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O ESTUDO DA HISTORIA AO LONGO DO TEMPO.

O ensino de estória foi e continua sendo muito importante e colaborador, na


medida em que passou a nos orientar, a compreender a época em que vivemos através
de nossas ações no passado. Desde o ensino Fundamental, quando passamos a estudar
a disciplina de História, já ficamos cientes de que a História é uma ciência que estuda o
homem no tempo, e que ao longo dos anos vem sofrendo grandes transformações e
mudanças. Tais mudanças que são estudadas e interpretadas pelos Historiadores,
muitas coisas do passado reflete nos dias atuais. Pois quem não estuda o passado não
compreende o presente e não vislumbra o futuro. Ou seja não podemos entender o
tempo presente senão pelo passado.

A historiografia passou por muitas mudanças durante todo tempo e essas


mudanças vieram para ampliar nossos horizontes no conhecimento, e mostrar uma
nova forma de ver e entender o mundo. Nossas ações sempre estará ligada em tempo
posterior ao que vivemos. A historiografia estava sempre em transformação, cada vez
mais sendo ampliada, fazendo novas parcerias com novas escolas, como a escola dos
Annales, que teve colaboração de muitos historiados importante em cada geração.
Sempre em busca de novas fontes, novos métodos, novos meios de pesquisa. Podemos
concluir que Historiografia é o estudo de tudo que já foi dito, e concluído fato
verdadeiro, sobre, um tema em diferentes lugares modo ou tempo.

HISTÓRIA

História é a ciência que estuda as ações humanas ao longo do tempo. O trabalho


do historiador inclui uma análise minuciosa dos documentos que permitem o estudo do
passado.

O que é História

História é a ciência responsável por estudar os acontecimentos passados. Esse


estudo, no entanto, não é feito de qualquer maneira, pois o historiador, em seu ofício,
deve colocar em prática uma análise crítica do seu objeto de estudo a fim de racionalizar
a conclusão sobre os acontecimentos investigados.
A palavra “história” tem origem no idioma grego e é oriunda do vocábulo
“hístor”, que significa “aprendizado”, “sábio”. Sendo assim, faz referência ao
conhecimento obtido a partir da investigação e do estudo. A importância da História
está em seu papel de nortear o homem no espaço e no tempo, dando-lhe a possibilidade
de compreender a própria realidade.

O conceito de História recebe definições distintas de acordo com diferentes


historiadores. O historiador Marc Bloch, por exemplo, considera que a História não é a
ciência que estuda os acontecimentos passados, mas sim a ciência que estuda o homem
e sua ação no tempo. Outros entendem como o estudo das transformações na sociedade
humana ao longo do tempo.

Nesse sentido, o papel do historiador é fazer uma análise crítica que o permita
chegar a uma conclusão sobre determinado acontecimento passado a partir da
investigação de fontes históricas. O historiador não deve glorificar ou demonizar
determinado acontecimento, mas deve analisá-lo criticamente, utilizando todas as fontes
que estiverem ao seu alcance e empregando métodos de análise que o auxiliem em seu
exercício.

QUANDO SE INICIOU A HISTÓRIA

O surgimento da História enquanto ciência e campo de estudo foi obra


dos gregos antigos. Heródoto é considerado o pai da História. Seu trabalho aconteceu
por meio da sistematização dos eventos da história dos gregos e de outros povos da
antiguidade, como os egípcios. Um dos eventos da história grega narrados por Heródoto
foram as Guerras Médicas, conflito travado durante a invasão da Grécia pelos persas.

Tucídides foi o primeiro historiador a utilizar, de fato, um método de análise


que permitisse reconstituir e formular uma análise a respeito de um acontecimento
passado. Seu trabalho foi a respeito da Guerra do Peloponeso, conflito travado entre as
cidades de Atenas e Esparta.

Periodização

Ao longo do tempo, os historiadores convencionaram-se a organizar os eventos


em períodos. Essa periodização, naturalmente, seguia uma organização cronológica e
utilizava acontecimentos marcantes para determinar o fim de um período e o começo de
outro. O fim de um período, no entanto, não significava o registro de mudanças
profundas imediatas, mas indicava, a partir daquele marco, o acontecimento de
mudanças significativas com o passar do tempo.

Apesar de muitos historiadores questionarem a datação dos marcos de cada


período, ela permanece em vigência e é utilizada como mecanismo para organizar o
estudo da história e facilitar o ensino. Os períodos históricos são Pré-História, Idade
Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea.

 Pré-História

Período que acompanha toda a evolução histórica do homem, partindo de seu


surgimento e estendendo-se até o momento em que a primeira forma de escrita foi
criada, por volta de 4000 a.C. A Pré-História acompanha todo o processo de
desenvolvimento humano, desde a utilização da pedra e do metal para a produção de
ferramentas até o processo de sedentarização.

 Idade Antiga

Tem como ponto de partida a criação da primeira forma de escrita desenvolvida


pelo homem: a escrita cuneiforme, criada pelos sumérios, povo que habitou
a Mesopotâmia.

Esse período estuda os acontecimentos que envolveram diferentes povos,


como egípcios, sumérios, assírios, persas, hititas, gregos, romanos, etc. O marco do fim
desse período é a queda do Império Romano do Ocidente, quando o último imperador
romano foi destronado pelos hérulos, em 476 d.C.

 Idade Média

Acompanha os eventos históricos do período que se estende de 476 a 1453. Seu


marco inicial é o fim do Império Romano do Ocidente, e seu marco final é a queda de
Constantinopla para os otomanos.

Nesse período, enfocam-se os fatos acontecidos na Europa com o surgimento


do feudalismo e a formação de uma sociedade controlada pela Igreja Católica.
Atualmente, o estudo desse período no Brasil tem expandido seu foco para estudos de
outros povos, como árabes, povos asiáticos, africanos e pré-colombianos.

 Idade Moderna

É um período mais curto o qual analisa os acontecimentos de 1453 a 1789, com


destaque para o processo de colonização do continente americano. São ressaltadas
também as diversas transformações que a Europa enfrentou com o surgimento de novas
ideias durante o Renascimento e o Iluminismo.

O marco estipulado para o fim desse período é a Queda da Bastilha, evento que
iniciou a Revolução Francesa, em 1789.

 Idade Contemporânea

Período atual em que estamos inseridos. Acompanha acontecimentos do final do


século XVIII até a os dias de hoje. Sendo assim, esse período engloba fatos que
marcaram grandes transformações para a humanidade, como aqueles causados
pelas revoluções industriais.

A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR A HISTÓRIA

A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela
investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse
sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que
constrói seu tempo.

A história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por


governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por
intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A
história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente
transformador do mundo.

Ao estudar a história nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e


isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a ciência do
passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não
acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não
se repete. Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as
mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao
presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.

A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados.


Ela deve servir como instrumento de conscientização dos homens para a tarefa de
construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa.

CONCEITO HISTÓRICO, TEMPO ESPAÇO; E O TEMPO NA


IDADE MÉDIA

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo abordará acerca ao conceito histórico, o tempo espaço


referente ao período medieval, para tanto se utilizará do dicionário de conceitos
históricos, as aulas de história medieval e teoria da história, que dará uma direção acerca
do tema. No decorrer das aulas e leituras feitas, foi possível constatar de que maneira o
conceito histórico, o tempo e espaço, fazem parte da vida de um historiador, Seguindo o
dicionário de conceitos históricos de Kalina, Vanderlei silva Maciel, Henrique Silva
destacarei uma breve noção de conceito histórico, tempo e espaço.

2. CONCEITO HISTÓRICO, TEMPO E ESPAÇO.

O que é conceito histórico, partindo da leitura indicada pude entender


que, conceito histórico é importante para a mediação dos conhecimentos históricos, uma
vez que estando no campo histórico os conteúdos as transformações ao longo do tempo
e do espaço e, dessa forma, propor modificações nos esquemas sociais. Os conceitos
para a História são importantes para a mediação dos conhecimentos históricos,
socialmente construídos não descartados e, é fundamental para que possamos perceber
as transformações ao longo do tempo e do espaço e, dessa forma, compreender as
modificações na sociedade.

Tempo segundo o dicionário de conceitos históricos é o estudo das atividades e


produções humanas, ou seja, da cultura, ao longo do tempo. Assim, no próprio conceito
de História está inserido o conceito de tempo, o que nos mostra sua importância. No
entanto, tempo é uma daquelas noções que perpassam nosso dia a dia e às quais damos
pouca atenção, a despeito de sabermos de sua importância. Na verdade, a palavra tempo
pode designar, em português, coisas diferentes, desde o clima ao tempo histórico, o
tempo cultural. O tempo, como produção humana, é uma ferramenta da História, visível
em instrumentos como o calendário e a cronologia. Cronologia é a forma de representar
os acontecimentos históricos no tempo, o que exige um calendário e uma noção de
contagem do tempo.

Espaço é um conceito histórico que nos da uma representação onde os fatos


aconteceram, Este pode se definir como a porção do planeta onde se desenvolvem as
atividades do homem no seu cotidiano. Inserido no conjunto das suas atividades ao
longo de um período de tempo maior ou menor, ganha a dimensão histórica, não apenas
de forma isolada, mas também em relação com outras áreas. Preconizador do conceito
espacial no seio da História, Fernand Braudel defendia que a História se define não só
pela relação entre diversos espaços como pelas características dos mesmos, que variam
consoante os homens que os estruturam e neles vivem.

3- O tempo na idade média.

O tempo histórico é uma sucessão de eventos narrados e dispostos em uma


sequência temporal. O historiador se utiliza das formas de tempo para se organizar na
sociedade para dizer que um determinado tempo se diferencia do outro. No tempo
histórico podemos considerar que a Idade Média teve a duração de praticamente um
milênio, enquanto a Idade Moderna se estenda por apenas quatro séculos. O referencial
temporal empregado pelo historiador trabalha com as modificações que as sociedades
promovem na sua organização, no desenvolvimento das relações políticas, no
comportamento das práticas econômicas e em outras ações e gestos que marcam a
história de um povo. Esse foi o motivo que escolhi o conceito do tempo para fazer uma
breve análise da época medieval.

Por exemplo, os estudos da Idade Média geralmente se referem ao tempo da


Historia na Europa, em particular à parte Ocidental. Mas não pode generalizar os
aspectos históricos de uma região para o restante do planeta, pois cada lugar tem suas
especificidades, sua história. Além disso, nessa época (tempo), o mundo não estava
interligado como hoje, os contatos entre os povos e as regiões eram muito precários e,
em alguns casos, inexistentes. O período da Idade Média foi tradicionalmente
delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ele teria se iniciado com a
desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (476 d. C.), e terminado
com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século
XV (1453 d.C.), também chamado de Império Bizantino e pela chegada dos europeus à
América.

Entre esses marcos, passaram-se cerca de mil anos. Foi um tempo em que os
europeus viveram, em sua maioria no campo, restritos a propriedades que buscavam
sua autossuficiência. A sociedade, muito diferente daquela do Império Romano, era
rigidamente hierarquizada e marcada pela fé em Deus e pelo controle da Igreja católica,
sem dúvida a instituição mais poderosa de toda a Idade Média. O poder político era
descentralizado, isto é, estava nas mãos de inúmeros senhores da terra. Por todas essas
características, muitos estudiosos acabaram chamando esse momento de Idade das
Trevas. Eles acreditavam que o mundo medieval tinha soterrado o conhecimento
produzido pelos gregos e romanos. O estudo dos fenômenos naturais e das relações
sociais por meio da observação, por exemplo, teria sido substituído pelo misticismo
religioso. Entre o século V e o IX, é o de consolidação do mundo feudal, quando se
formam os reinos e se cristaliza a organização social a sociedade feudal começa a dar
sinais de mudanças, com o fortalecimento das cidades e do comércio. O sistema feudal
Para se compreender a sociedade moderna e suas instituições. O certo é que durante
esses mil anos a sociedade europeia construiu grande parte de seus valores culturais, que
iriam se espalhar por todo o mundo a partir do século XV, com as Grandes navegações.
Valores que são, até hoje, plenamente perceptíveis.

4. Conclusão

A partir dos diferentes conceitos históricos, tempo, espaço que serviu de base
para esse trabalho, foi possível ratificar a importância de se realizar releituras de
passado histórico, época medieval que muito contribuiu para a compreensão do próprio
presente, pois a partir da memória histórica de um povo, é possível compreender melhor
sua estruturação social ao longo do tempo. Além disso, revisitar autores que apresentam
diferentes pontos de vista sobre determinada época contribui para compreender de
diferentes formas a época abordada, mas principalmente para apreender o mundo atual
onde estamos inseridos, revelando nosso próprio tempo atual.
CIÊNCIAS AUXILIARES DE HISTÓRIA

Ciências auxiliares de História são disciplinas académicas que apoiam a


avaliação e uso de fontes históricas e são vistas como auxilares pela investigação
em História.

 História da arte, o estudo de obras de arte no seu contexto histórico e artístico


 Cronologia, o estudo da sequência de eventos passados
 Cliometria, a aplicação sistemática de teoria económica, técnicas de econometria e
outros métodos formais ou matemáticos no estudo da História
 Codicologia, o estudo dos livros enquanto objectos físicos
 Diplomática, o estudo e análise textual de documentos históricos
 Epigrafia, o estudo de inscrições históricas
 Falerística, o estudo de ordens, emblemas e medalhas militares
 Genealogia, o estudo de relações familiares
 Heráldica, o estudo de brasões ou escudos
 Numismática, o estudo de moedas
 Onomástica, o estudo de nomes próprios
 Paleografia, o estudo de caligrafia antiga
 Filatelia, o estudo de selos de correio
 Prosopografia, a investigação das características de um determinado grupo de
pessoas
 Sigilografia, o estudo dos sinetes
 Estatística, o estudo da coleção, organização e interpretação de dados históricos
 Toponímia, o estudo de topónimos

Muitas destas áreas de estudo, classificação, análise, pesquisa e estudos de


Darvin foram inicialmente desenvolvidas entre os séculos XVI e XIX por antiquários e
vistas como parte de uma área de estudo genérica denominada antiquarismo. A História
era vista nesse tempo como uma actividade essencialmente literária. No entanto, com a
disseminação dos princípios da História empírica e baseada em fontes, advogados
por Leopold von Ranke a partir de meados do século XIX, têm sucessivamente vindo a
ser encarados como parte dos conhecimentos auxiliares de um historiador.
Também é necessário lembrar que a Arqueologia é equivocadamente vista como
uma disciplina histórica, sendo que ela é, na verdade, uma ciência que realiza seus
estudos através de abordagens muito diferentes da História, englobando mais do que
apenas o estudo de sociedades que dominam a escrita.

OBJECTO DE ESTUDO DA HISTÓRIA

A História é uma ciência que tem como objeto de estudo as ações do homem no
tempo e espaço durante a passagem temporal, portanto, dedica-se ao estudo do passado.
A História é a ciência responsável por estudar as ações humanas no tempo e espaço ao
longo dos anos.

O objeto de estudo da história é o passado dos seres humanos, especialmente


os fatos transcendentes para a humanidade, incluindo o período pré-histórico e histórico,
após o surgimento da escrita.

Através de métodos científicos, a história analisa tudo relacionado ao passado de


todos os seres humanos e todos os processos que eles envolvem.

O principal objetivo do estudo da história não é simplesmente registrar fatos e


ações, mas tentar entender as situações do passado em seu contexto e suas causas e
conseqüências, a fim de melhor compreender o presente.

A história é, portanto, tanto os fatos quanto o estudo deles, e é constantemente


construída porque o passado se estende a cada momento.

A História, significa "pesquisa", "conhecimento advindo da investigação" é a


ciência que se dedica a estudar o homem e sua ação no tempo e no espaço,
concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado. História como
termo também pode verificar toda a informação do passado que pode ter sido requerida
ou arquivada em todas as línguas por todo o mundo, isto como intermédio de registros.

A história tem como um de seus principais objetivos fazer um resgate de


aspectos culturais de um determinado povo ou região para o entendimento do processo
de desenvolvimento. Entender o passado também é importante para a compreensão do
presente. Seu estudo foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do surgimento
da escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C).
A Pré-História é analisada pelos historiadores e arqueólogos através de fontes
materiais (ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas
(arte rupestre, esculturas, adornos). O estudo da História conta com um conjunto maior
de fontes para serem analisadas pelo historiador. Estas podem ser: livros, roupas,
imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações, etc.

FONTES HISTÓRICAS

As fontes históricas são os itens com vestígios do passado que são legados para
a posteridade e servem de embasamento para que os historiadores possam realizar o seu
trabalho de investigação do passado humano. Até o século XIX, consideravam-se
somente as fontes escritas como fontes históricas, mas a partir do século XX um leque
de novas fontes começou a ser explorado pelos historiadores.

As fontes históricas são então os itens materiais e imateriais ou mesmo


vestígios desses itens (uma vez que muita coisa do passado sobreviveu ao tempo apenas
de maneira parcial) que remetem a um certo passado humano. É por meio delas que os
historiadores reconstituem e interpretam os acontecimentos do passado. Isso porque, de
acordo com o historiador Marc Bloch, tudo que o homem produziu, material ou
imaterial, pode fornecer informações sobre ele|1|.

A utilização das fontes históricas, no entanto, requer o uso de método pelo


historiador. Ele precisa saber consultar a fonte histórica e daí vem a importância de um
método. Marc Bloch afirma que, mesmo os documentos mais claros não falam por si
mesmos, sendo necessário que o historiador faça as perguntas corretas|1|.

Quais são os tipos de fontes históricas?

Vimos que o historiador Marc Bloch classifica as fontes históricas em


voluntárias e involuntárias, sendo essa uma definição usada por ele para se pensar a
importância das fontes para o historiador. Existem, no entanto, outras formas de
categorizar e tipificar as fontes.

José D’Assunção Barros organiza as fontes históricas em quatro tipos, que são:

 documentos textuais;
 vestígios arqueológicos e fontes da cultura material;

 representações pictóricas; e

 registros orais.

1. Documentos textuais: documentos governamentais, relatos de viagem, diários,


cartas pessoais e governamentais, crônicas, poemas, livros literários, jornais,
documentos de justiça, panfletos, cartilhas, revistas, etc.

2. Vestígios arqueológicos e fontes da cultura material: itens resgatados pela


arqueologia, como ruínas de construções, ruas, túmulos, roupas, armas,
cerâmica, etc. Além disso, objetos de tempos mais recentes, como roupas, copos,
móveis, itens pessoais, etc., também são considerados fontes da cultura material.

3. Representações pictóricas: pinturas rupestres, afrescos, quadros, fotos,


ilustrações, animações, etc.

4. Registros orais: testemunhos de pessoas que viveram determinados


acontecimentos, mitos de origem, lendas, etc.

Outra categoria utilizada pelos historiadores para se pensar as fontes históricas é


a que as divide em fontes históricas diretas e indiretas. Nesse caso, as fontes históricas
diretas são aquelas que foram produzidas pelos agentes que viveram os acontecimentos
históricos em questão. As fontes históricas indiretas são aquelas produzidas por algum
historiador ou estudioso baseado no estudo de uma fonte direta.

Portanto, quando analisamos o relato de Tucídides a respeito da peste de Atenas,


doença que atingiu essa cidade grega no século IV a.C., por exemplo, estamos
utilizando uma fonte histórica direta, porque Tucídides vivia em Atenas no período
dessa epidemia, tendo, inclusive, contraído a doença. Agora quando estivermos
estudando o assunto por meio do estudo promovido por um historiador moderno, aí
estaremos em posse de uma fonte histórica indireta.
TRÁFICO NEGREIRO
O tráfico negreiro é como chamamos a prática de tráfico de escravos da África
para o continente europeu e americano, incluindo o Brasil. O tráfico de escravos
consistiu, basicamente, na migração forçada de africanos com o intuito de escravizá-
los durante a colonização da América. Essa actividade, em nosso país, iniciou-se em
meados do século XVI e encerrou-se somente em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós.

Resumo

 O tráfico negreiro foi responsável por trazer, forçadamente, cerca de 11 milhões


de pessoas africanas para a América.

 As razões para a implantação da escravidão de africanos aqui foi a escassez de


mão-de-obra indígena aliada aos interesses metropolitanos em desenvolver o
comércio ultramarino.

 Os portugueses compravam os escravos em suas feitorias instaladas no litoral da


África.

 Os escravos eram obtidos como prisioneiros de guerra vendidos por


determinados reinos ou eram prisioneiros emboscados pelos traficantes.

 Enfrentavam uma viagem de mais de 40 dias, em condições degradantes, que


fazia com que vários escravos morressem durante a viagem.

 Vieram de diferentes regiões da África, como Senegâmbia, Angola, Congo e


Moçambique.

 Os locais no Brasil que mais receberam escravos foram Rio de Janeiro, Recife e
Salvador.

 O tráfico negreiro só foi proibido no Brasil em 1850, por meio da Lei Eusébio
de Queirós.

 Estima-se que o Brasil recebeu de 3,5 milhões a 5 milhões de africanos


escravizados. O país foi o que mais recebeu escravos africanos do mundo.
Como acontecia o tráfico negreiro

 Causas do tráfico negreiro

O tráfico negreiro no Brasil está directamente relacionado com o


desenvolvimento da produção açucareira aqui durante o período da colonização. O
tráfico de africanos para o Brasil associa-se, em partes, com o escasseamento da
população de escravos indígenas no Brasil, sobretudo a partir da década de 1550.

Vale destacar que a mortalidade de indígenas era excessivamente alta,


principalmente por conta das doenças trazidas pelos portugueses e para as quais os
indígenas não tinham defesa biológica. O historiador Boris Fausto, por exemplo, cita
que, somente entre 1562 e 1563, cerca de 60 mil indígenas morreram em decorrência
da varíola.|1|

Outra questão importante são os conflitos que existiam entre colonos e


jesuítas por conta da escravização dos indígenas. Os colonos instalados na América
portuguesa desejavam escravizar livremente os indígenas, enquanto os jesuítas lutavam
contra isso instalando os indígenas em suas missões e catequizando-os.

Mas o factor mais relevante, e que nos ajuda a entender a substituição da mão de
obra escrava dos índios pela dos africanos, está no funcionamento do sistema
económico da época baseado no mercantilismo. Em outras palavras, o tráfico negreiro
era uma actividade extremamente lucrativa para a metrópole, isto é, para Portugal. A
venda de escravos indígenas, por sua vez, movimentava a economia exclusiva da
colónia, e, assim, a fim atender a essa demanda da metrópole para a abertura de um
comércio altamente lucrativo, é que a escravidão africana foi inserida no Brasil.

Importante mencionar que os portugueses já utilizavam a mão de obra escrava


dos trabalhadores africanos. Nas ilhas atlânticas, os portugueses haviam instalado
o sistema de produção de açúcar com a utilização de trabalhadores africanos. Assim,
esse modelo acabou sendo exportado em larga escala para o Brasil, e isso inclui a
utilização dos africanos como trabalhadores escravizados.

Concluindo essa parte, o entendimento actual entre os historiadores é de que


questões pontuais existentes na colónia, como a escassez de mão de obra de indígena,
motivaram os colonos a adoptar outra mão de obra, e os grandes comerciantes
portugueses, percebendo essa demanda, instauraram o tráfico negreiro, uma vez que
esse negócio era muito lucrativo.

 Como funcionava o tráfico negreiro

A partir de meados do século XV, os portugueses começaram a instalar uma


série de feitorias na costa do continente africano. Por meio dessas, eles
desenvolveram relações diplomáticas com uma série de reinos africanos, assim
como relações comerciais.

Com o desenvolvimento da produção açucareira no Brasil, a demanda dos


portugueses por escravos aumentou consideravelmente, e, com isso, na década de 1450,
o número de escravos levados por portugueses era de 700 a 800, por ano.|2| A partir da
década de 1580, esse número já estava na casa dos três mil escravos transportados pelos
portugueses, anualmente.

Os portugueses tinham uma rede de relacionamentos, espalhada pelo interior


da África, que se dava por meio da penetração de padres e que garantia alianças com
reinos importantes, como foi o caso do Congo. Uma das feitorias mais importantes de
Portugal era a que foi instalada em Luanda (Angola).

A obtenção dos escravos começava no interior do continente africano, com os


cativos sendo prisioneiros de guerra que eram vendidos ou vítimas de emboscadas
realizadas pelos traficantes de escravos. Uma vez capturados, eram levados em uma
marcha, a pé, até o porto, do qual seriam encaminhados para a América. Também
recebiam uma marca, por meio de ferro quente, como forma de identificação à qual
comerciante pertenciam.

Nos portos, ainda na África, eram trocados por alguma mercadoria de valor,
como tabaco, cachaça, pólvora, objectos metálicos etc. Por fim, eram embarcados no
navio chamado de tumbeiro, que então os transportaria para a América. Alguns
escravos podiam ser encaminhados para a Europa, inclusive cidades como Sevilha e
Lisboa possuíam uma população expressiva de escravos africanos.

 Viagem nos navios negreiros


Os navios negreiros levavam de 300 a 500 escravos, e o tempo de viagem,
partindo de Angola, era de 35 dias, caso fossem para Pernambuco; de 40 dias, se fossem
para a Bahia; e de 50 dias, se fossem para o Rio de Janeiro.|4| No período de viagem, os
escravos encontravam condições totalmente desumanas e que eram responsáveis pela
morte de uma quantidade expressiva dos embarcados.

Muitos alimentavam-se apenas uma vez por dia e quase não recebiam água
potável. Eram aglomerados em porões, com uma quantidade elevada de pessoas, o que
tornava, muitas vezes, difícil respirar e facilitava a transmissão de doenças. Uma das
doenças que mais atingiam os escravos nos navios negreiros era o escorbuto, causado
por uma dieta pobre em vitamina C. As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa
Starling|5| enumeram outras doenças que eram comuns nos navios negreiros:

 Varíola;

 Sarampo;

 Febre amarela;

 Doenças gastrointestinais etc.

Os relatos existentes a respeito do tráfico negreiro confirmam as péssimas


condições a que os escravos eram sujeitos durante o período da viagem (mas não só
durante esse período). Existem historiadores que apontam que até metade dos cativos
morria durante a trajectória, enquanto outros sugerem que essa taxa era de, em média,
20%.

Além disso, os relatos também sugerem a motivação racista dos portugueses,


como o relato, destacado pelo historiador Thomas Skidmore, de Duarte Pacheco,
navegador português, que chamava os africanos de “gente com cara de cão, dentes de
cão, sátiros, selvagens e canibais”.

Consequências do Trafico de Escravos

Para estudar as consequências do tráfico de escravo, comecemos por um dado


evidente. Enquanto os intercâmbios da África ocidental se orientavam até então para o
norte e nordeste através do Saara e os impérios africanos estavam implantados no coração
do continente, de repente, tudo se altera: os intercâmbios se orientam para o Atlântico em
vez de para o Índico e os grandes estados do interior se decompõem.

CONSEQUÊNCIAS DEMOGRÁFICAS

As consequências demográficas são talvez as mais estudadas pelos


investigadores. A matança é, obviamente, enorme. Tem-se trabalhado no cálculo, mais
ou menos aproximado, do número de africanos e africanas, estas talvez um pouco
menos numerosas todos jovens, que foram deportados à América. Coincide-se mais ou
menos em admitir uma cifra aproximada de 12 a 15 milhões em quatro séculos. Mas a
África perdeu muito mais, em primeiro lugar, porque esta chacina de homens e
mulheres em idade de procriar, posto que os africanos de mais idade careciam de
interesse para os negreiros, reduziu necessariamente o crescimento demográfico normal
numa proporção que sem dúvida não poderá ser estabelecida nunca com exactidão.

As consequências políticas do tráfico não foram menos importantes. As antigas


estruturas políticas do Sudão nigeriano, do Chade e do Congo entraram em decadência
ao não poder se adaptar à situação criada pelo tráfico. O Congo, que se encontrava em
seu apogeu, não logrou resistir à pressão dos portugueses, que desde sua base de Santo
Tomé vinham a tirar escravos em seu território para sua colónia Brasil, apesar da boa
disposição de uma parte da aristocracia dirigente, que tinha-se convertido ao
catolicismo. Para consolidar seus negócios, os portugueses fomentaram a dissidência
dos chefes de províncias e estimularam a luta das facções que se disputavam o poder,
até que o país caiu na anarquia. A mesma sorte correu os reinos de Oyó e Benim, que
tinham atingido um certo equilíbrio institucional antes da chegada dos europeus. Não
puderam resistir as guerras constantes alimentadas pelo tráfico. Muito cedo as
províncias viraram principados independentes.

O LEGADO DA ESCRAVIDÃO

Na África, o resultado do sistema esclavagista foi devastador. Comunidades que


antes conviviam pacificamente se militarizaram e travaram guerras infindáveis.
Enquanto durou a escravidão, os escravos, assim "produzidos", eram vendidos em feiras
e exportados. Depois, os antagonismos étnicos entre os capturados e os captores se
acentuaram, de forma que mesmo após a retirada dos últimos colonizadores, já no final
do século XX, as guerras continuaram ocorrendo. Houve mais interferências externas. O
empresário inglês Cecil Rhodes, por exemplo, investiu largamente em mineração, e
fundou o estado da Rhodésia, depois dividido em Rhodésia do sul e Rhodésia do norte,
hoje Zâmbia e Zimbábue. Queria formar um império inglês. Mais tarde, o problema foi
agravado, e generalizado, pelo fato de a África ter sido dividida em países artificiais,
forjados pela régua dos burocratas da Organização das Nações Unidas (ONU) após a
Segunda Guerra Mundial. Sem levar em conta a cultura local, a ONU subjugou ao tacão
de líderes não reconhecidos como tal, povos com hábitos, idiomas e economias
diversas. Outras circunstâncias contribuíram para que a África chegasse ao século XXI
como o continente mais pobre, injusto e desigual do planeta. Uma delas foi a introdução
de mercadorias estrangeiras, ainda no tempo colonial, que provocou a ruína do sistema
de produção local.

Em Angola, o sistema do sobado entrou em decadência com a implantação de


plantations. Outros centros comerciais próximos ao Rio Kwanza, como o Dongo,
passaram a comercializar borracha, cera, café, amendoim e outros produtos demandados
pelos europeus – em detrimento da produção de bens de subsistência essenciais para a
população. O resultado dessa história milenar de exploração e injustiça são as guerras
civis e a extrema pobreza em que o continente chafurda até os dias atuais.

AS CONDIÇÕES DE TRAVESSIA DOS ESCRAVOS NO ATLÂNTICO

Navio negreiro era o nome pelo qual ficou conhecido o barco que
transportavam os negros destinados ao trabalho escravo no continente americano entre
os séculos XVI e XIX.

O primeiro embarque registrado de africanos escravizados ocorreu em 1525 e o


último em 1866. Até o início do século XVIII, antes das leis que começaram a proibir o
comércio de escravos, os negros era tratados como uma mercadoria semelhante a
qualquer outra.

Assim, os escravizados eram transportados nos porões dos navios onde


permaneciam confinados em viagens que poderiam durar dois meses, até a chegada ao
destino.

Eram embarcados à força e aprisionados em porões que mal davam para


permanecerem sentados. Os africanos escravizados eram mantidos nus, separados por
sexo e os homens permaneciam acorrentados a fim de evitar revoltas. Já as mulheres,
sofriam violência sexual por parte da tripulação.

Por vezes era permitido que pequenos grupos subissem ao convés para um
banho de sol. Havia também o sadismo por parte da tripulação que obrigava os
escravizados a dançarem ou os submetiam a humilhações diversas.

Calcula-se que, de 1525 a 1866 12,5 milhões de indivíduos (estima-se que 26%
eram ainda crianças) foram transportados como mercadoria para os portos americanos.

Destes, cerca de 12,5% (1,6 milhão) não sobreviveram à viagem. É importante


ressaltar que este número se refere apenas a quem morreu ainda durante a viagem. Esse
foi o maior deslocamento forçado da história registrado até o momento.

Doenças

As principais causas de mortes estavam relacionadas a problemas


gastrointestinais, escorbuto e doenças infecto-contagiosas - que também atingiam a
tripulação.

Revoltas

Outro factor que contribuía para o elevado número de mortes eram os castigos
aplicados aos revoltosos.

Grande parte dos escravos era obrigada a presenciar a punição a fim de que eles
fossem persuadidos de não tentarem o mesmo.

A mais conhecida foi a do navio "Amistad" em 1839 que teria sua estória levada
ao cinema. No entanto, outras revoltas como a do barco "Kentucky", de 1845, foi
sufocada e todos os negros jogados ao mar.

FIM DO TRÁFICO NEGREIRO

As condições dos navios pioraram à medida em que o mercado internacional


mudou o rumo e deixou de considerar lucrativa a captura e encarceramento dos negros
africanos.
A partir de 1840 (um século depois de se tornar a principal comerciante de
escravos do mundo), a Inglaterra passou a coibir o transporte negreiro.

Com a mudança da concepção sobre a escravidão humana, esta atividade passou


a ser considerada como tráfico negreiro.

Parte da frota britânica passa a fiscalizar as rotas e a capturar os navios


negreiros. Para não serem pegos em flagrante, muitas vezes os capitães ordenavam que
se jogasse a “carga” – vidas humanas – ao mar.

Para compensar a vigilância britânica, os traficantes aumentaram a quantidade


de cativos por navio. Isto reduziu drasticamente as condições sanitárias e estruturais das
viagens, aumentando o sofrimento e o número de óbitos.

EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA

A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos


XV e XVIII quando alguns povos europeus partiram para explorar o oceano que os
rodeava.

A expansão marítima europeia foi o processo de exploração oceânica que as


nações europeias realizaram no planeta entre os séculos XV e XVII. Por meio dela, os
europeus desbravaram os oceanos, chegaram a novos locais e estabeleceram novas rotas
de comércio marítimo.

A expansão marítima foi encabeçada por Portugal, o país pioneiro de todo esse
processo. Os portugueses reuniram as condições políticas, económicas e geográficas que
lhes permitiram dar início a esse movimento. Em seguida, os espanhóis montaram a
expedição que chegou à América, em 1492.
RESUMO SOBRE A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA

A expansão marítima foi o processo de exploração oceânica realizado pelas nações


europeias.

 Aconteceu entre os séculos XV e XVII, sendo iniciado por Portugal.

 Portugal reunia as condições políticas, económicas e geográficas que lhe


permitiram ser o país pioneiro desse movimento.

 O objectivo dos portugueses era encontrar uma rota até a Índia.

 Os espanhóis organizaram uma expedição que resultou na chegada dos europeus


à América, em 1492.

O que foi a expansão marítima europeia

A expansão marítima europeia é como conhecemos o período no qual alguns


países europeus realizaram expedições de exploração do oceano Atlântico
(inicialmente). Essas navegações se iniciaram no século XV e se estenderam até o
século XVII, levando os países europeus a desbravarem os três grandes oceanos.

Esse processo foi iniciado pelos portugueses e foi motivado por questões
religiosas, políticas e económicas. A partir da expansão marítima, os europeus chegaram
a locais que eles até então desconheciam e estabeleceram novas rotas comerciais por
todo o planeta. Focando no século XV, esse movimento resultou na chegada dos
europeus à América e na descoberta de uma rota marítima até a Índia.

FACTORES PARA A EXPANSÃO MARÍTIMA E O PIONEIRISMO


PORTUGUÊS

A expansão marítima europeia foi iniciada pelos portugueses no século XV. Até
então, os europeus tinham um conhecimento extremamente limitado sobre o oceano
Atlântico, que, durante esse processo, foi explorado, permitindo a descoberta de novas
rotas e a chegada dos europeus a novos lugares.

A expansão marítima só foi possível porque os europeus acumularam


conhecimento náutico, o que permitiu que eles pudessem transpor as barreiras da
navegação oceânica. Além disso, novas tecnologias tornaram possível navegar grandes
distâncias no oceano Atlântico. Foi o caso da invenção da caravela, por exemplo.

Portugal também possuía as condições económicas, geográficas e


políticas que lhe permitiram ser o país pioneiro na expansão marítima. Podemos
começar pelo fato de que Portugal era um país estável politicamente, e essa estabilidade
tinha relação com a Revolução de Avis, no final do século XIV.

Nessa revolução, Portugal garantiu o início de uma dinastia — a de Avis — que


estabeleceu uma monarquia centralizada e consolidada no país. Outros países europeus
passavam por grandes agitações políticas no mesmo período. Na questão territorial,
Portugal havia alcançado sua estabilidade desde o século XIII, quando Algarve foi
conquistada dos mouros.

Vizinha de Portugal, a Espanha travava conflitos com os mouros e com os


franceses por questões territoriais no século XVI. Com isso, percebemos que Portugal
gozava de uma estabilidade que lhe permitiu investir em actividades expansionistas,
como a marítima.

Economicamente, Portugal era um importante centro comercial, pois por


Lisboa, sua capital, uma rota marítima importante passava. Isso fazia da cidade um local
estratégico do ponto de vista económico. Além disso, o comércio em Lisboa havia
recebido grandes investimentos de comerciantes italianos.

Os comerciantes portugueses mantinham muitos contactos com


comerciantes árabes, e, quando as rotas tradicionais para ter acesso a estes
comerciantes — que passavam por Constantinopla — foram fechadas, em 1453, novos
acessos precisaram ser traçados. Os comerciantes árabes tinham duas mercadorias
valiosas para os portugueses: ouro e especiarias.

Para ter acesso novamente a elas, eram necessárias novas rotas para o Oriente, e
isso só seria possível por meio da exploração oceânica, daí o impulso pelo movimento
marítimo. Por fim, a localização geográfica foi fundamental, pois todo o litoral
português era voltado para o oceano Atlântico. Além disso, o litoral português fica
próximo a correntes marítimas que facilitavam a navegação.
A expansão marítima passou a ser vista como um grande projecto para a nação
portuguesa, sendo liderado pelos monarcas do país e apoiado pela população, pela
nobreza e pelo clero. Além do desejo económico, havia a missão de levar o catolicismo
para outros povos.

Expansão marítima portuguesa

O marco que deu início ao processo de expansão marítima de Portugal foi a


conquista de Ceuta, em 1415. Essa cidade fica no norte da África, e o objetivo da sua
conquista eram o acesso ao ouro árabe bem como o domínio do reino de João Preste,
um reino mítico que os europeus acreditavam se localizar na África.

As expedições portuguesas se encaminharam para o sul do oceano Atlântico,


sempre circundando o litoral do continente africano. Queriam encontrar uma rota que
permitiria os portugueses chegarem à Índia e, mais especificamente, ao mercado de
especiarias. Alguns grandes feitos dos portugueses na expansão marítima foram:

 chegada a Madeira (1420);

 contorno do Cabo Bojador (1434);

 criação da caravela (1441);

 travessia do Cabo da Boa Esperança (1488).

 chegada ao Brasil (1500).

É importante mencionar que, durante esse processo, os portugueses instalaram


uma série de feitorias no litoral africano, estabelecendo-as como postos de comércio
importantes, além de locais onde se desenvolveriam as acções do tráfico negreiro. Os
locais aos quais os portugueses chegaram, como Açores e Madeira, foram convertidos
em território português e explorados economicamente.

Expansão marítima espanhola

A expansão marítima portuguesa serviu de modelo para que a Espanha realizasse


uma importante expedição no final do século XV. No entanto, isso só foi possível
porque a Espanha derrotou os mouros, em 1492, conquistando o último domínio
mourisco na Península Ibérica — o Reino de Granada.

A Espanha (formada pelos reinos de Castela e de Aragão) financiou uma


expedição com três embarcações, lideradas pelo genovês Cristóvão Colombo. O
objectivo era chegar à Índia navegando pelo oeste, com base no princípio de que a Terra
era redonda. Essa expedição, em Outubro de 1492, chegou a Guanahani, resultando no
alcance europeu da América.

SOCIEDADE DAS NAÇÕES

Na sequência da Primeira Guerra Mundial, o presidente norte-americano


Woodrow Wilson propôs a criação de um mecanismo internacional capaz de assegurar a
paz, pela interposição de organismos de negociação e arbitragem entre as potências
desavindas. Procurava assim evitar a repetição do conflito, de acordo com os desejos da
opinião pública, que acreditara que a guerra de 1914-18 fora uma "guerra para acabar
com todas as guerras", como então se dizia.

Este desiderato seria cumprido pela Sociedade das Nações, criada em 1919, após
a assinatura do Tratado de Versalhes e pelos signatários do mesmo. O organismo
começou a sua actividade um ano mais tarde, mas a falência do projecto tornou-se
visível rapidamente, pela falta de autoridade real e pela inoperância para resolver
conflitos regionais de amplitude e gravidade excepcionais, como a conquista italiana
da Etiópia, a agressão japonesa contra a Manchúria e a Guerra Civil de Espanha.
Por outro lado, nem todas as nações foram tratadas de igual modo, pois os vencidos
da Primeira Guerra Mundial foram inicialmente banidos e a URSS, olhada com
manifesta desconfiança pelas democracias como pelas ditaduras, só muito tardiamente
foi reconhecida (1934), vindo a ser expulsa mais tarde, já durante a Segunda Guerra
Mundial (1940). Também os Estados Unidos, que entre as duas guerras mundiais
persistiram numa política de isolacionismo, se mantiveram de fora da organização.
Outro ponto fraco na vida da organização foram as relações com as potências
agressoras, como a Alemanha nazi e o Japão e, mais tarde, a Itália fascista, que a
abandonaram, para não se subordinarem aos ditames pacifistas que se encontravam no
seu espírito.
Incapaz de deter as agressões expansionistas, tanto na Europa como no Extremo
Oriente, a Sociedade das Nações paralisou durante o conflito de 1939-45, deixando de
funcionar totalmente, mas ainda levou a efeito uma sessão oficial depois do termo da
guerra (1947). Reconhecida a sua falência, embora o mundo ainda tivesse fé nos
princípios e objectivos que haviam norteado a sua criação, acabou por se dissolver, para
dar lugar à ONU, formada imediatamente após a Segunda Guerra Mundial com
objectivos idênticos aos da Sociedade das Nações.

OS OBJECTIVOS DA CRIAÇÃO DA SOCIEDADE DAS NAÇÕES

O final da Grande Guerra ditou o desaparecimento de quatro grandes impérios -


o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano e o Império Russo -
e o nascimento de novos Estados-Nações. A construção de uma nova ordem mundial
coube aos líderes das potências vitoriosas, os EUA, a Grã-Bretanha, a França e a Itália.
Uma das principais concretizações do pós-guerra foi a criação da Sociedade das Nações
(SDN), sediada em Genebra.

Woodrow Wilson foi um dos grandes impulsionadores da nova organização


mundial, moldada pelos princípios enunciados pelo presidente dos EUA nos seus
“Catorze Pontos”.

A SDN foi criada com o objetivo de garantir a paz internacional e a segurança


coletiva, colocando um travão a ameaças externas e impedindo que uma nova guerra
voltasse a eclodir. Deveria ainda promover a cooperação internacional em diversos
domínios, resolvendo dissensões económicas e sociais.

Sucessos e fracassos

Nos anos 30, a sua autoridade foi desafiada pelas potências revisionistas, o
Japão, a Itália e a Alemanha, tendo sido incapaz de evitar a eclosão de uma nova guerra
mundial.

No entanto, o balanço da sua ação não se pautou apenas por fracassos, tendo
sido bem-sucedida no domínio da cooperação internacional, por meio dos seus vários
comités e comissões. Foi o caso da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
ajudou a melhorar as condições laborais em todo o mundo, ou da Organização de Saúde,
que promoveu a investigação sobre epidemias, ajudando a combater a epidemia de tifo
na Rússia.

Já a Comissão de Mandatos foi responsável pela supervisão de territórios


retirados à Alemanha e à Turquia. Outra das tarefas que a SDN assumiu foi a protecção
das minorias étnicas, numa altura em que a Europa Central e de Leste viviam uma crise
humanitária.

Porque é que a SDN não foi capaz de assegurar a paz?

A SDN foi sempre encarada como uma organização estabelecida para servir os
interesses das potências vencedoras, nomeadamente da França e da Grã-Bretanha. Os
EUA, que haviam sido os grandes impulsionadores da sua criação e que eram a
principal potência mundial, acabaram por não integrar a organização, minando desde
logo os seus fundamentos.

Outras ausências significativas eram a Alemanha, que apesar de derrotada na


guerra e amputada territorialmente, continuava a ser uma grande potência no quadro
geopolítico europeu, ou a União Soviética. A Alemanha apenas foi admitida em 1926,
abandonando a organização depois da chegada de Hitler ao poder, e a União Soviética
em 1934.

A SDN não tinha uma força militar que pudesse ser utilizada para fazer cumprir
as suas diretivas. A Comissão de Desarmamento, por exemplo, nunca conseguiu
persuadir os estados membros a reduzirem os seus armamentos. Por outro lado, era
difícil chegar a decisões unânimes entre os estados-membros (começaram por ser 42,
inicialmente, aumentando até aos 58, em 1926).

No entanto, foram as agressões desencadeadas pelo Japão, pela Itália e pela


Alemanha que desacreditaram por completo a SDN. Em 1931 o Japão invadiu a
Manchúria, um território chinês. Apesar de a China ter apelado a uma intervenção da
SDN e de esta ter exigido a retirada das tropas, o Japão não obedeceu.

O prestígio da organização voltou a ser abalado quando, em 1935, a Itália


Fascista invadiu a Abissínia. Nem a condenação ou as sanções económicas impostas
pela SDN foram capazes de fazer recuar Benito Mussolini. A Grã-Bretanha e a França
não estavam dispostas a antagonizar o líder italiano, receando que isso o aproximasse de
Hitler.

Em 1935, Hitler reintroduziu o serviço militar na Alemanha e, em 1936, as


tropas alemãs ocuparam a zona desmilitarizada do Reno, sem que a SDN conseguisse
evitá-lo. Uma vez mais, franceses e britânicos não quiserem dar uma resposta firme para
parar esta nova agressão. As portas estavam abertas para novas agressões por parte da
Alemanha, que iria provocar uma guerra mundial. A SDN reuniu-se pela última vez em
Dezembro de 1939, sendo dissolvida em 1946.

