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HISTÓRICOS
AULA 1
tempo. Sua prática remonta desde a Antiguidade e, durante o passar das eras, foi sofrendo
constantes modificações, seja em seus objetivos e preocupações, quanto na sua prática pelos que se
dedicavam a praticá-la.
Nesse sentido, a presente aula tem por objetivo iniciar o aluno nos princípios básicos acerca da
História, desde suas primeiras manifestações na Antiguidade até seus desenvolvimentos futuros
passando pelos séculos XIX, XX, terminando com as discussões mais recentes. Além disso, buscamos
trazer à tona a discussão a respeito do fazer historiográfico, bem como as novas pretensões para a
TEMA 1 – GÊNESE
os estudiosos sabem hoje que as primeiras práticas ditas historiográficas a que temos registros
acordo com Barros, que o autor grego foi, até onde se sabe, o primeiro a decidir individualmente
realizar reflexões e produzir discurso acerca da história, ao contrário dos escribas akkadianos que
foram mobilizados a escreverem pelo interesse da estrutura política monárquica em produzir sua
história. Ainda assim, é preciso compreender mais acerca da prática e perspectiva do autor grego a
De acordo com José D’Assunção Barros (2011), a historiografia Pré-Moderna possui certos
objetivos que lhe serve de guia, variando conforme o período histórico. No caso dos gregos, em que
Heródoto constitui o principal exemplo, a História possuía um objetivo de evitar o esquecimento. Por
isso, conforme nos explica Barros (2011), Heródoto encara a pesquisa histórica como tendo de ser,
obrigatoriamente, orientada para o relato da verdade, ou pelo menos com a “intenção de verdade”
Essa veracidade seria obtida a partir das fontes que aquele que relatava os acontecimentos – ou
seja, o historiador, que, nesse caso específico, se trata de Heródoto – tinha contato para ter acesso
aos fatos. Para Barros (2011), é possível estabelecer que Heródoto seguia estes passos na elaboração
de seu discurso histórico: um processo de investigação a respeito de algo tido como importante de
ser registrado; essa investigação geralmente partia da declaração de testemunhas oculares dos fatos
considerados; por fim, o relato da História seria feito a partir de uma narrativa. Ancorado nesses
procedimentos, Heródoto deu início à atividade do historiador que, como já destacou Marc Bloch,
inaugurou a perspectiva de que o objetivo do historiador era “contar o que foi”, ou seja, sempre
A Grécia foi o principal berço de historiadores que marcariam o fazer historiográfico ocidental.
Tucídides nasceu aproximadamente entre 460 a.C. e morreu por volta de 404 a.C., sendo o principal
expoente da historiografia nascente após Heródoto e possuindo como principal obra a História da
Guerra do Peloponeso, conflito entre atenienses e espartanos que ocorreu entre 431 a.C. e 404 a.C.
Seu comprometimento com a verdade permanece o mesmo que seu antecessor Heródoto
De acordo com Karina Anhezini (2009), o ato de registrar os fatos, para Tucídides, ganha o
primeiro plano em quesito de importância face à investigação clamada por Heródoto, pois ele
entende que o principal meio para chegar ao conhecimento e, consequentemente à verdade, daquilo
que se registra é através da autópsia (do grego autos, eu; ópsis, ver com os próprios olhos). Nas
palavras de Anhezini, “ao incorporar o ‘eu vi’ à narrativa, conferiu valor à prova” (Anhezini, 2009, p.
23).
Enquanto Heródoto detinha sua preocupação em registrar para guardar memória acerca dos
fatos, Tucídides atribui um maior valor à exemplaridade do evento. Como bem definiu François
Hartog, o historiador grego entendia que crises semelhantes à da Guerra do Peloponeso ocorreriam
no futuro, mas registrar os fatos dessa guerra que vivenciou não significava que pretendia se projetar
no futuro, mas, sim, que “propõe simplesmente fazer de seu presente um ‘exemplo’ para sempre,
esse presente que jamais foi tão ‘grande’” (Hartog, 2001, p. 98 apud Anhezini, 2009, p. 24). A História,
elaborada na Roma Antiga. Ainda que insiramos sua abordagem dentro de um contexto mais amplo
que denominamos de Antiguidade, há na abordagem romana uma especificidade que necessita ser
ressaltada.
