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OPSIS, Catalão, v. 11, n. 2, p.

153-166 - jul-dez 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE


ESTRUTURALISMO E HISTÓRIA

CONSIDERATIONS ABOUT THE RELATIONS BETWEEN


STRUCTURALISM AND HISTORY

George Araújo*

RESUMO: Este trabalho tem por ABSTRACT: This paper aims to


objetivo refletir criticamente sobre reflect critically on the implications
as implicações que a influência da that the influence of structuralist’s ap-
abordagem estruturalista e as críticas proach and the critics of Lévi-Strauss’
da antropologia estrutural de Lévi- structural anthropology had in the
-Strauss tiveram no fazer historio- historiography making of the 20th
gráfico do século XX, notadamente century, specially on the braudelians
na chamada história estrutural e na so-called structural history and dialectic
dialética da duração braudelianas, que of duration, which opened new con-
inauguraram novas concepções de his- ceptions of history and historical time.
tória e de tempo histórico.
Keywords: Historiography. History.
Palavras-Chave: Historiografia. His- Structuralism. Braudel. Lévi-Strauss.
tória. Estruturalismo. Braudel. Lévi-
Strauss.

Introdução

As ciências humanas e o estruturalismo

Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, as ci-


ências humanas encontravam-se em uma grave crise teórica e de identidade.
Enquanto as ciências naturais alcançavam progressos significativos respalda-
dos por seu modelo científico, questionava-se a validade do conhecimento
produzido pelas ciências humanas mais tradicionais (como a história), de-
vido ao fato de, entre outras coisas, não disporem de um método de análise
social objetivo.
Com relação à história, já em 1903, em Método Histórico e Ciências
Sociais, o sociólogo François Simiand (1873-1935) tecia críticas aos mé-
todos e abordagens da “história historicizante”, conclamando a aproxima-
ção entre a história e as ciências sociais que passavam por um processo de

*
Graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atualmente cur-
sando o mestrado também em História pela mesma instituição. E-mail: geoaraujo@ymail.com

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institucionalização. De acordo com François Dosse, esse texto de Simiand


“tornar-se-[ia] a matriz teórica dos Annales” (DOSSE, 2003a, p.71). Com
efeito, a fundação da revista dos Annales d’Histoire Économique et Sociale em
1929 por Marc Bloch (1886-1944) e Lucien Febvre (1878-1956) significou
um movimento de renovação da escrita da história e aproximação desta às
ciências adjacentes. As fronteiras entre as ciências do homem estavam sendo
redesenhadas, redefinidas. Entretanto, se as ciências humanas tradicionais
encontravam-se desprestigiadas, as jovens ciências sociais em ascensão bus-
cavam conquistar respeitabilidade e espaço acadêmico, estabelecendo dife-
renças epistemológicas e conceituais em relação às ciências humanas em um
movimento de acercamento metodológico às ciências naturais.
É nesse contexto intelectual, que se dá, na Europa, a ascensão de uma
corrente de pensamento denominada estruturalismo. A maioria dos autores
afirma que o termo estruturalismo teve sua origem na obra póstuma do lin-
guista Ferdinand de Saussure (1857-1913) intitulada Curso de Linguística
Geral (1916). De acordo com Saussure, qualquer língua é um sistema de
signos que só podem ser definidos uns em relação aos outros e não a par-
tir de um referente externo ao sistema. O conjunto dessas relações formais
compõe a estrutura da língua. Esse método de abordagem estrutural da
linguagem inspirou pesquisas em outras áreas como psicologia, sociologia,
matemática, antropologia etc., tornando-se muito popular em meados do
século XX.
Apesar de visar constituir-se em um paradigma comum a todas as
ciências, o movimento estruturalista não foi homogêneo. De fato, possuiu
várias vertentes e diferentes concepções do que se deveria considerar estru-
tura. Buscando uma conceitualização mais precisa do termo, Jean Piaget
(1896-1980), em uma obra na qual se debruçava sobre a abordagem es-
truturalista em áreas tão diversas como matemática, psicologia, linguística,
filosofia, antropologia e biologia, definiu estrutura como um conjunto de
relações formais entre elementos que formam um sistema organizado em
uma totalidade coerente autorregulada e intemporal, regida por leis inter-
nas, capaz de rearranjar os seus elementos constitutivos ou ainda de tornar-
-se parte de uma estrutura maior, sem que isso signifique sua dissolução na
mesma (PIAGET, 1979, pp. 5-17).
Os defensores da abordagem estruturalista inspiraram discussões
teóricas importantes em vários ramos do conhecimento. Uma das mais
significativas foi o violento ataque dirigido às ciências humanas em geral
e à história em particular pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss
(1908-2009).