SÍNTESE:

 Woodrow Wilson foi um dos grandes impulsionadores da nova organização


mundial.

 Nos anos 30, a sua autoridade foi desafiada pelas potências revisionistas.

 O balanço da sua acção não se pautou apenas por fracassos, tendo sido bem-
sucedida no domínio da cooperação internacional, por meio dos seus vários
comités e comissões.

 Os EUA acabaram por não integrar a organização, minando desde logo os seus
fundamentos.

PAÍSES DA LINHA DA FRENTE

Na década de 70, por exemplo, designavam-se por "Países da Linha da Frente”


os cinco países que se uniram para combater acções políticas e militares desencadeadas
pelo regime do Apartheid da África do Sul (Angola, Moçambique, Botswana, Tanzânia
e Zâmbia).

Os Estados da Linha da Frente (ELF) constituíam uma aliança de países


africanos desde os anos 1960 até o início dos 90, com o objectivo de acabar com
o apartheid e o regime de minoria branca na África do Sul. A Linha da Frente
incluía Angola, Botswana, Moçambique, Tanzania, Zambia e Zimbabwe,[2][3] tendo
terminado após a eleição de Nelson Mandela como Presidente da África do Sul em 1994
As independências de Angola e Moçambique vieram alterar o equilíbrio de
forças numa região onde os estados negros independentes tinham sido, até então,
demasiado fracos para se oporem aos regimes de minoria branca. Todos os estados
negros, em maior ou menor grau, apoiavam os movimentos de libertação que actuavam
no continente africano. Porém, esse apoio era quase sempre limitado, por um lado,
devido à falta de coordenação no apoio prestado, e, por outro, devido ao poderio militar
e económico da África do Sul, responsável pela política do apartheid.

o conceito de ELF nasceu no seio do Comité de Libertação da Organização da


Unidade Africana (OUA) e também do papel desempenhado pela Tanzânia como
retaguarda de apoio aos movimentos de libertação da África Austral, nomeadamente no
apoio à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Nesse sentido, no ano de


1976, Angola, Moçambique, Botswana, Tanzânia e Zâmbia decidiram criar os ELF. O
objectivo fundamental era o de coordenar esforços, recursos e estratégias de apoio aos
movimentos de libertação que actuavam na região: o ANC e o Congresso Pan-Africano,
na África do Sul; a SWAPO, na Namíbia; e a Zimbabwe African National
Union (ZANU) e Zimbabwe African People's Organisation (ZAPU), na Rodésia.

A criação dos ELF foi importante, pois marcou o início da coordenação dos
países da África Austral na oposição aos regimes de minoria branca. Devido à força do
regime sul-africano, as acções dos ELF tiveram como foco inicial apoiar outros
movimentos de libertação na região. Pouco a pouco, os ELF passaram a ser
considerados pela comunidade internacional como a vertente política de combate
ao apartheid.

A LINHA DA FRENTE: OBJECTIVOS DA SUA CRIAÇÃO

A Linha da Frente foi a primeira forma de Coordenação e Integração Regional


formalmente reconhecida dos países da África Austral e visava a Mobilização e
Cooperação de esforços para fortalecer os Movimentos de Libertação Nacional que
lutavam contra a opressão colonial na região.

A 15 de Fevereiro de 1965 os presidentes da Tanzânia (Julius Nyerere), e da


Zâmbia (Kenneth Kaunda), reuniram-se em Lusaka (capital da Zâmbia) para analisar a
situação política na Rodésia do sul (contra o plano da minoria branca de proclamar
unilateralmente a independência do território).

A reunião de Lusaka marcou o nascimento e o inicio da actividade da linha da


frente. Só em 1969 foi utilizada pela primeira vez a expressão PLF.

Em Abril de 1977, os presidentes Agostinho Neto, de Angola, Samôra Marchel,


de Moçambique, Seretse Khana, do Botswana, Julius Nyerere, da Tanzânia e Kenneth
Kaunda, da Zâmbia, reunidos em Lusaka, intensificaram esforços e criaram um novo
dinamismo para a Linha da Frente, no sentido de rapidamente conseguir-se resultados
na luta que visava o derrube do colonialismo e do apartheid na sub região
da África Austral.

Os países da Linha da Frente, uniram esforços no sentido de travar as acções de


desestabilização militar, desencadeadas pelo regime do Apartheid da África do Sul
contra os países independentes da região.

A Linha da Frente, tinha por objectivo a libertação total dos povos e territórios
oprimidos e sob dominação política, económica e social na África Austral.

A independência do Zimbabwe foi sem dúvidas uma vitória do movimento da Linha da


Frente:

Solidificada a organização, os estados independentes da região sentiram a


necessidade de se engajarem no seu desenvolvimento sócio-económico, com vista à
erradicação da pobreza dos países e povos da região. Foi assim que, resolveram criar à 1
de Abril de 1980 em Lusaka a Conferência para a Cooperação de Desenvolvimento
da África Austral (SADCC), cujo objectivo era tornar a região forte economicamente e
livre da dependência económica que alguns países tinham da África do Sul.

Na Cimeira de 17 de Agosto de 1992 em Windhoek, os chefes de estado e de


governo da região, livre do colonialismo, não obstante a guerra civil, que ainda se fazia
sentir em alguns países da região (Angola e Moçambique), a Conferência para a
Coordenação e Desenvolvimento da África Austral (SADCC), deu lugar a Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral (SADC), com o objectivo de promover a paz,
reduzir a pobreza, melhorar o nível de vida na região, fomento da cooperação nas
estratégias económicas etc...

CRIAÇÃO DA SADC

A SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) é um bloco


econômico formado pelos países da África Austral. São eles: África do Sul, Angola,
Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Maurícia,
Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue.

A Southern Africa Development Community como é chamada oficialmente, se


originou em 1992 a partir da transformação da SADCC, criada desde 1980 e que era
constituída por nove nações. Actualmente, a SADC é formada por 14 países-membros,
totalizando um PIB de cerca de 226 bilhões de dólares e uma população de 210 milhões
de pessoas.

Os objectivos do bloco é, em síntese, proporcionar o crescimento das economias


dos países africanos e consequentemente, o desenvolvimento e a melhoria na qualidade
de vida de seu povo. Outros objectivos não menos importantes são: a promoção da paz e
da estabilidade da região, do desenvolvimento sustentável e do combate à AIDS; e a
reafirmação dos legados socioculturais africanos.

Esses países, com exceção da África do Sul, que se situa em um grau bem mais
elevado de desenvolvimento económico, passaram a adoptar medidas para alcançar o
mercado regional, sendo que nesse caso, o desenvolvimento da indústria local é
fundamental para a diminuição da dependência dos produtos estrangeiros. Dessa forma,
a produção desses países referidos tem se concentrado na produção de produtos de base.

O principal parceiro econômico da SADC é a União Européia, no entanto, essas


relações comerciais vêm diminuindo bastante: de 7% na década de 80 para 3%
atualmente. Além disso, diversas medidas estão sendo adotadas para tentar diminuir a
dependência desses países com as nações desenvolvidas.

Principais dados da SADC:

- População: 296 milhões de habitantes (estimativa 2022)


- PIB: US$: 1,52 trilhão (em 2022 - estimativa)

- PIB per capita: US$ 4.720,00 (estimativa 2022)

- Área total (todos os países juntos): cerca de 9,9 milhões de km²

- Idiomas oficiais: inglês, francês e português.

Principais objectivos

Os principais objectivos da SADC consistem em alcançar o desenvolvimento


económico, a paz e a segurança, o crescimento, reduzir a pobreza, elevar o nível e a
qualidade de vida das populações da África Austral, e apoiar as camadas sociais
desfavorecidas, mediante a integração regional. Estes objectivos deverão ser alcançados
através de uma maior integração regional, assente em princípios democráticos e no
desenvolvimento equitativo e sustentável.

Os objectivos da SADC, estipulados no artigo 5.º do Tratado da SADC (1992) são:

 alcançar o desenvolvimento e o crescimento, reduzir a pobreza, melhorar o nível


e a qualidade de vida das populações da África Austral e apoiar as camadas
sociais desfavorecidas, mediante a integração regional;

 promover valores, sistemas e instituições políticas comuns;

 promover e defender a paz e a segurança;

 promover o desenvolvimento auto-sustentável, com base na auto-suficiência


colectiva e na interdependência dos Estados-Membros;

 assegurar a complementaridade entre as estratégias e os programas nacionais e


regionais;

 promover e maximizar o emprego produtivo e o aproveitamento dos recursos da


região.

 assegurar o aproveitamento sustentável dos recursos naturais e a protecção


efectiva do meio-ambiente;

 fortalecer e consolidar as afinidades e os laços históricos, sociais e culturais


existentes à longa data entre os povos da região.
O QUE FOI A REVOLUÇÃO AMERICANA

A Revolução Americana foi iniciada pela insatisfação colonial com o aumento


da exploração colonial nas Treze Colônias da América do Norte.

"A Revolução Americana é também conhecida como a independência dos


Estados Unidos e foi declarada em 4 de julho de 1776. Com esse processo, houve a
separação das Treze Colônias da América do Norte do vínculo colonial que existia
desde meados do século XVII e a transformação dos Estados Unidos em uma nação
independente, com um sistema republicano e federalista.

Apesar de baseada nos ideais iluministas, que pregavam ideais de liberdade e de


igualdade de direitos, a independência dos Estados Unidos foi realizada pela elite
colonial e visava à garantia dos interesses e privilégios dessa classe. Ela serviu de
inspiração para outros movimentos semelhantes na América."

"Resumo sobre a Revolução Americana

Também conhecida como independência dos Estados Unidos, foi declarada em 4


de julho de 1776 e resultou na autonomia das Treze Colônias em relação à metrópole
inglesa.

Suas causas estavam relacionadas com o endividamento inglês pós-guerras e a


consequente cobrança exacerbada de impostos da colônia para o pagamento das dívidas.

A Leis Intoleráveis, como a Lei do Selo e a Lei do Chá, resultaram na revolta


dos colonos, que foram duramente reprimidos.

Após o primeiro e o segundo Congresso Continental da Filadélfia, a elite social e


econômica das Treze Colônias deu início ao processo de independência.

Tal processo foi revidado pela colônia, no que ficou conhecido como as Guerras
de Independência dos EUA.

Após o fim desses conflitos, houve a assinatura do Tratado de Paris, no qual os


ingleses reconheceram a independências das colônias americanas, agora nomeadas
Estados Unidos da América."
"Causas da Revolução Americana

O movimento de independência dos Estados Unidos foi motivado pelo


descontentamento com a ampliação da exploração da metrópole sobre a colônia. As
Treze Colônias foram constituídas com um alto grau de autonomia (diferentemente do
que aconteceu com as colônias espanholas e portuguesas), e, a partir do século XVIII, as
tentativas inglesas de reduzir essa autonomia geraram insatisfação.

Durante o século XVII, a Inglaterra envolveu-se em uma série de conflitos, tanto


na Europa como na América do Norte, o que afetou seus cofres. Desses conflitos, o de
maior importância foi a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que colocou ingleses e
franceses em oposição. Ao final dela, a Inglaterra saiu vitoriosa, porém bastante
endividada."

"A vitória inglesa na guerra deu ao país acesso a uma grande quantidade de
terras no oeste que eram do interesse dos colonos. A Coroa inglesa, porém, proibiu a
ocupação dessas terras para evitar confrontos com as nações indígenas, desagradando
aos colonos da América.

Com o envolvimento nessas guerras, a Inglaterra viu-se endividada, e a colônia


passou a ser enxergada como forma de obter a recuperação econômica. Isso fez com que
diversos impostos, visando ao aumento da arrecadação, fossem decretados pela
Inglaterra. Esses impostos e leis também pretendiam impor controle sobre a economia
da colônia para torná-la mais dependente da metrópole. Essa necessidade de controle
sobre a economia das Treze Colônias e de torná-la dependente das mercadorias inglesas
era consequência do desenvolvimento fabril da metrópole, que acontecera com a
Revolução Industrial."

"O que foram as Leis Intoleráveis?

O aumento do controle metropolitano sobre a colônia levou a Inglaterra a


decretar leis bastante impopulares na América e que ficaram conhecidas como Leis
Intoleráveis. Foram elas:

 Lei do Selo: datada de 1765, nela se decretou que todo documento impresso na
colônia somente seria válido ao receber um selo inglês. Esse decreto provocou
muitos protestos na América, o que fez os ingleses revogarem-no no ano
seguinte.
 Lei do Chá: foi o estopim do movimento de independência, determinando o
monopólio da venda do chá na América para a Companhia das Índias Orientais.
Isso desagradou às elites locais e causou uma pequena revolta conhecida como
Festa do Chá de Boston, na qual colonos invadiram o porto de Boston e
lançaram mais de 300 caixas de chá ao mar."

"A demonstração de rebeldia dos colonos foi acompanhada de forte repressão da


colônia, que respondeu ocupando a colônia de Massachusetts, impondo a proibição de
reuniões nessa cidade e exigindo o pagamento dos prejuízos por parte dos colonos.

"Quais foram as consequências das Leis Intoleráveis?

Após as Leis Intoleráveis, a elite colonial reuniu-se no Primeiro Congresso


Continental da Filadélfia, em que representantes das colônias, com exceção da Geórgia,
redigiram um documento para o rei inglês Jorge III, no qual protestavam contra as
medidas impostas, mas reafirmavam a lealdade para com o rei. A resposta da metrópole
foi mais repressão, com o aumento no número de soldados instalados na colônia.

Isso resultou na realização do Segundo Congresso Continental da Filadélfia, em


que a elite colonial reuniu-se novamente e concluiu que não era mais possível manter-se
sob o domínio inglês em vista do desrespeito da metrópole com os interesses coloniais.
Assim, foi redigida a declaração de independência, emitida no dia 4 de julho de 1776.

O processo de independência das colônias inglesas levou a um conflito armado


com a Inglaterra, que procurava assegurar o seu domínio sobre a colônia. As guerras de
independência dos Estados Unidos estenderam-se até 1781, com uma batalha na cidade
de Yorktown.

Com o fim da guerra, os ingleses assinaram o Tratado de Paris, em 1783, no qual


reconheceram a independência de sua ex-colônia. A partir da independência, as Treze
Colônias adotaram um modelo republicano e um sistema federalista, que garantiu a
aplicação de autonomia para os estados. O nome adotado para a nova nação foi o de
Estados Unidos da América."

Guerra dos Sete Anos


A Guerra dos Sete Anos foi o maior conflito entre nações europeias do século
XVIII e repercutiu também nas colônias americanas.

"Ao longo dos séculos XVI e XVII, houve a formação e a consolidação dos
Estados Modernos Europeus, que tiveram como modelo político predominante o
absolutismo monárquico e como sistema econômico o mercantilismo. Muitos desses
Estados também se tornaram potências ultramarinas, isto é, conquistaram territórios e
construíram colônias fora do continente Europeu. Na segunda metade do século XVIII,
grande parte desses Estados entrou em conflito, produzindo uma guerra de proporções
globais que ficou conhecida como a Guerra dos Sete Anos (1756-1763).

O ponto de saturação para a deflagração da guerra foi a disputa, na década de


1740, entre o então Reino da Prússia e o Império Austríaco pela região de Silésia, que
fica entre as atuais Polônia, República Tcheca e Alemanha. O rei prussiano Frederico II
havia montado um exército muito poderoso e vinha demonstrando progressivamente a
pretensão de expandir seu reino, fato que desagradava a vizinha Áustria, que possuía
interesses semelhantes."

"Em 1756, começaram as chamadas Guerras Silesianas, que acarretaram uma


sucessão de batalhas entre austríacos e prussianos. As principais dessas batalhas foram
as de Kolin, região próxima à cidade de Praga, palco da primeira grande derrota de
Frederico II, e a de Leuthen, da qual o rei prussiano saiu vitorioso. À medida que as
disputas entre Áustria e Prússia iam se tornando mais acirradas, as alianças com outras
monarquias começaram a ser feitas.

"A França passou a apoiar a Áustria contra a Prússia, e essa última recebeu o
apoio dos ingleses, que já eram inimigos históricos dos franceses. A Rússia teve dois
posicionamentos distintos na guerra: inicialmente, quando era governada pela czarina
Elisabete, colocou-se contra a Prússia, depois, quando Pedro, o Grande, subiu ao trono
como czar, passou a dar apoio a Frederico II, voltando-se contra a Áustria.

O fato é que, de 1756 para 1757, a guerra, em virtude das alianças, começou a se
alastrar para outros domínios. Franceses e ingleses entraram em confronto na ilha de
Minorca, um dos lugares estratégicos do Mar Mediterrâneo, em 20 de maio de 1756.
Esse episódio ficou conhecido como a Batalha de Minorca e é tido como o ponto de
expansão da guerra para além dos domínios europeus, já que as colônias francesas e
inglesas na América do Norte também entraram em conflito, acompanhando o
desenrolar da guerra nas metrópoles.

Portugal, que inicialmente se colocara ao lado dos franceses e austríacos, junto


aos espanhóis, procurou manter-se isolado da guerra até 1762, quando foi confrontado a
explicitar sua posição. Como a corte lusitana possuía relações comerciais lucrativas com
a Inglaterra desde 1703 e vinha passando por várias reformas operadas pelo Marquês de
Pombal, os portugueses preferiram mudar de lado e dar apoio à Inglaterra. Esse gesto
levou a Guerra dos Sete Anos também para a América do Sul, em especial para a região
do Sul do Brasil, em que houve a invasão do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul)
pelos espanhóis, aliados dos franceses.

A guerra só teve fim em 10 de fevereiro de 1763, quando foi assinado o Tratado


de Paris. Apesar dos milhares de mortos e do esgotamento econômico, o Estado
Prussiano saiu vitorioso da guerra, junto aos seus aliados ingleses, ambos se
consolidando como grandes potências, o que permaneceu até a época das Guerras
Napoleônicas, nas duas primeiras décadas do século XIX."

AS SOCIEDADES PRE AMERICANAS

Diversas aldeias agrícolas surgiram na região do México, a partir de 7000 a.C,


devido à presença de solos férteis, pequenos rios e clima favorável à agricultura.

Na região da cordilheira dos Andes, o cultivo agrícola permitiu o aparecimento


de pequenas aldeias, em torno de 4500 a.C., parte de um sistema que articulava a região
costeira, as florestas e a serra.

A partir dessas primeiras aldeias da América, constituíram-se diversas


sociedades, entre as quais olmecas, maias, astecas e incas. Nelas o poder político esteve
associado ao controle das forças da natureza e o armazenamento dos excedentes
agrícolas.

Olmecas

Na região do México, em torno de 1200 a.C, constituiu-se a sociedade olmeca,


que, além da agricultura, desenvolveu a arquitetura e um tipo de escrita que visava
registrar conhecimentos astronômicos, religiosos e acontecimentos da história olmeca.
Maias

Por volta de 1000 a.C., algumas das aldeias do Vale do México deram origem a
cidades que, em torno de 200 d.C. foram submetidas pelos maias um dos povos fixados
na região, cujas cidades estenderam-se pelo território que atualmente corresponde a
México, Guatemala, Honduras e El Salvador.

As atividades econômicas estavam baseadas na agricultura e no comércio. As


cidades eram a base de sua organização político-religiosa. Cada cidade era um centro
político, independente das demais, com autonomia e com leis e governos próprios.

Nelas habitavam a família, sacerdotes, governantes e servidores do estado,


principalmente os cobradores de impostos. A seguir, na escala social, encontravam-se os
comerciantes e artesãos. Na base social, encontravam-se aos agricultores e trabalhadores
braçais, que habitavam as áreas rurais.

Astecas

Por volta do início do século XIII, os mexicas, ou astecas, combateram e


submeteram os maias, estabelecendo-se no Vale do México. No decorrer do século XV,
os astecas reuniram um poderoso império na região, incorporando também as culturas
que ali haviam se desenvolvido e controlando diversas cidades.

No topo da sociedade asteca encontrava-se o imperador, chefe supremo do


exército e da sociedade. Abaixo dele encontrava-se uma nobreza, composta de
guerreiros e altos funcionários da administração do império.

Ao lado dessa nobreza havia um grupo de sacerdotes encarregados dos cultos


religiosos. Havia ainda agricultores, comerciantes, artesãos e camponeses que
prestavam serviços obrigatórios na construção de obras públicas e em campanhas
militares.

Incas

Os incas constituíram-se em um império, por volta do século XII, que se


estendia pela região do Peru, Colômbia, Equador, Bolívia e Chile.
Na sociedade inca o soberano (inca) e seus descendentes ocupavam o topo da
escala social. A seguir havia uma aristocracia formada por sacerdotes e militares. Uma
pequena nobreza era formada pelos chefes regionais (kuracas) e funcionários
qualificados. A seguir, a massa da população, composta de comerciantes e artesãos,
agricultores e, por último, os escravizados, obtidos nas guerras e conquistas.

1 – Quais os conhecimentos desenvolvidos pela sociedade Olmeca?

2 – Caracterize as cidades Maias.

3 – Como estava organizada a sociedade Asteca?

4 – De onde vem o nome da sociedade Inca?

Os maias são a civilização mais antiga entre os três grupos mencionados: maias,
incas e astecas. A civilização maia floresceu na região que hoje é conhecida como
América Central, incluindo partes do sul do México, Guatemala, Belize, Honduras e El
Salvador. A civilização maia teve seu auge entre os séculos VI e IX d.C.

Os astecas, por outro lado, eram uma civilização que se desenvolveu mais tarde,
no planalto mexicano. Eles estiveram no auge de seu poder entre os séculos XIV e XVI
d.C., muito depois dos maias.

Os incas eram a civilização mais recente dos três grupos mencionados. O


Império Inca se expandiu rapidamente no século XV d.C. e estava no auge de seu poder
quando os espanhóis chegaram à América do Sul no início do século XVI.

Portanto, em termos de antiguidade, os maias são os mais antigos, seguidos pelos incas
e, por fim, pelos astecas.

Confira um resumo breve sobre os maias, os incas e os astecas:

1. Maias:

o Localização: Civilização mesoamericana, na região que hoje é o sul do


México, Guatemala, Belize e partes de Honduras e El Salvador.

o Período de apogeu: Aproximadamente entre 250 e 900 d.C.


o Características: Desenvolveram avançados conhecimentos em
astronomia, matemática e arquitetura. Criaram um sistema de escrita
hieroglífica.

2. Incas:

o Localização: Civilização andina, na região dos Andes, abrangendo o


Peru, Equador, Bolívia, parte do Chile e Argentina.

o Período de apogeu: Entre os séculos XV e XVI.

o Características: Construíram um vasto império com uma administração


centralizada, estradas elaboradas (como a famosa Trilha Inca), e eram
conhecidos por suas técnicas agrícolas avançadas, como as terraças.

3. Astecas:

o Localização: Civilização mesoamericana, centrada no vale do México,


com a cidade de Tenochtitlán como capital.

o Período de apogeu: Séculos XIV e XV.

o Características: Construíram uma sociedade militarista e hierárquica.


Tinham uma religião complexa com sacrifícios humanos.
Desenvolveram técnicas agrícolas como chinampas (ilhas artificiais).

TEMA 2 - ANGOLA, DE 1975 À ACTUALIDADE

Breves Considerações
Portugal para o seu domínio colonial em Angola, contou primeiramente com os
degredados, criminosos e indesejáveis da sociedade portuguesa. Estes seres humanos da
pior espécie da sociedade portuguesa são os que asseguraram o povoamento. Com o
fracasso deste tipo de povoamento, os portugueses vão usar pequenos comerciantes e
por fim os colonos brancos. Porém, Fernandes e Capumba, 2006, sustentam que, os três
tipos de estratos do modelo colonial Português foram os auxiliares da autoridade
portuguesa para a «civilização» dos africanos. É de salientar também que, a civilização
dos povos africanos consistiu na fixação de lavradores portugueses rurais no interior das
colónias. Mesmo com os fracassos deste tipo de colonização, Portugal continuou a
considerar o povoamento branco rural como a pedra angular da sua colonização. Este
modelo era chamado de povoamento dirigido ou planificado, que consistia no transporte
gratuito de colonos brancos de 1900-1972. Estes, ao chegarem para Angola, recebiam as
terras dos proprietários tradicionais africanos, habitação, animais, sementes, subsídios e
ocasionalmente, apoio técnico. Portanto, este tema tem o seu fundamento depois da
Guerra de Libertação Nacional (GLN) em Angola, no ano de 1961. Isto fez surgir a
integração dos Angolanos nos colonatos.

Para Fernandes e Capumba, 2006, Portugal responde esta acção dos Angolanos
com algumas medidas coercivas. Decretou algumas leis resultantes da mudança de
orientação política para enfrentar a nova realidade na colónia. Destacam-se os seguintes
pontos levantados nestes decretos-leis:

 O Eliminar o estatuto do indigenato, abolindo a distinção entre os não cidadãos e


«não civilizados»; o Alargar o regulamento das concessões e ocupação de terras;
o Criar organismos administrativos africanos locais;

 O Coordenar as leis gerais e consuentundinárias ;

 O Criar a Junta Provincial de Povoamento de Angola. Por outro lado, Francisco,


B. M. L. (s.d) Sustenta que, até princípios do século XIX os portugueses apenas
dominavam alguns pontos do litoral de Angola, tais como: Luanda, sua capital;
Benguela; Moçâmedes; Cabinda, no interior ocuparam o reino Congo, Ndongo e
Matamba.

Noutros pontos do território a administração portuguesa encontrava-se débil


devido a resistência dos angolanos. Também o número reduzido de colonos e
centravam-se mais nas zonas litorais. Por exemplo em 1846 a população europeia em
Angola constava (contava) com: o Luanda- 1466 homens e 135 mulheres perfazendo
1601 europeus. o Benguela - 38 homens e 1 mulher perfazendo 39. o Pungo a
Dongo 25 homens e 8 mulheres perfazendo 33. o Massangano 20 homens e 2
mulheres totalizando.22. o Moçâmedes 20 homens e nenhuma mulher total 20. o
Outros locais 105 homens e 10 mulheres total 115 europeus. A fraca densidade
populacional branca em Angola deve-se a reputação de Angola como túmulo do homem
branco, intensamente, propagado na Europa.

2.1- A REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA DE 1975 -1990

Contexto histórico-geográfico

É um país localizado na África Austral situado nos hemisférios Sul e Este. Tem
as seguintes coordenadas geográficas: 12° 30´ Sul e 18° 30´ Este. É limitada a Norte
pela República do Congo (Brazzaville) e pela República Democrática do Congo e a Este
pela República da Zâmbia; a Sul pela República da Namíbia e a Oeste pelo Oceano
Atlântico. Possui uma superfície total de 1.246.700 Km2.

2.1.1- A conjuntura da transição para a independência

O processo de descolonização nas colónias portuguesas em África foi totalmente


diferente. Por exemplo no caso de Angola, foi complexo devido a vários factores: A
falta de unidade dos Movimentos de Libertação Nacional Angolano, destacadamente a
FNLA, MPLA e a UNITA, e por outro lado, pela influência ideológica das potências
que apoiaram estes movimentos no quadro da luta armada, o que impossibilitou a
materialização do Acordo de Alvor tivera sido um verdadeiro fracasso.

Angola vivia uma situação de estagnação económica que decorria das próprias
características da exploração colonial. Tornava-se escassa o capital de investimento e a
poupança local era invisível nesta época, a pobreza da população era visível e não
dinamizava o mercado, faltavam equipamentos, técnicos e pessoal qualificado. Segundo
Fernandes e Capumba, 2006, p.51,

"estes também não abundavam em Portugal e os que ali se formavam não tinham
razões para emigrar para uma Angola distante e considerada insalubre".
Por outro lado, depois da Segunda Guerra Mundial, como estratégia para manter
as colónias, estas passaram a ser designadas No entanto, a vida económica das colónias
continuava atrasada e as instituições políticas administrativas e sociais continuaram
subordinadas à metrópole.

Durante este período, era praticamente gratuito. O que quer dizer que, que os
trabalhadores assalariados eram importantes para as plantações, minas e unidades
pesqueiras, ou mesmo para serviços municipais. A escassez e falta de qualificação de
mão-de-obra disponível eram assim «compensada» pela sobre-exploração das
comunidades rurais, quer dos que partiam quer dos que ficavam, a destacar: mulheres
(recebiam tarefas mais pesadas e maiores responsabilidades) . Para alguns
historiadores, no período colonial as exportações eram meramente tradicionais e
baseavam-se sobretudo no sector agrícola (milho, café, algodão, óleo de palma, sisal) e
nos diamantes (através da Companhia de diamantes-DIAMANG). Contudo, o café
tornou-se o mais valioso desses produtos, ultrapassando o milho em 1942 e os
diamantes em 1946, mantendose imbatível, à cabeça das exportações angolanas até
1973, quando o petróleo passou para primeiro lugar.

Concluindo, no dia 27 de Julho de 1974 foi promulgada a Lei 7/74, na sequência


do Golpe de Estado de 25 de Abril e dos acontecimentos revolucionários subsequentes,
foi finalmente reconhecido aos territórios ultramarinos o direito à auto determinação. O
ano de 1975 abre com um governo de transição quadripartido, saído dos Acordos de
Alvor.

2.1.2- Os Movimentos de Libertação Nacional

Depois do 25 de Abril, apesar do entusiasmo que tinha trazido o derrube do


Sistema Colonial e Fascista português, surgiram vários problemas a destacar a
legitimidade dos movimentos políticos historicamente descritos abaixo. Foram fundadas
as primeiras organizações políticas I) Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola
(PLUAA) fundado em 1953; II) Em Luanda, perante o insucesso do PLUAA, os
subscritores do Manifesto lançam, em 1958, um novo movimento menos conotado com
o marxismo e com características nacionalistas mais vincadas; esse movimento viria a
chamarse, por iniciativa de André Franco de Sousa, de Movimento para a
Independência de Angola (MIA); III) União dos Povos do Norte de Angola (UPNA)
fundada em 1957; A UPNA torna-se União dos Povos de Angola (UPA) e abre-se a
todos os angolanos, que mais tarde se torna Frente Nacional de Libertação de Angola
(FNLA), a 22 de Março de 1962 de Holden Roberto; IV) Partido Comunista de Angola
(PCA) , Movimento para a Independência Nacional de Angola (MINA) foi fundado em
1959; Movimento de Libertação Nacional (MLN), este Movimento como Órgão Activo
e Executivo começa em 19 de Outubro de 1957; Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA) liderada por António Agostinho Neto, fundado a 10 de Dezembro de
1956, a União Nacional da Independência Total de Angola (UNITA) de Jonas Savimbi,
fundada em 1966. Portugal, para reprimir estas manifestações, enviou para Angola a
Para Angola foi enviada, em 1957, a PIDE, a polícia política que rapidamente se
espalhou por toda a colónia, alastrando os seus (ouvidos) aos países vizinhos,
nomeadamente aqueles onde havia refugiados angolanos, antecipando-se à chegada das
primeiras tropas especiais portuguesas (Junho de 1960). Porém, a prisão e o julgamento
do Processo dos Cinquenta, em 1959, ficarão gravados em letras de ouro na História de
Angola como o despertar para a liberdade e Independência do Povo angolano.

Sobretudo porque as três listas dos julgamentos já incluíam pretos, brancos e


mistos, todos unidos para uma causa comum a Independência do País para todos, contra
o colonialismo português. Quando os três principais movimentos (FNLA, MPLA e
UNITA) caminhavam para a tomada do poder tinham um número reduzido de militantes
e divididos em aspectos fundamentais sobre o futuro de Angola.

ANTECEDENTES DA INDEPENDÊNCIA

Acordo de Mombaça Para ultrapassar estas diferenças, os três Movimentos de


Libertação assinaram em Mombaça (Quénia), a 4 de Janeiro de 1975, uma Declaração
Comum de Princípios, nos seguintes termos: Terminou a reunião entre o MPLA, a
FNLA e a UNITA com a aprovação de uma plataforma de negociação com Portugal
sobre as modalidades da independência. Dessa plataforma foram destacados quatro
princípios fundamentais:

* Princípio da legitimidade revolucionária, isto é, a exclusão de qualquer outro partido


angolano na fase de preparação da independência;

* Princípio da necessidade de um período de transição;


* Princípio da integridade territorial do país, com referência expressa ao enclave de
Cabinda como parte integrante e inalienável do território angolano;

* Princípio da aceitação de que todos os cidadãos (nascidos em) de Angola poderão


tornar-se cidadãos do novo país.

Cimeira de Nakuru

Devido o fracasso do Acordo de Alvor, surge outro acordo/Cimeira de Nakuru


onde participaram os líderes dos três movimentos de libertação de Angola, signatários
do Acordo de Alvor, Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas
Savimbi (UNITA), reuniram-se de 16 a 21 de Junho de 1975 em Nakuru (Quénia) numa
cimeira que ficou conhecida por «Cimeira de Nakuru», com a finalidade de pôr cobro à
onda de violência que assolava o país e que colocava em risco o Acordo de Alvor.
Depois de analisada a situação político-militar, os três movimentos concluíram que as
causas principais da deterioração da situação político-militar em Angola, eram as
seguintes:

1- A introdução pelos movimentos, de grande quantidade de armamento


sobretudo em Luanda, depois da sua implantação na capital. Esta situação ocorreu por
falta de confiança mútua entre os movimentos, devido às divergências político-
ideológicas.

2- A falta de tolerância política por parte de muitos dos seus membros,


sobretudo na sua actuação violenta contra os outros movimentos.

3- A existência de zonas ditas favoritas ou de influência (baseadas na maior


parte das vezes na origem étnica do líder ou da maioria dos membros dos movimentos,
principalmente os da direcção).

4- O armamento da população civil, os confrontos entre forças militares dos


diferentes movimentos que causam não só numerosas vítimas como atiçava o
tribalismo, o regionalismo e o racismo.

Perante esse diagnóstico feito pelos movimentos para o estabelecimento de um


clima de paz e de harmonia, o MPLA, a FNLA e a UNITA decidiram:
 a)- Criar um clima de tolerância política e de unidade nacional.

 b)- Comprometer-se a pôr cobro a todas as formas de violência e de


intimidações.

 c)- Libertar todos os presos que se encontravam ainda sob controlo de cada um
dos movimentos.

 d)- Garantir a todos movimentos de libertação o direito à livre actuação política


em qualquer parte do território nacional.

 e)- Acelerar a formação do exército nacional.

 f)- Desarmar a população civil.

 g)- Expulsar os agentes da ex-PIDE que ainda se encontravam em Angola.

 h)- Tomar as mediadas para neutralizar as reacções internas e externas.

 i)- Recomendar aos órgãos de informação oficial e dos movimentos de


libertação, a maior divulgação das disposições da cimeira de Nakuru
(Vide História do MPLA Vol. II, 2008: 204 apud Maria, A.P.F; Silva, F. R. da;
et al. 2009).

2.1.3- A Proclamação da Independência

Várias foram as causas que motivaram Portugal a assumir uma postura diferente
dos demais colonizadores em África, foram nomeadamente o surto de grupos de
movimentos contestatários que reivindicavam, uns, o fim da manutenção da soberania
portuguesa na colónia, a aceitação do princípio da autodeterminação dos povos, seguida
de uma completa descolonização e independência do território, etc.

No entanto, na violação do acordo de Alvor, a bandeira portuguesa foi arreada


com o mínimo de cerimonial no dia 10 de Novembro de 1975. Assim, as zero (0) horas
do dia 11 de Novembro de 1975 em Luanda, o MPLA na pessoa do seu presidente,
proclamaram a Independência Nacional, denominando o Estado como República
Popular de Angola (RPA). Com efeito, Rosa Coutinho, enviado pelo seu governo,
procedeu à leitura de uma mensagem da qual se destacava: nestes termos, em nome do
Presidente da República de Portugal proclamo solenemente (a partir das zero (0) horas
do dia 11 de Novembro) a independência de Angola e a sua plena soberania, radicada
no povo angolano a quem pertence decidir as formas do seu exercício Criam-se as bases
para uma nova Lei, diploma puramente Angolana sem interferência dos ex-colonos
(portugueses).

Trata-se da Lei Constitucional e a Lei de Nacionalidade. denominação e


opressão, do e a construção de um país próspero e democrático, em que as massas
populares pudessem materializar as suas aspirações.

No entanto, a nível dos órgãos do Estado, o sistema de organização obedecia a


seguinte forma:

 Presidente da República: Como Chefe de Estado e Presidente do


Conselho da Revolução; b) Assembleia do Povo: Órgão Supremo do
Estado que apenas foi instituído em 1980.

 Conselho da Revolução: Órgão do Poder de Estado até a criação da


Assembleia do Povo. Este órgão exercia a função legislativa e definia a
política interna e externa de Angola; aprovava o orçamento, nomeava e
exonerava o Primeiro-ministro, os Membros do Governo e os
Comissários Provinciais, sob a indicação do MPLA.

Ficou definida também que Angola passaria a aderir aos princípios da Carta da
Organização de Unidade Africana (OUA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Assim, Angola foi reconhecida internacionalmente por vários Estados e organizações.
No entanto, a proclamação da independência de Angola foi marcada no contexto da
guerra. Pois, Angola foi invadida a Norte por uma coligação de Forças militares
integrada pelos guerrilheiros da FNLA, mercenários europeus, forças regulares do
exército Zairense e, a Sul pelo exército Sulafricano aliado da UNITA, com o objectivo
de tomarem a capital de Luanda antes do dia 11 de novembro de 1975.

Iniciava-se assim uma guerra entre os angolanos com uma forte componente
militar estrangeira. A UNITA, FNLA, contaram com o apoio dos Estados Unidos da
América (EUA), da África do Sul e do Zaire; ao passo que o MPLA, por razões
ideológica foi apoiado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e por
Cuba (além da ajuda de Portugal e de alguns países do Leste da Europa. Assim foi a
situação de Angola momentos antes da independência.

2.2- A Construção do Socialismo: definição de políticas de desenvolvimento


O factor ideológico da elite do MPLA, que ao longo da luta política e militar,
recebeu vastos e multiformes apoios dos países socialistas, sobretudo da União
Soviética, que depois da China tomou o primeiro lugar na ajuda directa, estiveram na
basse da escolha do Socialismo como via do desenvolvimento económico de Angola.

Este modelo visava a liquidação gradual das posições dos monopólios


imperialistas, da grande e média burguesia local. Abrangia também a eliminação do
mercado estrangeiro, a tomada pelo Estado nacional dos pontos-chave na economia e a
passagem ao desenvolvimento planificado das forças produtivas, a incentivação ao
movimento cooperativistas.

A ideia do modelo socialista por parte do partido no poder (MPLA), já existia


muito antes da independência nac Na 3ª Reunião Plenária do seu Comité Central,
realizada em Outubro de 1976, optou pela via de desenvolvimento socialista. Esta opção
de desenvolvimento foi ratificada em Dezembro de 1977, aquando da realização em
Luanda do 1º Congresso do MPLA e a sua transformação em partido marxista. O
MPLA, ao tomar o poder, substituiu a administração colonial pelo socialista,
fundamentados em princípios ideológicos, políticos e jurídicos marxistas-leninistas com
as seguintes características e/ou formas de manifestação:

 Um governo (poder executivo) exercido apenas pelo MPLA, como único


representante legítimo do povo angolano;

 Um sistema político de partido único que corporiza os projectos de construção


de nação e do Estado angolano para o futuro;

 Um poder judicial partidarizado e dependente do poder executivo;

 Forças armadas e sistema de defesa e segurança sujeitos ao controlo do partido e


arquitectadas sob influência dos princípios marxistasleninistas e controlando o
poder civil das populações;

 Um poder pendente do poder central, afastado dos cidadãos, sem autonomia dos
meios financeiros para promover a satisfação das necessidades sociais
específicas de cada região, de cada cultura, nas províncias, municípios, comunas
ou bairros;
 A inexistência de liberdade de expressão, de pensamento, de associação e de
outros, etc.;

 A inexistência de um poder legislativo como órgão fiscalizador da gestão da


coisa pública que apreciasse a aprovasse as leis independentemente do poder
executivo e representativo;

 A existência de uma imprensa manipulada pelos agentes do poder político,


gozando de liberdade restrita imposta pelos órgãos de Informação e Segurança
Estamos perante um cenário do estado único «Ditadura do Proletariado».

Procurava-se atacar os problemas básicos de independência, fazendo recurso a


um governo de direcção centralizada. Segundo tais princípios, a situação política,
econômica, social, cultural, moral, psicológica e jurídica do país exigia combater todas
as manifestações ideológicas de carácter reacionária herdadas dos colonizadores
nomeadamente: Racismo, o tribalismo, o regionalismo e todas as marcas da mentalidade
colonial, como complexos de superioridade, o despreza pelo povo africano, o
paternalismo, a luta pela criação de uma mentalidade científica e revolucionária.

Assim, no período de transição da revolução angolana apontava-se a


coexistência de cinco tipos de economia:

a) A economia camponesa tradicional de quase subsistência;

b) Pequena produção mercantil no campo e na cidade;

c) Capitalismo privado, representando sobretudo pelos grandes interesses e pelos


médios interesses capitalistas estrangeiros;

d) Capitalismo de Estado, representado pelas empresas mistas;

e) Formação socialista.

Por um lado, no campo económico, o governo nacionalizou todas as empresas


coloniais, a destacar a indústria extractiva, a indústria transformadora, a indústria
pesqueira, as fazendas agrícolas, a nacionalização da banca e aumentou os postos de
trabalho para os angolanos.
No campo social, traçou políticas em várias esferas: o ensino passou a ser
gratuito e obrigatório para acabar com o elevado índice de alfabetizados que o país
herdou período colonial. A saúde passou a ser gratuito em todos os hospitais. No campo
Cultural, o povo angolano voltou as origens; seus usos e costumes passaram a ser
respeitados. O estado Criou museus históricos em todas as capitais provinciais com
peças que retratam a libertar-se da influência dos seus ídolos anteriores.

A aspiração a liberdade encontrou também a sua utilização das línguas


nacionais. A literatura se fez presente através de contos populares e lendas. Em resumo,
a adoção destes modelos aumentou o papel dos trabalhadores na vida social; o
desencadear dos processos da democratização revelou-se na criação de órgãos do poder
verdadeiramente popular; As assembleias de Província e a Assembleia Nacional.

Por outro lado, existiram vários factores que impediram o desenvolvimento


imediato do Estado angolano independente nos mais variados sectores. Destacam-se os
factores endógenos e factores exógenos (estes tiveram implicações directas para a
estabilidade política e para o colapso económico e social do país.

2.3- O conflito interno angolano-suas implicações internacionais

Após a segunda guerra mundial as duas superpotências procuraram estender a


sua influência política, criando apoios diversificados aos Movimentos de Libertação
Nacional através de países da Organização do Atlântico Norte (OTAN) liderados pelos
Estados Unidos da América, por um lado, e pelo Pacto de Varsóvia, encabeçados pela
URSS, por outro lado. A defesa dos interesses dessas superpotências levou a desavenças
internas graves que dividiram e enfraqueceram as aspirações de independência no seio
do Movimento Nacional Angolano (MNA). Foi assim que os partidos FNLA e UNITA
foram apoiadas pelos países do ocidente liderados pelo Estados Unidos da América do
Norte. Quanto ao MPLA, foi apoiado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) desde 1960-1961, estreitou laços com o bloco comunista e o Movimento dos
Países não-alinhados.

2.3.1- O contexto da Guerra Fria

Após a IIª grande guerra mundial surge duas grandes super potências com um
poderio industrial consolidado, sem quaisquer possessões coloniais em áfrica e ávidas
em estender a sua influência em novos mercados ocupados pelas potências coloniais
europeias para encontrarem matérias-primas e escoarem os produtos da sua poderosa
indústria: Estados Unidos e a União Soviética. O fenómeno iniciou em 1947.

Os norte americanos instalaram-se na Europa em todos os países membros para


esmagar o movimento operário do mundo capitalista com a expulsão dos membros dos
partidos comunistas. A URSS instalou-se na América Latina e particularmente em
Cuba, onde instalaram armas apontadas contra os EUA. No continente africano,
financiaram e armaram os movimentos reacionários quer de tendência socialista ou
capitalista, golpes de estados, assassinatos e prisão de líderes em todos os continentes.

Porém, a independência de Angola surge numa altura de fortes tensões no


panorama internacional, consubstanciada nas clivagens ideológicas entre as duas
superpotências surgidas após a IIª guerra mundial e que produziram o modelo de uma
nova guerra, a chamada Guerra Fria. Reduzia-se em um confronto nuclear envolvendo
as duas superpotências mundiais em campos diametralmente opostos. o arsenal nuclear
soviético era o suporte do estatuto de superpotência da União Soviética.

Concluindo a colonização e a independência dos estados africanos, no qual as


duas superpotências tiveram um papel de grande relevância, a União Soviética, já
consolidado o seu cordão na Europa do Leste e na Ásia, tinha agora pretensões de
estender a sua influência geopolítica e geoestratégica a posições-chave no continente
africano, visando conseguir um equilíbrio no caso de uma eventual confrontação com os
Estados Unidos, tendo como consequência imediata o alargamento do comunismo a
espaços distantes das suas tradicionais zonas de influência.

A intervenção estrangeira em Angola através de cubanos, russos, sulafricanos e


outras forças, foi uma consequência de aquele país ser rico, ocupado uma importante
posição estratégica. Contudo, o abrandamento da guerra-fria e o Leste-Oeste tinha
trazido a solução para o espaço mais agudo do conflito regional que afectava Angola na
fronteira Sul.

REVOLUÇÃO FRANCESA E SUAS FASES


A Revolução Francesa, um dos maiores acontecimentos da humanidade, foi
um processo revolucionário inspirado em ideais iluministas contra a monarquia
absolutista.