Esse aspecto característico carrega consigo uma importância que extrapola os limites temporais
em que se circunscreve, uma vez que, como veremos no tema a seguir, estará presente também nos
desdobramentos da pesquisa histórica do século XIX. Nos referimos aqui à História enquanto “mestra
Nascido em 106 a.C. e falecido em 43 a.C., Marco Túlio Cícero pode ser considerado como um
dos grandes e principais historiadores romanos, especialmente acerca das reflexões que fez acerca da
História. Parte dos avanços feitos por Cícero haviam sido principiados nos escritos de Políbio,
historiador grego de nascença, mas que fez seus principais trabalhos em Roma, onde foi levado
Conforme Karina Anhezine (2009), Políbio era convicto de não haver necessidade de o
historiador conferir as partes envolvidas nos fatos e eventos pois, após a expansão territorial
decorrente da vitória de Roma na Segunda Guerra Púnica (c. 218 – 202 a.C.) só haveria um lado digno
garantir que fosse feito o registro de uma coleção de exemplos e experiências que auxiliaria o
aprendizado da sociedade.
Como bem ressalta Igor Moraes Santos (2019), trata-se de uma concepção de História enraizada
no entendimento de que a natureza humana é imutável e, por isso, os fatos que aconteceram no
passado possuem em sua base uma essência capaz de proporcionar fatos semelhantes, ainda que em
contextos distintos. Em outras palavras, a História aparece como “mestra da vida” (magistra vitae) ao
fornecer exemplos de eventos e fatos que servem de referência ao leitor como uma espécie de guia
A perspectiva de Cícero manifesta a junção da tradição grega com a nova visão romana
elaborada desde Políbio. Ainda se busca a verdade pelo registro da História, já que a base do fazer
historiográfico para Cícero está no sentido de buscar os exemplos sempre nos fatos: o historiador (ou
como Cícero coloca, o orador) deve sempre se ater aos fatos verdadeiros e apresentá-los, mas nunca
os inventar.
Até aqui, vimos como que a História surgiu enquanto prática por historiadores greco-romanos.
Contudo, é preciso salientar que nenhum desses historiadores carregavam “títulos” ou desenvolviam
seus conhecimentos a partir de uma formação específica. Normalmente, esses indivíduos exerciam
atividades públicas como juristas, políticos ou mesmo clérigos, se pensarmos nas centúrias que
Mas a partir do século XVIII e especialmente durante o decorrer do XIX, foi sendo construído
reflexões acerca da História enquanto disciplina, uma área do conhecimento separada das demais e
que demandava toda uma formação própria. Isso significou duas coisas: a institucionalização da
História enquanto campo a ser exercido por um indivíduo especializado nas suas competências; a
elaboração das técnicas típicas da História que resultaram na formulação e fundação de revistas e
Diversos setores do conhecimento, como Anatomia, Arte, Matemática, Física, Filosofia, Lógica,
entre tantas outras mais, foram aprimoradas e construtoras de correntes distintas de pensamento a
respeito de suas prerrogativas. A História não esteve a par desse desenvolvimento, sendo justamente
nas últimas décadas do século XVIII que as filosofias da história são debatidas. Como ressalta José
D’Assunção Barros (2011), esse avanço pode ser considerado a estrutura das posteriores teorias da
Mas como podemos definir essa Historiografia Moderna? Barros (2011) explica que as
transformações em fins do século XVIII fizeram da História parte da realidade humana, uma realidade
Trazendo à tona as reflexões de Reinhart Koselleck, Barros esclarece que, nesse momento, a
História passa a ser configurada como um conceito “singular-coletivo”, ou seja, “como a interação de
Em suma, podemos dizer que a verdade a ser buscada no fazer historiográfico permanece em
fins do século XVIII, mas para chegar até ela é preciso conhecer e estudar os fatos históricos. É aqui
As perspectivas acerca da História no século XIX se enquadram num cenário que a Ciência é tida
como meio para se chegar à verdade, em qualquer área do conhecimento. As nações estão em
processo de formação e passa a ser mister recorrer ao trabalho histórico a fim de retornar às origens
nacionais. Os fatos há muito tempo não são mais considerados como aquilo que o historiador viu ou
ouviu falar sobre, mas estão documentados, registrados a partir de determinações oficiais das
comunidades humanas. Como destaca Ciro Flamarion Santana Cardoso (1992), os fatos são
dessa nova corrente de pensamento histórico aparece em 1876 com a publicação de um manifesto,
escrito pelo historiador francês Gabriel Monod, que estabeleceu a fundação de A Revista Histórica. A
por Escola Positivista. Além de Monod, outros de seus membros mais destacados foram Ernest
Lavisse, Charles Seignobos e o principal historiador da vertente metódica alemã, Leopold von Ranke.