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A antropologia estrutural

Para Lévi-Strauss, as ciências humanas não poderiam ser considera-


das verdadeiras ciências, pois, ao contrário das ciências naturais, não possuí-
am um modelo científico que pudesse prover resultados objetivos na análise
de seus objetos de pesquisa. Para serem consideradas verdadeiras ciências,
era necessário abandonar o método empático e subjetivo que, a seu ver, ca-
racterizava a abordagem dos estudos em ciências humanas e equipará-las às
ciências naturais em prestígio e cientificidade.
Entretanto, Lévi-Strauss não desejava apenas elevar as ciências huma-
nas ao patamar das ciências naturais, mas proporcionar um método de aná-
lise capaz de entender o ser humano em seu íntimo, no nível mais profundo
de suas estruturas psíquicas permanentes, para além das manifestações mais
visíveis e superficiais.
A abordagem estrutural da língua de Saussure fascinou Lévi-Strauss
que, em 1945, elogiava os progressos alcançados pela linguística.

[No] conjunto das ciências sociais ao qual pertence indiscutivel-


mente, a linguística ocupa, entretanto, um lugar excepcional: ela
não é uma ciência social como as outras, mas a que, de há muito,
realizou os maiores progressos: a única, sem dúvida, que pode
reivindicar o nome de ciência e que chegou, ao mesmo tempo, a
formular um método positivo e a conhecer a natureza dos fatos
submetidos à sua análise. (LÉVI-STRAUSS, 2008a, p.45).

Era necessário, portanto, transpor o modelo científico e objetivo da


linguística para as demais ciências sociais e humanas. Nesse sentido, em
sua etnologia, Lévi-Strauss tratou de fundamentar sua apreciação analítica
e comparativa das culturas buscando entender e conferir inteligibilidade aos
fenômenos da vida humana apenas quando considerados em suas inter-re-
lações. Essas inter-relações conformam uma estrutura constante e compar-
tilhada por todas as sociedades, que está por detrás das efêmeras variações
daqueles fenômenos.
Assim, a nascente antropologia social seria superior às outras ciências
humanas, pois era a única capaz de superar a divisão artificial entre ciências
humanas e naturais, empregando o consagrado método científico das ciên-
cias naturais para explicar o funcionamento das sociedades humanas. Para
que pudesse ganhar ganhar espaço acadêmico e institucional, os contornos
dessa nova disciplina deveriam ser pouco nítidos. Mais do que um “campo
específico”, deveria ser uma “postura”; e as outras ciências humanas servi-
riam apenas como uma “ferramenta” para sua pesquisa. A antropologia, por
contar com contribuições tão diversas como as da linguística, matemática,
geografia e psicologia, deveria ocupar um papel central em uma futura rede-
finição disciplinar. (DOSSE, 2001, pp. 152-3)

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As críticas de Lévi-Strauss à história e a resposta dos historiadores ao


ataque estruturalista

A nova antropologia escolherá preferencialmente a história como


alvo de seus ataques, por considerá-la deficiente nos métodos de investiga-
ção (já que se valia basicamente de documentos escritos) e na amplitude do
campo de investigação (por necessariamente definir uma limitação temporal
a seus objetos de estudo) (DOSSE, 2001, p. 153).
Desconsiderando assim a fundação dos Annales por Febvre e Bloch,
Lévi-Strauss publica um extenso manifesto contendo críticas à história in-
titulado História e Etnologia (1949), republicado como introdução de sua
obra principal, Antropologia Estrutural (1958). Nele, o autor afirma que a
história não havia dado uma resposta aos apelos feitos pelas ciências sociais
em prol de uma renovação metodológica e programática.
Anteriormente, durante um breve período de sua trajetória intelec-
tual, Lévi-Strauss havia advogado a tese de que história e etnologia pode-
riam ser ciências complementares. Sem embargo, em História e Etnologia, ele
defende que a etnologia deveria futuramente substituir a história enquan-
to conhecimento cientificamente válido. Tentaremos resumir os principais
pontos de sua crítica a seguir.
Para Lévi-Strauss, a história é duplamente parcial. Primeiro porque
toda história seleciona épocas, lugares, eventos. Não pode existir totalidade
histórica, já que a história lida com várias parcialidades sem conexão que
tratam do mesmo tema central: o ser humano. Nesse sentido, apenas a an-
tropologia estrutural poderia proporcionar uma visão válida desse conjunto
de eventos, conferindo-lhes inteligibilidade (DOSSE, 2001, p. 153). A vi-
são que um historiador tem de algum fato histórico representa apenas um
ponto de vista inevitavelmente parcial, apenas uma parte da análise da so-
ciedade. Aliás, o historiador não pode sequer conhecer objetivamente o fato
histórico, pois este é uma construção mental, enviesada, subjetiva, carregada
de juízos de valor. Mais ainda: diferentes interpretações/versões do passado
não são necessariamente excludentes, ou seja, não é o conteúdo fatual que
confere vericidade a uma narrativa.
O próprio registro dos fatos históricos e seu encadeamento lógico
é parcial, individual, psicológico, não-científico, não-objetivo. Lévi-Strauss
nega terminantemente a ideia de progresso ou de teleologia em história.
Existe, para ele, uma pluralidade de caminhos, civilizações e culturas. Ver
no devir histórico uma coerente linearidade – não importa se baseada em
uma narrativa cristã ou iluminista – que vai desde o começo dos tempos até
as sociedades ocidentais contemporâneas não passa de uma ilusão: um mito
que esconde certa ideologia de “progresso” que associa Europa/Ocidente
com “civilização”; e não-ocidental com “não-civilizado”.