A Revolução Francesa foi um ciclo revolucionário de grandes proporções que


se espalhou pela França e aconteceu entre 1789 e 1799. Foi inspirada nos ideais do
Iluminismo e motivada pela situação de crise que a França vivia no final do século
XVIII. Causou também profundas transformações e marcou o início da queda do
absolutismo na Europa.

RESUMO SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA

Dentre os principais acontecimentos e informações relativos à Revolução


Francesa, podem ser destacados:

 A Revolução Francesa retirou sua base ideológica dos ideais iluministas.

 Antes da revolução, a França era uma monarquia absolutista governada por Luís
XVI.

 A França vivia uma intensa crise econômica durante as décadas de 1770 e 1780, e
essa, em partes, motivou o início da revolução.

 O estopim que espalhou o ímpeto revolucionário pela França foi a Queda da


Bastilha, que aconteceu em 14 de julho de 1789.

 Ao longo da revolução, a França viveu as seguintes fases: Assembleia Nacional


Constituinte, Assembleia Legislativa, Convenção Nacional e Diretório.

 Os principais partidos eram girondinos, defensores de que medidas conservadoras


fossem realizadas, e jacobinos, defensores de que profundas transformações sociais,
econômicas e políticas acontecessem.

 Durante o período do terror, os jacobinos, liderados por Maximilien Robespierre,


guilhotinaram milhares de opositores.

 Os girondinos derrubaram os jacobinos do poder por meio de um golpe conhecido


como Reação Termidoriana.
 A Revolução Francesa encerrou-se por meio do golpe organizado por Napoleão
Bonaparte e conhecido como Golpe do 18 de Brumário.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa foi resultado direto da crise que a França vivia no final do
século XVIII. A insatisfação popular (com a crise econômica e política que o país
vivia) aliou-se com os interesses da burguesia em implantar no país as ideias
do Iluminismo como forma de combater os privilégios da aristocracia francesa.

No final do século XVIII, a França era uma monarquia absolutista em que o rei
era Luís XVI. O poder de Luís XVI, como em todo regime absolutista, era pleno, e a
sociedade francesa era dividida em grupos sociais muito bem definidos. A composição
social da França era a seguinte:

 Primeiro Estado: clero;

 Segundo Estado: nobreza;

 Terceiro Estado: restante da população.

Essa divisão social na França tinha uma clara desigualdade social, uma vez que
Primeiro e Segundo Estados possuíam privilégios que não se estendiam ao Terceiro
Estado. O destaque vai para as isenções de impostos que ambas as classes possuíam e
para o direito de alguns nobres de poderem cobrar impostos dos camponeses que
trabalhavam em suas terras.

O Terceiro Estado, por sua vez, era um grupo bastante heterogêneo, isto é,
composto por diferentes grupos, como a burguesia e os camponeses (os segundos
correspondiam a 80% da população francesa). Os camponeses viviam na pobreza ao
passo que a aristocracia francesa vivia uma vida de luxo. Para os burgueses, os
privilégios da aristocracia do país eram um entrave para o desenvolvimento de seus
negócios. A desigualdade social é a primeira causa da revolução.

Toda essa situação de desigualdade agravou-se com a crise social que existia na
França. A crise econômica francesa era motivada pelos elevados gastos do país (o
governo francês gastava 20% a mais do que arrecadava). Esses gastos foram agravados
pelo envolvimento do país em conflitos no exterior. A existência de privilégios de
classe no país também contribuía para a crise.

A crise econômica na França aumentava a pressão, principalmente, para as


classes de baixo, uma vez que o custo de vida aumentou, a oferta de empregos foi
reduzida, e os impostos cobrados pela nobreza aumentaram. Essa situação, em si, já era
o suficiente para levar os camponeses à fome, mas, em 1788 e 1789, o país ainda
enfrentou um inverno rigoroso, que prejudicou as colheitas e contribuiu para que o
alimento ficasse mais caro ainda.

Tentativas de reforma haviam sido propostas, mas não avançaram porque a


aristocracia francesa havia mostrado-se resistente às possibilidades de reformas que
viessem a retirar parte de seus privilégios. Assim, em 1789, a França vivia uma situação
complicada, pois a crise econômica era grave, e a pobreza e a fome levaram a população
a um estado de quase rebelião.

O resultado encontrado pela nobreza francesa foi convocar os Estados Gerais,


uma reunião criada na França feudal e que era convocada só em momentos de
emergência. Essa saída era agradável para a aristocracia francesa, pois, nos moldes
antigos do Estado Geral, Primeiro e Segundo Estados uniam-se contra o Terceiro
Estado.

O Terceiro Estado, porém, não estava disposto a manter-se nos Estados Gerais
dentro dos moldes em que ele funcionava em tempos passados. Com isso, foi proposto
pelos representantes desse Estado uma alteração no funcionamento dos Estados Gerais.
Em vez de o voto ser por Estado, foi proposto que ele fosse individual, isto é, todos os
membros dos Estados (incluindo os mais de 500 do Terceiro Estado) teriam direito ao
voto.

O rei francês não aceitou a proposta e, assim, o Terceiro Estado rompeu com os
Estados Gerais e fundou a Assembleia Nacional Constituinte, com o propósito de
redigir uma Constituição que proporia mudanças para a França, tornando-a uma
monarquia constitucional. Quando Luís XVI tentou fechar a Constituinte à força, a
população parisiense rebelou-se em sua defesa.
No dia 12 de julho de 1789, a população francesa tomou as ruas de Paris. No dia 13,
foi criado uma Comuna para governar Paris e uma Guarda Nacional, espécie de
milícia popular. No dia 14, a população partiu para tomar armas e pólvora do governo
e, com isso, atacou a Bastilha, antiga fortaleza convertida em prisão que era usada para
aprisionar opositores dos reis franceses.

No dia 14 de julho, então, houve a Queda da Bastilha, em que a população francesa


invadiu e tomou o controle da prisão que era o símbolo da opressão absolutista. Depois
disso, a revolução espalhou-se pelo país, alcançando novas cidades e chegando ao
campo.

→ Iluminismo

A Revolução Francesa inspirou-se nos ideais iluministas, que defendiam que a


autoridade deveria basear-se na razão. Os iluministas defendiam ideais
como liberdade e constitucionalismo, eram fortes defensores da separação entre
Igreja e Estado e, além disso, eram opositores da monarquia absolutista e defensores
do método científico. As revoluções burguesas do século XVIII — americana e
francesa — tiraram dos ideais iluministas a sua base ideológica.

ETAPAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA

Depois da Queda da Bastilha, o processo de revolução espalhou-se pela França e


estendeu-se pelos dez anos seguintes, sendo somente encerrado quando Napoleão
Bonaparte assumiu o poder do país por meio do Golpe de 18 de Brumário. A
Revolução Francesa pode ser dividida dentro do período das instituições políticas que
atuaram no país:

 Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792);

 Convenção Nacional (1792-1795);

 Diretório (1795-1799).

→ Assembleia Constituinte e Assembleia Legislativa

Trata-se do período inicial da Revolução Francesa, o qual foi marcado por


grandes transformações, por meio da redação de uma Constituição para a França e pela
atuação da Assembleia Legislativa. Após a Queda da Bastilha, muitos camponeses, no
interior do país, temendo ficar sem alimentos e muito endividados, partiram para o
ataque.

Esse foi o período do Grande Medo, que ocorreu entre julho e agosto de 1789, e
durante o qual camponeses começaram a atacar aristocratas e suas propriedades. Assim,
residências da nobreza foram invadidas, saqueadas e destruídas, cartórios foram
atacados para que os títulos de propriedade fossem destruídos etc. Os camponeses
exigiam o fim de alguns impostos e maior acesso aos alimentos.

A burguesia francesa, temendo esse ímpeto popular, resolveu tomar decisões que
aceleraram as transformações na França e que tinham como objetivo principal controlar
o povo. Assim, no dia 4 de agosto de 1789, foi decretada a abolição dos direitos
feudais que existiam na França. No mesmo mês, foi convocada a redação da
Constituição e foi anunciada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Esse foi um dos documentos mais importantes da Revolução Francesa e,


na teoria, decretava que todos os seres humanos eram iguais perante a lei. No entanto, é
importante considerar que essa ideia de igualdade, para os liberais do século XVIII,
estendia-se apenas ao âmbito jurídico e não alcançava uma dimensão democratizante
como o nome do documento pode sugerir.

Nesse contexto de radicalização popular, a classe média e a burguesia francesa


assumiram posições conservadoras para controlar a ação do povo. A nobreza e o clero,
por sua vez, começaram a fugir da França, pois temiam tudo que acontecia no país. Essa
aristocracia francesa começou a ser abrigada nas nações absolutistas vizinhas, sobretudo
na Áustria e Prússia. Essa nobreza também começou a planejar a contrarrevolução,
com o objetivo de reverter tudo que acontecia na França.

Até mesmo o rei francês, sentindo-se ameaçado, organizou sua fuga da França,
em 1791, com sua esposa, Maria Antonieta. Luís XVI, porém, foi reconhecido quando
estava em Varennes, próximo à fronteira com a França, e reconduzido para a Paris.
Antes disso, ele e sua esposa tinham sido obrigados a abandonarem o Palácio de
Versalhes e a instalarem-se no Palácio de Tulherias.
Além de atacar os privilégios da nobreza, a burguesia francesa também se voltou
contra o clero. Isso aconteceu por meio da Constituição Civil do Clero, aprovada em
1790. Essa medida legal promoveu a separação do Estado e da Igreja e tentou colocar a
segunda sob a autoridade do primeiro, uma vez que os padres tinham de jurar
obediência ao Estado. Essa medida e outras tomadas contra o clero lançaram-no para o
esforço contrarrevolucionário.

Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte estenderam-se até 1791,


quando, finalmente, foi promulgada a Constituição da França. No texto da Constituição,
determinava-se o fim da monarquia absoluta e estipulava-se que a França era
transformada em uma monarquia constitucional. Isso decepcionou uma ala mais
popular da revolução que almejava que o país fosse transformado em uma república
democrática.

A atuação conservadora da burguesia francesa à frente da Assembleia


Constituinte é exemplificada pelo historiador Eric Hobsbawm no seguinte trecho que
aborda os objetivos econômicos e políticos dessa classe:

Economicamente as perspectivas da Assembleia Constituinte


eram inteiramente liberais: sua política em relação aos
camponeses era o cerco das terras comuns e o incentivo aos
empresários rurais; para a classe trabalhadora, a interdição dos
sindicatos; para os pequenos artesãos, a abolição dos grêmios e
corporações […]. A Constituição de 1791 rechaçou a
democracia excessiva através de um sistema de monarquia
constitucional baseada em um direito de voto censitário dos
“cidadãos ativos” reconhecidamente bastante amplo.|1|

Com a Constituição de 1791, a Assembleia Constituinte encerrou seu período de


funcionamento e foi substituída pela Assembleia Legislativa. Nessa assembleia,
consolidaram-se dois grupos políticos que possuíam visões bastante diferentes a
respeito dos rumos da revolução. Os girondinos eram parte da burguesia que acreditava
que as grandes mudanças necessárias já tinham acontecido e, por isso, possuíam
uma visão mais conservadora. Já os jacobinos eram membros da burguesia que
acreditavam que as mudanças deveriam ser ainda mais radicais do que as que estavam
em curso.

A primeira reunião da Assembleia Legislativa iniciou-se em 8 de outubro de


1791, e a atuação dessa instituição durou até 7 de setembro de 1792. Nesse período, a
França teve de lidar com a ação estrangeira contra a revolução, pois Áustria e Prússia,
liderando os esforços contrarrevolucionários, invadiram o país e forçaram a França a
declarar guerra a ambos.

A ação de Áustria e Prússia contra a França deveu-se pelo fato de que o processo
revolucionário francês era visto como grande ameaça por todas as nações absolutistas da
Europa. Com a guerra, os jacobinos declararam “pátria em perigo”, uma vez que as
tropas estrangeiras aproximavam-se de Paris, e a população francesa começava a se
armar para resistir.

A guerra também contribuiu para a radicalização da revolução e deu início a


uma fase conhecida como Terror. Esse clima de guerra fez com que os jacobinos e
os sans-culottes tomassem a frente da revolução, e, com isso, a monarquia francesa
acabou sendo derrubada pelos sans-culottes, instaurando-se a República em 1792.

→ Convenção

A Convenção Nacional iniciou seus trabalhos a partir de 20 de setembro de 1792


e substituiu a Assembleia Legislativa. Os participantes da Convenção Nacional foram
eleitos por sufrágio universal masculino, e, com ela, a França transformou-se em uma
República. Antes da posse da Convenção, o rei francês havia sido capturado e feito
prisioneiro. Daí surgiu um grande debate: a execução do rei.

Esse debate dividiu a Convenção com os girondinos defendendo que o rei fosse
exilado enquanto os jacobinos defendiam que o rei fosse executado. O destino do rei e
de sua esposa foi decidido quando foram encontrados documentos que atestavam o
envolvimento de Luís XVI com o rei austríaco. Resultado: Luís XVI e Maria Antonieta
foram acusados de traição e guilhotinados em 1793.

Com o endurecimento da guerra, a França ficou sob o controle dos jacobinos,


que contavam com o apoio popular. Os jacobinos criaram o Comitê de Salvação
Pública, instituição em que eles tomavam as decisões mais importantes da França.
Iniciou-se uma intensa perseguição a todos aqueles que, aos olhos jacobinos,
representavam uma ameaça à revolução. O regicídio foi uma dessas execuções voltadas
para os que conspiravam contra a revolução.

Os jacobinos conseguiram colocar as massas populares sob seu controle, mas a


situação da guerra agravou-se com a execução de Luís XVI. As nações absolutistas
europeias ficaram indignadas com a execução do rei e reagiram formando uma coalizão
para derrubar a revolução na França. Esse grande exército contrarrevolucionário era
financiado pela Inglaterra.

O período em que os jacobinos, sob a liderança


de Maximilien Robespierre, estiveram à frente da revolução ficou conhecido
como Terror. O nome faz menção à perseguição dos opositores por meio da Lei dos
Suspeitos, que julgava e condenava aqueles considerados traidores com morte na
guilhotina. Estima-se que cerca de 17 mil pessoas tenham sido mortas nesse período em
cerca de 14 meses.

Apesar da radicalidade, os jacobinos conseguiram resolver problemas imediatos


da França, pois estabilizaram o valor da moeda francesa, aumentaram o exército francês
gastando menos, conseguiram derrotar as tropas que tinham invadido a França e
conseguiram estabilizar a situação das rebeliões pelo país.

De toda forma, essa atuação radical dos jacobinos gerou uma natural reação dos
grupos conservadores da França. Assim, os girondinos conspiraram e articularam, com
o apoio da alta burguesia da França, um golpe contra os jacobinos conhecido
como Reação Termidoriana e que aconteceu em 1794. Com esse golpe contra os
jacobinos, muitas medidas tomadas por eles foram revertidas, e a liderança jacobina
(incluindo Robespierre) foi sumariamente guilhotinada.

→ Diretório

O Diretório substituiu a Convenção em 1795 durante um período em que a


revolução esteve nas mãos dos girondinos e da alta burguesia francesa. As medidas
mais radicais tomadas pelos jacobinos foram revogadas, inclusive retorno do voto
censitário. Nesse momento, os girondinos usaram frequentemente da força para conter o
povo e resistiram a inúmeras tentativas de golpes.
A situação da França permaneceu instável e isso fez com que a alta burguesia
francesa visse no autoritarismo uma esperança para resolver a situação da França. A
população estava insatisfeita, a economia estava ruim, e a guerra continuava a ameaçar
o país, então a ditadura foi vista como solução.

A imagem de uma figura forte e autoritária surgiu como possibilidade de


resolução dos problemas franceses e disso nasceu o apoio a Napoleão Bonaparte,
general do exército francês que liderava as tropas francesas contra as coalizões
internacionais. Com isso, Napoleão organizou um golpe e tomou o poder em um evento
conhecido como Golpe do 18 de Brumário, que aconteceu em 1799.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa estendeu-se por dez anos e, nesse período, uma série de
transformações aconteceu naquele país. As transformações trazidas pela Revolução
Francesa, porém, não se mantiveram apenas na França e espalharam-se pelo mundo.
Elas foram:

 Fim dos privilégios da aristocracia (nobreza e clero) na França;

 Fim dos resquícios do feudalismo e início da consolidação do capitalismo;

 Queda do absolutismo em toda a Europa;

 Inspirou os movimentos de independência na América, sobretudo das nações


colonizadas pela Espanha;

 Popularizou a república como forma de governo;

 Popularizou a ideia de separação dos poderes;

 Garantiu a aplicação dos ideais liberais de liberdade individual do lema “todos os


homens são iguais perante a lei”;

 Consolidou o nacionalismo enquanto ideologia de reconhecimento do dever


patriótico.

O QUE É A ONU E QUAL O SEU OBJETIVO?


A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional na
qual estão reunidos, voluntariamente, países com o objetivo da promoção da paz,
desenvolvimento e cooperação mundial. Continue lendo para saber mais sobre a ONU e
sobre os seus objetivos.

ONU: QUAL É A SUA HISTÓRIA?

A criação oficial da ONU se deu em 24 de outubro de 1945, pós-Segunda Guerra


Mundial, através de um documento de fundação chamado de Carta das Nações Unidas.
Os conflitos internacionais que levaram à destruição de muitos territórios e milhares de
vítimas trouxe à tona a necessidade da busca pela paz entre os países. Esse foi o pano de
fundo para a criação da organização.

Anteriormente à criação da ONU, havia a “Liga das Nações”, uma organização


intergovernamental criada para estabelecer uma proposta de paz entre os países
vitoriosos e perdedores da Primeira Guerra Mundial. Porém, como ocorreu a Segunda
Guerra Mundial, considerou-se que a Liga das Nações fracassou em seu intento, pois
não evitou uma nova guerra.

DEBATES E MEDIDAS

A ONU possui autonomia para debater e tomar medidas necessárias relativas a


questões enfrentadas pela sociedade como a paz mundial, o desenvolvimento
sustentável, mudanças climáticas, terrorismo, direitos humanos, igualdade de gênero,
fome, entre outros. A sede da ONU fica em Nova York, Estados Unidos, e é
considerada como território internacional.

Existem outras sedes da ONU em outras localidades do planeta, como em


Beirute, Áustria, Santiago, Suíça, entre outras. A ONU tem a sua própria bandeira,
correios e selos postais. Os seis idiomas utilizados para a comunicação entre os
membros da ONU são: inglês, espanhol, francês, russo, árabe e chinês.

ÓRGÃOS QUE COMPÕEM A ONU

A ONU é constituída por seis órgãos principais de acordo com a Carta de


fundação, confira quais são eles abaixo:
1. Assembleia Geral

Trata-se da assembleia deliberativa da organização formada por todos os


Estados-Membros. A direção é feita por um presidente eleito pelos países participantes.

2. Conselho de Segurança

Esse é o órgão que garante a paz e a segurança entre os Estados-Membros. É


formado por 15 Estados-membros. Dentre esses, há cinco estados permanentes: Estados
Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China.

Os outros dez membros têm caráter temporário e são eleitos pela Assembleia
Geral a cada dois anos. É interessante mencionar que se trata do único órgão da ONU
que tem poder de decisão. É um dever respeitar as decisões desse órgão.

3. Conselho Econômico e Social

Esse órgão tem a função de auxiliar a Assembleia Geral no tocante à cooperação


socioeconômica e ao desenvolvimento internacional. É formado por 54 membros eleitos
pela Assembleia Geral a cada três anos.

Por sua vez, o Conselho Econômico e Social possui como função auxiliar na
proposição e na concretização de políticas que vislumbram a melhoria da qualidade
de vida da população do globo, com destaque para as áreas econômicas e sociais, além
da área ambiental. Fazem parte desse órgão importantes instituições, sendo as
principais:

 Comissão Econômica para a América Latina (Cepal)


 Fundo Monetário Internacional (FMI)
 Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco)
 Organização Mundial do Trabalho (OIT)
 Organização Mundial da Saúde (OMS)
4. Conselho de tutela

Esse conselho é formado por cinco membros permanentes que compõem o


Conselho de Segurança. As atividades se mantêm suspensas até que surja alguma
situação que demande a sua atuação.

5. Corte Internacional de Justiça

Conhecido também como Tribunal Internacional de Justiça, é tido como o


principal órgão judicial da organização. O objetivo é julgar aqueles que cometeram
crimes graves do direito internacional, como genocídio ou guerras. É formado por 15
membros eleitos pelo Conselho de Segurança e pela Assembleia Geral. O mandato é de
nove anos.

A Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia (Países Baixos), é o órgão


jurídico da ONU. O seu objetivo é solucionar conflitos jurídicos entre os países-
membros, conforme as legislações internacionais vigentes.

6. Secretariado

Esse é o órgão responsável por elaborar e fornecer estudos e informações


necessárias para que a ONU possa realizar suas reuniões e dirigir os outros órgãos. O
principal cargo da organização é o de secretário-geral.

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA ONU?

As metas e missões da ONU estão estabelecidas na Carta das Nações Unidas.


Trata-se de documento que retrata as expectativas e os propósitos da organização para
povos e governos. Os seus principais objetivos são:

 Manter a segurança e a paz internacional;

 Desenvolver relações de caráter amistoso entre os países;

 Promover a cooperação internacional na busca pela resolução de problemas


globais de caráter humanitário, social, econômico e cultural. Assim, é possível
promover o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais;
 Constituir-se em um centro focado na harmonização da ação dos povos para
alcançar os objetivos supramencionados.

ONU: CONHEÇA OS SEUS PRINCÍPIOS

A ONU é também regida por princípios que se relacionam com a ação dos Estados-
membros, confira abaixo:

– Princípio da igualdade soberana entre todos os seus membros;

– Todos os membros da ONU são obrigados a cumprir de boa-fé os compromissos


estabelecidos pela Carta.

Os membros da ONU devem solucionar suas questões conflituosas


pacificamente sem que haja quaisquer ameaças à segurança, à paz e à justiça
internacionais. Também é necessário que todos os membros colaborem com as Nações
Unidas em toda e qualquer medida por ela tomada de acordo com o estabelecido pela
Carta.

PAÍSES DA ONU

Quando foi fundada, a ONU contava com 51 Estados-Membros. Atualmente,


possui 193 Estados-membros. Os membros entram voluntariamente e definem as suas
políticas e acções em cada situação.

24 de Outubro de 1945: A fundação das Nações Unidas

Em 1945, representantes de 50 países reuniram-se em São Francisco, na


Conferência das Nações Unidas, para redigir a Carta das Nações Unidas. A deliberação
dos delegados foi redigida com base em propostas elaboradas pelos representantes da
China, União Soviética, Reino Unido e dos Estados Unidos em Dumbarton Oaks, nos
Estados Unidos, em Agosto e Outubro de 1944.

A Carta foi assinada a 26 de Junho de 1945 pelos representantes dos 50 países.


A Polónia, que não estava representada na Conferência, assinou mais tarde, tornando-se
um dos 51 Estados-membros fundadores.
CONFERÊNCIA DE BANDUNG

A Conferência de Bandung foi um encontro que aconteceu na cidade homônima,


localizada na Indonésia, em 1955. Ele reuniu líderes de 29 países da Ásia e
da África com o objetivo de identificar os objetivos, fraquezas, pontos fortes e
características do que hoje conhecemos como Terceiro Mundo.

O contexto, aqui, era o fim da Segunda Guerra Mundial e o começo do processo


de descolonização dos países africanos e asiáticos, no qual o fortalecimento de aspectos
econômicos e culturais dessas nações era algo importante.

Todos os países declararam-se socialistas nesta reunião, mas deixando claro que
não iriam se alinhar ou sofrer influência da União Soviética. Num momento em que
EUA e URSS lutavam abertamente pela conquista de influência em todos os países, o
maior desafio do movimento não-alinhado era manter-se coeso ante as pressões dos
grandes. Ao invés da tradicional visão de americanos e soviéticos de um conflito Leste-
Oeste, a visão que predominava em Bandung era a do conflito norte-sul, onde as
potências localizadas mais ao norte industrializadas, oprimiam constantemente e
inibiam o desenvolvimento daquelas nações localizadas mais ao sul, exportadoras de
produtos primários.

PARTICIPANTES DA CONFERÊNCIA DE BANDUNG

Diversos países participaram dessa reunião. Alguns deles foram:

1. Afeganistão; 8. Japão; 15. Jordânia;


2. Birmânia; 9. Nepal; 16. Síria;
3. Camboja; 10. Paquistão; 17. Líbano;
4. China; 11. Laos; 18. Etiópia;
5. Ceilão; 12. Vietnã; 19. Egito;
6. Filipinas; 13. Tailândia; 20. Turquia;
7. Índia; 14. Arábia Saudita; 21. Gana.

DEZ PRINCÍPIOS DA CONFERÊNCIA DE BANDUNG

Com a conferência, foram postulados Dez Princípios, todos baseados na Carta


das Nações Unidas. Eles são:
1. Respeito aos direitos fundamentais;
2. Respeito à soberania;
3. Reconhecimento da igualdade das nações e etnias, independentemente de seu
tamanho;
4. Não intervenção nos assuntos particulares das nações;
5. Respeito pelo direito de defesa de cada nação;
6. Recusa na participação de defesa de superpotências;
7. Abstenção da intervenção em assuntos de outros países;
8. Solução de conflitos internacionais com a utilização de conceitos pacíficos;
9. Estímulo de cooperação entre as nações do Terceiro Mundo;
10. Respeito pela justiça internacional.
DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

O processo de descolonização da África é resultado de movimentos


nacionalistas contra a dominação de povos estrangeiros, ocorrida desde o século XV.
A descolonização da África foi um processo de independência das nações africanas,
colonizadas por potências europeias desde o século XV, tendo seu ápice no século XIX.
A partir de lutas nacionalistas promovidas por partidos e movimentos nacionais, muitos
com influência do socialismo soviético, essas nações africanas conquistaram sua
independência e se tornaram estados nacionais soberanos.

RESUMO SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

 Modelos de colonização: a colonização africana dos séculos XV a XVIII foi


caracterizada por vínculos comerciais mercantilistas. Já a do século XIX, chamada
de neocolonialismo, foi caracterizada pelo domínio político e influências econômica
e social.

 Contexto: após a Segunda Guerra Mundial, surgiram diversos movimentos africanos


nacionalistas que pregavam a independência. Aliada às disputas ideológicas da
Guerra Fria, a União Soviética penetrou em muitos desses locais, difundindo o
socialismo soviético. A mistura desses elementos gerou guerras civis por
independência e orientação ideológica nas nações africanas.

 Processo de descolonização: basicamente, os partidos e movimentos africanos


organizados com a intenção de descolonização lutavam pela independência de suas
nações, expulsão dos colonizadores, criação de novos Estados nacionais e definição
do alinhamento ideológico ao socialismo soviético ou ao modelo capitalista liberal.

 Pan-africanismo: foi um movimento desenvolvido na época que pregava a união dos


povos africanos a partir de suas características étnicas, sociais e culturais comuns. O
movimento buscava a afirmação de uma identidade africana e a recusa de valores
colonialistas.

 Consequências: como consequências do processo de descolonização da África,


apontam-se: a formação de novos estados nacionais africanos, a independência das
nações africanas e a ocorrência de guerras civis entre apoiadores e opositores do
socialismo soviético.

CONTEXTO HISTÓRICO DA DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

O processo de colonização da África tem início no século XV, quando Portugal


inicia sua expansão marítimo-comercial. No entanto, apesar do estabelecimento de
vínculos comerciais entre portugueses e africanos, não houve a intenção de estabelecer
colônias e promover a exploração comercial.

A partir do século XIX, diversas nações europeias, capitaneadas por Inglaterra e


França, se lançaram em uma nova atividade colonizadora no território
africano, chamada de neocolonialismo. Além da intervenção direta na organização
política das colônias, as nações colonizadoras exploravam a mão de obra, matérias-
primas e o mercado consumidor africanos. Esse processo termina no século XX, com a
chamada descolonização.

CAUSAS DA DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

Após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), os impérios coloniais entraram


em crise, seja pela falta de recursos financeiros, humanos e militares para mantê-los,
seja pela ocorrência de movimentos de independência locais. Esses movimentos foram
inspirados por ideais nacionalistas e, muitas vezes, pela aderência à ideologia soviética,
o que resultou em guerras civis que duraram por décadas, como os casos de Angola e
Moçambique. Cabe ressaltar que a ONU, recém-criada à época, significou um apoio
importante a muitos movimentos por independência.

No contexto da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputavam a


influência ideológica em diversos territórios periféricos do mundo, como a África, Ásia
e Oriente Médio. No caso específico da União Soviética, essa influência significou a
doutrinação ideológica socialista, o apoio militar em casos de guerra civil e apoio
econômico. Assim, diversas nações africanas tiveram grupos que adotaram a ideologia
socialista soviética e tentaram, no contexto dos movimentos de descolonização e
independência, aplicá-la às novas configurações nacionais, o que gerou, por décadas,
guerras civis, como no caso de Angola.
O processo de descolonização da África

O processo de descolonização da África é marcado pelo surgimento de


movimentos e partidos pró-independência, que se envolveram em conflitos armados
contra os colonizadores.

No caso de Angola, por exemplo, o Movimento Popular pela Libertação de


Angola (MPLA), fundado em 1956, se envolveu em uma intensa guerra civil pela
expulsão dos portugueses e pela tomada do controle do país. Outro exemplo é a África
do Sul, onde a luta pela independência passa pela luta pelo fim do Apartheid, um regime
de segregação racial vigente durante o domínio inglês do país. Nesse caso, o Congresso
Nacional Africano, liderado por Nelson Mandela, é que toma a frente do processo.

O que é pan-africanismo?

O sentimento nacionalista experimentado por diferentes nações africanas no


processo de descolonização deu origem ao chamado “pan-africanismo”. Trata-se de
uma doutrina social que prega a união dos povos africanos em torno de suas
características étnicas e culturais comuns. O movimento propõe o exercício de uma
identidade africana, aliada a preceitos sociais e à busca pela libertação das
consequências do processo de colonização.

Na bandeira do pan-africanismo, exposta acima, a cor vermelha simboliza o


sangue do povo africano e de seus descendentes, a cor negra simboliza o povo africano
e a cor verde simboliza as riquezas culturais e a diversidade natural africanas.

CONSEQUÊNCIAS DA DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

Como consequências ao processo de descolonização, podemos apontar:

 independência das nações africanas;

 formação de novos Estados nacionais;

 ocorrência de guerras civis;

 disputas ideológicas entre apoiadores e opositores do comunismo soviético;

 conformação cultural do pan-africanismo.


Resumo sobre a descolonização da África e da Ásia

 Contexto Histórico: Durante os séculos XIX e XX, muitos países da


África e da Ásia estavam sob domínio colonial de potências europeias.

 Pós-Segunda Guerra: A descolonização ganhou ímpeto após a


Segunda Guerra Mundial, quando as potências coloniais, enfraquecidas,
começaram a reavaliar seus impérios ultramarinos.

 Líderes Notáveis: Nelson Mandela (África do Sul), Mahatma Gandhi


(Índia), Frantz Fanon (Martinica, mas influente na África) e Ho Chi Minh
(Vietnã) foram líderes influentes nos movimentos de descolonização.

 Métodos: Enquanto alguns países alcançaram independência através


de negociações pacíficas (por exemplo, Índia), outros enfrentaram
violentas guerras de independência (como a Argélia).

 Fatores Motivadores: Nacionalismo crescente, descontentamento com


o domínio estrangeiro, e o desejo de controle sobre recursos e
governança.

 Organização das Nações Unidas: A ONU desempenhou um papel


importante, promovendo a autodeterminação dos povos e condenando o
colonialismo.

 Resultados: Ao longo da segunda metade do século XX, dezenas de


nações africanas e asiáticas alcançaram independência, moldando o
cenário político mundial.

 Desafios Pós-independência: Muitos países enfrentaram problemas


como conflitos étnicos, instabilidade política e dificuldades econômicas
após a descolonização.
O ANO EM QUE ÁFRICA GRITOU "LIBERDADE"

Em 1960 surgem novos Estados em África. O continente liberta-se da ocupação


colonial num longo processo conhecido na época por "Sol das independências". Processo
concluído duas décadas mais tarde com a transformação da Rodésia em Zimbabwe e o fim
do 'apartheid' na África do Sul.

O início dos anos 60 marca o princípio de uma nova era em África. Surgem
novos Estados independentes, novas elites políticas chegam ao poder, começam a
desenhar-se diferentes equilíbrios regionais à medida que as potências coloniais deixam
o continente. E 1960 é uma data-chave neste processo com 17 novos Estados a nascerem
em África, 14 dos quais ex-colónias francesas.

Um processo em que se afirmam figuras como o costa-marfinense Félix


Houphouët-Boigny - deputado no Parlamento francês -, o senegalês Léopold Sédar
Senghor - o primeiro africano a integrar a Academia Francesa - ou ainda o guineense
Ahmed Sekou Touré, adepto do modelo marxista.

As declarações destas personalidades traduzem outras tantas formas de


relacionamento com o ex-poder colonial, numa tensão que se vai reflectir nas opções dos
futuros Estados. Uma tensão e encontro de referências presente também noutro dos pais
das independências africanas, o ganês Kwame Nkrumah. Líder que não descura citar
Aristóteles ao mesmo tempo que propugna pela africanidade e namora o modelo
soviético. Na prática irão reproduzir o modelo político dos países coloniais ou do seu
oposto ideológico, o comunismo. Modelos que se irão degradando; os golpes de Estado
tornam-se uma característica comum a partir da segunda metade dos anos 60, assim
como se multiplicam guerras civis e o aumento da despesa militar.

O período do "Sol das independências" depressa perdeu o seu brilho. As


promessas dos dirigentes que defendiam a liberdade para o continente depressa se
tornaram no seu contrário e muitas das promessas de desenvolvimento ficaram por
concretizar, enquanto os líderes políticos insistiam na africanização do Estado, um
Estado que, na maioria dos novos países, não dispõe de recursos para manter uma
moderna Administração Pública. E quando estes existem serão delapidados pelas novas
oligarquias ou esbanjados em longos conflitos internos ou regionais.
Muitos dos novos dirigentes não dispõem de bases de apoio nas respectivas
sociedades e vão ter de as forjar a partir do nada. O que irá favorecer certos fenómenos
autocráticos e, num momento posterior, o regresso de estratégias de tribalização da
política na África pós-colonial.

Afirmam os historiadores do continente que a aliança das novas elites com as


populações não será duradoura nem eficaz em muitos dos novos Estados.

A fragilidade dos novos Estados impede quaisquer veleidades autonómicas e a


recusa da secessão. Para assegurar a subsistência deste e a sobrevivência do grupo
dirigente, a repressão vai surgir como a melhor solução possível. Uma estratégia que só
entrará em crise com o fim da Guerra Fria.

CONFERÊNCIA DE BERLIM

A Conferência de Berlim, proposta pelo Chanceler alemão Otto von Bismarck


(1815-1898), foi uma reunião entre países para dividir o continente africano.

Estiveram presentes as nações imperialistas do século XIX: Estados Unidos,


Rússia, Grã-Bretanha, Dinamarca, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Itália,
Império Alemão, Suécia, Noruega, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano.

Note que alguns países participantes não possuíam colônias na África, como o
império Alemão, Império Turco-Otomano e Estados Unidos. No entanto, cada um deles
tinha interesse em obter um pedaço do território africano ou garantir tratados de
comércio.

CAUSAS DA CONFERÊNCIA DE BERLIM

A Conferência de Berlim foi realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de


1885, na Alemanha. Presidida pelo chanceler do Império Alemão Otto von Bismarck, o
evento durou três meses e todas as negociações eram secretas, como era habitual
naqueles tempos.

Oficialmente, a reunião serviria para garantir a livre circulação e comércio na


bacia do Congo e no rio Níger; e o compromisso de lutar pelo fim da escravidão no
continente.
Contudo, a ideia era resolver conflitos que estavam surgindo entre alguns países
pelas possessões africanas e dividir amistosamente os territórios conquistados entre as
potências mundiais.

Todos tinham interesse em adquirir a maior parte de territórios, visto que a


África é um continente rico em matérias-primas.

Embora os objetivos tenham sido alcançados, a Conferência de Berlim, gerou


diversos atritos entre os países participantes. Vejamos alguns deles:

Bélgica

O rei Leopoldo II escolheu para si um território isolado e de difícil acesso, no


centro do continente. Sua intenção era possuir uma colônia tal qual seus pares europeus,
para inscrever a Bélgica como uma nação imperialista, como a Inglaterra e a França.

Dessa maneira, o Congo belga fazia fronteira com várias colônias de outras
nações e isso geraria conflitos no futuro.

França x Inglaterra

A França disputava com a Inglaterra a supremacia colonial tanto na África


quanto na Ásia. Por isso, as duas nações esforçavam-se para fincar suas estacas na
maior quantidade possível de território no continente africano.

A Inglaterra contava com sua poderosa esquadra naval, a maior da época, para
pressionar e influenciar os resultados das negociações.

Por sua parte, a França foi negociando tratados com os chefes tribais ao longo do
século XIX e usou este argumento para garantir territórios no continente africano. Essa
técnica era usada por todos as nações que ocuparam a África. Os europeus aliavam-se a
certas tribos e as ajudavam a combater seus inimigos promovendo guerras.

CONSEQUÊNCIAS DA CONFERÊNCIA DE BERLIM

Como consequência, o território africano foi dividido entre os países integrantes


da Conferência de Berlim:
 Grã-Bretanha: suas colônias atravessavam todo o continente e ocupou terras
desde o norte com o Egito até o sul, com a África do Sul;

 França: ocupou basicamente o norte da África, a costa ocidental e ilhas no


Oceano Índico;

 Portugal: manteve suas colônias como Cabo Verde, são Tomé e Príncipe,
Guiné, e as regiões de Angola e Moçambique;

 Espanha: continuou com suas colônias no norte da África e na costa ocidental


africana;

 Alemanha: conseguiu território na costa Atlântica, atuais Camarões e Namíbia e


na costa Índica, a Tanzânia;

 Itália: invadiu a Somália e Eriteia. Tentou se estabelecer na Etiópia, mas foi


derrotada;

 Bélgica: ocupou o centro do continente, na área correspondente ao Congo e


Ruanda.

Por sua vez, a liberdade comercial na bacia do Congo e no rio Níger foi
garantida; assim como a proibição da escravidão e do tráfico de seres humanos. A
Conferência de Berlim foi uma vitória diplomática do chanceler Bismarck. Com a
reunião, ele demonstrava que o Império Alemão não podia ser mais ignorado e era tão
importante quanto o Reino Unido e a França.

Igualmente, não solucionou os litígios de fronteiras disputados pelas potências


imperialistas na África e levariam à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O conflito
foi travado entre dois grandes blocos: Alemanha, Áustria e Itália (formavam a Tríplice
Aliança), e França, Inglaterra e Rússia (formavam a Tríplice Entente). Como a África
era considerada uma extensão desses países europeu, o continente também se viu
envolvido na Grande Guerra Mundial, com os nativos integrando os exércitos nacionais.
Essa nova configuração do continente africano feito pelas potências mundiais,
permaneceu até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Após esta data
eclodiram vários movimentos de independência em diversos países africanos.
LUSOTROPICALISMO

Luso-tropicalismo ou Lusotropicalismo é uma “quase-teoria” desenvolvida pelo


cientista social brasileiro Gilberto Freyre sobre a relação de Portugal com os trópicos.

Em traços gerais, o luso-tropicalismo postula a especial capacidade de adaptação dos


portugueses aos trópicos, não por interesse político ou econômico, mas
por empatia inata e criadora. A aptidão do português para se relacionar com as terras e
gentes tropicais, a sua plasticidade intrínseca, resultaria da sua própria origem étnica
híbrida, da sua bi-continentalidade e do longo contacto
com mouros e judeus na Península Ibérica, nos primeiros séculos da nacionalidade
portuguesa, e manifesta-se sobretudo através da miscigenação e da interpenetração de
culturas.

USO POLITICO DO LUSO TROPICALISMO

O Estado Novo português, nos anos 30 e 40, ignorou ou rejeitou a tese


de Gilberto Freyre, devido à importância que conferia à mestiçagem, à interpenetração
de culturas, à herança árabe e africana na gênese do povo português e das sociedades
criadas pela colonização lusa. As ideias do pensador brasileiro tiveram que esperar pela
década dos anos 50 para conhecer uma recepção mais favorável no seio do regime
salazarista. Nessa altura, o regime adotou uma versão simplificada e nacionalista do
luso-tropicalismo como discurso oficial, para ser utilizado na propaganda e na política
externa. A mudança de atitude não foi alheia a conjuntura internacional saída
da Segunda Guerra Mundial e a necessidade de o Governo português afirmar a unidade
nacional perante as pressões externas favoráveis à autodeterminação das colônias.
Paralelamente, assistiu-se à penetração do luso-tropicalismo no meio acadêmico e
científico, em particular o ligado à formação dos quadros da administração ultramarina
e à chamada ocupação científica das colônias.

Com o início da guerra em Angola, e a chegada de Adriano


Moreira ao Ministério do Ultramar, foi promulgado um pacote de medidas legislativas
inspiradas no luso-tropicalismo. No novo contexto, procurou-se igualmente incutir nos
portugueses a ideia da benignidade da colonização lusa ou, de forma mais eufemística,
“do modo português de estar no mundo”. A propaganda encarregou-se disso, de forma
incansável: era urgente uniformizar o pensamento para conformar a ação, sobretudo dos
colonos e dos agentes do poder colonial no terreno.

Desde então, uma versão simplificada do luso-tropicalismo foi entrando no imaginário


nacional contribuindo para a consolidação da auto-imagem, da génese da
sua identidade, em que os portugueses melhor se identificam: a de um povo
tolerante, fraterno, plástico e de vocação ecumênica.

OPOSIÇÃO AO LUSO TROPICALISMO

O luso-tropicalismo serviu aos interesses políticos do Estado Novo e ajudou a


legitimar intelectualmente a colonização portuguesa, tornando-se alvo de alguns
movimentos de libertação nacional. Eduardo Mondlane, um dos fundadores da Frente
de Libertação de Moçambique (FRELIMO), afirmou que a colonização portuguesa se
baseava na discriminação racial, por isso a perspectiva positiva da “complicada teoria
de luso-tropicalismo” não condizia com a realidade. Amílcar Cabral, liderança
do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), menciona o
luso-tropicalismo como um obstáculo para a luta anticolonial. Sobre o assunto, Cabral
afirmou o seguinte:

Uma poderosa máquina de propaganda foi posta a trabalhar no sentido de


convencer a opinião pública mundial de que os nossos povos viviam no melhor dos
mundos possíveis [...]. E assim se foi construindo toda uma mitologia. E, como acontece
com tantos mitos, especialmente os que dizem respeito à sujeição e exploração das
gentes, não faltaram ‘homens de ciência’, incluindo um sociólogo de nomeada, para lhe
garantir uma base teorética – neste caso, o lusotropicalismo[3].

Aquino de Bragança foi outro intelectual e militante anti-imperialista que


criticou o luso-tropicalismo e Gilberto Freyre. Em um de seus artigos, recordou a
participação desse brasileiro, em 1966, no Congresso das Comunidades Portuguesas,
realizado na Ilha de Moçambique, com a presença dos ideológicos do regime português
da ditadura.

PAN-AFRICANISMO

O pan-africanismo foi uma ideologia que defendeu a emancipação da


população negra da opressão em que vivia e a união dessa população.
O pan-africanismo foi um movimento que surgiu durante o período do
imperialismo do século XIX e defendia a emancipação da população negra, a luta contra
o racismo e por melhores condições de vida. A partir de 1900, diversos congressos pan-
africanos foram organizados e participaram deles diversas lideranças da América,
Europa e África. O pan-africanismo é a ideologia que defende a união de todos os
africanos e descendentes de africanos do mundo em defesa de direitos e na luta contra
o racismo. Com origem no período do neocolonialismo, o objetivo inicial do pan-
africanismo era garantir a independência dos países do continente e criar uma unidade
entre eles.

O Quinto Congresso Pan-Africano, ocorrido em Manchester, é considerado um


marco do movimento de emancipação dos países africanos. Diversos participantes do
evento foram líderes do processo de independência em seus países na África. O pan-
africanismo inspirou diversos movimentos no mundo, inclusive o Movimento de
Direitos Civis nos Estados Unidos.

Na atualidade existe a União Africana, entidade composta por 55 países do


continente que tem por principal objetivo integrar economica, politica e culturalmente
todo o continente.

RESUMO SOBRE O PAN-AFRICANISMO

 O pan-africanismo é a ideologia que defende a união dos povos africanos e dos


afrodescendentes de todo o mundo na luta contra a opressão.

 A ideologia ganhou força no século XIX, quando o território africano e sua


população eram controlados pelos países europeus.

 Marcus Garvey e Du Bois são considerados os principais intelectuais do período


inicial do pan-africanismo.

 A ideologia se tornou um movimento político e social por meio da organização de


diversos congressos pan-africanos.

 O Quinto Congresso Pan-Africano ocorreu em Manchester em 1945. É considerado


o marco inicial da independência do continente africano.

 Bob Marley, fortemente influenciado pelas obras de Marcus Garvey, difundia o pan-
africanismo pelo mundo por meio de sua música.
ORIGEM DO PAN-AFRICANISMO

No século XIX, o Martin Delany, um abolicionista dos Estados Unidos,


acreditava que uma nação formada por afro-americanos deveria ser estabelecida e
deveria ser independente dos Estados Unidos. Delany cunhou a frase “África para os
africanos”.

Um grupo de intelectuais negros, entre eles o jamaicano Marcus Garvey e o


norte-americano William. E. B. Du Bois, criou as bases do pan-africanismo. Garvey
defendia a segregação entre afrodescendentes e descendentes de europeus, com esses
grupos vivendo separados, pois acreditava que a opressão de um grupo sobre o outro
sempre existiria.

Du Bois, o primeiro negro a se tornar doutor em Harvard, defendia a integração


entre negros e brancos, convivendo nos mesmos espaços e sem diferenças sociais ou
racismo de qualquer espécie.

