. a escrever com convicção para
: pouco digno para, uma dama, Matilde Serao =jor-
sustentar. o marido moribundo enquanto viveram es sado
“nalista' italiana, cronista da pobreza cotidiana, de:
"na Tíália e; «depois disso, para manter-se e:manter, A i op
o Nápoles: (1 ventre di Napoli, 1884) e-único; sustento Na
“a própria família, que-minguava aos poucos. Óin- E IDO
“dos pais até a morte deles ' — captou! a confusão: eai
luta da “mulher escritora: “Escrevo em: qualquer lu- “Tortúnio. - em que: ela jogou grande parte da. tulpa + Ro a
«= perseguiu- a enquanto viajou da Inglaterra para a,
“gar é sobre qualquer assunto com. uma - “audácia
: “obstinada. Consegui minha posição, em úm desva-
Escócia, Itália é França. ineo Pau
“. riode empura- empurra é cotoveladas”. va As escrito”
Oliphant descrevia- “se com os termos que, os o
rá que, se fetratou publicamente como, a: mais luta-
“analistas. sociais usavam então para retratar a mãe. da Pas
classe trabalhadora. — isto é, como-uma escrava, que :
- dorajé mais- inferiorizada foi Margaret Oliphant,
“tinhas provavelmente tesponsabilidade pela ; morte:
“que reclamava de sua falta de talento e que carac-
“ terizou seus aproximadamente 300 artigos e 100. dos filhos. “Mary Howitt .. - assustou- -me muito, lem-
volumes de história é ficção como “umá questão:
: unicamente ae. trabálho diário”? 20 Enquanto seguia, no
qn
“ção, o que ela “dizia ter: alguma relação com O irába.
lho mental, exagerado da mãe: =“'tolice, eu: “deveria
18. verã suas cartas para Vilhjalmur Stefansson, Dart-
“ mouth: College Library, citado em BARMAN, Jean... pensar, mas a mesma coisa aconteceu duas vezes cos e
| TU Walk'My Own Track in Life ând No: Mere Man migo”?!E Acusadas. de más donas de casa, más mães, e
“Can Bump Me off It': The Historical Careér of Cons-» -e até. de assassinas de crianças, “as. amãadoras eram. “ (Esto
-tancé: Lindsay Skinner.-In:: BOUTILIER, Beverly; “vistas: como qualquer - coisa, menos escritoras profis- ne Ao
PRENTICE, Alison L, (Org. »: Creating Historical Me-
-sionais. - Como os cientistas, sustentavam. na ocasião, O ps
; moty: English- Canadian Women and the Work of is
- Histofy.. Vancoúver: University of. British Côlumbia, ds trabalho das mulheres era, homicida: —'não apenas o: e
oPress, 199750 00 EA Lo - das mulheres. pobres, mas também Q, “trabalho. inte-
“iv 9, Matilde Seiao para Gaciano Bonavenia, juttho A “Jectual de mulheres de classe média. “Assim, o papél
: “de 1878, citado em. GISOLFI, Anthony.-The Essential - “da; amadora: provocava! uma plasticidade essencial, E
“Matilde. Serao. New. York: Las: Americas: Publishing, des -que'se refletia: nas múltiplas, posturas assumidas pes inciso
1968. p.i9 (minha tradução). Sobre Serao, ver tam- “las. amadoras, do abandono selvagem. de Janet Ross, So no
: “bém BARANSKI, Zygmunt G.; VINAIL, Shirley W.:
“comó: amazona. “de: pôneis , árabes a: sólredora e
(Org): Women and Italy: Essays on Gender, Culture, E
«and: History. New York: St. Martin's; 199 : autopunidora Marishet Olga ro DNS
20: OLIPHANT; Margaret: “Th A obiography:of!Mrs.
liphant. Org: Mrs. Harry, Coghill. “Chicago: Univer-.
sit “of flhicano Fress, Toss. p-67; Publ: Orig d ABoo.
Quando a ciência passou a imaginar q trabalho
E mental das, mulheres. como: homicida, “uma postura; “o que se pode chamar de ara Algumas De
vez>mais destacada foi ada perfeita parceria “das mais rebuscadas : -consideravam- se. bizarras,: € SA
heterossextial e monogâmica: no amadorismo. Assim, “achavam ó-mesmo “de suas obras. Em uma viagem Ea
“paralelamente às: combinações autorais irmã- irmã, «para: conseguir: cartas para uma biografia, a jovem,
mãe- filha, pai--filha e outras, havia o “amadotismo de “ viúva Oliphant recólheu- -sé do seu quarto para ten-.
companheiros, em. que marido e-mulher apareciam : “tar examinar uma pilha de documentos: em “caligra- nd
“comô co-autores: é até declaravam- -se" parceiros em” fia “diabólica” A profunda. escuridão é o silêncio [A
o . Sen deo
> igualdade de proporções nos textos históricos: Bar- - uma noite de: inverno: no campo fecharam- -Se sobre du RARE
“bara eJ.L. Hamimond formaram . a mais popular des- “mim A cama de: meu. quarto era uma criação há
sas, duplas i iniciais e publicaram o livro The. Village La- Ceisço gui com. cortinas em damasco vermelho- «escuro, ;
bourer [O trabalhador da aldeia] em, 191 liWille Ariel o ("mais tarde chamado por mim de .. “vim lugár. para se
Durant apareceram várias décadas: mais" tarde.? A. ER » enterrar estrangeiros”, Eu. tinhá, duas. velas, que, se. it
* Có-autoria monógâmica heterossexual dava à a mulher o o - queimaram, “e um fogo, “que. ficou fraco. ER sito
autora um certo colorido protetor para precavé- Jade chãos de mármore, fogos agonizantes, eo listérios -
alguns dos ) piores: traumas do amadorismo, já que se” ' de uma viagem de trem deram textura à antobiogra- :
; dizia que'a monogamia. em geral protegia as mulhe- fia, de Oliphant, sriquanto. Os neuróticos, os. dei den
“res contra ag iniquidades do mercado, da política, “dar x
- vida. pública: e da. cidadania. Isso. não significava
. uma carga mais leve de trabalho: a saúde precária de.
Bar bara Hammond (que precisou retirar os ovários) “vam “a assinalar. suase imjlações. sociais e: de, gênero, E A
“e a “disponibilidade de um assistente pata. as. pesqui-: - publicando. anonimamente e sob, pseudônimo iolet geo
“sas, reduziram apenas. temporariamente stia pesada ge Cid : - o
Ê programação. de trabalho em arquivos-e de redação: - io Do da: ol)LIPHANT M garet “Che Aulobiography of M:
- Havia outras ciladas: -a mulher pódia desaparecer i in RM Oliph Org: Mis. Harry Cogh .
sia teiramente ná persona do marido e a voz autoral nes... o no
: na Casos. de maior sucesso era: “ouvida como, masculina: a
is e “us os críticos, “por: “exemplo, : “em geral. avaliavam as E,
Ni n obras de co-autoria doscasal: Beard como se tivessem E
“sérica intitulados “|“Famous “Men' 'of the Negro!
Race” (“Home famosos da raça negra” je e “Famous ne
nimamente. “Algumas aventuraramese ainda: thais em
a uma, variada série de disfarces. Charlotte Carmichael
“Women. of the gro: Race” (“Mulheres famosas da,
“Stopes usou os pseudônimos Luteá, Reseda, C. Gta- é Taça negra”) para” a revista: Colored- American. A re-
ham, Ursa: Major e Audi: Alteram Partem. Embora “petição e oº ritual continuavam a: resultar em, torpor: Sos,
| Ricarda-Huch ocasionalmente publicasse sob.o: nome "Durante anos; “nem: o elogio není a censura: apressou
“de seu cunhado: e amante Richard Huch,. ela em ge- = meu pulso em. dez batidas, pelo que sei”, escreveu
rali usava- o próprio nome. Louise- Cécile Vincens es-" ce Oliphant. “Essa insensibilidade poupa- me de -algu-
- creveu. prolificamente sob; o home de Atvêde Barine, | “ma dor, nias também. deve, fázer-me perder grande :
AA
“e Augustine: Bulteau usou os pseudônimos Femina,
“Toche e Jacque [sic] Vontade. ' os v
: on (1896). A. rie e Famous. “Women; “pu-
"As amadoras aiticulavam: limitações, que ser “blicada por Roberts Brothers, de Boston, na déca- o
viam pára definir suas fronteiras, espaços e locações e “da de 1880, incluía ;Mathilde: Blin. 6
de feminilidade: Esse aspecto do. trauma baseado na, (1893); Mary. Robinson, Emily. Brontê (1883); Ber-
- história melhor estava então: inistitucionalizado no; tha. Thomas E corge: Sând (1883); Anné “Gilehrist
- Setor: ditorial; o “qual publicou Séries sobre « os gran.
des. centrôs culturais “do passado e outros, “comoio
"Famous Womem: [Mulheres famosas) (publicado: pela:
. o - Roberts Brothers, Boston) é Eminent Women [Mulhe-
“res eminentes] (William Alén; Londres), sóbre os fei-!
tos, a lealdade eo infortúnio de, pesquisadoras de
' Carette fem solteira.
“arquivos. Embora. essas séries contivessem as listas: tsão fratstesa, em dez
padrão. de rainhas e mulheres. ilustres, novatas como -
cai Condessa de. Albany, George Sand; “Mercy Otis,
ú “Warren e outras figuras dos' séculos 18 e 19 foram ,
“introduzidas, juntamente: com Germaine de Staél; e
É* Blizabeth Te A romancistá e ensaísta atro- -américa.
“parte do. Praze 1”, E 'Contudo, outras estavam « come-
“sente o: “movimento “da gôndola: ão fazer uma 1 curva,
: é uma nova e fascinante vista revela”. ” A água. = “ua
“cando a. achar um valor diferente na: repetição. e no .
- trangilizava, facilitando. e estimulando, dessa: for- a |
E “ritual — istO é, a sua força: inérenie. :
má, a imaginação espacial: da” história. CaeIL iá
cê l Ago apresentações ritualizadas - mais proemí-
“Nesse panorama, “Os détalhes “permaneciam lu-
= nentes ocorreram nas muitas histórias sociais e cul-
-turais que continham narrações de: viagens, sobretu- “minescentes, barrócos, opacós. Descrições de tecidos, E
- cortinadós, jardins e trabalhos de arte enchiam. os
““do as referentes a cidades italianas. Olivro de; Clara
. passado. Por si.
. volumes; organizando. o espaço do
- Erskine' Clement, The Queen of the Adriatic; ot, Venice,
Medieval and Modern (A rainha do Adriático; ou Veneza, próprias, as “minúcias “tinham: importância; por
exemplo, a vida de Isabella d'Este, conforme retra*,
“medieval e moderna; 1893) tinha, nos seis primeiros.
“tada por Júlia: Cartwright, consistia nos detalhes: de
E capítulos, o foco na história de Barba- Roxa em Ve-
-suas compras: artísticas. O detalhe não levava a ma ;
“neza (para Õ “qual á Praça; dé San Marco ea água ser:
viam de: expediente mnemônico), na competição. én- “vérdade mais: elevada, transcendente, porque. per-..)
" manúecia. “implacavelmente, físico. Beatrice . -dEste, sê
“tre a gôndola eo. Vaporetto, nos, doges, nas cruzadas,
nos festivais. populares e no desenvolvimento do. “furiosa do descobrir que a amante de seu. marido es--
“tava vivendo: no castelo: deles, “disse que não usaria a
Conselho dos Dez: Todos esses capítulos dedicavam .
A

um determinado colete entretecido com ouro que à


“grande atenção às viagens por água. O capítulo sobre x

inarido. lhe' havia dado, caso: Madonna Cecilia apare-.


e Barba-Roxa: (Frederico 1) começa com umã viagem a-
vapor de Trieste a'Veneza e contém um longo: trecho CÃ
f
| cesse com um, semelhante, Porque. daria- a; impressão.
É“Sobre .os bárcos venezianos.. o seguinte, é dedicado :
intéiramente' à competição entre a gôndola: eo vapo-
“-fetio, mas também parte para discussões. mais amplas
us “sobre viagens. o movimento dós' baticos' domina, a;
,-primeira metade, da. narrativa," levando viajantes
cu contemporâneos, assim como os históricos, a: viagens
que permitem penetrar na história: A Hiteratura'mo-.
“dernista, que se. desenvolvia naquela: “época também
“usou i imagens. de água, mas'0 fez de Maneira diferen-. o
“te, retratando: tensão. Para Clement, quando, se na-.
vega por Trieste, “todo sentido, poético e: artístico:
transborda”. No final de sua. história sobre. essa cida-.. io
de ela. escreveu:Hi “Você fech “os olhos = tel axiases,
“SaE Cond = Ee

: 8, OLIPHANT, Margaret. “The » Autobidgraphy ars.


“Oliphant. Org. Mts: Harry. Coghil. Chicago: Univer.
ity o Chicago Press, los. br 67.
.sas,s de sucessivos estudantes nos: “arquivos das, cida: “par am de srandés coleções: de histó ias: “urbanas”: .
“des do norte da Itália têm sido Tegiamente reco » Virginia Wales Johnson; Elizabeth. Robbins Pennell
5 pensadas .. - Vemos. agorá, “com mais clareza do. que Laura Ragg.e clata Erskine Clement (mais tarde. Cla- *
nunca, “que tipo de homens: e muúlhetés eram os". “rá. Erskiné Waters). foram algumas délas, Louise Gui. Cho
Estes:e-os. “Gonzagas, os Sforzas eos Viscontis: “Per- | “taud é Adine. Riom “desenvolveram temas regionais e.
E cebemos melhor: seus: “caracteres e objetivos, seus | locais que tratavam de arqueologia, foldore, genea- Reto
Fo o Motivos secretos e desejos privados. “Conseguimos , “ogia, e linguística, progredindo para 6. que Vernon ii)
“a e vê-los em suas ocupações e diversões diárias, no tra: “ Lee chamou de “genius loci”. | Às ihais persistentes eso
* balho emo lazer. Seguimos todos eles do campo de. “bem- sucedidas, historiadoras. locais foram mulheres.
batalha edas câmaras de. conselho; das caçadas edos... do sul, dos Estados Unidos, “que se engajaram no es-.. e
“torneios; até-a privacidade. da vida. doméstica e das o “forço. de; como alguém disse, ver “os erros da histó- do
“cenas íntimas do “rculo familiar. ria consertados” > 32 Essas' mulheres apoiavam o desen- es
4 NE “volvimento de arquivos locais, a-construção de está-:
. De qobdo: “geral, a “história do Renascimento * “tuas de heroínas como Virginia Dare, as. entrevistas
Pa descrevia “derramamentos de sangue elutas”, “bai= com veteranos. e outros. residentes dá Confederação”.
“1 XOS. padrões. de moralidade” e “crimes e vícios”.'! Nos, ” do Velho Sul** e a conduta; das: sociedades listóri-..
- detalhes do: cótidiano,, que incluíam trabalhos de “tas. Elas, publicaram panfletos e livros e contribuí- :
«carte, mobiliário dé casa, trabalhos com agulha e cos-' | '
ram para periódicos como o Confederate Veteran, mas...
“tumes do dia-a-dia, encontrava-se um conjunto de: ' dedicaram igual esforço: a uma recriação visual des:
- elementos que compunham o: Renascimento. No fi; “láres, das, famílias, da arquitetura, do: mobiliário da:
“nal. do. século 19, foi preciso uma “aburidância de de-.- -estatuaria e dos. trabalhos de arte. do passado.”Pa
nateriais, retratados. com generoósa-precisão Aa MR fd
física, “pará” que submergisse à evidência: histórica e. 32: Mildred Lew: Rutherford, “Historical Sins o
' contemporânea: desses. crimes 'e vícios.. Os leitores É -. Qmissióon and Commission” [1915], citado em GOG>
' «compilavâm |bibliotecas inteiras sobre a história ur: o “GIN Jacqueline. Politics, Patriotism, and Professio- pão
é bana do: Renascimento e biografias que Tepovoayam. : nalism: “American Women/Historians and the-Preser-. -
“Vation of-Southem, Culture, 1890-1940. Trabalho --:
“E, 0 universo, enchiam- nó de novo-com objetos e arte-
“apresentado no encontro anual:da American Mistos,
fatos; e assim criavam: um panorama verossímil. e ical Assóciation, 1989, Fe : ;
uma Snperticie que ressoava o+ passado: e que eles ro
“Gênero e Histór

ae a Nua SRI O eo TROTE o


menos “importantes qu -confundiam: a baronesa de |
“Sant” Anna, Fra” Giovan i Pantaleó eseus discípulos, 6
“capitão Carini, Giorgio Menotti (amigo | do filho: d
x
Garibaldi), o-conde é a condessa Castroforte, a parc
-moniosa madre superiora |de: um. “orfanato e inumerá-
- veis monges anônimos, : senhoras: dá sociedade e crian-
«ças. Huch' conto em detalhes à história da: viúva La o
Giovannara : - “Uma desconhecida, “uma ninguém. do
Ee ponto de. vista histórico — que tomava conta. de uma”
hospedagem em. Nápoles e cuidava de um macãáco dé '
“a Ser! cormibieendido mesmo 9 para os pou estimação, ão mesmo tempo em que Protianhava sua
“se deram ao trabalho de levá- das a sério ] “féno êxito: da unifica ão, o “º EE ão,
“Quando o tema era uma mulher, a própria he.
s que, se' “possuifêsem qualquer. : roína - isto é, O centro da história - — muitas-vezes dis
ssas histórias. “como solvia- -se-nesses detalhes e. dêsfazia: “se -em narrativa
“de outras vidas, talvez: mais gloriosas. Sacharissa;. de:
Julia Cartwright -= biografia de Dorothy Sidney, con-
“dessa de Sunderland : - continha “mais isobre
A Sidney (autor de Arcadia), sobre Algernón Sidney, ix
mão de, Sácharissa,. sobre” seu; primeiro. marido.
duque de Sunderland. e muitas outras figur.
“do que: sobre a pretensa protagonista: Cartwright forç.
“neceu as mais vívidas. descrições: dela apenas com a =
ajuda: dei imagens de poetas, artistas € ensaístas. como
o Edward Waller-e Antoine Van Dyck, que celebraram | “
sua. beleza. Em mais de: trezentas: Páginas, Dorothy
“Sidney. apareceu apenas. brevemente. = - entre” casar,
enviuvar, criar um-filho, casar. de novo-e ter mais.
um filho, a esporádica, narrativa dos: fatos talvez.cor-
: responda dez por-cento do livro, se tanto. Em vez
“de: abrir- se par a autonomia narrativa, a maior par- c
ante. é best-seller envolvia as a
rindo tanto. e “uma”x ampla. visãojo panorâmica: (que
te ota dela) e suas conexões com. e entos impor- ; sabão, «muitas vezes omitia: pequenos. detalhes). “quanto do
CA tantes da: Inglaterra: do: século 17 Os fatos. políticos PN DE exame minucioso. do, documento (que se. supunha.
a “Toram deslocados para os: sociais, os so jais transferi o “iria, eliminar igações sensóriais. e emocionais). | “Or
: “dos para, o; “âmbito Jamiliar, esa biografia. feminina "mundo histórico renasceu em umarica' estrutura de
E desapareceu. no meio disso tudo. Dorothy foi mostra- “percepções, onde; era possível. ver, ouvir, cheirar; tos
“da no livro como uma: protagonista: “obediente, vir “car e até mesmo sentir a cidade medieval ressoar "|
o tuosa- e inteiramente oportuna,. que não tinha uma” “atravésde múltiplos sentidos. A escritora evocava avi
“narrativa legítima, como, teria à vítima de um abuso . experiência - física, “de: viagens. a “castelos, palácios, , PE
social ou de qualquer. outro. tipo. Tudo - - de códigos «cs,
Da inansões urbanas e casas de campo de grandes rai-
legais: a definições de individiialidade cidadania: — Cro — nhas ce mulheres notáveis. Enquanto as amadoras o
-recomendava: tal desaparição, € as escritoras: ámados " . continuavam a fazer descrições detalhadas do traba-
ras trabalhavam o trauma resultante & faziam dele”, lho fantasioso, da mobília, da escultura, das jóias e, Rito,
“sum relato histórico. Beto PEA ie de outras óbras de arte das mulheres; cada vez 1mais :
na “OQ: panorama tomado posbívêi: graças a novas
E il “oniias dé transporte moderno, tão importante Pata : “de fato; regiamente. ilustrados), estimulando. a
“a busca amadora de: material heterogêneo e muitas “o ginação eos sentidos a captar cada vez mais: |
vezes t tão traumático para seus usuários, também co-'., "mundo melhor: A história amadora também torne
" laboro: | | para é essa: espécie de desaparecimento «do pri: | ceu um: panoráma” social muito mais: completo dó :
“ meiro plano. e, assim, coincidiu com a descrição his- que o apresentado pelas primeiras, obras. Ela,
a direi
- tórica “amadora: 37 As: amadoras, no, entanto, opera- :
Eco “vam em mundos. de impactos: múltiplos - = no mundo : Date nascimento, do niemabrô: de uma 1 associação. -de classe:
Si da. industrialização - e no mundo. do gênero. Assim, | “detêndendo seu, ofício, da mulher stalajadeira e de
esmo quando: personagens, e incidentes, localizados º , fo
mo primeiro Plano desapareciam, obra amadora”
tecia uma intensa vismalização dóSipássade; aifes é

E 36. (CARTWRIGHT, Julia. Sacharissa: Some: Account ;


aDoroghy Sner, Countess. of Sunderland, Her Fa-.

37. Sobre viagens det trem eo » panórâma, ver SCHE


LBU 2H a The Railiay Journey: The >
n. the Nine-
Califórnia o.
“paisagem “réal| ela fa história] podé 5ser também « con-. o
“siderada sob diférentes “pontos des vis a e Po dife- “eo texto históricco que era; “um “mero ataque de é ar
-quivistas. e criticismo documental, : abuso. fel a
- tentativa de- ridicularizar: os oponentes”. aro o
“arestaà desaparepeiá por. trásdc diséreeste vale * se abri- sá /
- Os hábitos doviajante eram” contrastados com.
e rá à sua frente, aquele outro se fechará”. Ao fazer és os do: pesquisador de arquivos, não aperias pelos' pro é
sas” observações no início da década: de. 880, ela 'cedimentos, mas também na narrativa: Como as pu-
aderiu” ao tropo espetacular dos: profissionais, mas blicações estavam; se transforinando: em; uma parce-
sua interpretação diferia da-deles em máneiras signi- a cada. vez: maior de “um: mercado: segmentado, Lee -
ficativas: Em: primeiro lugar, o) olho. experiente do | preveniu Bernard: Berenson contra-as armadilhas de
: profissional. conectava- -se com O cireuito: do cérebro .. ignorar a: “questão da exposição literária” e, pór con-
“para .encontrar uma verdade: firme, “espiritual ou: seguinte, de juntar um estiló científico: com um mais.
“transcendente que não aparecia. em suas discussões. /
"popular. “A mente está, inteiramente sem. rumo: enão e
“Ao contrário, Lee defendia um processo sensorial. de sabe que atitude tomar” — o primeiro estilo, que ré- o
“amplo alcance,” que permitisse perspectivas múlti- Ley tratava questões difíceis, ou 0 segundo, “que produ- o
plas e as drásticas Consegiiências dessa multiplicida- - “Zia um efeito-de trangiilidade é prazer”. “2 Essa fu-
«de — por exemplo, a grande montanha desaparecéria. : são discordante' de perspectivas contrastava com: 0:
“Seu método. perspectivo avançava. em terreno-novo hábil - =mas não menos complexo = plano pérspecti-
ce quando invócava a: pincurar impressionista. 38 Esses u vo que moldou grande parte da obra histórica de Lee' A Reis
é
'
e pontuou o “projeto amador: Ela: conseguiu isso em: o
- pregando artifícios; estruturais atraentes. Seu capítu- de
“de sobre ó.cenário musical da Itália do século. 18 mic,
“classe levando os leitores pará uma caminhada pelas
«tuas de Bolónha, orientando-os dentro da Academia
“Filarmônica e mostrando- lhes às retratos de gr: ndes.
Naa, músicos guardando - a Ponta dos arquivos. dá Acê
de

39. Ibid,, po Hm É A
o mia. No mei de cartas e: partituras musicais, “o nar-
A
“Yador encontra: nos eo gelato de Chailes Bur-. : mou uma: linguagem histórica distinta, similar àà das.
' articulações desacréditadas' de vítimas € traumatiza=-" -
i tória “cultural prossegue. Enquanto “jam “dos. Tinha uma sintaxe própria. Embora um detêm RA
Lo
j com Burney, os leitores são interrompidos por outros” “nado grupo apreciasse sua força, a: considerasse. digna, Re
“relatos, trechos: de cartas, “informações musicais do: “de crédito eansiasse por lê-la, o, mesmo não. aconte: no
: dia- e “narrações “adicionais: "dos viajantes. O passeio: » cia, com os: “profissionais. gi “Terisão; medo, alegria, pra-. é
É acaba com a” partida do narrador dos arquivos. zér e: “outros sentimentos, tácitos,: que- reconhecemos : :
“Fã cilitar a. viagem para: os “outros. e; produzir o hojé como transinissores de conhecimento, - Constis
ss “deleite estético” foia. consegiiência. de uma. discipli- , tuíam. a: linguagem. dos: desatreditados. ÇÕES,
= : Na amadora inflexível, ela própriá O: resultado dessas”
Dn e “Nesse esforço, “as histórias amadoras se Teses: RES
“ber o que não. fazer”: A o desvio de: todos os obstáculos, E
cê “tabilizavam, produzindo. às vezes momentos de in".
“a argumentação. e os conceitos refratários fizeram dá >

tenso impacto; quando o: “traumático. e-o. doloroso


: história amadora um panorama ordenado e trangúilo na chegavam. longe demais. History. of the Thiriy XeÀ
«que deliberadamente colocou- -se contra'as distorções va
“da ciência histórica. A maioria das amadoras concor- “ gue de mulheres: O livro é é recheado: de cenás “des .
o dava não apenas que. às esferas locais, tangíveis, 180-
EE lência contra elas, cometida. por elas. es perfieieada
ciais e culturais: continham. realidade, mas, que essa
realidade transi nitia cinética, assim: como impressões |
mentais. As mais palatáveis deviam Ser “transmitidas . : que deveé golpear quase. como imDo de
para o leitor, cujas. respostas também seriam
« mentais Po lama no rosto”; ; “ela desereveu, a “primi ira. experiência
e cinéticas. Esse apeloà c nética separava a voz nar , de uma esposa com o” “sono: bestial e inquieto; dor ma-
: rativa científica autorizada, a; que. veria Convencer, ,
plo; Alice “Stoplorá, Green (a viúva de Jo Ro Green :
uniu- se a amigas como Emil Hobhouse' para. atacar.
o. imperialismo, e com cidad Os de: mesma: opinião
. para, promover leis: internás pará a Trlandá. Suas “his- DES
: ; “sexuais entre. os" gregos “ou ente os suíços durante a » tórias sobre a Trlanda, que visavam mostrar: um pas-.
“Reform Os projetos do: clube, como seus vários éstu-. tá :
“sado vibrante; porém resistente a leis, foram critical". .