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Não bastasse tudo isso, para Lévi-Strauss a história tem outro pro-
blema insolúvel, já que o historiador deve escolher entre contar com grande
quantidade de dados ou se preocupar mais com a qualidade da explicação. A
questão é que quanto maior o número de dados, mais pobre é a explicação,
mais difícil é explicar tudo. Por outro lado, que validade pode ter uma “boa
explicação” baseada em um reduzido conjunto de informações? Enfim, a
história pode ser, no máximo consciência (relação consigo mesmo, subjetiva)
e nunca ciência (saber submetido a um controle externo, objetiva).
Outro ponto importante da crítica de Lévi-Strauss à história é a
afirmação de que esta trata dos processos conscientes, rápidos, instáveis.
A etnologia seria superior à história por tratar dos processos inconscientes,
lentos, estáveis, comuns a todas as sociedades. O antropólogo considera que
a história é tão somente a história dos pequenos acontecimentos singulares,
do campo empírico, os observáveis fenômenos de superfície, tendo por fun-
ção primordial relatar eventos. Esses eventos são aleatórios, casuais e, por
esse motivo, os historiadores são incapazes de criar um modelo científico.
Portanto, filosofias da história são equivalentes, para ele, a mitos (DOSSE,
2001, p.154). A história preocupa-se com diacronia, com os fenômenos de
superfície, enquanto que a etnologia destaca a sincronia, as estruturas que,
em última análise são o verdadeiro conhecimento, pois seguro, explicativo
das manifestações divergentes na aparência e que, em última instância con-
sistem em processos inconscientes que dominam os indivíduos. Por trás de
uma miríade de acontecimentos históricos, há uma estrutura e uma ordem
subjacentes e perenes, que se rearticulam, se reorganizam, se reestruturam
e se restabelecem, e que mostram a verdadeira natureza (efêmera) dos fatos
históricos.
Dosse defende que o programa de Lévi-Strauss não abole totalmente
a temporalidade por diferenciar dois ritmos históricos entre as sociedades
humanas: o “quente” (das sociedades contemporâneas, que conta com uma
história cumulativa, progressiva, onde a estatística deve ser a abordagem
privilegiada) e o “frio” (o das sociedades ditas “primitivas”, onde a sucessão
temporal se dissolve na estrutura social, e um modelo de análise de tipo me-
cânico e operacional seria o mais indicado) (DOSSE, 2001, p. 155).
Todavia, ainda que conceda à história um lugar (menor) entre as
ciências humanas, o estruturalismo de Lévi-Strauss

[…] é sobretudo anti-histórico. Se a etnologia estrutural não é in-


diferente aos processos históricos e às expressões conscientes, ela
os leva em conta para eliminá-los. Sua finalidade é atingir, além
da imagem consciente e sempre diferente que os homens formam
de seu devir, um inventário de possibilidades inconscientes, que
não existem em número ilimitado e que oferecem uma arquitetu-
ra lógica do desenvolvimento histórico, que pode ser imprevisto,
mas não arbitrário. (REIS, 2008, p.13)