A partir de meados do século XIX e especialmente com as primeiras ações da Escola Metódica, a
disciplina História cada vez mais foi se consolidando como área científica autônoma, detentora de
métodos rigorosos de análise e fazendo referência em citações que evidenciam o constante trabalho
com as fontes históricas. Podemos dizer que A Revista Histórica, de 1876, e os metódicos franceses de
forma geral, tinham como referência inspiradora para seus trabalhos e procedimentos o historiador
consideração e tratamento das fontes de forma crítica. Seus principais postulados seguidos pelos
historiadores metódicos franceses foram os seguintes, conforme explicitado por Boudé e Martin
(1990):
1. O historiador não deve fazer julgamentos ao passado que analisa, mas, sim, registrar o que de
fato aconteceu.
2. Não há interdependência entre o historiador e o(s) fato(s) considerado(s) em sua análise, o que
garante um juízo imparcial quando se depara com os eventos no trabalho histórico.
3. A História possui uma estrutura passível de ser conhecida pelos historiadores, mas não criada
por estes. Ou seja, existe de forma objetiva.
4. O trabalho historiográfico é mecanicista, isto é, age de forma passiva sobre o fato nas fontes
com o objetivo de registrá-lo tal como ocorrera no passado.
de abrir precedente de especulação acerca dos fatos considerados. Em uma palavra, a reunião
dos dados garante que “o registo histórico organiza-se e deixa-se interpretar” (Boudé; Martin,
1990, p. 114).
Podemos compreender a Escola Metódica como pautada, assim, numa perspectiva que
considera o trabalho do historiador mobilizado por preocupações objetivas, evitando generalizações
Cardoso (1992) nos informa que, no século XIX, há um grande crescimento de trabalhos
monográficos realizados por historiadores – que agora são considerados profissionais da área – em
que o objetivo era justamente identificar e registrar os fatos únicos que são “absolutamente rebeldes
a leis” gerais ordenadoras (Carsoso, 1992, p. 34).
Evidentemente que essa produção auxiliava no objetivo de construção e elaboração de uma história
nacional, característica tão marcante do século XIX e que possui preocupações já no Romantismo.
Contudo, embora fosse extremamente influente por muitas décadas e tenha instaurado o princípio
básico e primordial do trabalho historiográfico (a análise de fontes), nem todos os historiadores
consolidação da História enquanto disciplina e ciência humana. Em especial, é preciso destacar aqui o
papel da matéria-prima utilizada pelo historiador para elaborar o seu trabalho: as fontes. Nenhuma
pesquisa de uma área que clame para si o título de científica pode ser concretizada se não possui
formas de sustentar aquilo que afirma. Por esse motivo, desenvolveremos, neste tema, o que
podemos indicar como constituindo fontes históricas, assim como quais os cuidados devem ser
tomados para que se possa utilizá-las da maneira mais proveitosa possível.
assumir a condição de fonte histórica. Se a História passou a ser assumida como uma área específica
e que buscava seu espaço entre as demais áreas do conhecimento, isso significava que havia uma
noção “correta” do que era e o que não era História. Estendendo a perspectiva, para construir o
Antonio Fontoura (2016) deixa claro que a perspectiva predominante na historiografia do século
XIX consistia no entendimento de que a fonte histórica deveria ser sempre uma referência a um texto,
cuja origem deveria estar ligada às documentações oficiais dos governos das sociedades antigas.
Essa documentação traria uma espécie de chancela ao assunto que transmitiam, sendo possível traçar
historiografia do século XIX – não possuiriam história. Evidentemente que isso configura uma clara
posição baseada no contexto em que esses historiadores viviam, de inflamado nacionalismo.
Fontoura (2016) destaca, por isso, que é preciso entender que as documentações a que temos acesso
através dos arquivos, por exemplo, não sobreviveram por acaso, mas, sim, foram ali mantidas por um
interesse preciso de uma época precisa. Em uma palavra, nenhum “documento existe por si só”
Os avanços na produção historiográfica a partir do século XX, especialmente por meio dos
postulados da Escola dos Annales, ainda que não restrita a ela, possibilitaram que outras referências
fossem elevadas a condição de fontes históricas, como aquelas representadas em imagens
(iconografias), música, objetos arqueológicos, oralidade etc. A abertura para utilização de novas
fontes, consequentemente, demandou que os historiadores recorressem a diversas outras disciplinas,
mantendo um diálogo produtivo e instigante que aprimorou ainda mais os estudos históricos.
