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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Departamento de História – DH

Componente: Teoria da História

Curso: Licenciatura em História – 2020.2

Docente: Ricardo Alexandre Santos de Sousa

Discente: João Victor Santos Dias

Apologia da história, ou, O ofício de historiador / Marc Bloch; prefácio, Jacques


Le Goff; apresentação à edição brasileira, Lilia Moritz Schwarcz; tradução, André
Telles. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Zahar,2001.

O primeiro capítulo que abre o livro “Apologia da História ou o Ofício do


Historiador”, de Marc Bloch, intitulado de “ A história, os homens e o tempo”, vai
tratar, respectivamente, desses conceitos e sua importância na ciência histórica e como
eles se associam. O livro é escrito ainda quando Bloch estava fugindo, na Segunda
Guerra Mundial, quando a França ocupada pelos nazistas sob regime de Vichy. Jacques
Le Goff, renomado historiador e sucessor de Fernand Braudel no comando dos Annales,
considera a obra como uma “defesa da história”.

Em primeiro plano, a discussão vai se dar em torno da palavra “História” e seu


conceito. O autor traz que a palavra supracitada é muito antiga e, além disso, vai mudar
de significado durante seu regimento. No entanto, o autor vai condenar decisivamente a
busca por uma definição incisiva no termo e – seu conteúdo – a monopolização por
parte dos historiadores. Logo, essas questões deveriam ser deixadas de lado e deveria
haver um foco em torno “dos problemas reais da história” (p.51).

Em segundo plano, o autor vai colocar em xeque a postulação de que História


seria a ciência do passado, em contraposição ele coloca que a História seria o estudo
dos homens (enfatizando a pluralidade) em sociedade, a qual pode ser remodelada
conforme as necessidades humanas. Além disso, para esse estudo ser eficiente, ele vai
defender a união dos campos de conhecimento, que embora haja uma divisão clara nas
atividades, é fundamental para entender a importância e influência do papel dos homens
nos acontecimentos – denominado interdisciplinaridade -, visto que seria imprescindível
a construção de uma “ciência da diversidade”.

Outra discussão dada no capítulo é a questão da centralidade do tempo e sua


importância, ou seja, o tempo histórico. O autor vai considerar o tempo essencial na
ciência histórica, portanto, o tempo seria o que ele denomina “plasma” da História.
Diante disso, ele vai tratar do antagonismo de ideias na importância do tempo, de um
lado o tempo como um continuum e do outro como uma perpétua mudança. Em
consequência antítese, vai ascender o grande problema da pesquisa histórica: o
questionamento do trabalho/ recorte do historiador, ou seja, o porquê de ser aquele
tema.

Após a exposição desses temas, o assunto que vai ser refletido é “o ídolo das
origens”, o qual vai tratar que existe uma obsessão pelas origens, desta forma, a história
vai ser centrada em nascimentos e, consequentemente, será influenciada por uma
apreciação de valores. Além disso, o autor vai enfatizar que não se deve confundir uma
filiação com uma explicação, visto que a história seria explicada a partir de um estado
social do momento. Aqui cabe frisar que a ponderância do historicismo e a recusa do
anacronismo, tratados em outro momento pelo autor. Além do estado social/clima
social, o autor vai trazer em contexto a análise histórica partir das mentalidades, tema
fundamentalmente discutido por Jacques Le Goff.

Por fim e não menos importante, o autor traz a dicotomia entre passado e
presente. A discussão gira em torno dos adeptos e dos críticos da explicação a partir do
presente, ou seja, quanto da autointegibilidade quanto da recusa da análise do presente –
ou de um passado recente. Em suma, a autointegibilidade do presente estaria ligada a
um “coeficiente de contemporaneidade”, que não teria necessidade de explicação
mediante o seu período antecessor; e, além disso, os historiadores não deveriam se focar
na análise do presente e/ou passado recente, visto que esses deveriam ser nichos de
políticos, economistas, sociólogos, jornalistas e afins. Na contramão dessas ideias, da
monopolização do passado e do presente, Bloch defende que funcionam como uma via
de mão dupla, um sendo subserviente ao outro, ou seja, a importância de conhecer o
passado para compreensão do presente e vice-versa.

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