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Uma vez que Lévi-Strauss acredita em uma natureza humana a-his-


tórica, imóvel e universalmente válida para todas as épocas, povos e lugares,
ele se interessa pouco pelo estudo das instituições e seu funcionamento,
das relações de produção e poder já que, o que deve ser feito é justamente
desvendar as estruturas que estão por detrás dessas aparentemente diversas
variações (DOSSE, 2001, p.157). As mudanças históricas são incapazes de
modificar efetivamente a estrutura dos costumes e da mente humana. Não
há diferença real entre “primitivos” e “modernos”, “selvagens” e “civiliza-
dos”, já que todas as sociedades possuem as mesmas estruturas subjacentes.
Este é o objetivo da análise etnográfica: denunciar a inadequação tanto dos
projetos cristão e iluminista de emancipação humana, quanto da história,
apontada como caminho para a realização desses; e dissolver/(re)integrar o
homem à natureza ao revelar as estruturas permanentes comuns a todas as
sociedades e a todos os seres humanos.
Em suma, em Lévi-Strauss, etnologia e história se contrapõem em
três âmbitos:

institucionalmente, porque disputa a preeminência entre as ci-


ências sociais, para controlar as instituições de ensino e pesqui-
sa; epistemologicamente, porque se opõe à história progressiva,
evolutiva, teleológica, que considera ideológica e não científica,
e propõe a busca da ordem subjacente, imóvel, permanente, que
permite uma análise matemática, científica; politicamente, por-
que se opõe ao projeto utópico-revolucionário da modernidade,
que acelera a história com a produção de eventos dramáticos, e
propõe uma desaceleração conservadora da história com a sua dis-
solução na ordem natural-sagrada. (REIS, 2008, p.14).

A forte influência que teve o movimento estruturalista nas ciências


humanas (sobretudo os postulados da antropologia estruturalista de Lévi-
-Strauss) fez com que os historiadores tivessem que dar uma resposta a esse
desafio teórico. Mesmo sem adotar plenamente o programa da antropologia
estrutural, alguns deles chegaram a incorporar algumas das ideias estrutura-
listas em seu fazer historiográfico. Sem dúvida, o mais importante deles foi
o historiador francês Fernand Braudel (1902-1985).

Uma história estrutural: a pluralidade do tempo para Braudel e a dia-


lética da duração

O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II

Em 1949, foi publicada a primeira edição da obra-prima de Braudel,


intitulada O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. Em

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1923, quando começou a escrever o livro – originalmente sua tese de dou-


torado – seu objeto de pesquisa poderia ser apontado como um típico exem-
plo da história diplomática e militar tradicional centrada nas decisões e feitos
de um indivíduo: a política externa mediterrânica de Filipe II. Entretanto,
no decorrer da redação, Braudel decide mudar o enfoque, e em vez de contar
a história de um indivíduo, é o mar Mediterrâneo que se torna a persona-
gem principal. De acordo com François Dosse (2003b), isso teria sido uma
sugestão de Lucien Febvre, quem exercia grande influência sobre Braudel.
Sem embargo, José Carlos Reis (1994) ressalta que também tiveram peso
determinante o contexto histórico da época (a Segunda Guerra Mundial) e
a própria vivência do autor.
O livro compunha-se de três partes, cada uma tratando a história
em um determinado âmbito, em uma diferente duração, em uma diferen-
te velocidade. “Meu grande problema, o único problema a resolver, é de-
monstrar que o tempo avança com diferentes velocidades” (BRAUDEL
apud BURKE, 1991, p.52). Para se alcançar esse grau de compreensão a
respeito da temporalidade, a história deveria, necessariamente, trabalhar em
conjunto com outras ciências, como a geografia, a economia, a botânica, a
etnografia etc.
Devido ao fato de levar em consideração apenas a política, a diplo-
macia e as guerras, a história tradicional era incapaz de perceber a riqueza
dos processos históricos em sua plenitude. Era incapaz ainda, de perceber os
níveis, os planos sobrepostos do tempo que, segundo Braudel, estruturam a
história: um tempo geográfico, um tempo social e um tempo individual. No
prefácio de O Mediterrâneo, Braudel afirma que a obra

divide-se em três partes, cada uma das quais pretende ser um ten-
tativa de explicação do conjunto. A primeira trata de uma his-
tória, quase imóvel, que é a do homem nas suas relações com o
meio que o rodeia, uma história lenta, de lentas transformações,
muitas vezes feitas de retrocessos, de ciclos sempre recomeçados;
[...] quase sempre fora do tempo. […] Acima desta história imó-
vel, pode distinguir-se uma outra, caracterizada por um ritmo
lento: […] a história dos grupos e agrupamentos […], as econo-
mias, os Estados, as sociedades, as civilizações. […] [F]inalmente,
a terceira parte, a história tradicional, necessária se pretendemos
uma história não à dimensão do homem mas do indivíduo, uma
história de acontecimentos […] isto é, a da agitação da superfície,
as vagas levantadas pelo poderoso movimento das marés, uma
história com oscilações breves, rápidas nervosas. Ultra-sensível
por definição, o menor movimento activa todos os instrumentos
de medida. (BRAUDEL, 1983, p.12).

