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O Racionalismo e o Mecanismo como fundamento da nova Interpretação do

Mundo

Afirma-se que o racionalismo cartesiano, segundo o qual o mundo, tal como Deus o fez, se
compõe de dois elementos: A matéria e o espírito ou alma. A principal qualidade da matéria
é a extensão regida por leis. Estas leis, estabelecidas por Deus, são imutáveis e inelutáveis; o
próprio Deus quando age, age segundo as leis que estabeleceu para a matéria. É uma espécie
de monarca constitucional.

O essencial do espírito é a razão universal, igual em todos os homens. O sentimento, a


imaginação enquanto guiados pelas sensações, dependem da matéria e não podem atingir o
conhecimento. A sua acção só é admissível quando este sentimento, esta imaginação, se apoia
nas ideias que a razão e a inteligência descobriram.

A razão, dada ao homem por Deus, é um reflexo da sabedoria divina; pode, assim descobrir
as leis da natureza que Deus instituiu. Ao descobrir essas leis, cria a ciência que dá ao homem
o domínio do mundo.

A ciência divide-se naturalmente em grande número de sessões, mas estas sessões constituem
uma autêntica unidade na medida em que todas elas podem traduzir o que descobrem em
termos matemáticos. A física pode exprimir o que descobre em formulas matemáticas, a
química, em fenómenos físicos, a matéria viva, em fenómenos químicos, e assim
sucessivamente. A ciência é, portanto só uma, e deve traduzir-se em termos matemáticos; o
ideal do homem é por o universo em equação.

A segunda forma do racionalismo nasceu em Inglaterra (o racionalismo experimental); cujo


maior precursor foi Francis Bacon. Os ingleses consideravam que sem dúvida a razão cria a
ciência, mas não pode criá-la por sua própria e única iniciativa; é necessário que a razão se
aplique aos factos aprendidos pelos sentidos, e que se dirija a experiência dos sentidos
segundo certas regras que se denominam experimentais, de forma a realizar experiências e
observações e a raciocinar seguidamente sobre os factos devidamente constatados.
Este racionalismo inglês recebeu um impulso incomparável dos trabalhos de Isaac Newton
(1642- 1727) que, por volta de 1683, formulou a lei da gravitação. Não podeis imaginar o
entusiasmo que esta lei suscitou em todo o mundo. Newton demonstrou precisamente a
unidade das ciências.

A gravitação regia os movimentos dos astros; ao mesmo tempo sobre a terra, explicava queda
dos corpos. O método experimental e a física de Newton foram divulgados em França por
Voltaire. Mas em Inglaterra, já no tempo de Voltaire, o método experimental tinha pretendido
generalizar o seu império ao próprio homem, que sendo matéria ao lado do corpo, pode
tornar-se objecto de observações experimentais; mas a questão que colocava era: como ‘e que
se explica o pensamento do homem, o conteúdo essencial do seu espírito?

Descarte partia das ideias intactas, quer dizer, de um certo número de ideias fundamentais
que Deus tinha colocado no espírito do homem. Os ingleses rejeitaram esta explicação, e
lançaram a sua crítica sobre um ponto essencial no seguinte: “ É evidente que há alma, mas
esta é algo de vazio; tudo o que lá se encontra é dado pela experiência, por intermédio dos
sentidos’’. É por esta razão que se designa esta filosofia por sensualismo – Nada existe no
espírito que não esteja primeiro nos sentidos, segundo John Locke...

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