HISTÓRIA GERAL PROFESSOR WICTHOR CRUZ INTRODUÇÃO À HISTÓRIA (1)
QUESTÃO 01 autêntico revela a verdade sobre os acontecimentos
passados. Uma boa maneira de visualizar a análise de estrutura b) de crime definido pela sociedade em cada época, bem e processo é considerar os cortes feitos em encostas de como os rituais e procedimentos jurídicos, buscando- morros para dar passagem às estradas. Os geólogos se problematizar a documentação como registro adoram esses cortes porque expõem declives, dobras e neutro. estratos desiguais, ou seja, estruturas pelas quais eles c) autodefinido pelo Estado em cada época, partindo-se podem deduzir processos ocorridos há milhões ou do princípio de que o documento não é uma forma de mesmo bilhões de anos. Os cortes são, como notou John acesso objetivo e direto ao passado. McPhee, “janelas para o mundo como era em outros d) de documento jurídico em cada época, bem como a tempos”. Esses cortes não existiriam, no entanto, no origem dos acervos constituídos pelos arquivos presente geológico, caso não tivessem sido feitos judiciários, partindo-se do princípio de que estas recentemente para construir canais, estradas de ferro e instituições são isentas. rodovias. Para os geólogos, então, a distinção entre e) de lei em cada sociedade e em cada época, bem estrutura e processo corresponde à distinção entre o como os rituais e procedimentos jurídicos, buscando- presente, onde as estruturas existem, e o passado, onde se a narrativa objetiva em cada documento. estão os processos que as produziram. Isso também se aplica aos historiadores? QUESTÃO 03 Adaptado de GADDIS, John Lewis. Paisagens da Observe a charge da cartunista Laerte, publicada no história: como os historiadores mapeiam o passado. jornal Folha de S. Paulo, em 21/04/2015, feriado de Rio de Janeiro: Campus, 2003. Tiradentes. A resposta afirmativa à indagação final do texto tem por base a ideia de que a análise crítica dos vestígios do passado está associada ao procedimento indicado em:
a) coleta quantitativa de dados.
b) ordenação linear dos eventos. c) levantamento objetivo dos fatos. d) formulação problematizadora de questões.
QUESTÃO 02
Para trabalhar com qualquer documentação, é preciso
A charge representa questões sociais do presente a partir saber ao certo do que ela trata, qual é a sua lógica de de um fato histórico consolidado no imaginário social constituição [...] No caso dos processos criminais, é brasileiro, por meio de um recurso denominado: fundamental ter em conta o que é considerado crime em diferentes sociedades e como se dá, em diferentes a) metáfora. contextos e temporalidades, o andamento de uma b) nominalismo. investigação criminal, no âmbito do poder judiciário [...] é c) anacronismo. justamente na relação entre produção de vários d) contextualização. discursos sobre o crime e o real que está a chave da QUESTÃO 04 nossa análise. O que nos interessa é o processo de transformação dos atos em autos, sabendo que ele é O termo “declínio da verdade” entrou para o léxico da sempre a construção de um conjunto de versões sobre era da pós-verdade, que inclui também expressões agora um determinado acontecimento. corriqueiras como fake news e “fatos alternativos”. GRINBERG, Keila. A história nos porões dos arquivos Trump, o 45º presidente dos Estados Unidos, mente de judiciários. In: PINSKY, Carla & LUCA, Tania de (orgs.). forma tão prolífica e com tamanha velocidade que o The O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, p. Washington Post calculou que ele fez 2.140 alegações 122. falsas ou enganosas no seu primeiro ano de governo. Entretanto, os ataques à verdade não estão limitados aos Conforme o texto, os historiadores devem trabalhar com Estados Unidos. Pelo mundo todo, ondas de populismo processos crimes levando em conta o conceito e fundamentalismo estão fazendo com que as pessoas a) de investigação criminal em cada época, partindo-se recorram mais ao medo e à raiva do que ao debate do princípio de que um documento jurídico oficial e sensato. Adaptado de KAKUTANI, Michiko. A morte da verdade. Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. Coimbra. De setembro de 2008 a fevereiro de 2012, ela coordenou uma minuciosa pesquisa ao fim da qual Na atualidade, muitas têm sido as formas de questionar concluiu que os livros didáticos do país “escondem o e negar verdades instituídas pelo conhecimento histórico. racismo no colonialismo português e naturalizam a O enfrentamento do “declínio da verdade”, no processo escravatura”. Além disso, segundo Araújo, “persiste até de ensino-aprendizagem da história no espaço escolar, hoje a visão romântica de que cumprimos uma missão está relacionado à defesa do seguinte princípio: civilizatória, ou seja, de que fomos bons colonizadores, a) criticidade científica. mais benevolentes do que outros povos europeus”. b) objetividade empírica. Adaptado de bbc.com, 31/07/2017. c) tecnicidade metodológica. Com base na pesquisa, a abordagem dos livros didáticos d) neutralidade epistemológica. portugueses sobre o colonialismo produz o seguinte QUESTÃO 05 efeito social:
O maniqueísmo primeiro que regia a sociedade a) idealização de resistências.