O tempo geográfico – tempo das montanhas, rios, planícies, mares,


estações do ano etc. –, tempo quase imóvel e de lentas transformações, mas

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também de permanências, repetições, regularidades. Esse é o tempo da his-


tória estrutural: uma geo-história que revela as estruturas mais profundas da
existência dos homens. O tempo social – tempo das sociedades, civilizações,
sistemas econômicos etc. – é um tempo ainda lento, cíclico, conjuntural.
Finalmente, o tempo individual – tempo dos acontecimentos, da vida hu-
mana – é um tempo rápido, de curta duração, fugaz, efêmero. Esse último,
lugar dos “célebres feitos dos grandes personagens” e que era o Leitmotiv da
história tradicional, quando visto à escala dos outros dois, vê-se bastante
diminuído. Destarte, há realmente liberdade efetiva no agir dos indivíduos,
dos grupos sociais, das sociedades ou todos nos encontramos encerrados em
“prisões de longa duração”?

A longa duração

As teses de Braudel sobre o tempo e a temporalidade foram sinteti-


zadas por ele em um texto de 1958 intitulado História e Ciências Sociais - A
longa duração. O autor quer defender a herança da primeira geração dos
Annales (Febvre e Bloch), mas não deixa de valorizar alguns dos novos para-
digmas das ciências do homem. Contrariamente a Lévi-Strauss ele acredita
ser a história a única disciplina que poderia confederar as ciências humanas
apossando-se de seus programas e adaptando-os ao discurso historiográfico.
Após fazer um balanço da situação em que se encontravam as ciências
humanas (a seu ver em uma crise resultante de seus próprios progressos e de
reiteradas recusas a cada vez mais premente necessidade de cooperação entre
elas, seja por orgulho, má vontade, vaidade acadêmica, ou simplesmente ig-
norância), e defender a história daqueles que prefeririam suprimi-la, o autor
parte para o aprofundamento de sua tese de pluralidade do tempo histórico;
indispensável, a seu ver, para o estabelecimento de um diálogo entre as ciên-
cias do homem. “Que se trate do passado ou da atualidade, uma consciência
clara dessa pluralidade do tempo social é indispensável em uma metodologia
comum das ciências do homem” (BRAUDEL, 1978, p.43).
Aqui Braudel reafirma a multiplicidade de tempos imbricados uns
nos outros, bem como seus dois polos: o do tempo curto e o de longa dura-
ção. O tempo de curta duração é enganoso, leva a conclusões precipitadas...
Braudel não deixa de manifestar sua desconfiança em relação a ele e ressaltar
o “valor excepcional do tempo longo” (BRAUDEL, 1978, p. 44) não ape-
nas para a história, mas também para as ciências vizinhas. Se o tempo curto
foi o preferido da história durante anos, ela não se restringe a ele, nem suas
fontes se restringem aos acontecimentos mais imediatos, cotidianos, ruido-
sos e... superficiais. É necessária a análise em longa duração de modificações
climáticas, séries demográficas, curvas de preços e salários, tendências de
circulação, consumo e produção etc.

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Em uma duração longa, existem ciclos, tendências e estruturas. Para