=
«dos. sobre a prostituição, , levaram a algumas. associa- .
“das por um: profissional por insinúar que os irlande-
- ções: desagradáveis; como Lina Eckenstein, escreveu
ses viviam. em “perpétuo. estado de exaltação” “ Em-
: ) em umé carta à um companheiro do clube, o. associ +
“bora os profissionais fossem: livres para falar apaixo-.
do-Kárl Pearson, os estudos “nos: lembram que, em sé oa
nadamente em nome das causas sem macular sua re-.
“ culôs passados, exatamente como agora, O tratamento o
E - putação AF R: Seeley pôde argumentár a favor do.
“deuuma classe de mulheres reflétia- se na outra”. 47; De-)
E imperialismo britânico e Treitschke defendeu cora-
- parár-se, com verdades sombrias, entretanto, era um -
josamente o nacionalismo alemão), não era isso O que
“io dos obstáculos, que as amadoras enfrentavam quando
“acontecia com os. amadores, cujas idéias. políticas. fes
“ : trabalhavam” com as inevitáveis “descobertas produzi-
formistas solapavam ainda mais a limitada aceitação
E E IÁãs “das com às ferrameritas: da, nova bistória científica.
- -da-voz amadora convencional. “A
é Ba
ra CNS o ER
Após o período revolucionário, as florescentês
“o “ciências sociais, sobretudo aeconômia política; fez das:
AS) MULHERES TRABALHADORAS E A CIÊNCIA
iniilheres-de. classe média uma figura central emsuas”
Pt « ROGIAR DO. “REAL” Pe análises. Em torno! “delas girava, o. drama de salários,
“consumo e preços, muitas vezes contado em termos; No
Na segilida metade do. séculô 19: .a | história ;
de crianças mortas ou famintas, da: tendência dás muú--
amadora começou a: fazer. contato com uma Vvarieda- “sá
lheres a gastar seus salários. em fitas e rendas e não em:
de de: movimentos. reformistas, como O feminismo,
comida, além da: degradada: vida! familiar passada em
programas para melhorar as condições. dos: pobres e:
casebres, imundos e desprovidos de tudo. Na Inglater- Pa
“causas! cânitimperiátisas ou: nacionalistas. Por exem- “Ta, as investigações parlamentares: no início do século
“19 concentraram: -se: na: condição : idas mulheres. que.
- 46, LEÉ, Vérmnón. Euiphtoriote 353; LEE; Vernon. Thé
trabalhavam em minas; depois disso, economistas po-.
CountessEs of Albany: Boston: Roberts Brothers, 1897.
“TÁ, “. líticos,. como: Paul Leroy- “Beaulieu, na “França, acom-
panharam à bombástica liderança: de Michelet, ressal-
E st a pala] Karl Pearson, 27 de abril de:
[887, doido of London, nuca Coliis Ar | “tando à sórdida: situação das mulheres. trabalhadoras.
+ Desde a década de 1 980, os 5 historiadores têm aponta-.
“o “casamento, apego : a! qui q ilharias, e Tendas Éim au
“mentavam a associação. das: mulheres como mundo:
“ ridículo, transgressivo e anormal que passou a dife- E
“renciar cada vez mais O universo das mu e
«ore daquele dos” homens podérosos. Por, outro, lado,
. “O tema das: mulheres pobres, oferecia uma, óportuni- e :
“ dade que algumas mulheres” escritoras, e pesquisado- te
no “capital emocional. que fazia a: ciérícia. social iundbnar; ras começavam a “saudar com. entusiasmo. Através r
“Mais, uma vez, .as fantasias do, inferior marcavam e “dos olhos das. pesquisadoras, as mulheres pobres tes ao
so temunhavam:. condições . assustadoras que não Ras SS
DA “ eradualiniente, as “Mulhefes escritoras come-, *. viam sido criadas por elas. e Ci Ea o
“çaram a investigar essás condições sociais, Entre as Em 1931, ao apresentar úm estudo dé ein- Ea
“primeiras. na “Alemanha estava Bettina von AA Oe É Menta, -anos sobre. à!1 Vida as inulheres das classes Ro
Cita cujo Armenbuch. (Livro dos pobres). foi um dos-trezen-. : ua
tos, trabalhos “desse tipo. surgidos antes) de 1848, mas
: O único escrito por uma mulher. 50 Passaram- se-várias “pouco: conhecimento. sobre: o que,
- décadas até: que um maior número de mulheres se. “mar: de: “realidade”. 5 Os historiadores a
-dedicasse a esse problemático téma. Pot um lado, o
fiamaterial sobre, mulheres pobres apresentava: apénas : CEB “via o. ridículo, o espacial, o “agradável
- Uma camada” adicional: ao quadro da: degradação e in- “ineficaz; o: é piofisslondis em contraste; ac
* ferioridade. Outros ingredientes dessa representação E
= derramamento. de, sangue, criariças na i das fora do

ss -Diss University of Rá
d “the Politics of Hist Ty:
Es «início a uma: ; réde de escolas: para a: “ciência do lar”;
um pouco mais tarde; na França, Augusta Moll- Weiss
atando o direito de conservar seus salários ê; em mui- - estabeleceu. instituições similares. O alvo era ensinar -
“tos casos, de ter uma propriede é independente da “= às mulheres da: classe média as aptidões” “domésticas, |
“do. marido Embora os códigos de.leis continuassem a” mas também um vocabulário preciso de classificação .-
assegurar, a supremacia masculina na: família, houve” é« ordem nos procedimentos: domésticos: Moll- Weiss
a algum melhoramento, na posição, legal, das mulheres. “E -átacou as, tolas: ambições do lar burguês, com silas re:
CA realidade política “adquiria uma. forma: “diferente, ceitas de patê de lebre en: gelée: ou de. uma: 'musselina
ER mas para ela-não: havia ainda. tum vocabulário histós. de ovas“de arenque; “os tradicionalistas, por. sua Vez, : ns
rico bem desenvolvido. É Au : atacavam os modos da: autora como “inelegantes” é
“+: Os apelos ao “real” sighificavam que as mulhe- : equivalentes à uma perigosa é irreverente “ “transgres- o
se res “com mentalidade científica deixavam, grande |par- “são” contra a família. Moll- Weiss, no entanto, conti:
te de sua prática tradicional para trás: Muitas agrega- “ nuou a ensihar Os aspectos nutricionais da comida(
' vam-s-S€ às novas sociedades pata: O estudo 'da' ciência bumina, vitaminas). Já em 1930, Alice Salomon em a Eu cê
Ea social, “anunciando a importância de sua “perspecti-. Das Familienleben' in.der Gegenwart (A: vida da família “de ir E
“iva” Sobre o trabalho feminino e outras questões. Uma. - hoje) déploraya a tendência 'geral.
| entre as mulheres :
«das americanas entusiasmadas «com: esse: “tipo de estu- e É “de todas as classes a imunizar o ambiente familiar
do for Caroline Dall, que publicou, em 1860 um estu-. : contra: o conhecimento científico. a “Em uma Amp
“+ do sobre o trabalho'das mulheres: “Na física”, ela; es- o

“ creveú, “nenhima sobservação - científica é confiável: ss 54. Para informações Saio sobre: Agusta Moilé
se sua procedência for de uma; “quarta! parte, apénas: To “ Weiss, vér' Bibliothêque Marguerite Durand, Paris, |
“muitos observadores precisam relatar stas “observa: o - DOS MOL. MOLL-WEISS, Augusta. Les écoles ménia-.
“gêres: “a Pétrânger eten Frânçe: “Paris: A: Rousseau,
* ções, e. essas. observações precisam ser “comparadas, “= 1908, xii. SALOMON, Alice; BAUM, Marie. Das Fa-. vi
“antes que: possamos ter um: resultado confiável, Na. “. milienleben, in; der 'Gegenwart. Berlin: FA: “Herbig, Si pego
Ciência: Social é a mesma coisa”. 5 Nas idécadas: de. - 1930: Salomon concluiu o doutórado em economia .
“1860. e-1870, na; Alemanha, Lina” Morgenster deu”; is (Nationalokonomie) em 1906 pela: Universidade de.
U Berlim, Com unia: moriografia sobre as causas da” di-.
= ferença de salário entre homens. e mulhere:

und Frauenaíbeit” ). Ver Annette, Vogt, “Find pos


“Index- Book]: Die Promotionen von Frauen an der ne
: -Philosophischen Fakultãt'von 1898 bis: 1936 undan --
der. Mathematiset Naturwissensc attlichen Fakul-
2, Elen Verhilimisse (A vida Ya. jovem operária emm Munique:
a: “situação: econômica e social de-sua família, sua vida no
e consangitinidade àà comida, “podiá ser discutido em: nô- o & trabalho é seus: relacionamentos; pessoais; 491 Db, de. Rosa: :
«NOS termos. Os' pesquisadores viam um fim para o si= , Kempf. Na Itália, Maria: Pasolini escreveu o 'Giornale ;
“lêncio, à negatividade ea falta de poder: qu a ciência, vu “degli Economist e produziu: um relato “sobre os, cam-
ia “ atribuíra à-vida. cotidiana; RS cs
" poheses de Ravena. Em: Viena, -Marianné Pollack" =.
a “Como: a maior parte do trabalho amado “mare , produziu numerosos estudos, “como o Frauenleben von.
“rar a vida-das. trabalhadoras acarretava. coletar mi- o A gestem und heute (A vida das. muilheres ontem: e.hoje;
. so ríades'de dados, nesse caso uma; série de evidências nro
É “a 1928) é Kãthe Leichter: “publicou; entre. muitos que
físicas, comojo perfil da vizinhança, estatísticas é até: tros” livros, Frauenarbeit und: Arbeiterinnenschute iin: [o a
testemunhos das próprias múlheres: pobres. Carolihe terreich (O trabalho: das mulheres e. a proteção das miilhe- Cs
- Dall, ao” comparar o trabalho, de cientistas sociais res: trabalhadoras na Áustria; 1927). ** Qutras pesquisa- o
- com o dos físicos,” estava.- com Vernon Lee - “am - “doras incluíam Magdalen Pember Reeves, : “Margaret:
E pliando. seu campo de visão, contestando o “ponto: do ro Llewelyn Davies; Margery. Spring: Rice, “Caroline Mi
qual os “homens: haviam: dominado. a: observação. As lhaud, Marie- Louise Rochebilliard, “Odette Laguerte po
partir do final do século: 19, pesquisadores êntraram e "Rose | Otto, Káthe Schirmacher, Marie Berays é-M
nas “casas: e nas fábricas para obter conhecimento. e A “e: Baum. Esses estudos: eram múuitas- vezes patro;
a para estimular "as mulherés, “trabalhadoras a falar é sos nados por: associações: recém- criadas; como. o Fabian.
o escrever sobre suas: vidas |nó presente. e sobre a-.vida o , Women's. Group, o Section: “d'Etudes Féminines do
“de-suas famílias em: um passado: tão distante. quanto j ã Musée Social eo Deutsche; Akademie fúr soziale und
“a tradição. oral- lhes. permitisse lembrar. Nesse estor-. Ei “pádagogische Frauenarbeit. ST e Dto
“ço para: transformar a pobreza do lar em uma forte ,.- AS pesquisadoras é historiadoras sociais produ-;
“representação científica. de: fatos sociais (do passado “Ziram relatos. sobre à vidas. das: mulheres, inclusive o
e do presente), surgiram centenas de estudos, desti= " sobre. quanto as famílias gastavam om y alimentação, E
nados aà apresentar a realidade das mulheres pobres P
. Para párte po contexto da pesquisá austríaca

57. Sobre o início o :abianí women S:


E “po. de: Mulheres. Fabian); .
E s Three Years:Da 1908-1911. Loi d
í métodos dé alocação da contida) taxas de fextilidade 30, xelins. Para, evita cObser ações. aleatórios, “oi.
“mortalidade infantil; renda familiar, “tamanho da:
"moradia, horas consumidas “em diversas tarefas dos : “pesquisa, inaugurar Uum sistema “de informações am
o mésticas;: quantidade, de horas que os diferentes E “ rádas. Em, nenhum: cáso essas informações já exis-
RR “membros da família gastavam “uns com os'outros [e : “tiam, e era, portanto tarefa” das [representantes da- So-
e o Taio em farefas variadas. “Outros tópicos eram a duração Ae “ciedade” Fabian] ensinar “uma ' mulher dé. cada
: ia ea gravidade. de' doenças, orçamentos domésticos em: : vez”. 5º Essas: pesquisadoras, portanto, não apenas res
A º “geral, rendá de membros de diferentes famílias, or- gatavam;, mas. também ensinavam. “Foi difícil epi Q
E çãE --ganização na hora de dormir; quantidade e: descrição - :dutir a experiência observada:: “o relatório. de: Reeves:
de utensílios decozinha, aparelhos, mobiliário e pra- “o deixa «claro que houve: múita resistência. ao depot” DR A
“tos, informações sobre-outros parentes e estatísticas mento sincero: As donas. de casa. de. Lambeth se redes. cr,
ni
sobre imigração. Desse modo, foi sendo desenhado , -láram, recusaram-se a recordar fatós e forçaram. asi ds
4 um retrato científico das: mulheres pobres - um re- “Desquisadoras a jinpor exigências: “Ou às vezes elás ;
e "trato, em que havia pouco espaço. para a reticência "eram analtabetas ou “velhas “demais. “As inulheres
e OU para o julgamento moral das que trabalhavam. em. mais velhas, e as que não tinham motivo para usar os
. E beneficência. Esses tópicos eram substituídos ' ipor “lápis após deixar a escola, tinham. perdido completa-
no «discursos: e textos: classificatórios;. que, transforma-. “-s mente à; “capacidade de “relacionar. õ: “conhecimento,
“vam'o sentimento de vida familiar: em. uma. análise - Ea º “que “poderia haver. em suas mentes com. “Os sinais fei
“científica, ÃO explicar a necessidade das pesquisado- : paia tospor suas mãos em um pedaço de papel”. -.
“Jas, “Alice Salomon. e Marie: Baum: sústêntaram: que REA, “Uma ausência de bens físicos” diluía, mas não.
“muitas vêzes uma pessoa “de fora consegue, com-" ": de destruía, a espacialização . de vida que. caracterizara
-preender com muito: mais profundidade o relaciona-. Ds si “os, retratos “amadores “da; experiência. 'das mulheres.
£ Mento entre os membros. de uma. família”. Bo ao “o Essé golpe. na' ciência pesca muitos. dos Pidícutos ek
pt Essas historiadoras é pesquisadoras eram resga-
“tadorás, salvadoras, propagadoras. “Além do rmais, as:
| E o " inVestigadoras podiam acabar . com a casualidade e.
Ee - produzir um relato acurado; evitando erros. Na pre-:
E spáração. para o estudo - Round “About a Pound a« Week
1 (Sobre avida com uma libra pot; semana), de Magdalen ,
Pember, Reeves, o: “Fabian Women's Committee sele- -
cionou uma área próxima: a um centro/de saúde in-
“fantil éé depois escolheu, como: -participantes,. mulhe-
“rés grávidas” com renda familiar. semanal entre:18 e
“o Gênero
é História: homens; mulher
a

(na “pagamento |ide salário y! lorigos. Períodos”


sem dinheiro); sr. “Ambas, sitúaram as: mulheres. em
uma era «“de degeneração, não. de progresso. Contudo, E
-e quadro, completo da condição feminina ainda. esta-
Na por vir, pois o que de fato acontecia continuava: a:
- Ser. apenas suposição. Ao: observar alguns. dessés es-
“tudos. hoje, vemos que no Ocidente, durante vários”
séculos, mulheres-respeitáveis das classes trabalha- T
doras='e muitas vezes seus: filhos — viviam Sempre, 5
“ famintas, devido - aum sistema que, destinava: comi-
“dá e outros fecursos Principalmente a homêns, -adul- E
“tos; Trabalhando incessantemente e com engenhósi-
dade = “isso ficava bem claro - - para garantir que pelo.
“menos, alguns membros. de suas'famílias sobrevives.
-semy-as inulheres pobres careciam de' quidados mé-
- dicos- para si. próprias, alimentação adequada, mora
«dia; aquecimento € roupas. As nê irrativas. ventrílo-
quas., — em que: histotiadoras e outras: cientistas so-
- ciais falavam da condição das mulheres. através: de
“estudos sobre:a classe trabalhadora - ainda- não pros
“duzi am, declarações diretas sobre as vidas duras. e
plenas: de violência das mulheres, nem sobre os. “prio
vilégios políticos e legáis dos homens, o que reforça-: po
va-sua inferioridade. Embora a ventriloquia tornasse
Essas fnjcutações Possíveis, porque aas amadoras ado-

Eq mulheres, ainda”'soava, como um: eulemisírio é estra-


Ciao nhamente, como unia perpetua ão da: “his tória me-
“VOS, e os:s pais éeram 'os piores infratores - como as' pes-
Ea - quisadoras e as mulheres pobres nunca: deixaram de.
“apontar. o pai de Popp voltou. para « casa bêbado uma, “anos,
pdoe e Georges. Renard; protesta de histé ia
noite de Natal é destruiu a única árvore de Natal que . no: Collêge de Prânce, pediu- lhe. que contribuísse..
ela tivera. “Não consigo: lembrar-me de. ele ter me dis o RE com um volume sobre. a lingêre (costureira) para. ás.
no rigido apalavra uma vez, sequer, E eu também nun- A » - Sua Bibliothêque sociale des Métiers, “obra em vários vo...
sCa disse uma palavra; para ele”. Da4 : Rio lúmes. Bouvier apresentou sua, trajetória de operária:
“. a escritora como resultado da orientação da resgata: ,
al “ Asó mulheres: trabalhadoras enfatizavam que.
dora: de, classe. média. Ela encontrou o sindicalismo e.
CT conversa é palavras' não haviam inicialmente feito...
“O tenome enquanto trabalhava..como. costureira, '
“o” * parte de suas vidas. -Discorrendo longamente sobre o
“ quando; uma. cliente ligada ao “jornal feminista La
RE silêncio. anterior, seus textos indicam: “a presença en-
: Frônde encorajou-a àó ativismo) Combatendo a lide-..
- “+, trelaçada da amadora de classe média. Jeanne Bou-.
rança “Masculina nos sindicatos em bases morais e fe-
5 vier, nascida 'na' metade do século Tegistrou em
ministas,. Bouvier. tornou- se proeminente em um.
“detalhes, cerca de cinquenta anos depois do fato,
seu orçamento de j jovem costureira: “Minhas desp:
à. Certo círculo parisiense, :e isso, “deixou-a orgulhosa de
“ suas conquistas. “Sobre';sua florescente, reputação no.
sas eram..as seguintes; Sopa e carne, 0,50 francos;
EE meio histórico, “ela observou: “Sou-a única trabalha- VA
“vinho, 0,20 francos; pão, 0,15 francos à - Minhas
dora. que: foi chamada [a escrever]:” Ela manteve .
o despesas. semanais: com comida eram de: 8, 40 fran-
“cos, o que, somava, com moradia e roupa “de cama, “ Auma arrojada independência, Tecusando a ajuda de . e
. 15, 15 francos”: “ Esses relatós precisos ea narrativa
o acadêmicos. “Quando meu manuscrito. estiver pron-'
“o sobre. “a vida sofrida tinham como alvo um público to, mostrarei: “para! vocêsise for préciso fazer alguma. ne
“da classe trabalhadora, habituado. a esses detalhes. x modificação, "eu mesma farei. Quero montar meu li o no
vIO do modo como, acho que: ele deve sert.sS dl, sit Pan o do
- “No entanto, eles reconhecem uma condição pré-ver-":
“; bal e próxima a ser, transcrita no campo. científico: À medida “que seu primeiro livro crescia” em, E
é social, autorizado pela ventriloquia da pesquisadora o tamanho, "Bouvier sé maravilhava! coma, sua exten-. Era
“amadora. No. caso do orçamento. de Jeanne Bouvier | - são. Autores contemporâneos criticavam Bouvier: por.
NE nem Caroline Milhaud nem Magdalen Fember, Ree- promover. a própria obra — ridicularizavam, ' por
“o ve
ves Poderia ter pedido mais, E « exemplo, que suas “histórias vendiam em quanitida- e
E des minúsculas. $ Contudo, Bouvier colerecel
; ma.
“Gênero e História: homens; mulheres.e.a prática.histórica
ts os EM : -
:: A, “aA NR e - É a2
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l . A , A : o! e! . E Tri
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“Arabalhadora que se orgulhava de sua “profissão. Te “pretensão: e: foram. às vezes.s repreendidas por isso.
“nórando quaisquer armadilhas ão longo dó caminho, “Contudo, o diálogo do texto histórico acrescentara no-
' Bouvier referiu-se no fim de sua. autobiografia à uma : vas vozes, torhando- omais polivocal do: que núnca.
correspondência que mantinha com Franklin Roose- e

«velt, então presidente dos Estados Unidos, sobre a


piora na qualidade- -do. papel e sobre como essa qua- e A AMADORA INDIGNADA | [Ee
: lidade certamente: melhoria. caso ,0 excedente de al-
godão fosse usado na. manufatura do papel, em lugar “Na segunda inetade do século 19, as. escritorás
“des ser queimado. “Textos é arquivos de estudiosos =. “começaram a produzir um tipo sério de história, fixa-.
fontes preciosas de história — estão: améaçados de. da na estrutura cronológica da política e explicita-.
destruição. no: futuro próximo.” O manuseio de ima “mente conectada com o” surgimento do movimento |]

carta de Carlos VIH escrita em 1491, levou Bouviera . “das mulheres. Essa história foi escrita por amadoras,
. fazer essa avaliação sobre a durabilidade due afibra “em: geral ativistas que participaram do próprio movi- .
dava'ao papel. ss-A história'para ela se tornara unrofí- mento. Em 1871, Paulina Wright Davis, ativista, edi;
cio — um processo qualificado, baseado em bons ima- “tora; além de fundadora e organizadora do jornal fe-
“teriais, que resultariam em um produto durável, do. | minista Una, escreveu A History of the National Women's.
o qual, O trabalhador poderia se orgulhar. “Righis Movement, for Twenty Years, (Uma história do movi:
ÃO imulher trabalhadora continuava: a ser um “mento nacional pelos direitos das mulheres, durante vinte”
tema favorito das mulheres historiadoras, e sua posi- anos). Uma 'décadá mais tarde, Elizabeth Cady Stan-. ps
ção fortaleceu-se'com 0 movimento” feminista do fi-'- ton e Susan B. Anthony colaboraram com:Matilda Jo-
nal da década de-1960. Ela deu a entender que era: “selym Gage em um trabalho em múltiplos volumesiin
“possível confrontar a “realidade”. histórica e, inter-- “titulado History of Woman Suffrage (História do sufrágio.
pretada como alguém sem palavras próprias, | ela “feminino 1881), que foi ampliado com a ajuda de ou-
preenchia os requisitos da ventriloquia. da feminista. tra'sufragista,:
Ida Husted Harper. A. sufragista britã-
“de clásse média. O “real” poderia ser atingido por inc nica Charlotte Carmichael Stopes, prodigiosa escritara-.
termédio-da mulher trabalhadora, que estava desti- e participante, honorária da Royal Society' of Literatu-. PA

nada a ser degradada e inferiorizada sem revelar a in- re, publicou artigos e fez palestras sobre aspectos do.
“-dizível situação. da: degradação da classe média. da E “movimento das mulheres. €.o;acesso delas à educação .
própria pesquisadora. As que, como Bouvier,. tenta-. ' superior. Buscando mostrar que o sufrágio das mulhe-
ram escrever sua. própria história, destruíram aquelá , rés tinha base constitucional, ela escreveu British e
«Women: Their, Historical Privilege (Asmulheres britâni
E4
lêvres: seu privilégio histórico). so* Em 1902; Helen Blaçk o
168, Carta. sem dáta para Franklin. Roosevelt. [aproxi-. ns
" madamente: 1933], em BOUVIER, Jeanne: Mes mé o
“-moires; ou, 59années d"activitê industrielle, sociale etin- o EE a Ver BOAS, Frederick S: Chanloite Carimiichael”
“ tellectuelle d'une ouvritre, 1873- 1235, Paris: Maspero; : “ Stopes: Some Aspects of Her;Life and Work. To:
- 1983. E 236. PERDA o fenda - Essays by Divers Hands: Transactions of the Royal, |
o priméiros capítulos. -do. máciço ter a.
men “ g afago: A. Record of. the: Movement in the British Is- no
“Woman Suffrage: abrem: com um tratamento superfi-
“les (Sufrágio das mulheres: um registro. do movimento: nas:
cial. da “Conferência Anti- -Escravagista de Londres,
“Tlhas: Biitânicas). “Em 1929, uma neta do movimento,
“em 1840 (na: “qual: as mulheres foram impedidas. de. ;a :
“Ray Strachey, publicou The Cause (A causa), um: rela--
“falar e tiveram que observár os: procedimentos. aydis-
“to detalhado do: trabalho das ativistas do século 19.
tância, “atrás. de uma: cortina), da Convenção de Se-
“ Caroline Dall, Luise Biúchner. e "Florence “Buckstall
--neca: Falls, -.em 1848 e do primeiro encontro de Sus,
“também escreveram de maneira histórica declarada-.
“san B. Anthony. e Elizabeth: Cady. Stanton. Os. prin- “o
“mente: feminista; Búchner: exércia ao mesmo, tempo
liderança feminista é reformista, iniciando projetos
e gia
“ cipais acontecimentos. começam apenas . “depois de
* para ajudar mulheres trabalhadoras.”*º Depois de uma - 1850, quando, essa equipe e outros personagens des-
ofiga discussão sobre a lei dos dotes na: Idade Média,
-Viam o foco do aboliçionismo e voltam- -no:para.os di-
“reitos “das mulheres. A documentação para .o livro Eu
- Buckstaff declarou ser umi “fato curioso” que provis :
«consiste de artigos. de jornais, discursôs, entrevistas
: sões desiguais: para . as mulheres devessem ser.” “ainda o
“a regra, “oito séculos: mais tarde, em: um grande núme-
- com participantes, Tegistros: do congresso e do) Jegis-
- to de leis de uma raça que se orgulhava de um nome - “Jativo, além; de documentos legais. Por passar muito
Eno ue
nada menos'dó que anglo-saxão”.”' Ná Holanda, Jo-' tempo. pesquisando e escrevendo, Anthony e Stan,
“hanna. Naber: também. compilou. “documentos, de um, E
ton” tornaram- se praticamente prisioneiras do traba- o
- lho: As cinco “mil páginas do History of Woman' sufira:
“movimento de, mulheres do século 19. Biografias de:
bei
“ge é rico em detalhes, citações. Areias, e relatos « de ae

“ Society of Literatiro of. the United Kingdom Ton-:


“don: Oxford University: Press, 1931: A Pp. JA 95,
E
passado:pariorâmico

“ia manutenção “de. “Escolas: e outras instituiçõe reser-:


a vadas para- homens. Em: geral, contudo,” a história
' conta a história melhor porque ela logo: volta-se para
“a evolução do movimento, em vez + de narrar ou: ana- NE

under Monastiã m (As mulheres sob. é õ mbmasticiçno, da


“filóloga e historiadora amadora. Lina Eckenstein,' ne órica “genial que ós profis- 4
verte essa estratégia, ao aludir brevemente àà posição | narrativas. Entretanto, ás
inferior: das. mulheres desde o início do período mo- 4
derno, “e contar a, “história superior de: mulheérés mo-
- násticas que. exerceram 0º poder: Feminista influen- il RR Essa história: tornou- -se digna' de: reprov. ção; contudo ep
“ciada pela obra de Bachofen, Eckenstein apresentou ente, ao.fazer os profissionais. parecerem mais
j trabalhos no Clube de Homens.e Mulheres é fez pes-
E quisa histórica por. dinheiro. Ela achava. importante “
“não focar” “Os tempos rúins, mas dar exemplos de o
como, “apesar da opressão sob a “lei paterna” germã-
nica, as “mulheres tinham se saído bem.” Assim, es-;
sas duas importantes histórias. nistas permane-
mi narrativas heróicas sobre como escapar das con- Di
= “diçães, não crônicas sobre às condições em.si
Mis ura de docunlengos, o History f És
rquivos dé múlh
ps «col
o da: “ea historiadora Mary Beard, que trabalhou in. o
: cansavelmente e sem sucesso para estabelecer um:
E “arquivo sobre mulheres nos Estados Unidos. Cd Embo
ra algumas coleções de material de arquivo tenham o
: acabado |por encontrar: guarida em: grandes 1“universi mito
E “dades ou tenham, sido parcamente, financiadas por.
governos,. os arquivos. de mulheres tiveram umtela- .
“Cionamento de: diáspora com a iniciativa, dos arqui-.* a
vos: “oficiais: “do século 19: No caso“dos arquivos do
“estado — - quê abrangiam: papéis privados e do gover-
trabalho . e Tadiga, prometendo- “me a cada, vez. ter
no, além. de objetos como moedas, selos e obras de
“mais - úidádo comigo, mesma!t*Ra
“arte— no: final do'século 19 eles não apenas recebiam ns
“ “grande apoio financeiro e de pessoal profissional, º
q . “sesse e espeto à
a : como. eram também centralizados: e “controlados. Do-
ç

pois de'sua morte prematura em


E cumentos sobre mulheres sobreviveram. em-vários
“André 'Mariani, preservou as coleções até
«lugares + nos sótãos das sui ragistas, éem. mercados de É
as, para a Biblioteca A de. Paris. Na q
- pulgas, porões úmidos, bibliotecas locais, - castelos “
caindo aos pedaços, repositórios do” 'governo . = "com
-Iuito pouca preocupação quanto à sua preservação,
“em contraste com a atenção dada a documentos Iu- s
dimentares. e “altamente elogiados sobre homens.
“(Embora a busca de arquivos, dissesse respeito
a feministas de classé média, eles tam bém atrafam | Ê
algumas: fepresentámies: de elasses trabalhadoras dis- '

eoriolhing o Memories: Gender


“of Scientific History. “Anna

bre alguns deles, + ver Maité Abist


rafado, Bib
“na 1 cada vez. Mais: “exubeiante bricolagem de bens;
- matériais, a partir dos quais oiátiva his órica po- “ - objetos: é topografia do: “amador. O. aventureirismo,
“dia” ser construída. Portu lado, em “uma época em » amador continuava a inflamar. a psique- profissional, E
que o “laboratório” científico e. histórico. oferecia um alternando. escapadas fantásticas para novas terras e”.
x “fõco pata” o poder: disciplinar, o amplo e indisciplina “um. disciplinado retorno-a práticas e prócedimentos. Eis
; “do âmbito do amadorismo atuava: para o efeito cons “Na retiradapara o. domínio disciplinado. repousa o.
trário:. era uma categoria que rompia Suas fronteiras gênero | da história; “porque ele acarreta: 'umá contir-
no ur e em novos impulsos. e movimentos. Por: Sis “mação: da inferioridade. ta aimadora: em Tlação ao.
v outro lado, o: panorama amador; tão. majestoso: em, “profissional masculino. - “e qu
. suas minúsculas. descrições, fornecia a base para mu: A; história. aináduis à haquidla é época éra Oo que as:
“danças na história profissional. Um istoria dor ex- “pessoas liam em trens ou: a bordo de navios - ='Q pre-
E tremamente profissional. quanto. Charles Lânglois Í o “cursor do que foi lido em tipos, até mais rápidos de
“passou a vêr “possia e: ficção como material de pes- : (os
“viagem, restaurando os detalhes a uma, vida “que fora a
o quisa, interpretando- às de maneira tão literal como “despojada deles é por. causa deles traumatizada pela.
“ “teria feito. com. um, “manuscrito réal.. Outros: teriam modernidade. é pelo, gênero. Ninguém, segunda “cons
«atacado. a: vida cotidiana; desdenhando daqueles: que - ta, ia à Itália sem uma cópia das histórias de Júlia
limitavam seus esforços: a-alta política. Os estudos Cartroriheo A história madora: Oi ao mesmo tempo |
- amadores sobre conventos e o trabalho das mulheres +
cu forneceriam, o ponto-dé partida para, muitas mulhe-
EA res. profissionais, cujo número: aumentava 1 gradual: - Co
a menté 'no final-do século 19. sm
Mio
10. madorismo: foi, por co seguinte, -a van- E
“Mais “ou menos. na época “em que a história: DA
“ profissional tornava-se uma: possibilidade de carrei. Se desçro O
“ra para 'as mulheres, “psicólogos e “homossexuais €o- E
meçaram a criar uma moderna, sensibilidade à à possi- EU,
“bilidade: de. existir um “terceiro sexo” . O termo era
“relativo àà preferência : sexual, mas sua: definição tams
“bém: cobria características comportamentais: eruza- e
“das entre os gêneros, tipos de personalidade e modos |
“de. pensar. Características” cruzadas. dependem em:
«primeiro lugar de fronteiras bem definidas entre os. É
“sexos — fronteiras. qué as poderósas idéias e institui-
sões' de esferas separadas tinham estabelecido. Ae
ҼC Mulheres profissionais: uinterdeiro sexo?

a
/

“No entanto, as: 'características des gênero das


e “mulheres profissionais. eram mais indistintas do que:
“essa dicotomia, sugere e suas identidades eram def ni-
Ps
- das:-com menos clareza. “Apenas um punhado dessas
"mulheres cumpriam à. missão, feminina de ter filhos'e Niva +
elas também não estavam inteiramente integradas
'em uma cultura doméstica tradicional. Se podemos...
“tremo, quase assexuadas, e pareciam, negar que, tives- - aceitar que historiadores homens faziam parte da re-:
“sem alguma vez recebido tratamento injusto. Elas - produção da masculinidade de classe média, em que . -
perdem seu atrativo porque pareciam carecer de .co-- relacionamento as mulheres profissionais e suas obras”
' ragemí cálando- -se sobre as más condições que preci- se situavam para a' definição. do gênero das mulheres
: savam suportar. recusando - -se a testemunhar. Judson . (e dos homens)? Ag buscar respostas, enfrentamos di-
“neh ivé dizia âé jovens colegas, no início da década: de; e lemas,; 'coimo ode colocar mulheres profissionais “ma-
970, que não fossem tão: francas, tão feministas... duras” contra: amadoras “inferiores” e, com isso, per-
. Elas. eram: “solteirohas” que: viviam em: grande: parte petuar o trauma. Ou podemos achar que a história .-
“em guetos. femininos' na comunidade acadêmica. Era: das mulheres profissionais não funciona “do: modo o
Si possível: que alguém, celebrasse essas comunidades fe-: NE como esperávamos e que ela pode até mesmo ser.de-:
mininas, embora: isso: significasse ao mesmo tempo a. - sagradável. As personas profissionais, das “primeiras
“ celebração. do confinamento, da degradação eda limi- mulheres eruditas podem ser muito perturbadoras, mm
E tação. de oportuniilades. Depois, havia. as “moças: de-. ao ponto de impedir uma leitura satisfatória. Domi-"
vassas”, que tinhamtalvez mais encantos — vistosas e“: nick LaCapra apontou recentemente às possibilidades
o um talito: candalosas, elas fmexiam com á libido: de. “de'trabalhar como libidinoso, 0 traumático. e orepri: 1
: seus. colegas homens e permaneciam, . por isso, mais mido € dé incorporar esses. elementos às narrativas
“ tempo Tia. mernória “acadêmica. Quando chegavam a: históricas - — uma sugestão que pode antecipar, o pfo-
“aparecer na historiografia, eram apresentadas como. “jeto analítico deste capítulo. E a opinião, de LaCapra
E brilhantes, até. mesmo eróticas e. arnadoras, mas a lon- permite: uma hipótese adicional: não é por acaso que '
- go prazo 'erám. muitas vezes: consideradas tão extrava- .a história da erudição; Profissional das mulheres. foii,
o -gantemente originais « e tão carentes: da erudição tradi- na “reprimida por-tanto tempo. e
Z “ciônal que teriam pguco, a oferecer de valor duradou- | : : Outro problémia aparéntementeé impossível de-
ser tratado refere-se aos textos sobre: mulhéres im-; .
- portantes — textos qué podem. sempre. fazer uma
“história melhor” para substituir uma'análise: dos te- nr
e dO
mulheres: na: história profissional nno Tim do séculá k
“mulheres importantes têm cido” r eitada por alguns
- Como era possível, dadas as, Tantasias, a linguagem. e
à dos maiores teoristas feministas: de mossos. dias por
“as, práticas “definidas pelo gênero que moldavam.o'
“uma-série de:boas” razões. Ela pode ser “compensado- PAS campo" para as mulheres, sequer: considerar o. traba-
ra” “ou “celebradora”, "uma ingênua: “hist rija dela”, “lho histórico profissional? Excluídas das forças arima- ic e Ro
“em vez de um mais sofisticado: trabalho. de história é : das, “impedidas | de exetcer a cidadania; e até de rece- o o
“ do. “gênero óu social. As pessoas às vezes tidiculari-
ber diplomas universitários em muitos lugares, como.
-zam a históriare à historiografia dó “grande homem”, “elas poderiam ingressar normalmente em uma profis- aro
“mas esses, relatós, no entanto, ancoram as narrativas. -são' criada para os homens? Na. verdade, em alguns.
“dó passado. A mulher realizada é menosprezada nes- casos 0 antagonismo com relação ààs mulheres. que fa-.
=: SA. época, em um processo corrente que aumenta' os
“a
ziam história' tornava- sé cada vez mais. “explícito €,
árgumentos. contra ela, incluindo: as alegações de que,
“apesar de falarem em merecimento, as portas.se; fes
ela é' “uma: manifestação. do. trauma. Ras, REAR
-chavam da mesma forma: como se abriam. Treitschke us
Vcs, AS primeiras historiadoras profissionais - - invi- so
"declarou que somente passando sobre: seu cadávei a
síveis, menosprezadas, paradoxais ou bizarras = mis-
“uma mulher. transporia a soleira de: sua sala dé ula. :
- turaram- -se então ao: “inferior” da história.científica e
' “Epistemologicamente, também, as cartas pare-
| assim tem: sido praticâmente desde o início. “A pró-. “ciam 4 estar contra a realização profissional das mulh
- ptia palavra ['ciência” | era um fetiche”, -escreveuo- v Fes. A historiadora, como a cientista, conseguira. d
- historiador W. Stull Holt sobre Õ: “clima nos primeiros . pois de anos. de experiência, “liberta rese, da emoção, da
“dias da profissionalização. Como, resultado, ele cón-.- intuição eda parcialidade, a fim. de atingir” um, esta-
cluiu, “desenvolveram- se monstruosidades como, do de espírito , devotado. inteiramente:
!
“ciência da biblioteca”: 'e. “ciência: doméstica””. Holt e
Kant e Hegel, filósofos em cujas ontentadõis, a máio-
“aludia Mm sua: lista- de, monstruosidades. à produção - ' ria dos historiadores se baseia. (nem que seja de modo”. za
“pela. ciência: de mulheres historiadoras. profissionais; - ; apatia) tinham “gasto longos capítulos
-seduzidas - -por visões: de competência, “cidadania” e
- empregos na academia. Estudiosos. como R. H. “Taw-
Ney e Marc Bloch' eram hostis a« mulheres desse: tipo* “homens podiam operar moraliente. de a dordo como
- Essa, condição “monstruosa” chama: a atenção mais? Princípio do imper: ivoo até górico, e apenas eles
Ubá vez para é a situação incrivelmente anómála das
as : “Oxford é Cambridge a' partie 1869, elas continua:
- Yam sem receber títulos. acadêmicos 1 nessas duas | uni:
vetsidades. atéé depois: da, Primeira Guerra “Mundial [o
da. Segunda, respectivamente. As mulheres na Uni-
“vetsidade de Londres receberam. diplomas a partir de. = E
1878. $ Nog Estados Unidos, quando as historiadoras três
com experiência profissional conseguiam emprego
É
Nos
é
nale em geral nos Estados Unidos, ver SCOTT Joan.
“ Gender. and the Politics of. History - New York: Columbia
A : University Press; 1988: p. 178-198; PALMIÉRI, Patri-
“cia: In Adamless Eden: The Community “of Women.
Faculty at Wellesley. New: Haven: Yale University
A imulher pró issional trabal ava como Bomém - Press, 1995; SCOTT, Ann Firor (Org.). Unheard Voices:
“The First Historians of Southem Women. “Charlottes-
[ observadora, ii
- villei University Of Virginia” Press, 1993; ROSEN- vs
BERG, Rosalind.- Beyond Separate Spheres: Intelectual
“Roots of Modern Feminism. New Haven: ale Unir o
“versity Press, 1982: p. 288. 1)
' «Sobre -mulheres' no Canadá, ver. BOUTILIER, Be-
cooverly; PRENTICE, “Alison L. (Org): Creating Histori-.
“tal Memory: English-Canadian Women “and the;
“Work of History: Vancouver:' University of British”

1d
' Columbia Press, 1997.
6: Para informações sobre literatura recente eoban
'do historiadoras profissionais ou mulheres com -ex-
“ periência. profissional. ha E ropa,.. Ver "SONDHEI-

“toty) 'of Westfield College, 18 1982. London: wes-


tield College, University of London, 1983; DYHC
e axe: Ela d Zia: “Sei que isto « stá; errado, mas. não; sei e
EN por quê”. Quando: as. mulheres passaram à freguúen-.
“tar a universidade, a. desaprovação: “da educação: in
: telectual feminina que'se desenvolvera a partir. das
revoluções Francesa e Americana evoluíra pata uma .
- bem-estabelecida "verdade. científica”, segundo a «ss
=. qualo estudo destruía a saúde. físicae emocional de-.
“Tas. O estudo de Patrick Geddes e J. Arthur Thom-"
“ “son, ná Inglaterra, edo Dr. Edward. Clarke, em Bar,
0 não vard, atestóu-que.o trabalho, intelectual arruinaria a: E “o
eram 'em: úma série de Seen capacidade: das mulheres de reproduzit e amamen- ;
clássica, econômi- nn “ tar. De acordo com Herbert. Spencer e outros cientis-”
"tas sociais, a abstinência: das mulheres de qualquer
ais atividade intelectual como parte de uma: divisão se-.
xual dé tarefas erao, Estágio mais alto da evolução:
«* - A medida que a taxa de fertilidade passqu a declinar
“no fim do século 19 cà medida que grandes potên-
“cias ocidentais: começaram: “ao preocupar- se com a”
“boa forma” ide suas populações, o trabalho inteléc-
“tual das mulheres passou .a'ser- visto como especial- no
a mente problemático, perigoso. e até: Ampairtótico, iq
i
EN

8 CAM, Helen Maud: Eat and Drinking Greek. . :


Girton Review. 84, 12, 1969; Muitos manuscritos: . o De ER
«úteis: deCam: estão depositados. nos arquivos do, So
Girton College:
(uso - 9. GEDDES, Patrice: “THOMSON, JA. The Evolution a
ERA ;; of Sex. London: Walter Scott, Y889; SPENCER, Her. vo
“ bert. Principles of Biólogy. London: Williams and; Noto rs
gate, 1867.:Ver: DYHÔOUSE, Carol: “Girls Growing Up"
int“ Late: Victórian and Edwardian England. Londony, Peço
: Routledge and Kegan Paul; 1981. p. 139-175; GOR-.
“DON, Lynn. “Gender and Highér: Education in the Pros é
gressive Era. Néw Haven: Yale: University] Press, 1990:
»
10. o estudo. clássico é “Depopulation, Nationialism,
“and “Feminism in Fin- de-Siêcle France”;-de Karen”.
Offen; American: Historical Review, Bo, p 648- 676,
“June, 1984. Es ;
Gênero e História; honiens, mulheres e a prática histórica
» . Mulheres profissionais: um terceito sexo?

Depois da Primeira Guerra Mundial, o temor de que. recusar propostas por causa da posição inferior que
a atividade intelectual feminina pudesse ser “nociva.
imediatamente assumiriam com o casamento.”? Kno-
- à saúde e ao cérebro” intensificou-se.!!
wles répresentou um casó raro ao teí uma carreira
As mulheres historiadoras profissionais, em
- profissional.e um filho.
contraste com outras mulheres de classe média e a'
Em geral, a historiadora profissional solteira ti-.
maior parte das amadoras, não eram casadas. Sua rava proveito do.companheirismo de outra mulher
condição de “solteitonas” era cada vez mais notada,
profissional — Eleanor Lodge com Janet Spens, no
à medida que o século 20 avançava. Enquanto os ho-
“Westfield College; Lucy Maynard Salmon com Ade-
mens historiadores profissionais usavam uma retóri- laide Underhill, no Vassar College; Katherine Coman
ca de trabalho e de sustento característica da classe e Katherine Lee Bates, que moraram juntas, forman-
média heterossexual em relação à sua erudição, e en-
do o que era chamado de um “casamento à Welles-
quanto arregimentavam
os esforços de uma equipe ley”. As dezenas de casais de mulheres entre as his-
de compánheiros para pesquisar, editar e escrever
toriadoras operavam no contexto de uma nova femi-
história, tais benefícios não existiam para realçar a
nilidade e do fenômeno de “mulheres excedentes”.
situação profissional das mulheres. Casamentos e re- Um número cada vez maior de mulheres em muitos
lacionamentos heterossexuais eram praticamente
países ocidentais não casava, e elas viviam juntas,
excluídos para elas, apesar-da linguagem normativa
independentes de suas famílias, como casais ou em
de heterossexualidade que inspirava o trabalho his- grandes pensões, clubes e apartamentos para múlhe-
tórico. Elas sabiam: que aceitar um trabalho, acadê- rés.!t Em todas as comunidades exclusivamente fe-
mico ou mesmo tentar conseguir um diploma acadê-
mico significava renunciar à vida familiar. A maioria
12. Grande parte da informação sobre Harrison neste
ensinava € escrevia sem apoio doméstico, uma lacu- capítulo vem dos trabalhos de Jane Ellen Harrison no
na que realçava a singularidade do mundo acadêmi- Newnhaim College, Cambridge. Sobre Harrison, ver
co. Embora muito poucas fossem casadas, os casa- especialmente PEACOCK, Sandra. Jane Ellen Harri-
mentos de mulheres tão destacadas quanto. Eileen son: The Mask and the Self. New Haven: Yale Univer-
“Power (então com quase cinquenta anos) e Lilian sity Press, 1988; e STEWART, Jessie. Jane Ellen Harri-
son: A Portrait from Letters. London: Merlin, 1959,
Knowles foram e ainda são alvo de comentários. O É extensa a literatura sobre Harrison e as “ritualistas”
casamento desfazia a autonomia, tão importante . de Cambridge.
para a construção da cientista-cidadã: Mais de uma 13. Ver LODGE, Eleanor. Terms and Vacations. Ed.
profissional — Jane Ellen Harrison, de Cambridge, es-
E

Janeth Spens. Oxford: Oxford University Press,


pecialista em classicismo, por exemplo — admitiam | 1938; BROWN, Louise Fargo. Apostle of Democracy:
EO

i The Life of Lucy Maynard Salmón. New York: Mac-


millan, 1943. PALMIÉRI, Patrícia. In Adamless Eden:
11. Conferência da Society of Oxford Women Tutors The Community of Women. Faculty at Wellesley.
com à Association of Head Mistresses, 23 de feverei- * New'Haven: Yale University Press, 1995. p. 137-142.
ro de 1917, transcrição de minutas, Arquivos do 14. O fato de, no final do século 19 e início do sécu-
Lady Margareth Hall, Eleanor Lodge Papers, caixa 1. lo 20, muitos países ocidentais terem um “exceden-

396
397,
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Mulheres prefissioriais: um terceiro sexo?

mininas, como era O caso de muitas escolas que só munidade republicana: mas também situado —.tal-
“aceitavam mulheres, “a homossociabilidade alcança- vez com mais força — dentro de uma feminilidade
va nova intensidade e exclusividade. Algumas mu- problemática, inferior. Embora alguns homens pu-
lheres. escritoras podiam contar com suas parceiras, dessem usar, com referência-a mulheres profissio-
mães e irmãs para pesquisas, anotações, revisão de nais, a retórica do colegiado profissional, da associa-
textos e outros tipos de ajuda editorial. Eileen Power, ção úniversitária e.de colaboradores em pesquisa e
que foi eleita secretária da Economic History Society “em trabalhos eruditos, outros não conseguiam imagi-.
(Sociedade de História Econômica) na década de ná-las nesses termos. Estudantes universitários de
1920, arregimentou sua tia, Bertha Clegg, para pre- uma ponta à outra da Europa periodicamente causa-
párar as atas das reuniões e convenceu: a organização vam distúrbios e provocavam violência contra a; pre-
a pagar a Clegg uma pequena remuneração. Em ge- sença de mulheres nas universidades. Na Espanha; as
ral, no entanto, autoria e persona profissional eram estudantes eram apedrejadas; no Newnham College,
mais rarás entre as mulheres e-elas eram mais mal da Universidade de Cambridge, alunos do sexo mas-
pagas do que os homens, embora aquelas que tives- culino rebentavam portões em protesto. Os professo-
sem dependentes não fossem menos responsáveis fi- res empregavam sua própria forma de “disciplina”,
nanceiramente do que seus colegas homens. Medieval uma visão contradiscursiva, porém efetiva, da mu-
Nunneries (Conventos medievais), de Power, foi con- lher profissional. “Nunca me senti tão amargurada
cluído para a impressão por uma amiga, e seu viúvo, na vida”, Eileen Power escreveu em 1921, ao ouvir
Michael Postan, apregoava ter iniciado - ou de fato que os decanos de Cambridge tinham mais uma vez
escrito — a maioria de suas obras.” votado contra as mulheres receberem diplomas e
O trabalho intelectual das mulheres era, dessa participarem da universidade”.!s As mulheres es-
forma, não apenas colocado em um contexto de trangeiras que “estudavam na Alemanha achavam
transparência, conhecimento de-classe média e co- que, de uma forma ou de outra, eram tratadas como
exceção. Edith Hamilton, que estudou filologia em
te” de mulheres solteiras não tem sido explicado Leipzig e em Munique, em 1895 e 1896, fez a se-
com muita clareza. O excesso pode ter sido devido guinte colocação: “Ser americano significava, é claro,
à imigração masculina, ao serviço no exército impe- não ter instrução e, no caso de uma mulher, não con-
rial, à expectativa“de“vida mais longa das mulheres seguir de maneira alguma se instruir.” Enquanto as
ou a outros fatores. A carnificina da Primeira Guer- | alemãs eram inteiramente proibidas de frequentar
ra Mundial exacerbou a tendência. Ver (para a In-
salas de aula, Hamilton precisou unir-se àquelas mu-
“glaterra) VICINUS, Martha, Independent, Women:
- Work and Community for Single Women, 1850- lheres estrangeiras que, embora admitidas, eram im-
1920. Chicago: University of Chicago Press, 1985.
15. Salvo citação em contrário, detalhes sobre a 16. Eileen Power para Bertrand Russell, 21 de outu-
vida de Power vêm de BERG, Maxine. 4 Woman in bro de 1921, citado em BERG, Maxine. 4 Woman in
History: Bileen Power, 1889-1940, Cambridge: Cam- History: Eileen Power, 1889-1940. Cambridge:
bridge University Press, 1996. “Cambridge University Press, 1996. p. 141.

398 . 399
- Mulheres profissionais: unt terceiro sexo?
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica

importantes contribuições para o esforço de guerra.


fissionais, passou a admitir mulheres em 1906. Em .
|
Além disso, ela perguntou, que direito tinham as ins-
vinte anos, duas haviam se formado no topo de suas
tituições educacionais de estabelecer essas políti-
turmas e seguido a carreira de arquivistas. “Ainda
cas?? A profissão era construída como democrática e
que lamente que as mulheres não desempenhem o
aberta ao talento; contudo, os homens eram melho-
papel que a-natureza lhes destinou”, escreveu o di-.. res, superiores e mais inteligentes, enquanto as mu-
retor Marcel Prou, “não se pode negar que elas com- Jheres eruditas eram automaticamente domésticas.
binam com o estudo ciêntífico”. De fato, se às mu-.
Sob essa luz, era possível que se pagasse às
lheres devessem seguir uma garreira, ele concluiu, o mulheres estudiosas de igual ou melhor desempe-
trabalho em arquivos “seria o mais adequado para o nho do gue os homens um salário. muita inferior,
papel de mãe e dona de casa”.” Arquivos e outros re-
porque embora iguais ou melhores, elas eram tam-
positórios foram gradualmente feminizados durante
bém consideradas inferiores e menos valorizadas.
o século 19; e no século 20, as próprias arquivistas
Antes da Primeira Guerra Mundial, a muito cele-
tornaram- se conhecidas como “criadas da história”?!
brada Lilian Knowles recebia muito menos do que
Durante a Primeira Guerra Mundial, os deca-
seus colegas homens, airida que tivesse atingidoo
nos das universidades inglesas tentaram livrar-se in- nível de professora universitária.”” No Canadá, em
teiramente do professorado feminino, e apresentaram .
1929, Sylvia Thrupp conseguiu apenas ser instruto-
uma proposta que sugeria recrutar todas as mulheres ra na Universidade de British Columbia, embora es-
universitárias em um batalhão de “serviço domésti- tivesse começando a publicar muitos trabalhos res-
co”. No mundo acadêmico, a guerra podia ajudar a
peitados. Enquanto isso, os homens ocupavam car-
“restabelecer o gênero, transformando as decanas am- gos importantes, conseguiam promoções e recebiam
biguamente femininas em “mulheres” de novo. Mas quase o dobro do salário dela, apesar de não terem
essas decanas tinham na verdade cruzado a linha do nenhuma obra publicada. Como amadoras, as mu-
feminino. Havia “muita gente boa que não era capaz lheres profissionais precisavam ganhar dinheiro:
de combinar a roupa”, protestou Ada Elizabeth Le- elas eram autônomas e, como os homens, tinham
vett, do Westfield College, e que já estava fazendo
que garantir seu sustento e o de suas famílias - em
geral pais e irmãos. No entanto, na lógica libidinosa |
20. PROU, Marcel. L'Ecole des Chartes. Paris: Société
“ des Amis de 1'Ecole des Chartes, 1927. p. 20. Agrade-
ço a Jennifer Milligan por fornecer-me esse trabalho. 22. Society of Oxford Women Tutors e Association.
21. Ver, por exemplo, GARRISON, Lora D. Apostles
of Head Mistresses, transcrição de. conferência, 23
de fevereiro de 1917, Lady Margaret Hall, Eleanor
of Culture: The Public Librarian and American So-
ciety. New. York: Free Press, 1979; MAACK, Mary Lodge Papers, caixa 1. Ver também LEVETT, Ada Eli-
Niles. Women Librarians in France: The First Gene- zabeth. The University Woman and the War. Athe-
ration. Journal of Library History, 18, p. 407-449, neum, 4613, Jan. 1917.
23. BERG, Maxine. 4 Woman, in “History: Eileen
autumn 1983. Mulheres norte-americanas arquivis-
tas, em especial Margareth Cross Norton, lutaram Power, 1889-1940. Cambridge University Press,
durante décadas pelo reconhecimento profissional. 1996. p. 181-182.

