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No sentido mais amplo a história da historiografia não se reduz ao estudo das principais obras
históricas de cada época ou civilização, compreende também trabalhos de metodologia,
publicação de documentos, ensino de história e apreciação de obras literárias de teor
histórico. A história da historiografia está também ligada a história das ideias, pois os
historiadores estão sempre ligados às correntes de pensamento do seu tempo.
• Mitologia
A Mitologia, é a ciência que estuda os mitos. O termo MITO vem do grego e
etimologicamente significa fábula, lenda, palavra, fala ou dizer. Os mitos não são pura
invenção da imaginação, mas reflectem sim o ponto de vista dos homens dos tempos antigos
sobre a natureza, a vida, as crenças religiosas, as ideias morais da sociedade primitiva; são,
portanto, rudimentos do conhecimento pré-científico, reunindo imagens fantásticas e
elementos cognitivos. Os mitos despertavam a energia da colectividade e foram instrumentos
de desenvolvimento cultural. O “material” dos mitos era as imagens (o do pensamento
racional são as noções e conceitos). O objecto do mito são as forças sobrenaturais e os produtos
da fantasia em geral (o objecto do pensamento racional é o mundo real). É a diferença entre
a lógica simbólica ou figurada e a lógica abstracta.
• Mito: são símbolos na forma narrativa – por exemplo, a estória da criação no livro
Génesis. Estas são estórias ou tradições que buscam de maneira imaginativa e
simbólica, apresentar uma verdade fundamental sobre o mundo e a vida humana;
De um modo geral, a necessidade de se interpretar fenómenos que aconteciam com alguma
regularidade no seio dos homens, sobretudo para se explicar a sua origem, criavam um
contexto de mitografias. A título de exemplo, a historiografia grega tem como o começo a
existência de mitografias e cosmogonias. Assim, a intenção de interpretar o universo fez com
que os primeiros Gregos se interessassem sobretudo com os mitos de criação (os logógrafos).
A sua narração podia apoiar-se em escritos, como foi o caso de Hecateu de Mileto, na segunda
metade do século VI a.C. Na fase de mitografias e cosmogonia destaca-se Homero e Hesíodo.
• Cosmogonias
Como já se disse, as cosmogonias contam-se entre as primeiras tentativas pré-científicas de
explicação da formação do universo. Nessa explicação, não intervêm apenas elementos
naturais, mas também elementos sobrenaturais. Vejamos a seguir como aparecem associados
os dois elementos em algumas das cosmogonias mais conhecidas.
A historiografia judaica pertence o famoso povo judeu, várias vezes enumerado ao longo da
História Universal. O seu protagonismo foi evidente no contacto com outros povos da
antiguidade.
Escrita e conservada pelos sacerdotes, a Bíblia constituiu para os judeus um instrumento de
unidade, que era posta em causa pelo contacto com outros povos, a que os judeus eram
sujeitos por ser um povo nómada. O papel dos sacerdotes na conservação por escrito do
legado de um determinado povo foi sempre inquestionável. Desde as ruínas neolíticas de
Chatal Huyuk aos impérios contemporâneos, a presença da comunidade de sacerdotes e
leigos deixou vários testemunhos que o tempo não consegue eliminar.
Estes livros não têm todos a mesma idade. “O canto de Débora” que faz parte do V livro dos
juízes, é das composições mais antigas da Bíblia, não excedendo porem o seculo XII a. C.; o
que não quer não possa haver nele algum fragmento ainda mais antigo. Dos Códigos, o mais
antigo parece ser o da Aliança.
O cântico dos Cânticos é um livro erótico, não sagrado, mas pelo simples facto de fazer parte
do património judeu, levou com que eles lhe atribuíssem um caracter sagrado baseada na
bíblia, a historiografia judaica teve como principal característica a incapacidade de aceder a
uma concepção universalista do homem, ou seja, a limitação do homem ao homem judeu.
Assim, para os judeus, a história da humanidade passava a confundir-se com a história
judaica contada na Bíblia. Os povos apenas eram referenciados na medida em que tivessem
algum relacionamento com os judeus.
Como livro sagrado dos católicos, protestantes e cristãos ortodoxos, a Bíblia, teve uma
credibilidade quase universal e ate ao século XIX constituiu a única fonte da história dos
judeus e dos povos do médio oriente, com quem estiveram em contacto. Só no século XIX,
com a decifração dos escritos egípcios e sumérios surgiu uma alternativa para as fontes da
história judaica. A Bíblia passaria a ocupar um lugar secundário como fonte histórica.
Entretanto de acordo com o conceito de ciência não podemos ainda falar nesta altura de uma
ciência histórica. A cientificação da história só terá início na Grécia clássica. É o que nos leva
a falar do surgimento da história na Grécia. Este logro dos gregos tem explicação no facto de
a Grécia desse tempo ter conseguido avançar em muitas áreas de desenvolvimento social, a
partir do século V a.c. Neste século vivia-se na Grécia, uma sociedade democrática, fruto de
cerca de três séculos de reformas, iniciadas por Dracon e que atingiram o seu pico no reinado
de Péricles.
Portanto a Atenas do século V destaca-se dos restantes estados da época pois pôde conceber
e aplicar os princípios da igualdade perante a lei, da liberdade individual e da fraternidade,
embora com algumas reservas, principalmente ligadas com o alcance das referidas reformas
democráticas. Este contexto, de abertura da vida nacional a todos os cidadãos, levou a Grécia
antiga a se destacar em vários domínios da vida incluindo o do pensamento. É assim que o
pensamento grego da época revelava já uma maturidade que se reflectia no desenvolvimento
de várias ciências entre as quais a História.