Braudel, as estruturas em história são os limites, os obstáculos, as resis-
tências, as permanências, mas também o suporte da vida, da história, de
todas as histórias. A longa duração não é uma ausência de duração, mas
uma temporalidade semi-imóvel, profunda, silenciosa, difícil de ser apre-
endida. Não obstante, é uma temporalidade imperiosa, irreversível, que os
homens não podem superar... “Todas as faixas, todos os milhares de faixas,
todos os milhares de estouros do tempo da história se compreendem a partir
dessa profundidade, dessa semi-imobilidade: tudo gravita em torno dela”
(BRAUDEL, 1978, p. 53). Portanto, com o cuidado de não excluir as de-
mais temporalidades, a de longa duração deve ser o eixo da ciência histórica.
“É a longa duração que determina o ritmo do acontecimento e da conjuntura,
traça os limites da possibilidade e da impossibilidade. Nessa história quase imóvel,
há uma busca pela permanência e uma valorização do espaço, da geografia”
(DOSSE, 2001, p.163).
Ainda segundo Dosse, a mudança e ruptura não são mais significa-
tivas no sistema braudeliano que, como todo esquema estruturalista – au-
torregulado e em equilíbrio dinâmico –, processa e absorve divergências,
conflitos, mudanças, dissolvendo-os em sua regularidade, em sua longa du-
ração estrutural. O autor vê um conflito entre o estrutural e o histórico.
O estrutural é a ideologia do status quo, enquanto o histórico é o devir, a
mudança, a descontinuidade. Para Dosse, Braudel faz sumir o indivíduo e
sua possibilidade de levar a cabo qualquer mudança. Sumindo na tempora-
lidade, perde sua iniciativa, sua liberdade. A longa duração seria um destino
comum, inescapável, uma prisão ao qual o individuo está irremediavelmente
condenado. O tempo prolongado vence o acontecimento, vence a conjuntu-
ra, vence o ser humano. (REIS, 1994)
Dosse faz críticas ainda mais duras a Braudel, que o considera um
“conservador” por ver na desigualdade, na exploração e no domínio de uma
“elite”, fatores estruturais de todas as sociedades humanas. Braudel apenas
os constata, mas não se interessa em averiguar as causas desses fatores, li-
mitando-se a descrevê-los. Além disso, como esses são “dados estruturais”,
qualquer tentativa de mudança, revolução e transformação das condições
existentes está fadada ao fracasso: a estrutura é soberana (DOSSE, 2001,
p.165).

Antropologia Estrutural X Dialética da Duração

Ainda em A longa duração, Braudel reconhece a importância das crí-


ticas que foram dirigidas à história, mas não deixa de fazer sua defesa. Em
primeiro lugar, afirma que os historiadores já faziam uma história estrutural
desde o começo do século XX com Lucien Febvre e Marc Bloch, sob a influ-

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ência de Émile Durkheim (1858-1917), Ferdinand de Saussure e Paul Vidal


de la Blanche (1845-1918). Nesse sentido, seriam os estruturalistas e todos
os cientistas sociais quem deveriam aprender com os historiadores a não
desprezar questões fundamentais da vida social como tempo/temporalidade,
duração e historicidade. Para Braudel, apenas a história poderia ser a síntese
das ciências humanas, pois é a única que tem acesso ao conjunto dos saberes
particulares, ao “conjunto de conjuntos”. Absolutamente tudo é histórico,
incluindo o espaço, o político, o econômico, o social, o cultural. Porém,
Dosse sustenta que essa perspectiva, por mais globalizante que seja, é apenas
descritiva pois não oferece chaves explicativas. “A palavra-chave do discurso
braudeliano é reciprocamente: tudo influencia tudo e reciprocamente. Com
esses parâmetros de leitura do tempo, é muito difícil elevar-se do descritivo
para o analítico” (DOSSE, 2001, p. 159).
De qualquer maneira, vale ressaltar que a união das ciências do ho-
mem sob a liderança da história proposta por Braudel não deixa de reconhe-
cer a validade de algumas críticas feitas a ela pela antropologia estruturalista
de Lévi-Strauss. Porém, se Braudel incorpora alguns elementos do discurso
estruturalista, a ênfase é colocada na duração.

[N]ão a duração acontecimento/duração, mas a longa duração,


da qual nem as estruturas mais imutáveis e valorizadas pelos an-
tropólogos podem escapar. Aliás, as próprias pesquisas de Lévi-
-Strauss, para Braudel, só fazem sentido se consideradas na pers-
pectiva da longa duração. Contudo, a estrutura braudeliana está
menos preocupada com uma lógica matemática formal do que
com a inter-relação e reciprocidade dos conjuntos de fenômenos
observáveis na realidade. A soma desses conjuntos só pode ser
entendida como uma realidade de longa duração (DOSSE, 2001,
pp. 161-2).