403
402
Mulhezes profissionais: um terceiro sexo?
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica

uma determinada cadeira e, apesar da reputação de


que caracterizara a profissão desde seu início, elas
“Merriman, foi obrigada a consultá-lo. Ela então diri-
estavam também situadas no mundo de fantasia
giu-se à sua sala: “Ao entreabrir a porta e ver uma
que ameaçava o mundo masculino da história, e que “mulher do lado de fora, ele manteve um pé firme-
estimulava a pesquisa, mas não se ocupava dela. mente plantado contra a porta e, com muita rapidez,
A profissão continuou tão confusamente mar- bateu-a na minha cara, encontrando tempo apenas
cada pelo gênero depois da Primeira Guerra Mundial . para dizer “Nunca tenho nada a tratar com mulhe-
quanto estivera nos anos anteriores. Mais mulheres res”. Merriman recusou-se a ser seu examinador e o
na Alemanha é na Áustria concluíam seus doutora- departamento providenciou um substituto, As mu-
dos; e nos Estados Unidos algumas mulheres faziam lheres precisavam deixar a biblioteca Widener às seis
trabalhos de graduação em escolas de elite como Har- da tarde e não podiam entrar na biblioteca jurídica
vard, muitas vezes mandadas para lá por seus profes- de Harvard. Muito mais tarde, Judson conseguiu per-
sores das escolas exclusivamente femininas.” De missão para usar a biblioteca jurídica de Harvard,
acordo com Margaret Judson, que estudou em Har- mas “apenas se eu entrasse pela porta dos fundos”.
- vard na década de 1920, a maioria dos professores “ Em 1931-1932, ao mesmo tempo em que ela fre-
homens em Harvard “nunca parecia olhar as alunás
quentava a biblioteca de Lincoln's Inn (uma faculda-
re- -
como se elas fossem infériores ou não merecessem de de direito de Londres), muitos estudiosos de várias
ceber o melhor ensino”. Até a década de 1950, Sa- .
-
partes do império, particularmente da Índia, todos |
muel Eliot Morison atravessava a Avenida Massachu--
homens, enchiam a sala de leitura. Ela era a única à
setts para dar uma palestra separada para as alunas precisar sentar-se com um bibliotecário de cada lado.
de Radcliffe no seu curso de história norte-america- “Por quê? Só posso supor que os bibliotecários daque-
na. O único professor que Judson encontrou pessoal- le santuário masculino ficassem imaginando por que
mente em Harvard que “odiava as mulheres erudi- uma mulher estaria interessada em manuscritos.”
tas” foi Roger Merriman: ele jamais permitiu mulhe-. “Durante o tempo em que Judson trabalhou em
res em suas aulas e não lecionou em Radcliffe. Mas comitês de pesquisa e em outras sociedades profis-
ela precisou estudar o Renascimento e a Reforma, em sionais, ela teve que comer sozinha, enquanto os ho-
mens faziam as refeições no Harvard Club ou em al-
..
24. Ver Annette Vogt, “Findbuch [Livro-índice]: Die guma outra instituição só de homens. Com isso, ela
Promotionen von Frauen an der Philosophischen perdia informações e recebia uma visão mais limita-
Fakultãt von 1898 bis 1936 und an der Mathema- da das questões que estavam sendo consideradas. No
tisch-Naturwissenschaftlichen Fakultãt von 1936
.
bis 1945 der Friedrich-Wilhelms-Universitãt zu Ber-
lin sowie die Habilitationen von Frauen an beiden 25. JUDSON, Margaret. Breaking the Barrier: A Pro-
Fakultáten von 1919 bis 1945”, Preprint 57, Max- fessional Autobidgraphy by a Woman Educator and
Planck-Institut fiir Wissenschaftsgeschichte (Ber-
Historian before the Women's Movement. New
lin); FELLNER, Fritz. Frauen in der ósterreichischen Brunswick: Rutgers University Press, 1984. p. 30,
Geschichteswissenschaft. Jahrbuch der Universitát 34, 109, 92. , .
Salzburg. Salzburg: Die Universitãt, 1984.

404.
di

Pty

de e. amo “As 5 esposas, segundo. se - veláta, dchavam DE


“lina da “década de 1920, nocentanto, “ela senda: se s -“séús “decotes: muito profundos e seu: comportamento |
ter; um emprego. “Embora as mulheres esti
Es
feliz por 5 Y| coquete. demais. Esperava- se-que os homens fumas-,
vessem consegui ndo diplomas. ou” mantivessém. os “ sem, mas ela não podia (embora. o fizesse). Poressas.
; homens abastecidos. de alunos que participavam ;de e razões, ê talvez porque adorasse dánçar tango, mui- so
E Ee - “cursos 'de extensão em muitas universidades, suas: í
tas pessoas conhecidas não a convidavam. pará seus
“ perspectivas de: emprego. nessas instituições eram
E eventos sociais. Até mesmo para suas melhores ami- e
sombrias. Um doutorado, “quando nas:costasdo sexo . "gas, Harrison: parecia ousada. e experimental: em séu
errado”, como colocou a historiadora canadense Hil-". - comportamento. “Se vocês algum- dia me deixarem
da Neatby, não servia para nada-hia década de 1930. : voltar”, ela escrevéu, para os amigos Mary, e Gilhem. Ri
“George: Wrong, da. Universidade. de Toronto,. “que
; Murray ém. 1903, “prometo solenemente. não..
apoiava: a igualdade das mulheres ná profissão, ten-. - mer uma pastilha de cocaína”: Nas décadas de 950)
«tava contornar o fato de que todos “preferiam indi: "e 1930, notava-se: 'que Eileen Power passava muitas
car um homem”, mandando suas melhores alunas
- de suas nóites-a dançar: em clubes londrinos e “a: dis-
para os Estados Unidos ou Inglaterra. o
e

: tribuir olhares para os homens”. Elogios a Knowles e


“Na década de 1920,-essas estudiosas formavam, “Power serviam para “feminizá- las e sensualizá-las.
“não apenas alvos visíveis, individuais dentro, da pro- :

= Knowles: era conhecida por seus; “chapéus espalhafa-


fissão — colegas, que os homens esforçavam- -se para tosos; autoconfiança inabalável e uma mãe cujo jar-
. “manter fora de reuniões ou a respeito. de quem toma- '
“dim continha: os mais fantásticos morangos”. * Muita
“vam decisões contrárias - mas também um grupo vi- coisa era dita sobre à feminilidade. de Power, mas em Ts
“sível-de, mulhéres profissionais realizadas. Seu pró-. geral servia para. corroborar. Suas qualidades pessoais cs
“prio desempenho era então manifesto (como O. da es-,
"de “radiante” e “criatura encantadora”. Ela era cele- . Us
- tudiosa normalmente. competente); e altamente ca-
brada em. comentátios e vinhetas (inventadas por ho- :
“ractérizado. Õ presidente do Vassar College permitiu- mens) que se: referiam a seus “longos brincos que ti--
-Se reprimir. a nacionalmente conhecida Lucy May-
o nham a core o formato exatamente certos” e davam
nard Salmon por usar um tipo de culote quando i ia de.
o outras à descrições éde seu: vestido. BA “matrona” Helen.
* bicicleta para aaula. Jane Ellen Harrison ainda é des-
-erita) pela cor de sua roupa; ela adorava as. cores ver-.
í A

li 27. Jane, Ellen Harrison.para Ger Murray; 2 de] ja-:


“> neiro de 1903, em, Newnham' College Archives, :
% cado éém PRENTICE, Alison, Loving Siege fo “Cambridge University, Jane Ellen Harrison Papers,”
s em Professoriate. Tm so Beverly
caixa Li Ver também Hope. Mirrlees,- “Outline 6f a |
Life”. Sobre Power. em clubes londrinos: comunica-
Mulhetes profissionátis: um terceiro sexo?
Gênero.e História: homens, nudheres e a prática histórica
to
24

Maud Cam, em contraste, trabalhava 'na Biblioteca “mas não. outra Senhorita Bateson. Mal posso acredi-

Bodleian, em Oxford “parecendo uma galinha choca.”


- tar que ela tenha partido”. Gustav Schmoller até
em seu ninho, plácida e confortável, mas pronta para aceitava estudantes do. sexo feminino, ao passo que
-bicar sé a ocasião exigisse. “Alguns de seus melhores - Treitschke: não; Langlois era conhecido. por aceitar
artigos devem ter sido “chocados” ali”. Para tornar-se alunas, más dava-lhes apenas “tópicos femininos”
uma escritora profissional, vVirgihia Woolf comentou, como trabalho de pesquisa. Até thesmo os homens jo-
“precisei, matar o anjo da casa”. Muitas mulheres: his; RE vens recém-chegados a um departamento sentiam-se .
toriadoras profissionais parecem ter feito o mesmo, -à vontade para atacar estudantesmulheres e as pro-.
ou eram consideradas como se o tivessem, fessoras mais antigas, a fim de abalar qualquer liga-
: Ao mesmo tempo, outras profissionais mulhe- -ção delas com o ensino de história. O caso da tentati-
res pareciam. nitidamente assexuadas, modelos pe-. va de um professor assistente dé destituir Lucy May-.
dantes dé sobriedade e diligência. Os homens muitas “nard Salmon: do cargo de titular do departamento de
vezes mérnicionavam esse. pedantismo como a razão: - história do Vassar College é muito conhecido naquele
para essas mulheres não terem permissão para parti- estabelecimento.. Foi necessária uma grande mobili-
cipar de eventos profissionais, como encontrós infor-. zação dé Salmon, de ex-alunas, de conselheiros, do
. Corpo docente e dos estudantes para impedir que a
mais apenas de homens'ou jantares: os homens não.se-
destituição se concretizasse.? Madeleine. Wallin, do
sentiriam à vontade se não pudessem fumar, beber
corpo de professores de história do Smith College até
«ou falar. abertamente.” Ao tomar essas decisões, 08:
seu casamento na década “de 1890, escreveu aspera- -
' homens também representavam O gênero e suas hie-
. rarquias, “acrêscentando Um novo áspecto às suas per-— mente sobre um novo cólega, Charles Hazen, que.
sonas, fossem eles reunir-se socialmente com milhe- considerou o tio de uma universitária “grosseiro” por
“res, ensinar-lhes história ou ajudá-las a conseguir um
diploma superior. Frederic Maitland era conhecido: : 31. FW. Maitland para. “Henry Jackson, 2 de dezem-
por apoiar Mary Bateson: “Podemos encontrar outro" - bro de 1906, em The Letters of Frederic William, Mai-
editor [do Cambridge Medieval History)”, ele escreveu; tland.. Ed. C. H. S.-Fifoot. Cambridge: Cambridge .
University Press, 1965. p. 388. Os elogios de Mai-
por ocasião: da morte dela aos quarenta e umanos, | tland para Batesón foram muito comoventes. Ver

The Cambridge Review, 6 Dec. 1906; e Selected Histori-
29. Citado em MAJOR; Kathleen. Helen Maud- cal Essays of Frederic William Maitland. Ed. Helen»
Cam. Dictionary of National Biography, 1961-1970... Maud Cam. “Câmbridgé: Cambridge University Press, .
“Ed. E. T. Williams e €. S. Nicholis. Oxford: Oxford-. 1957. p. 277. '
University Press, 1981. p. 166-167. 32. Os documentos dé Lucy Maynard Salmon nos
30. Ver GOGGIN. Challenging Sexual Discrimination. Arquivos do Vassar College contêm muitas pastas
in the Historical Profession: Women Histotians and» “referentes a esse caso. Também baseei-me em Eliza-
the “American Historical Association, 1890-1940. beth Adams: Daniels, “Lucy Maynard: Salmon, and
American Historical Review, passim; BROWN, Louise: o James Baldwin: A Forgotten Episode”, trabalho
Fargo. Apostle of Democracy: The Life of Lucy Maynard”. “preparado para a Conferêricia Evalyn A. Clark, Vas-
Salmon. New York: Macmillan, 1943, passim. sar College, 12- 13 de outubro-de 1984.
í

18 sa “os nai 2 = 409


Mulheres profissionais: un terceiro sexo?
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica

inteiro sobre o tema. Jane Ellen Harrison uniu-se a


querer que “uma moça: atraente como ela” seguisse
um curso de história da' política. Ela rapidamente "amadoras renomadas como Alice Stopford Green,
percebeu o desprezo de Hazen pelas mulheres de “in- mas. detestava mulheres educadoras mais profissio-
” telecto desenvolvido” e logo abandonou a profissão.» ” “nais, como “Miss Beale; e Eileen. Power era grande:
“A soma dessas informações. foi importante para as. “amiga dos Hammond. A ambigiiidade invadiu a inter-
mulheres. Ela estabeleceu a definição do gênero no “ pretação da identidade sexual dessas mulheres. Eileen
mapa profissional, mostrando os perigos dos quais. -Power era lésbica, ná opinião de algumas pessoas, e às
- elas precisariam sempre lembrar, aprender a sé de- vezes era abordada como tal. Jane Hellen Harrison |.
," fender e estar preparadas para enfrentar. Contudo, , flertava com homens da mesma forma que. com mu-
lheres, e estava plenamente ciente da beleza das mu- .
“como a retórica da história. científica era ao mesmo
lheres. Incentivadora de Isadora Duncan, lia poemas
tempo igualitária e hierárquica, muitas:vezes era im-.
possível saber o que poderia acontecer. - gregos em voz alta enquanto Duncan dançava.”
Excluídas da homossociabilidade masculina. e No final, fica pouco claro como enquadrar dé
das redes na profissão, e muitas vezes da heterosso-
maneira honesta essas mulheres em categorias con-.
ciabilidade quando trabalhavam em ambientes mis- vencionais. Pense em Anna J. Cooper, a primeira mu-
“Jher afro- “americana a obter:o doutorado em história '
tos, grupos de mulheres profissionais em seus respec-
tivos países cada vez mais identificavam-se 'da mes- (1925) “Os golpes e as ferroadas do preconceito”, ela.
ma maneirã que os homens —- isto é, como diferentes : escreveu, “sejam decor. ou sexo, não me encontram
“e distintas. Elas formavam grupos, como o Berkshire insensível demais para sofrer, nem ignorante demais
Conference of Women Historians (Conferência de. E - para saber o que me é reservado”.” Nascida escrava
-Berkshire de Mulheres Historiadoras), que impri- “em 1858, Cooper lutou para receber uma educação
miam uma identidade especial adicional às historia- clássica e protestou vigorosamente contra os obstácu-
“ doras profissionais. Outras airida conquistaram uma | los que a comunidade airo-:-americana colocava no ca-
“identidade por quebrar regrás: Caroline Ware, por
“exemplo, podia participar de reuniões informais de “3, Hope Mirrless. “Outline of a Life” manuscrito
homens e era tratada com o máximo respeito: Sob IL, Jane Ellen. Harrison Papers, Arquivos do New-
qualquer ponte de vista, elãs viviam uma vida que| nham College, Cambridge University.
- tinha mais de uma direção. “Muitas vezes elas associa- 35. Citado em GABEL, Leona C. From Slávery to The
vai-se a um grande número de amadoras e valoriza-. “Sorbonne and Beyond:The Life and Writings of Anna
vam seu trabalho. Da mesma: forma como admirava E J. Cooper. Northampton, MA: Smith College, De-
partamento de História, 1982. p. 79. Para uma in-
Frederic Maitland, Helen Maud Cam escreveu mui-. "terpretação do pensamento de Cooper no contexto
tas análises sobre romancistas históricos, e um livro da vida intelectual afro-americana,. incluindo suas
,
dimensões de classe e gênero, ver GAINES, Kevin K..
no 33 Madeleine Wallin para George C. Sykes, 23 de u Uplifting the Race: Black Leadership, Politics, and
A Do “> «setembro de 1894, Arquivos-do Smith College, Co- . “Culture in the Twentieth Century. Chapel Hill: Uni-
no Jeção Wallin, pasta 6. versity of North Carolina Press, 1996. p: 128-151..
Mulheres profissionais: um terceiro sexo?
Gêneroé História: homens, mulheres-e a prática histórica

atividade para conseguir seu sustento, tornando difí-


minho da instrução das mulheres. Um menino, por
: cil sua categorização. A mulher profissional era. uma
- mais escassa que fosse sua bagagem intelectual e su-
entidade imprecisa, um paradoxo, um borrão. “RO
“perficiais suas pretensões, precisava apenas demons-
trar uma leve 'intenção de estudar teologia, e podia
conseguir todo o apoio, incentivo e estímulo de que,
precisasse, era dispensado de trabálhar e investido
O TRABALHO PROFISSIONAL t
antecipadamente de toda a dignidade de seu distan-
Os parâdigmas do trabalho histórico profissio-
te ofício: Enquanto isso, urna moça que se sustentas- |
nal consistiam em um foco voltado para a política na
» se precisava lutar dando aulas no verão e trabalhan-
erudição, uma metodologia que dava ênfase a um
do depois do horário escolar para conseguir pagar as
. experiente “observador despersonalizado e um con-"
.. despesas de moradia-e alimentação, e realmente com-
cs junto -de práticas baseadas no exame minucioso dé
bater o desestímulo à educação superior”.'*
documentos estatais e na apresentação dos resultan-
Com graduação e mestrado obtidos no Oberlin
tes -textos históricos para a adjudicação de. uma co-
College, Cooper ensinou latim. no colégio secundário
imunidade. de especialistas. Essas práticas universal-
Dunbar, em Washington, D.C., até sua aposentadoria
mente aceitas eram expressas. em termos de dimor-.
.em 1930. Seu objetivo, contudo, era o doutorado, ini-..
.fismo de gênero: uma importante e valorizada esfe-
cialmente negado devido às lutas políticas na sua es-
ra masculina de atividadé que gerava história exis-
cola e também pelas exigências da Universidade de. -
tia ao lado dé uma esfera feminina e familiar histo-
Columbia quanto à residência. Fora da rede acadêmi-"
ricamente insignificante. Além disso, os praticantes
ca, seus contatos eram os líderes-de comunidades ne-
-eram descritos em termos de uma comunidade de
gras e outros ativistas. Apenas após os sessenta anos
classé média de especialistas homens, cuja com-.
Cooper obteve seu doutorado pela Sorbonne, com. o
- preensão e treinamento em ciência histórica eram 4
uma tese intitulada “The Attitude of France toward
inacessíveis aos menos aptos — o que significava as
Slavery during the Revolution” (“A atitude da Fran-
mulheres: do Ocidente e os povos não-ocidentais
ça com relaçãoà escravidão durante a revolução”).
como um todo. No entanto, essa ciência era ao mes-
Ela já publicara um volume de' ensaios, A Voice from »
the South (Uma voz do sul) e livros sobrea vida e obra ;
mo tempo vista como universal, disponível para to-
dos, isenta de qualquer característica e sem-gênero.
de Charlotte Forten Grimké. Credenciada como pro-
A erudição era dessa forma 6 conduíte que se distan-
“fissional-após muitas décadas de luta e trabalho de-:
- clava de uma feminilidade degradada rumo ao uni-:
terminados fora da universidade, Cooper, cómo mui-
versal mais. elevado. “Fico contente: em saber”, uma
Sr tas outras mulheres profissionais, combinou vários ti-
dessas mulheres pioneiras éscreveu- me, “que seu
pos de textos, experiências intelectuais e uma árduá E
“ 2 -
- focoseja na erudição das mulheres e não nas mulhe-
o - o º ” º “o j :

“res que escrevem sobré a história das mulheres”.”


36. CODPER, Anna 3. A Voice from the South; By a
Black Woman of the South. Xenia, Ohio: Aldine,
37. Carta de 5 de agosto de 1985,
1892. Pp. 77. é
Mulheres profissionais: um terceiro sexo? :
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica .

No 7.
mento profissional das mulheres também as interes-
Desde seu: ingresso na academia, as mulheres
savam e elas produziam artigos sobre as oportunida-.
profissionais trilharam o caminho para a mesma eru-
-dição universalmente verdadeira que os homens va--
des das mulheres em universidades da Europa e dos
“ lorizavam. As americanas faziam as obrigatórias via- ' Estados Unidos.“ Para estarem adequadas. aos objeti-
“vos, profissionais, publicavam edições competentes
- gens para a Alerhanha e a França, a fim de aprende-
sob o ponto de vista filológico e densamente referen- ,
rem,as téchicas de filologia, criticismo de seminários
ciadas de registros é manuscritos institucionais, pro-
e pesquisa em «arquivós. As mulheres britânicas —
duzidos em um estilo expositivo compatível com os
Eleanor Lodge e Eileen Power, por exemplo, — faziam
especialistas. Bateson, graduada pelo Newnham Col-
a mesma peregrinação das que estudavam na Ecole
“des Chartes, em Paris. Uma vez estabelecidas em
lege, recebeu o maior dos elogios quando Maitland
enalteceu-a por nunca ter condescendido em escreve
universidades e faculdades apenas para mulheres, es-
"sas historiadoras dedicavam todo o tempo possívelà
“o que quer que fosse para o leitor em geral.'!.
Essas profissionais imaginaram seus trabalhos
pesquisa em arquivos. Para Lucy Maynard Salmon,
em termos cívicos e socialmente responsáveis, e um .
isso significava ir.ao continente com regularidade;
Margaret Judson fez diversos programas e viagens de.
verã6 à Inglaterra; Violet Barbour passáva todos. os: que morreu em 1935 aos quarenta e três anos, ver
verões em arquivos na Holanda:* Mary Bateson, Ca-- . CLARKE, M. V. Fourieenth Century Studies. Ed. L. S.
Sutherland e M. McKisack. Oxford: Clarêndon,
“roline Skeel, Eleanor Lodge, Ada Elizabeth Levett, 1937, com um esquete biográfico por E. L. Wood-
Maude Violet Clarke, Eileen Power e Helen Cam fo- - ward. Ver também Maude Violet Clarke Papers, Ar-
“ram outras que fizeram uso extensivo de registros em . quivos do Lady Margaret Hall.
-monastériose arquivos locais.” Os avanços no treina- 40. Ver, por exemplo, ZIMMERN, Alice. Women i in
European. Universities, Forum, p. 187-199, Apr.
1895. Zimmerm observou que as universidades ale-
38. J. B. Ross, comunicação pessoal, maio 1985.
mãs tinham em geral retrocedido, privando as mu-
' Sou grata pelas muitas informações fornecidas por
lheres de seu tradicional direito de assistir às pales-
- Dr. Ross no-decorrer de diversas entrevistas.
tras. Zimmern também narrou, sobre liceus france-
39. Agrâdeço a generosa informação recebida de Ja- ses para mulheres, clubes de mulheres, moradia
net Sondheimer sobre muitas mulheres historiado- “para mulheres e a posição de governanta. Alguns
“ras, incluindo Helen Maud Cam e Caroline Skeel,, documentos estão disponíveis nos arquivos do Gir-
durante nossas. convérsas no ano de 1985. Sobre '* ton College. ,
Skeel, ver Caroline-Skeel Papers, Árquivos do West-: , * Os documentos de Lucy Maynard Salmon nos
field College, University of London. Sobre Ada Eli- Arquivos do Vassar College contêm manuscritos de
zabeth Levett, ver CAM, H. M.; COATE, M,; SU- =. : “artigos que Salmon escreveu em universidades eu-
“THERLAND, L.S. (Org.): Studies in Manorial History. ropéias e sobre o estado corrente do aprendizado de
Oxford: Oxford Univeisity Press, 1938, que-contém história.
informação bibliográfica e também sua- palestra ,
41: Selected Historical Essays of Frederic William Mai-
* inaugural, Ver também Ada Elizabeth Levett Papers, .
iland. Ed. Helen Maud Cam. Cambridge: Cambridge
“Arquivos do Westfield College, University of Lon-:
University 1Press, 1957, Pp. 277 278.
don. Sobre. a medievalista ''Maude Violet Clarke,
“Mulheres profissionais: um terceiro sexo? Seo as IO o

i “local importante 1na comunidade: foi a. la: E mento: para à missionárias, enquanto” “as faculdades
- na. No' final do: século 9, as, escolas para. hómens rá: 1 para mulheres na Universidade: de Cambridge desti- us
' “pidamiente evoluíram da idéia: de uma: população se-. -"navam-se a servir. de cunha na inodernização. dos É ASS
“mimonástica “de estudiosos. e “alunos, -mas Muitas es currículos nas' faculdades destinadas a: homens. 43 ÁS (x
“colas para mulheres ainda funcionavam segundo esse: a linguagem da cidadania, a política de massas e a res.
modelo. “AS: mulheres. eruditas: muitas vezes, viviam É “ponsabilidade social que acompanhavam a admissão - DE
“dentro dos. limites da escola, assumindo, uma persona das mulheres-à educação superior : levaram. muitas.
inteiramente acadêmica. Enquanto a grande maioria! delas aarticular seu trabalho em termos de- reforma.
“de: seus: Colegas homéns. tinha esposa é família emo- «Como complemento à à sua-erudição, Jane Ellen Har-.
“Tava, em casas individuais, as historiadoras, mulheres rison escreveu sobré o sufrágio. Ada Elizabeth Levett “.. “em ça
“1 não tinham: uma; «vida familiar imediata, heterosse- A Tez palestras é escreveu peças, populares sobre mu-
Cs so xual,. € conservavam umã ligação mais fine com as: “ lheres universitárias e a Primeira Guerra. Mundial, Trad
gola, Sie instituições da vida colegiada. Uma vez ou outra uma : “a sobre, prostituição, sobre mulheres: universitárias. e RE
Tie mulher se rebelava, mas a: rebelião resumia- se a uma. religião e sobre as mulheres no mundo pós- guerra.
” vatiação na “alirmação do ew autônomo, cívico. Lu - “Caroline Skeel deixou anotações de palestras sobre as::
7 “Maynard Salmonírecusou-se a viver nos aposentos « do. - mulheres na Guerra Civil Inglesa e sobre mulheres.
pt Vassar: College e preferia pegar um bonde pata ir de -pregadoras. Helen Maude Cam, «comprometida com
ER Poug ikeepsie até O campus “Faço parte, de-uma co. |O Paítido Trabalhista, fez palestras sobre; o movi-
us munidade”, ela afirmava; reclamando do desprezo- “mento peló' voto: das mulheres, na Inglaterra, sobre.
“a pelo ; isolamento. da intelectual típica. e pela vida éfo: ns The. Wide Wide World (O vasto e imenso mundo), de su-"
méstica imitada. pelos dormitórios a escola. *. san- Warner, e sobre as condições sociais nos Estados
. “O extremo esforço das. fe istas e outras ati- “Unidos. Nos Estados Unidos, onde os movimentos Us
A “vistas pará conseguir acesso à 'é “por reformas 'afetavam “sobremaneira: faculdades do “o o
EA neceu um contextoo fatia para “como a Wellesley, o. corpo docente e as estudantes. dades
“ estavam entre os, reformistas mais” “compronietidose.
“trabalhando a favor de moradia, voto e pacifismo, e
: “produzindo, textos em' “estilo amador. sobre muitas.
: dessas « causas.!! À historiadora: cultural Caroline Ware.

