Você está na página 1de 1

ntropologia histórica caminha no sentido contrário da idéia de que o movimento, a

evolução se encontrem em todos os objetos de todas as ciências sociais, pois seu


objeto comum são as sociedades humanas (sociologia, economia mas também
antropologia). Quanto à história, ela só pode ser uma ciência da mutação e da
explicação da mudança. Com os diversos estruturalismos, a história pode ter
relações frutíferas sob duas condições: a) não esquecer que as estruturas por ela
estudadas são dinâmicas; b) aplicar certos métodos estruturalistas ao estudo dos
documentos históricos, à análise dos textos (em sentido amplo), não à explicação
histórica propriamente dita. Todavia podemos perguntar-nos se a moda do
estruturalismo não está ligada a uma certa recusa da história concebida como
ditadura do passado, justificativa da "reprodução" (Bourdieu), poder de [pg. 016]
repressão. Mas também na extrema esquerda reconheceu-se que seria perigoso fazer
"tábula rasa do passado" (Chesneaux). O "fardo da história" no sentido "objetivo"
do termo (Hegel), pode e deve encontrar o seu contrapeso na ciência histórica como
"meio de libertação do passado" (Arnaldi).
6) Ao fazer a história de suas cidades, povos, impérios, os historiadores da
Antiguidade pensavam fazer a história da humanidade. Os historiadores cristãos, os
historiadores do Renascimento e do Iluminismo (não obstante reconhecessem a
diversidade dos "costumes") pensavam estar fazendo a história do homem. Os
historiadores modernos observam que a história é a ciência da evolução das
sociedades humanas. Mas a evolução das ciências levou a pôr-se o problema de saber
se não poderia existir uma história diferente daquela do homem. Já se desenvolveu
uma história do clima; contudo, ela apresenta um certo interesse para a história só
na medida em que esclarece certos fenômenos da história das sociedades humanas
(modificação das culturas, do habitat, etc.). Agora se pensa numa história da
natureza (Romano), mas ela reforçará sem dúvida o caráter "cultural" – portanto,
histórico – da noção de
,
natureza. Assim, através das ampliações do seu âmbito, a história se torna sempre
co-
extensiva em relação ao homem.
Hoje, o paradoxo da ciência histórica é que justamente quando, sob suas diversas
formas (incluindo o romance histórico), ela conhece uma popularidade sem par nas
sociedades ocidentais, e logo quando as nações do Terceiro Mundo se preocupam antes
de mais nada em dotar-se de uma história – o que de resto talvez permita tipos de
história extremamente diferentes daqueles que os ocidentais definem como tal –, se
a história tornou-se, portanto, um elemento essencial da necessidade de identidade
individual e coletiva, logo agora a ciência histórica sofre uma crise (de
crescimento?):

Você também pode gostar