Ciro Flamarion Santana Cardoso (1992) nos fornece uma definição rápida, porém bastante
elucidativa, do que significa o método aplicado nas ciências de forma geral:
o método científico pode ser definido como o conjunto de recursos de que dispõe a ciência para
Qualquer que seja a pesquisa histórica a ser realizada é preciso estabelecer o corpus documental
a ser utilizado no empreendimento historiográfico. Como bem definiu José D’Assunção Barros (2012),
o corpus documental trata-se das fontes históricas a serem utilizadas, cujo papel consiste no
fornecimento de “evidências, informações e materiais passíveis de interpretação historiográfica”
Não há uma regra rígida ou bem estabelecida sobre se a escolha documental precisa ser feita
antes ou depois de já se ter definido uma temática de estudo, da mesma forma que o pesquisador
pode utilizar diversas fontes ou somente uma. Tudo depende do problema posto pelo historiador
à(s) fonte(s) que o mobiliza para iniciar uma pesquisa.
Quando temos acesso a alguma informação, sempre é preciso ter cuidado com a origem desta,
com a História não é diferente. Quando tomamos algo como fonte para analisar, torna-se
imprescindível questionar as origens daquele material. Pensando especificamente acerca das fontes
escritas, questionar criticamente a documentação reside em buscar respostas para alguns pontos que
podemos resumir da seguinte maneira: Quem produziu o documento? Em que local? Qual o contexto
social em que foi produzido? Quem é/são o(s) receptor(es) do que foi registrado? Qual a posição
social daquele(s) que a produziu/produziram?
Barros (2012) prefere resumir todas essas problemáticas por meio de um termo cunhado por
Michel de Certeau na década de 1970, “lugar de produção”, que inicialmente foi confeccionado para
se referir à prática historiográfica, mas que foi estendido por Barros para as fontes históricas. Por esse
motivo, Barros explicita que “o emissor de um discurso nunca é somente o seu autor nominal [...]
[pois este seria] apenas a ponta de um imenso iceberg” (Barros, 2012, p. 419).
O que o autor pretende informar é que a elaboração de um documento escrito por um indivíduo
diz respeito também ao que sua sociedade compreende da realidade social, uma vez que todo
indivíduo está imerso nas contradições que envolvem uma sociedade no tempo.
Mas, afinal, trata-se de uma produção consciente ou inconsciente? De acordo com Barros (2012),
ambas as respostas são possíveis. A consciência ou não da posição assumida em um texto tido como
fonte histórica pode realçar a posição da sociedade à qual o documento pertence originalmente.
Por fim, façamos uma última observação. Todas as produções historiográficas são produzidas
dentro de determinado contexto, sendo indiscutível que o contexto histórico vivenciado pelo
historiador influencia no seu procedimento, seja ao ser mobilizado por alguma temática específica,
seja pelas questões que faz a determino assunto.
Como ressaltamos, a historiografia do século XIX priorizou as documentações escritas por conta
da busca por referências que justificassem as origens dos Estados nacionais. Nesse sentido, entender
o contexto de produção não indica um caminho de mão única, levando somente às fontes
documentais. É preciso ressaltar que a própria prática historiográfica pode (e deve), em algum
momento, ser submetida à análise crítica, de modo que possamos não apenas entender as
preocupações de uma dada época, como também o que entendiam por História e,
consequentemente, o que pode ser entendido por fontes históricas. Em uma palavra, a nossa prática
historiográfica também pode ser utilizada como fonte histórica, representando o que denominamos
de história da historiografia.
Afinal, o que a História representa nos dias atuais? Após o longo caminho percorrido desde que
se tornou uma disciplina consolidada, praticada por profissionais capacitados por uma formação
específica, a História tem caminhado para uma direção cada vez mais negligenciada.
Façamos aqui duas reflexões finais: a primeira em relação à perspectiva que podemos dizer ser
“mais aceita” ou pelos menos capaz de mobilizar maior consenso por parte dos historiadores a
Médio articulada pela Lei n. 13.415/2017, que prevê reformulações a serem aplicadas a partir deste
ano de 2022.
pela historiografia ao longo das últimas décadas acerca dos significados da prática da História,
apesar das diversas divergências entre historiadores e historiadoras, ainda é possível destacarmos
alguns consensos.