43 “SONDHEIMER; Janet. “Castle; Adamanto in


“ Hampstead: A History of Westfield Co lege, 188
: 1982. “London: Westfield College, ini
Eondon,.1983. Pp. 10-24:
“44. PALMIERI, Patricia, In “adamiosão Redom: ho:
|: Community of Women Fáculty. at. Wellesley.. New
“Haven: “Yale Uaiversito” Press, 1995, Pass.
=!

“ recordava- -se de ter aprendido em | Vassar que « o cor Loc as “nômica rhediévali Embora Berihá Putnam. mostrassé a
o
“Nhecimento. histórico era “o prelúdio para a ação so- - quejos registros da justiça. de paz eram ticas fontes de:
- Clal responsável”. Lucy. Maynard Salmon repreendia “informação. sobré a vida econômica cotidiana. na Ida:
“os alunos que, jogassem | lixo no chão; por menor que : de Média, e Ada Elizabeth Levett continuasse à es
: fosse: “jogar lixo no chão era: um: imenosprezo: à res; crever sobre os contornos: econômicos. da vida rural
“ popsabilidade eivil.*? ERAS Vqdd na Idade Média, Eileen Power entrou em áreas como.
El ua :0 protissionalismo das mulheres foi, dessa or a produção e o comércio de 1ã.º Co DA
“ma, “gerado, dentro de um limite extremamente am-:. ;". A antecessora de Power. na London school
: of cc
“plo, que incluía o" vocabulário, a trajetória da, erudi-- Economics, Lilian Knowles, ensinou; história econô- Re
ção, O sentido de tempo e muitos outros impulsos tan-. mica a amadoras e profissionais, enquanto seu pró-. l
to de homens profissionais quanto de mulheres ama- - prio trabalho: centrava-se na história econômica do : o
> doras/ Algumas escreveram as mais tradicionais "das início do período moderíio,: do' modérno: e da Grã-..
narrativas políticas e científicas, muitas vezes favo-. “Bretanha imperial. Nó Wellesley. College; Katharine
- tecendo a história legal e constitucional do: período . Coman escreveu The Industrial History of: the United
medieval e do início do moderno. Outras, ousaram . States (A história industrial dos Estados Unidos), um tras.
“ tomar. Um. rumo diferénte muito cedo, mostrando. seu balho estatístico ricamente ilustrado, e Economit Be-', º
“virtuosismo ao” profissionalizar o impulso. amador e ginnings of the Far. West (Início econômico do Extremo .
"avançar rumo à história “econômica: e social: Esses “Oeste; 1912). Unia variedade de impulsos fomentou-
-campos, mais "do que. quaisquer. outros, eram usados. -essas histórias: “Em vez de provocar o choque entre.
- Para mostrar-a; experiência profissional das: mulheres. “herói e vilão”, escreveu Mabel C. Buer em, uma. his-
“Lucy Maynard Salmon, por exemplo, começara com “tória econômica. e demográfica da: Revolução indús- TA Ko |
um-livto premiado sobre o poder da presidência; gua “trial que ela dedicou a Knowles, “apresentamos: as ço
Sia segunda maior obra foi um estudo: estatístico e quali- o “asneiras, triviais de homens é mulheres comuns. No. o
“o tativo do serviço doméstico. Nele Neilson, primeira so «entanto, o. cinza' só é. cinza “de uma visão distante, e:
“mulher a presidir a Associação Histórica Americana: e “imperfeita”, ela continuol, refletindo, a visão panó-.
professora, de história. no Mount Holyoke College, pu-. A “Tâmica: e de. perspectiva, da. amadora. “Visto mais de
blicou seu “Economii. Conditions on the Manors of Ramsey; - perto, -é um padrão estranho e confuso. de cores, niti-.
“ Abbey (As. condições éeconômicas das herdades. da Abadia de, “damente contrastantes”. BE A nl ii no
Ramsey). em 1899. “As. estudiosas da: geração. seguinte - El '

«continuaram a, demonstrar interesse na, história «“eco-.

“in the Early Da


Routledge, 19
“histórica

Ê Punices º :
! cao

4 nhavam pára desenvolve: Após a: volta de Power da ;


França, para'a Inglaterra, por exemplo, ela desistiu da “a

tese sobre ia Rainha: Isabella, que Langlois lhe havia


“indicado. “ Desde o início, no entanto, evitar a mé
“ilustre servira-como, indicativo da mais distinta-e pros
VA
po fissional erudição. Afirmar. que os “valores da história
o científica situam -Sé na hierarquia dó gênero.e que a
4 inequívoca. “difamação! da mulher ilustre é um tópico.
“importante tem" periodicamente abastecido o: profis-,
“sionalismo, das mulheres e: ajudado na sua-busca; do
“a poder institucional. Essa nova indicação desrota to-
-" mou dois caminhos. Em um, essas novas mulheres
" “científicas. comprometiam-: se com 'a prolissão êstre-
“ vendo biografias de homens. Na Grã-Bretanha, Bea-
trice Lees,, do: Lady: Margaret Hall da Universidade.
de Oxford; escreveu sobre; Alíredo, o Grande e'sobre.'
a - textos biográficos em geral; Kate Norgate, que. 'escan-
carou: o mundo athador e o profissional, escrevendo
- paraio “Dictionary of Natiónial: Biography (Dicionário de
: biografia nacional) e “auxiliando os decanos de Oxford"
em suas pesquisas, editoração | e redação, produziu
“Seus próprios estudos sobre John Lackland, Henrique o
«he Ricardo Coração de Leão; Cecilia Ady (filha da*
“ histó dora amadora Julia Cartwright) escreveu so- -
bre orenzo de Médicis e Pio- Ne recebeu um Fes-
sua homenagem. Mary Williams, professo- '
“Ta do Gouchér « College, em Maryland, e inflexível de:
fensora. dos direitos.d las mulheres na profissão, Publi
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Mulheres profissionais: um terceiro sexo?

realizações diante de grandes desigualdades. Como os: longa, o teor de seu artigo sugerindo o potencial da
estudos eram narrativas instigantes sobre a identida- recém-integrada universidade britânica.
de masculina, eles ressaltavam a posição ambígua da "Na geração seguinte de mulheres de Cambrid-
“mulher profissional. ge, Medieval English Nunneries, circa 1275.to 1535 (Con-
Apesar de ignorarem a possibilidade de profis- ventos ingleses medievais, aproximadamente 1275 a 1535;.
sionalizar o estudo sobre a mulher ilustre, muitas das 1922), de Eileen Power, foi um modelo de erudição
primeiras gerações de profissionais — mas certamen- profissional, baseado em registros arquiepiscopais e
te não todas — usaram as oportunidades da história episcopais, relatos sobre a catalogação de casas indi-
social e econômica para continuar, de uma forma ou viduais, petições, inventários, registros dos atos dos
de outra, a explorar o passado coletivo das mulheres. soberanos e plantas físicas das casas. Power inter-
Para a maioria, a inspiração era parte de um compro- rompeu a linha de especulação de Eckenstein sobre
misso feminista reconhecido. De acordo com T. F. direito materno entre os pré-cristãos, rituais pagãos
Tout, a ardente sufragista Mary Bateson tinha uma e sua relação com a mariolatria, além de questões so-
“tendência a dissipar sua energia para debates públi- bre a espiritualidade feminina. Ela, ao contrário,
cos-sobre um palanque ou.na imprensa”.'! Convenci-. concentrava-se na riqueza dos detalhes encontrados
da por seu primeiro mentor, Mandell Craighton, de “em fontes de arquivo, como livros contábeis monás-.
que sua erudição era mais importante do que seu fe- ticos, registros de bispos e testamentos. O resultado
minismo, ela tornou- -se uma ávida pesquisadora e es- foi um denso relato sobre, as origens sociais das frei-
pecializou- se na editoração de textos e registros lo- ras, a estrutura institucional dos conventos, as ativi-
cais. Ela também escreveu um estudo pioneiro sobre dades diárias de suas habitantes, as riqueza e ativi-
monastérios mistos, alguns dos quais eram controla- - dades que geravam renda e os problemas disciplina- -
dos não pelos homens, mas pelas mulheres, que ou- res e econômicos. Alguns- dos detalhes pareciam po-
viam as confissões dos homens e tinham o poder de sitivamente amadores em sua superficialidade: vá-
excomungar.” Ela apontou a misoginia na igreja: São rias páginas descreviam os cachorros, macacos, es-
Columban, segundo seus relatos, “odiava as mulhe- - quilós, coelhos e outras espécies que as freiras man-
es”. Apesar da evidência “insuficiente, fragmenta-. tinham como animais de estimação; ricas descrições
da e desconectada”, Bateson afirmava que os monas- da comida ingerida em cada refeição em diferentes
térios mistos podiam ser encontrados em grande par- conventos; horários de refeições, sessões de jardina-
te da Europa e que as casas individuais tinham vida gem, orações, leitura e uma aburidância de outras
atividades; relatos sobre discussões triviais entre
51. TOUT, Thomas Frederick. Mary Batéson. Díctio- prioresas e freiras por causa de roupas, mobiliário,
nary of National Biography. London: Smith Elder, comida, tarefas, visitas e conduta geral. Medieval En-
1912. p. 110. Suplemento. 1901-1911. glish Nunneries estabeleceu um estudo revisionista
52. BATESON, Mary. History of the Double Monas- não-romântico e bem documentado. Muitas das frei-
teries. Transactions of the Royal Historical Society, 13, ras, como a obra mostra, eram aristocratas; discu-
p.137-198, 1899. (nova série).

“422 423
/ RE did o .
Cao fas tis : its “s

“tiam. dobre quem seriam as prioresas, ou simples são “gumas “mulheres Podem ter considerado. a vida de.
“mente concordavarm que a mais. rica dentre elas fos- - o “casada, tão odiosa quanto: “lamber mel de espinhos”
. N
se'a-chefe) 05 conventos eram em grande. parte: um, (40). As: freiras. não eram universalmente magnâni-
““depósito. de lixo” de filhas. “excedentes”, ilegítimas, . mas: à abadessa típica não era “dedicada nem com:
- indesejadas, deformadas ou: “mentalmente deficien- - prometida com a construção de uma grande insti-
tes das classes mais: altas; -na Inglaterra, anão ser no -tuição paraà à glória de Deus; ela era comum é, como
“ período anglo-saxão, eles não eram centros. educacio- : outras, buscava“ escapar de algo daquela: vida tri-:
“nais nem intelectuais, é nunca produziram uma Hil- “vial, que é tão: penosa para'o espírito” (94). Power
“degarde von Bingen. ou: uma: Elisabeth von Schoenau; J ; retratou “Treiras dormindo durante o sérviço religio-.
“muitas freiras inglesas durante aqueles, séculos eram so, simplesmente não participando dele ou trazendo
“tão obscenas, mundanas; freguentadoras de. tabernas” - consigo. cães, macacos é pássaros “para ajudá-las'a
ve sexualmente ativas quanto os homens dos. monas- ( passar o tempo de maneira mais agradável. De modo
- térios. 5 A feminista Power achavá a freira aristócra- º : geral, elas imaginavam fórmulas para abreviar os
“ta tão” “teal” quanto a; mulher da classe trabalhadora, x : ofícios. “Suprimiam sílabas no início e no fim de. pa-
e por isso, digna de nota. RE "lavras; omitiam os: dipsalma ou pausacio entre. dois
> Av estratégia, de. Power produziu 4 uma espécie /
- VEISOS.- -» pulavam frases; murmuravam e. resmun-'
-de erudição burlesca. Havia tantos: tipos de peixe e “gavam « coisas ininteligíveis” (292). Na verdade, o.
outras comidas, requintadas, tantos: cintos de prata, resultado mais-sério foi uimá espécie de anojnia me-
“litas, sedas, peles. ejóias, de ouro, tântos. “exemplos “dieval que atormentava. as congregações: “a acídia,
«de queixas, intrigas e: bebedeiras que: às autoridades. “aquela, terrível “doença, metade tédio, metade me-
da igreja, precisavam intervir constantemente na “lancolia”. (293, 294- “297), “Pois.a tensão-era dupla;
“vida dos conventos. O revisionismo era desenfreado à monotonia: era“acrescentada. uma completa falta,
“na obra de. Power. “Ela mostrava que. tanto freiras, “de privacidade, o desgaste-da vida! em comum; não.
- quanto padres — aristocratas; e em geral: escrupiilo- apenas fazendo sempre a mes oisa,ão mesmo
“SOS, sobre“suas nobres prerrogativas . e seus luxos =- tempo, mas também fazendo- ate sonjanito com iu
- exerciam, o direito: a uma “variedade. de prazeres car-. várias. outras pessoas” (297).
nais Essa. prática, ia contra os mais elevados. com-' ' Power extraiu uma piedade feminina: norma:
-promissos. com a vida' espiritual e os votos de casti- “tiva da história das mulheres, fazendo da vocação
“dade. Mulheres como as' que: abándonavam marido | o “religiosa delas “acima de tido uma” carreira respei-. Va,
e filhos para adotar o-véu deviam, ter. sido movidas , - távelr (29) e explicado a atividade sexual éem con-
Px

- ventos como: “compreensível”. Nos textos de Power,


tomou. forma. um complexo protótipo. da mulher
' profissional como um” terceiro sexo: “A dificuldade:
inicial do celibato ideal não » precisa ser forçada”, ela |
É

castidade à devassidão (4 Es abrem: -seé diante, de à nós”. 56 Harrison. via-aa atividade.


embriagada, subconsciente; dionisíaca até do eu, - a
profissional, Tirar. “conclusões no. trabalho erudito ti-
a“de suaa obri: “Deus e e razão são temos contraditó- no nha um alcance físico: muito grande: * “uma: súbita
& ",elaralirmou. Essas “duas historiadóras, assim “sensação de entusiasmo, um, “ímpeto “dé ardor, com: po
5 | como muitas de suas colegas, retrataram. uma: femi- fregiência um rubor: quente é ,"ãs, vezes; lágrimas qn
nilidade qué conflitava! com, a feminilidade devota | nos olhos. "O trabalho intelectual era “um, Proc,
do ideal de classe média: Toda: teologia é. apenas, um -sensuál e emocional”. 57
racionalismo, sutilmente velado, uma fina rede de A: indeterminação de categorias tornou: se.
claridade : irreal lançadá sobre a-vida-e suas. realida,.. “muito. pronunciada na obra de Harrison, assim como:
v des”. “ Contudo, O. compromisso da profissão com o: na apresentação de seu eu. profissional à mas sua sig-
p hiper: racionalismo. também não. alcançou o objeti- oie nificação parece. ter escapado à à maioria 'das pessoas,,
“vo: o “intelecto” deveria ser “o sérvo, não o senhor, com exceção tálvez de Virginia, Woolf. Dizia- -se que:
“da vida” A. história, praticada de maneira apro sho “o personagem Orlando, de Woolf, que possuía dois ou
ns priada, 'solapava o gênero. “a a muitos sexos, incluía grande parte de Harrison. Mais:
RR Um entrelaçamento entre sexualidade, O tar indistintas ainda estavam''as categorias no livro The-
“cional é o irracional caracterizou a “obra das mulhe- «mis, de Harrison, que acabou com a idéia do conflito”
(res profissionais. “Você leu'as “conferências de Gif : que, “envolvia heróis reais do mundo antigo-em Juta
ford”. de William, James?” Hatrison' “perguntou aseus bela. individualidade. Ao contrário; Harrison: propu-
“amigos. Mary, é Gilbert, Murray, “as partes “sobre nha,'o conilito era um aspecto « dos primeiros rituais...
is icismo e* embriaguez me encantaram «eas expe- «de fertilidade, que “começavam. regularmente com”
uma disputa. representando um: luta mítica. “Apenas
próprias” *5 x percepção de Hareisha sobr o. traba. é mais tarde os intérpretes. passa am'a ver, na repeti-
ho do; intelecto podia acompanhar o paradigma de, “ição de; rituais agonísticos em peça antigas, a luta de .
RA visão, mas. “dependia! de uma tecnologia mais-noya- % indivíduos verdadeiros. O; herói não era, segundo ela, ;
do: que proscdimenies médicos: A, grande. obra, ela. o “um homem real, mas). apenas, um ancestral i inven- |
“tado. para expressar é à unidade de um grupo”.** Con-:
- siderando que: teto 9 poeta históriá pato S

55. “Jáne Ellen Harrison | para e Mary Marra


ládé aeosto. de 1902,+ Arquivos do Nena Col-:...
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Mulheres profissionais: um terceiro sexo?
A

ca seguia o padrão agonístico, era possível extrapolar tras emoções. Nas páginas iniciais de Themis, apoian-
que as historiadoras tinham padronizado seu realis- . do-se em teorias recentes de psicologia, Harrison in-
mo sobre ritos de fertilidade — que, longe de render sistia que consciente e inconsciente eram funda-
o mito à verdade, a história meramente perpetuara mentais e, embora associasse o consciente com mas-
um mito derivativo. Embora a obra de Harrison ti- culinidade e teologia, ela já conectara firmemente o
vesse enorme influência entre alguns classicistas ho- emocional e o inconsciente ao intelecto. Por fim,
mens, outros historiadores científicos liam o trabalho Harrison abriu caminho para trazer a “verdade” de
iconoclástico e erudito de Harrison como frágil, infe- volta à terra, desmistificando-a e associando-a a po-
rior, não profissional: “O livro como um todo -atrairá der e prática de grupo. A maioria das pessoas, ela
sobretudo o amador condescendente e não a pessoa afirmava, dizia “Penso, logo ajo; a moderna psicolo-
experiente e capaz.” As mulheres estudiosas eram gia científica diz, ajo (ou reajo ao estímulo externo),
vistas como destruidoras do profissionalismo, uma por isso passo a pensar”. A tendência ao materialis-
vez que tentavam retrabalhar o gênero. mo e à psicologia iria aos poucos orientar mais mem-
O estudo de Harrison sobre os ritos da fertili- bros da profissão de história. Comparando até certo
dade e o mito matriarcal como o ponto originário da, ponto os impulsos da profissão, Harrison apregoava
posterior religião olimpiana confundia igualmente encontrar uma “origem” ou fundamento para a reli-
interpretações e práticas-padrão. Seu compromisso gião na criação, pelo corpo, de rituais de suas pró-
com o darwinismo, tão popular entre muitos histo- prias sensações. Mas quando as elites suprimiram
- riadores. científicosda época, pode ser considerado esse ativismo corpóreo em favor de um dogma reli-
mitigador do potencial transgressivo de suas desco- gioso e filosófico, a história tomou uim rumo errado,
bertas: a mudança do rito da fertilidade para a dou-. que teve múltiplas repercussões, a primeira das
trina de princípios podia ser vista como coerente quais foi a supressão das mulheres.
com uma mudança progressiva e ascendente do ma- A história científica avançava e se modificava
triarcado para o patriarcado. Embora Harrison forne- nas mãos dessas profissionais. Fortalecida por seu ex-
cesse mais do que meros indícios da precisão de tal celente treinamento, Lucy Maynard Salmon afastou-
interpretação, ela ao mesmo tempo considerava o se de Seu foco inicial na história política — aparente,
olimpianismo, assim como as teologias posteriores por exemplo, no seu premiado History of the Appointing
em geral, mais opressivo do que rituais ctonianos. A Power of the President (História do poder do presidente;
teologia codificou em lei o que era meramente uma, 1886) — e partiu para o amplo campo da investigação
crença de grupo, criando um dogma a partir de prá- que, a partir de então, ela exploraria. Seu estudo so-
ticas primitivas que exprimiam alegria, medo e ou- bre oserviço doméstico, uma mistura de história, eco-
-nomia e sociologia, usou pesquisas elaboradas e tes-
59: Lewis Farnell, Oxford Magazine (1912), citado pondidas por alunas .e. ex-alunas do Vassar Colle-
em PEACOCK, Sandra. Jane Ellen Harrison: The
Mask and the Self. New Haven: Yale University Press, 60. HARRISON, Jane Ellen. Alpha and Omega. Lon-
1988. p. 212. don: Sidgwick and Jackson, 1915. p. 152.
Gênero é História: homens, mulheres ea prática histórica Mulheres profissionais: um terceiro sexo?

ge. Esses questionários pediam dados econômicos so- Salmon fez parte de um grupo de estudiosos”
bre pagamento e horário, bem como informações so- que expressou frustração com a limitação àsà fontes
bre preferências e. antipatias com relação a emprega- de documentos do governo e que começou a seguir o
dos domésticos. Salmon prefaciou sua análise dos da- rumo amador da descrição social, cultural e estatís-
dos com uma extensa história sobre o emprego domés- tica. O âmbito das fontes estava sendo ampliado pe-
tico. No entanto; a descrição desse tipo de emprego es- los novos campos da antropologia e arqueologia.
tava longe de ser conclusiva. Algumas empregadas do- Como classicista, Jane Ellen Harrison tinha à sua dis-
mésticás detestavam seu trabalho: “Eu largaria O ser- posição uma gama cada vez maior de cerâmica, arte, .
viço doméstico se conseguisse encontrar outro empre- inscrições, textos literários e evidências arqueológi-
go que me permitisse progredir”; “Quando percebi o cas. Antes de ingressar na universidade, ela usara
que estava fazendo, era tarde demais”. Outras adora- essa série de materiais na elaboração de conferências
vam esse tipo de trabalho: “Não há trabalho mais sau- para platéias populares em Londres. Em Cambridge,
dável para as mulheres”, ou “Tenho mais conforto do onde foi a primeira mulher a ter permissão para fa-
que em outro trabalho”. Dessa forma, ao contrário das zer palestras nos prédios da universidade, ela usou-
reformistas, Salmon acreditava que salário não era o os para desenvolver uma interpretação da origem do
único fator a atrair as pessoas para o trabalho. domés- ritual religioso: a religião começou como uma práti--
tico nem para afastá-las dele. “O que decide a ques- ca e como parte das exigências do dia-a-dia, ela afir-
- tão não é sempre a vantagem econômica, não é sem- "mava, não como uma teoria teológica que apenas
pre o tratamento pessoal, mas aquela coisa sutil que a posteriormente adquiriu a forma de ritual. Graças ao
mulher chama de vida. “Salários, horários, saúde e mo- prestígio dos estudos clássicos, sua excêntrica obra
ral” podem pesar na balança a favor do serviço domés- foi publicada. Lucy Maynard: Salmon, no entanto,
tico, mas a vida pesa mais do que todos os outros fato- não apenas construiu novas teorias, como também
” Embora Salmon dispusesse de grande quantida- “ensinou os usos de um tipo de material de pesquisa
de de detalhes meticulosos e os usasse com tanta ha- virtualmênte ilimitado, inferior até. Horários de
bilidade quanto qualquer amadora ou profissional, trens, listas de lavanderia, pilhas de objetos sem va-'
sua obra recebeu ásperas críticas por seu têma infe- lor, utensílios de cozinha, a posição de árvores e a
rior; o empreendimento não era “digno dela”, decla- condição de. prédios nos espaços urbanos transmi-
rou um crítico do The Nation.” Empregados domésti-, tiam informação histórica.? Salmon tentava acres-
cos representavam um tema ápropriado para amado- “centar prestígio citando o conteúdo cívico desses da-
res, mas-não para profissionais Premiados. dos: “O saneamento é registrado em: nossa lata de

61. SALMON, Lucy Maynard. Domestic Service. New 63. Para uma. apreciação das conexões de Salmon
York: Macmillan, 1897. com arquitetura'e urbanismo, ver ADAMS, Nicho-
62. Citado em BROWN, Louise Fargo. Apostle of De- las. Lucy Maynard Salmon: A Lost Parent for Archi-
mocracy: The Life of Lucy Maynard Salmon. New tectural History. Journal of the Society of Architechiral
York: Macmilian, 1943. p. 157. Historians, 55, n. 1, p. 4-5, 108, Mar. 1996.
“ Gênero é História: homens, mulheres e a práticá histórica Mulheres profissionais: um terceiro sexo? +
: , :