Com efeito, para Braudel, a antropologia de Lévi-Strauss – ao tratar


de mitos, proibição do incesto, cerimônias fúnebres etc – não está lidando
com atributos humanos eternos, imutáveis. Esses são fenômenos históricos de
longa duração de sociedades estáveis, em que o tempo passa muito lenta-
mente. No entanto, para a análise das sociedades modernas, onde a vida
social é muito mais complexa, as durações dos fenômenos são múltiplas e
suas velocidades, diferentes; é preciso que as ciências humanas não deixem
de considerar essa pluralidade, esse jogo entre evento e estrutura. Os historia-
dores seriam os únicos que poderiam fazê-lo com propriedade, já que fazer
história é trabalhar com a multiplicidade de tempos, durações, fenômenos.
Em outras palavras, ele não desconsidera o evento, mas “[tampouco] sim-
plifica a sua análise da vida social”. (REIS, 2008, p.17).
Mudança histórica e evento não são antíteses da estrutura. Destarte,
Braudel entende que é errôneo opor evento e estrutura, como fazem os so-

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ciólogos e os antropólogos. Os historiadores não cometem tal falta, pois en-


trelaçam evento e estrutura no que chamou de “dialética da duração”. Essa
dialética da duração consiste em articular – e não em opor – “as durações
sociais, os tempos múltiplos e contraditórios da vida dos homens” (REIS,
2008, p. 16): o instante e o vagaroso passar do tempo, a imediatez e a lenta
mudança.

De fato, as durações que distinguimos são solidárias umas com as


outras: não é a duração que é tanto assim criação de nosso espí-
rito, mas as fragmentações dessa duração. Ora, esses fragmentos
se reúnem ao termo de nosso trabalho. Longa duração, conjun-
tura, evento se encaixam sem dificuldade, pois todos se medem
por uma mesma escala. Do mesmo modo, participar em espírito
de um desses tempos, é participar de todos (BRAUDEL, 1978,
p.72).

A história não pode se contentar com o tempo curto do aconteci-


mento individual, com a simples narração dramática de eventos – que era
o modo de ser da história tradicional. Por outro lado, é impossível aceitar
uma noção de estrutura social que conceba a vida social como imutável,
eterna. Dessa forma, em história, Braudel prefere falar em “longa duração”
do que em “estrutura”. Prefere insistir na dialética da duração a aceitar um
a-historicismo que rejeite a temporalidade. Como historiador, Braudel iden-
tifica o tempo como princípio e fim, sendo impossível sair da temporalida-
de, evadir-se do tempo, escapar do tempo do mundo.

Para o historiador, tudo começa, tudo acaba pelo tempo, um


tempo matemático e demiúrgico, do qual seria fácil sorrir, tempo
como que exterior aos homens, “exógeno”, [...] que os impele, os
constrange, arrebata seus tempos particulares de cores diversas:
sim, o tempo imperioso do mundo (BRAUDEL, 1978, p.72).

Pode ser que tanto Braudel quanto Lévi-Strauss (que viveram situ-
ações terríveis com uma Europa que mergulhava no drama da Segunda
Guerra Mundial para deixar de ser o centro do mundo) quisessem escapar
daqueles anos sufocantes, daqueles eventos opressivos dos anos 1940, sair
do tempo, criar uma estrutura que pudesse sustentar aquele presente tão tur-
bulento. Pois se à época da eclosão da 1ª Guerra Mundial o mundo parecia
estar desmoronando, durante a 2ª Guerra ele realmente desmoronou. Com
todas as matanças, genocídios e destruições que ocorreram, perderam-se
muitas das antigas referências e o discurso que atribuía à história um telos,
deixou de fazer sentido. Porém, se Lévi-Strauss chega a uma solução que,
em definitiva, busca abolir a temporalidade; Braudel sabia que, como histo-
riador, não poderia nunca fazer o mesmo. Portanto,

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[q]uando os historiadores dos Annales fazem a “dialética da dura-
ção”, eles passam do tempo curto ao tempo longo e retornam ao
tempo curto reconstruindo o caminho já feito. Mas, esta operação
é “temporalizante” e não lança para fora do tempo histórico, que
Braudel descreve como “imperioso, pois irreversível, concreto, uni-
versal”. O tempo histórico é exterior aos homens, exógeno, e os
empurra, obriga, oprime. Lévi-Strauss só poderia escapar ao tempo
da história se emigrasse para uma aldeia indígena. Mas, lá também
o tempo da “grande história” chegou de forma arrasadora e não
foi possível restabelecer, reequilibrar ou reestruturar quase nada!
Em relação aos indígenas americanos e do mundo todo, a história
venceu a etnologia. As “sociedades frias” evaporaram sob o calor
causticante, nuclear, do tempo histórico. (REIS, 2007, p.17)

Se a “história venceu a etnologia”, alguém se atreveria a dizer por esse


motivo que “Braudel venceu Lévi-Strauss”? Um julgamento de tal opinião
não desconsideraria o fato de que a história efetivamente incorporou alguns
importantes conceitos estruturalistas? Seria mais “sereno” ou mais “con-
servador”, então, afirmar simplesmente que o “inexorável tempo da longa
duração”, apenas seguindo sua marcha, cumprindo o destino do mundo, di-
rimiu a querela entre eles? Por outro lado, isso não seria desconsiderar toda
atividade humana, todos aqueles outrora “homens reais, vivos e ativos” que
afinal foram os que criaram, vivenciaram e nos deixaram como legado todas
essas discussões apaixonantes?