A realização dos congressos pan-africanos foi importante para a difusão do


pan-africanismo, das ideias anticoloniais e antirracistas. Os primeiros congressos
ocorreram em território europeu, organizados por intelectuais negros do continente, e
contaram com representantes de diversos países africanos.

O Primeiro Congresso Pan-Africano ocorreu em 1919, em Paris. Seguido


pelos congressos de 1921 (Bruxelas, Londres e Paris), 1923 (Lisboa), 1927 (Nova
Iorque), 1945 (Manchester), 1974 (Tanzânia), 1994 (Uganda) e 2014 (África do Sul).

O congresso realizado em Manchester, em 1945, é considerado um marco na


luta dos povos africanos pela autonomia política. Do congresso de Manchester
participaram Kwame Nkrumah, líder da independência de Gana; Jomo Kenyatta, líder
da independência do Quênia; e Hastings Banda, líder da independência do Malaui.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PAN-AFRICANISMO

A principal característica do pan-africanismo é de ser um movimento pan-


nacionalista, esse tipo de movimento defende a união em um mesmo território de
pessoas que possuem uma história comum e uma identidade cultural. Também
reivindicam um território que não corresponde a territórios até então estabelecidos.
A ideologia pan-africana influenciou os movimentos de independência dos
países africanos que se fortaleceram após o fim da Segunda Guerra. Também foi uma
das referências para o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos que culminou
na revogação do conjunto de leis segregacionistas nos estados do Sul conhecido como
Jim Crown.

PRINCIPAIS IDEALIZADORES DO PAN-AFRICANISMO

 Marcus Mosiah Garvey: ativista político jamaicano, fundou em 1914 a Associação


Universal para o Progresso Negro. Defendia que os negros deveriam ter
independência econômica dos brancos, para isso, criou diversas empresas que só
contratavam pessoas negras. Também defendia o retorno da população afro-
americana para a África, chegou a criar uma empresa de transporte marítimo para
tal fim, a Black Star Line.

 William Edward Burghardt du Bois: foi um intelectual norte-americano e


considerado um dos principais autores do pan-africanismo. Durante sua vida,
publicou mais de 20 publicações acadêmicas. Suas obras criticavam as leis Jim
Crown, o racismo, o colonialismo no continente africano, e defendiam o pan-
africanismo, a maior representatividade da população negra na política, o maior
acesso dessa população à educação e a melhoria da sua condição de vida. Ele ajudou
na organização de diversos congressos pan-africanos, nos quais sempre defendeu a
independência dos países africanos.

 Amy Ashwood Garvey: jamaicana casada com Marcus Garvey, foi uma importante
militante pan-africanista e feminista. Ela lutou para que as mulheres tivessem mais
representatividade nos congressos pan-africanos e para que as pautas das mulheres
fossem inseridas em suas discussões. Participou do Congresso de Manchester com
Alma la Badie, as únicas duas mulheres participantes.

CONSEQUÊNCIAS DO PAN-AFRICANISMO

Por meio dos congressos pan-africanos, lideranças africanas iniciaram


a organização dos movimentos de independência de diversos países africanos. Como
pontuado, diversos líderes emancipacionistas do continente africano participaram do
Quinto Congresso Pan-Africano, considerado um marco da luta pela independência da
África.

Embora tenha ocorrido em um relativo curto espaço de tempo e dentro de um


mesmo contexto histórico, marcado pelo mundo pós-guerra e a Guerra Fria, o processo
de independência da África foi fortemente marcado pelo pan-africanismo.

Em 1963, foi criada a Organização da Unidade Africana, com sede na Etiópia e


composta por 32 países africanos independentes. O objetivo da instituição era o de
proteger os interesses dos países do continente. Essa instituição existiu até 2002, quando
foi substituída pela União Africana, associação que atualmente possui 55 países-
membros. A União Africana mostra como o pan-africanismo continua influenciando o
mundo atual.

O cantor jamaicano Robert Nesta Marley, conhecido como Bob Marley, foi
responsável pela difusão do pan-africanismo no mundo por meio de suas canções. Sua
música, “Africa Unite” é considerada um hino do pan-africanismo. Durante sua carreira,
ele vendeu aproximadamente 100 milhões de discos.

TRATADO DE VERSALHES

O Tratado de Versalhes foi um acordo de paz selado entre as potências


vencedoras da Primeira Guerra Mundial e a Alemanha derrotada.

O processo teve início com o armistício de 11 de Novembro de 1918 e foi


assinado em 28 de Junho de 1919.

O Tratado de Versalhes teve como característica o revanchismo francês, a


redefinição de fronteiras, o estabelecimento de indenizações e a criação da Liga das
Nações.

Países Participantes

As negociações, que duraram seis meses, envolveram 70 delegados de 27 nações


dentre as quais o Brasil.
Ficou de fora das transações o país derrotado, a Alemanha. A Rússia não
participou, pois havia firmado o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em 1918.

Sob os auspícios do presidente norte-americano Woodrow Wilson, do primeiro-


ministro britânico David Lloyd George e do primeiro-ministro francês Georges
Clemenceau, o Tratado de Versalhes foi concluído em 28 de junho de 1919.

Apesar de ser um dos principais negociadores do Tratado, o Congresso dos


Estados Unidos não ratificou o documento e nem aderiram à Liga das Nações.

Deste modo, os EUA preferiram fazer um acordo bilateral com os alemães pelo
Tratado de Berlim de 1921.

Revanchismo Francês

A França buscou de todas as formas se vingar da derrota Guerra Franco-


Prussiana. Não por acaso, o Tratado de Versalhes foi assinado no mesmo local que os
franceses firmaram o tratado que tinha posto fim aquele conflito: o salão de Espelhos do
Palácio de Versalhes.

A principal cláusula do Tratado de Versalhes, o artigo 231, definia a “culpa de


guerra” à Alemanha.

A Alemanha e os seus Aliados são responsáveis, uma vez que os causaram, por
todas as perdas e danos sofridos pelos governos aliados e pelos seus associados, bem
como pelos cidadãos destes países, em consequência da guerra.

Ela era responsabilizada total e unicamente por todos os prejuízos causados.


Assim, o país deveria reparar as nações envolvidas no conflito, especialmente as da
Tríplice Entente.

Indenizações e Perdas Territoriais

Ficou estabelecido que a Alemanha deveria fornecer anualmente:

 Sete milhões de toneladas de carvão à França;


 Oito milhões de toneladas de carvão à Bélgica.
Vale ressaltar que, em 1921, o valor em indenizações a serem pagos pela
Alemanha pelos prejuízos da Guerra, foram calculados em 33 bilhões de dólares ou 269
bilhões de marcos.

Depois, eles foram reduzidos para 132 bilhões de marcos, sem computar os
valores a serem restituídos a título de pensões às viúvas e outros afetados pelo conflito,
a maior parte na França.

Esta imposição levou a economia alemã a amargar uma crise econômica que
durou toda a década de 1920.

Além disso, a Alemanha perdeu 13% de seu território na Europa e, assim, 7


milhões de cidadãos. Foi determinado que:

 A região de Alsácia-Lorena seria restituída à França;


 A Sonderjutlândia passaria à Dinamarca;
 Regiões da Prússia, como Posen, Soldau, Vármia e Masúria seriam incorporadas
pela Polônia;
 Hlučínsko passou à Checoslováquia;
 Eupen e Malmedy tornam-se territórios da Bélgica;
 A província do Sarre seria controlada pela Liga das Nações por 15 anos.

As colônias alemãs que representavam mais 70.000 Km2, distribuídos entre


África, Ásia e Pacífico, também foram atingidas. As colônias na África foram divididas
entre Inglaterra, Bélgica e França.

Desmobilização Militar

Em termos militares, foi determinado o desarmamento do povo alemão, a


abolição do serviço militar obrigatório e a redução do exército para cem mil soldados
voluntários.

Para impedir o desenvolvimento da indústria bélica na Alemanha, se proibiu a


fabricação de tanques e armamentos de grosso calibre. Seguindo a mesma linha, a
margem esquerda do rio Reno deveria ser desmilitarizada.
Na mesma medida, a Marinha poderia ser composta por até 15 mil marinheiros e
a aeronáutica alemã foi declarada extinta. Muitos navios foram entregues aos
vencedores.

Foram extintas as Escolas Militares e associações paramilitares. Este foi um


duro golpe numa nação que havia feito da vida militar uma das suas marcas principais.

Meses depois, através do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, a Áustria também


foi obrigada a reduzir seus efetivos militares a 30.000 homens

Consequências

Os ministros alemães Hermann Müller (Exterior) e Johannes Bell (Transportes)


assinaram o documento em nome da República de Weimar. Mais tarde, o Tratado de
Versalhes seria ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920.

Em suma, este tratado possui dimensões políticas, econômicas e militares


extremamente punitivas e os seus 440 artigos são uma verdadeira condenação à
Alemanha.

Apesar de encerrar oficialmente a guerra, esta convenção foi responsável, ao


menos indiretamente, pela queda da República de Weimar (que substituiu o império
alemão destituído). Igualmente, pela ascensão de Adolf Hitler e do partido nazista em
1933.

ACORDO DE ALVOR

Acordo, assinado a 15 de janeiro de 1975, nos termos do


qual Portugal reconhecia a independência de Angola, transferindo o poder para o
MPLA, a UNITA e a FNLA. Desentendimentos entre os três partidos africanos, porém,
viriam a redundar numa violenta e prolongada guerra civil, com o MPLA a ocupar a
administração de Luanda. Este acordo ficou conhecido pelo nome da vila onde foi
assinado, pertencente ao concelho de Portimão.

O Estado Português e os movimentos de libertação nacional de Angola, Frente


Nacional de Libertação de Angola - F. N. L. A., Movimento Popular de Libertação de
Angola - M. P. L. A. e União Nacional para a Independência Total de Angola - U. N. I.
T. A., reunidos em Alvor, Algarve, de 10 a 15 de Janeiro de 1975 para negociarem o
processo e o calendário do acesso de Angola à independência, acordaram o seguinte:

CAPITULO I

Da independência de Angola

ARTIGO 1.º

O Estado Português reconhece os movimentos de libertação, Frente Nacional de


Libertação de Angola - F. N. L. A., Movimento Popular de Libertação de Angola - M.
P. L. A., e União Nacional para a Independência Total de Angola - U. N. L T. A., como
os únicos e legítimos representantes do povo angolano.

ARTIGO 2.º

O Estado Português reafirma, solenemente, o reconhecimento do direito do povo


angolano à independência.

ARTIGO 3.º

Angola constitui uma entidade, una e indivisível, nos seus limites geográficos e
políticos actuais e neste contexto, Cabinda é parte integrante e inalienável do território
angolano.

ARTIGO 4.º

A independência e soberania plena de Angola serão solenemente proclamadas


em 11 de Novembro de 1975, em Angola, pelo Presidente da República Portuguesa ou
por representante seu, expressamente designado.

ARTIGO 5.º

O Poder passa a ser exercido, até à proclamação da independência, pelo alto-


comissário e por um Governo de Transição, o qual tomará posse em 31 de Janeiro de
1975.

Ilícito qualquer acto de recurso à força.


ARTIGO 6.º

O Estado Português e os três movimentos de libertação formalizam, pelo


presente acordo, um cessar-fogo geral, já observado, de facto, pelas respectivas Forças
Armadas em todo o território de Angola.

A partir desta data, será considerado ilícito qualquer acto de recurso à força, que
não seja determinado pelas autoridades competentes com vista a impedir a violência
interna ou a agressão externa.

ARTIGO 7.°

Após o cessar-fogo as Forças Armadas da F. N. L. A., do M. P. L. A. e da U. N.


I. T. A. fixar-se-ão nas regiões e locais correspondentes à sua implantação actual, até
que se efectivem as disposições actuais, previstas no capítulo IV do presente acordo.

ARTIGO 8.º

O Estado Português obriga-se a transferir progressivamente até ao termo do


período transitório, para os órgãos de soberania angolana, todos os poderes que detém e
exerce em Angola.

ARTIGO 9.º

Com a conclusão do presente acordo consideram-se amnistiados, para todos os


efeitos, os actos patrióticos praticados no decurso da luta de libertação nacional de
Angola, que fossem considerados puníveis pela legislação vigente à data em que
tiveram lugar.

ARTIGO 10.º

O Estado Independente de Angola exercerá a soberania, total e livremente, quer


no plano interno quer no plano internacional.

CAPITULO II

Do alto-comissário
ARTIGO 11.º

O Presidente da República e o Governo Português são, durante o período


transitório, representados em Angola pelo alto-comissário, a quem cumpre defender os
interesses da República Portuguesa.

ARTIGO 12.º

O alto-comissário em Angola é nomeado e exonerado pelo Presidente da


República Portuguesa, perante quem toma posse e responde politicamente.

ARTIGO 13.º

Compete ao alto-comissário:

a) representar o Presidente da República Portuguesa, assegurando e garantindo,


de pleno acordo com o Governo de Transição, o cumprimento da lei;

b) salvaguardar e garantir a integridade do território angolano em estreita


cooperação com o Governo de Transição;

c) assegurar o cumprimento do presente acordo e dos que venham a ser


celebrados entre os movimentos de libertação e o Estado Português;

d) garantir e dinamizar o processo de descolonização de Angola;

e) ratificar todos os actos que interessem ou se refiram ao Estado Português;

f) assistir às sessões do Conselho de Ministros, quando o entender conveniente,


podendo participar nos respectivos trabalhos, sem direito de voto;

g) assinar, promulgar e mandar publicar os decretos-leis e os decretos elaborados


pelo Governo de Transição;

h) assegurar, em conjunto com o colégio presidencial, a direcção da Comissão


Nacional de Defesa, e dirigir a política externa de Angola, durante o período transitório,
coadjuvado pelo colégio presidencial.
CAPITULO III

Do Governo de Transição

ARTIGO 14.º

O Governo de Transição é presidido pelo Colégio Presidencial.

ARTIGO 15.º

O Colégio Presidencial é constituído por três membros, um de cada movimento


de libertação, e tem por tarefa principal dirigir e coordenar o Governo de Transição.

ARTIGO 16.º

O Colégio Presidencial poderá, sempre que o deseje, consultar o alto-comissário


sobre assuntos relacionados com a acção governativa.

ARTIGO 17.º

As deliberações do Governo de Transição são tomadas por maioria de dois


terços, sob a presidência rotativa dos membros do Colégio Presidencial.

ARTIGO 18.°

O Governo de Transição é constituído pelos seguintes Ministérios: Interior,


Informação, Trabalho e Segurança Social, Economia, Planeamento e Finanças, Justiça,
Transportes e Comunicações, Saúde e Assuntos Sociais, Obras Públicas, Habitação e
Urbanismo, Educação e Cultura, Agricultura, Recursos Naturais.

ARTIGO 19.º

São, desde já, criadas as seguintes Secretarias de Estado:

a) duas Secretarias de Estado no Ministério do Interior;

b) duas Secretarias de Estado no Ministério da Informação;

c) duas Secretarias de Estado no Ministério do Trabalho e Segurança Social;


d) três Secretarias de Estado no Ministério da Economia, designadas,
respectivamente, por Secretaria de Estado do Comércio e Turismo, Secretaria de Estado
da Indústria e Energia e Secretaria de Estado das Pescas.

ARTIGO 20.°

Os ministros do Governo de Transição são designados, em proporção igual, pela


Frente Nacional de Libertação de Angola (F. N. L. A.), pelo Movimento Popular de
Libertação de Angola (M. P. L. A.), pela União Nacional para a Independência Total de
Angola
(U. N. I. T. A.) e pelo Presidente da República Portuguesa, e tomam posse perante o
alto-comissário.

ARTIGO 21.º

Tendo em conta o carácter transitório do Governo, a distribuição dos Ministérios


é feita do seguinte modo:

a) ao Presidente da República Portuguesa cabe designar os ministros da


Economia, das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo e dos Transportes e
Comunicações;

b) à F. N. L. A. cabe designar os ministros do Interior, da Saúde e Assuntos


Sociais e da Agricultura;

c) ao M. P. L. A. cabe designar os ministros da Informação, do Planeamento e


Finanças e da Justiça;

d) à U. N. I. T. A. cabe designar os ministros do Trabalho e Segurança Social, da


Educação e Cultura e dos Recursos Naturais.

ARTIGO 22.º

As Secretarias de Estado previstas no presente acordo são distribuídas pela


forma seguinte:
a) à F. N. L. A. cabe designar um secretário de Estado para a Informação, um
secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social e o secretário de Estado do
Comércio e Turismo;

b) ao M. P. L. A. cabe designar um secretário de Estado para o Interior, um


secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social e um secretário de Estado da
Indústria e Energia;

c) à U. N. I. T. A. cabe designar um secretário de Estado para o Interior, um


secretário de Estado para a Informação e o secretário de Estado das Pescas.

ARTIGO 23.°

O Governo de Transição poderá criar novos lugares de secretários e


subsecretários de Estado, respeitando na sua distribuição a regra da heterogeneidade
política.

Competência do Governo de Transição.

ARTIGO 24.º

Compete ao Governo de Transição:

a) velar e cooperar pela boa condução do processo de descolonização até à


independência total;

b) superintender no conjunto da administração pública assegurando o seu


funcionamento, e promovendo o acesso dos cidadãos angolanos a postos de
responsabilidade;

c) conduzir a política interna, preparar e assegurar a realização de eleições gerais


para a Assembleia Constituinte de Angola;

e) exercer por decreto-lei a função legislativa e elaborar os decretos,


regulamentos e instruções para a boa execução das leis;

f) garantir, em cooperação com o alto-comissário, a segurança das pessoas e


bens;
g) proceder à reorganização judiciária de Angola;

h) definir a política económica, financeira e monetária, e criar as estruturas ao


rápido desenvolvimento da economia de Angola;

i) garantir e salvaguardar os direitos e as liberdades individuais ou colectivas.

ARTIGO 25.º

O colégio presidencial e os ministros são solidariamente responsáveis pelos


actos do Governo.

ARTIGO 26.º

O Governo de Transição não poderá ser demitido por iniciativa do alto-


comissário, devendo qualquer alteração da sua constituição ser efectuada por acordo
entre o alto-comissário e os movimentos de libertação.

ARTIGO 27.º

O alto-comissário e o colégio presidencial procurarão resolver em espírito de


amizade e através de consultas recíprocas todas as dificuldades resultantes da acção
governativa.

ARTIGO 28.º

É criada uma Comissão Nacional de Defesa com a seguinte composição: alto-


comissário; colégio presidencial; Estado-Maior Unificado.

ARTIGO 29.°

A Comissão Nacional de Defesa deverá ser informada pelo alto-comissário


sobre todos os assuntos relativos à defesa nacional, tanto no plano interno como no
externo, com vista a:

a) definir e concretizar a política militar resultante do presente acordo;

b) assegurar e salvaguardar a integridade territorial de Angola;

c) garantir a paz, a segurança e a ordem pública;


d) velar pela segurança das pessoas e dos bens.

ARTIGO 30.º

As decisões da Comissão Nacional de Defesa são tomadas por maioria simples,


tendo o alto-comissário, que preside, voto de qualidade.

ARTIGO 31.°

É criado um Estado-Maior Unificado que reunirá os comandantes dos três ramos


das Forças Armadas portuguesas em Angola e três comandantes dos movimentos de
libertação.

O Estado-Maior Unificado fica colocado sob a autoridade directa do alto-


comissário.

ARTIGO 32.°

Forças Armadas dos três movimentos de libertação serão integradas em paridade


com Forças Armadas Portuguesas nas forças militares mistas em contingentes assim
distribuídos: oito mil combatentes da F. N. L. A.; oito mil combatentes do M. P. L. A.,
oito mil combatentes da U. N. I. T. A. e 24 mil militares das Forças Armadas
Portuguesas.

ARTIGO 33.º

Cabe à Comissão Nacional de Defesa proceder à integração progressiva das


Forças Armadas nas forças militares mistas, referidas no artigo anterior, devendo em
princípio respeitar-se o calendário seguinte: de Fevereiro a Maio, inclusive, serão
integrados por mês, quinhentos combatentes de cada um dos movimentos de libertação
e mil e quinhentos militares portugueses. De Junho a Setembro, inclusive, serão
integrados por mês, mil e quinhentos combatentes de cada um dos movimentos de
libertação e quatro mil e quinhentos militares portugueses.

ARTIGO 34.º

Os efectivos das Forças Armadas Portuguesas que excederem o contingente


referido no artigo 32.°, deverão ser evacuados de Angola até trinta de Abril de 1975.
ARTIGO 35.º

A evacuação do contingente das Forças Armadas Portuguesas integrado nas


forças militares mistas deverá iniciar-se a partir de um de Outubro de 1975 e ficar
concluída até vinte e nove de Fevereiro de 1976.

ARTIGO 36.º

A Comissão Nacional de Defesa deverá organizar forças mistas de Polícia


encarregadas de manter a ordem pública.

ARTIGO 37.º

O Comando Unificado da Polícia, constituído por três membros, um de cada


movimento de Libertação, é dirigido colegialmente e presidido segundo um sistema
rotativo, ficando sob a autoridade e a supervisão da Comissão Nacional de Defesa.

CAPITULO V

Dos refugiados e das pessoas reagrupadas

ARTIGO 38.º

Logo após a instalação do Governo de Transição serão constituídas comissões


partidárias mistas, designadas pelo alto-comissário e pelo Governo de Transição,
encarregadas de planificar e preparar as estruturas, os meios e os processos para acolher
os angolanos refugiados. O Ministério da Saúde e Assuntos Sociais supervisionará a
acção destas comissões.

ARTIGO 39.º

As pessoas concentradas nas «sanzalas da paz» poderão regressar aos seus


lugares de origem.

AS comissões partidárias mistas deverão propor ao alto-comissário, ao Governo


de Transição, medidas sociais, económicas e outras para assegurar às populações
deslocadas o regresso à vida normal e a reintegração nas diferentes actividades de vida
económica do país.
CAPITULO VI

Eleições em Outubro

ARTIGO 40.º

O Governo de Transição organizará eleições gerais para uma Assembleia


Constituinte no prazo de nove meses a partir de trinta e um de Janeiro de 1975, data da
sua instalação.

ARTIGO 41.º

As candidaturas à Assembleia Constituinte serão apresentadas exclusivamente


pelos movimentos de libertação - P. N. L. A., M. P. L. A. e U. N. I. T. A. - únicos
representantes legítimos do povo angolano.

ARTIGO 42.º

Será estabelecida, após a instalação do Governo de Transição, uma Comissão


Central, constituída em partes iguais por membros dos movimentos de libertação, que
elaborará o projecto da lei fundamental e preparará as eleições para a Assembleia
Constituinte.

ARTIGO 43.º

Aprovada pelo Governo de Transição e promulgada pelo colégio presidencial a


Lei Fundamental, a Comissão Central deverá:

a) elaborar um projecto de lei eleitoral;

b) organizar os cadernos eleitorais;

c) registar as listas dos candidatos à eleição da Assembleia Constituinte


apresentadas pelos movimentos de libertação.

ARTIGO 44.°

A Lei Fundamental, que vigorará até à entrada em vigência da Constituição de


Angola, não poderá contrariar os termos do presente acordo,
CAPITULO VII

Da nacionalidade angolana

ARTIGO 45.º

O Estado Português e os três movimentos de libertação, F. N. L. A., M. P. L. A.


e U. N. I. T. A. comprometem-se a agir concertadamente para eliminar todas as sequelas
do colonialismo. A este propósito, a F. N. L. A., o M. P. L. A. e U. N. I. T. A.
reafirmam a sua política de não discriminação segundo a qual a qualidade de angolano
se define pelo nascimento em Angola ou pelo domicílio desde que os domiciliados em
Angola se identifiquem com as aspirações da Nação Angolana através de uma opção
consciente.

ARTIGO 46.°

A F, N. L. A., o M. P. L. A. e a U. N. I. T. A. assumem desde já o compromisso


de considerar cidadãos angolanos todos os indivíduos nascidos em Angola, desde que
não declarem, nos termos e prazos a definir, que desejam conservar a sua actual
nacionalidade, ou optar por outra.

ARTIGO 47.º

Aos indivíduos não nascidos em Angola e radicados neste país, é garantida a


faculdade de requererem a cidadania angolana, de acordo com as regras da
nacionalidade angolana que forem estabelecidas na Lei Fundamental.

ARTIGO 48.º

Acordos especiais a estudar ao nível de uma comissão paritária mista, regularão


as modalidades da concessão da cidadania angolana aos cidadãos portugueses
domiciliados em Angola, e o estatuto de cidadãos portugueses residentes em Angola e
dos cidadãos angolanos residentes em Portugal.

CAPITULO VIII

Dos assuntos de natureza financeira


ARTIGO 49.º

O Estado Português obriga-se a regularizar com o Estado de Angola a situação


decorrente da existência de bens pertencentes a este Estado fora do território angolano,
por forma a facilitar a transferência desses bens, ou do correspondente valor para o
território e a posse de Angola.

ARTIGO 50.°

A F.N.L.A., o M.P.L. A. e a U.N.I.T.A, declaram-se dispostos a aceitar a


responsabilidade decorrente dos compromissos financeiros assumidos pelo Estado
Português em nome e em relação a Angola, desde que o tenham sido no efectivo
interesse do povo angolano.

ARTIGO 51.°

Uma comissão especial paritária mista, constituída por peritos nomeados pelo
Governo Provisório da República Portuguesa e pelo Governo de Transição do Estado de
Angola, relacionará os bens referidos no Art. 49.° e os créditos referidos
no Art. 50.°, procederá às avaliações que tiver por convenientes, e proporá àqueles
Governos as soluções que tiver por justas.

ARTIGO 52.º

O Estado Português assume o compromisso de facilitar à comissão referida no


artigo anterior todas as informações e elementos de que dispuser e de que a mesma
comissão careça para formular juízos fundamentados e propor soluções equitativas
dentro dos princípios da verdade, do respeito pelos legítimos direitos de cada parte e da
mais leal cooperação.

Criação de um banco emissor

ARTIGO 53.º

O Estado Português assistirá o Estado angolano na criação e instalação de um


banco central emissor. O Estado Português compromete-se a transferir para o Estado de
Angola as atribuições, o activo e o passivo do departamento de Angola no Banco de
Angola, em condições a acordar no âmbito da comissão mista para os assuntos
financeiros. Esta comissão estudara igualmente todas as questões referentes ao
departamento de Portugal do mesmo banco, propondo as soluções justas, na medida em
que se refiram e interessem a Angola.

ARTIGO 54.º

A P. N. L. A., o M. P. L. A. e a U. N. I. T. A. comprometem-se a respeitar os


bens e os interesses legítimos dos portugueses domiciliados em Angola.

CAPITULO IX

Da cooperação entre Angola e Portugal

ARTIGO 56.

O Governo Português por um lado e os movimentos de libertação por outro


acordam em estabelecer entre Portugal e Angola laços de cooperação construtiva e
duradoura em todos os domínios, nomeadamente nos domínios cultural, técnico,
científico, económico, comercial, monetário, financeiro e militar, numa base de
independência, igualdade, liberdade, respeito mútuo e reciprocidade de interesses.

CAPITULO X

Das comissões mistas

ARTIGO 56.º

Serão criadas comissões mistas de natureza técnica e composição paritária


nomeadas pelo alto-comissário de acordo com o colégio presidencial, que terão por
tarefa estudar e propor soluções para os problemas decorrentes da descolonização e
estabelecer as bases de uma cooperação activa entre Portugal e Angola, nomeadamente
nos seguintes domínios:

a) cultural, técnico e científico;


b) económico e comercial;
c) monetário e financeiro;
d) militar;
e) da aquisição da nacionalidade angolana por cidadãos portugueses.
ARTIGO 57.º

As comissões referidas no artigo anterior conduzirão os trabalhos e negociações


num clima de cooperação construtiva e de leal ajustamento. As conclusões a que
chegarem deverão ser submetidas, no mais curto espaço de tempo, à consideração do
alto-comissário e do colégio presidencial com vista à elaboração das disposições gerais.

CAPITULO XI

Desacordos entre Portugal e Angola

ARTIGO 58.°

Quaisquer questões que surjam na interpretação e na aplicação do


presente acordo e que não possam ser solucionadas nos termos
do Art. 27.°, serão resolvidas por via negociada entre o Governo Português e os
movimentos de libertação.

ARTIGO 59.º

O Estado Português, a F.N.L.A., o M.P.L.A. e a U.N.I.T.A., fiéis


ao ideário sociopolítico repetidamente afirmado pelos seus dirigentes, reafirmam o seu
respeito pelos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e na declaração
universal dos Direitos do Homem bem como o seu activo repúdio por todas as formas
de discriminação social, nomeadamente o «apartheid».

ARTIGO 60.°

O presente acordo entrará em vigor imediatamente após a homologação pelo


Presidente da República Portuguesa. As delegações do Governo português, da F.N.L.A.,
do M.P.L.A. e da U.N.I.T.A. realçam o clima de perfeita cooperação e cordialidade em
que decorreram as negociações e felicitam-se pela conclusão do presente acordo, que
dará satisfação às justas aspirações do povo angolano e enche de orgulho o povo
português, a partir de agora ligados por laços de funda amizade e propósitos de
cooperação construtiva para bem de Angola, de Portugal, da África e do Mundo.
Assinado em Alvor, Algarve, aos 15 dias do mês de Janeiro de 1975 em quatro
exemplares em língua portuguesa.
PROTOCOLO DE LUSACA

O Protocolo de Lusaca foi um tratado de paz angolano que durou cerca de


quatro anos e tinha como base a desmobilização das tropas das Forças Armadas de
Libertação de Angola (FALA) — braço armado da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA) — e fusão destas nas recém-criadas Forças
Armadas Angolanas (FAA).

O tratado foi assinado na capital da Zâmbia, Lusaca, no dia 20 de


novembro de 1994, pelo então Ministro das Relações Exteriores do Estado
angolano, Venâncio da Silva Moura, e o então secretário-geral da UNITA, Eugénio
Manuvakola. Este Protocolo, veio corrigir alguns défices que se registaram nos Acordos
de Bicesse e também serviu para a formação de um Governo de Unidade e
Reconciliação Nacional em Angola, que incluiu todas as forças políticas que tinham
assento parlamentar, saído das eleições de 29 e 30 de setembro de 1992.

No entanto, a guerra continuou até 2002, altura em que Jonas Savimbi, líder da
UNITA, foi morto em combate. Neste mesmo ano foi assinado o Memorando de
Entendimento do Luena — complemento aos acordos de paz de Bicesse e Lusaca —,
que definiram a conversão da UNITA em partido civil com o abandono da luta armada.

O TRATADO DE SIMULAMBUCO

Com medo de perder Cabinda, Portugal assinou os acordos Chinfuma e


Chicamba com os chefes indígenas cabindanos entre 1883 e 1884 e, em 1º de fevereiro
de 1885, o Tratado de Simulambuco. Assim, este documento permite que Portugal tenha
uma base legal em Cabinda, com vista à delimitação final dos territórios africanos
durante a Conferência de Berlim de 1885, uma reunião de potências européias para o
compartilhamento de colônias e áreas de influência em África.

O mais importante desses tratados é o assinado em 1º de fevereiro de 1885 em


Simulambuco pelo rei de Cabinda, Ibiala Mamboma, que colocou Cabinda sob o
protetorado do Reino de Portugal. A validade desse tratado foi reconhecida pela
conferência de Berlim, pois britânicos e alemães entenderam o interesse em dividir a
região da foz do rio Congo entre seus três rivais, franceses, belgas e Português.
Além disso, a constituição portuguesa de 1933, em vigor até 1975, estabelece
uma distinção clara e clara entre Angola e Cabinda, como dois territórios, em particular
no artigo 1, parágrafo 2 – título 1.

Em 1957, Portugal colocou Cabinda e Angola sob a autoridade de um único


administrador, sem modificar o Tratado de Simulambuco, e em contradição com a
constituição portuguesa, que distinguia esses dois territórios. Parecendo endossar essa
fusão de fato, a resolução 1542 (XV) da Assembléia Geral das Nações Unidas, adotada
em 15 de dezembro de 1960, relativa à descolonização, manteve “Angola incluindo o
enclave de Cabinda”. Porém, em 1964, após uma reunião no Cairo, a Organização da
Unidade Africana (OUA) publicou uma lista de países a serem descolonizados,
mencionando separadamente Angola (caso nº 35) e Cabinda (caso nº 39) ) Isso não
aconteceu, a descoberta de grandes campos de petróleo offshore em 1966 não levou
Portugal a abandonar esse território.

Em 15 de janeiro de 1975, o artigo 3 do ato final da Conferência de Alvor,


assinado pelos três movimentos político-militares separatistas angolanos (MPLA,
FNLA, UNITA) e Portugal, proclamou o apego de Cabinda ao ‘Angola. A FLEC não
foi convidada. No entanto, recorde-se que estes mesmos acordos de Alvor foram
suspensos por Portugal um mês e dezassete dias antes da proclamação da independência
de Angola. Os separatistas cabindas consideram justamente os acordos de Alvor nulos.

COMÉRCIO TRIANGULAR

Comércio triangular é um termo usado para chamar o comércio entre três portos
ou regiões distantes em que cada uma atende as necessidades da outra de maneira a
corrigir desequilíbrios comerciais entre elas. Assim, uma área tem a oportunidade de
exportar mercadorias excedentes e, ao mesmo tempo, importar as que lhe faltam. O
comércio triangular é, portanto, uma forma de regular a balança comercial entre áreas.

Exemplo de comércio triangular foi aquele que envolveu o tráfico de africanos


escravizados. Entre a segunda metade do século XVII e o século XVIII, embarcações
partiam da Europa carregadas de produtos manufaturados (armas de fogo, pólvora, rum,
tecidos de algodão, joias de pouco valor etc.) com destino à África. Ali as manufaturas
eram trocadas por escravos. As negociações ocorriam nas feitorias litorâneas entre
comerciantes europeus e africanos.
Os navios negreiros partiam em direção à América para as colônias inglesas, o
Caribe ou o Brasil, por exemplo. Na América, completava-se o triângulo comercial: os
escravos eram vendidos aos grandes proprietários ou donos de minas em troca dos seus
produtos: açúcar, tabaco, algodão, café e moedas de ouro e prata regressando à Europa.

REINO DO CONGO (SÉC XV-XIX)

Congo era o nome utilizado pelos portugueses, desde os finais do século XV,
para designarem o território do Zaire, descoberto pelo navegador Diogo Cão que, ao
atingir esta região, pensou que a Índia estaria próxima. Ao longo dos tempos este nome
tem um conteúdo abrangente, de tipo etnológico, geográfico e político. Com efeito,
aplica-se a certos povos africanos da grande família banta, às extensas e imprecisas
regiões que esses povos ocuparam e que o rio Zaire de alguma forma estrutura, e, ainda,
aos senhorios que esses povos criaram e mantiveram. O âmbito de aplicação do
vocábulo alargou-se mais tarde a territórios fora dos domínios do rei do Congo e o
próprio rio chegou a ser assim chamado.

O Congo, com o seu rei, o "Manicongo", foi visto pelo poder político português
dos inícios da Modernidade como uma potência com quem valia a pena estabelecer
relações de amizade, pois isso poderia ser proveitoso para as causas comerciais e
evangelizadoras portuguesas. O acolhimento inicial não podia ser mais favorável. A tal
ponto que, com a conversão dos povos, os portugueses procuraram dar uma feição
europeia a este reino africano e a este príncipe negro da época quinhentista: língua,
títulos de nobreza, cerimónias palacianas e costumes passaram a ser exatamente como
em Portugal. Mas o entusiasmo inicial, deixado para a posteridade por João de Barros,
cedo arrefeceu. Com exceção das lucrativas expedições de comerciantes e missionários,
esta assimilação poucos frutos deu, com uma ou outra exceção ao nível do vestuário
(alguns africanos passaram a vestir "à portuguesa") e a adoção de algumas regras de
direito português. Mesmo a nível das relações de Estado a Estado, Portugal viu-se na
perante a eventualidade de fazer despesas pouco compensadoras. Com efeito, foi graças
ao auxílio militar que os congoleses conseguiram aguentar durante certo tempo a
violenta invasão dos Jagas. Por outro lado, esta invasão e outros problemas regionais
desgastaram o território.

Além disso, desde finais do século XVI, os portugueses já não estavam sós
naquelas paragens, tendo de sofrer a concorrência de outros europeus. Por isso, pareceu
mais proveitoso desviar a atenção para sul, para o reino do N'Gola (futura Angola) que,
com o tempo, virá a dominar o antigo Congo. No século XIX, quando a movimentação
imperialista europeia obrigou os portugueses a defrontar ingleses, franceses e belgas, do
projeto inicial português para o Congo só restava uma recordação, mantida pelo
contacto esporádico do comércio de escravos e marfim. Na Conferência de Berlim
(1884-1885) Portugal perdeu a maior parte da vasta região que percorria desde há
quatro séculos e nem as inscrições gravadas em Ielala pelos homens de Diogo
Cão foram suficientes para colocar esse local sob o domínio português. Cabinda acabou
por ser a exceção, entre as zonas a norte do Zaire.

Como se formou o antigo reino do congo

De acordo com a tradição do Congo, a origem do reino reside em Pemba Cassi,


um grande reino banto ao sul do Reino Bambata, que se fundiu com esse estado para
formar o Reino do Congo por volta de 1375. Pemba Cassi estava localizado ao sul da
atual Matadi na República Democrática do Congo.

Quais povos formaram o Reino do Congo

Seu desenvolvimento ocorreu na costa oeste da África ao longo do curso do rio


Zaire. Assim como várias outras culturas dessa região, o Reino do Congo tinha por base
cultural a etnia banto, cuja origem está ligada às narrativas míticas sobre a cidade de Ifé.
Como era a divisão do Reino do Congo

Em termos de divisão territorial, costuma-se dividir o reino do Kongo em seis


províncias: Soyo, Mbamba, Nsundi, Mpango, Mbata e Mpemba (VANSINA, 1965: 34).

Quais são as principais características do Reino do Congo

Esse reino possuía um sistema de civilização bem organizado, incluindo carácter


democrático em alguns pontos. Ele perdurou por mais de 5 séculos, tendo seu declínio
após a chegada europeia em terras africanas no processo colonial estabelecido no século
XV.

Qual é a história do Congo

Em 1891, o Congo passou a ser colónia francesa. Com o término da Segunda


Guerra Mundial, em 1945, o país iniciou seu processo de independência, obtida somente
em 15 de agosto de 1960. Localizado na porção centro-oeste do continente africano, a
República do Congo (Congo) é cortada pela linha do Equador.

Quem colonizou a Congo

Em 1878, o explorador Henry Stanley fundou entrepostos comerciais no rio


Congo, sob ordem do rei belga Leopoldo II. Na Conferência de Berlim, em 1885, que
dividiu a África entre as potências europeias, Leopoldo II recebeu o território como
possessão pessoal, chamando-o Estado Livre do Congo.

Qual é a origem da palavra Congo

Significado de Congo

Dança de origem africana que, trazida pelos escravos negros, coroa um rei ou
rainha; congada.

Qual era o nome da moeda do Reino do Congo

O Zaire (Francês: Zaïre), era a unidade monetária da República Democrática do


Congo e depois da República do Zaire de 1967 até 1997. Haviam duas moedas distintas.
Todos menos seis das 79 séries de notas emitidas têm a imagem de Mobutu Sese Seko.
Quais as riquezas que o Reino do Congo produziu

A região congolesa de Catanga possui alguns dos melhores depósitos mundiais


de cobre e cobalto. Outras áreas do país possuem fontes ricas de minerais diversos,
incluindo diamantes, ouro, ferro e urânio.

Quais foram os principais conflitos do Reino do Congo

O país foi palco da Primeira Guerra do Congo e da Segunda Guerra do Congo –


esta também chamada de "Guerra Mundial Africana", por ser o conflito armado que
mais matou desde a Segunda Guerra Mundial (3,8 milhões de pessoas).

Por que se diz que no Reino do Congo a sociedade era organizada pela linhagem

No reino do Congo, os mais velhos controlavam os meios de produção (terras,


instrumentos de trabalho) e o poder político. Tratava-se de uma sociedade organizada
sob a forma de linhagem porque se baseava no parentesco e se apoiava nas
diferenciações de idade e sexo.

Quais eram os interesses portugueses no Reino do Congo

No Congo, os portugueses encontraram grandes mercados regionais, onde se


fazia a troca de produtos como sal, metais, tecidos e derivados de animais. O interesse
português se concentrava no comércio, principalmente de escravos, e no controle das
minas.

Por que tem dois Congos

Por que há dois países chamados "Congo"? Um chama-se República


Democrática do Congo (antigo Zaire), e o outro República do Congo. O primeiro foi
colónia da Bélgica (Congo belga, e depois da independência Zaire), o segundo foi
colónia francesa. A origem do nome vem do rio Congo/Zaire, que passa por ambos os
países.
O ACORDO DE GBADOLITE

O Acordo de Gbadolite foi um “pacto” de cessar-fogo, nascido de várias


reuniões/cimeiras conjuntas entre o Governo de Angola, decorridas entre 25 de Abril à
22 de Junho de 1989. O Governo de Angola esteve representado pelo presidente José E.
dos Santos, e as “forças” da UNITA, representada pelo seu presidente/líder Jonas
Malheiro Savimbi, sob mediação de vários líderes africanos, encimados pelo antigo
presidente do ex-Zaire Mobutu Sese Seko. A cimeira culminou com a proclamação da
entrada em vigor do cessar-fogo em Angola às 00h00 do dia 24 de Junho de 1989.

ANTECEDENTES

O abrandamento da Guerra fria em 1989: com a aproximação do fim da “era


soviética” e, com aproximação da queda do Muro de Berlim (Novembro de 1989),
registou-se uma mudança no desenvolvimento da guerra em Angola. Outro factor
preponderante foram os “acordos de Nova Iorque”: negociados entre Angola, Cuba e
África do Sul, sob observação dos EUA, que estabelecia a retirada de todas forças
estrangeiras do território angolano e determinava a aplicação da resolução 435/78
(resolução que determinava a autodeterminação do povo namibiano).

A proposta de paz do Governo do MPLA: “a solução africana” O plano de paz


para Angola do governo do MPLA continha a seguinte proposta: - Respeito pela
Constituição e pelas principais leis da República de Angola -integração das forças da
UNITA nas instituições da República de Angola - Afastamento voluntário de Jonas
Savimbi na politica angolana. O MPLA buscava a rendição da UNITA e o exílio de
Jonas Savimbi, mantendo o seu sistema de partido único. A proposta de paz da UNITA:
Revisão da Constituição; Realização de eleições gerais em Angola; Garantia de não
exílio de Jonas Savimbi e negociações directas entre o MPLA e a UNITA; Formação de
um governo de unidade e reconciliação nacional (Muekália, 2010).

COLISÃO INEVITÁVEL

Apesar de Gbadolite se apelidar de “cimeira de paz”, as duas partes


encontravam-se desavindas. Tanto o governo como a UNITA viviam num clima de
“desconfiança mútua”, não conheciam as verdadeiras intenções de cada um e, duvidam
mutuamente dos respectivos planos de paz.
De um lado, a UNITA “desconfiava” dos mediadores africanos, entre eles
Mobutu, Robert Mugabe, Kenneth Kaunda, Omar Bongo, e Denis Sassou Nguessou.
Para a UNITA a falta de “experiência” democrática dos mediadores podia “minar” o
processo de paz. Do outro lado, o MPLA continuava relutante em “sentar-se à mesma
mesa” que a UNITA. Continuava firme na sua posição de vantagem, defendendo o
exílio político de Savimbi, enquanto se iam convencendo moral e materialmente da
possibilidade de uma “ofensiva de sucesso” contra Mavinga.

O COMUNICADO FINAL DA CONFERÊNCIA.

Depois de várias reuniões intermináveis e (quase) inconclusivas, marcadas por


uma mediação que procura relançamento político na arena internacional e, que
granjeava-se por ter sido o primeiro a reunir à mesma mesa José dos Santos e Jonas
Savimbi, a conferência emitiu o seguinte comunicado: a vontade de todos angolanos de
porem fim à guerra, a cessação de todas hostilidades no território, a entrada em vigor do
cessar-fogo às 00h00 do dia 24 de Junho de 1989 e a formação de uma comissão para
continuar o processo, sob mediação de Mobutu.

O LEGADO, 28 ANOS DEPOIS

Apesar de ter fracassado, Gbadolite foi o inicio do “trilhar do caminho da paz”.


A partir dele as partes passaram a falar mais em “negociação”, “processo de paz” e
“reconciliação”. Gbadolite marca também o primeiro encontro oficial de paz entre José
dos Santos e Jonas Savimbi. Gbadolite foi um dos primeiros passos da reconciliação
nacional, dado em 1989. Hoje, 28 anos depois, este processo deu significativo avanço
através dos tratados de paz subsequentes e, que culminou com o memorando de Luena
em 2002. Gbadolite faz-nos repensar a História de Angola. Mostra ontem os anti-
democráticos hoje “super democráticos”. Gbadolite mostra que estamos longe de
considerar a “reconciliação nacional” concluída e, que todos devemos trabalhar para tal
desiderato.
A REFORMA RELIGIOSA

Os movimentos religiosos que culminaram na grande reforma religiosa do


século XVI tiveram início desde a Idade Média, através dos teólogos John Wycliffe e
Jan Huss. Esses movimentos foram reprimidos, mas, na Inglaterra e na Boêmia (hoje
República Tcheca), os ideais reformistas perseveraram em circunstâncias ocultas às
tendências que fizeram romper a revolta religiosa na Alemanha.

No começo do século XVI, a Igreja passava por um período delicado. A venda


de cargos eclesiásticos e de indulgências e o enfraquecimento das influências papais
pelo prestígio crescente dos soberanos europeus, que muitas vezes influenciavam
diretamente nas decisões da Igreja, proporcionaram um ambiente oportuno a um
movimento reformista.