; RR

“lixo, a melhoria municipal em nossa cisterna em. de- Tor, escreveu- lhe uma carta de reclamação. As j jovens
suso... A teoria econômica recupera- se com o simples -não haviam sido de forma alguma “críticas” da tare-
imposto sobre o terreno”."64 fa recebida; mas ele próprio se perguntava “Que pos-
Salmon ensinou seus novos métodos a univer- sível valor para a estudante comum pode haver nes-
sitários ávidos, e converteu tão completamente o de- sa extensa bibliografia, composta de livros que elas
partamento de história do Vassar College em um: se- não possuem e não lêem?*ss Taylor tirou licença no
minário de ensino que até recentemente o método de - ano seguinte, aparentemente orderiando que na sua
preleção: quase não era usado naquela: instituição. ausência o departamento de história fosse dividido
Para fazer história, ela ministrava uma palestra no em dois setores — o de história norte-americana e de;
“início do ano letivo, “a primeira qualidade essencial história: européia » e que um jovem professor fosse'
parece-me ser o entusiasmo” = não O “arroubo” ou o colocado. àà frente do setor europeu, mais prestigiado.
“sentimento”, mas' “aquilo que os antigos gregos en- 2 motivo, conforme informou-se “extra-oficialmen-
téndiam por: “entusiasmo, o próprio deus dentro de , foi que a administração queria que o jovem ti-
nós”. Embora” ela também defendesse a paciência e. vesse mais responsabilidade e: sentisse que o “lado
a“perícia, poucas pessoas importantes apoiavam a pe- fato da história” precisava de maior ênfase.”
dagogia e a prática de sua maturidade. Seu programa, A implementação
da versão de Salmon para a
deixava muito desanimada a administração do Vas- história -científica. foi, assim, incrivelmente tensa.
- sar. Quando a universidade contratou Salmon: pela Até mesmo no: santuário do Vassar College houve
primeira vez, em 1887, não havia ali departamento. oposição, luta e trauma com relação a um questiona-
de história nem currículo de história. Com prática em mento de experiência tão influenciado pelo gênero..-
“ métodos modernos, ela rapidamente passou a institu- Salmon suavizou ou deslocou a importância do que
cionalizá-los no trabalho bibliográfico, na pesquisa “estava fazendo, valendo- se de um tom ficcional, e
em bibliotecas, na análise de fontes e na exploração “em nenhum lugar isso foi mais evidente do que no
de dados e documentos” históricos heterogêneos. Ela ensaio: “History in a Backyard” (A história em um
também tinha uma preocupação constante com a ob- quintal), que explicava seu .modo de divulgar mate-

tenção de fundos para aquisições para-a biblioteca.
Tendo ouvido por acaso alunas discutirem a prepara- 66. James Monroe Taylor para Lucy Maynãrd Sal-
“ção da extensa bibliografia exigida para o curso de “mon, 16 de novembro de 1904, Lucy Maynard Sal-
Salmon, o, presidente do. Vassar, James Monroe Tay- mon Papers, caixa 3 Hollinger, pasta 15.
67: Elizabeth Adams Daniels, “Lucy Maynard sal. “
mon and James Baldwin: A Forgotten Episode”, en-
64. SALMON,: Lucy Ra Historical Material saio preparado para a Conferência Evalyn A: Clark,
New York: Oxford University Press, 1933. p. 157. Vassar College, 12-13. de outubro de 1984, que faz
65. Lucy Maynard Salmon. “History and Historical “um relato da tentativa frustrada de destituir Sal-
Study”, manuscrito não publicado, Arquivos do mon. Ver também BROWN, Louise Fargo. Apostleof
-Vassar, College, Lucy Maynard Salmon Papers, caixa , “Democracy: The Life of Lucy Maynard Salmon. New
13 Hollinger. * York: Macmillan, 1943,

“432 vs 433
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Mulheres profissionais: um terceiro sexo?

rial histórico em termos amadores. A autora apresen- são) continham seus trabalhos mais inovadores, con-
ta-se sentada em sua varanda, frustrada por não ter fundindo-a, assim, com as amadoras. Somente após
acesso a arquivos europeus naquele verão. No seu li-. a sua morte um grupo de ex-alunas pagou para ter
mitado cenário, aconchegante e adequadamente do-. seus ensaios mais agressivos reunidos em-dois volu-
méstico, ela descobre que tudo o que consegue ver mes, Historical Material (Material histórico) e Why His-
em seu quintal oferece ricas fontes — tão valiosas tory is Rewritten (Por que a história é rescrita) e publi-
quanto as de àrquivo — para que a história seja escii- cados pela Oxford University Press. Salmon era de-
ta. Lá estão as cercas, a garagem, a corda e a roldana fensiva, apologética quanto às reações da academia.
do varal, fios elétricos. Embora seu campo de visão para com ela. Ela acrescentou uma “Apologia” ao.
seja mais restrito do que o da historiadora amadora Progress-.in the Household (Progresso na vida familiar;
-em viagem, seus olhos percorrem o espaço domésti- 1906), uma coleção de ensaios sobre tópicos como.
co como ela própria teria percorrido esses espaços — emprego doméstico, ciência doméstica, além de éti-
verdadeiros museus ao ar livre. Salmon foi uma pio- ca e economia do trabalho doméstico. Ela apresen-
neira na conversão desses métodos em ciência.* tava-se como “caçadora furtiva” de economia e “er-
“Não nos parece que a sua “History in a Back- “rante” da história, mas também como alguém que,
yard” tenha profundidade específica suficiente para ao lado de suas alunas universitárias, fazia uma con-
o Yale Review”, um editor assistente escreveu para tribuição que serviria para reparar o descaso volun-
Salmon, jogando de novo a ciência na sua cara.” O tário e involuntário com o matrimônio”.”! Enquanto
“mundo mais amplo da erudição científica era assim levava cada vez mais adiante suas fantasias históri-
hostil ao seu trabalho — rejeitava séus artigos sobre cas domésticas, ela passou mais de um quarto de sé-
bacias e roupa de cama e relegava muitos deles às culo sem. produzir uma monografia. Seus livros The.
publicações do Vassar College. Salmon sabia desde o Newspaper and-the History (O jornal e a história) e The
início que era anômala: “Conseguir acesso ao salão ... Newspaper and Authority (O jornal e a autoridade;
não impede que a obra de uma amadora seja “joga- 1923) começam, respectivamente: “Peccavi deveria
da para o alto”, e Domestic Service (Serviço doméstico) ser a palavra de abertura de muitos prefácios” e
estava acima do limite”.”” As publicações The Cha- “Mea apologia poderiam muito bem ser as palavras
tauquan, Boston Cooking School Magazine (Revista da iniciais do prefácio de um segundo trabalho que tra-
Escola de Culinária de Boston) e The Crafisman (O arte- tasse da imprensa”. Na velhice, Salmon desempe-
nhow o papel de boa moça enquanto trabalhava
68. SALMON, Lucy Maynard. The Historical Mu- para reformular esse papel.
seum. Educational Review, p. 144-160, Fev. 1911.
69. Henry Canby para Lucy Maynard Salmon, 1 de + 71. Ibid., xiv, xii.
março de 1912, Arquivos do Vassar College, Lucy 72. Id., The Newspaper and the Historian. New York:
“Maynard Salmon Papers, caixa 10 Hollinger. Oxford University Press, 1923. v; Id., The Newspaper
- 70. SALMON, Lucy Maynard. Progress in the House- and Authority. New York: Oxford University Press,
hold. Boston: Houghton Mifflin, 1906. vii. 1923. vw. o

435
cio t . ; .
Mulheres:profissionais: um terceiro sexo?
“ Gênero e História: homens, mulheres e aprática histórica
PONHO!

A
: S

Outras histortadoras empregavam uma


1 ironia apenas ccom seu-eu “fascinante”, mas com suas histó-
amadora, abalando” constantemente verdades esta- -tiás de freiras coquetes, promíseuas. Os homens
belecidas. Após descrever úm tumulto de vários: científicos expressavam-se com entusiasmo: “Eileen
anos, resultante da eleição de uma abadessa na me- Power - quem me dera poder algum dia voltar a en-
' dieval Elstow, Eileen Power comentou: “Estava for- contrar-me sob-seu chicote amigo”, G. G: Coulton
mada uma bela bagunça no recanto. da decência e da escreveu em sua autobiografia.” Jane Ellen Harrison
. paz”? Jane Ellen Harrison desafiou a idéia de que, invocou primitivos rituais de fertilidade e sua místi-
depois de ter tumultuado interpretações anteriores - -ca guardiã feminina: a mãe. pré-fálica, Themis. Ao
da religião grega, os subsequentes heróis gregos. for- estudar “o sexual, o apaixonado, o pré- -racional e
1
neceriam “fatos, finalmente, simples fatos históri-. emocional, ela fez deles parte explícita do trabalho
s”. Ao delinear a história de Cecrops, o mais velho . histórico é acumulou muitas propostas de casamen-
dessês heróis e primeiro-rei de Atenas, ela continuou... to de homêns acadêmicos. Nem essas mulheres:nem
a detalhar o registro de suas realizações, mas acabou suas obras desfizeram as hierarquias de gênero que
-encontrando.problemas com'a “factualidade” de Ce- - operavam na profissão; ao contrário, elas alteraram a
“crops em sua representação: “Nessa carreira imacu- composição, elevaram a intensidade e aumentaram o -
lada existe uma nódoa, um esqueleto no bem supri-. número dé tópicos, tropos e ilusões sexuais e pré- ra-

do guarda-louça .. : Cecrops, o rei- -herói, o autor de cionais. A profissão passou a parecer ameaçada por
todas essas reformas sociais, Cecrops, o humano, 0 confusão e cacofonia.
benevolente, “tem um rabo-de serpente”! A obra de Mikhail Bakhtin forneceu a uma sé-
A erudição profissional das mulheres. e sua rie de críticos os recursos teóricos para discutir a ca-
; presença na academia. garantiam-lhes maior exposi- -., pacidade do inférior (neste caso, o sexual, cultural,
ção nas fantasias dos hômens — às vezes deterioran- - emocional. e doméstico) de ridicularizar o superior (0
do essas fantasias, também. Se as imagens básicas da intelectual, espiritual'e político). - Em um-certo sen-
profissão tivessem incluído virgens seguestradas e tido, costuma- -se dizer que ímpetos do inferior con-'
belas princesas, alguém como Salmon mostraria um - “testam o poder de autoridades. Todas as sociedades,
quadro diferente da feminilidade: nas pias da cozi- - “prossegue o debate, são ordenadas e governadas em-
nha, nos empregos domésticos, e trabalhando para , torno de um sentido do superior e do inferior. No
profissionalizar a história da vida familiar. Em con- Ocidente moderno, essas higrarquias elevam o espí-
traste;: Eileen-Power alimentava essas, fantasias, não “rito; os homens, o estado e as etnias “européias”, que
governam os considerados reinos inferiores — a saber,
. O corpo, as mulheres, a casa e os grupos não-“euro-
73. POWER, Eileen. Medieval English Nunperies, cir-
- ca 1275 to 1535. Cambridge: Cambridge University “peuús”. De acordo com estudiosos recentes do carna-
Press, 1922. p. 50. . a vale de óutras demonstrações populares; “aquelas
“74. HARRISON, Jane Ellen. inemis: A Study of the
Social Origins of Greek Religion. 2. ed: Cambridge: 75. COULTON; G. G. “Fourscore Years: An Autobio-
-“Cambridge University Press, 1927.p. 261-262. - graphy. New York: 'Macmilian, 1944, p. 265. 0000
Y
Mulheres profissionais: um terceiro sexo?
Gênero e História: homens; mulheres e a prática histórica
,

' . 7

rais e sexuais, Salmon estava envolvida no processo


motivadas pelo poder — a ostentação deliberada do
de bloquear a disponibilidade deles. Os estudos de
corpoe outros aspectos do inferior — podem romper
Bateson e de Power sobre abadessas e freiras ricas fi-
e questionar a hierarquia, ao ponto de oferecer ins- |
“zeram o mesmo trabalho, levando as mulheres reli-
piração para derrubar certos padrões de ordem ou
giosas do mundo do fantástico para o científico: Por
mesmo o poder político em si. Os oponentes, no en-
do inferior está en- fim, Salmon estudou detalhes “inferiores”, (camas,
tanto, indicam que toda a ordem
-pias, cercas e outros objetos comuns) em um-modo
volvida no superior, que a verdadeira idéia do bur-
que desafiasse a tão alardeada condição
de fonte his-
lesco é parte integral da ordem social, funcionando
como sua poderosa válvula de segurança.” tórica superior dos documentos do governo.
Algumas profissionais divertiam-se com o po-
As mulheres profissionais cujas obras serviram
der disciplinar que essa expansão do trabalho histó-
como exemplo neste capítulo tomaram muitos dos
rico sugeria. Na sua participação na Ewart Lecture
ingredientes do burlesco — que eram também ingre-
de 1916, Ada Elizabeth Levett argumentou a favor
dientes das fantasias profissionais masculinas de
de “um método mais severo, mais rigidamente pre-
classe média — e submeteram-nas ao escrutínio cien-.
“ciso na coleta de evidências”. Ela citou suas contem-
tífico. Harrison explorou o fantástico relacionamen-
de heroísmo masculino, - porâneas de Oxford como exemplos dessa nova ex-
to materno para descrições
celência e, ao invocar uma velha fonte saxônia, in-
considerando o último um deslocamento do primei-
sistiu que nenhum detalhe fosse negligenciado,
ro, encharcado do psicologicamente primitivo. Suas
“nem sequer uma ratoeira, nem mesmo -.o que é
análises de serpentes e outros símbolos eram sugesti-
ainda menor — uma cavilha para harpa”.” Outras,
vas sob o aspecto gráfico e sexual, fazendo, assim, da
um foco explícito de erudi- como Salmon, aguardavam com ansiedade a trans-
sexualidade fantástica
forma, Salmon começou por conver- formação da vida cotidiana em história e seu poten-
ção. Da mesma
cial para uma mentalidade cívica mais útil: “Em to-
ter outro objeto de fantasia - o empregado domésti-
dos os estudos, com exceção da história, o professor
co — em objeto de ciência. Se os que dominavam o
busca tornar o importante.e o normal claros a qual-
poder no Ocidente muitas vezes se apropriavam do
“ quer custo”. O resultado foi que a história, da forma
socialmente marginal - mulheres, empregados, raças
como era usualmente ensinada, deixava de “satisfa-
mais escuras — para atuar como seus símbolos cultu-
zer nossas necessidades diárias”. Uma variedade
maior de fontes foi o bloco construtor da autonomia.
76. Para um resumo das posições 'a favor e contra a
força perturbadora do burlesco, ver STALLYBRASS,
Peter: WHITE, Allon. The Politics and Poetics of Trans- 77. A. E. Levett, “English Manorial History in the
gression. Ithaca: Comell University Press, 1986. p. 1- Fourteenth Century”, manuscrito, Westfield Colle-
26. Sobre o burlesco em geral, ver BAKHTIN, Mi- ge, University of London) Levett Papers, caixa 1,
Khail. Rabelais and His World. Trad. T. F. Rable. Cam-. Depósito 26/2.
bridge, MA: Harvard University Press, 1968; e Id., The 78. SALMON, Lucy Maynard. Progress in the House-
Dialogic Imagination. Trad. Caryl Emerson e Michael
hold. Boston: Houghton Mifflin, 1906. p. 11.
Holquist. Austin: University of Texas Press, 1981.
| capítulo 8 ro

MODERNISMO,
RELATIVISMO E |
VIDA COTIDIANA

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, a pro-


fissão: parecia diferenté. Não apenas as mulheres ti-
nham ingressado em suas fileiras, como novas gerações
dé homens com experiência ciêntífica disputavam e
até subvertiam algunis dos paradigmas fundadores: da
ciência. histórica. Entre os historiadores, uma série de
novos interesses complicavam a imagística republica-
na, a busca de detalhes e fatos, a verdade transcen-
dente e a linguagem de amor, que havia inspirado as
primeiras gerações de profissionais. científicos. O con-

"a
flito de historiadores individuais, que chamamos “his-
toriografia”, assumiu sua forma moderna quando Ran-
ke e seu grupo foram. duramente criticados por novas
gerações de estudiosos por usar fontes limitadas e abor-
dar um número pequeno de temas. Até mesmo a his-
tória política perdeu um pouco de seu brilho. Embora
alguns estendessem ao extremo a busca por detalhes (o
estudioso Philippe Tamizey de Larroque usou pelo me-
nos 500 notas de pé de página por artigo), outros ques-
tionavam no fim do século à tradicional compromisso
com a pesquisa e os padrões científicos. De. 1890 até a:
Segunda Guerra Mundial, a profissão parecia: estender--
se em direções múltiplas, movida menos pelo consen-'
so do que pela controvérsia, à medida que a crença em
uma “narrativa grandiosa” histórica enfraquecia.! *

“T. Ver ROSS, Dorothy (Org.):: Modernist Impulses in


the- Human, Sciences. Baltimore: Johns Hopkins Uni--
Gênero-e História: homens, mulheres e a prática histórica Modernismo, relativismo e vida cotidiana

guns modernistas nas artes também tetrataram o com novas formas de expressão da musculosidadee
“consumismo, os desejos ea histeria das mulheres, “ do rigor do historiador. O fim de século aumentava
usando-os como um disfarce para a enérgica hiper- as pressões sobre os homens brancos. E na história, a
racionalidade dos homens. Ao mesmo tempo,a hi-: “resposta era um modernismo que incorporava o co-
permasculinidade era enfatizada por outros mem- muúm, o cotidiano, o feminino, o estético, o estatísti-
bros da vanguarda na forma de perversão e variadas co e muito, muito mais.
manifestações de excesso, designadas para diferen-
“ciar esses artistas das massas recém-libertas. O mo-:
dernismo cultural, segundo mostraram os críticos, À MODERNIDADE E O EU DO HISTORIADOR
era multifacetado e polivalente, e talvez também
oferecesse. um filtro ou um modelo para a produção Depois de mais de dez anos de trabalho em ar-
de um eu científico com novo gênero. quivos, Benedetto Croce recordou que, na metade da
'O modernismo complexo entrou na ciência década de 1890, “minha sensação de revolta e alie-
histórica não apenas como idéia, mas como prática, nação interior com relação a esses “sólidos estudos” ti-
e como uma nova forma de imaginar o eu do histo- nha chegado ao climax”.' “Exausto de encher minha
riador. Foi nessa época que conceitos como relativis- mente de fatos.sem vida e desconectados”, Croce an-
mo ganharam aceitação — conceitos que acabaram siava por “abrir caminho através de limites restritos
por abrir as comportas para uma história do trivial e - e triviais” de pesquisa e “ascender às alturas”, fazen-
do cotidiano, de minorias e de mulheres. Sustenta-se - do um tipo diferente de história.: Henri Berr descre-
que foi nesse momento modernista que a verdade veu a biblioteca que estabelecera como local de tra-
“científica e os valores históricos se atenuaram pela balho como, “perfumada de lilases cor de malva ... A
“primeira vez, com uma perda permanente de fibra fragrância intoxicou- me”:* Languidez, sufocação, va- |
profissional. De fato, as evidências mostram um mo-. zio, incapacidade de concentração e uma crescente
vimento mais complicado, em que todos os questio- repulsa pela raça humana peiturbavam a missão do
namentos das práticas da profissão eram respondidos historiador. Muitos foram tentados a fugir dos fatos e
“mergulhar na filosofia, na síntese, na teoria e em ou-
tras formas mais unitárias de chegar à verdade.
3. A orientação para alguns de meus argumentos
sobre modernismo, masculinidade, textos históri- Por trás do árduo trabalho de produzir fatos, os :
cos e modernismo artístico vem em parte de FELS- historiadores sentiam uma perda de integridade. Na
KI, Rita. The Gender of Modernity. Cambridge, MA:
Harvard University Press, 1995; DEKOVEN, Marian-
4. CROCE, Benedetto. An Autobiography. Trad. R. G.
ne. Rich and Strange: Gender, History, Modernism.
Collingwoood. Freeport, NY: Books for Libráry
Princeton: Princeton University Press, 1991; SIL-
Press, 1970. p. 50-51; publ. orig. 1927.
VERMAN, Kaja. Male Subjectivity at the Margins.
' London: Routledge, 1992; e MIDDLETON, Peter. 5. Ibid. p. 51-52.
The Inward Gaze: Masculinity and. Subjectivity in "6. BERR, Henri. Hymne à la vie. Paris: Albin Michel,
Modern Culture. London: Routledge, 1992. 1945.
p. 59.

446 447
. , -
“Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Modeinisno, relativismo e vida cotidiana -

seus contemporâneos em outrós campos de elite, que passados: O historiador precisava integrar sociolo:
intuíam ruptura e mudança sem precedentes vis-à- . gia, psicologia é economia, e ainda ver-se como artis-
vis o passado.. O Almirante Togo, afinal de contas,' ta e-como cientista.” A imaginação do historiador,
destruíra a frota da Rússia em Port Arthur em 1904 algo mais inato e menos suscetível à formação demo-
e sua frota báltica em Tsushima'em 1905, indicando crática, assumiu o estágio central à medida que o,
“o declínio do Ocidente. O aparecimento das miúlhe- consenso formador do seminário passou a ser visto
“res historiadoras profissionais, uma taxa de natalida- como viciado pela pesquisa, isolando os homens e jo-
“de decrescente, a consciência de-uma variedade de gando-os uns contra os outros (“Os homens conside-
sexualidades masculinas, desafios coloniais bem-su- raram-se isolados, desunidos e rivais por'um tempo,
cedidos para a hegemonia ocidental, o consumismo demasiadâmente longo”, escreveu o reverenciado
em expansão e outras mudanças sociais chamaramà Berr)? diante de novos rivais: as massas, as mulhe-
baila a superioridade dos profissionais, mandando res, Os colonizados. “A democratização do ensino
- suas reivindicações para a estratosfera (ou para o universitário na Inglaterra apenas causa vulgariza-'
abismo) e forçando-os a reavaliara história e resga- ção”, Berr observou, ao passo que a verdadeira ex-
“tá-la com táticas novas. Não era mais uma época, pansão da universidade consistiria na “dissemina-
acusavam. alguns historiadores, em que “o cérebro ção” das “verdades mais elevadas por uma eli-
domiina-os sentidos”. . te”. Imagens de catedrais e um sacerdócio de elite
Nessa situação, os historiadores éstavam ex- sobejavam na obra histórica, e o conhecimento his-
pandindo o alcance da história, ganhando o terreno tórico era equiparado a uma luz sensível:que filtra-
dos amadores e até expressando aspectos de uma va através de uma janela de catedral, inacessível em
sensibilidade feminina e modernizando a imagem sua ressonância estética plena a qualquer um, exce-
científica ao reforçar as antigas demandas por fatos, to aos especialmente dotados e experientes. Com o
informações e. transcendência. . O' réagrupamento surgimento do modernismo, o. velho eu histórico,
“voltava- -se para os desafios dos tempos modernos, e moldado. déntro de uma fraternidade republicana,
,os historiadores apontavam sua munição contra os foi substituído por um eu que funcionava como par-
“ resultados “isoladores” da erudição profissional fora te de uma vanguarda. ,
“ de moda que, em si mesma, demandavã longas horas A esse respeito, os historiadores estavam to-
de trabalho.” Henri Berr propôs um novo tipo de mando emprestadas ainda outras visões de ascendên-
história, que se baseasse no esforço extra de genera- | cia e plenitude masculinas: aquelas que estavam sen-
lização ou síntese. A erudição servia como base, mas
“não é suficiente” como “apregoava. ser” em tempos 20. Ibid.,.p. 21.
x 21. Id. Vie et science:: Lettres d'un vieux philosophe
18, BERR, Henri. Hynine à la vie. Paris: Albin strasbourgeois et d'un étudiant parisien. Paris: Ar-
“Michel, 1945. p. 46. mand Colin, 1894. p. 150.
= 19-Id., L'histoire traditionnelle et la syniltêse historiqui. 22. Ibid. . no
= Paris; Félix Alcan, 1912; Pp. 16. 23. Ibid., p. 158:

“452 453
is, ;

Gênero e História: homens, inulheres e a prática histórica Modernismo; relativismo e vida cotidiana»

N - E - Eetmelet oa
Freytag escreveu estudos muito elogiados .sobre o investigá-las. A imagística republicana acrescentou
povo alemão. Em 1897, Karl Weinhold publicou o' vma camada elitista e. os críticos perceberam o al-
trabalho Deutsche Frauen in dem Mittelalter (As mulheres cance de uma auútoproclamada aristocracia: “Os he-*
“alemãs na Idade Média), sugerindo que as mulheres po- reges foram excomungados”, acusou G. M. Trevel-
diam passar por um exame minucioso; também. yan, “pelos padrés de uma igreja estabelecida”. Em
As ciências mais modernas — darwinismo, gené- vez de“erradicar o eu especial de historiadores profis-
tica e a teoria do germe — ofereciam a linguagem com sionais e convertê- los em membros iguais de uma ir-
a qual imaginar esses recém- chegados “do povo”. Her- mandade de massa, a combinação cada vez maior de |
bert Baxter Adams,» “por exemplo, tinha obsessão. por detalhes acentuava suas proezas e ós tornava ainda.
descobrir os “germes” que migravam de. instituições melhores. “Há uma grande necessidade de enormes
teutônicas. Outrôs viam nas classes inferióres..e nas acumulações de informações tradicionais classifica-
mulheres a mácula da inferioridade genética. A invi- “das e isoladas, produzidas pelos incessantes moinhos
sibilidade dessa mácula genética, que permanecia es- de criticismo naturalista”, Lamprecht escreveu. “É
condida nos indivíduos, nas famílias e nas nações, au- necessário que empreguemos alguns meios dé com-
mentava a exigência sobre os cientistas, que-não po-: binação mecânica das partes do imenso universo de
diam simplesmente dissecar, como um biólogo, mas fatos que apenas o conhecimento pode fornecer —
cujo olho interior precisava expandir poderes para pe- que empreguemos certas formas de criticismo para
netrar a esfera superficial ea interior. Bury pedia uma. classificar a massa de material e assim controlá-lo.”*
“pesquisa: microscópica”. No entanto, uma nova visão, À medida que os historiadores passaram a investigar
histórica radiográfica, uma: característica do “natura- os fundamentos materiais de sociedades passadas (e
“Jismo” científico e artístico e do super-homem elitista não apenas suas políticas), a demanda por detalhes
estava tomando forma, permitindo que os historiado-. ampliou-se para incluir não apenas fatos do estado,
res se apossassem de forças invisíveis e subjacentes "mas Os relativos (nas palavras de James Harvey Ro-
que 'faziam as coisas acontecerem —.o “mal du siêcle' binson) a “nossas ferramentas, nossos instrumentos,
que passou de geração em geração” .” No início do sé- um relógio, um navio, uma arma” e a miríade de ne- -
culo 20, essa visão radiográfica permitiu que historia- cessidades, movimentos, usos, invenções, aspirações,
'dores:-como Lamprecht percebessem os contornos psi- instituições circundantes e geradas por essas ferra-
cológicos escondidos: de mentalidades coletivas. 1 história eco-
mentas. 22. A descrição dde um: pioneiro na
Os historiadóres -historiaram a cidadania em
expansão, menságeira de subjetividade, é direitos po- 28. JLAMPRECHT, Karl. What Is ; History? Five Lectures
líticos, apregoando, no início do século, que todos ti- on the Modern Science of History. Trad. E. A. Andrews.
nham uma narrativa, uma história, e que era crucial New York: Macmillan, 1905. p. 12.
29: ROBINSON, James Harvey: The New History: Es-
. 27. BEER, Heári. Vie et.science: Lettres d'un vieux É says Illustrating -The Modern Historical” Outlook.
philosophe-strasbourgeois et d'un étudiant parisien. : Springfield, MA: Walden: Press, 1958: P. 36: publ.
Paris: Armand- Colin; 1894. p. 141-142. . É orig. 1912.

