Discente: Anna Victória Souto Lessa

Atividade 4- Escrever um texto dissertativo de no máximo 2 páginas sobre O Ensino de

História na contemporaneidade. A partir do artigo utilizado na aula do dia 15.08 e dos
diálogos durante a aula: Dilemas de Clio: O ensino de História na contemporaneidade.
Qual o papel do ensino de História? Por que devemos ensinar História?

Marc Bloch, renomado historiador e um dos fundadores da Escola dos Annales, destacou a
importância da História como uma disciplina fundamental para compreender não apenas o
passado, mas também o presente e o futuro da humanidade. Em sua obra, denominada
“Apologia da História ou o Ofício de Historiador” (2001), Bloch enfatizou que a História é
essencial para desvendar as motivações, as ações e as consequências das sociedades ao longo
do tempo. Ele acreditava que a História é uma ferramenta vital para a compreensão da
complexidade humana, permitindo-nos aprender com os erros e sucessos do passado para
moldar um futuro mais informado e consciente. Nesse sentido, a História, segundo Bloch,
não é apenas um estudo do passado, mas uma ciência que ilumina as escolhas e os dilemas do
presente, auxiliando-nos na construção de um mundo mais justo e progressista.
A História, ao longo dos tempos, tem desempenhado um papel fundamental na compreensão
do passado humano e na construção do conhecimento sobre as sociedades que moldaram o
presente. Mas por que devemos ensinar História? O ensino dessa disciplina vai muito além de
meras datas e eventos, ele se propõe a cultivar uma compreensão crítica e contextualizada das
complexidades que permeiam a trajetória da humanidade.
No início, a História era frequentemente abordada por meio de narrativas ligadas aos
"grandes fatos" e às figuras proeminentes, perpetuando a visão de que apenas eventos
notáveis e personalidades excepcionais eram dignos de registro. Essa abordagem, no entanto,
carecia de profundidade, deixando de lado as experiências das pessoas comuns e as interações
sociais que moldavam o curso dos acontecimentos.
Foi então que surgiu a virada paradigmática conhecida como a História dos Annales. Sob a
liderança de historiadores como Marc Bloch e Lucien Febvre, essa abordagem buscou uma
compreensão mais abrangente da História, considerando não apenas os "grandes homens",
mas também as estruturas sociais, econômicas e culturais que influenciavam as sociedades. A
História dos Annales trouxe à tona o valor de análises multidisciplinares, incorporando
elementos geográficos, demográficos, mentais e de longa duração para uma compreensão
mais rica do passado.
A trajetória da História como ciência reflete uma constante evolução das abordagens e
perspectivas. Passou-se da glorificação dos feitos individuais para a compreensão das
estruturas subjacentes e das interações sociais que moldaram as civilizações. Essa mudança
levou à constituição da História como uma disciplina complexa e interdisciplinar, essencial
para a compreensão da sociedade.
No entanto, a História enfrenta desafios significativos na atualidade. Um deles é o problema
da desinformação e do negacionismo histórico, alimentados pelo acesso ilimitado à
informação e à disseminação rápida de informações incorretas. A disseminação de narrativas
distorcidas ou até mesmo falsas compromete a base do conhecimento histórico, prejudicando
nossa compreensão precisa do passado.
Outro desafio crucial é a necessidade de uma História mais inclusiva e diversificada. A
abordagem tradicional muitas vezes negligenciou vozes e perspectivas marginalizadas,
reforçando narrativas dominantes e excluindo experiências de grupos subalternizados. A
demanda por uma História mais plural e abrangente requer um compromisso renovado com a
exploração das experiências de diversos grupos ao longo do tempo.
Em um mundo onde a desinformação pode comprometer a compreensão histórica, a
disciplina enfrenta a tarefa de cultivar habilidades críticas nos alunos. Capacitá-los a analisar
fontes, questionar narrativas e reconhecer a importância da pesquisa rigorosa é crucial para
combater a propagação de informações enganosas.
Desse modo, o papel da História transcende a mera transmissão de fatos passados. Ela
oferece uma janela para as raízes da sociedade contemporânea, promovendo uma
compreensão enriquecedora das transformações sociais, culturais e políticas que moldaram o
mundo ao nosso redor. A trajetória da História, desde as narrativas centradas nos grandes
feitos até as abordagens interdisciplinares dos Annales, culminou na constituição de uma
disciplina fundamental para o entendimento humano.
Enfrentar os desafios da desinformação e do negacionismo exige um compromisso com a
promoção do pensamento crítico e da análise rigorosa de fontes. Ao mesmo tempo, a
necessidade de inclusão e diversidade demanda que a disciplina abrace perspectivas
alternativas e vozes historicamente negligenciadas.
Assim, ensinar História é empoderar as gerações futuras com a capacidade de compreender o
passado, questionar narrativas e contribuir para um mundo mais informado e reflexivo. A
História continua a desempenhar um papel crucial na formação de cidadãos conscientes e
engajados, capazes de moldar um futuro mais justo e inclusivo a partir do conhecimento
sobre o passado.
Referências

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2001.
PEREIRA, Iraildes et al. DILEMAS DE CLIO: o ensino de História na
contemporaneidade. Revista Espacialidades, v. 18, n. 1, p. 279-294, 2022.