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UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA | UFSC

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS | CFH


Disciplina: Introdução aos Estudos Históricos
Semestre: 2021|1
Prof. Rodrigo Bragio Bonaldo
Miguel Ângelo do Santos Demétrio (20101321)

RESENHA

BLOCH, Marc. Introdução; Capítulo I. In: BLOCH, Marc. Apologia da História ou O


Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2002. p. 41-69.
Tradução: André Telles.

O historiador medievalista francês Marc Bloch, formado na Escola Normal


Superior de Paris e na Lycée Louis-le-Grand, foi o autor do livro Apologia da História
ou O Ofício de Historiador, publicado em 1949. Ele expressou através de sua obra,
respectivamente entre a introdução e o capítulo I, todo o contexto que envolve
pensamento do que é a história como ciência dos homens no tempo e como seria o
ofício do historiador, introduzindo com a sua legitimidade as problemáticas da história,
contemplando com a perspectiva da relação entre história, os homens e o tempo.
Na Introdução, o autor apresenta primeiramente a legitimidade da história a
partir das experiências ao seu redor; das relações com a memória e os pensamentos
correlacionados que constituímos como história (séc. XIX-XX), onde se divergem e
conectam-se ao mesmo tempo: o debate da história como ciência; as suas
interdisciplinaridades filosóficas e sociológicas; a religião histórica (cristianismo); as
metodologias e pensamentos que permeiam o que é utilitário e o agradável, por
exemplo. E isso atesta os debates que ocorrem a partir destas problemáticas, que implica
nesta necessidade de instigar o leitor, sendo ele acadêmico ou não, a se pensar a história
como ciência do ser humano em relação ao tempo, o ofício do historiador.
Já no capítulo I: A história, os homens e o tempo em “A escolha do historiador”:
o autor prossegue com o este pensamento refletindo o surgimento da palavra história e
de como sua finalidade muda em decorrência com o tempo, onde o historiador
utilizando o seu ofício, parte da escolha de problemáticas para o seu trabalho. Bloch
continua com os tópicos “A história e os homens” e “O tempo histórico”, onde expressa
que, por meio das relações e atos coletivos das pessoas ao seu redor e a temporalidade,
entrelaçada muitas vezes na interdisciplinaridade de outras ciências, isso resulta na
“obra de uma sociedade que remodela, segundo suas necessidades [...] um fato
eminentemente ‘histórico’” (BLOCH, 2002, p. 54). Isso acaba refletindo nos debates de
forma de como escrever a história, nas suas interdisciplinaridades filosóficas e
sociológicas (o positivismo) entre os séculos XIX e XX, onde as metodologias e
pensamentos sobre os trabalhos históricos permeiam entre a arte e a ciência, agradável e
útil. No penúltimo tópico, “O ídolo das origens”, o autor mostra ao leitor, a partir da
obsessão das origens e da construção de um início ideal, o perigo de se estudar um
fenômeno sem refletir e compreender o seu momento no tempo histórico, tanto do
problema pesquisa quanto da vida do historiador. E isso conversa com o último tópico
do capitulo “Passado e presente” que, em suma, nos mostra a necessidade do historiador
estar ligado nas relações entre o passado-presente, pois “o erudito que não tem o gosto
de olhar a seu redor nem os homens, nem as coisas, nem os acontecimentos, [ele]
merecerá talvez, como dizia Pirenne, o título de um útil antiquário. E agirá sensatamente
renunciando ao de historiador” (BLOCH, 2002, p. 66).
Diante disso, foi observado nestes trechos que a história como ciência tem suas
peças chaves: a relação dos homens (humanidades) com o tempo, onde o passado-
presente se mostra crucial para se compreender. Sua constante mudança, tanto na
compreensão da forma ou como na parte de instrumentos e metodologias, mostra o
tamanho peso e importância presentes neste oficio, cabendo ao historiador junto com a
humanidade o trabalho de compreender, problematizar, produzir e divulgar a história.

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