Considerações finais

Estruturalismo e história

No que diz respeito à ambição de tornar-se um paradigma comum às


ciências humanas, o estruturalismo foi, sem dúvida, vitorioso1. Contudo, os
critérios de validade de uma determinada análise não deveriam pautar-se mais
pela natureza dos fenômenos analisados do que por um método “universal”,
supostamente “objetivo” e “científico”? De todas as maneiras, Dosse acredita
que a resposta de Braudel à ofensiva estruturalista permitiu à história sobre-
viver aos ataques da antropologia estrutural de Lévi-Strauss e manter sua po-
sição de centralidade nas ciências humanas, mesmo tendo que pagar um alto
preço por isso: a mudança radical de seus paradigmas. Dosse, contudo, teme
que essa vitória tenha sido uma “vitória de Pirro”, ou seja, que a história tenha
ganho essa batalha apenas para posteriormente perder toda a sua importância
1
Há inclusive quem defenda que o pós-estruturalismo, que começou a ganhar força a partir do
final dos anos 1960, não seria uma superação do paradigma estruturalista e sim uma espécie de
exacerbação dos conceitos e desenvolvimentos do mesmo, levados às últimas consequências.
Por essa razão, alguns preferem utilizar o termo hiperestruturalismo.

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e desaparecer em uma história cada vez mais antropológica, cada vez mais
estrutural; e que termine, assim, por rejeitar a temporalidade e a... mudança
(DOSSE, 2001, p.170).
Talvez Dosse tenha razão ou quiçá seja demasiado pessimista, já que
o próprio Braudel em A longa duração afirma que para qualquer observador
do social, o principal continua a ser a mudança, a ruptura, a transformação.

Disse que os modelos eram de duração variável: valem o tempo


que vale a realidade que eles registram. E esse tempo, para o ob-
servador do social, é primordial, porque, mais significativos ainda
que as estruturas profundas da vida, são seus pontos de ruptura,
sua brusca ou lenta deterioração sob o efeito de pressões contra-
ditórias. (BRAUDEL, 1978, p. 70)

Métodos e conceitos estruturalistas – tão importantes para a historio-


grafia do século XX – não devem ser usados pelo historiador para engessar
a realidade social em um determinado modelo, e sim para uma análise mais
sofisticada e mais inteligível de sua rica multiplicidade, de suas permanências
e de suas mudanças – sempre levando em conta a duração.

Interdisciplinaridade

É preciso ainda insistir na importância de uma abordagem interdis-


ciplinar nas ciências humanas e sociais? “Interdisciplinaridade” parece ter
tornado-se hoje em dia um conceito defendido pela maioria do mundo aca-
dêmico. Não obstante, assistimos por parte de muitos estudiosos e intelec-
tuais, uma encarniçada defesa do status quo de “suas” disciplinas, além de
uma especialização cada vez maior no interior dessas áreas: o curso de ciên-
cias sociais dá lugar a três: política, sociologia e antropologia; a história da
arte constitui-se em um curso separado da história; o curso de letras divide-
-se em literatura e linguística... O que poderia ser apontado como um apro-
fundamento em determinado aspecto da vida social baseado em distintos
enfoques, metodologias ou divergências epistemológicas, na maior parte das
vezes está mais relacionado a questionáveis disputas por postos na universi-
dade e recursos financeiros para pesquisas, além de “vaidade intelectual”...
Se já em 1958 Braudel fazia um chamado ao diálogo e ao trabalho em
conjunto entre as ciências-irmãs, no intuito de alcançar um entendimento
mais global e menos parcial do mundo, da vida individual e da vida social,
que diremos em nossa época, ainda mais complexa e multifacetada; na qual
os avanços em cada área do conhecimento tornam menos nítidas as artifi-
ciais fronteiras entre elas criadas de modo tão pretensioso por nós mesmos?
De nossa parte, acreditamos que a história só pode ser interdisciplinar, assim

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como todo conhecimento. Interdisciplinar porque social, interdisciplinar


porque humano.

Referências

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Artigo recebido em 27/02/2011 e aceito para publicação em 10/06/2011.

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