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Aluno: Miguel Ângelo dos Santos Demétrio

Disciplina: Introdução aos Estudos


Históricos
FICHAMENTO
IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Verdade e memória do passado. Projeto História. São Paulo, p. 213-221, 1998.
1º ARGUMENTO CENTRAL
Com base nas reflexões de Walter Benjamin e Paul Ricoeur, nas discussões do revisionismo e na questão da historiografia da Shoah, artigo sustenta a
hipótese de que a “verdade do passado” remete a uma vontade de verdade, ao mesmo tempo ética e política.

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214 “[...] Pode-se escrever uma história da relação à memória e ao passado, uma história da A autora propõe algumas teses sobre o estatuto da
história [...]” (GAGNEBIN) verdade do e sobre a importância da memória para a
A autora entende que a verdade do passado remete a uma ética da ação do presente que a sociedade atual.
uma problemática da adequação entre “palavras” e “fatos”.
214-215 A autora apresenta os pensamentos de Walter Benjamin em relação ao objetivo do ¹ Benjamin, W. Über den Begriff der Geschichte in
historicismo com o positivismo, que pretende mostrar a uma história de exatidão científica, Gesammelte Werke, Volume 1-2, Frankfurt/Main,
universal, única e verdadeira, que obedece aos interesses da classe dominante. 1974.
“A história é um objetivo de construção cujo lugar não é o tempo homogéneo e vazio, mas
aquele que é preenchido pelo tempo agora” ¹.
215-216 Gagnebin levanta a discussão contemporânea sobre a historiografia (escrita da história e da Sem comentários.
e a memória histórica), que se intensificou com a decorrência da 2ª Guerra Mundial: a
construção da memória histórica mantém com o esquecimento e denegação.
216-217 As questões levantadas ser tornam importantes para o debate sobre o tema negacionismo. ¹ Vidal-Naquet, P. Les assassins de la mémoire. Paris,
“[...] se ‘por definição, o historiador vive no relativo’ e se ‘ele não pode (...) dizer tudo’¹, a Ed. De la Découverte, 1987, p. 131 e 147.
sua luta não pode ter por fim o estabelecimento de uma verdade indiscutível e exaustiva.
Seria lutar em vão porque a verdade não é da ordem da verificação factual [...]”
(GAGNEBIN)
O pensamento de Ricoeur, de acordo com Gagnebin, nos lembra que a história é sempre ao
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mesmo tempo narrativa e processo real de decorrência das ações humanas em particular,
onde a história como disciplina se vira nas dimensões humanas da ação, da linguagem e da
narração.
“[...] levar a sério e tentar pensar até o limite, essa preciosa ambigüidade do próprio conceito
de história [...] que se ligam [...] o agir e o falar humanos [...]” (GAGNEBIN)
218-219 Gagnebin descreve o conceito de rastro e a problemática da memória: a lembrança de uma Sem comentários.
presença que não existe mais e que sempre corre o risco de se apagar definitivamente.
fazendo com que a memória viva a tensão de presença e ausência. Com isso, adquire-se a
consciência de fragilidade essencial do rastro, da memória e da escrita, o que deixa o
trabalho do historiador mais decisivo: lutar contra o esquecimento e denegação.
219 A autora faz uma reflexão sobre a pesquisa simbólica e criação de significação da memória Sem comentários.
com base nos escritos de Heródoto e de Jean-Pierre Vernant, e que esse retorno de
pensamento após a 2ª Guerra nos faz repensar as ameaças do esquecimento e da denegação.
220-221 Como continuação da reflexão anterior, a autora descreve o revisionismo com base no ¹ Assassinando os prisioneiros dos campos de
exemplo dos nazistas¹, a tentativa apagar a história e a memória quando você não é mais concentração, queimando os corpos, destruindo
detentora dela. qualquer prova.
“[...] o esquecimento dos mortos e a denegação do assassínio permitem assim o assassinato
tranqüilo, hoje, de outros seres humanos cuja lembrança deveria igualmente se apagar”
(GAGNEBIN)
Diante disso, Gagnebin nos mostra que a importância do historiador: transmitir aquilo que
não pode ser narrado para manter a memória daqueles que morreram, também no sentido
político (lutar contra a repetição destas atrocidades) e ético.
“[...] a preocupação com a verdade do passado se completa na exigência de um presente que,
também, possa ser verdadeiro” (GAGNEBIN)

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