Na sua obra “Historias” Heródoto tentou para além de escrever sobre os gregos, falar dos
bárbaros, reconstituir os factos e apresentar a razão deles. A ele também se deve uma visão e
uma abordagem universalista dos homens pois, como cidadão oriundo da nobreza, Heródoto
teve facilidades de viajar e escrever sobre várias regiões (Egipto, Mesopotâmia, etc) incutindo
desse modo uma visão mais global do homem e do universo. Era a passagem da historiografia
gentílica a historiografia ecuménica (universal).
Numa das passagens do livro de Heródoto, Historias, pode se ler: Eis a exposição do inquérito
empreendido por Heródoto de Thouriori para impedir que as acções cometidas pelos homens
se apaguem da memoria com o tempo e que grandes e admiráveis factos, levados a cabo tanto
do lado dos gregos como do lado dos bárbaros, cessem de ser nomeados, finalmente e
sobretudo, o que foi causa de entrarem em guerra uns contra outros (…) Até aqui, falei
segundo a minha observação, reflexão e informação, mas a partir de agora passarei a referir
a tradição egípcia, tal como a ouvi, acresce ainda um pouco do que vi (…). O meu dever é
referir a tradição, mas de modo algum sou obrigado a acreditar nela”.
Outros historiadores deram corpo à história grega como foram os casos de Xenofonte,
Plutarco, Eforo, etc. Observando os trabalhos de Heródoto e Tucídides verificamos que os
gregos começaram a caminhar para a cientificação da história. A sua história tem um objecto
de estudo, uma metodologia própria e um objectivo bem definido.
Senão vejamos:
Portanto na Grécia clássica temos uma história humanista (seu objecto de estudo é o homem),
cientifica (inicia-se neste caminho), auto- reveladora (procura a projecção do presente no
futuro, ensinar aos homens o seu passado e a relação entre o passado e o presente, para revelar
o sentido da acção humana) e pragmática, porque tenta tirar do ocorrido uma lição
aproveitável para o futuro.
Embora dando notáveis passos a nível da história os gregos revelaram ainda algumas
insuficiências. Os historiadores gregos viram-se confrontados e até encurralados pela
contradição entre o ideal de história universal baseada em fontes fidedignas e a incapacidade
de falar de regiões relativamente afastadas, pois o nível de desenvolvimento dos transportes
não permitia ir para longe e são praticamente inexistentes informações escritas sobre essas
regiões. Deste modo eles vêm-se condenados a ter que fazer a história que negam, a história
de alguns povos, de algumas regiões, a história regional e não a universal que defendem.
Por outro lado, as fontes orais e os testemunhos oculares não permitem abarcar períodos de
tempo relativamente longos mantendo a fidelidade numa história que busca de facto a
verdade, pelo que ficam também a este nível limitados.
Do III ao I seculo a.n.e graças a um exército de cidadãos hábil e disciplinado, Roma lançou-
se à conquista de toda a bacia Mediterrâneo e Norte de África transformando-se num grande
imperio. A historiografia deste periodo procurou ajustar-se às ideias politicas da época cuja
finalidade era exaltar e preservar o imperio.
A grande preocupação era exaltar a grandeza do império romano cujo mérito era atribuído
aos “grandes homens” - os imperadores.
No contexto histórico da idade média, predomina uma história cristã, cuja produção é da
responsabilidade dos monges. Os géneros mais dominantes são os anais e as crónicas. Tanto
uns como outros são narrativas sobretudo de factos políticos e militares, que tomam por
unidade temáticos períodos mais ou menos longos. A diferença reside no facto de que os anais
dividem as épocas estudadas em períodos de um ano, relatando secamente os factos.
Nesta história, medieval o papel principal no processo histórico é atribuído a Deus e seus
agentes e, aos reis e seus prelados. É a estes que se atribui responsabilidade pela evolução
histórica da humanidade e, portanto, são eles o objecto de estudo da história. A nível
metodológico a interpretação dos dogmas divinos constitui a principal operação do
historiador em detrimento da investigação das razoes humanas. Os aspectos morais
sobrepõem-se aos vividos na explicação dos fenómenos.
Nesta historiografia, o papel principal no processo histórico é atribuído a Deus e aos reis. É a
estes que se atribui responsabilidade pela evolução histórica da humanidade e, portanto, são
eles o objecto de estudo da história. A interpretação dos dogmas divinos constitui a principal
operação do historiador em detrimento da investigação das razões humanas.
• Historiografia Cristã
A Historiografia Cristã, como o próprio nome sugere encarnou basicamente as ideias do
cristianismo. Durante a Idade Média, a política era grandemente influenciada pela questão
espiritual. Para a sociedade medieval, o rei não era, simplesmente, uma instituição política,
mas sim uma manifestação divina, tendo o papel de integrar o homem no cosmos.
A igreja cristã foi uma das mais poderosas instituições do período medieval. Nesta história,
medieval o papel principal no processo histórico é atribuído a Deus e seus agentes e, aos reis
e seus prelados. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a
psicologia e as formas de comportamento na Idade Média.
http://ead.mined.gov.mz/site/wp-content/uploads/2020/03/Historia1-2%C2%BA-Ciclo.pdf
https://www.fe.unicamp.br/pf-fe/publicacao/5248/art11_17.pdf
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/n8g6f6sWFRfFywzb5J7hPFq/?format=pdf
http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1428357432_ARQUIVO_ArtigoSNH2015Historiogra
fia.pdf