No final da Idade Média surgiu um forte espírito nacionalista que se


desenvolveu em vários países onde a figura da Igreja, ou seja, do Papa, já estava em
descrédito. Esse espírito nacionalista foi estrategicamente explorado pelos príncipes e
monarcas, empenhados em aumentar os poderes monárquicos, colocando a Igreja em
situação de subordinação.

Nesse período, os olhos se voltaram para o grande patrimônio da Igreja, que


despertou a ambição de monarcas e nobres ávidos em anexar às suas terras as grandes e
ricas propriedades da Igreja, que perfaziam um terço do território da Alemanha e um
quinto do território da França. Sem contar na isenção de impostos sobre esse território
eclesiástico, que aumentava o interesse dos mais abastados.

Observa-se nessa fase o surgimento de uma nova classe social, que na Itália era
formada por banqueiros e comerciantes poderosos. Mas essa classe social não era tão
religiosa quanto à da Alemanha, para a qual a religião tinha um significado muito mais
pungente.

O espírito crítico do Humanismo e o aperfeiçoamento da imprensa, por


Gutemberg, contribuíram para a difusão das obras escritas, entre elas a Bíblia. Ao
traduzir a Bíblia para outras línguas, vislumbrou-se a possibilidade de cristãos e não
cristãos interpretá-la sem mediação, recebendo conhecimento imediato sobre o
cristianismo e suas verdadeiras práticas.
O ponto de partida da reforma religiosa foi o ataque de Martinho Lutero, em
1517, à prática da Igreja de vender indulgências. Martinho Lutero era um monge da
ordem católica dos agostinianos, nascido em Eisleben, em 1483, na Alemanha. Após os
primeiros estudos, Lutero matriculou-se na Universidade de Erfurt, em 1501, onde se
graduou em Artes. Após ter passado alguns anos no mosteiro, estudando o pensamento
de Santo Agostinho, foi nomeado professor de teologia da Universidade de Wittenberg.

Lutero admirava os escritos e as ideias de Jan Huss sobre a liberdade cristã e a


necessidade de reconduzir o mundo cristão à simplicidade da vida dos primeiros
apóstolos. Através de exaustivo estudo, Lutero encontrou respostas para suas dúvidas e,
a partir desse momento, começou a defender A doutrina da salvação pela fé. Ele
elaborou 95 teses que criticavam duramente a compra de indulgências. Eis algumas
delas:

 Tese 21 - Estão errados os que pregam as indulgências e afirmam ao próximo


que ele será liberto e salvo de todo castigo dos pecados cometidos mediante
indulgência do papa.

 Tese 36 - Todo cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e


sente pesar por ter pecado tem total perdão dos pecados e consequentemente de
suas dívidas, mesmo sem a carta de indulgência.

 Tese 43 - Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres ou
empresta a quem necessita age melhor do que se comprasse indulgências.

Esses princípios foram considerados uma afronta à Igreja Católica. Em 1521, o


monge agostiniano, já declarado herege, foi definitivamente excomungado pela Igreja
Católica, refugiando-se na Saxônia. Lutero não tinha a pretensão de dividir o povo
cristão, mas a repercussão de suas teses foi amplamente difundida; e suas ideias,
passadas adiante. Através da tradução da Bíblia para o idioma alemão, o número de
adeptos às ideias de Lutero aumentou largamente; e, por outro lado, o poder da Igreja
diminuiu consideravelmente.

Seus ideais reformistas religiosos desencadearam revoltas e assumiram


dimensões politicas e socioeconômicas que fugiram do seu controle. A revolta social
instalou-se e o descontentamento foi geral. Os príncipes tomaram as terras pertencentes
à Igreja Católica e os camponeses revoltaram-se, em 1524, contra a exploração da Igreja
e dos príncipes. Lutero, que era protegido pelos príncipes, condenou a revolta dos
camponeses e do líder protestante radical, Thomaz Munzer. Munzer foi decapitado e um
grande número de camponeses revoltados foi massacrado pelos exércitos organizados
pelos príncipes locais apoiados por Lutero, que dizia “não há nada mais daninho que
um homem revoltado...”.

A preocupação de Lutero em defender as aspirações feudais fez com que sua


doutrina fosse considerada uma religião, a religião dos nobres. Esses nobres assumiram
cargos importantes na Igreja, que foi chamada de Igreja Luterana. A reforma religiosa
de Lutero chegou a outros países, como a Dinamarca, Suécia, Noruega, os quais foram
rompendo os laços com a Igreja Católica, fomentando a reorganização das novas
doutrinas religiosas.

REFORMA PROTESTANTE

Reforma Protestante é o nome dado ao movimento reformista que surgiu no


cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. Reforma
Protestante é o nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo no
século XVI. Esse movimento iniciou-se a partir de Martinho Lutero, um monge
católico que estava insatisfeito com algumas práticas e questões teológicas defendidas
pela Igreja Católica. A atuação de Lutero teve como ponto de partida a divulgação
das 95 teses, que rapidamente espalharam-se pela Europa e deram origem ao
reformismo no seio da Igreja Católica. Da atuação de Lutero, surgiu o protestantismo.

CAUSAS DA REFORMA PROTESTANTE

A Reforma Protestante teve causas relacionadas a


aspectos políticos, econômicos e teológicos e resultou da corrupção existente na Igreja
Católica. Além disso, teve resultado de interesses políticos oriundos de nobres que
viram na reforma uma possibilidade de romper o vínculo de autoridade com o papa. Por
fim, foi imposta a questão dos interesses econômicos, uma vez que a Igreja estipulava a
cobrança de impostos de todos seus fiéis. No aspecto teológico, o ponto imediato a ser
destacado é a insatisfação de Martinho Lutero com as práticas da Igreja Católica. A
Igreja de Roma era, naquele período, a maior autoridade da Europa Ocidental e detinha
um imenso poder, uma vez que era dona de terras e riquezas gigantescas.

Além disso, a autoridade do papa impunha-se além do campo religioso,


alcançando o campo secular (político). Os reis da Europa tinham seu poder sustentado
pela autoridade da Igreja, uma vez que era praticamente impossível manter-se no
comando sem a aprovação do papa. Sendo assim, a Igreja Católica possuía o monopólio
da vida política e religiosa europeia.

Focando no aspecto teológico, muitos começaram a questionar as posições da


Igreja. Antes mesmo de Lutero, já havia existido na Europa movimentos religiosos e
figuras do clero católico que questionavam determinados princípios do catolicismo. A
longo prazo, pode-se ressaltar, por exemplo, os valdenses, que surgiram na França no
final do século XII.

Em um período imediato, isto é, poucos anos antes do início da reforma,


existiram os pré-reformadores na Europa, que teceram críticas à Igreja de Roma. Dois
nomes que se destacaram nesse contexto foram John Wycliffe e Jan Hus. O primeiro
criticava o acúmulo de poder político e os desvios da Igreja dos verdadeiros
ensinamentos de Jesus. O segundo tecia críticas parecidas contra o enriquecimento da
Igreja e a venda de indulgências.

Em relação às questões políticas, existia uma série de reis, nobres e autoridades


em geral que estavam interessados em romper o poder secular com o religioso. Isso
significa que muitos viam o rompimento como uma forma de consolidar ou de assegurar
mais poder sem a necessidade de ter que se sujeitar a outra autoridade – no caso, o papa.

Nas questões econômicas, há de se destacar que, na região norte da Europa,


havia uma insatisfação muito grande com a quantidade de impostos que deveriam ser
repassados para a Igreja. Tal questão intensificava-se em um contexto em que as
penínsulas Itálica e Ibérica estavam em franco desenvolvimento e enriquecimento,
enquanto regiões como a que corresponde à atual Alemanha eram pobres e enfrentavam
dificuldades econômicas.
Martinho Lutero

A insatisfação e as críticas à Igreja Católica tiveram seu ápice em Martinho


Lutero, monge agostiniano e professor de Teologia. Lutero estava insatisfeito com
certas condutas da Igreja, sobretudo com as indulgências, que eram comuns na Igreja
Católica da época. Nesse contexto, essa prática acontecia por meio dos dízimos feitos
pelos fiéis para a Igreja em troca do perdão de seus pecados.

Além disso, o papa Leão X havia oferecido indulgências para aqueles que
contribuíssem com dinheiro para a construção da Basília de São Pedro. Lutero tinha
também discordâncias de conteúdo teológico a respeito da salvação e de outras práticas
e ações da Igreja. Com isso, o monge elaborou um documento conhecido como 95
teses.

A partir de então, as ideias de Lutero espalharam-se pela Europa com rapidez.


Nesse momento, a intenção de Lutero não era romper com a Igreja Católica, ele queria
apenas que se realizasse uma reforma em determinadas questões. O rompimento de
Lutero com a Igreja Católica só aconteceu quando foi excomungado pelo papa, em
1521.

95 TESES

As 95 teses, documento no qual Lutero manifestava sua oposição teológica às


práticas da Igreja de Roma, foram enviadas para o arcebispo de Mainz, Alberto de
Brandemburgo, em 31 de outubro de 1517. A intenção de Lutero era levantar um
debate para que reformas dentro da Igreja acontecessem.

Martinho Lutero defendia, basicamente, que a Bíblia era a única referência para
os fiéis e que as pessoas conseguiriam ser salvas sem a mediação de intermediários e
sem precisar dar indulgências. A base teológica de Lutero baseava-se em um versículo
bíblico que afirmava que “o justo viverá pela fé”. Aqui, Lutero passou a defender a
ideia de que não eram as boas ações que salvariam uma pessoa, mas sim a fé.

A construção teológica iniciada por Martinho Lutero deu origem a um princípio


conhecido como Cinco Solas:

1. Sola fide (somente a fé)


2. Sola scriptura (somente a Escritura)

3. Solus Christus (somente Cristo)

4. Sola gratia (somente a graça)

5. Soli Deo gloria (glória somente a Deus)

As 95 teses espalharam-se com rapidez pela Europa por conta


da imprensa (criada em 1430 por Johann Gutenberg), a qual permitia a cópia e a
impressão de livros em uma velocidade inédita para a época. Com isso, as ideias de
Lutero propagaram-se e conquistaram seguidores em toda a Europa.

Um registro importante é a famosa imagem de Martinho Lutero pregando as 95


teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Muitos consideram esse o ponto de
partida da Reforma Protestante, mas os historiadores nunca conseguiram comprovar se
esse episódio de fato aconteceu. Portanto, os historiadores consideram esse fato somente
uma lenda.

PRIMEIROS REFORMADORES DA REFORMA PROTESTANTE

Antes de Lutero, já havia casos de cristãos que contestaram princípios e práticas


da Igreja Católica. No século XII, a partir das pregações de Pedro Valdo, surgiram na
França os valdenses, que se espalharam pelo norte da Itália, sobrevivendo às
perseguições da Igreja Católica. No caso específico da pré-reforma, os historiadores
destacam Jan Hus e John Wycliff, que questionavam a riqueza da Igreja, a acumulação
de poder temporal e a corrupção existente no clero. Caso tenha interesse em ampliar
seus conhecimentos a respeito desses precursores da Reforma Protestante, sugerimos a
leitura deste texto.

PROTESTANTISMO

Da atuação de Martinho Lutero, surgiu o protestantismo, vertente do


cristianismo que rompeu com a Igreja Católica. Como citado, o rompimento de Lutero
com a Igreja Católica aconteceu a partir do momento em que foi excomungado e passou
a ser perseguido por ela.
As ideias de Lutero espelharam-se pela Europa, resultando na conversão de
milhares de pessoas e no surgimento de outros reformadores, como João Calvino. Com
isso, o protestantismo foi consolidando-se como vertente religiosa, e dele nasceram
diversas igrejas e denominações protestantes.

Actualmente, existem várias denominações cristãs oriundas do protestantismo,


como os batistas, os presbiterianos, os metodistas, os luteranos, os calvinistas, os
anglicanos, etc. No Brasil, mais de 20% da população identifica-se como “evangélica”,
denominação que agrupa igrejas teologicamente nascidas do protestantismo.

CONCÍLIO DE TRENTO

O Concílio de Trento, que se reuniu entre as décadas de 1540 e 1560, teve como
objetivo principal reafirmar os dogmas da Igreja Católica.

O Concílio de Trento, realizado entre as décadas de 1540 e 1560, na cidade


italiana homônima, teve um grande impacto no contexto da Contrarreforma operada
pela Igreja Católica.

Sabe-se que as Reformas Protestantes tiveram um impacto na Europa do século


XVI que foi muito além do aspecto religioso. Os reformistas, sobretudo Lutero, que
tinham uma grande habilidade oratória e também uma grande penetração entre o público
leigo, ofereceram aos vários principados que compunham o Sacro Império Romano-
Germânico a possibilidade de articularem-se politicamente sem a anuência expressa do
imperador e da Igreja.

Os reformistas criticavam o comportamento dos representantes da Igreja que


ocupavam altos postos dentro da hierarquia eclesiástica, que possuíam grande influência
política e pouco cuidado espiritual. A despeito das propostas teológicas (para muitos,
consideradas revolucionárias e heréticas), as Reformas Protestantes acabaram dando
brecha para as guerras civis religiosas na Europa, fato que deu origem ao moderno
Estado Nacional, sob feições absolutistas.

A Igreja Católica, nesse contexto, ponderou as críticas dos reformistas e


procurou resolver o problema institucional e espiritualmente. O Concílio Ecumênico de
Trento esteve nessa segunda categoria, pois foi reunido com a finalidade de reafirmar
os dogmas católicos e reajustar a conduta de clérigos e leigos católicos dentro dessas
doutrinas.

A realização do concílio começou em 1545 a partir de uma bula papal publicada


em 1542. Alguns historiadores, como o britânico Christopher Dawson, defendem o
argumento de que o concílio não pode ser encarado com uma resposta à Reforma
Luterana, haja vista que a resposta à reforma alemã já estava sendo dada por via
institucional e militar mediante as guerras internas do continente. O Concílio de Trento
estipulava diretrizes espirituais de acordo com o que a tradição dos doutores da Igreja e
dos santos sempre defendera.

Por conta das guerras incessantes, o concílio teve uma primeira interrupção em
1547. Seu prosseguimento aconteceu entre os anos de 1551 e 1552, quando teve que
novamente ser interrompido. A terceira e última reunião ocorreu entre os anos de 1562
e1563, sob o pontificado de Pio IV.

Christopher Dawson elencou, em sua obra A Divisão da Cristandade – Da


Reforma Protestante à Era do Iluminismo, os pontos mais importantes do Concílio de
Trento:

Sua importância para a Igreja, todavia, não pode ser


superestimada. Ofereceu condições para a Igreja recobrar as
forças da ortodoxia que estavam dispersas e desorganizadas e
conferiu uma base sólida de dogma e disciplina, a partir da
qual novos avanços poderiam ser realizados. Acima de tudo,
trouxe todo o peso da autoridade para reprimir abusos
facilmente notados que causaram a ruptura do governo
eclesiástico – a ausência dos bispos e pastores dos locais em
que deveriam exercer suas funções, o pluralismo ou a
acumulação de benefícios, a negligência para com a oração, o
descuido com a educação clerical e muitos outros. [1]

Além disso, outras duas resoluções merecem ser mencionadas: 1) a publicação


do Index Librorum Prohibitorum, isto é, o Índice de Livros Proibidos pela Igreja, no
qual se encontravam, entre outros títulos, “Decameron”, de Boccaccio, e “O Elogio da
Loucura”, de Erasmo de Rotterdan. 2) a preservação do rito da missa e do seu valor
como celebração do sacrifício de Cristo. Esse valor pode ser visto no Capítulo III, da
seção XXII, do Concílio de Trento, realizada em 17 de setembro de 1562, que segue
abaixo:

E ainda que a Igreja tenha tido o costume de celebrar, em


várias ocasiões, algumas missas em honra e memória dos
santos, ensina que não se oferece a estes o sacrifício, porém
apenas a Deus, que lhes deu a coroa, de onde é que nunca diz o
sacerdote: "eu te ofereço, ó São Pedro " ou "ó São Paulo este
sacrifício...", senão dando graças a Deus pelas vitórias que
estes alcançaram, implora sua ajuda para que os mesmos
santos de quem lembramos na terra, se dignem a interceder por
nós no céu.

CONTRARREFORMA, NOVO FÔLEGO AO CATOLICISMO

Criada como reação ao protestantismo, a Contrarreforma foi marcada pela


repressão e pela reafirmação dos dogmas católicos.

A Contrarreforma foi um movimento de reação da Igreja Católica ao


surgimento de novas doutrinas cristãs na Europa, em um processo conhecido como
Reforma Protestante. Após perder o poder religioso, econômico e político nos reinos
alemães e na Inglaterra, além da diminuição da influência nos Países Baixos, França,
Áustria, Boêmia e Hungria, a Igreja Católica reagiu, e de forma repressiva.

Uma das primeiras medidas foi a criação da Companhia de Jesus. Ordem


religiosa dos jesuítas, a Companhia de Jesus foi fundada pelo militar Inácio de
Loyola e era organizada de forma semelhante a um exército. A estrutura hierárquica era
rigidamente respeitada, tendo em seu cimo o superior da ordem e o papa.

A principal função da ordem era buscar o fortalecimento da Igreja através de


ações disciplinares e moralizantes. Os jesuítas foram a partir daí um dos principais
divulgadores da doutrina católica, em razão principalmente do papel de educadores por
eles desempenhado.
Entre 1545 e 1563 foi realizado o Concílio de Trento, na Itália. Esse encontro
das principais autoridades católicas (e também alguns teólogos protestantes) tinha por
objetivo redefinir o posicionamento da Igreja em relação à sua doutrina religiosa, bem
como encontrar meios de frear o avanço do protestantismo pela Europa. Dentre as
medidas tomadas no Concílio de Trento houve um recuo em relação às críticas dos
protestantes: foi proibida a venda de indulgências e também foi decidido pela criação de
seminários. Esta última instituição seria responsável pela formação eclesiástica do clero,
buscando evitar, dessa forma, a venda de cargos na Igreja.

Por outro lado, o que ocorreu foi a afirmação dos dogmas religiosos católicos. O
princípio da salvação pela fé e boas obras foi mantido, mesmo após as críticas de
Martinho Lutero. O culto à Virgem Maria e aos santos foi reafirmado, bem como a
existência do purgatório. A crença católica manteria as duas origens: a Bíblia e as
tradições transmitidas pela Igreja Católica. A constituição de um catecismo para
doutrinar as crianças estava também entre as medidas adotadas. A infalibilidade do
papa, ou seja, a noção de que o papa era infalível em questões religiosas e morais, foi
reforçada, assim como o dogma da transubstanciação, através do qual se acreditava que
o pão e o vinho transformavam-se em corpo e sangue de Cristo.

O Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, foi reativado para poder perseguir


os praticantes das doutrinas cristãs protestantes. Milhares de pessoas foram torturadas e
muitas mortas. Grandes expoentes da ciência mundial, como Galileu Galilei, foram
julgados como heréticos em decorrência de suas pesquisas, como a de a Terra girar em
torno do Sol. Galileu foi obrigado a renegar suas próprias ideias para fugir da morte na
fogueira.

Uma lista de livros proibidos foi criada, em uma época em que a imprensa criada
por Gutemberg havia facilitado a difusão da cultura escrita. O Index Librorum
Prohibitorum indicava os livros que eram proibidos aos católicos, tais como O Elogio
da Loucura, de Erasmo de Roterdã; o Decameron, de Boccaccio; obras de Maquiavel,
Newton, Copérnico, bem como livros luteranos e calvinistas. O Index era
constantemente atualizado e foi extinto apenas quatro séculos depois, em 1966.

Com a Contrarreforma, a Igreja Católica conseguiu conter o avanço do


protestantismo em alguns países, principalmente na Itália, Espanha e Portugal. O fato de
esses dois últimos países empreenderem as Grandes Navegações e colonizarem a
América fez com que a maior parte do novo continente fosse cristianizada, dando novo
fôlego ao catolicismo. Os jesuítas foram os principais sujeitos dessa cristianização, que
contou com a luta contra a cultura indígena, a exploração do trabalho deles e também
com a morte de milhares de habitantes do Novo Mundo.

COMPANHIA DE JESUS

A Companhia de Jesus foi criada em 1534 por Santo Inácio de Loyola, no


contexto da reação católica contra o avanço do protestantismo. O século XVI foi um dos
mais conturbados da história mundial, haja vista que ao longo de suas décadas vários
acontecimentos de grande impacto aconteceram, desde a montagem do sistema colonial
nas Américas até as infindáveis guerras civis religiosas deflagradas pelo advento
das Reformas Protestantes. Em se tratando especialmente dessas reformas, há de se
levar em conta a reação católica a elas e os caminhos que foram traçados para tanto.
Uma das faces da Contrarreforma, ou Reforma Católica, foi a criação da Companhia de
Jesus por Santo Inácio de Loyola.

Santo Inácio de Loyola (1491-1556) nasceu na Espanha e chegou a integrar o


exército nacional espanhol. Com sua guinada para a vida religiosa depois de ter visitado
Jerusalém (lá conheceu membros da ordem franciscana) e de ter estudado em Paris, em
1534, com outros religiosos, fundou a Companhia de Jesus. O objetivo da criação da
Companhia de Jesus era desenvolver regras disciplinares para a vida religiosa e,
sobretudo, para missões de evangelização.

A Companhia de Jesus pautava-se pela Ratio Studiorum, isto é, a “Regra de


Estudos”, ou “Ordem de Estudos”, que levava em conta o conhecimento do latim, das
sagradas escrituras e de textos da tradição ocidental. Esse método foi de essencial
importância na atmosfera do combate religioso travado contra os protestantes. Em
primeiro lugar porque a rigidez do método preservava os membros da Companhia de se
interessarem pelas “novidades” das teses protestantes e, em segundo lugar, servia-lhes
em seus destinos como missionários, principalmente no chamado “Novo Mundo”, o
recém-descoberto continente americano, como bem acentua o pesquisador Gilberto Luiz
Alves:
Sendo, em parte, flexíveis, os membros da Companhia de Jesus conseguiam
articular-se bem entre os colonos da América, incluindo o Brasil e, principalmente,
entre os indígenas, promovendo a catequização e o ensino do latim aos gentios. Os mais
importantes textos escritos no primeiros séculos da colonização americana vieram das
mães de jesuítas, como o espanhol Bartolomé de Las Casas e o português Padre
António Vieira.

RENASCIMENTO: O QUE FOI O RENASCENTISMO E ONDE


SURGIU

Introdução

O Renascimento foi um movimento cultural que ocorreu na Europa entre os


séculos XIV e XVI. Marcou a transição da Idade Média para a Idade Moderna. É
considerado um movimento de transição porque conservou características da Idade
Média ao mesmo tempo em que procurou estabelecer novos paradigmas e romper com a
tradição medieval. Embora tenha se manifestado, sobretudo, no campo cultural, o
Renascimento teve impacto sobre a política, economia, religião e mentalidade da
sociedade europeia. O movimento renascentista recebeu esse nome posteriormente, em
razão da valorização da Antiguidade Clássica - em especial a cultura greco-romana -,
uma de suas principais características. Ou seja, para os que o denominaram, os
renascentistas teriam resgatado a cultura do período Clássico, em oposição ao período
de “trevas” medieval.

Esse movimento, contudo, não pode ser entendido como uma ruptura radical
com a Idade Média, mas sim como algo gradual. Da mesma forma que a Idade Média
não rompeu plenamente com a Antiguidade, preservando algumas de suas
características que se modificaram e se adaptaram a um novo contexto, o Renascimento
modificou certas características do período medieval, ao mesmo tempo que manteve
outras. Dessa forma, devemos entender o Renascimento como um processo que deu
início a uma nova fase da História, e não uma ruptura radical com o período anterior.
O QUE FOI O PERÍODO RENASCENTISTA

O período do Renascimento foi o momento entre os séculos XIV e


XVI, passagem da Idade Média para a Moderna, em que se organizou o
desenvolvimento cultural, artístico, científico, político e a mudança do pensamento
europeu, tendo como base a retomada dos conhecimentos clássicos, desenvolvidos e
disseminados por gregos e romanos. O Renascimento representou uma
importante mudança do pensamento medievo, influenciado pela igreja e dogmas
católicos e a partir do século XV, foi pouco a pouco dando lugar a crença na ciência e a
valorização da racionalidade humana acima dos dogmas religiosos, o movimento não
quebra total e completamente com o modelo de pensamento anterior, mas propõe uma
gradual mudança na forma de pensar e agir do homem moderno.

A ORIGEM DO RENASCIMENTO

O Renascimento surgiu em um momento em que o pensamento católico


medieval estava sendo questionado e a necessidade por
explicações racionais e filosóficas estimulava a busca por respostas e uma nova maneira
de encarar o mundo. O renascimento surge quando os pensadores dos séculos XV e
XVI, retomam o conhecimento dos greco-romanos, que renasce na passagem da Idade
Média para a Moderna, daí o nome do período que faz referência ao renascer
da racionalidade, do humanismo e do antropocentrismo dos antigos. As cidades
italianas, dentre elas Florença, Veneza e Gênova, são o berço do movimento, por conta
das riquezas acumuladas pela burguesia comercial e nobreza e, no decorrer dos séculos
XIV e XVI, espalha-se para Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica e outras regiões
europeias.

CONTEXTO HISTÓRICO

O período da Baixa Idade Média, que se estendeu dos séculos XI ao XV, foi
marcado por um renascimento urbano e pelo declínio da sociedade feudal na Europa.
O feudalismo, predominante durante a Alta Idade Média, começou a entrar em crise,
entre outros motivos, pela dinamização do comércio nas cidades. O crescimento da
atividade comercial, por sua vez, guarda relação com as Cruzadas - expedições de
caráter religioso, militar e econômico, ocorridas entre os séculos XI e XIII que, entre
outros objetivos, visavam recuperar o domínio cristão sobre Jerusalém.

As Cruzadas causaram profundos efeitos econômicos, abrindo novas rotas


comerciais e recuperando o domínio ocidental sobre antigos territórios, contribuindo
com a recuperação comercial vivida pela Europa. Esse processo resultou no
Renascimento, um movimento cultural muito influenciado pela Antiguidade Clássica e
que marcava uma nova maneira com que a sociedade europeia passou a ver o papel do
homem no mundo. Esse movimento se manifestou em diversas áreas, mas
principalmente nas artes. O berço do movimento foi a Itália: cidades como Gênova,
Veneza, Florença e Roma se beneficiaram com a reabertura do Mediterrâneo para o
comércio com o Ocidente, tornando-se o principal palco do Renascimento.
Posteriormente o movimento se espalhou por outras regiões da Europa.

CARACTERÍSTICAS DO RENASCIMENTO

 Desenvolvimento cultural e artístico: a produção artística e cultural é a principal


marca do Renascimento. Grandes artistas, como Leonardo da Vinci,
Michelangelo e Rafael, manifestaram o ideal renascentista em pinturas,
esculturas e afrescos, além de desenvolverem estudos em diversas áreas do
conhecimento. Novas técnicas foram introduzidas, como as noções de
perspectiva e profundidade, a utilização de estudos de anatomia para produção
artística, e também uma nova forma de retratar o homem, que passou a ocupar
espaço central na arte renascentista. No campo da literatura, nomes como Dante
Alighieri, William Shakespeare e Miguel de Cervantes estiveram entre os mais
notáveis do período;

 Desenvolvimento científico: estudiosos como Nicolau Copérnico, Galileu


Galielei e Giordano Bruno promoveram avanços significativos nas ciências
naturais, inclusive alguns que desafiavam dogmas religiosos e provocaram uma
série de conflitos com a Igreja Católica;

 Antropocentrismo: inspirado no Humanismo - doutrina filosófica que valoriza o


ser humano -, é caracterizado por uma mudança de perspectiva, na qual o
homem é considerado o centro da criação divina e, consequentemente, do
mundo. Apesar de ser oposta ao teocentrismo, que colocava Deus como centro
de todas as coisas, o antropocentrismo ainda enxerga uma ligação importante
entre o ser humano e Deus. Marca, na verdade, o surgimento de uma nova
relação entre sociedade e religião;

 Racionalismo: é durante o Renascimento que ganha força o racionalismo, a


crença de que o conhecimento e a verdade sobre o mundo poderiam ser
alcançados através da razão, se desvencilhando de explicações que atribuíam
todas as coisas à vontade divina;

 Auge na Itália: o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo e a intensa


atividade cultural fizeram com que as cidades da Península Itálica (onde hoje
está a Itália, mas à época dividida em várias repúblicas e reinos) fossem o berço
do Renascimento. Membros da burguesia, de famílias nobres e até mesmo da
Igreja gastavam muitos recursos financiando artistas renascentistas, ficando
conhecidos como mecenas. Posteriormente, em especial no século XVI, o
movimento se espalhou para outros países da Europa.

 Ascensão da burguesia: o renascimento comercial e urbano, a abertura de novas


rotas comerciais entre Ocidente e Oriente, e o crescimento do comércio nas
cidades europeias promoveram a ascensão da burguesia, que se tornaria um ator
político importante na sociedade europeia durante a Modernidade.

OBRAS RENASCENTISTAS

Os renascentistas desenvolveram obras nos mais diversos campos


do conhecimento. Abaixo estão listadas algumas importantes obras de alguns campos.

Pintura

 O homem vitruviano - Leonardo da Vinci, 1490;

 A última ceia - Leonardo da Vinci, 1498;


 Mona Lisa - Leonardo da Vinci, 1503;
 A criação de Adão - Michelangelo, 1511;
 Teto da Capela Sistina - Michelangelo, 1512;
 Escola de Atenas - Rafael Sanzio, 1509.
Escultura

 Pietà - Michelangelo, 1499;

 David - Michelangelo, 1504;

 São Jorge - Donatello, 1416;

 Judith e Holofernes - Donatello, 1453.

Arquitetura

 Cúpula de Santa Maria del Fiore - Filippo Brunelleschi, 1419;

 Capela Pazzi - Filippo Brunelleschi, 1430.

Literatura

 Divina Comédia - Dante Alighieri, 1320;

 Romeu e Julieta - Willian Shakespeare, 1591;

 Hamlet - Willian Shakespeare, 1603;

 Dom Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes, 1605.

GRANDES ARTISTAS RENASCENTISTAS

Grandes nomes se destacam entre os mais importantes do renascimento e


certamente você já ouviu falar ou viu alguma obra de algum dos artistas citados abaixo.

 Leonardo da Vinci - pintor, escultor, cientista e engenheiro italiano;

 Michel Ângelo Buonarroti - pintor, escultor, poeta e anatomista italiano;

 Rafael Sanzio - pintor e arquiteto italiano;

 Donatello - escultor italiano;

 Sandro Botticelli - pintor italiano;

 Giorgio Vasari - pintor e arquiteto italiano;

 Filippo Brunelleschi - escultor italiano;

 Jan van Eyck - pintor belga;

 Hieronymus Bosch - pintor holandês;


 Sá de Miranda - poeta português;
 Antônio Ferreira - poeta e escritor português;
 Miguel de Cervantes - escritor e romancista espanhol;
 El Greco - pintor, escultor e arquiteto grego.

Resumo sobre o período renascentista

O período renascentista foi o momento da história entre os séculos XIV e XVI,


momento da transição da Idade Média para a Moderna, em que o modelo de
pensamento, artes, escultura, escrita foi gradualmente se alterando a partir da retomada
das referências greco-romanas. O renascimento, embora tenha se espalhado por toda
europa, deu seus primeiros passos nas cidades italianas de Florença, Gênova e Veneza,
por conta do enriquecimento burguês a partir das trocas comerciais efetuadas nas
regiões dos mares Mediterrâneo, Trento e Adriático. Dentre suas principais
características e em oposição ao pensamento medieval, o renascimento valoriza
a racionalidade e o antropocentrismo, colocando o indivíduo acima dos dogmas
católicos.

A REDESCOBERTA DA ANTIGUIDADE

Após um período de cerca de mil anos chamada Idade Média, os pensadores


redescobrem os textos da Antiguidade e desenvolvem uma nova corrente de
pensamento, o Humanismo.

Idade Média, predomínio da fé cristã

No século V da nossa era, o Império Romano está enfraquecido e ameaçado por


todo o lado, pelos povos vindos do Norte e a Este. Em 476 com o declínio do Império
Romano, estes povos denominados de “Bárbaros” instalam-se nas diferentes províncias.
É o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. Pouco a pouco, as cidades romanas
são abandonadas. A religião cristã ocupa um lugar cada vez mais importante na vida das
populações e a igreja assume-se como guardiã do conhecimento.

Novo olhar sobre a Antiguidade

Durante o século XIV e XV, alguns eruditos como Petrarca (1304-1374) e


Marsile Ficin (1433-1499), começam a interessar-se pelos velhos textos escritos pelos
seus antepassados gregos e romanos, dos quais raramente se ouvia falar. Descobriram
então ideias e pensamentos que tinham sido postos de lado ao longo de cerca de mil
anos e que lhes interessavam muito. Platão foi o pensador redescoberto que mais
sucesso fez no Renascimento.

O Homem no centro do pensamento

Numa Europa em que os textos e as obras de arte estavam essencialmente


centradas no estudo e glorificação de Deus, a redescoberta dos autores da Antiguidade
vem mexer com tudo o que se acreditava: e se Deus não é o centro do universo? E se o
estudo do Homem também fosse pertinente? E se o pensamento humano fosse mais
importante que a palavra divina? Eis as questões dos eruditos do Renascimento.

Desenvolve-se então uma nova corrente de pensamento chamada Humanismo e


que coloca o Homem no centro das suas preocupações.

A revolução de Gutenberg

As ideias humanistas do Renascimento circulam cada vez mais depressa graças a


uma grande invenção: a gráfica.

Manuscritos VS livros impressos

Até ao século XV, eram precisas inúmeras horas para se produzir um só livro,
pois cada exemplar era copiado à mão, frequentemente pelos monges. Os manuscritos
(nome dado aos livros escritos à mão) eram raros e quase não saiam dos mosteiros.
Assim, quando Gutenberg aperfeiçoa a sua gráfica, em 1450, dá-se uma verdadeira
revolução. Graças à gráfica, os livros podem ser produzidos em grandes quantidades e a
um preço acessível, permitindo o acesso a muitas pessoas.

O sucesso das línguas populares

Paralelamente à invenção da gráfica, os sábios que só se interessavam pelo grego


e o latim, começam a interessar-se pelas línguas ditas populares, faladas pelas pessoas
comuns. Por exemplo, o escritor Maquiavel redige a sua obra O Príncipe, em italiano, o
monge Lutero traduz a Bíblia para o alemão e o dramaturgo Shakespeare escreve as
suas peças de teatro em inglês. Em França, sete poetas reunidos sob o nome “Plêiade”
têm como objetivo defender a língua francesa.

A literatura faz o seu Renascimento

Entre os escritores franceses do século XVI, destacam-se:

 Pierre de Ronsard, considerado o “Príncipe dos poetas”, autor de uma grande


epopeia sobre a história do reino francês intitulada “La Franciade”;

 Joachim du Bellay, outro poeta, autor de poemas amorosos;

 Michel de Montaigne, que dedica a sua vida à escrita dos seus “Essais”, obra na
qual é descrito o homem em geral;

 François Rabelais, grande humanista cuja obra (Pantagruel e Gargântua) denuncia


os excessos demasiado severos na educação ou a ignorância dos monges.

AS CIVILIZAÇÕES FLUVIAIS: AS PRIMEIRAS SOCIEDADES


CLASSES

Periodização da pré-história

O modo de vida e os artefatos que os grupos humanos produziam determinara a


divisão em dois grandes períodos da Pré-história.

Paleolítico – período em que predominavam as sociedades de coletores e


caçadores. Os seres humanos viviam da caça, da pesca e da coleta de grãos, frutos e
raízes. De origem grega (paleo = velho, lítico = pedra – “velha idade da pedra”).

Neolítico – período em que se desenvolveu a agricultura e a criação de animais –


as sociedades passaram a produzir seus alimentos. Também de origem grega (neo =
novo, lítico = pedra – “nova idade da pedra”)

Paleolítico (99% da existência dos humanos)

Teve início com o surgimento dos primeiros hominídeos até aproximadamente


8.000 a.C.
Os seres humanos da África, Europa, Oriente Médio, Ásia e América
confeccionaram suas primeiras ferramentas (de madeira, ossos, chifres e pedras lascadas
– Idade da pedra lascada).

Neste período os seres humanos não produziam seus alimentos. Consumiam o


que encontravam na natureza (frutos, grãos e raízes) e o que caçavam e pescavam.
Quando a região se esgotava mudavam-se para outra. (Caçadores-coletores e nômades).

O controle do fogo e o uso das ferramentas possibilitavam aos seres humanos


defenderem-se dos animais perigosos, obter e utilizar mais as plantas comestíveis,
cozinhar os alimentos e construir abrigos, tornando-se, assim mais preparados para
vencer o frio e a fome.

A produção de artefatos facilitou as atividades de caça, coleta e proteção dos


grupos contras outros animais e contra o frio, permitindo a sua sobrevivência.

A vida dos seres humanos no Paleolítico caracterizava-se por estreito


relacionamento com o ambiente natural; apresentava relativa simplicidade cultural,
ausência de acúmulo de riqueza e mobilidade. Havia pequenas unidades sociais (bandos
ou hordas) formadas por grupos familiares ou de amigos que viviam e trabalhavam em
conjunto. A vida dos caçadores não era necessariamente rude e grosseira, e a
expectativa de vida, não muito curta. As doenças contagiosas eram raras, pois as
pessoas ocupavam áreas muito extensas, o que dificultava o contágio.

Neolítico

Neste período a pedra recebeu um novo tratamento (de lascada passou à polida)
melhorando o seu corte – Idade da pedra polida.

Os seres humanos continuaram a ser coletores-caçadores mas começaram a


produzir os seus próprios alimentos através da agricultura e da criação de animais.

A vida dos grupos humanos foi-se tornando, aos poucos, sedentária. Houve
crescimento populacional. Com o predomínio de cereais na alimentação, houve redução
do tempo médio de vida, devido às carências nutricionais. A vida sedentária levou ao
agrupamento de populações mais numerosas, o que aumentou o risco de propagação de
epidemias.
Além da agricultura, houve também: aperfeiçoamento técnico em instrumentos
feitos de pedra polida, produção de objetos e utensílios de cerâmica, surgimento de
tecelagem e construção de moradias mais duráveis (utilizando madeira, barro e
folhagem seca).

A produção agrícola influenciou no crescimento demográfico, pois com o


aumento da oferta de alimentos, possibilitou-se o sustento de um grupo maior de
pessoas em uma mesma área.

Outra inovação deste período foi o desenvolvimento da metalurgia. Ela


representou uma grande conquista tecnológica, possibilitando a produção de
instrumentos e objetos resistentes e muito mais variados, como utensílios domésticos,
ferramentas de trabalho e armas.

Revolução agrícola

Revolução agrícola é um termo utilizado por alguns pesquisadores para definir o


processo de neolitização, no qual as sociedades, em diferentes períodos, passaram a ser
sedentárias e a praticar a agricultura e a criação de animais.

Civilização

O termo civilização admite vários significados. Para alguns historiadores o


termo poderia ser usado para estabelecer evolução ao longo do tempo, caracterizando as
sociedades posteriores como mais evoluídas do que as anteriores.

Outros historiadores consideraram que as sociedades humanas são diferentes,


mas não podem ser hierarquizadas numa classificação linear.

O termo civilização continua sendo bastante utilizado nos estudos históricos,


apenas para referir-se a uma forma própria de organização social.

Surgimento das primeiras cidades

As primeiras cidades surgiram a partir da necessidade de especialização das


funções de algumas construções como os templos para os cultos religiosos e os
armazéns para estocar alimentos.
Eventos que marcam o surgimento da civilização

- Aparecimento de grupos sociais – ricos e pobres, exploradores e explorados


(começam a surgir as diferenças).

- Formação do Estado – governo para administrar e controlar a força militar.

- Divisão social do trabalho - surgem trabalhadores especializados


(metalúrgicos, ceramistas, pastores, sacerdotes, comandantes militares etc.)

- Aumento da produção econômica – com as inovações tecnológicas surge um


excedente além do necessário para o consumo.

- Registros escritos - surgem a escrita, a numeração, o calendário e um sistema


de pesos e medidas.

Surgimento das primeiras cidades

As primeiras cidades surgiram a partir da necessidade de especialização das


funções de algumas construções como os templos para os cultos religiosos e os
armazéns para estocar alimentos.

Divisão social do trabalho e o surgimento do estado

Quando as sociedades passaram a ampliar a produção de alimentos, alguns de


seus membros puderam se especializar em atividades específicas, como os oleiros,
ceramistas, barqueiros. Da mesma forma, determinados grupos se apossaram das
atividades político-administrativas, impondo regras e condutas para o restante da
população.

Divisão social do trabalho e a competição social

A divisão social do trabalho fez com que alguns especialistas tivessem condições
de se impor sobre outros. Daí o nascimento da competição social.

Mudanças nas relações sociais nas primeiras civilizações

Em comparação com as comunidades neolíticas, nas primeiras civilizações a


cooperação foi substituída pela competição social, e a propriedade coletiva de terra e
bens, pela propriedade privada. Surgiram, então, ricos e pobres e as relações de poder,
em que uma minoria passou a deter o poder econômico, político e ideológico.

O crescente fértil

Foi a região onde surgiram as primeiras civilizações. O seu traçado no mapa


lembra a lua na fase quarto crescente. Na época abrangia o Egito, Arábia Saudita e
Mesopotâmia. Suas principais cidades eram: Tebas, Mênfis, Sais, Jerusalém, Tiro,
Sidon, Biblos, Ugarit, Nínive, Babilônia e Susa.

Suas terras eram férteis devido às enchentes dos rios Tigre, Eufrates, Nilo e
Jordão.

FEUDALISMO

Feudalismo foi a forma de organização social e econômica, predominante no


período medieval, baseada na agricultura, na mão de obra servil e no domínio dos
senhores feudais.

O feudalismo foi a forma de organização social e econômica instituída na


Europa Ocidental entre os séculos V a XV, durante a Idade Média. Baseava-se em
grandes propriedades de terra, chamadas de feudos, que pertenciam aos senhores
feudais, e a mão de obra era servil.

Com a queda do Império Romano do Ocidente e a invasão dos povos bárbaros


entre os séculos IV e V, a Europa atravessou um período de ruralização, isto é, os
moradores da cidade se deslocaram para o campo, fugindo da instabilidade provocada
pela movimentação dos bárbaros.

A partir do século XV, o feudalismo entrou em crise por conta das mudanças
ocorridas na Europa, como os renascimentos cultural, urbano e comercial.

Resumo sobre o feudalismo

 O feudalismo foi um modelo econômico e social, baseado na terra e na relação


de fidelidade entre homens, que durou ao longo de toda a Idade Média.
 A origem do feudalismo está no final do Império Romano, quando surgiram os
colonatos — terras onde os romanos buscavam abrigo e, em troca, trabalhavam
para os seus donos.

 Características do feudalismo: política descentralizada, economia rural e


sociedade estamental.

 Concessão de terras acontecia dentro da relação de fidelidade entre os homens,


na qual o suserano concedia uma porção de terras para um vassalo.

 A crise feudal se deu por conta das mudanças na Europa provocadas pelos
renascimentos cultural, urbano e comercial.

O que é feudalismo

De acordo com Jacques Le Goff, um dos principais estudiosos da Idade Média, o


feudalismo é “um sistema de organização econômica, social e política baseado nos
vínculos de homem a homem, no qual uma classe de guerreiros especializados — os
senhores —, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de
dependência, domina uma massa campesina que explora a terra e lhes fornece com que
viver”.

O feudalismo foi um modelo social e econômico que vigorou dos séculos V ao


XV, na Europa Ocidental, e que marcou profundamente a Idade Média. Esse modelo era
baseado na terra e, por meio dela, constituíam-se a atividade econômica e a estrutura
social.

Origem do feudalismo

A origem do feudalismo está na crise que provocou a queda do Império Romano


do Ocidente. No século III, por conta da crise econômica provocada pela falta de
escravizados e das invasões germânicas, os romanos abandonaram as cidades e
migraram para o campo com o objetivo de encontrar proteção e trabalho. Dessa forma,
surgiam os colonatos, nos quais aqueles que encontravam abrigos no campo
trabalhavam para o seu senhor.
O surgimento dos reinos germânicos, no século V, contribuiu para aprofundar o
processo de ruralização europeia. Além desse movimento de saída das cidades para o
campo, o enfraquecimento do poder político contribuiu para o surgimento do
feudalismo.

Características do feudalismo

 Sociedade feudal

Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a invasão


bárbara. Os povos que estavam fora dos limites do grande império atravessaram as suas
fronteiras e adentraram no território, alcançando Roma. A capital do império foi
saqueada pelos bárbaros. Essa ação violenta e a desestruturação do Império Romano
fizeram com que os moradores das cidades fugissem para o campo em busca de
proteção e trabalho.

Nessa transição entre a queda do Império Romano, ocorrida no século IV d.C., e


o início da Idade Média, observa-se a ruralização da Europa, ou seja, as cidades
perderam suas forças para o campo. Os senhores feudais, os donos dos feudos,
tornaram-se poderosos por conta da valorização as terras. Enquanto os imperadores
concentravam poderes nos tempos de domínio romano, no feudalismo, o poder foi
descentralizado nas mãos desses senhores donos das terras.

A Igreja Católica se fortaleceu nesse período ao fazer alianças com os reis


bárbaros que instalaram seus domínios na Europa. Dessa forma, os povos pertencentes a
esses reinos foram convertidos ao cristianismo, e o papa se tornou poderoso não
somente nos assuntos celestiais, mas também políticos. Iniciava-se a tradição, que se
estendeu até o século XIX, dos papas coroarem os novos reis, uma cerimônia que
marcava a aproximação da Igreja com o poder político.

