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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS DO SERTÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

NOME: GENILDA MARIA DA SILVA


DISCIPLINA: HISTÓRIA INDÍGENA

MONTEIRO, Joohn M. TUPIS, TAPUIAS E HISTORIADORES


Estudos de História Indígena e do Indigenismo; Departamento de
Antropologia IFCH-Unicamp,Campinas, agosto de 2001

CAPÍTULO I
AS “Castas do Gentio” na América Portuguesa Quinhentista
Unidade, Diversidade e a Invenção dos Índios no Brasil

A obra de Gabriel soares de Souza, considerada pelos historiadores uma das


mais importantes, apresenta diferentes interpretações, eles apontam, que a sua
obra intitulada “Tratado Descritivo do Brasil” de 1587, tem como objetivo descrever
como também informar detalhadamente sobre os aspectos naturais e as
populações nativas do país naquela época, especificamente na Bahia. Para isso,
buscando angariar recursos e apoio ao seu projeto para explorar o sertão, o mesmo
apresenta três manuscritos: Roteiro Geral,que traz informações sobre toda a costa
do Brasil, o segundo é o Memorial e Declaração das Grandezas da Bahia de Todos
os Santos, descrevendo a natureza e o terceiro, tão relevante quanto os anteriores,
onde Gabriel Soares apresenta uma crítica contra os Jesuítas na Bahia, este último
proporciona uma visão mais clara dos contextos históricos e políticos, nos quais
Gabriel de Soares construiu suas impressões sobre os Tupinambás. Monteiro, diz
no seu texto que, segundo os historiadores, a obra de Gabriel Soares de Souza é
considerada como registro histórico e documental, que fornece informações
importantíssimas sobre a colônia portuguesa no Brasil e os indígenas naquela
epoca
De acordo com o autor, os relatos de Gabriel Soares de Souza, têm sido
amplamente utilizados desde o século XIX na consolidação da tradição de estudos
tupis no Brasil, porém, esses estudos são relativamente poucos sobre o autor ou
sobre as condições nas quais ele conduziu suas observações. Por conta disso,
existe uma discussão sobre a veracidade e confiabilidade em torno das informações
apresentadas por Gabriel Soares de Souza,contudo, afirma-se que a sua expedição
revela interesses mineradores e escravizadores, e são essas características que
permanecem nas suas expedições que proporcionaram a elaboração do Roteiro e
do Memorial, refletindo a longa convivência de Gabriel Soares de Souza com os
índios, visto que, as informações apresentadas por ele, foram descritas no contexto
colonial, sendo que, os seus “informantes” são os proprios indios.
Segundo o autor , os textos sobre os índios Tupinambás foram escritos em
tom de memória, como se sua independência e integridade pertencessem já ao
passado, ou seja, o objetivo de Gabriel Soares de Souza, era justificar a dominação
portuguesa, sequenciando os ciclos históricos de conquista, começando pela mais
antiga “casta de gentio”, os Tapuia, lançados fora da terra da Bahia por outro gentio
contrário os Tupinaé e que após muitas gerações os Tupinambá invadem as terras
Tupinaé, se tornando assim possuidores da Província da Bahia até a chegada dos
portugueses, de modo que, derrotados, parecia restar aos Tupinambás a memória
de sua grandeza.
De acordo com o autor, assim como os autores quinhentista, Gabriel Soares
de Souza estabeleceu divisões entre duas categorias, Tupi e Tapuia, utilizando
como modelo de caracterização os Tupinambá, no entanto, esta descrição seria
muito difícil, visto que, levaria mais tempo para conseguir as informações, assim,
Gabriel Soares de Souza “confia apenas nas informações passadas pelos seus
informantes tupis e escritores coloniais como ele, descrevendo os grupos tapuias
como parecidos com a sociedade Tupinambá, descrevendo-os quase sempre em
termos negativo.
Ainda de acordo com o autor, Gabriel Soares de Souza buscou referências
distintas que residia nas instituições europeias, para descrever as sociedades
indígenas a partir daquilo que lhes faltava, no entanto, são poucos promissores, pois
índios oscilavam entre a inconstância e a insubordinação.
Ainda segundo o autor, surgiram outras distinções dentro do contexto colonial, o que
representava mais do que referência espacial, pois delimita dois universos, um
ordenado pela lei e pelo governo, e o outro livre de constrangimentos.
O autor, tece um breve comentário sobre o uso de “casta”, utilizados para
descrever grupos indígenas diferentes, que foi apropriado por Gabriel Soares, e
que em algum momento fora utilizada para comparar o uso do fumo entre os
ameríndios e o hábito de mascar folhas de bétula na Índia, serviu também para
identificar sociedades ou segmentos sociais mais discretas. Ainda, segundo
Monteiro, entre os historiadores quinhentistas, surgem alguns questionamentos
sobre a obra de Soares de Souza, se a mesma era imparcial e isenta de distorções
ou exageros, se Gabriel Soares de Souza tinha conhecimento necessário para
descrever o Brasil colônia, que o mesmo era um dos colonizadores e não
especialista em etnografia, botânica, por exemplo. Contudo, seus escritos foram
relevantes para entender melhor a natureza e a condição dos povos Tupinambás.
Portanto, este capítulo 1, apresenta aos leitores uma diversidade de
possibilidades e interpretações em relação a obra Gabriel Soares de Souza, que
envolvem aspectos relevantes ao contexto histórico, de natureza descritiva e
informativa, sua confiabilidade e suas limitações. contudo, isso não diminui sua
importância para os estudos indígenas e para a historiografia.

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