Diogo da Silva Roiz (2010) nos explicita que o historiador alemão Peter Gay discordava da crítica
da historiografia pós-moderna a respeito da forma narrativa de escrita da história. Para esse autor, o
recurso de metáforas aplicadas durante a produção do texto historiográfico não obscurecia a
representação da realidade que se fazia referência como argumentavam os pós-modernos, mas, sim,
garantiam uma maior profundidade do conhecimento histórico produzido. Ainda assim, como
ressalta Roiz (2010), Peter Gay acreditava que a História era “quase” uma ciência, pois, por mais que
Ciro Flamarion Santana Cardoso (1992) parte de uma perspectiva diferente, mas que não está
tão distante de Gay. Assim como nas demais ciências, o autor destaca que as teorias históricas
quando superadas não são descartadas em prol das novas, mas, sim, incorporadas a estas. Nesse
sentido, Cardoso entende que a História é uma “ciência em construção”, pois os “historiadores ainda
estão descobrindo os meios de análise adequados ao seu objeto” (Cardoso, 1992, p. 49). Entretanto,
o autor destaca que ainda que não considere a História uma ciência completa, não há impeditivos
Os historiadores utilizam sua produção em muitos âmbitos, não somente em debates internos à
academia. Uma de suas práticas, além da investigação e análise de processos históricos, é o ensino
para crianças, jovens e adultos. Especialmente na educação básica, o espaço do historiador vem
sendo constantemente atacado. Mais recentemente foi aprovada a Lei n. 13.415/2017, que prevê
Entre as muitas mudanças, estão a introdução do “itinerário formativo”, em que cada estudante
escolherá, a partir do 1º ano, um setor para se aprofundar nos conhecimentos. Esses setores serão
dispostos de acordo com separações semelhantes às do ENEM, por exemplo, Ciências Humanas e
técnica e profissional, que visa capacitar o aluno para entrar no mercado de trabalho assim que
conduzida por expressões como flexibilidade que se conecta com a aceleração cada vez mais intensa
do mercado no mundo capitalista. Para o autor, o desafio da História na formação das crianças e
adolescentes está agora em provar sua utilidade em suprir as demandas do mercado que, cada vez
Isso é algo negativo na visão de Turin (2018), uma vez que a História e as demais disciplinas
estão sendo associadas à formação única e exclusiva de habilidades requisitadas pelo mercado, sem
pensar que a formação escolar está associada à formação do aluno enquanto ser humano, indivíduo
e cidadão.
Por essas razões, qual o papel da História? Em consequência, qual o papel do historiador? São
essas questões que todo indivíduo disposto a se formar em História precisa estar atento durante seus
estudos para além das questões teórico-metodológicas dispostas nos temas iniciais.
NA PRÁTICA
Com isso, propomos a seguinte atividade: leia atentamente o trecho a seguir retirado da
documentação medieval conhecida como Anglo-Saxon Chronicle (Anglo-Saxon Chronicle, 1961, p. 36),
que relata acerca de um dos primeiros ataques vikings conhecidos e realize os procedimentos críticos
descritos nesta aula, como de qual estrato social aparenta pertencer o autor do documento? Em que
local foi produzida a documentação? É possível depreender um juízo de valor acerca do relatado? Se
Neste ano [793], presságios terríveis apareceram na Nortúmbria e assustaram muito o povo. Eles
consistiam em imensos redemoinhos e relâmpagos, e dragões de fogo foram vistos voando no ar.
Uma grande fome se seguiu imediatamente a esses sinais e, pouco depois, no mesmo ano, em 8 de
junho, a devastação dos homens pagãos destruiu miseravelmente a igreja de Deus em Lindisfarne,
FINALIZANDO
O esquema a seguir resume todas as discussões abordadas ao longo da presente aula sobre o
REFERÊNCIAS
BARROS, J. D’A. A fonte histórica e seu lugar de produção. Caderno de Pesquisa do CDHIS
concepções de história de Montesquieu a Voltaire. Revista do CAAP, v. 24, n. 1, 2019, pp. 157-190.
WHITELOCK, D. et al (Ed.). The Anglo-Saxon Chronicle. London: Eyre and Spottiswooode, 1961.