O clero se tornou uma classe social poderosa e atuante na formação da


mentalidade medieval. A crença se baseava na força divina contra o maligno e na
negação do fiel sobre os prazeres mundanos em busca da salvação da sua alma. A
cultura clássica ficou guardada nos mosteiros para ser preservada das invasões, e os
monges copistas tiveram papel importante na reprodução desses escritos.
A ruralização europeia promoveu o fortalecimento dos nobres. A nobreza era
formada pelos senhores feudais, por cavaleiros que garantiam a segurança dos feudos e
por outros donos de terras. Nessa classe social se desenvolveu a fidelidade entre
suseranos e vassalos. Os suseranos eram aqueles que concediam terras e outros favores
aos vassalos, e estes, em troca, deveriam retribuir o favor quando solicitados. Essa
fidelidade era uma característica dos povos bárbaros e que foi incorporada nas relações
sociais feudais. Fazia-se uma cerimônia para tornar público o acordo firmado.

Ao contrário da Idade Antiga, quando a mão de obra era escravizada, durante o


período medieval, a mão de obra era servil. Os servos eram a maioria da população e
originários daqueles que fugiram das invasões bárbaras e se abrigaram nos feudos. Em
troca de moradia e proteção, os servos trabalhavam para os senhores feudais e para
a sobrevivência deles mesmos e de suas famílias. A eles cabiam inúmeras exigências,
cobranças sobre os usos dos utensílios pertencentes ao senhor feudal, a entrega de parte
da produção, o dízimo para a Igreja.

A sociedade feudal era rural, estruturada nos feudos, e a minoria que estava no
topo da pirâmide social (nobres e clero) era sustentada pela classe de maior tamanho
e a única que trabalhava, a dos servos. Era uma sociedade estamental, que não permitia
a mobilidade social, conforme um ditado da época: “Existem aqueles que lutam
(nobres), aqueles que rezam (clero) e aqueles que trabalham (servos)”.

 Economia feudal

A economia durante a Idade Média era basicamente agrária, o que não


significa afirmar que o comércio tenha desaparecido. Durante a Antiguidade Clássica, o
mar Mediterrâneo foi o principal local do comércio marítimo. Com a expansão árabe a
partir do século VII d.C., o Mediterrâneo foi conquistado por esse povo, e os europeus
ocidentais não tinham alternativa a não ser a agricultura. Além disso, com a fuga das
cidades para o campo, a terra se valorizou.

A prática agrícola exigia cuidado com a terra. Para isso, os servos que
trabalhavam nela utilizavam instrumentos como o arado e a força dos animais
domesticados. Uma técnica para manter a fertilidade do solo era a rotação das terras.
Enquanto uma porção do terreno era utilizada, a outra porção ficava de repouso e era
utilizada na plantação seguinte, enquanto a utilizada anteriormente ficava de repouso.
Com isso, aumentou-se a produção e, consequentemente, a população.

 Política feudal

No início do período medieval, os reis germânicos tentaram manter a unidade


territorial do Império Romano. Os reis germânicos eram chefes políticos e militares,
pois atuavam à frente dos seus soldados em momentos de guerra. O poder secular estava
ligado ao poder religioso, por isso a Igreja Católica tinha grande influência na política
medieval. Com a queda do império carolíngio, a unidade territorial se desfez e o poder
se descentralizou entre os senhores feudais. Cada feudo se autogovernava,
estabelecendo sua própria política.

Concessão de terras

Com a ruralização da Europa, as terras se valorizaram e se tornaram moedas de


troca. O rei carolíngio, Pepino, o Breve, cedeu grande quantidade de terras para a
Igreja Católica, mais especificamente na região central da Península Itálica. Surgiam
assim os Estados Pontifícios, que eram territórios pertencentes ao papa e que vigoraram
até a Unificação Italiana, em meados do século XIX. O atual território do Vaticano, em
Roma, é o que restou desses Estados e só foi reconhecido pelo governo italiano após a
assinatura do Tratado de Latrão, na década de 1920.

A doação de terras não se restringiu apenas aos monarcas da Alta Idade Média.
Quem obtivesse algum terreno fazia questão de doá-lo ao clero no intuito de que tal
ação seria retribuída na eternidade. Dessa forma, de doação em doação, a Igreja se
tornou dona de uma grande quantidade de terras durante o período medieval. Se
ela já detinha o poder espiritual, também exercia enorme poder sobre a terra.

Outra forma de concessão de terras era mediante acordos de fidelidade. As


relações sociais na Idade Média eram caracterizadas dessa forma. O suserano era o
proprietário de terra que a cedia para um vassalo em troca da sua fidelidade. Essa
concessão era feita mediante contrato celebrado em evento público, com toda pompa e a
presença de um bispo para assegurar a sua validade e a sua execução.
Crise do feudalismo

A crise do feudalismo começou a partir do século XII, quando mudanças na


sociedade europeia colocaram em xeque as estruturas do feudalismo. As cidades
voltaram a surgir após séculos de abandono, desde os tempos das invasões bárbaras.
Houve o aumento populacional ocorrido no ano 1000, também chamado de “ano da paz
de Deus”, por conta da queda significativa nas guerras medievais. Com o aumento
demográfico, a produção agrícola também se expandiu, exigindo maior trabalho dos
servos e o uso de técnicas mais avançadas para atender a demanda.

Outro fator que transformou a sociedade europeia foram as Cruzadas.


Inicialmente eram expedições religiosas que se dirigiam até o Oriente para resgatar os
locais sagrados para os cristãos e que estavam nas mãos dos islâmicos. No entanto,
essas expedições ganharam outras dimensões ao trazerem para a Europa Ocidental
produtos orientais, como as especiarias.

O comércio retomava suas atividades após mais de um milênio de predomínio


agrícola. O mar Mediterrâneo voltava a receber expedições comerciais que interligavam
o Ocidente com o Oriente. As cidades italianas de Gênova e Veneza fizeram acordos
comerciais com os islâmicos a fim de manter a abertura do Mediterrâneo para essa nova
onda comercial.

Surgia nesse contexto a burguesia, uma classe social formada por


comerciantes que enriqueceram com as trocas comerciais de produtos orientais. Ao
redor dos feudos se formavam as feiras, que faziam as negociações dos produtos;
instalava-se os primeiros bancos para fazer as conversões monetárias, e as moedas
voltavam a circular no Ocidente.

Após séculos de domínio eclesiástico sobre a produção cultural, o período final


do feudalismo marcou a retomada o cientificismo, ou seja, da pesquisa científica no
estudo sobre a natureza. Temendo represálias da Igreja, muitos cientistas faziam seus
experimentos às escondidas. O humanismo começava a se fortificar na Europa, um
movimento cultural que valorizava o ser humano e toda sua potencialidade. Mesmo
mantendo as temáticas religiosas, as produções artísticas no final da Idade Média
apontavam para as expressões de traços humanos na pintura e escultura.
Essas mudanças na Europa Ocidental são chamadas de renascimento. O
europeu da transição da Idade Média para a Idade Moderna buscava fazer renascer os
princípios humanistas que caracterizaram a cultura clássica greco-romana. O
teocentrismo, Deus no centro do Universo, cedia lugar para o antropocentrismo, o ser
humano como centro e principal medida de todas as coisas.

A crise do feudalismo não foi apenas pela retomada dos valores greco-romanos.
A peste negra foi uma doença altamente infecciosa e que se alastrou por toda a
Europa, matando 1/3 da população. Com o excesso de trabalho e desejosos por sair
dos feudos e mudar de vida nas cidades, os servos de revoltaram contra os seus
senhores, encerrando um período de mais de um milênio de obrigações e apego à terra.

Os reis começaram a ganhar força política ao liderarem as tropas militares


que abafaram as revoltas servis e atuaram na linha de frente das guerras entre os
primeiros reinos europeus, como a Guerra dos Cem Anos, um conflito envolvendo a
França e a Inglaterra. De chefes militares, os reis ganhavam poderes políticos e
começavam a se tornar monarcas absolutistas, característica dos reinos modernos.

REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

"A Revolução Russa foi a concretização de uma série de revoltas pelas quais a
Rússia passava desde 1905 e que tiveram várias consequências, como o fim do czarismo
(monarquia) e a tomada de poder pelos socialistas.

Naquele contexto, a Rússia poderia ser chamada de atrasada, pois, em pleno XX,
preservava práticas ainda feudais, era agrária e dominada por czares (imperadores). As
primeiras revoltas, que antecederam a revolução, foram contra os privilégios da nobreza
e clero, mas também contra gastos de guerra (contra o Japão, batalha que a Rússia
perdeu).

Vemos as consequências da Revolução Russa como fato histórico até, no


mínimo, 1989, com a queda do Muro de Berlim, já que a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), formada depois da revolução, existiu até a década de
1990 e, em anos anteriores, confrontou os EUA, dividindo o mundo entre socialistas e
capitalistas na Guerra Fria."
A Revolução de Outubro de 1917 foi a fase bolchevique da Revolução Russa,
liderada por Lênin, Trotsky e Stalin e que culminou na criação de um governo
socialista.

A Revolução de Outubro de 1917 foi a fase bolchevique da Revolução Russa,


que culminou com a criação de um governo socialista. Suas causas foram a crise da
Rússia desde o início da Primeira Guerra Mundial aliada ao fracasso das pautas da
Revolução de Fevereiro de 1917. A revolução foi importante por ter finalmente
encerrado a participação russa na Primeira Guerra Mundial e estabelecido um governo
socialista na Rússia

RESUMO SOBRE A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

 A Revolução de Outubro de 1917 foi a fase bolchevique da Revolução Russa,


que culminou na criação de um governo socialista.

 Seu contexto histórico remonta à participação russa na Primeira Guerra Mundial,


o que resultou em uma desastrosa campanha, com milhares de mortos, e em uma
reação interna intensa, composta de crise econômica e greves.

 Suas causas foram a crise da Rússia desde o início da Primeira Guerra Mundial
aliada ao fracasso das pautas da Revolução de Fevereiro de 1917.

 Foi uma revolução de caráter socialista, liderada pelo líder bolchevique Vladmir
Lênin.

 Teve início quando Lênin convocou um golpe de Estado, com o objetivo de


derrubar o governo criado como resultado da Revolução de Fevereiro de 1917.

 Seus principais líderes foram Vladmir Lênin, Leon Trotsky e Josef Stalin.

 Seus principais acontecimentos foram: a deposição do governo e a formação do


governo de Lênin; e a guerra civil travada entre o Exército Vermelho e o
Exército Branco.

 Foi importante por ter finalmente encerrado a participação russa na Primeira


Guerra Mundial e estabelecido um governo socialista na Rússia.
 Como consequências dela, pode-se apontar: a construção da União Soviética
bem como a implementação do socialismo na Rússia e nas demais repúblicas
que formaram a URSS.

CONTEXTO HISTÓRICO DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

O contexto histórico da Revolução Russa de Outubro de 1917 remonta à


participação russa na Primeira Guerra Mundial, o que resultou em uma desastrosa
campanha, com milhares de mortos, e em uma reação interna intensa, composta de crise
econômica e greves.

Nesse contexto, eclodiu a Revolução Russa de Fevereiro de 1917, a qual


seguiu uma orientação ideológica menchevique, resultando em um governo
provisório chefiado pela assembleia legislativa, chamada Duma, e pelo Soviete de
Petrogrado, uma organização socialista de operários com ideologia revolucionária
radical. Diante dessas tensões entre ideologias distintas no governo, o líder dos
bolcheviques, Vladmir Lênin, retornou do exílio e propôs uma nova revolução, de
caráter socialista.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

As causas da Revolução Russa de Outubro de 1917 foram a crise da


Rússia desde o início da Primeira Guerra Mundial aliada ao fracasso das pautas da
Revolução de Fevereiro de 1917, sobretudo: a saída da guerra, a convocação de uma
assembleia constituinte para modificar profundamente o modelo de governo da Rússia e
a reforma agrária.

Diante desse contexto, Vladmir Lênin, líder bolchevique exilado desde


1897, retornou à Rússia e publicou as Teses de Abril, documento que conclamava
uma nova revolução, de caráter socialista, baseada nas pautas “paz, terra e pão” e na
máxima “todo poder aos sovietes”. Assim, Lênin estabeleceu que retiraria a Rússia da
guerra, promoveria reforma agrária e melhoria econômica, além de fixar o caráter
socialista de sua proposta. Dentre as causas da Revolução de Outubro de
1917, podemos citar:
 Os privilégios do clero, de proprietários de terras e de oficiais enquanto a maior
parte da população vivia em situação de intensa desigualdade e fome no campo;

 A situação dos operários de baixos salários, péssimas condições de trabalho


associadas às jornadas excessivas, aos ambientes insalubres e alto índice de
desemprego;

 A derrota na Guerra Russo-Japonesa;

 As repressões violentas do Domingo Sangrento e da Revolta do Encouraçado de


Potemkin;

 a continuidade da Rússia na Primeira Guerra Mundial;

 a difusão das ideias socialistas de construção de um Estado socialista forte


contra a burguesia que se mantinha no poder.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO DE


OUTUBRO

A Revolução Russa de Outubro de 1917 foi uma revolução de caráter


socialista, liderada pelo líder bolchevique Vladmir Lênin. Motivada pela crise
econômica e política gerada pela participação russa na Primeira Guerra Mundial, a
Revolução de Outubro teve como característica a adoção de pautas revolucionárias
radicais, a fim de tirar o país da guerra e de promover a reforma econômica e o
socialismo.

COMO OCORREU A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

Diante do contexto de insatisfação política e social e crescente impopularidade


do czar Nicolau II, as Revoluções de 1917 — Revolução de Fevereiro e Revolução de
Outubro — eclodiram na Rússia promovendo a queda do regime absolutista,
culminando na instauração de um governo socialista.
A Revolução de Fevereiro colocou os mencheviques no poder sob um governo
provisório representado pelo general Alexander Kerensk, líder do Partido Social
Revolucionário, e presidido pelo príncipe Lvov, com o apoio da burguesia, revelando
uma postura mais conservadora.

Os mencheviques (minoria no Congresso), que defendiam o desenvolvimento do


capitalismo para depois começar a revolução conduzida pela burguesia e apoiada pelos
proletários e camponeses, haviam prometido retirar a Rússia da Primeira Guerra
Mundial, realizar a reforma agrária no país e acabar com a fome. Entretanto, devido aos
interesses burgueses, não deram início às promessas e não permitiram a participação
dos sovietes nas decisões políticas, fato que acirrou os ânimos.

Enquanto isso, com a ajuda da Alemanha, que tinha interesse de que a Rússia
saísse da Primeira Guerra Mundial, Vladimir Ulianov Lenin voltou do exílio da Suíça
para a Rússia lançando as Teses de Abril, que propunham a nacionalização dos
bancos, controle das fábricas pelos operários, paz, terras para os camponeses e todo o
poder aos sovietes. Lenin era do Partido Bolchevista, que defendia a revolução imediata
conduzida por um partido operário com o apoio dos camponeses.

Diante do contexto de crise, muitos soldados desertando, falta de apoio popular,


fome e desemprego, em julho de 1917 o príncipe Lvov se demitiu e Alexander
Kerensky assumiu, adotando uma postura de perseguição aos bolcheviques. Diante
da perseguição, Leon Trotski, que era bolchevique e defendia a ideia de Revolução
Permanente, por meio de uma ação incessante e global, recrutou em Petrogrado a
milícia revolucionária, também conhecida como Guarda Vermelha, para a tomada do
Palácio de Inverno.

No dia 24 de outubro de 1917 (6 de novembro, no calendário gregoriano), com


a promessa de retirar a Rússia da guerra, promover a geração de empregos, acabar com
a fome e realizar a reforma agrária, sob os slogans: “todo o poder aos sovietes” e “paz,
terra e pão”, os bolcheviques ocuparam pontos estratégicos de Petrogrado, causando
uma insurreição organizada pelo seu Comitê Militar Revolucionário ao tomar o Palácio
de Inverno, sede do governo.

No dia seguinte, ocorreu a reunião do Congresso Pan-Russo dos Sovietes,


reunindo os membros bolcheviques, constituindo o Conselho dos Comissários do Povo,
presidido por Lenin, e consolidando a Revolução de Outubro de 1917, conhecida
também como Revolução Bolchevique.

Com Lenin no poder, a Rússia foi retirada da Primeira Guerra Mundial por
meio da assinatura do Tratado de Brest-Litovisk em 1918. Os bancos e indústrias foram
nacionalizados, e as gestões das terras foram entregues aos comitês de camponeses.

Já entre 1918 e 1921 iniciou-se uma guerra civil. De um lado os bolcheviques,


liderados por Trotski, com o Exército Vermelho; do outro, o Exército Brando, dos
liberais e contrarrevolucionários, com o apoio dos países capitalistas: França, Estados
Unidos, Alemanha, Inglaterra e Japão. Em meio à crise, Lenin ordenou a execução do
czar Nicolau II e sua família e adotou a Nova Política Econômica (NEP). Apesar de os
bolcheviques terem vencido, o conflito deixou um saldo de fome, desemprego e
insatisfação popular.

QUEM FORAM OS LÍDERES DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

Os principais líderes da Revolução Russa de Outubro de 1917 foram:

 Vladmir Lênin (1870-1924): teórico socialista bolchevique e principal


liderança do movimento revolucionário.

 Leon Trotsky (1879-1949): intelectual marxista e socialista bolchevique, foi um


dos principais líderes do Exército Vermelho.

 Josef Stalin (1878-1953): revolucionário bolchevique que fez parte do governo


de Lênin e, posteriormente, governou a União Soviética até sua morte.

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DA REVOLUÇÃO DE


OUTUBRO

Os principais acontecimentos da Revolução de Outubro de 1917 foram:

 A deposição do governo: iniciada em 25 de outubro de 1917, quando o


Congresso dos Sovietes ratificou a queda do governo anterior e transferiu o
poder aos bolcheviques.
 Formação do governo de Lênin: ao lado de diversos líderes bolcheviques,
como Trotsky e Stalin, promoveu diversas reformas e iniciou a implementação
do socialismo.
 Primeiras medidas do governo Lênin: negociação da saída da Rússia da
Primeira Guerra Mundial; nacionalização de terras e fábricas; e libertação de
povos dominados pelo antigo império russo.
 A guerra civil: travada entre o Exército Vermelho (liderado por Trotsky e de
ideologia socialista) e o Exército Branco (composto por membros do governo
derrubado e aliados estrangeiros), com a vitória do Exército Vermelho.

IMPORTÂNCIA DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

A Revolução Russa de Outubro de 1917 foi importante por ter finalmente


encerrado a participação russa na Primeira Guerra Mundial, estabelecido um
governo socialista na Rússia, e pavimentado o caminho para a criação da União
Soviética — união de repúblicas socialistas que eram parte dos territórios do antigo
Império Russo e a primeira experiência prática duradoura de um governo socialista.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

Como consequências da Revolução de Outubro de 1917, pode-se apontar:

 Construção da União Soviética;

 Implementação do socialismo na Rússia e nas demais repúblicas que formaram a


URSS;

 Planificação da economia e desenvolvimento pautado na condução estatal;

 Criação da primeira potência econômica e militar socialista do mundo.

CRISE AMERICANA DE 1929

A Crise de 1929 foi a maior crise econômica da história dos Estados Unidos e do
capitalismo. Foi iniciada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
A Crise de 1929 foi a maior crise econômica da história dos Estados Unidos e
do capitalismo, causada pela superprodução da indústria norte-americana, falta de
regulamentação da economia, excesso de crédito e especulação na Bolsa de Valores.
Essa crise fez com que milhares de empresas falissem e milhões de trabalhadores
perdessem os seus empregos.

CONTEXTO HISTÓRICO DA CRISE DE 1929

A década de 1920 ficou marcada como a que deu início à maior crise econômica
da história dos Estados Unidos e do capitalismo. Entretanto, antes dessa crise de
grandes proporções, essa década havia se destacado como um período de euforia e de
prosperidade sem limites na memória norte-americana.

Nos Estados Unidos, a década de 1920 ficou conhecida como roaring twenties,
termo que foi traduzido para o português como “loucos anos vinte”. Essa expressão foi
usada para definir o clima da sociedade norte-americana na década de 1920. Isso porque
os Estados Unidos viviam um ciclo de prosperidade jamais visto na história do país.

A economia norte-americana estava em crescimento desde antes da Primeira


Guerra Mundial, mas com o término do conflito, os Estados Unidos assumiram
indiscutivelmente a posição de maior potência econômica do planeta. Isso porque o país
prosperou bastante com a guerra, não tendo sido atingido pelo combate.

Assim, a indústria norte-americana passou a ser responsável pela produção de


grande parte das mercadorias que eram consumidas no planeta. Além disso, o país
tornou-se credor das nações europeias que se recuperavam da guerra. Isso significa
que os Estados Unidos passaram a importar mercadorias e a emprestar dinheiro em
grandes volumes para a Europa, principalmente.

O avanço da economia e da indústria norte-americana estabeleceu o que ficou


conhecido como american way of life, o “modo de vida norte-americano”. Esse modo
de vida era baseado em um alto consumo de mercadorias, muitas delas desnecessárias.
Entre os principais bens consumidos na época estavam os eletrodomésticos.

Essa euforia fez com que a indústria norte-americana começasse a produzir


mercadorias desenfreadamente, sem se importar se o mercado teria condições de
absorvê-las. Além disso, o clima de entusiasmo econômico também fez com que os
bancos passassem a realizar uma grande quantidade de empréstimos, sem se atentar se
haveria retorno e também sem regulamentação sobre estes.

Por fim, a excitação econômica incentivou milhares de pessoas a investirem o


seu capital em ações na Bolsa de Valores. A grande quantidade de pessoas investindo
em ações fez com que o valor destas disparassem, reforçando a sensação de
prosperidade.

CAUSAS DA CRISE DE 1929

Levando em conta esse contexto, alguns pontos podem ser destacados em


relação aos fatos que motivaram a Crise de 1929:

 Aumento da produção sem que o mercado pudesse absorver as mercadorias


produzidas;

 Realização de um elevado número de empréstimos;

 Falta de regulação sobre as transações;

 Recuperação da economia europeia;

 Especulação monetária.

Vamos entender esse cenário. Primeiramente, o aumento da produção norte-


americana não foi acompanhado por medidas que permitiriam a absorção dessas
mercadorias. No pós-guerra, boa parte delas eram consumidas pelo mercado europeu,
mas a recuperação econômica da Europa fez com que a demanda por produtos norte-
americanos diminuísse.

Além disso, havia um fato importante no próprio território norte-americano. Os


trabalhadores do país, isto é, consumidores em potencial, não obtiveram conquistas
salariais. Assim, o poder de compra dos trabalhadores continuava o mesmo e,
naturalmente, eles não tinham condição de consumir tudo o que era produzido.

Ademais, a quantidade de crédito que estava sendo disponibilizada esbarrou em


um fator: muitos não pagaram os empréstimos que haviam pedido. As mercadorias
empacadas e o calote nos bancos afetaram a euforia do mercado e suas consequências
chegaram à Bolsa de Valores de Nova York.

No dia 24 de outubro de 1929, o clima de desconfiança fez com que 12


milhões de ações fossem colocadas à venda. Isso colocou o mercado em pânico, e o
quadro se manteve no dia 28, quando 33 milhões de ações foram colocadas à venda. No
dia seguinte, 29 de outubro de 1929, a bolsa quebrou e o valor das ações
despencou.

Imediatamente, ações que valiam milhares de dólares passaram a valer


absolutamente nada, e diversas empresas norte-americanas que tinham o seu capital
investido na Bolsa de Valores foram à falência. Muitas das empresas que não faliram
perderam parte de seu patrimônio e precisaram demitir funcionários.

As demissões aumentavam à medida que as empresas iam falindo. Tudo isso fez
com que os empréstimos dos bancos não fossem pagos. Além disso, o pânico criado por
essa situação fez com que milhares de pessoas fossem aos bancos sacar seu dinheiro
para se resguardar. Isso levou centenas de bancos à falência, pois todos os fundos foram
retirados pelos clientes.

CONSEQUÊNCIAS DA CRISE DE 1929

A quebra da Bolsa de Nova York deu início ao período da Grande Depressão.


De 1929 a 1933, os Estados Unidos viveram o pior momento da crise econômica.
Porém, a partir de 1933, uma gradual recuperação começou a acontecer no país. De
forma geral, os efeitos da Crise de 1929 foram sentidos até meados da Segunda Guerra
Mundial.

Entre as consequências da Crise de 1929 destacam-se o enorme número de


falências que aconteceram nos Estados Unidos, além do aumento exponencial na taxa
de desempregados no país. O desemprego nos Estados Unidos saltou de 4%, antes da
crise, para 27% da população depois da quebra da Bolsa de Valores.

O PIB do país diminuiu, a quantidade de importações e exportações teve


decréscimo, a produção industrial foi reduzida e o salário dos trabalhadores decaiu.
Além disso, os efeitos da Crise de 1929 não ficaram restritos aos Estados Unidos e se
espalharam por diferentes países, sobretudo os europeus.

Lá na Europa, o número de desempregados aumentou consideravelmente, e as


consequências da crise econômica serviram de impulso para o crescimento de
movimentos totalitaristas, como o nazismo, na Alemanha, o fascismo, na Itália.

Os efeitos da Grande Depressão só começaram a ser contornados a partir de


1933, quando o governo norte-americano implantou o New Deal (Novo Acordo), um
programa de intervenção do Estado na economia. O objetivo desse programa era
reaquecer a economia dos Estados Unidos. Entre as ações realizadas, destaca-se, por
exemplo, a criação de obras públicas para garantir emprego aos cidadãos norte-
americanos.

CONSEQUÊNCIAS DA CRISE DE 1929 NO MUNDO

Como consequências da Crise de 1929, pode-se apontar:

 A falência de mais de 110 mil empresas e quatro mil bancos.

 Mais de 13 milhões de pessoas desempregadas.

 A ocorrência da Grande Depressão (1929-1932), marcada pelo declínio da


produção, do poder aquisitivo, e pelo desemprego generalizado.

 A Crise de 1929 foi internacionalizada, pois grande parte dos países do mundo
investia na bolsa de Nova Iorque.

 A União Soviética não foi afetada diretamente pela Crise de 1929, uma vez que
sua economia era fechada ao mundo capitalista.

PLANO NEW DEAL

New Deal foi um plano de recuperação econômica, iniciado 1933, feito no


governo Franklin Roosevelt, logo após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York,
em 1929.
O New Deal foi um programa de recuperação econômica realizado no
governo de Franklin Delano Roosevelt e tinha como principal objetivo reerguer a
economia norte-americana após a crise de 1929, por conta da quebra da Bolsa de
Valores de Nova York.

Ao contrário do que foi feito nos governos anteriores, quando não havia
nenhuma interferência e regulamentação governamental nas transações econômicas, o
New Deal pretendia ampliar a ação do Estado na economia ao controlar a produção
e realizar obras públicas para empregar aqueles que perderam seu trabalho por conta da
crise. Aos poucos, o programa começou a dar resultados, e a economia norte-americana
voltou a apresentar números positivos.

RESUMO SOBRE O NEW DEAL

 O New Deal foi um programa de recuperação da economia dos Estados Unidos


após a quebra das Bolsa Valores de Nova Iorque, em 1929.

 O programa pretendia ampliar a intervenção do estado na economia, ao regular


as transações econômicas e a produção, como também realizar obras públicas
para estimular a criação de empregos.

 As ações do New Deal seguiam as ideias econômicas preconizadas pelo


economista John Keynes.

 A Crise de 1929 provocou o derretimento da economia norte-americana e o


empobrecimento de muitos norte-americanos.

 Os efeitos do New Deal colocaram em xeque as ideias liberais e reforçaram a


presença do Estado na economia.

O QUE FOI O NEW DEAL

Após longos períodos de prosperidade, a economia norte-americana foi


impactada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. A crise faliu
empresas e desempregou milhões de pessoas, causando vários problemas sociais. Os
republicanos perderam as eleições presidenciais de 1932, e o democrata Franklin
Delano Roosevelt foi eleito para a Casa Branca, propondo um programa econômico que
recuperaria as finanças dos Estados Unidos e retomaria o seu pleno desenvolvimento.

O New Deal, como foi intitulado o programa do governo Roosevelt, aplicou


as ideias econômicas de John Keynes de maior intervenção estatal na economia.
Até 1929, o liberalismo econômico fez com que os órgãos governamentais não
fiscalizassem as transações econômicas e as movimentações financeiras feitas pela
Bolsa de Valores de Nova Iorque, a principal do mundo capitalista.

A proposta de Roosevelt para recuperar a economia norte-americana era:


aumentar a presença do Estado na economia ao fiscalizar as movimentações financeiras,
controlar a produção para que as mercadorias estocadas pudessem ser comercializadas,
e executar obras públicas para acelerar a criação de empregos.

CONTEXTO HISTÓRICO DO NEW DEAL

Até 1929, os Estados Unidos viviam clima de euforia. A maior potência


capitalista do mundo festejava os recordes de produção e o êxito nas transações
comerciais. A população foi incentivada a comprar ações na Bolsa de Valores,
investindo suas economias. O american way of life, ou seja, o “modo de vida norte-
americano”, transformou-se em sinônimo de sucesso e do pleno desenvolvimento dos
Estados Unidos. O consumo em alta ampliava a produção agrícola e industrial. Esse
consumo se baseou na compra de eletrodomésticos e automóveis.

Além disso, a cultura também participou desse momento de prosperidade vivido


pelos norte-americanos. O cinema e o teatro começaram a ganhar espaço e a se tornar as
principais atividades culturais da época. O êxito dos Estados Unidos foi projetado nas
propagandas, e a família sorridente, trabalhadora e consumista se tornou referência no
país.

Por outro lado, a Europa começava a reerguer-se dos escombros da Primeira


Guerra Mundial e a não pagar os empréstimos feitos com os Estados Unidos logo após o
final do conflito. Mesmo com essa mudança, a produção norte-americana manteve o
ritmo acelerado, não acompanhando o consumo.
A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, afundou a
economia norte-americana em uma grave crise, gerando desemprego e pobreza.
Outros países também foram afetados pela quebra da bolsa, e suas economias também
colapsaram. Enquanto o mundo capitalista estava em crise, a União Soviética não sentiu
diretamente os efeitos e pôde se posicionar como uma alternativa ao modelo econômico
predominante no Ocidente.

As primeiras eleições presidenciais seguintes à crise tiveram como debate


principal os caminhos a serem traçados pelo próximo presidente para reerguer a
economia em fragalhos e ajudar as pessoas a saírem da pobreza e do desemprego.
Venceu o democrata Franklin Delano Roosevelt, que propôs a intervenção estatal
na economia como medida urgente a ser implementada para retirar os Estados Unidos
da crise.

CARACTERÍSTICAS DO NEW DEAL

O New Deal começou a ser aplicado logo após a posse de Franklin Roosevelt na
presidência dos Estados Unidos, em 1933. As principais características desse programa
de recuperação econômica foram:

 Intervenção do Estado na economia por meio da fiscalização das transações


bancárias e das instituições financeiras.

 Criação de sindicatos para facilitar as negociações entre trabalhadores e patrões.

 Construção de obras de infraestrutura para gerar empregos e renda, estimulando


o mercado consumidor.

 Concessão de empréstimos para pequenos agricultores.

 Criação da Previdência Social, que garantiria um salário-mínimo para idosos,


inválidos e desempregados.

CONSEQUÊNCIAS DO NEW DEAL

Ao contrário dos anos 1920, quando o Estado não intervia na economia, o New
Deal, iniciado na década seguinte, seguiu o caminho inverso, isto é, a intervenção
estatal na economia por meio da concessão de benefícios e da fiscalização das
transições financeiras. O liberalismo entrou em crise, e as ideias de livre mercado
tiveram que ser revistas. Por outro lado, as ideias econômicas baseadas na participação
efetiva do Estado na economia ganharam força não somente nos Estados Unidos, mas
no mundo todo.

Outra consequência do New Deal foi no âmbito político. Os primeiros resultados


desse programa de recuperação econômica colaboraram para o aumento da
popularidade do presidente Roosevelt e pavimentaram sua reeleição para um novo
mandato presidencial.

FASCISMO

O fascismo é uma ideologia de extrema-direita que se baseia em ideais


conservadores, sendo uma manifestação política radicalizada, que usa a violência para
chegar ao poder. Fascismo é uma ideologia política de extrema-direita que defende
posições políticas conservadoras, manifesta um nacionalismo extremado, atua de
maneira radicalizada e vê na violência uma forma de alcançar e sustentar o poder. É
uma ideologia que se adapta muito bem às diferentes realidades políticas.

O fascismo enquanto ideologia política surgiu na Itália, em 1919, por meio de


uma organização paramilitar liderada por Benito Mussolini. Os fascistas estiveram no
poder italiano entre os anos de 1922 e 1943, sendo retirados, em 1945, com a derrota do
Eixo na Segunda Guerra Mundial. Benito Mussolini foi morto por fuzilamento.

O QUE É FASCISMO

Em geral, quando falamos de fascismo, trata-se de ideologias ou regimes


políticos que adotam práticas conservadoras e atuam de maneira radicalizada e
violenta. Entretanto, uma definição única do que é fascismo é muito difícil, pois ele se
adapta muito facilmente à realidade política de cada país, podendo haver algumas
diferenças pontuais nos diferentes movimentos fascistas que surgem. De toda forma, é
importante estabelecer algumas noções básicas quando se aborda esse tema. Essa
ideologia é conservadora e nasceu dentro da direita política, e, por ser uma manifestação
radicalizada dos ideais conservadores, é entendida como vinculada à extrema-direita
do espectro político.
Movimentos políticos fascistas adotam uma retórica populista, defendem pautas
morais, atacam a corrupção (com base num viés moralista) e a política tradicional, ao
mesmo tempo que estabelecem bodes expiatórios para os problemas da nação. No poder
são autoritários, violentos, não aceitam contestação e combatem ferramentas de
transparência, além de aparelhar as instituições a fim de usar o Estado para impor os
seus objetivos e minar a democracia.

Defendem mudanças políticas profundas, estabelecendo governos autocráticos


ou verdadeiramente ditatoriais, mas, do ponto de vista econômico, são fortes defensores
da manutenção do status quo, defendendo os interesses da elite e adotando medidas
antipovo. O fascismo surgiu enquanto ideologia na Itália, em 1919, conforme
veremos. Outro governo classificado como fascista foi o nazismo alemão.

QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DO FASCISMO

O fascismo se caracteriza por ser um sistema político oposto ao socialismo e


também imperialista, autoritário, antiliberal e antisocialista, anticomunista e
nacionalista. Algumas características gerais:

 Estado totalitário: o Estado controlava todas as manifestações da vida pública e


privada da população.

 Autoritarismo: a autoridade do líder era indiscutível. Ele seria o mais preparado


e sabia exatamente o que a população necessitava.

 Nacionalismo: a nação é um bem supremo, e em nome dela qualquer sacrifício


devia ser exigido e feito pelos indivíduos.

 Antiliberalismo: o fascismo comungava de algumas ideias capitalistas, como a


propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas. Por
outro lado, defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e, no
caso de algumas correntes fascistas, a nacionalização de grandes empresas.

 Expansionismo: alargar as fronteiras era visto como uma necessidade, pois era
preciso conquistar o “espaço vital” para que a nação se desenvolvesse.
 Militarismo: a salvação nacional viria por meio da organização militar, da luta,
da guerra e do expansionismo.

 Anticomunismo: os fascistas rejeitavam a ideia da abolição da propriedade, da


igualdade social absoluta, da luta de classes.

 Corporativismo: ao invés de defender o conceito de "um homem, um voto", os


fascistas acreditavam que as corporações profissionais deviam eleger os
representantes políticos. Também sustentavam que somente a cooperação entre
classes garantia a estabilidade da sociedade.

 Hierarquização da sociedade: o fascismo valorizava uma visão do mundo


segundo a qual cabem aos mais fortes, em nome da "vontade nacional", conduzir
o povo à segurança e à prosperidade.

O fascismo prometia restaurar as sociedades destruídas pela guerra, prometendo


riqueza, uma nação forte e sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.

O FASCISMO ITALIANO DE MUSSOLINI

O fascismo italiano foi um governo que controlou a Itália entre os anos de


1922 e 1943, sendo caracterizado por suas posições conservadoras e por implantar uma
ditadura totalitária nesse país europeu. Seu fundador e líder foi Benito Mussolini,
também primeiro-ministro italiano até 1943 (de 1943 e 1945, ele foi governante de um
Estado satélite da Alemanha Nazista).

No espectro político, o fascismo é identificado como uma ideologia política de


extrema-direita. O termo pode ser aplicado tanto para o governo fascista italiano, o
original, por assim dizer, mas também para ideologias políticas conservadoras,
radicalizadas e violentas, assim como foram o fascismo italiano e o nazismo.

O fascismo enquanto governo autoritário desprezava a liberdade de expressão


e exigia da população italiana obediência total. Naturalmente, desprezava as
características das democracias liberais e era contrário à existência de partidos políticos,
de eleições regulares, bem como de um sistema político que estabelecesse a rotatividade
do poder.
Mussolini e os fascistas buscaram algo definido como o “destino fatal de
Roma”, isto é, transformar a Itália em uma nação poderosa e dominadora de um grande
império, tal qual havia sido o Império Romano.

A apropriação e a mitificação do passado romano também eram encontradas no


termo fascismo. Isso porque fascismo é originário de fascio, uma palavra no italiano
que se refere a um feixe de varas de madeira unidas e presas a um machado. Esse feixe
era um símbolo da ideia de força porque, sozinha, uma vara é facilmente quebrada, mas,
junto a outras, em um feixe, quebrá-la se torna mais difícil.

POR QUE O FASCISMO FOI CRIADO

O surgimento do fascismo se deu no pós-Primeira Guerra Mundial, com as


consequências desse conflito em solo italiano contribuindo diretamente para o
surgimento desse partido político. A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento
que dividiu a sociedade italiana, com uma parte desejando ardentemente o conflito e
com outra rejeitando o envolvimento de seu país na guerra.

Um dos defensores árduos do envolvimento italiano na guerra foi Benito


Mussolini, até então um militante socialista. Ao longo do conflito, Mussolini abandonou
seus ideais socialistas e tornou-se uma pessoa cada vez mais conservadora e
nacionalista, chegando ao ponto de rejeitar totalmente o socialismo, em que um dia ele
havia acreditado.

O surgimento e o crescimento do fascismo na Itália são entendidos pelo contexto


de crise e incertezas que o país vivia no começo da década de 1920.

→ Crise na economia italiana

Primeiramente, após a Primeira Guerra Mundial, teve início na economia


italiana um período de crise, em especial para a indústria, que sentiu os impactos na
redução da produção e do consumo após o conflito. Pois bem, milhares de italianos
abandonavam o campo e iam para as cidades atrás de empregos nas indústrias, mas,
chegando lá, também não encontravam ocupação.

Um dos grupos mais afetados por essa falta de emprego e crise industrial foi o
dos veteranos do conflito, soldados italianos que lutaram na Primeira Guerra
Mundial e que, quando retornaram à Itália, não tinham emprego nem como se
sustentar. Certo ressentimento se estabeleceu nessa classe por defender o seu país e não
receber nenhum auxílio quando voltou para casa.

Esse grupo de veteranos acabou se reunindo, em grande número, em


organizações paramilitares que nutriam ideologias
ultraconservadoras, nacionalismo extremado e agiam com grande violência — uma das
quais era o próprio fascismo. No entanto, a crise italiana não era apenas econômica mas
também política.

→ Crescimento do socialismo

Havia um forte sentimento de descrédito em relação ao sistema de


representatividade parlamentar da Itália. Uma parcela da sociedade italiana passou
a considerar essa democracia representativa liberal um modelo insuficiente para
representar os interesses e os anseios da população.

A Itália ainda enfrentava o grande baque de não ter tido todas as suas exigências
territoriais atendidas, especialmente a exigência por colônias no continente africano.
Percebemos, portanto, que a Itália era uma sociedade marcada por ressentimentos e
incertezas, e esse clima se agravou porque uma parcela dela ainda se preocupava com o
crescimento do socialismo no país.

Visões radicalizadas passaram a ganhar força nesse cenário. O socialismo


cresceu rapidamente na Itália ao longo da década de 1910, em especial depois do
sucesso da Revolução Russa de 1917. O fortalecimento do socialismo e de movimentos
de trabalhadores se deu em diversas partes do território italiano e gerou forte oposição
de grupos como os industriais, os grandes fazendeiros e os liberais.

Sob influência do conservadorismo e do nacionalismo, Mussolini fundou, em


1919, o Fasci Italiani di Combattimento, um grupo paramilitar que se transformou no
Partido Nacional Fascista, em 1921.

Os fascistas utilizaram esses sentimentos de ressentimento, incerteza e medo


para fazer com que parte da população italiana, em especial no centro e norte do país,
passasse a apoiá-los. O apoio ao fascismo cresceu quando uma parcela do país
identificou nele o principal meio de combate ao crescimento do socialismo.
Tanto os governantes liberais italianos quanto uma parcela da sociedade italiana
apoiaram os fascistas na luta contra o socialismo e não se importaram em ver a
violência sendo utilizada para tanto. O crescimento do fascismo alcançou um nível tão
expressivo que se transformou em partido político em 1921.

Marcha sobre Roma

Os fascistas chegaram ao poder em 1922, quando Mussolini foi nomeado


primeiro-ministro. Isso aconteceu porque eles organizaram uma estratégia para
pressionar a monarquia italiana a fazer essa nomeação. Esse evento recebeu o nome
de Marcha sobre Roma e mobilizou fascistas de todas as partes da Itália.

Estima-se que 40 mil fascistas ficaram nos limites da cidade de Roma esperando
ordens de Mussolini para adentrar na cidade. Isso gerou uma crise no governo italiano, e
o então primeiro-ministro, Luigi Facta, tentou resolver a situação declarando estado de
emergência e mobilizando o exército para expulsar os fascistas de Roma.

O rei italiano não autorizou a ação de Luigi Facta, demitiu-o da posição de


primeiro-ministro e convidou Mussolini (que estava em Milão) para ir a Roma.
Mussolini fez a viagem de trem e, no dia 30 de outubro de 1922, foi nomeado primeiro-
ministro italiano. O fascismo chegava ao poder.

Colapso do fascismo

A subida de Mussolini ao poder permitiu que ele implantasse a ditadura fascista


em território italiano, destruindo o sistema político do país, fechando todos os partidos,
acabando com as eleições e silenciando e perseguindo os opositores. O Estado passou a
ter um grande controle sobre aquela sociedade.

A queda do fascismo se deu como um desdobramento da Segunda Guerra


Mundial. Em 1943, tropas aliadas invadiram o sul da Itália e foram avançando aos
poucos no território do país. Em julho de 1943, Mussolini foi demitido da função de
primeiro-ministro pelo rei e preso em seguida. Foi resgatado pelos alemães e recolocado
no poder de uma república satélite da Alemanha Nazista.

Em abril de 1945, com o colapso do Eixo na guerra, Mussolini tentou fugir da


Itália em direção à Suíça. Ele foi capturado, em 27 de abril de 1945, por guerrilheiros
da resistência italiana, que lutavam contra o fascismo. No dia seguinte, ele foi fuzilado
e seu corpo foi levado a Milão, onde foi colocado em exposição de cabeça para baixo.

Isso, no entanto, não significou o fim do fascismo enquanto ideologia política. O


modelo italiano foi derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial, mas as posições
radicais e o modo violento de pensar dos fascistas permaneceram em algumas mentes,
dando origem aos movimentos neofascistas. Esses são movimentos que bebem
ideologicamente no fascismo italiano, mas que se adaptam às questões da atualidade. O
neofascismo se estabeleceu após a Segunda Guerra Mundial.

SÍMBOLOS DO FASCISMO

Na Itália, os símbolos do fascismo eram:

 Fascio: o símbolo que deu origem ao vocábulo aparecia em vários monumentos,


selos e documentos oficiais.

 Camisa Negra: fazia parte do uniforme dos fascistas e, por isso, seus membros
eram chamados "camisas-negras".

 Saudação: com o braço direito levantado.

 Lema: "Crer, Obedecer, Combater" era dito em discursos políticos e estava


presente em medalhas, quadros, etc.

NAZISMO

O nazismo foi um regime totalitário surgido na Alemanha, no começo do século


XX. Liderado por Adolf Hitler, cometeu inúmeros crimes contra a humanidade, como o
Holocausto. O nazismo foi um movimento político liderado por Adolf Hitler e que se
desenvolveu na Alemanha, na década de 1920. É caracterizado pelo racismo, o
antissemitismo e a eugenia. A expressão “nazismo” deriva da sigla “nazi”, que foi usada
como abreviatura para o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães,
organizado por Adolf Hitler na década de 1920.
CONTEXTO DE ORIGEM DO NAZISMO

Em 1919, ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha, tendo perdido a


guerra, foi submetida a humilhações e cobranças por parte dos países vencedores. A
população ficou marcada por essas humilhações e por vários outros efeitos da guerra,
que se refletiam em todos os setores: econômico, social, cultural etc. Essa atmosfera
pós-Primeira Guerra produziu um enorme ressentimento nos alemães com relação aos
outros países, fato que revigorava o extremismo nacionalista na Alemanha, originado
ainda na segunda metade do século XIX.

A reorganização política da Alemanha após a Primeira Guerra ficou conhecida


como a República de Weimar, cidade onde foi elaborada a Constituição que deu as
novas diretrizes políticas ao país. O nazismo articulou-se dentro da República de
Weimar com vários outros partidos e facções políticas e paramilitares que fizeram
pressão contra o novo poder instituído. Entre essas outras facções, havia o movimento
espartaquista, uma facção comunista influenciada pela Revolução Russa, de 1917, e
liderada por Rosa Luxemburgo.

Do ponto de vista econômico, a República de Weimar conseguiu resultados


satisfatórios entre os anos de 1924 e 1929, principalmente por conta de investimentos
estrangeiros, sobretudo vindos dos Estados Unidos. Entretanto, com a Grande
Depressão Americana, a Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, a
economia alemã naufragou junto com a de seu principal investidor. Essa nova situação
de declínio econômico favoreceu a radicalização das propostas do Nazismo.