“457
A — Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica - É Modernismo, relativismo é vida cotidiana
- : ve - v
bt

- nômica ilustra essa profusão: “Não toi às cêntenas, “de “perspectiva”. e “relatividade”. Charles Beard:
mas aos milhares e dezenas de milhares que, ao lon- “condensou essa tendência em seu “retumbante” dis-
- go de seus trinta anos.de trabalho, François Simiand “curso presidencial no encontro da . de 1933: quan-
. executou seus cálculos, fez tabelas para seus nú- do se escreve a história, ele declarou, é preciso ver
meros e desenhou diagramas”. “sua relatividade apropriada” — entender que ela,
Os detalhes envolvidos no levantamento e na nada mais era do que.o “pensamento contemporâneo
enumeração da nova massa de temas -históricos tot- sobre o passado”. 2 Simultaneamente, profissionais
naram-se uma medida do poder real, assim como “resistiram. à concorrência e influência dos textos
uma medida do poder -sobre-humano do historiador amadores, criticando sua “precipitada desatenção à
social ou de economia. “Isso é para ser feito sob a di- perspectiva”.” Dez anos mais tarde, Apologie pour
reção de uma mente confiável e construtiva, e não lhistoire; ou Métier d'historien (Apologia para a história;
sem a ajuda da imaginação. De que outra forma é ou, O ofício do historiador) - que Marc Bloch escreveu
possível o controle de quantidades tão grandes de- “: às escondidas, sem notasTe.baseado unicamente em
material?... Elãs devem ser. agrupadas de acordo sua prodigiosa capacidade - mostrou que o historia-
com um sistema que não negligencie o' curso univer-. dor tinha mais identidades do que nunca: no início da
--sal das coisas, e que torne o todo mais inteligível. ma “década de 1940, os remanescentes do século I9 (pa-
Os detalhes proliferavam, tornando-se mais minu- tologistas, biólogos, geólogos, artesãos) tinham sido
ciosos'e mais extensivos, enquanto a habilidade ne- suplantados pelo explorador, pelo integrante de equi-
cessária para a classificação (chamada de “pragmáti- pe, pelo policial, pelo advogado criminal, pelo inter-
“ca”, “síntese” ou “o universal”) crescia. O surgimen- rogador e pelo einsteiniano.”* Não era'apenas o cada
- to da história econômica e social foi consumado sob vez maior alcance dos teias humanos, mas o: prodi-
" os.sinais coordenados de um amplo conhecimento a gioso eu do historiador que representava, sempre
respeito das massas e os fatos a ela referentes e uma mais, a plenitude masculina. :
verdade universal mais probabilista e imperfeita. “Todos os livros históricos dignos desse nome
Na década de 1920, a influência do pensamen-. devem incluir um capítulo intitulado “Como posso
to de Einstein estava aparente em meio à vanguarda saber o qué estou prestes a dizer?” Bloch escreveu.
histórica, invalidando ainda mais os apelos da histó- “Até o leitor leigo experimentaria o verdadeiro pra-
ria para uma certeza única. Os historiadores em toda
a Europa é nos Estados Unidos aderiramà tendência:
q
32. BEARD, Charles. Written History as an Act of
Faith. American Historical Review, 39, p. 219-229,
30. LAZARD; Max. François Simiand, 1873-1935: Jan. 1934.
Lhomime, V'oeuvre. Paris: Domat Montchrestien, 33. ROBINSON, James Harvey. The New History: Es-
1936. p. 35. says Ilustrating The Modern Historical Outlook.
31. LAMPRECHT, Kail. What Is History? Five Lectures
Springfield, MA: Walden Press, 1958. p. 15-16.
- on the Modern Science of History. Trad.E. A. Andrews. 34. BLOCH, Marc. The Historian's Craft. Trad. Peter
- New York: Macmillan, 1905. p: 12-13. Putnam. New York: Vintage, 1953, passim.

458 00 o Re 459
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica, Modernismo, relativismo e vida cotidiana

zer intelectual ao examinar essas “confissões”, 0) modernismo precisavá ir mais além. Croce
- com [seus] sucessos € reveses.”* Nesse apelo por al- invocou a linguagem, o bom senso e asintaxe como
guma explicação do eu do historiador, Bloch reitera- os locais de significado histórico e as condições de
va um credo comum do cogito cartesiano. Ranke possibilidade histórica. O foco de Croce nesses ele-
acreditara que era “dever” do historiador responsa- | mentos, ém sua idéia do poderoso relacionamento da
bilizar-se por seu eu e por seu trabalho, representar estética com a história, fez eco ao impulso modernis-
o relacionamento como a condição da verdade; e as- ta geral.para enfatizar os aspectos formalistas do tra-
sim ele produzia esporadicamente um manuscrito - balho cultural. Croce parecia-se, assim, com outros
autobiográfico. Ao mesmo. tempo que Bloch, porém modernistas que planejaram o ciclo da história na di-
em circunstâncias diferentes, Friedrich Meinecke reção da imagística estética — outra característica
comprometeu-se a anotar “o desenvolvimento de amadora cuja absorção pelo profissionalismo ironica-
i
seu eu” em relação à obra histórica. Apesar da mente promoveu os apelos da história marcados pelo
anunciada irrelevância do eu (exceto como um ob-. gênero. Os historiadores dá arte têm relacionado mo-
-jeto a ser despojado de toda contingência), o texto . dernismo com uma preocupação com o superficial,
histórico ficou cada vez mais saturado de sinais au- com montagens de materiaise objetos heterogêneos,
tobiográficos e autoproduzidos. Foi esse eu que de- com a invocação da interioridade psíquica (não espi-
cidiu muitos dos apelos contraditórios no passado ritual) através da superfície e com a destruição da
ciêntífico. A ciência histórica anunciou a finitude e ' perspectiva da profundeza realista. Nesse período, os'
a auto-suficiência do passado, mesmo enquanto historiadores também redirecionavam seu sentido de
proclamava sua infinita expansão e a falta de.inte- -
superfície e profundeza.
ligibilidade original. À medida que essas pretensões
Tornara-se claro, Robinson admitia, que a his-
' entravam em conflito declarado e fragmentavam a
tória humana voltara atrás não apenas os 3.000-
“narrativa grandiosa”, a história do cogito. puro,
5.000 anos sobre os quais havia registros, mas outros
autocontrolado e prodigioso do profissional de van-
3.000 anos ou mais, sobre ou quais não existiam re-
- guarda dava à historiografia-do século 20 sua força
gistros. Se imaginássemos a história “como um vasto
- libidinosa. Onde quer que alguma mudança na área
“lago cujas sombrias profundezas esquadrinhamos
ameaçasse a certeza da plenitude dos homens. na
avidamente”, mal atravessaríamos a superfície. “Não
história, a “ficção dominante” da importância dos.
podemos ter uma noção clara e adequada de qual-
homens era recuperada na excitação gerada pela
quer coisa que aconteça à mais de uma polegada — na
impressionabilidade.do eu do historiador, cómo con-
verdade, a mais de mera meia polegada — abaixo da
tado na nova “grande narrativa” da historiografia.
superfície.””” De:acordo com Robinson, os historiado- |
35. BLOCH, Marc. The Historian's Craft. Trad. Peter
Putnam. New York: Vintage, :1953, passim. p. 71. ' 37, ROBINSON, James Harvey. The New History: Es-
36. MEINECKE, Friedrich. Autobiographische Schrif- says Illustrating The Modern Historical Outlook.
ten. Org. Eberhard” Kessel. Stuttgart: k. FE Koehler, Springfield, MA: Walden Press, 1958. p. 57.
1969. VII, p. 3. x
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica Modernismo, relativismo e vida cotidiana +

mas de incesto, exotismo e bens de vanguarda evo- mais se originavam de princípios teológicos (104).
cam o modernismo. Arcobotantes flutuantes e espiras elevadas tomavam
Foi como se estivesse em viagem com uma jo- forma não de acordo com leis de arquitetura, mecã-
vem sobrinha que Adams imaginou suas descrições nicas ou mesmo teológicas, mas segundo o “esteticis-
em Mont-Saint-Michel and Chartres, obra inicialmente mo lúdico”.* No processo, a história de Adams sobre
impressa em caráter privado e distribuída apenas a a vida na França medieval acabou sendo orientada
um grupo de leitores de elite, que incluía o artista “pelas emoções das pessoas comuns que trabalhavam
Augustus. Saint-Gaudens e O escritor Henry James.*! para construir essas estruturas maciças. Os milhares
Adams era um pesquisador assíduo que, em.viagem, . de carregadores de pedra faziam seu trabalho com .
usava arquivos onde quer que estivesse e consultava sacrifício, unidos na resistência à tortura física, solu-
outros documentos de repositórios afastados. No en- cando e suspirando'na presença perceptível de sua
tanto, ele era um esteta da Belle Epoque em seu ge- dominadora celestial, de sua ditadora.
neroso uso da “mulher” como tema ou tropo moder- A libido histórica, como a maioria dos outros
nista, sobretudo no seu foco sobre.a Virgem Maria. tipos de libido, é um local indisciplinado. Ao descre- .
Maria, a quem as catedrais da Idade Média foram vera era das catedrais como pervetsa, altamente es-
dedicadas, “era absoluta; ela podia ser inflexível; po- tetizada e controlada pela chibata de uma rainha
dia ficar zangada; mas ainda assim era uma mulher, fálica, Adams abandonou seu controle do tempo se-
amava a graça, a beleza, o ornamento - suas roupas, rial, como qualquer um faria sob o domínio de for-
mantos, jóias” (94). Os modernistas descreviam as ças libidinosas. Mont-Saint-Michel and Chartres reeu-
mulheres como cruéis; e, segundo Adams, Chartres e, sou-se a permanecer ancorado no tempo histórico.
na verdade,"todas as catedrais da França dos séculos Adams observou que as catedrais precisavam de in-
12 e 13. foram construídas para satisfazer essa domi- vestimentos como as estradas de ferro; elas eram as
nadora, exigente e egoísta senhora 'e seu gosto pela casas de boneca de Maria, muito parecidas com as
luz em suas edificações. “[Os arquitetos] converte- de suas sobrinhas; ou expressões de energia, como
tam as paredes em janelas, elevaram as abóbadas, . uma mina de carvão, uma feira mundial. Estudio-
diminuíram os pilares, até que suas igrejas não mais sos, arquitetos e sacerdotes ao longo dos séculos con-
pudessem sustentar-se em pé” (102). A personalida- tribuíram para avaliar, santificar e explicar a cate-
de apaixonada de Maria serviu como fonte da esté- “dral para turistas do início do século 20, como
tica medieval do superficial, na qual as catedrais não . Adams €e sua sobrinha (como ele continuamente a
fazia lembrar). Assim, o tempo da libido, embora
equiparado ao dínamo e à entropia, finalmente le-
40. A informação nesse parágrafo vem de
SAMUELS, Emest. Henry Adams. Cambridge, MA: vou Mont-Saint-Michel and Chartres do auge do fer-.
Harvard University Press, 1989, passim. vor, quando as espiras se elevavam, à exaustão e ao
41. ADAMS, Henry. Mont-Saint-Michel and Chartres.,
New York: Mentor, 1961; publ. orig. 1904. Os nú- 42. FELSKI, Rita. The Gender of Modernity. Cambrid-
meros das páginas estão indicados no texto. ge, MA: Harvard University Press, 1995. p. 201.
Modernismo, relativismo e vida cotidiana j
Gênero e, História: homens, hiulheres ea prática histórica
,

esvaziamento do século. 20. Tendo experimeritado “tessem com. ardor. as pretensões da geografia -e sua
tudo isso:como Úúm esteta moderno, Adams repeti- - importância para a história, alguns incorporárara
damente intitulava-se um velho fóssil.
cada vez, mais perspectivas: geográficas.
Tudo era admissível na expansão da libido his-
“Dois exemplos notáveis e de influência dura-
tórica que o modernismo provocava. Adams revelou doura foram os-de Lucien Febvre e Marc Blóch, en-
“minha indiferença histórica a tudo, exceto fatos, e tre. os primeiros colaboradores da série de Hemi'
“meu prazer em estudar o-que é . -. rebaixado e degra- - Berr sobre as' “regiões”. da França. Seus primeiros
dado”. Ele considerava suas viagens à Ásia, às Ilhas' “trabalhos mostravam a geografia como expandindo
do Mar do Sul,à América Latina e a outras partes do o potencial da superfície.” Caractêres originaux de
mundo reveladoras
do universo “viril” de sexualida- Vhistoire rurale française (Características básicas da histó-.
de primitiva. Ao recordar com sua câmara Kodak os ria rural fraricesa; 1931), “de Bloch, foi apenas a mais
- banhos sem roupa e outros ritos, Adams buscavaa “ longa de suas muitas “discussões sobre material geo-.
“força” que o exercício de tal energia acarretava, gráfico, todas com a tendência a promover sua in-
usando suas viagens oceânicas exóticas e guiadas corporação à história. Ele lembrou Febvre de seu
pelo sexo para imaginar a história. Instalado nos Ar- objetivo comum de fazer dos Annales um “porta-
quivos Nacionais com seu próprio copista, trabalhan- voz” do bem que a geografia podia fazer à história.
-do incansavelmente na Bibloteca Nacional ou na in- Bloch aváliou estudos geográficos, propôs padrões
glaterra; de forma que não sobrassem sequer “res- para atlas e mapas, e passou a acrescentar termos
pingos” para outro pesquisador, Adams representava . geográficos como “estrato”, “substrato” e “morfolo-
outra versão do mundo frenético e pólimorto da mo- gia” ao uso liberal que fazia das“convenções cientí-
dernidade histórica.“ ficas mais antigas (“dissecação” , “anatomia”, “fisio-

Os textos de viagem de amadores, a energia. ' Jogia”). Embora desdenhasse as disputas acadêmicas
imperialista, os devaneios de pessoas como Adamis e. que focavam rigorosamente na determinação preci-
“o desenvolvimento da geografia. cómo campo cientí- sa de limites políticos, regionais e outros, Bloch de-
fico também: impulsionaram a. história ao longo” de fendia a fotografia aérea como uma tecnologia que:
sua trajetória modernista. Na virada do século, histo- podia mostrar fronteiras geográficas e limites de:
“ riadores como Lamprecht admiravam o modo como modo mais acurado.** Dentro dessas ironteiras, in- '

,
geógrafos experientes como Friedrich Ratzel e Paul '
Vidal de Ja Blache disputavam com exploradores in- E. “Ver FRIEDMAN, Susan W. Mart Bloch, Sociology
and Geography: Encountering Changing Disciplines;
ternacionais e sábios locais o-controle da área, con-
Cambridge: Cambridge University Press, 1996; MIL-
“quistando cargos universitários e criando departa- LER, Bertrand (Org.). March Bloch, Lucien Febvre et 1
mentos acadêmicos. Embora':os historiadores deba-. les:“Annales d' Histoire Economique et Sociale”: Corres-
pondance, 1928-1933. Paris: Fayard, 1994.,
43. SAMUELS, Ernest. Henry Adams. Cambridge, 46. BLOCH, Marc. Les plans parcellaires: Lavion au
MA: Harvard University Press, 1989. p. 209. service de Vhistoire agraire en. Angleterre. Annales
aa, Ibid, p. 276. º d'Histoire Ecohomique er Sociale, 2, «P. 557- 558, 1930.

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PaE Doc ga6 E to poi


«x Gênero e História: homens, nulheres:e a prática histórica
“f

- vestigava- se- pata encontrar o “hoimém: Na socieda-| o “ram um clima + em: í que os praticanteses homens podiam
de” ou à própria realidade social. fazer experiências: recorrendo ao ricô acervo de pos-
ds “Acrescentar geografia a história não toi. certa-. : sibilidades propostas por amadores, mulheres profis",
e; peritos em novos. “campos é acadêmicos e eco-, Fr
«mente trabalho de Bloch apenas, como também não sionais
“Joi de forma alguma seu principal feito: Ele marcou, --nôÔmicos, A disciplina; propôs Michel Foucault, pode.
Pa entretanto, uma renovada atenção à superfície — des. “ser desempenhada apenas depois que otableau vivant
Sa Vez a superfície “geográfica que começara, Do caso - “completo tiver sido apresentado: No caso da história,
vo, de Bloch, 'com fronteiras mostradas em fotos aéreas. » O. fico potencial do passado revelou-se no texto ama-
Historiadores inspirados na “geografia “consideravam “dor para aqueles envolvidos no; “desejo de saber”
“tipos de solo, rios, povoamentos, clima e outros fato- científico.' Somente: então pôde a ciência, exécutar
tes que passaram a ser chamados de habitus - hábitos seu trabalho: de dissecação, classificação e sintetiza-
bem-diferentes da idéia de um lar: Diferenciando- -se ção; mas, como-pintores: impressionistas ousaram:
de geógrafos, no entanto, eles: désdenhavam os que: para diferenciar- se do mero fotógrafo, os historiado-
tentavam parar em. fronteiras e ignorar as profunde- .. res mais uma vez precisaram fazer mais, “set melho-;:
“zas, O. “substrato”, ós “estudos: humanos”, o “homem. res. “Incitados e habilitados pelo realismo. histórico
na sociedade” ca “realidade”: “Uma * paisagem de ci“ a panorâmico do amador, fundamentados em viagens, ei
: vilização' é apenas, afinal de contas, a expressão de. Ss, pesquisas. 'é doéumentos, os historiadores científicos, Ea
uma Sociedade que, com. “un élan vital", a deline e re- “tornaram-se “artistas”, «estetas(e, em | consegilência,

“define.” O que importava era “a fisiologia do animal | também modernistas. SE


vivo”: No entanto, a “fisiologia” não era mais. à ver-”. Essa, dependência, “contudo, não acarretou au-
dade garantida. de várias. gerações anteriores, “produ” tomaticamente a igualdade, nem mesmo a aceitação”
- zida pelo pesquisador laborioso. A verdade. baseava- “dás mulheres amadoras ou profissionais. “A não ser:
“se agora em detalhes infinitaménte mais físicos, su-, “que tenhamos. mais história e menos vaidade em nos-.'
«« perficiais - “aqueles que eram acessíveis ao turista, ao “sa capacidade administrativa”, Henry Adams comen-
Viajante e ao homem comum, é que eram aprendidos Ny “tou sobre a participação de Lucy Maynard Salmon no
se classificados pelo estudioso histórico construtor de “E quadro de sócios “da Associação Histórica Americana, o
mapas. A superfície ampliada tornou-a descobertá da - “não conseguiremos ir adiante rumo à vnisciência sal- Go i ad o
verdade mais “complexa” e “provável”: : Assim,'a “vona... narrativa histórica feminina”;” O profundo - A
'
“atenção à entidade estável, ao eu. do historiador, in- N conhecimento do observador masculino desinteressa- :
o tensificou- se-de forma a permitir que: 9 ponto, de” van- Ea 4 “do; a reconceititação da história, como “pensamento”. Di af
tagem científica pudesse ser; controlado. É do” “historiador, a expansão dó téma legítimo para O
“Um novo interesse coma superfície - - estética: “"dia- -a- dia. ea guinada 1Tumo a: “síntese” Tecriaram. a.
ou 1 geográfica | — contribuiu para "redefinir a: metodo-
» logia; a prática e a narrativa históricas como “moder-
h -nistas”. Essas e muitas outras mudariçãsnna área cria-
Gênero e História: homens, mulherese à prática histórica Modernishiro, relativismo evida cotidiana.»
mta . ;
ú
so

“ história módemista como uma esmerada história de Mundial, houve oportunidade; mudança e (parado-
identidade masculina, deixando o câmpo, aberto para xalmente) estabilidade, em que as mulheres desem-
“os mesmos paradigmas marcados pelo gênero que “penharam papei importante. Por outro lado, no meio..:
- permanecem intatos hoje. Não que algumas mulheres século entre 1890 e 1940, elas constituíram uma ar-
não fossem reconhecidas, também: Eileen Power dis ticulação que oscilou entre'as versões amadora e pro-
tinguiu- se, como foi sempre repetido, por combinar. “fissiónal do passado; às vezes traduzindo o trabalho
“a graça da borboleta com a sóbria indústria da abe- . amador em uma lihguagem um pouco mais profissió-
“Tha”. Criaturas minúsculas, não ascendiam a gran-.. “-nalizada e, por isso, mais palatável A. imagística da
des alturas. À medida que a ficção dominante da ple- água e da, viagem no trabalho amador, ao lado da”
nitude masculina ocidental era abalada pela presen- presença “em geral desestabilizadora das mulheres
ça de mulheres na academia, pelo desafio de outras como atuantes, forneceu uma variedada de imagens
regiões do globoà hegemonia intelectual ocidental e que confundiram as regras e a perspectiva apenaso .
pelas análises discordantes e programas cognitivos suficiente para introduzir o: questionamento moder- .
provenientes das'massas, o privilégio da perspectiva nista e oférecer imagens tentadoras — por exemplo, a.
de que era dotado o homem ocidental voltava a an” de um: pesquisador quase sem forças, vencido. pela: -
corar-se em um modernismo polimorfo. Esse eu mo- fragrância de lilases.
dernista inflado, dotado de pretensões cognitivas, Por. outro lado, no entanto,aà literatuía e as. ,
musculares e que delimitava um vasto território a'ser . práticas das mulheres definiram fronteiras, limites,
- controlado. por uma elite, permitiu que.a ciência his- "impasses: A presença delas indicava perigo e por
tórica tomasse novas direções, sempre preservando. isso mobilizava uma masculinidade normativa, em-.
: suas hierarquias tradicionais é protegendo o > poder es-
bora intensificada, que permeava as elites de todas
-tabelecido pelo gênero. as sociedades ocidentais. naquela época de guerra
,
total. Elas” estabeleciam trajetórias: e termos, indi-
“cando onde acabava o circuito de inovação: Da
LIMITES E DE GÊNERO PARÁ O MODERNISMO “mesma forma que de Staél, historiadoras como. Po-
DAS MULHERES . WEI, Salmon, “Harrison e 'a extremamente ambiva=-".
lente Mary Beard merecem uma: posição central - -
Dessa” forma, no meio do caos e da confusão ,
entre os. estudiosos pelo seu. trabalho inovador: em”
Treinantes entre o fim do século e'a Segunda Guerra aspectos sociais, domésticos é outros da história das.
mulheres. Elas são modelos quintessenciais e cons-
48. Esse tributo foi prestado pela primeira vez quan-
trutoras de instituições — criaram publicações, in-
do Power recebeu um doutorado honorário na Uni-
versidade de Manchester: foi publicado subsegiien-. centivaram a organização: de “arquivos — e foram
temente por Tawney. no óbituário que fez da auto- pesquisadoras diligentes- Trabalhando com dados e
ra. Citado em BERG, Maxine. A -Woman in History: detalhes, elas muitas vezes escreveram a história
Eileen Power, 1889-1940. Cambridge: Cambridge : homossocial, tanto de homens quanto «de mulheres,
University Press, 1996. “P. 256 257.
«+
A . 2.4 , “ A, 2
Gênero e História: homens, mulheres'e à prática histórica
1
Modernismo, relativismo e vida cotidiâna -

“mas com reveses que marcaram o posicionamento O serviço de clichê é foineçidó na forma de chapas
feminino do inferior versus o superior. “de metal: que podem ser cortadas'em pedaços e ser; -
Contudo, essas mulheres autoras amadoras e. muito-ou pouco-usadas, conforme a necessidade; o ..
. profissionais, escrevendo no auge do modernismo, serviço-de páginas impressas fornece folhas impres-
“merecem uina leitura alternativa como escritoras sas em um lado, em duas ou mais páginas, por meio:
que múitas vezes estabelecem limites para sua de um sistema de distribuição, sendo as. páginas re--
ciência. Lucy Maynard Salmon, por exemplo, es- - manescentes impressas na oficina do jornal que re-
“creveu muitos textos que podem ser interpretados cebe o serviço. O serviço de clichê não veicula publi-
como determinantes das fronteiras do modernismo. - cidade, mas o sérviço de páginas impressas sim e de-
* Seus livros The Newspaper and the Historian e The riva dela sua maior renda, enquanto os jornais nada
Newspaper and the Authority, este último publicado recebem por isso. Em 1912, estimava-se-que 16. 000
em 1923, quandoa autora tinha setenta anos, per- jornais nos Estados Unidos recebessem serviço de
guntavam o que acontece com os fatos quando eles. -clichê ou serviço de impressão, e que esses jornais
passam através de um;veíéulo de comunicação jor- ““Jossem lidos por 60.000.000 de pessoas.
nalístico. Sua ferramenta interpretativa não consis-
tia em narrar o surgimento do jornal ou descrever- Esse tipo de texto lembra unia tela. cubista — uma
suas virtudes como fornecedor de informação; ao “tela sem a possibilidade de profundidade. Ele é uma
contrário, sugeria a idéia de “refração”. Ao obser- - lista de fatos desmembrados. -
var O jorhal coletar fatos de aspectos múltiplos da “History in a Backyard”, de Salmon, também
sociedadee depois retransmiti-los como retratos da - citava temas modernistas, descrevendo o confina-.
vida diária, Salmon aplicou sua própria refração ao mento, mental de. uma pesquisadora fechada em
jornal fragmentando-o. Editores, correspondentes, casa durante o verão. Quando o olho da pesquisa-.
-ustradores, publicitários, críticos, redatores de re- -dora examinava o quintal, reconhecia: “objetos como
portagens especiais, entrevistadores, entrevistados a cerca que marcava os limites das propriedades
= esses foram alguns dos muitos elementos de refra- adjacentes. O ensaio fazia do quintal uma tela, per-
ção que ela listou, ao submeter a imagem pura do mitindo assim que a mente vagasse por toda a su-
“jornalismo a exame minucioso. O livro fragmentou perfície da imagem, se introduzisse em falhas da
e desmantelou aquela entidade unitária chamada memória e encontrasse associações que criavam um
jornal e criou uma-.tela modernista coberta de bor- certo grau de profundidade. No ensaio de Salmon, o
rões de' informação. O índice de apenas um dos vo- - projeto modernista avançava ao longo de uma tra-
Jumes continha mais de mil grupos ou subdivisões, jetória de objetos materiais que. transmitiam uma
variando de aspectos. humános da imprensa, a as- lição sobrea localização da história e sua existência
pectos vegetais e minerais. O trecho. a seguiré um nos artigos da vida cotidiana. Na medida em que o:
exemplo da' narrativa: modernismo dizia respeito a um interesse recém-
deséoberto em mercadorias e no comercial em ge-
'
Modernismo, relativismo e vida cotidiana
Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica

| . vo.
' Bolo Lady Baltimore, sorvete Filadélfia, bolo Irving
ral, o texto de Salmon apontava especificamente
“ Park, pudim Bangor, bolinhos Berkshire, pão preto
para ele ao aludir a pesquisas em arquivos de uma
* Boston, batatas chips Saratoga e galinha Mariland ...
maneira comercial: “Três meses de aquisições na -
pãozinho Parker House, salada Waldorf, creme Del-
Europa não deixavam alguém rico, enquanto nove.
monico ... café Viena, pudim Yorkshire, bolos Nu- '
meses de constante esvaziamento de capital men-
remberg, tortas Banbúry, creme bávaro, ensopado
tal em casa levavam alguém à falência?” Por fim, o
irlandês, caldo escocês, bolo inglês, hambúrguer...
curto ensaio de Salmon carregava consigo o exotis-
macarrão, espaguete, chucrute, salsichas, chili com
mo de Henry Adams, na figura do amigo incentiva-
o carne, tanales, creme Devonshire, queijo Neufchã-
dor que “punha a lâmpada de Aladim em nossas
tel, chop suey, couve-de-bruxelas.
mãos e abria diante de nossos olhos um mundo não-
descoberto, tão grande quanto o que poderia ser
Essa passagem transmite uma monomania que tanto
encontrado em sete reinos”. Sob esse ponto de vis-.
a separava-das amadoras que escreviam sobre cultu-
ta, o ensaio de Salmon foi um trabalho fundamen-
ra matérial, como Alice Morse Earle, e das profissio-
tal, oscilando entre o amador e o profissional mo-
nais, quanto a conectavaa elas.
dernista e tornando indistintas as diferenças entre
“Outras receitas mostravam laços familiares e
o histórico e-o-cotidiano.
de amizade: bolo da tia Hannah, waffle da prima
Com à oportunidade, entretanto, vieram os
Lizzie, biscoitos da vovó, bolo marmorizado da vó
impasses e os becos sem saída, pois onde há uma
Lyman, geléia de marmelo da irmã Sally, vinagre de
possibilidade de profundidade há muitas vezes uma
framboesa da mamãe”. Salmon também sugeria que -
simultânea oclusão de “significado”. Alguns dos
a dona de casa não era uma simples empregada do-
textos de Salmon eram ilustrados com reproduções
méstica, mas aspirava a ter poésia em suas-receitas:
de sua própria cozinha. Ela escreveu uma “ Ode to
/ “pássaros em canapés, pudim ninho de pássaro,
the Kitchen Sink” (“Ode à pia da cozinha”), que —.
ilhas flutuantes, maçãs em floração, batatas som-
mais experimental do que seus ensaios — bloqueava
breadas, penachos de queijo, neve de maçã, bolas
afrontosamente o acesso à possibilidade de análise
de neve, teia de pão de mel, pão de mel das fadas,
histórica. Embora tal afronta ao eu do historiador
molho aurora”.*”
imitasse de alguma forma o retrato do historiador
Às imagens poéticas da dona de casa aponta-
como um artista enlanguescido, ela também apon-
vam para uma limitação reprovadamente não-histó-
“ tava para a cozinha, um lugar sem possibilidade de
profundeza ou ascensão. Na cozinha, Salmon encon-
trava tesouros arquivísticos como livros de culinária 49, SALMON, Lucy Maynard. The Family Cook-
é, com toda a absorção de um Proust, citava e cate- book. Vassar Quarterly; 11, p. 104-105, Mar. 1926.-
gorizava as receitas: Muitas se baseavam em nomes Como a maioria de seus outros manuscritos sobre o
tópico, que são datados da primeira década do sécu-
de lugares e viagens:
lo 20, esse artigo foi provavelmente escrito muito
antes da data de publicação indicada.
aii E RE GTS ao
Modernismo, relativismo e vida cotidiana
Gênero.e História: homeins, mulheres e aprática histórica -

er
o ! ; o
A fr .
a psicaná- o
“rica“na obra de Salmon, não: apenas. nos textos em “trauma, mas de lugares de poder: Embora
“que ela: falava sobre, livros de culinária, mas na sua: lise conseguisse combinar objetos similares e ima-
“ode à cozinha e nas fichas para um manuscrito ina- gens em narrativas científicas e realmente, conse-
mesmo.
“cabado sóbre o leque de papel. O poder. de tal fanta- SA -guisse maánipulá- -Jos em nome-da “cura”, o
profis sional . Por ter,
sia, conforme sugeriu Gaston Bachelard, repousa na . não acontecia .com, a história
que Salmo n fazia era
sua habilidade:em úsar espaços e objetos banais para , . formação de historiadora, o
espaço domést i-'
provocar evocações, reverberações e ecos, em vez de . aponta: repetidas vezes para esse
Salmon foi per-.
gerar discussões de causa e efeito, Embora os textos.. “-Em'geral tão anticonvencionial,
traba-
“de Salmon procurassem' mostrar o lar como-um lugar dida para a historiografia e para a análise por
para tratamento histórico científico, eles: também se lhar o terreno fora dos limites: da “história. Apesar
de .
deslocavam na. direção oposta da poesia, fazendo uso “das tentativas atuais de focar a literariedade e
articular linhas de, junção da “histór ia e fronte iras
“de descrições para criar imagens que 1 ressoassem na
. psique dos leitores." partilhadas com literatura e outros campos, nin--
mo-
“As listas; de Salmon, as pilhas. de fichas com : guém fez ainda o que Salmon fez em seu modo
«anotações sobre a história do leque, todas elas com - dernista de apontar o espaço. doméstico. E grande
i- .
“uma única frase, as linhas repetitivas com nomes de “parte. desse: trabalho bizarro não pode s ser submet
receitas, as páginas que enumeravam fatos isolados “da ao olho crítico da profissão.
sobre o jornal: tudo isso podia ser-visto como análo-- “A, autora americana Mary. Beard trabalhou de
go às-setas, às linhas soltas e aos traços na pintura maneira igualmente irreconciliável, usando listas e
dé,
modernista: A repetição e a completa falta de senti- “poética. Suas histórias sobre mulheres variavam
z
A
crônicas sobre suas próprias'realizações, em govern os.
do atraem a atenção; no entanto, assim-como às es- A
na
tatísticas e os “diagramas compilados -por mulheres. i - municipáis à descrição: da “mulher como força.
de seus li
- cientistas. sociais..e pelas numerosas mulheres histo-' LT história” (uma: frase que, dá título” aum
“ riadoras:de economia, a atenção é atraída pelo: que VTOS): Ela usou copiosos dados. para escrever uma
não é dito. “O que: significam todos esses artefatos . história revisionista, empenhando- -se para destruir a
ênfase feminista em um movimento moderno que
n domésticos?” é a pergunta que-se faz. No entanto,
.
E em vez de uma análise: ou história, o relato de Sal- combatesse a opressão e a falta de oportunidade: das
mulheres. Beard acrescentou história cultural e das
> mon sobrea casa continuava. a ser uma série de ima- vi
“gens: desconectadas, sem uma” naríativa histórica, mulheres a pesquisa sobre a história, “dos Estados:
talvez porque a história não tratasse de locações de “ Ra

“SL A análise é sugerida plo trabálho dé Rosalind | E.


s,

so “Na Conferência Evalyn Clark, no > Vassar College, “Krauss. Ver, notadamente, KRAUSS, Rosalind: É.

em-outubro de 1985, Lucy Maynard Salmon foivil y “The Originality of the Avant-Garde and Other Modernist
“vidamente lembrada como a pessoa, qué fomeceu CS Myths. Cambridge, MA: MIT Press, 1985. p. 8-22; e.
1
MA: MIT,
Id.,. The Optical Unconscious: Cambridge,
- OS Lraços' distintivos que áinda! caracterizam o ensi- ,
o a “DO de história, no n Vagsar. “ Press, 1994. esp. Pp: 48: 58.
NR:
“Modernismo, relativismo e vida cotidiana
* Gênero-e História: homens, niulheres e a prática listórica Ea po :

sy PR e . ,

Unidos que “escreveu com o márido, Charles; de won't walk, anyway babies
“dog fanciers.and'tenders o É : ss
“acordo com muitas estimativas, ésses textos contêm :
actresses putting new wine interátivo old bottles to “terá
mais história de mulhéres do que quaisquer outros , fthe uninitiated Ra
s
desse tipo, mesmo para os padrões do final da déca- nó and excite the jaded E ven “a o
-, dade 1990, Ela foi, por conseguinte, uma pioneira, hostesses Promoiing trade, letters and philosophy, |
' q fmarrying off
o
“uma precursora e um exemplo pára centenas, de 1

- their sons and daughters, allaying tedium?


mulheres na profissão, enquanto a história das mu-
lheres tomava: forma, na década de 1970 —-a quin-
tessencial melhor história. Suas visões progressistas, « [animadores exóticos incendiando sangue jovem; “artistas de. A
assim'-como as de seu marido, tornaram. a história : [circo, mergulhadores com seus saltos de anjó ev no
mergulhos a 1 pique, estrategistas de rodeios, paraquedistas”
mais socialmente consciente é democrática. Da for-
[ejogadores de categoria
ma como eles a viam, todos.os tipos de história — a “divertimento doméstico com bebês, um bebê este ano, outro no
econômica, a política e a cultural — eram englobados : : [próximo, o
no termosintetizado “civilização”. ” possivelmente “um anó livre, depois gêmeos, um bebê de
- Beard, no entanto, também ocluiu, “sentido” e NR [alguém, os empregados:de alguém:
; empurrando carrinhos, repreendendo, “tagárelando, dando
“profundeza” ", O sine qua non até mesmo do moder-
, fo : : [palmadas, rindo,
. nismo. Pois, embora as pessoas invocassem (e ainda ; acalentando, “dando. mamadeira, com bebês
l engambelando,
invoquem) os aspectos estéticos, narrativos ou “vi- [amáveis, bebês adoráveis,
vos” no coração da história, ninguém fez isso da ma-. o ” . | "bebês. de raças, cruzadas, bebês doentes, bebês aprendendo” “a is o
neira como Beard conseguiu em suas obras. Em uma [a andar é bebês que...
- de.suas histórias, em vez de narrar ou analisar as ati- não ; caminharão, de qualquer forma bebês. :
aficionados por cães e seus tratadores
vidades das. mulheres, ela usóu - versos. brancos, atrizes pondo vinho novo em garrafas velhas para tentar -
criando um texto que era.também linear e lembrava ” À : [os não-“iniciados”
DRE
uma lista “steiniano”, em uma palavra: “e estimular os extêniiados !
anfitriás que fomentam trocas, cartas e filosofia, que casam '
exotic entertainers s firing young blood; “circus pérfoimers, “filhos e filhas, mitigando 9 » tédio]
= A [swan and
nose divers, rodeo strategists, parachutst, and high. “Medieval People (Povos medievais), de Eileen Po-
Cr [kickers
domestic amusers with babies, one baby this year, another
wer €, em menor extensão, seu Medieval. Nunheries -
1, = e [next
compartilham essa qualidade de) assemelhar-se a.
possibly
. one
o free vear, then. twihs, one 's own, one's". = + uma lista. Com base na premissa de que a história .
[employers : “era feita na cozinha, o primeiro livro. divertia-se com. :
pushiiag carts; scolding,. chatieriig; spanking, laughing, o “inferior” co préconsébido, Q mundo cujos contor- Us
wheediing, nursing; bottling, vedth nice babies, Jovely . j- nl q
: babies,
. cross babies, sick babies, babies learni g to vealk and. r E 52. BEARD, Mary. on Understanding Women. New:
i A oi RE CEL AS ad, a “Ibabies that no York: Eongmans; Greer 1931, Pp: lt- 12. Dos
: V Cu Vetado 1
O
“ps Modermismo, relativismo e-vida cotidiana.»
Tres
E ' 1a

“nos “Harrison. e plorara mais sistematicamente: tór. nos “Enquarto Power tentava: tornar s seus primeiros CEA
«mulas “para remover, marichas, - erradicar |“pulgas e Foi trabalhos palatáveis para o; leitor. profissional tanto
“acabar com piolhos; listas. de alimentos que: o bur-. quanto.-para' o, leitor comum, Beard preparava os
--guês, a freira. ou o, camponês podiam comer; 'copiosos " acadêmicos, para o tipo de história que estava escré-:
extratos de cartas de amor de um negociante de-lã, vendo: “Este livro pode parecer estranho eassimétri-.
de Calais; os'mexericos: cotidianos de uma campone- | “Co pará Os mestres com um sentido. mais profundo de
"sa; as mércadorias: que Mático Polo conheceu duran- “sistema” * Seu esquema envolvia 0 ataque àos fun-
te suas longas peregrinações; os variados animais: de > damentos consagrados da. profissão. Em America
| estimação de freiras, abadessas e mulheres nobres. A. through: Women": 's Eyes (A América através dos: olhos das "Rr

espessa superfície imagística, que se. destinava a ser' mulheres), ela sugeria que essá' consagrada tradição
uma cilada: para:o; leitór, desfez a extensa: erudição. podia, ser recontada de maneira diferente. Quando o .-
“que.a- confirmava, não deixando nenhum superior era, os tópicos usuais e a esperada sistematização da :
* pará corrigir o inferiór, nenhuma 4 profumáeia, para: ortodoxia passada deixavam de aparecer. Beard

“resgatar à superfície. , mostrou Lucy Laney. ensinando verbos de latim para:
“Ricarda Huch: propôs que, era a qualidade irima-' ao “crianças négras, enquanto mulheres sulistas comba-
- gística de um fato histórico que importava, a resso- CE tiam os linchamentos. Ela permitiu que: Sarah, Orne
-nância que atingiria os leitores de tal forma que. se” : “ Jewett contasse o quanto a América do final do sé-
apoderaria. de seus intelectos e emoções: Com o cone. ; culo 19 a fazia lembrar da Roma anterior à queda:
ii “ereto sendo usado como. dominação, “o fantástico na | . Enquanto isso, Marietta Holley ria: daquela que era,
Ra RE - história era -um modo importante de manter essa “a mais masculina “das instituições — a corrida de ca-
“Tonte de opressão sob, controle. 5 Eileen Power traba- -valos, “completa com seus acessórios femininos. Com |
E lhou esse mesmo terreno em seus: primeiros divros-e | Suas listas: -e-mais listas de tópicos, “o grande sonho |,
» programas dde;rádio, tendo, como objetivo direto, or -» americano, visto através. de “olhos .de. mulheres”,
leitor comum: e-as crianças pequenas. Viajante do. : continha uma distorção perversa. Em um ensaio in-
mundo, ela fazia alusão á' superioridade de vastos. NENE titulado “The Great Fact- Finding Farcer. (A, grande
“impérios enúmerando seus costumes, Seus bens eos ri -. “farsa da descoberta de fatos”), que discutia as esta= :
“ Jares cosmopólitas, — técnica que usou: no “Medieval” tísticas, as, “investigações, as comissões governamen-
* People. Pode parecer estranho que Power mais tarde “tais e os grupos de pesquisa que apresentavam fatos
“tenha se “voltado: tão: «completamente : para-a história ú a “sobre pobreza, indústrias dó carvão e vida familiar,
, econômica, estatística, que lembrava diagramas, ese Lillian Symes mostrou gue essas Tontes apresenta:
- distanciado dos impasses aos quais, esse estilo de es- À Pio vam numeérosas inverdades, que encobriam a “gran-.
“a ita levava; mas Os: diagramas tinham' sita própria e de. mentira” sobre a: sociedade americana. “Ela decla-
- modernidade, um tipo diferente de imagística. es rou que os fatos « eram impiedosos e defumanizado,.
a
pn o

“53. DAR Ricarda. Gesamnielte: Werke. Cologne: x Nana sá BEARD, Mary. on Understanding. Women. New
;- penhener und, Witseh, 1966. No y a Po “6Ã9- BD. co ã eli dios York: Longmans, Green, 1931. Pe 5.
nO, sã

Ce Tes, ainda! que ós hbniéns: estivessem tentando” des E “que india vinhetas cômicas: sóbré as visitas das NE
: “cobrir uma. quantidade. maior deles. “Cada indivíduo “mulheres aós campos de batalha da Primeira Guerra: Ro
Pes dedo “tinha” um. grupo à parte de fatos. para usar como pro- Ro - Mundial: -e publicou-a em 1934, em plena Depres- a 8d
ada a -Jeção contra "outros fatós que ameaçassem seus inté-.. são global. De pouco uso científico ou, modernista! o
1 resses próprios..“Da história escrita os deuses do áca”. | para qualquer um, esse. exemplo de mau BOStO não
EP ae :80 e do caos exidentemente tinham. To) comando”, foi adotado pela academia. “os :
Dad - Beard concluiu. Ea Ae a CEB -Apesar' disso, Beard: tornou- -sé uma “precursora, a
“ o x ng “Beard: exfilorod” um. território em que poucos + po cujo trabalho foi visto como parte do impulso antro-.
penetraram . “desde então. Ela. ria, por. exemplo, “da » pológico! inicial que"tanto fez para dar início à histó-
«ciência: deças : Dao Cide - ria de mulheres: Censurando feministas que diziam
“não: ter sobré o que êscrever exceto múlheres famo:
MAS o want tá thank that little band o qd "sas, porque as: mulherés eram em geral oprimidas, ela
“ Of atoms whose persisteney | ERRA escreveu. que :a história norte-americana começou
Im following à pattern planned te “com as próprias índias”, com sacerdotisas — ha vet-
Results i in! my identity ao a CR he dec aço, dade, com todas: as mulheres que tenham um dia
= Eder , pie ' ' NE
“conseguido dar voz a. alguma “expressão”. Uma
po aro [Quero agrádecer aquele pequeno bando. “ mulkiculturalista precoce?: Talvez, embora as amado-
ESA " De átomos cuja persistência: o . ras do início do século. 19 já tivessem. escrito sóbre .
CS Cs Em acompanhar 1 um padrão planejado. e “ -na' África, na “Ásia, e em outras regiões não- :
NR Resulta, em núinha idenvidade “ocidentais. :s Todavia, Beard também nótou o interes-

se que. os fascistas tinham pelas mulheres, discutindo
“Embora. comprometida com os arquivos. de mulhe- “o que ela considerava- a: opinião deles sobre 'a “lorça”.
» res, ela ridicularizou totalmente a ciência, O feminis- “das. mulheres e contrastando- -a- com, O- desprezo: do
“mo, à guerra, a política e; outros aspectos sagrados das “Wúminismo e do. pós- TIúminisino pelo feminino.
“história profissionalizada e uma conseqiientemente. E que “+ Na verdade, Beard foi ao mesmo tempo pro-
profissionalizada. história. 'de mulheres... Na' verdade, . “ gressistá e desagradável, inovadora é repulsivamente
- ela co-réditou uma: antologia: de tumor das; anulheçss CAIR “leonoclástica. TÃO: extremo foi seu modernismo que
3 L

: s7. “Mary Beard. para Una Wintér, 13 de agosto « el


New york: Macro 1933 op. 245: 249, 258- 265, maio. de 1947, Henry.E. Hu minston Abra San.
a 252: 258, :480-498;" Id:, “On: Understanding. Women.
À New. York: Longmans, Gíeen, oO ) 3 513. “e

primeiro vo-.
ica; 0 segundo, a
à ciência h órica tinha. unidade “No caso “de
“Beard, 0 reconhecimento de. que o “universo estava
repleto. de força individual, que: cada um tinha uma” Co
história, e que os fatos” eram: perspectivos. levou as Do
uma “obra que ;muitas vezes, era dsuportavelento a

igiões: mais antigas, “mM


ais instintivos de

sua imaginação o sua:a êngenhosidade na ên- s


C ué dáa à morte £ ao novo nascimento. NR
, transcendência, o
are defiva,

que. ini teligív | para o cientista moderno): da


mento matrilinear, do corpo sem

ao. contrário: da obra.E


epectalimente depois aa ;
são jun os, ho em ter-
s Um ocasião para amu-.

| “The Knower and” the La


o7 amtlfice” a retiata, me-
Ê
' “Noc centro “da explicação. histórica, o tema, au- aimipiiaçção. emque ó,historiador ascende, “alcança, | ino
- toral. masculino dominante e sedutor, reina como, um “seré e conquista para superar a si mesmo ca todosos.
pioneiro, membro de uma vanguarda, virtuoso fasci- outros. Ele cria mais, um suplemento, "um extra, '
: nante — ainda mais se considerarmos o. modo como para além” do que outros já fizeram= mas 6 faz- de
“verdade” e “universalismo” se dissolveram no cur- “Torna transcendental, “invisível, de modo que, na.
: so do século 20. Embora o restante do campo histó- medida em que, vemos historiadores poderosós como
Tico possa estar, repleto de personagens heterogêneos, Paio homens, também: vemos apenas verdade, inteligên- RE
“isso não acontece coma historiografia. ** Q histoória- o e cia pura e “explicação instigante. O. trabalho libidinal
. dor de historiografia, que é praticamente sempre do não reconhecido da prolissão — a ideologia. social que e
sexo masculino, poucas vezes divide o: palco com. nos Taz valorizar a plenitude, o poder e a auto-apre- vs
uma mulher; ao. contrário, ele é fortalecido por epí- . seritação masculina = é apenas- raramente visumbra- Õ elo
gonos que, admiram suas Teis e fazem dele úma “es-: do no, espelho da história. ; CDs
trela”, por grupos fraternais que pensam em compe- “Algumas mulheres desafiaram valores: profis
tir com eles e por outros ainda que analisarão a dis-. sionais, abertamente, reclamando dos privilégios iim-
puta em termos de movimento histórico. através. do plícitos e da” maior consideração. dedicada aos ho-s. :
: - tempo serial c.até: mesmo pós- -moderno. Seja produ- mens; Por exemplo, Mary Alice Williams, «do Gou- É
zido por seus fatos, por seu alcance historiográfico ou cher College, descreveu de forma cáustica o. prógra-. E
- por seus. arroubos de téoria, 'esse imponente constru- ma do encontro de 1919 da, Associação. Histórica-.
“-tor-da” subjetividade masculina. (embora com os no- “Americana: “Nenhum nome. de mulher - “aparece
vos. apelos por desempenho público e novos chama- nele; e no entanto vocês sabem, e eu sei, que: há no .
dos para enfrentar o desafio de mulheres poderosas, pelo enos uma dúzia de mulheres no país que, po- ns
elas próprias “cada. vez imais se apresentando como ri- deriam; “apresentar trabalhos iguais, se não superio-
- Vais maternais, fálicas)- continua a funcionar como a res, aos: apresentados por alguns dos homens “dois:
- peça central de uma epistemologia histórica de difi- “por um tostão” que constam da lista. A maioria dos.
- euldade crescente. “Não importam as mudanças, de, "homens. influentes da AH.A: mantém-se unida, -
- realismo para modernismo ou de modernismo para “ombro a ombro, com as duas patas dianteiras no: :CO- rf
"pós- modernismo, ide alegações de verdade para ale-. - cho", Esse foi um daqueles incidentes de contesta-
gações: de explicação,” a masciilinidade “continua a ção e reversão, parte. do momento | modernista em
- funcionar da mesma forma que no século 19: como | aque o outro lado do espelho aparecia como pede E a.
Parte de tm êxtase, de. uma a interisificação, de uma
i
E 67. Mary Williams par ã' “James A. Robertson, 30. de: o
“17 66. Ver: não apenas The: History “Men, de PJ. Kenyon, ., “dezembro de/1919, citado ém “GOGGIN, Jacqueline.
o
lmas também-obras como That Noble Dream, de Peter K ERA Challénging Sexual- Discrimination i in the Historical. -
é Novickr A tendência é reconhecer as mulheres “como: E Profession:. Women: Historians and the American
participantes atuais da prolissão, mas apagar os mi-" Ra “Historical, Association 890- 1940. American Histori-
“lhares delas. que, escreveram antes da década de” 1970. “egl Review, 97, n. 3,.P. 8d June 1992.
o 3800 =,
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ro “Duclauk, Emile, PAi
*, Duff Gordon, Lu je Austin) fa
EA
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“ Cartwright; Julia, 182, 3 o + Edwards, Amelia B. 339, 340,
“342, 351, 356, 421º; 385 po
mer: Heinrich, 309.- on
SCarús- -Wilsop, Eleanora, 400: Einstein, Albert, - 58.0 e E
“Bolena, Ana, 93, 138, 462. Caruth, Cathy, 128." : Elek, Elena, 373. do
“Booth, Mary- Louise, 338: Castrofoite; fhde, e Condes: . ! Eliot, George, 258, 489.
Bordier, Henri, 266. 2a sa, 355. - Elisabeth-von Schoenais 424.
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- Certeau, Mic Eles. Elizabeth, 93, 118, 10:
310,00 : “ Eimerson; Ralph: Waldo, 104.
“ César, Júlio, 164, 179, 451. -Eimerton,. Epliraito,* 225, 229,é “
l * Chartres, Mademoiselle de, tm “241, 282.
ABS Co “Erasmo, “101 e
- Chastena, Victorine de, 8, Este, Beatrice. d',. 351,
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93, 297, 3%
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“Stein, Barón vôn, 252
“ Stem Daniel. Ver Agoult, Ma
“Sant'ânha; “Barône: .. "rie Flavigny Condessa de. “ Woligonegi, Mary, 5, 101,
“Sartre, Jean-Paul, 21 3: se Stopes, Charlotte. Carmichae), “Na dd7, 124º dida UR
- Scarry, Elaine, 138, 171, - 348, Ie o a N Woodbury, Helen “ “Sure, Nasa NC do
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: Schiebinger, Londa; 19. EM Strachey, Ray, 37810 04 cen
“o Woolf, Virginia, 365, 408, 427 H, ih a E
“Schiller, Friedrich, 77. -Strickland, Ágnes, 101, ns ps
* Schirmacher, Káthê; 369. Strickland, Blizabeth, ar Mona George, 406.º AO:
- Schlegel,. Friedrich, 282; 284. “JM : E
* Sehlesinger, Arthur, Jr. 309; e Stuúbbs; william, 162, 169, E TS
“» “Sehmoller, Gustave, 409. 175; :235,237.º Eri he,& Paul, 466: k v : E
' Schopenhauer, Johanna, 26. . o Sunderland, Henry Dique de, -Cécile eta '; T
« Scott, “Walter, 49, 58, 115, 253. Na 355,00
- Seeles JR, 363. o a Sybel, Heinrich von, 256. “ é ( : Ne | !

| Symes, Lillian; 48). “a “e :


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- Taine, Hippolyte, 178, 194,


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- Talleyranid, Chades, 74; nl
” Tamizey de Larróque, tips,

“Tawney, RH. 390.


“Taylor; James Monroe; 432.:
“= Thierry, Augustin, 151, 258, 312
“Thiers, Adolphe, TAS.

Thru Sylvia: 403.


“Ticiano, 123-4.
- Togo, Almirante, 4
+ Tolstoi, Leão, 199.
e a
Papel Reeiclato 0. gjmé Colo)
« Cártão Supremo 250g/mê
q impressão “Sob' demanda
- Acabamento” “Costurado e: colado

Coordenação Executiva Lúaia Bianchi,


“Produção “Gráfica. “Renato valderramas |
“ Edição de Texto: Renata, Vieira é “Villas Bôas go
dentes de Edição de, Texto. : Beatriz Rodrigues de lima o.
:Fernânda Godoy Tarcinalli
* Valéria Biondo: mA

“Catalogação e:
Ls Bibliográficas Eliane de Jesus Chárret
onnie Smith é Professora de História na
Rutgers University (New Jersey). Publicou diversas
obras, dentre as quais destacam-se Ladies of the

Leisure Closs: The Bourgeoise of Northern France


in the Nineteenth Century (1981); Confessions of a
Concierge: Madame Lucies History ol the
Twentieth Century (1985); e Changing Lives:
Women in European Flistory Since 1700 (1989).

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