colonial conserva-se intacto no período da colonização. b) superação da memória. É que o colono jamais deixa de ser o inimigo, o c) invisibilização de preconceitos. antagonista, mais exatamente ainda, o homem a abater. d) condenação do imperialismo. O opressor, em sua zona, faz existir o movimento, QUESTÃO 07 movimento de dominação, de exploração, de pilhagem. Na outra zona, a coisa colonizada, oprimida, espoliada, Em ‘Apologia da História’, depois de afirmar que o alimenta como pode esse movimento, que vai sem modelo das ciências da natureza não se aplica à História, transição dos confins do território aos palácios e às docas Marc Bloch discorre sobre a especificidade da ciência da “metrópole”. O colono faz a história. Sua vida é uma dos homens no tempo e defende a ideia de que cabe ao epopeia, uma odisseia. Ele é o começo absoluto. O historiador colono faz a história e sabe que a faz. E porque se refere a) render-se à evidência dos documentos, submetendo- constantemente à história de sua metrópole, indica de os às críticas interna e externa. modo claro que ele é aqui o prolongamento dessa b) descrever, o mais fielmente possível, os metrópole. A história que escreve não é portanto a acontecimentos do passado. história da região por ele saqueada, mas a história de sua c) formular perguntas aos documentos e forçá-los a dar nação no território explorado, violado e esfaimado. A respostas. imobilidade a que está condenado o colonizado só pode d) isolar o tempo presente de seu universo de ter fim se o colonizado se dispuser a pôr termo à história preocupações e referências. da colonização, à história da pilhagem. e) eximir-se de interpretar os vestígios do passado, Adaptado de FANON, Frantz. Os condenados da terra. evitando toda e qualquer subjetividade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. QUESTÃO 08 As ideias presentes no texto têm sido associadas, recentemente, à perspectiva decolonial. Nessa Em história, tudo começa com o gesto de separar e perspectiva, para a substituição de uma história do reunir, transformando-os em documentos, determinados colono por uma história do colonizado, a escrita da objetos antes dispostos de outra maneira. A frase história deve atender ao seguinte aspecto: utilizada por Michel de Certeau no livro ‘A escrita da história’ (Paris, 1975) significa que a) reforçar a narrativa universal do povo. b) fundamentar a função civilizatória da cultura. a) a pesquisa histórica tem caráter aleatório, c) considerar a continuidade natural das fronteiras. desobrigando o historiador de justificar suas opções d) redimensionar a compreensão unívoca do invasor. metodológicas. b) os documentos de arquivo, obedientes à lógica dos QUESTÃO 06 órgãos produtores, não se sujeitam aos arranjos feitos A frase abaixo faz parte de um livro didático adotado pelo historiador. em escolas em Portugal. c) é o historiador que, ao mesmo tempo em que confere estatuto documental a certos elementos, faz com que De igual modo, em virtude dos descobrimentos, respondam a suas indagações. movimentaram-se povos para outros continentes d) o historiador quebra a ordem natural das coisas para (sobretudo europeus e escravos africanos). colocar em seu lugar uma narrativa sobre o passado. É dessa forma - como se os negros tivessem optado por e) objetos tridimensionais, emblemáticos da cultura emigrar em vez de terem sido levados à força - que o material de determinada sociedade, constituem colonialismo ainda é ensinado em Portugal. Quem critica importante fonte de pesquisa para o historiador. é a portuguesa Marta Araújo, pesquisadora principal do
O estado interventor no Brasil e seus reflexos no direito administrativo e constitucional (1930-1964): Themistocles Cavalcanti e sua contribuição doutrinária