QUEM ERA ADOLF HITLER

Adolf Hitler, nascido em 1889 na Áustria, havia participado da Primeira Guerra


como soldado combatente da Tríplice Aliança. Após a guerra, Hitler passou a integrar
um grupo de ex-combatentes, de trabalhadores e de membros da classe média alemã que
desenvolveu uma ideologia cujo objetivo era resgatar a dignidade política da Alemanha,
o passado glorioso alemão, isto é, dar continuidade aos dois grandes impérios que a
Alemanha já havia protagonizado. Esse grupo fundou o Partido Nazista, que se tornou o
suporte político para o desenvolvimento do que Hitler denominou “Terceiro Império”
(Terceiro Reich).
Ainda antes da derrocada econômica de 1929, Hitler e seus aliados tentaram
tomar o poder. Em 1923, os nazistas articularam um golpe no Estado da Baviera e
acabaram sendo presos e condenados. Na prisão, Hitler aperfeiçoou sua ideologia e a
deixou registrada no livro “Minha Luta” (“Mein Kampf”). Todo o programa que o
Partido Nazista viria a executar estava nesse livro. Por meio do Partido Nazista, Hitler
conseguiu, gradativamente, eleger representantes no parlamento da República de
Weimar e também chegar ao segundo posto mais importante da chefia do país: o de
chanceler, ficando apenas abaixo do presidente Von Hindenburg.

Em 1933, após o parlamento alemão ter sido criminosamente incendiado (e o


crime ter sido reportado aos comunistas), Hitler e os nazistas passaram a pressionar o
presidente Hindenburg a lhe dar maiores poderes. A partir desse ano começou
propriamente a ditadura nazista. Com a morte de Hindenburg, em 1934, Hitler agregou
à sua pessoa os títulos de chanceler, de presidente e de “führer”, senhor e líder, de
todos os alemães. O regime nazista passou a ter um caráter completamente totalitário.

CARACTERÍSTICAS DO NAZISMO

As características principais do nazismo, enquanto ideologia instituída no poder,


derivaram-se das ideias de Hitler desenvolvidas no período da prisão. O controle da
população por meio da propaganda era uma de suas principais ferramentas. O uso do
rádio e do cinema foi decisivo nesse processo para que as ideias nazistas fossem
propagadas. O antissemitismo era uma dessas ideias. O ódio aos judeus, a quem Hitler
atribuía a culpa por vários problemas que a Alemanha enfrentava, sobretudo problemas
de ordem econômica, intensificou-se no período nazista. Esse fato culminou
no Holocausto – morte de mais de seis milhões de pessoas em campos de concentração
(a maioria, judeus).

Associado ao antissemitismo, estava a noção racista e eugenista da


superioridade do homem branco germânico, ou da raça ariana, e a construção de um
“espaço vital” para que essa raça construísse seu império mundial. Esse espaço vital
compreendia vastas regiões do continente europeu, que segundo os planos de Hitler
deveriam ser invadidas e conquistadas pelos germânicos, já que a raça estava
incumbida, por conta de sua superioridade, de se tornar “senhora” sobre os outros
povos.
As ideias de Hitler convenceram boa parte da população alemã, que acreditavam
que a sua figura de líder era a garantia de uma Alemanha próspera e triunfante. Essas
características do nazismo conduziram a Alemanha à Segunda Guerra Mundial, uma
guerra ainda mais sangrenta que a anterior, e ao horror da “indústria da morte”
verificada nos campos de extermínio.

O programa do Partido Trabalhista (1920) e os textos de Hitler sintetizaram sua


proposta ideológica do regime nazista:

 Totalitarismo – O indivíduo pertenceria ao Estado não poderia ser liberal nem


parlamentar, pois não deveria fragmentar-se em função de interesses
particulares. Como o fascismo, o nazismo era antiparlamentar, antiliberal e
antidemocrático. Deveria ter um único chefe, o Führer. Esses princípios podiam
ser resumidos em: um povo (Volk), um império (Reich), um chefe (Führer).
 Racismo – Segundo essa ideologia, os alemães pertenciam a uma raça superior,
a raça ariana, que sem se misturar a outras raças, deveria comandar o mundo. Os
judeus eram considerados seus principais inimigos. O combate a outras
ideologias, como o marxismo, o liberalismo, a franco- maçonaria e a Igreja
católica, era fundamental.
 Antimarxismo e Anticapitalismo – Para Hitler, o marxismo era produto do
pensamento judaico, uma vez que Marx era judeu e propunha a luta de classes; o
capitalismo só iria agravar as desigualdades, ambos atentavam contra a unidade
do Estado.
 Nacionalismo – Para o nazismo, as humilhações surgidas com o Tratado de
Versalhes deveriam ser destruídas. Deveria ser construída a Grande Alemanha,
que constituía o agrupamento das comunidades germânicas da Europa, como a
Áustria, os Sudetos e Dantzig.

CONSEQUÊNCIAS DO NAZISMO

Uma das maiores consequências e que, em geral, é atribuída aos nazistas foi o
início da Segunda Guerra Mundial. Esse conflito, que se estendeu durante seis anos
(1939-1945), iniciou-se por causa da política expansionista alemã sobre nações
vizinhas. O estopim para o início do conflito foi a invasão da Polônia, realizada pelos
alemães a partir de 1º de setembro de 1939. A Segunda Guerra foi responsável por
aproximadamente 70 milhões de mortos.

Outra consequência foi a grande perseguição sobre os judeus nas décadas de


1930 e 1940. Após Hitler ocupar o poder da Alemanha em 1933, os nazistas iniciaram
um processo de perseguição aos judeus, sobretudo a partir de 1935, quando foram
aprovadas as Leis de Nuremberg (leis que amparavam juridicamente essa perseguição).
Uma das consequências dessa perseguição aos judeus foi a construção de campos de
concentração."

HOLOCAUSTO

Holocausto é como ficou conhecido o genocídio de judeus realizado a comando


dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Pelos judeus, ele é conhecido
como Shoá, palavra em hebraico que significa “calamidade”. Ao longo da guerra, os
nazistas realizaram ações sistemáticas de extermínio dessa etnia, e o resultado disso
foi 6 milhões de pessoas mortas.

Os nazistas nomearam o seu programa de extermínio dos judeus como Solução


Final, e, durante esse programa, também foram perseguidos comunistas, ciganos,
homossexuais, testemunhas de Jeová, pessoas com problemas físicos e mentais etc.
Entre as práticas realizadas no Holocausto estão o fuzilamento em massa de indivíduos,
a utilização dos prisioneiros como trabalhadores escravos, o aprisionamento em guetos
e campos de concentração, entre outras.

COMO SE INICIOU O HOLOCAUSTO

O Holocausto não foi um acontecimento casual e repentino. O genocídio dos


judeus pela Europa foi resultado de um longo caminho de perseguição contra essas
pessoas e foi consequência direta do forte antissemitismo que existia em todo o
continente. No caso da Alemanha, o antissemitismo era muito forte desde o século XIX.

Primeiramente existem historiadores que argumentam que genocídios como o


Holocausto foram baseados em ações do neocolonialismo. A crueldade e os
assassinatos em massa cometidos contra diferentes povos na África deram força prática
a ideias antissemitas. Os alemães, inclusive, foram os responsáveis pelo genocídio do
povo hererós, que habitava a região da atual Namíbia.

No caso dos judeus na Alemanha, o primeiro momento de todo esse processo de


extermínio deu-se por meio do discurso de ódio. A retórica contra eles fortaleceu-se no
pós-Primeira Guerra e transformou-os em bode expiatório da derrota alemã. Todo tipo
de teoria conspiratória passou a ser destilado contra os judeus, e quando os nazistas
alcançaram o poder, o discurso virou ação.

Assim os judeus foram expulsos do serviço público, depois tiveram suas lojas
boicotadas e atacadas. A perseguição nas ruas aumentou consideravelmente, e os casos
de violência física começaram a acontecer. Depois eles foram proibidos de casar-se
com não judeus, pedidos de cidadania para judeus estrangeiros foram negados, e
os judeus alemães tiveram sua cidadania retirada.

Os judeus foram privados de liberdade e de todos os direitos enquanto cidadãos.


Quando a guerra começou, os nazistas intensificaram o roubo de seus bens e começaram
a agrupá-los em guetos, em algumas partes da Europa. Do alto comando do Partido
Nazista veio a ordem de extermínio, e daí vieram todos os horrores do Holocausto.

Dois momentos marcantes no antissemitismo na Alemanha deram-se com


as Leis de Nuremberg e a Noite dos Cristais. Ambas serviram como termômetros
importantes do grau de ódio e preconceito contra os judeus e delimitaram o avanço
sistemático contra eles na Alemanha.

LEIS DE NUREMBERG

As Leis de Nuremberg foram decretadas em 1935 e estabeleceram os princípios


para a determinação da cidadania alemã. Aqueles que tivessem ¾ de sangue judeu
em sua descendência não teriam direito à cidadania alemã. Assim, definia-se os judeus
apenas como “sujeitos de Estado”, isto é, eles não tinham direitos, mas deviam cumprir
suas obrigações civis.

Por meio dessas leis, proibiu-se o casamento entre judeus e não judeus, assim
como as relações sexuais entre judeus e não judeus, e quem não as cumprisse era
acusado de “corrupção sexual”. Os judeus também foram proibidos de contratar
empregadas domésticas alemãs com menos de 45 anos de idade.

A Noite dos Cristais foi um pogrom, isto é, um ataque violento coordenado


contra um certo grupo que, nesse caso, eram os judeus. Esse ataque foi ordenado pela
própria cúpula nazista e realizado na virada de 9 para 10 de novembro de 1938. A
investida espalhou-se por toda a Alemanha, com os judeus sendo atacados em suas
residências, além de terem tido suas lojas, e até sinagogas, destruídas em todo o país.

A Noite dos Cristais resultou na destruição de mais de mil sinagogas, além da


morte provável de mais de mil pessoas, embora o número oficial determine que apenas
91 pessoas foram mortas. A Noite dos Cristais também deu início ao aprisionamento de
judeus em campos de concentração, pois 30 mil deles foram presos e encaminhados
para os campos de Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen.

SOLUÇÃO FINAL

Após o início da Segunda Guerra Mundial, um debate muito importante no


interior do Partido Nazista era “a questão judia”. Adolf Hitler tinha como ideia inicial
promover o extermínio dos judeus após a vitória alemã nesse conflito. Enquanto isso, os
nazistas continuavam aprisionando-os e promovendo todo tipo de absurdo contra eles.

A violência contra os judeus era consideravelmente maior no leste europeu. Na


Polônia, por exemplo, eles foram obrigados a mudar-se para guetos, locais onde
milhares deles foram agrupados em um pequeno espaço de terra. Os judeus já eram
sujeitos a jornadas de trabalho forçado na Alemanha, e, com a guerra, isso se estendeu
por essa porção do continente.

Uma série de ideias, nesse sentido, foi proposta pela cúpula nazista, como a
deportação dos judeus para a União Soviética e para Madagáscar, na África. No entanto,
à medida que os nazistas perdiam o controle da guerra, as ações contra essa etnia
radicalizavam-se. Até que Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler elaboraram o
plano conhecido como Solução Final.

O nome Solução Final foi utilizado pelos nazistas como um eufemismo para o
extermínio dos judeus. Esse plano estipulou que eles deveriam ser fisicamente
eliminados, e isso deu início a uma série de ações. Neste texto destacaremos o papel
dos Einsatzgruppen (grupos de extermínio) e dos campos de concentração criados
durante o Holocausto.

 Grupos de extermínio

A ação desses grupos deu-se no leste europeu e tornou-se uma prioridade dos
alemães na guerra, na medida em que os objetivos de conquista territorial não eram
alcançados. No final de 1941, a posição dos nazistas em relação aos judeus era de que
os que não poderiam trabalhar seriam sumariamente executados.

Em algumas regiões do leste europeu, os grupos de extermínio promoveram


uma limpeza étnica sem se importar com a utilização dos judeus como mão-de-obra.
Conhecidos como Einsatzgruppen, os grupos de extermínio incluíam membros do
exército alemão, da SS (organização paramilitar — Schutzstaffel) e das polícias nazistas.

Os grupos de extermínio atuaram atrás das linhas alemãs, isto é, agiam nas
regiões já dominadas pelos nazistas, e faziam-no em quatro grandes grupos. O papel dos
grupos de extermínio era reunir todos os judeus de certa localidade, executá-los e
enterrá-los em valas comuns. Os quatro grupos ficaram conhecidos como
Einsatzgruppe A, Einsatzgruppe B, Einsatzgruppe C e Einsatzgruppe D.

Os grupos de extermínio efetuavam a limpeza étnica por meio de fuzilamentos


em massa. Em locais como a Lituânia, esses grupos foram responsáveis pela morte de
mais de 110 mil judeus. Um exemplo bastante conhecido do modus operandi dos
grupos de extermínio deu-se com o Massacre de Babi Yar, que aconteceu em setembro
de 1941.

Esse massacre ocorreu como vingança dos nazistas contra um ataque da


resistência soviética a um prédio ocupado pelos nazistas em Kiev. Após isso os nazistas
ordenaram o fuzilamento de todos os judeus de Kiev, e, em 36 horas, 33.761 judeus
foram fuzilados e colocados em valas comuns.

O historiador Timothy Snyder afirmou que a ação dos grupos de extermínio foi
responsável pela morte de 1 milhão de judeus durante toda a Segunda Guerra|1|. Já o
Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos afirma que eles foram
responsáveis pela morte de, pelo menos, 1,5 milhão de judeus.
Os campos de concentração foram locais encontrados pelos nazistas para
ampliar o extermínio dos judeus na Europa, uma vez que os Einsatzgruppen não
conseguiam promover a matança na velocidade que a situação alemã na guerra
demandava. Desse modo, muitos judeus eram encaminhados para campos de
concentração, e, quando não eram mais necessários, iam para os campos de extermínio.

Os campos de concentração executavam os judeus por meio das câmaras de


gás. Nelas, eles poderiam morrer pelo uso do monóxido de carbono, que asfixiava suas
vítimas, ou do Zyklon-B, pesticida que, ao ser aquecido, liberava um gás que garantia a
morte da vítima por intoxicação aguda. O uso da câmara de gás foi uma ideia tirada
do Aktion T4 — programa pelo qual os nazistas executavam pessoas com distúrbios
mentais ou deficiência física.

Os campos de extermínio criados pelos nazistas para lidar com “questão judia”
foram: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka.
Somando todos esses campos, estipula-se que eles mataram 3 milhões de pessoas.
Somente em Auschwitz-Birkenau morreram 1,2 milhão de pessoas aproximadamente.

Além das execuções, os judeus também poderiam morrer por diversos fatores
relacionados ao tratamento diário que recebiam. O trabalho exaustivo, as violências
rotineiras, a má alimentação e as péssimas condições de vida e higiene fizeram com que
outros milhares deles morressem de exaustão, inanição e doenças diversas.

COMO ACABOU O HOLOCAUSTO

O Holocausto teve fim com a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra


Mundial. Desse modo, à medida que os nazistas perdiam território, os campos de
concentração eram liberados pelas forças aliadas, e seus prisioneiros, libertos. Tanto
soviéticos quanto americanos realizaram essa liberação. Como mencionado, o saldo de
mortos ao final do Holocausto foi de 6 milhões de pessoas.

Depois da derrota alemã, dezenas de oficiais nazistas foram julgados,


no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, pelos crimes de guerra e contra
humanidade, incluídas as ações do Holocausto. Entre os julgados, houve condenações à
morte, prisão perpétua, prisão temporária e absolvições.
GUERRA FRIA

A Guerra Fria foi o conflito político-ideológico responsável pela polarização


do mundo na segunda metade do século XX. EUA e URSS foram os protagonistas
desse conflito.

A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico que foi travado entre Estados
Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. O conflito travado entre
esses dois países foi responsável por polarizar o mundo em dois grandes blocos, um
alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo.

Ao longo da segunda metade do século XX, a polarização mundial resultou em


uma série de conflitos de pequena e média escala em diferentes locais do mundo. Esses
conflitos contavam, muitas vezes, com o envolvimento indireto de EUA e URSS, a
partir do financiamento, da disponibilização de armas e do treinamento militar.

Contudo, nunca houve um confronto aberto entre americanos e soviéticos,


sobretudo pela possibilidade de destruição do planeta em larga escala caso houvesse um
conflito entre os dois. Apesar dos discursos afiados e da intensa atuação estratégica para
manter sua zona de influência, americanos e soviéticos foram cautelosos ao extremo e
evitaram um conflito contra o outro.

RESUMO SOBRE A GUERRA FRIA

 A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico entre Estados Unidos e União


Soviética que aconteceu na segunda metade do século XX.

 Foi causada pela rivalidade ideológica existente entre os EUA e a URSS após a
Segunda Guerra Mundial.

 O consenso dos historiadores é que o marco inicial do conflito foi um discurso feito
por Harry Truman, presidente estadunidense, em 1947.

 A polarização do mundo entre duas potências, bem a corrida armamentista e


espacial são algumas das características desse conflito.

 A Guerra da Coreira, a Crise dos Mísseis em Cuba e a Guerra do Vietnã foram


acontecimentos marcantes durante a Guerra Fria.

 A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética em 1991.


CAUSAS DA GUERRA FRIA

A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e existe um
debate acirrado entre os historiadores a respeito de como foi iniciado esse conflito
político-ideológico. De toda forma, existe um certo consenso de que o marco que
iniciou a Guerra Fria seja o discurso realizado pelo presidente americano, Harry
Truman, em 1947.

Esse discurso de Truman foi realizado no Congresso americano e, nessa ocasião,


o presidente americano solicitava verbas para que os Estados Unidos pudessem se
engajar para evitar o avanço do comunismo na Europa. Na visão de Truman, era papel
dos EUA liderar a luta contra o avanço do comunismo no continente europeu.

Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como Doutrina Truman, que
consistiu no conjunto de medidas tomadas pelos EUA para conter o avanço do
comunismo. A primeira ação tomada por essa doutrina foi o Plano Marshall, plano de
recuperação econômica da Europa com o qual os americanos forneceriam grandes
somas de dinheiro para os países interessados.

A atuação dos Estados Unidos na Europa por meio da Doutrina


Truman justifica-se única e exclusivamente pelo discurso alarmista que apresentava a
URSS como uma potência expansionista e que procuraria conquistar todo o continente
europeu sob a égide do comunismo. Os americanos sabiam que os problemas
econômicos da Europa no pós-guerra eram um campo fértil para o crescimento da
ideologia comunista lá.

Ainda assim, historiadores como Eric Hobsbawm e Isaac Deutscher argumentam


que a União Soviética não era uma nação expansionista e não demonstrava interesse em
atuar fora da sua zona de influência (o Leste Europeu). Esses historiadores apontam que
a União Soviética não tinha interesses em financiar e apoiar movimentos comunistas
armados em outras partes do mundo e que a postura soviética no pós-guerra era
abertamente defensiva por causa da destruição do país como consequência da Segunda
Guerra Mundial.

A ideia por trás da ação americana em impor-se como nação hegemônica na


Europa e no mundo é explicada pelos interesses de Truman em manter elevados os
índices de crescimento econômico do país. Assim, o discurso maniqueísta praticado
pelos americanos começou a ser praticado também pelos soviéticos, e as relações
dos dois países em nível internacional passaram a ser baseadas no boicote.

Além disso, existem evidências que apontam que o governo soviético não tinha
interesse em expandir-se territorialmente e tinha o objetivo de assegurar apenas a sua
área de influência. Isso de fato aconteceu e, na Segunda Guerra, os locais invadidos pelo
Exército Vermelho, que era o exército soviético, foram transformados em Estados-
satélites do regime comunista de Moscou.

CARACTERÍSTICAS DA GUERRA FRIA

A Guerra Fria estendeu-se de 1947 a 1991 e algumas características desse


período podem ser destacadas.

 Polarização do mundo: a disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em


uma forte polarização do mundo que afetava as relações internacionais dessas
nações como um todo. Houve uma tentativa de criar um movimento não alinhado
em que algumas nações procuravam seguir um caminho independente sem
necessariamente se vincular com alguma das duas potências.

 Corrida armamentista: a procura pela hegemonia internacional fez com que as


duas potências investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias
bélicas. Assim, no período, o número de armas nucleares e termonucleares
produzidas disparou.

 Corrida espacial: a corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos
e soviéticos e, ao longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram
realizadas. Para saber mais sobre esse aspecto, clique aqui.

 Interferência estrangeira: tanto americanos quanto soviéticos interferiram em


assuntos internos de diferentes países do planeta. Dois exemplos são a interferência
americana na política brasileira na década de 1960 e a interferência militar no
Afeganistão na década de 1980.
ACONTECIMENTOS IMPORTANTES DA GUERRA FRIA

A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito da


possibilidade de um conflito aberto entre americanos e soviéticos. A existência de
armamentos nucleares e termonucleares sob a posse desses países tornava essa
expectativa de um conflito muito mais pavorosa, pois um conflito desse tipo causaria a
aniquilação da humanidade. Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros
momentos de tensão que serão destacados a seguir.

 Revolução Chinesa

A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920, retornou com
força depois da Segunda Guerra Mundial, e o fortalecimento dos comunistas, liderados
por Mao Tsé-tung, levou os americanos a apoiar os nacionalistas, liderados por Chiang
Kai-shek.

A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em 1949,


alarmou os americanos sob a possibilidade de que o comunismo fosse disseminado
pelo continente asiático por meio da influência chinesa. Para saber mais sobre a
Revolução Chinesa.

 Guerra da Coreia

Primeiro momento de grande tensão após a Segunda Guerra Mundial. Esse


conflito iniciou-se em 1950, quando os comunistas norte-coreanos, apoiados por
chineses e soviéticos, invadiram o território sul-coreano, apoiados pelos americanos. O
objetivo era reunificar a Península da Coreia sob a liderança dos comunistas.

Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados americanos, mas ao


longo do conflito nenhum dos dois lados sobressaiu-se e o conflito teve fim, em 1953,
com um armistício que ratificou a divisão das Coreias – divisão que existe até hoje. Os
soviéticos também participaram desse conflito, mas os americanos não tomaram
nenhuma ação, pois queriam evitar um conflito direto. Para saber mais sobre a Guerra
da Coreia.
 Crise dos Mísseis em Cuba

A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas potências
da Guerra Fria e se passou em 1962. Naquele ano, o serviço de inteligência dos EUA
descobriu que a URSS estava instalando uma base de mísseis em Cuba, país que havia
passado por uma revolução nacionalista em 1959. A inteligência americana sabia que os
mísseis soviéticos representavam pouca ameaça para os EUA, mas o presidente
americano sabia que a questão teria repercussão negativa sob seu governo e decidiu
intervir.

O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não fossem


retirados, seria declarada guerra. As negociações arrastaram-se durante semanas e os
dois lados chegaram a um acordo. Os soviéticos decidiram retirar os mísseis de Cuba e
os americanos aceitaram retirar seus mísseis instalados na Turquia. Para saber mais
sobre a Crise dos Mísseis.

 Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre Vietnã do
Norte e Vietnã do Sul e ambos lados procuravam unificar o país sob seu controle. Os
americanos entraram nesse conflito, em 1965, e enviaram milhares de soldados ao
Vietnã. Essa guerra foi extremamente impopular nos EUA, e os americanos retiraram-se
do conflito, sem alcançar seus objetivos, em 1973. Os comunistas tomaram o controle
do país, em 1976, logo após vencerem a guerra. Para saber mais sobre a Guerra do
Vietnã.

 Guerra do Afeganistão de 1979

O Afeganistão é mencionado por muitos como o “Vietnã da União


Soviética”. Esse conflito foi travado entre 1979 e 1989 e se iniciou quando os
soviéticos invadiram o Afeganistão para apoiar o governo comunista daquele país
contra rebeldes islâmicos. A invasão soviética levou os americanos a financiarem e
treinarem os rebeldes islâmicos e esse conflito foi extremamente penoso para os
soviéticos que se retiraram em 1989. Para saber mais sobre a Guerra do Afeganistão.
COOPERAÇÃO POLÍTICA E MILITAR DURANTE A GUERRA
FRIA

Ao longo dos anos da Guerra Fria, americanos e soviéticos procuraram


coordenar ações para concentrar o seu poder sob sua zona de influência. Uma das
estratégias utilizadas foi a criação de formas de cooperação econômica e militar dos
quais destacam-se o Plano Marshall e a Comecon, no âmbito econômico, e a OTAN e o
Pacto de Varsóvia, no âmbito político-militar.

 Plano Marshall e Comecon

O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação


econômica mediante o qual os americanos disponibilizavam grandes somas de dinheiro
para financiar a reconstrução dos países destruídos por conta da Segunda Guerra
Mundial. O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento econômico de
determinados países ajudaria a conter o avanço do comunismo.

Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho para Assistência Econômica


Mútua, mais conhecido como Comecon (sigla em inglês). Nesse plano, as nações do
bloco comunista, agrupadas sob a liderança dos soviéticos. Esse plano foi criado pelos
soviéticos para evitar que o Plano Marshall seduzisse as nações do bloco comunista a
aliarem-se com os americanos.

 Otan e Pacto de Varsóvia

No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte


(Otan), em 4 de Abril de 1949. A ideia da Otan era criar uma aliança militar de países
alinhados aos Estados Unidos visando a impedir uma posição de agressão dos
soviéticos. A Otan foi uma forma de os EUA imporem a sua hegemonia sobre o
continente europeu.

Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A


ideia era garantir a segurança das nações do bloco comunista e evitar uma possível
agressão realizada pelos estadunidenses. Assim, se uma nação fosse agredida, todas as
outras se mobilizariam em defesa dela.
ALEMANHA NA GUERRA FRIA

No caso da Alemanha, a Guerra Fria teve impactos muito maiores do que em


grande parte do mundo. Isso porque ao final da Segunda Guerra a Alemanha foi
dividida em zonas de influência de soviéticos, americanos, franceses e britânicos. Essa
divisão teve reflexos no futuro do país que acabou sendo dividido em duas nações:

 República Democrática Alemã (RDA), alinhada à União Soviética e conhecida


como Alemanha Oriental;

 República Federal da Alemanha (RFA), alinhada aos Estados Unidos e conhecida


como Alemanha Ocidental.

A cidade de Berlim também foi dividida e transformou-se na capital das


duas Alemanhas. O lado oriental era comunista e o lado ocidental era o capitalista. Ao
longo da década de 1950, milhares de cidadãos da Alemanha Oriental começaram a
mudar-se para Berlim Ocidental. Para impedir essa fuga de cidadãos, as autoridades da
União Soviética e da Alemanha Oriental decidiram construir um muro isolando Berlim
Ocidental.

Durante 28 anos, o Muro de Berlim separou os dois lados da cidade de Berlim e,


por isso, converteu-se em um grande símbolo da Guerra Fria.

FIM DA GUERRA FRIA

A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética, que ocorreu em
26 de dezembro de 1991. O fim da URSS foi resultado da grande crise econômica e
política que atingiu aquele país a partir da década de 1970. A falta de ações para
resolver os problemas do bloco comunista foram responsáveis por levar o país ao fim.

A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais de


esgotamento e o país era mais atrasado em relação às grandes potências. A indústria
soviética estava em queda, a produção agrícola era insuficiente e os indicadores sociais
começaram a regredir demonstrando um claro empobrecimento do país.

A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de prosperidade no


começo da década de 1980 e, por isso, o país não passou por reformas importantes em
sua economia. Além disso, a sociedade soviética não tinha acesso a tecnologias que
garantiam avanço na qualidade de vida no ocidente e a corrupção tornava tudo pior.

Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a situação do país.


A invasão do Afeganistão forçou a União Soviética a gastar milhões na luta contra os
rebeldes islâmicos e, em 1986, o acidente nuclear em Chernobyl causou morte e
destruição, além de forçar os soviéticos a gastarem altas somas para conterem os efeitos
do acidente nuclear.

A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação da


sociedade com os governos comunistas. Em todo o bloco, a pouca liberdade de
expressão e o autoritarismo manifestado pelos governos comunistas era uma realidade, e
a insatisfação com a crise econômica e a questão política fizeram surgir movimentos de
oposição por todo o bloco comunista.

Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, Hungria e Polônia.


Os alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e promoveram a
reunificação da Alemanha, os húngaros abriram as fronteiras do país com o Ocidente e
os poloneses elegeram o primeiro governo não comunista desde a Segunda Guerra.

A União Soviética começou a promover a abertura da sua economia no governo


de Mikhail Gorbachev por meio da Glasnost e Perestroika. Logo, as nações que
formavam a URSS começaram a se mobilizar pela sua independência. Em 25 de
dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e, no dia seguinte, a União Soviética foi
dissolvida.

Em sequência, uma série de países conquistaram a sua independência, tais como


Ucrânia, Bielorrússia, Armênia etc. Esses países reuniram-se na Comunidade dos
Estados Independentes (CEI) e realizaram a transição para o capitalismo.

FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

O fim da URSS ocorreu em 1991 após a abertura política e econômica do


governo Gorbatchev e o movimento político de Boris Iéltsin.

"O fim da União Soviética ocorreu em 1991 após a abertura política e econômica
do governo Gorbatchev e o movimento político de Boris Iéltsin. O governo Gorbatchev
(1985-1991) realizou dois projetos de reforma: a Glasnost, uma abertura política do
regime; e a Perestroika, uma reestruturação econômica. Nesse contexto, o deputado
Boris Iéltsin se torna presidente da Rússia e inicia um movimento de dissolução da
União Soviética."

RESUMO SOBRE O FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

 O fim da URSS ocorreu em 1991 após a abertura política e econômica do


governo Gorbatchev e o movimento político de Boris Iéltsin.

 Os antecedentes históricos do fim da União Soviética remontam aos governos de


Leonid Brejenev (1964-1982) e Mikhail Gorbatchev (1985-1991).

 O governo Brejenev foi marcado por territórios soviéticos da Europa Oriental


que iniciaram movimentos de contestação ao comunismo aspirando democracia,
como é o exemplo da Primavera de Praga (1968).

 O governo Gorbatchev realizou dois projetos de reforma: a Glasnost, uma


abertura política do regime; e a Perestroika, uma reestruturação econômica.

 As causas do fim da União Soviética estão ligadas à crise econômica, desgaste


político e tensões sociais.

 O marco do fim da União Soviética foi o movimento liderado por Boris Iéltsin
contra o governo Gorbatchev no ano de 1991. Iéltsin foi eleito presidente da
Rússia e promoveu sua independência da URSS.

 As consequências do fim da URSS foram a descomunização da Rússia e da


Europa Oriental e a introdução de governos representativos e democráticos em
seus territórios.

 A partir de setembro de 1991, as 15 repúblicas que formavam a URSS se


tornaram países independentes."

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

"Os antecedentes históricos do fim da União Soviética remontam aos governos


de Leonid Brejenev (1964-1982) e Mikhail Gorbatchev (1985-1991) como líderes da
URSS. O governo Brejenev foi marcado por anos iniciais de manutenção do alto
desenvolvimento econômico, mas seguidos por estagnação e tensões políticas.

Os territórios soviéticos da Europa Oriental iniciaram movimentos de


contestação ao comunismo e aspirando democracia, como é o exemplo da Primavera de
Praga (1968). A conjuntura de crise se estende para o derradeiro governo de
Gorbatchev, no qual ela se agrava, dando motivo a planos de reforma e abertura
econômica e política."

"É importante frisar que a estrutura de governo da União Soviética possuía uma
organização própria: a URSS era formada por diversas repúblicas socialistas, cada qual
governada por um presidente, e possuía um governo supranacional, ou seja, que se
impunha acima dos governos desses presidentes e governava toda a URSS. Desse
modo, a Rússia era governada por um presidente e o conjunto das repúblicas da União
Soviética era governado por outra pessoa, o líder do Soviete Supremo da URSS.
Quando se fala em Stalin, Brejenev e Gorbathcev, por exemplo, se refere aos líderes do
Soviete Supremo da URSS, ou seja, às pessoas que governaram toda a União Soviética.

CAUSAS DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

Em linhas gerais, as causas do fim da União Soviética estão ligadas à crise


econômica, desgaste político e tensões sociais. Durante os anos do governo Gorbatchev
(1985 – 91), foram realizados dois projetos de reforma: a Glasnost, uma abertura
política do regime na qual seriam concedidos direitos civis à população, como a
liberdade de expressão; e a Perestroika, uma reestruturação econômica na qual o Estado
reduziria seus gastos militares e adotaria posturas liberais, em nome da manutenção do
socialismo.

Além disso, a manutenção da estrutura rígida de controle soviético sobre as


nações da Europa Oriental estava desgastada, e muitas dessas nações enfrentavam
movimentos de contestação ao comunismo. Internamente, Gorbatchev e o próprio
Partido Comunista sofriam crescente oposição."

MARCO DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

O marco do fim da União Soviética foi o movimento liderado por Boris Iéltsin
contra o governo Gorbatchev no ano de 1991. Iéltsin foi um importante político que
realizou uma divisão entre os membros do Partido Comunista da URSS. Como membro
do partido, ocupou destaque como líder da ala liberal, favorável à democratização e à
liberalização econômica. Em março de 1989, foi eleito deputado por Moscou com 92%
dos votos e com isso conseguiu um posto de destaque no Soviete Supremo, um dos
órgãos mais importantes do governo soviético.

Para entender o contexto da dissolução da URSS é necessário compreender a


estrutura de governo russa e soviética: a Constituição da União Soviética dispunha que
diversos territórios nacionais a formavam, como Rússia, Ucrânia e Azerbaijão. Cada um
desses territórios teria um governo próprio, e o conjunto deles seria governado pela
União Soviética. Em outras palavras, esses territórios seriam as repúblicas socialistas
que se uniram sob o governo soviético, gerando a URSS. Então, durante toda a
existência da URSS, coexistiram os cargos de líder da União Soviética e presidente da
Rússia, ocupado por pessoas diferentes.

O líder da URSS nesse contexto era Mikhail Gorbatchev, e em 1991 Boris


Iéltsin foi eleito presidente da Rússia. Os projetos de ambos, embora significassem uma
ruptura com o comunismo tradicional, não eram compatíveis, e Iéltsin era o símbolo da
oposição tanto a Gorbatchev quanto ao Partido Comunista, do qual se retirou em 1990.

Essa tensão chegou a seu ápice em 1991, quando ocorreu uma tentativa de golpe
de Estado pensado e executado por membros do Partido Comunista contrários à
abertura e às reformas promovidas no governo Gorbatchev e às defendidas por Iéltsin.
Diante de uma grande reação militar o golpe fracassou, mas a população enalteceu
Iéltsin como um ícone político, símbolo da resistência ao comunismo e da vitória ao
golpe.

Fortalecido, em 1991 Iéltsin se reuniu com os presidentes da Bielorrússia e


Ucrânia, recém-independentes da URSS, e assinou o Pacto de Belaveja, anunciando a
independência da Rússia e a dissolução da União Soviética.

QUEM ACABOU COM A UNIÃO SOVIÉTICA

A União Soviética não foi dissolvida pela ação de uma única pessoa ou por um
único evento. Como todo evento histórico, trata-se de um processo complexo. De forma
mais simplificada, pode-se afirmar que foi por meio das reformas de Gorbatchev e do
processo de oposição e ascensão de Boris Iéltsin que a URSS foi dissolvida.
Para Brown, Mikhail Gorbachev, o homem que ocupou a presidência da União
Soviética entre 1985 e 1991, é um fator determinante para explicar o desmanche da
superpotência - chegou ao poder como um reformista do sistema, mas terminou como
seu "coveiro".

Quando se converteu em secretário-geral do Partido Comunista, em março de


1985, Gorbachev lançou um dramático programa de reformas para tentar equilibrar um
economia problemática e uma estrutura política ineficiente e insustentável.

Seu plano tinha dois elementos cruciais: a "Perestroika" e a "Glasnost"


(respectivamente reestruturação e abertura, em russo).

A "perestroika" consistia em relaxar o controle do governo sobre a economia.


Gorbachev acreditava que a iniciativa privada impulsionaria a inovação, por isso
permitiu que indivíduos e cooperativas fossem donos de negócios pela primeira vez
desde os anos 1920. E promoveu investimentos estrangeiros em empresas soviéticas.
Gorbachev também concedeu aos trabalhadores direito de greve.

Já a "glasnost" consistia em eliminar os resquícios da repressão stalinista, como


a proibição da publicação de livros de autores como George Orwell e Alexander
Solzhenitsyn, e dar mais liberdade aos cidadãos soviéticos.

Gorbachev libertou presos políticos e permitiu que a imprensa publicasse críticas


ao governo. Ele também determinou a realização de eleições para o Legislativo e pela
primeira vez permitiu que outros partidos políticos fizessem campanha.

Os soviéticos celebraram a democratização, mas as reformas para introduzir a


economia de mercado no país demoraram demais para dar frutos. Houve aumento de
preços, racionamento, filas intermináveis para obter produtos. Tudo isso gerou
frustração cada vez maior com a administração de Gorbachev.

O líder também enfrentou enorme oposição das alas mais conservadoras do


Partido Comunista, que em 1991 articularam um golpe para tentar derrubá-lo. O levante
fracassou por causa da rejeição popular e o respaldo do então presidente da Rússia, a
principal república soviética, Boris Yeltsin.
Ainda assim, Gorbachev renunciou ao cargo em 25 de dezembro daquele ano.
No dia seguinte, assinou a declaração de dissolução da União Soviética.

Em seu discurso de despedida, o último líder da URSS fez um mea culpa: "O
velho sistema desabou antes que o novo começasse a funcionar".

CONSEQUÊNCIAS DO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA

Com o fim da União Soviética, entraram em vigor diversas pautas em seu antigo
território:

 Descomunização da Rússia e da Europa Oriental;

 Introdução de governos representativos e democráticos;

 Garantia de liberdades individuais, coletivas e de imprensa;

 Liberalização da economia, adotando práticas de mercado;

 Dissolução da burocracia soviética e reorganização política de seus países;

 Concretização da independência de suas repúblicas.

AS EX-REPÚBLICAS SOVIÉTICAS

A partir de setembro de 1991, as 15 repúblicas que formavam a URSS se


tornaram países independentes e passaram a formar a CEI (Comunidade de Estados
Independentes).":

1. Armênia 6. Cazaquistão 11. Rússia

2. Azerbaijão 7. Quirguistão 12. Tajiquistão

3. Bielorrússia 8. Letônia 13. Turcomenistão

4. Estônia 9. Lituânia 14. Ucrânia

5. Geórgia 10. Moldávia 15. Uzbequistão


PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre 1914 e 1918 e envolveu diversos


países. Ela foi uma guerra de trincheiras e deixou mais de 10 milhões de mortos.

A Primeira Guerra Mundial foi o conflito ocorrido entre 1914 e 1918 e que
deixou milhões de mortos, principalmente no continente europeu. O imperialismo, a
política de alianças, a corrida armamentista, o revanchismo francês e o nacionalismo
exacerbado são apontados como as principais causas da Primeira Guerra Mundial. O
atentado de Sarajevo, em que o herdeiro da Áustria-Hungria foi assassinado por um
militante sérvio, é considerado o estopim da guerra.

De um lado do conflito lutaram as Potências Centrais, da qual faziam parte o


Império Alemão, a Áustria-Hungria, o Império Turco-Otomano e a Bulgária; do outro
lutaram os países da Entente, formada por França, Inglaterra, Rússia, Itália, entre
diversos outros países. Em 1917, após uma revolução socialista, a Rússia saiu do
conflito e, no mesmo ano, os Estados Unidos entraram na guerra do lado da Entente.

A guerra foi a primeira a utilizar em grande escala novas tecnologias bélicas,


como metralhadoras, lança-chamas, aviões, artilharia de longo alcance e outras que
deixaram um número de mortos até então nunca visto na história humana. A guerra
terminou em 1918, com a derrota das Potências Centrais.
Resumo sobre a Primeira Guerra Mundial

 A Primeira Guerra Mundial foi o conflito ocorrido entre 1914 e 1918. A guerra
deixou aproximadamente 20 milhões de mortos, entre militares e civis.

 O imperialismo é apontado como principal motivo da Primeira Guerra Mundial.


A disputa por territórios na África e Ásia criou atritos entre os países europeus
que culminaram em guerra.

 A política de alianças, a corrida armamentista, o revanchismo francês e o forte


nacionalismo na Europa também são apontados como motivos da guerra.

 O Atentado de Sarajevo, em que o herdeiro do trono da Áustria-Hungria,


Francisco Ferdinando, e sua esposa, Sofia, foram assassinados por um militante
sérvio é considerado o acontecimento que deflagrou o conflito.

 A guerra se iniciou com o avanço das Potências Centrais nas frentes orientais e
ocidentais. Logo o avanço foi contido, dando início à chamada guerra de
trincheiras, que durou até 1918, quando a Entente avançou sobre as Potências
Centrais, vencendo a guerra.

 Em 1917 a Rússia deixou o conflito após uma revolução socialista. No mesmo


ano os Estados Unidos entram na guerra. O poderio industrial e bélico dos
Estados Unidos desequilibrou o conflito a favor da Entente.

 Após ter navios mercantes bombardeados pela Alemanha, o Brasil entrou na


guerra em 1917, enviando uma pequena esquadra para o Mediterrâneo e uma
equipe médica para a França.

 O conflito terminou em 11 de novembro de 1918 com a rendição incondicional


da Alemanha.

 Em 1919 foi imposto aos derrotados o Tratado de Versalhes. O tratado impôs


duras penalizações aos países derrotados.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA PRIMEIRA GUERRA


MUNDIAL
O período entre o fim da Guerra Franco-Prussiana (1871) e o início da Primeira
Guerra Mundial é conhecido como “Bela Época”, período caracterizado por grande
desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural, sobretudo na Europa, Estados
Unidos e Japão. É nesse período que foram inventados o automóvel, a bicicleta, o avião,
o telégrafo sem fio, o telefone e a lâmpada elétrica de Thomas Edison.

Nas grandes cidades europeias a atividade cultural foi efervescente, com óperas,
teatros, livrarias, tabacarias, cafés e outros espaços se tornando comuns nas paisagens
urbanas. A Bela Época também foi um período de relativa paz entre as nações
europeias, algo que não acontecia há séculos.

Mas, concomitantemente à Bela Época, ocorria um fenômeno que os


historiadores chamam de “Paz Armada”. Os impérios europeus aumentaram seus
exércitos e o investimento na compra e desenvolvimento de novos armamentos.
Também ocorreu no período uma política de alianças, onde os principais países da
Europa e Ásia se dividiram em duas alianças militares.

O nacionalismo era forte nesse momento, assim como o militarismo e uma


espécie de darwinismo social, em que as nações acreditavam que competiam umas com
as outras e que, para sobreviverem à seleção da história, deveriam crescer e até mesmo
eliminar seus concorrentes.

CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O imperialismo foi o principal motivo da Primeira Guerra Mundial. Com a


segunda fase da Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo industrial e
financeiro, houve grande procura por fontes de matérias-primas, fontes de energia e
mercado consumidor. Os grandes impérios buscaram esses recursos e mercados
principalmente na África e na Ásia.

Em um primeiro momento houve acordos entre as nações imperialistas, como a


Conferência de Berlim, que dividiu o território do continente africano entre as nações
europeias. Mas, com o passar do tempo, os conflitos entre os impérios por causa de
colônias africanas e asiáticas se acirrou e foi um dos grandes causadores da batalha
mundial.
Outros motivos importantes causaram a Primeira Guerra Mundial, como
a política de alianças que ocorreu a partir do terceiro quarto do século XIX. A corrida
armamentista e o fortalecimento dos militares nos governos do período também foram
importantes fatores relacionados ao início da guerra.

A corrida armamentista ocorrida durante a Bela Época empregou boa parte


dos inventos da segunda fase da Revolução Industrial na indústria bélica, que também
ampliou a capacidade de produção de armas. O avião, os tanques de guerra, o lança-
chamas, os encouraçados, submarinos, armas químicas, metralhadoras, artilharia de
longo alcance e diversas outras tecnologias bélicas foram utilizadas em grande escala na
Primeira Guerra Mundial. Essas tecnologias foram responsáveis por uma quantidade de
mortos jamais vista na história humana.

O revanchismo francês foi outro fator que levou à guerra. A França perdeu a
região da Alsácia e Lorena para os alemães na Guerra Franco-Prussiana, e era para os
derrotados uma questão de honra retomar as regiões perdidas. O nacionalismo
exacerbado estava no dia a dia das nações que participaram do início do conflito
mundial, existindo no período o pangermanismo, que pretendia unir os povos de origem
germânica em um único território, e o pan-eslavismo, que pretendia o mesmo com os
povos de origem eslava.

A Europa era, na palavra de muitos, um “barril de pólvora” nas vésperas


da Primeira Guerra. Os países estavam unidos em dois blocos militares, com
poderosos exércitos bem equipados e prontos para o combate.

Em 28 de junho uma faísca fez com que o grande barril de pólvora


explodisse, o chamado Atentado de Sarajevo. O herdeiro do Império Austro-Húngaro,
Francisco Ferdinando, e sua esposa, Sofia, visitaram a capital da Sérvia representando a
Áustria. Enquanto os dois estavam desfilando em carro aberto, um militante do pan-
eslavismo, Gavrilo Princip, se aproximou do automóvel e atirou contra o casal,
assassinando os dois. Esse fato é conhecido como o “estopim da guerra”.

O atentando causou atritos entre as duas nações até que a Áustria-Hungria


declarou guerra à Sérvia. Na sequência a Rússia entrou no conflito para defender a
Sérvia, fazendo com que a Alemanha também entrasse no combate pois tinha uma
aliança com a Áustria-Hungria. Com o passar do tempo, outros países foram entrando
na batalha, e iniciou-se, assim, a Primeira Guerra Mundial.

PAÍSES PARTICIPANTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Os países que lutaram na Primeira Guerra Mundial estavam divididos em dois


blocos. Faziam parte das Potências Centrais:

 Império Alemão;
 Império Austro-Húngaro;
 Império Turco-Otomano;
 Bulgária.

Do outro lado do conflito tivemos os países da Entente, aliança formada


inicialmente pela:

 França;
 Reino Unido;
 Rússia.

Durante o conflito diversos países aderiram à Entente, entre eles a Itália, China,
Estados Unidos, Brasil e diversos outros. Vale lembrar que os grandes impérios
recrutaram a população de suas colônias para que participassem, dessa forma boa parte
dos atuais países africanos e asiáticos também participou da guerra.

FASES E PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DA PRIMEIRA


GUERRA MUNDIAL

Geralmente a Primeira Guerra Mundial é dividida em três fases, de acordo com


os acontecimentos do campo de batalha.

A primeira fase é chamada de “guerra de movimento”. De agosto de 1914


até novembro do mesmo ano a Alemanha fez grande ofensiva na frente ocidental,
conquistando a Bélgica e territórios franceses até chegar a cerca de 50 quilômetros de
Paris. Na frente oriental tropas das Potências Centrais também se movimentaram nesse
período, capturando territórios do Império Russo. Em novembro de 1914 o avanço das
Potências Centrais cessou por causa das trincheiras na França e na Rússia.

A segunda fase da guerra vai de novembro de 1914 até março de 1918 e é


conhecida como “guerra de posições”. Milhares de quilômetros de trincheiras foram
escavados em duas frentes de batalha principais, a ocidental e a oriental.

A tática utilizada na guerra de trincheiras consistia em um pesado bombardeio


de artilharia nas trincheiras inimigas, alguns dos quais duravam dias. Logo depois do
bombardeio a infantaria atravessava a terra de ninguém rumo às trincheiras inimigas. As
metralhadoras e a artilharia favoreciam os defensores, o que causava imensas perdas nas
tropas.

Quando o exército invasor conquistava a trincheira dos inimigos, estes


recuavam, às vezes alguns metros, e construíam novas trincheiras. Esse tipo de
guerra provocava grande número de mortes e poucas conquistas territoriais. Em
Verdun, por exemplo, os alemães tentaram uma ofensiva que durou quase dez meses,
com mais de 300 mil soldados mortos na batalha, e o avanço das trincheiras em menos
de dez quilômetros.

Mesmo sem combates as trincheiras provocavam mortes pelas más


condições, como frio, calor, chuva, neve, entre outras intempéries. A fome era
constante, assim como diversos parasitas como piolhos e pulgas.

A proximidade dos soldados e o sistema imunológico enfraquecido pela fome e


desidratação favorecia a proliferação de doenças. Basta lembrar que no ano final da
guerra as trincheiras ajudaram a proliferar a Gripe Espanhola, que se tornou uma
pandemia que matou mais de 30 milhões de pessoas no pós-guerra.

O ano de 1917 marcou uma reviravolta na guerra, com a saída da Rússia após
passar por uma revolução e a entrada dos Estados Unidos, o que também levou o Brasil
para o conflito. A entrada da maior potência industrial na guerra derrubou o equilíbrio
das forças em combate, e, a partir de março de 1918, as tropas da Entente iniciaram
o avanço sobre as trincheiras e territórios que estavam nas mãos das Potências
Centrais. O avanço durou até 11 de novembro de 1918, quando a Alemanha assinou sua
rendição. A Primeira Guerra Mundial terminou dessa forma.
CONSEQUÊNCIAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A primeira grande consequência da guerra foram as perdas humanas e seus


impactos na economia dos países envolvidos no conflito. As estimativas variam, mas
a maioria dos pesquisadores aponta cerca de 8,5 milhão de militares mortos no conflito
e cerca de 10 milhões de civis.

Além das perdas humanas, houve grande perda de infra-estrutura, como


estradas, ferrovias, hidrelétricas, hospitais, habitações, entre tantas outras. No fim da
guerra mais um mal se abateu sobre todo o planeta, a pandemia de Gripe Espanhola,
que, apesar do nome, provavelmente se originou nos Estados Unidos. O retorno de
milhões de soldados para suas casas após o conflito ajudou na disseminação da doença
pelo planeta.

Outra consequência da guerra foi o Tratado de Versalhes, assinado em 1919.


Apesar do nome, ele foi imposto aos países derrotados. Pelo tratado, os alemães
perderam suas colônias na África, parte do próprio território e foram obrigados a pagar
pesadas indenizações de guerra aos vencedores. A Alsácia e Lorena passou para o
controle francês.

Cláusulas militares limitaram o exército alemão a 100 mil soldados, além de o


país não poder ter marinha de guerra nem força aérea. O presidente dos Estados Unidos,
Woodrow Wilson, se opôs ao tratado, afirmando que este era humilhante ao povo
alemão e que, em breve, uma nova guerra seria travada por causa dele.

Três impérios derrotados chegaram ao fim, o Império Alemão, o Austro-


Húngaro e o Turco Otomano. Outro império que caiu durante o conflito foi o russo. Dos
antigos territórios desses impérios foram fundados novos países, como a Polônia, a
Finlândia, a Estônia, Letônia, Lituânia, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia e Iugoslávia.

A Primeira Guerra foi a primeira “guerra total”, em que todos os recursos do


país foram direcionados para o conflito. As mulheres tiveram papel fundamental na
economia dos países que estavam diretamente envolvidos na guerra. Durante a
guerra, aumentou significantemente o trabalho feminino nos três setores da
economia, em diversos países. Após o conflito diversos movimentos organizados por
mulheres passaram a exigir direitos, principalmente o direito ao voto.

O Brasil passou por um aprofundamento no processo de industrialização no


período de guerra. Um processo chamado de “substituição das importações” fez com
que o país construísse indústrias durante a batalha. O Brasil importava diversos
produtos industrializados da Europa, e com o conflito as nações europeias deixaram de
exportar, levando empresários, muito deles imigrantes, a construírem fábricas aqui.

Podemos afirmar que o grande vencedor da Primeira Guerra Mundial foi os


Estados Unidos. O país não teve seu território atacado e só entrou no final do conflito
no fim, além disso ele viu os grandes impérios do mundo se digladiarem no palco
europeu da guerra. O governo norte-americano e instituições do país emprestaram
bilhões de dólares para os países em guerra e ocupou parte do comércio global antes
controlado pelos grandes impérios enfraquecidos na guerra.

Outra consequência importante da Primeira Guerra Mundial foi a descrença de


boa parte da população europeia em relação à democracia. Esta era acusada de não
conseguir manter a paz, a estabilidade econômica e social.

Governos autoritários chegaram ao poder em Portugal de Salazar, na Espanha


do General Franco, na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler. O nacionalismo, o
militarismo, o culto ao líder, o unipartidarismo, a censura e a perseguição aos opositores
se tornaram práticas comuns na Europa das décadas de 1920 e 1930.

Até mesmo na moda a Primeira Guerra Mundial provocou mudanças.


Antes da guerra era comum os homens usarem grandes barbas e bigodes. Durante a
guerra mundial foram utilizadas armas químicas e, para evitar a contaminação dos
soldados, foram desenvolvidas máscaras antigás. Mas as barbas e grande bigodes
tornavam as máscaras ineficazes, assim os soldados tinham que se barbear.

Quem lucrou com essa história foi o norte-americano King Camp Gilette, que
vendeu milhões de aparelhos e lâminas de barbear para o exército dos Estados Unidos.
Cada soldado recebia um kit composto por aparelho e lâminas de barbear. Após o
retorno desses soldados para casa, muitas pessoas gostaram do novo visual, e o hábito
de se barbear passou a ser comum para a maioria dos homens.
O Tratado de Versalhes, firmado em 1919, impôs duras condições à Alemanha,
que foi obrigada a pagar altas indenizações à França. A própria escolha do local onde
foi assinado o tratado era um indício do desejo de vingança dos franceses em relação
aos alemães: a Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris, o mesmo em que
Bismarck, o responsável pela unificação da Alemanha, havia proclamado em 1871 o
Segundo Reich (Segundo Império) alemão, após a derrota francesa na Guerra Franco-
Prussiana.

Entre os vencedores, a França foi a principal responsável pelo Tratado de


Versalhes. A própria Inglaterra chegou mesmo a defender a revisão do tratado, para
aliviar as condições impostas à Alemanha. Os Estados Unidos não ratificaram o tratado.

Vários militares alemães jamais reconheceram a derrota alemã e sentiram-se


traídos pelas condições impostas no Tratado de Versalhes. Na visão desses militares
alemães, como a guerra havia acabado com um armistício, isto é uma trégua, era
impossível reconhecer a derrota. Os italianos também sentiram-se traídos, porque apesar
de terem lutado do lado dos vencedores, a Itália não recebeu os novos territórios
prometidos. Esses ressentimentos iriam favorecer o surgimento de duas ditaduras: na
Itália, o fascismo de Benito Mussolini, na Alemanha, o nazismo de Hitler. Uma nova
guerra estava a caminho.

FRENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Guerra na Europa desenrolava-se em três frentes distintas: a frente ocidental,


a frente oriental e a frente Sul.

PRINCIPAIS BATALHAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) registrou inúmeras batalhas que causaram um


enorme número de baixas. Por ser um conflito global, em algumas batalhas participaram
soldados dos cinco continentes. Destacamos as contendas travadas durante a guerra seja
por motivos estratégicos ou por seu elevado número de vítimas fatais.
1. Batalha de Tannemberg
 Data: 23 de agosto a 2 de setembro
 Frentes de combate: Rússia x Alemanha
 Local: Prússia Oriental
 Resultado: vitória alemã
 Baixas: 160 mil
 Prisioneiros de guerra: 100 mil russos.
HISTÓRICO

Quando a Primeira Guerra Mundial começou, o Segundo Exército Russo


recebeu o comando de invadir a Prússia Ocidental.

O exército russo, comandado pelo general Alexander Samsonov, avançou


lentamente pelo sudeste da província. O objetivo era unir forças com o general Paul von
Rennankampf, que avançava pelo nordeste.

Os russos, inicialmente, combateram com êxito durante seis dias. No entanto, os


alemães tinham armas mais modernas e recuperaram o terreno. Quando percebeu que
estava em desvantagem, o general Samsonov tentou recuar, mas era tarde. Diante da
derrota, o general russo acabaria se suicidando.

Somente 10 mil dos 150 mil soldados russos conseguiram escapar. Além do
elevado número de prisioneiros, os alemães capturaram 500 canhões russos. Por sua
parte, o exército alemão perdeu 20 mil homens.

A Batalha de Tanneberg foi a primeira em que dois célebres generais alemães


trabalhariam juntos: Paul von Hindenburg, mais tarde presidente da República de
Weimar e Erich Ludendorff.

2. Primeira Batalha do Marne


 Data: 5 a 12 de setembro de 1914
 Frentes de combate: Alemanha x França e o Império Britânico
 Local: rio Marne, França
 Resultado: vitória dos aliados França e Império Britânico
 Baixas: 250 mil, sendo 80 mil soldados franceses mortos e 12.733 ingleses. Os
alemães tiveram perdas semelhantes às dos franceses.
HISTÓRICO

Quando a Primeira Guerra Mundial começou, o Segundo Exército Russo


recebeu o comando de invadir a Prússia Ocidental.

O exército russo, comandado pelo general Alexander Samsonov, avançou


lentamente pelo sudeste da província. O objetivo era unir forças com o general Paul von
Rennankampf, que avançava pelo nordeste.

Os russos, inicialmente, combateram com êxito durante seis dias. No entanto, os


alemães tinham armas mais modernas e recuperaram o terreno. Quando percebeu que
estava em desvantagem, o general Samsonov tentou recuar, mas era tarde. Diante da
derrota, o general russo acabaria se suicidando.

Somente 10 mil dos 150 mil soldados russos conseguiram escapar. Além do
elevado número de prisioneiros, os alemães capturaram 500 canhões russos. Por sua
parte, o exército alemão perdeu 20 mil homens.

A Batalha de Tanneberg foi a primeira em que dois célebres generais alemães


trabalhariam juntos: Paul von Hindenburg, mais tarde presidente da República de
Weimar e Erich Ludendorff.

2. Primeira Batalha do Marne


 Data: 5 a 12 de setembro de 1914
 Frentes de combate: Alemanha x França e o Império Britânico
 Local: rio Marne, França
 Resultado: vitória dos aliados França e Império Britânico
 Baixas: 250 mil, sendo 80 mil soldados franceses mortos e 12.733 ingleses. Os
alemães tiveram perdas semelhantes às dos franceses.

3. Batalha de Gallipoli
 Data: 25 de abril de 1915 a 9 de janeiro de 1916
 Frentes de combate: Aliados Império Britânico e França contra o Império
Otomano
 Local: Península de Gallipoli e Estreito de Dardanelos, no Império Otomano
(atual Turquia)
 Resultado: Vitória do Império Otomano
 Baixas: 35 mil britânicos, 10 mil australianos e neozelandeses,10 mil franceses,
86 mil mortos turcos.

HISTÓRICO

Os britânicos atacaram os turcos em 19 de fevereiro de 1915. Bombardeios


foram lançados no Estreito de Dardanelos com o objetivo era avançar por ali e tomar
conta da Península de Gallipoli.

O Império Britânico e a França enviaram 18 navios de guerra para a região de


combate em 18 de março. Três das embarcações foram atingidas por minas e resultaram
em 700 mortes. Havia, ainda, outros três navios danificados.

Para garantir que tomaria a península de Gallipoli, os aliados enviaram mais


soldados para a região. Desta vez, o Império Britânico abasteceu o front com 70 mil
homens da Austrália e da Nova Zelândia.

O reforço também contava com soldados franceses. O ataque começou no dia 25


de abril de 1915 e os Aliados se retiraram em janeiro de 1916, após suas tropas terem
sido dizimadas.

Um dos responsáveis por esta carnificina foi o Primeiro Lorde do


Almirantado, Winston Churchill que se demitiu após o episódio.

4. Batalha da Jutlândia
 Data: 31 de maio e 1º de junho de 1916
 Frentes de combate: Britânicos e alemães
 Meio: Naval
 Local: Mar do Norte, próximo à Dinamarca
 Resultado: Inconclusivo. Os dois lados reivindicaram a vitória. Taticamente, a
Alemanha venceu e, estrategicamente, o Império Britânico
 Baixas: 6.094 britânicas e 2.551 alemãs.
HISTÓRICO

Essa foi a maior batalha naval da Primeira Guerra Mundial e da história.


Envolveu as duas maiores frotas navais do mundo, a britânica e a alemã, numa disputa
em alto mar.

O combate contou com cem mil homens e 250 navios de guerra do Império
Britânico e alemães.

O objetivo da Alemanha era derrotar a superioridade do Império Britânico no


mar. O combate teve início quando o comandante da frota alemã Reinhardt von Scheer,
enviou 40 navios para o Mar do Norte.

O comando inglês era exercido por David Beatty e John Jellicoe, que assistiram
ao afundamento de três navios logo no primeiro dia da batalha.

Entretanto, as perdas não os fizeram desistir do combate. A frota do Império


Britânico efetuou manobras para bloquear o caminho de volta dos alemães, que fugiram
para o norte.

O Império Britânico perdeu 6.784 homens e 14 navios que totalizavam 110 mil
toneladas. Entre os alemães, 3.058 soldados morreram e a perda de 11 navios que
perfaziam 62 mil toneladas sucumbiram perante o bombardeio britânico.

Em muitos desses navios não houve sobreviventes.

Como quase todos os conflitos da Primeira Guerra Mundial, esta batalha teve um
custo humano e material altíssimo. O Império alemão saiu-se vitorioso, mas graças a
propaganda britânica, os ingleses também se consideraram vencedores.

Ao fim do confronto, os Aliados mantiveram o bloqueio, e a Alemanha não


voltaria mais a tentar uma batalha marítima desta envergadura. Essa tática foi decisiva
para o fim da guerra e a derrota dos alemães.

5. Batalha de Verdun
 Data: 21 de fevereiro a 20 de dezembro de 1916
 Frentes de combate: Alemanha contra a França
 Local: Verdun, França
 Resultado: vitória dos franceses
 Baixas: 1 milhão de feridos ou desaparecidos. Houve cerca de 450 mil mortes de
ambos os lados.

HISTÓRICO

A batalha de Verdun foi iniciada após o Império Alemão decidir levar a guerra
na direção do Ocidente e não contra a Rússia, no Leste.

A meta era atacar os franceses e tentar negociar a paz em separado. A estratégia


deu errado e houve intensa reação dos franceses, que saíram vencedores.

Os alemães avançaram rápido e entraram em campo com 143 mil soldados. A


defesa dos franceses contou com 63 mil homens.

Essa batalha é chamada por nomes pouco elogiosos como "vala comum de
franceses" e "moedor de carne". A referência ocorre por conta do número de vítimas.
Foram 450 mil mortes em quase 300 dias de combate.

6. Batalha de Somme
 Data: 1º de julho a 18 de novembro de 1916
 Frentes de combate: Forças aliadas britânicas e francesas contra a Alemanha
 Local: Somme, região da Picardia, França
 Resultado: vitória das forças aliadas
 Baixas: 600 mil vítimas dos Aliados e 465 mil alemães. Um terço dos soldados
morreu.

HISTÓRICO
A batalha de Somme é considerada uma das mais sangrentas da Primeira Guerra
Mundial.

Em 6 de dezembro de 1915 os Aliados decidiram fazer uma ação conjunta contra


os alemães cujo objetivo era conter o avanço do exército Alemão na área.

O Império Britânico mandou reforçar as tropas francesas que lutavam em


Verdun. Com uma tropa despreparada, formada principalmente por voluntários, 19 mil
britânicos morreram somente no primeiro dia de combate.
Os soldados alemães, por sua vez, utilizaram os lança-chamas para atacar as
trincheiras adversárias. Somente no segundo dia de batalha fizeram cerca de 3.000
prisioneiros entre os Aliados.

As baixas não foram suficientes para motivar o comando britânico a recuar. Para
fortalecer o front, foram enviados soldados das colônias britânicas tais quais Austrália,
África do Sul, Nova Zelândia e Canadá. O reforço deu bons resultados e os alemães
perderam 250 mil homens até agosto.

A Alemanha também estava em desvantagem porque a frota de navios do


Império Britânico cercou o Mar do Norte e o Mar Adriático impedindo que o país
recebesse víveres. A medida gerou severa escassez de alimentos para os alemães.

Os tanques de guerra foram usados pela primeira vez nesse combate. O exército
britânico utilizou 48 tanques Mark I, mas só 21 chegaram ao front, pois o restante
quebrou no caminho.

Também neste combate, o alemão Adolf Hitler ficou ferido e foi hospitalizado
por dois meses.

7. Terceira Batalha de Ypres


 Data: 31 de julho a 10 de novembro de 1917
 Frentes de combate: Império Britânico, Bélgica e França contra Alemanha
 Local: Flandres Ocidental, na Bélgica
 Resultado: vitória das forças aliadas
 Baixas: 857,1 mil mortos e desaparecidos.

HISTÓRICO

A batalha de Ypres também foi chamada de batalha de Passchendaele. O


combate envolveu soldados canadenses, britânicos e sul-africanos contra os alemães.
Calcula-se que a batalha tenha envolvido 4 milhões de soldados em ambos lados.

O objetivo era controlar as zonas sul e leste de Ypres, considerada estratégica


pelos aliados. Após a conquista, os aliados planejavam avançar até Thouront e bloquear
a estrada de ferro controlada pelos alemães.
O conflito aconteceu no verão que estava particularmente chuvoso naquele ano.
Quando a batalha começou, a aviação britânica não pode participar do bombardeio
devido a neblina.

Durante a batalha foram utilizados 136 tanques dos quais apenas 52 conseguiram
avançar sobre o terreno enlameado. Entretanto, desta vez, esses veículos não foram de
muita serventia, pois 22 quebraram e 19 foram postos fora de ação pelos alemães.

O exército alemão resistiu, mesmo com o clima bastante úmido. Contudo,


começaram a enfrentar motins na Marinha e no Exército, o que enfraquecia a moral das
tropas.

Como nenhum dos lados conseguia avançar, os Aliados mudaram de estratégia


concentrando os esforços em alguns pontos. Deste modo, os alemães recuaram e os
canadenses tomaram Ypres.

Houve, ainda, a quarta e a quinta batalhas de Ypres.

8. Batalha de Caporetto
 Data: 24 de outubro a 12 de novembro de 1917
 Frentes de combate: Alemanha e Áustria-Hungria contra a Itália
 Local: Kobarid, atual Eslovênia
 Resultado: vitória do exército da Alemanha e da Áustria-Hungria
 Baixas: 10 a 13 mil italianos e 50 mil alemães e austríacos.
 Prisioneiros de guerra: 260 mil prisioneiros italianos que se renderam
voluntariamente.

HISTÓRICO

Caporetto era apenas uma cidade pequena como tantas outras, mas após a
batalha se tornou sinônimo de derrota.

As forças alemães e austríacas empregaram as táticas de guerra de trincheiras,


usaram gás venenoso. Ainda tiveram a ajuda das condições meteorológicas, pois a
neblina os ajudou a avançar. O resultado foram 11 mil soldados italianos mortos e 20
mil feridos.
Como as linhas de comunicação estavam cortadas, o Estado-Maior italiano não
conseguia se comunicar com seus oficiais. Sem comando, os soldados se rendiam em
massa a fim de escapar da morte certa.

Mais de um milhão de civis também fugiram com medo das consequências da


invasão.

Os alemães e austro-húngaros conseguiram avançar mais de 100 km em direção


a Veneza. A Alemanha só foi detida quando o exército se aproximou do Rio Piave.

Nessa região, os aliados franceses, britânicos e norte-americanos barraram a


ofensiva.

9. Batalha de Cambrai
 Data: 20 de novembro a 7 de dezembro de 1917
 Frentes de combate: Forças aliadas do Império Britânico e Estados Unidos
contra a Alemanha
 Local: Cambrai, França
 Resultado: vitória dos britânicos
 Baixas: 90 mil.

HISTÓRICO

O comando de guerra do Império Britânico aplicou novas táticas de infantaria e


artilharia nessa batalha. O objetivo era tomar a Linha de Hindenburg e chegar próximo
ao cume de Bourlon. Dessa maneira, seria mais fácil ameaçar o exército alemão.

A batalha foi marcada, principalmente, pelo combate de artilharia e infantaria.


Entre as estratégias estava a de usar tanques para destruir as cercas de arame farpado
usadas nas trincheiras pelos alemães.

A tática deu certo e os britânicos conseguiram penetrar 1000 km nas linhas


alemãs e fazerem 10.000 prisioneiros. Dessa vez, os tanques foram fundamentais para
garantir o avanço das tropas.

Foi a primeira vitória rápida e convincente numa guerra na qual era difícil
avaliar quem ganhava as batalhas. Isso ajudou a elevar a moral britânica.
10. Batalha de Amiens
 Data: 8 a 12 de agosto de 1918
 Frentes de combate: forças aliadas da França, Estados Unidos e Império
Britânico contra a Alemanha
 Local: leste de Amiens, Picardia, França
 Resultado: vitória decisiva das forças aliadas
 Baixas: 52 mil entre mortos e desaparecidos
 Prisioneiros de guerra: 27,8 mil.

HISTÓRICO

Também é conhecida como a Terceira Batalha de Picardy. Esse confronto marco


o início da Ofensiva dos Cem dias, que marcou o fim da Primeira Grande Guerra
Mundial.

Os Aliados viviam um momento especial, pois os americanos haviam entrado ao


seu lado na guerra e tropas americanas já se encontravam em solo europeu. Igualmente,
colhiam vitórias nos Balcãs e no Oriente Médio.

Por outro lado, o Império Alemão havia assinado a paz com a Rússia no Tratado
Brest-Litovski e poderiam concentrar todas as forças na frente ocidental. Porém, tinham
o problema de se verem abandonados por seus aliados.

Logo no primeiro dia, os britânicos conseguiram avançar 11 km e fazer vários


presos entre os alemães que se rendiam. Isso deu ânimo em outros pontos de combate
fazendo recomeçar batalhas em Verdun, Arras e Noyons.

Desgastados e sem meios para conseguir lutar, os alemães pediram um


armistício em 11 de novembro de 1918.

Apesar de marcar o início do fim da grande guerra, a Ofensiva dos Cem dias,
iniciada em Amiens, deixa números impressionantes: quase 2 milhões de pessoas
perderam a vida em pouco mais de 3 meses de luta.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Revolução Industrial foi iniciada na segunda metade do século XVIII e


causou profundas transformações para a humanidade, por meio do surgimento
da indústria e do capitalismo.

Por Revolução Industrial, as ciências humanas compreendem como o período


de grande desenvolvimento tecnológico que foi iniciado na Inglaterra a partir da
segunda metade do século XVIII. Com o tempo, esse desenvolvimento espalhou-se
para outras partes do mundo, como a Europa ocidental e os Estados Unidos. Assim,
surgiu a indústria, e as transformações causadas por essa possibilitaram a consolidação
do capitalismo.

A economia, a nível mundial, sofreu grandes transformações. O processo de


produção de mercadorias acelerou-se bastante, já que a produção manual foi substituída
pela utilização da máquina. O resultado foi o estímulo à exploração dos recursos da
natureza de maneira excessiva, uma vez que a capacidade produtiva aumentou. A
Revolução Industrial também impactou as relações de trabalho, gerando uma reação dos
trabalhadores, cada vez mais explorados no contexto industrial.

ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O início da Revolução Industrial ocorreu pelo desenvolvimento da máquina a


vapor, que aproveita o vapor da água aquecida pelo carvão para produzir energia e
revertê-la em força para mover as máquinas. Na Inglaterra, ainda no final do século
XVII, foi criada a primeira máquina desse tipo, por Thomas Newcomen, e, na década
de 1760, esse equipamento foi aprimorado por James Watt.

Muitos historiadores sugerem, então, que a década de 1760 tenha sido o ponto
de partida da Revolução Industrial, mas existe muita controvérsia a respeito da datação
do início dessa revolução. De toda forma, é importante atermo-nos ao fato de que a
Revolução Industrial ficou marcada pelo desenvolvimento tecnológico e de máquinas
que transformou o estilo de vida da humanidade.

As primeiras máquinas que surgiram voltavam-se, principalmente, para atender


as necessidades do mercado têxtil da Inglaterra. Sendo assim, grande parte das
primeiras máquinas criadas veio com o objetivo de facilitar o processo de produção de
roupas. Essas máquinas teciam fios em uma velocidade muito maior que a do processo
manual, e podemos destacar algumas delas, como a spinning frame e a water frame.

Com o tempo e à medida que os grandes capitalistas foram enriquecendo, o


lucro de suas indústrias começou a ser revertido em investimento para o
desenvolvimento das estradas de ferro, por exemplo. O surgimento da locomotiva e da
estrada de ferro permitiu que as mercadorias pudessem ser transportadas com maior
rapidez e em maior quantidade. Isso aconteceu porque o lucro da indústria inglesa era
tão alto que permitiu a diversificação dos investimentos em outros segmentos.

O TRABALHADOR DEPOIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial causou profundas transformações no mundo, e uma


dessas transformações deu-se no processo produtivo e no estilo de vida dos
trabalhadores. Para que possamos entender como a vida do trabalhador mudou,
precisamos visualizar, antes, as mudanças no processo de produção de mercadorias
utilizando o contexto da produção têxtil.

Antes da Revolução Industrial, o processo de produção era manufatureiro, ou


seja, a produção acontecia em uma manufatura, na qual a produção era manual e o
trabalhador realizava seu trabalho por meio de sua capacidade artesanal. Com o
desenvolvimento das máquinas, a produção passou a ser parte da maquinofatura, isto
é, a máquina era a grande responsável pela produção.

Assim, se, antes da máquina, a produção necessitava da habilidade artesanal do


trabalhador, agora, isso não era mais necessário porque qualquer trabalhador poderia
manejar a máquina e realizar todo o processo sozinho. Na prática, isso significa que não
era mais necessário um trabalhador com habilidades manuais, e o resultado disso foi
que seu salário diminuiu.

O historiador Eric Hobsbawm traz um dado interessante que comprova essa


observação. Utilizando como base o salário de um artesão que trabalhava na cidade de
Bolton (cidade inglesa próxima à Manchester), ele aponta que, em 1795 (no começo da
Revolução Industrial), o salário médio era de 33 shillings. Em 1815, esse salário já
havia caído para 14 shillings, e, entre 1829-1834, ele já era inferior a 6 shillings.|1| Esse
processo de quedas salariais aconteceu em toda Inglaterra e espalhou-se pela Europa na
medida em que ela industrializou-se.

Além do salário extremamente baixo, os trabalhadores eram obrigados a aceitar


uma carga de trabalho excessivamente elevada que, em alguns casos, chegava a 16
horas diárias de trabalho, das quais o trabalhador só tinha 30 minutos para almoçar.
Essa jornada era particularmente cruel porque todos aqueles que não a aguentassem
eram prontamente substituídos por outros trabalhadores.

O trabalho, além de cansativo, era perigoso, pois não havia nada que protegesse
os trabalhadores, e eram comuns os acidentes que os faziam perder os dedos ou mesmo
a mão em casos mais graves. Os afastados por problema de saúde não recebiam, pois
o salário só era pago para aqueles que trabalhavam. Os que ficavam fisicamente
incapacitados de exercer o serviço eram demitidos e outros trabalhadores contratados.

Na questão salarial, mulheres e crianças também trabalhavam e seus salários


eram, pelo menos, 50% menores do que os dos homens adultos. Muitos patrões
preferiam contratar somente mulheres e crianças porque o salário era menor (e, por
conseguinte, seu lucro maior) e essas eram mais sujeitas a obedecerem às ordens, sem se
rebelarem.

Esse quadro de extrema exploração dos trabalhadores fez com que esses se
mobilizassem em prol de melhorias de sua situação. Assim, foram criadas
as organizações de trabalhadores, conhecidas no Brasil como sindicatos e na
Inglaterra como trade union. As maiores reivindicações dos trabalhadores eram
melhorias no salário e redução da carga de trabalho.

A mobilização dos trabalhadores deu surgimento a dois grandes movimentos, na


primeira metade do século XIX, na Inglaterra, que são o ludismo e o cartismo.

 O primeiro atuou no período entre os anos de 1811 e 1816 e ficou marcado pela
mobilização de trabalhadores para invadir as fábricas e destruir as máquinas.
Os adeptos do ludismo acreditavam que as máquinas estavam roubando os
empregos dos homens e, assim, era necessário destruí-las. A repressão das
autoridades inglesas sobre o ludismo foi duríssima, e o movimento teve atuação
muito curta.
 O segundo surgiu na década de 1830 e mobilizou trabalhadores para lutar por
direitos trabalhistas e também por direitos políticos. Os cartistas tinham como
uma de suas principais exigências o sufrágio universal masculino, isto é,
exigiam que todos os homens tivessem direito ao voto. Além disso,
reivindicavam que a classe trabalhadora tivesse representação no Parlamento.

Os protestos de trabalhadores na Inglaterra resultaram em algumas melhorias


para essa classe, e essas melhorias foram obtidas, principalmente, por meio da greve.
Um dos grandes ganhos dos movimentos de trabalhadores na Inglaterra foi conquistar a
redução da jornada de trabalho para 10 horas por dia.

Importante mencionar que a mobilização de trabalhadores não foi resultado


apenas da Revolução Industrial, uma vez que, na história recente da Europa, as
populações mais pobres revoltavam-se contra as autoridades. Um exemplo na própria
história inglesa foram os diggers, que se mobilizaram durante os anos da Revolução
Puritana.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA

A Revolução Industrial, como mencionamos, iniciou-se na Inglaterra no século


XVIII e, com o tempo, espalhou-se pela Europa, Estados Unidos, Japão etc. A pergunta
que instiga muitos é: por que esse acontecimento deu-se na Inglaterra? Isso aconteceu
porque a Inglaterra reunia todas as condições necessárias para tanto.

Primeiro, o desenvolvimento tecnológico e industrial que aconteceu na


Inglaterra só foi possível pelo estabelecimento precoce da burguesia no poder inglês.
Isso porque a Inglaterra foi o primeiro país absolutista a passar por uma revolução
burguesa — a Revolução Gloriosa, que aconteceu no ano de 1688. A partir dela, a
burguesia estabeleceu-se no poder, e isso garantiu o desenvolvimento da
economia inglesa.

Com essa revolução, o país converteu-se em uma monarquia constitucional


parlamentarista, na qual o poder dos reis estava submetido ao Parlamento. Desse modo,
a burguesia, consolidada no poder, começou a tomar medidas que a fortaleciam e
atendiam seus interesses economicamente. Antes disso, a economia inglesa havia sido
beneficiada por uma medida tomada em 1651, antes mesmo da Revolução Gloriosa.
Nesse ano, foram decretados, por Oliver Cromwell, os Atos de Navegação —
uma lei que determinava que as mercadorias compradas e vendidas pela Inglaterra só
seriam transportadas por embarcações inglesas. Isso alterou as rotas marítimas inglesas
e transformou o país na maior potência comercial do mundo, dando início ao processo
de acumulação de capital no país. Esse capital excedente foi utilizado no
desenvolvimento das máquinas, tempos depois.

Além do capital para investir no desenvolvimento industrial, era necessário


também que houvesse grande quantidade de mão de obra para trabalhar nas indústrias.
Acontece que a Inglaterra do século XVIII tinha uma grande quantidade de mão de
obra, fruto dos cercamentos que forçaram os camponeses ingleses a mudarem-se para
as cidades inglesas.

Esses cercamentos eram resultado da Lei dos Cercamentos, uma lei inglesa que
permitia que as terras comuns utilizadas pelos camponeses fossem cercadas e
transformadas em pasto para a criação de ovelhas. Essas terras comuns eram parte de
um sistema feudal que separava determinadas áreas para que os camponeses
cultivassem-nas.

Os cercamentos resultaram na expulsão dos camponeses de suas terras, uma vez


que essas estavam sendo transformadas em pasto e esses não tinham mais como
sobreviver no campo. Assim, os camponeses eram obrigados a irem para o único lugar
onde poderiam obter um sustento: as cidades. Lá, tornaram-se mão de obra que
alimentava as indústrias, e essa grande disponibilidade dava aos patrões um poder de
pressão sobre o salário dos trabalhadores.

Por último, mas não menos importante, é necessário destacar que a Inglaterra
possuía uma grande reserva exatamente das duas matérias-primas mais importantes para
o desenvolvimento industrial naquele momento: carvão e ferro. Essas matérias eram
essenciais para a construção das máquinas e para seu funcionamento (à base do vapor da
água).

FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Geograficamente, a Revolução Industrial, no que tange às transformações nos


campos econômico, tecnológico e social, possibilitou uma nova forma de organização
da sociedade, bem como deu início a uma nova forma de produção e consumo de
bens e serviços.

A revolução, em seu início (meados do século XVIII), limitou-se à Inglaterra.


Contudo, com os avanços alcançados, possibilitou novas transformações para além da
Europa ocidental. Esses desdobramentos ficaram conhecidos como fases da Revolução
Industrial e representam o desenvolvimento das sociedades mediante às tecnologias
empregadas em cada período.

Contudo, é importante deixar claro que, apesar de ser apresentada em fases, a


Revolução Industrial não teve ruptura, sendo, portanto, um processo contínuo de
transformações socioeconômicas que transformou a produção capitalista.

→ Primeira Revolução Industrial

A primeira fase da Revolução Industrial corresponde à sua eclosão no século


XVIII (1760 a 1850), limitada à Europa ocidental e tendo a Inglaterra como precursora.
Essa primeira fase representa o conjunto de mudanças no setor econômico e no setor
social possibilitado pela evolução tecnológica.

Esses avanços contribuíram para a consolidação de uma nova forma de


produção, bem como deram início a uma nova realidade industrial, estabelecendo um
novo padrão de consumo na sociedade e novas relações de trabalho.

A Primeira Revolução Industrial possui como marco a substituição da


manufatura pela maquinofatura, ou seja, a substituição do trabalho humano e a
introdução de máquinas capazes de realizar esse trabalho com maior precisão e em
menor tempo.

Nesse período, houve a expansão do comércio, e a mecanização possibilitou


maior produtividade e, consequentemente, o aumento dos lucros. As indústrias
expandiam-se cada vez mais, criando, então, um cenário de progresso jamais visto. As
principais invenções do período contribuíram para o melhor escoamento das matérias-
primas utilizadas nas indústrias e também favoreceu o deslocamento de consumidores e
a distribuição dos bens produzidos.

Os principais avanços tecnológicos conhecidos nessa fase foram:


 uso do carvão como fonte de energia para a máquina a vapor;

 desenvolvimento da máquina a vapor e criação da locomotiva;

 invenção do telégrafo;

 aparecimento de indústrias têxteis, como a do algodão;

 ampliação da indústria siderúrgica.

→ Segunda Revolução Industrial

A segunda fase da revolução corresponde ao processo evolutivo das


tecnologias que modificaram ainda mais o cenário econômico, industrial e social. Essa
fase iniciou-se da metade do século XIX até o início do século XX, findando-se durante
a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945).

Esse período representou avanços não só tecnológicos mas também geográficos,


representando o momento em que a revolução deixou de limitar-se à
Inglaterra espalhando-se para outros países, como Estados Unidos, Japão, Alemanha
e França.

A Segunda Revolução Industrial eclodiu como consequência, principalmente,


das grandes revoluções burguesas ocorridas no século XIX, representadas pela classe
dominante na época, a burguesia. Essas revoluções foram as responsáveis pelo fim do
Antigo Regime e também influenciaram o fortalecimento do capitalismo, impulsionado
pela industrialização.

Foi nesse período que surgiu o capitalismo financeiro, que acabou por moldar
essa fase, que ficou conhecida como o período das grandes inovações. Esse avanço e
aperfeiçoamento tecnológico possibilitou aumentar a produtividade nas indústrias, bem
como os lucros obtidos. O mundo vivenciou novas criações e o incentivo à pesquisa,
principalmente no campo da medicina.

As principais inovações dessa fase da revolução estão associadas à introdução


de novas fontes de energia e de novas técnicas de produção, com destaque para a
indústria química. O uso da eletricidade do petróleo possibilitou a substituição do vapor.
A eletricidade, antes usada apenas no desenvolvimento de pesquisas laboratoriais,
passou a ser usada também no setor industrial. O petróleo passou a ser utilizado como
combustível, e seu uso difundiu-se com a invenção do motor a explosão.

Na Segunda Revolução Industrial, destacaram-se:

 a substituição do ferro pelo aço;

 o surgimento de antibióticos;

 a construção de ferrovias e navios a vapor;

 a invenção do telefone, da televisão e da lâmpada incandescente;

 o uso de máquinas e fertilizantes químicos na agricultura.

→ Terceira Revolução Industrial

A terceira fase da Revolução Industrial iniciou-se na metade do século XX, após


o fim da Segunda Guerra Mundial, e ficou conhecida também como Revolução
Técnico-Científica. A principal mudança representada por essa fase está associada ao
desenvolvimento tecnológico atribuído não só ao processo produtivo mas também
ao campo científico. A industrialização, nesse momento, espalhou-se pelo mundo.

A Terceira Revolução Industrial significou um novo patamar alcançado pelos


avanços tecnocientíficos que são até hoje vivenciados pela sociedade. Os principais
marcos desse período podem ser vistos por meio dos aperfeiçoamentos e das inovações
nas áreas de robótica, genética, telecomunicações, eletrônica, transporte e infraestrutura.
Tudo isso transformou ainda mais as relações sociais e modificou o espaço geográfico.

Fala-se nessa fase em globalização, que representa o avanço tecnológico,


especialmente no sistema de comunicação e transporte, o qual possibilitou
maior integração econômica e política. A tecnologia, nessa fase da revolução,
permitiu diminuirem-se tempo e distância, aproximando pessoas do mundo todo e
possibilitando a transmissão de informações instantaneamente, ultrapassando os
obstáculos físicos, culturais e sociais.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial representou um marco na história da humanidade —


transformando as relações sociais, as relações de trabalho, o sistema produtivo — e
estabeleceu novos padrões de consumo e uso dos recursos naturais. As consequências
foram muitas e estão relacionadas à cada fase vivida no processo evolutivo das
tecnologias que proporcionou a industrialização dos países.

Durante a Primeira Revolução Industrial, o modo capitalista de produção


reorganizou-se. As principais consequências desse período foram:

 substituição do trabalho humano por máquinas, o que ampliou o êxodo rural e


intensificou o crescimento urbano;

 crescimento desenfreado das cidades, acarretando favelização, marginalização


de pessoas, aumento da miséria, fome e violência;

 aumento significativo de indústrias e, consequentemente, da produção;

 organização da sociedade em dois grupos: a burguesia versus o proletariado.

Os avanços tecnológicos obtidos na Segunda Revolução Industrial fizeram com


que a industrialização alcançasse outros países, especialmente os mais ricos. Esses, a
fim de ampliarem seu mercado, deram início a uma expansão territorial também em
busca de matéria-prima, o que ficou conhecido como imperialismo. As principais
consequências desse período foram:

 aumento da produção em massa e em curto espaço de tempo, aumentando


também o comércio;

 avanços nos setores de transporte e telecomunicações que ampliaram o mercado


consumidor, bem como o escoamento dos bens produzidos;

 surgimento das grandes cidades e, com elas, dos problemas de ordem social,
como a superpopulação;

 aumento de doenças;

 desemprego e maior disponibilidade de mão de obra barata;

 avanços no setor da saúde que possibilitaram melhorias na qualidade de vida da


população.

A terceira fase da Revolução Industrial — que integrou a ciência, a tecnologia e


a produção — transformou ainda mais a relação do homem com o meio. A apropriação
dos recursos naturais era cada vez mais intensa, visto que, a cada dia, tornou-se mais
necessário viabilizar as produções em massa.
As principais consequências da Terceira Revolução Industrial foram:

 muitos avanços no campo da medicina;

 criação de robôs capazes de fazer trabalhos minuciosos e mais precisos;

 técnicas na área da genética que melhoraram a qualidade de vida da população;

 consolidou-se o capitalismo financeiro;

 aumento do número de empresas multinacionais;

 maior difusão de informações e notícias, integrando o mundo todo


instantaneamente;

 aumento dos impactos ambientais negativos e esgotamento de recursos naturais;

 preocupação com o desenvolvimento econômico que explora os recursos


naturais sem se preocupar com as gerações futuras, gerando a necessidade de
buscar um modelo de desenvolvimento sustentável.

RESUMO SOBRE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Inglaterra foi a pioneira do desenvolvimento industrial por ser a nação que


possuía as condições mínimas necessárias para desencadear esse processo.

 O ponto de partida da Revolução Industrial foi o desenvolvimento da máquina a


vapor.

 A revolução resultou em transformações sensíveis no modo de produção das


mercadorias e nas relações de trabalho e em forte redução do salário.

 Os trabalhadores, intensamente explorados, mobilizaram-se em organizações e


coordenaram dois movimentos: o ludismo e o cartismo.

 A Revolução Industrial, mesmo que não tenha tido rupturas, foi dividida em
fases que representam um processo evolutivo tecnológico que transformou o
setor econômico e social.
 A Primeira Revolução Industrial representa o início do processo de
industrialização limitado à Inglaterra no século XVIII.

 A Segunda Revolução Industrial iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial e


representou um período de grandes inovações tecnológicas.

 A Terceira Revolução Industrial teve início na metade do século XX e


corresponde ao desenvolvimento não só do setor industrial mas também do
campo científico.

 As principais consequências da Revolução Industrial foram as novas relações de


trabalho; a consolidação do capitalismo; a industrialização dos países; a
expansão do imperialismo; o exodo rural e a urbanização; os avanços nos
campos da medicina, do transporte e das telecomunicações; o aumento da
capacidade produtiva e do consumo; os impactos ambientais negativos etc.

AS PRINCIPAIS INVENÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Qualquer lista de invenções está longe de ser completa, mas as seguintes foram
escolhidas não apenas pelo que poderiam fazer, mas também por como permitiram que
outras invenções se tornassem possíveis e como transformaram a vida profissional e
cotidiana de milhões de pessoas. O período em consideração também é importante e
aqui é considerado de 1750 a 1860. Com esses critérios em mente, as 10 principais
invenções da Revolução Industrial foram:

Maquina de vapor

Em 1768, James Watt construiu o primeiro modelo de uma máquina a vapor. É


um motor de combustão externo que transforma a energia do vapor de água em trabalho
mecânico ou cinético. Ele tinha um papel importante para mover máquinas e
dispositivos.

O telefone

Alexander Graham Bell é creditado com a invenção do telefone em 1876. Era


um aparelho que transmitia sons através de um cabo através de sinais elétricos. Foi uma
das invenções mais importantes porque revolucionou o mundo das telecomunicações.
O automovel

Em 1885, Karl Benz desenvolveu o primeiro carro de combustão interna que


tinha a forma de um triciclo. Ele estava equipado com um pequeno motor de quatro
tempos, um único cilindro horizontal e tinha um carburador e refrigeração a água.

O avião

Os irmãos Wright dos Estados Unidos inventaram o primeiro avião. A ideia


surgiu em 1899 em 17 de dezembro de 1903 e voaram pela primeira vez

Eles construíram o planador com um motor de óleo de 12 cavalos de potência e


duas hélices. Tinha duas asas principais posicionadas uma acima da outra. Ambos
ajudaram a fornecer impulso ao planador.

Bulbo de luz

Embora tenha sido atribuído principalmente a Thomas Alva Edison, em 1809,


Humphry Davy, em uma de suas experiências, colocou uma fina tira de carbono entre os
dois pólos de uma pilha e criou um arco luminoso fugaz, considerado a essência da
operação da lâmpada.

A primeira lâmpada deu luz durante 14 horas sucessivas. Posteriormente, Edison


desenvolveu e aperfeiçoou-o até atingir a lâmpada duradoura.

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