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AULA 1
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Figura 2 – Ruínas romanas
Créditos: S.Borisov/Shutterstock.
Créditos: Cambuff/Shutterstock.
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Segundo Schneider (1980), “cultura é um sistema de símbolos e significados.
Compreende categorias ou unidades e regras sobre relações e modos de
comportamento”. Assim estudar uma cultura é estudar um código de símbolos
partilhados pelos membros de determinada comunidade.
Nesse sentido, o tempo pode ser compreendido das mais diversas
formas, dependendo da cultura em questão, sendo marcos relevantes de
temporalidade expressos por meio de diferentes crenças, tradições e
entendimento de mundo. Podemos destacar como exemplo dessa diversidade
os judeus, os muçulmanos e os cristãos, que apresentam diferentes formas de
marcar o tempo.
Para os judeus, os anos passaram a ser contados a partir do que eles
acreditam ser a criação de Adão, 2.448 anos antes do chamado Êxodo, ou seja,
da saída dos hebreus do Egito sob a liderança de Moisés. Para os muçulmanos,
o primeiro ano do calendário corresponde ao momento da fuga do profeta
Maomé de Meca para a cidade de Yatreb, denominada Hégira, que ocorreu no
ano de 622 do calendário cristão, o qual, por sua vez, tem o marco inicial no
nascimento de Jesus. Ainda poderíamos mencionar outros calendários, como o
hindu e o maia.
Em virtude do colonialismo europeu do século XV, a cultura cristã
espalhou-se pelos continentes, tornando-se hegemônica no mundo. Apesar
disso, as diversas culturas ainda mantêm, particularmente, seus costumes,
tradições e a maneira de contar e demarcar o tempo.
O calendário cristão ocidental em uso atualmente é o calendário
gregoriano, proposto pelo Papa Gregório, no século XVI. Esse calendário tem o
nascimento de Jesus como marco inicial e considera, a princípio, dois períodos:
antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.).
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É importante, aqui, fazermos uma ressalva em relação ao termo Pré-
História. Em síntese, Pré-História significa “antes da História”, considerando,
assim, que só haveria a possibilidade de ter História após o surgimento da
escrita. Essa concepção foi cunhada pelos primeiros historiadores do século XIX,
com base na visão tradicional histórica de que as únicas fontes confiáveis para
se fazer História eram os documentos escritos e oficiais. Sabemos, hoje, que
essa é uma visão ultrapassada e que todos os vestígios deixados pelos seres
humanos são fontes históricas riquíssimas.
Sendo assim, considerar que só é possível ter História havendo escrita,
não só coloca milhares de anos da humanidade numa era sem História – a
chamada Pré-História –, como colocará centenas de sociedades ao longo do
tempo (e até os dias de hoje) como povos sem História, por serem de cultura
oral, ou seja, que não desenvolveram escrita, ainda que tivessem suas próprias
e eficientes formas de se comunicar e registrar.
Então, sabendo que o conceito de Pré-História é equivocado, porque,
ainda hoje, o utilizamos na periodização da História? Provavelmente por uma
questão de conveniência; porém é preciso levar em consideração que nenhuma
periodização é neutra, e também entender os motivos pelos quais escolhemos
uma e não outra forma de periodizar.
Pensando, então, nessa periodização tradicional, após o surgimento da
escrita, de forma geral, segue-se uma periodização que divide a história em uma
linha cronológica de acontecimentos considerados relevantes para o mundo
ocidental.
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políticos. Nem todos os historiadores concordam com essa divisão tradicional
com base na história política e propõem outras divisões, como a dos modos de
produção. Com enfoque econômico e tecnológico, essa divisão não segue a
ordem cronológica da periodização, observando, apenas, como cada grupo
humano produz sua sobrevivência e riqueza ao longo do tempo.
TEMA 4 – PRÉ-HISTÓRIA
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cooperação era indispensável para a sobrevivência do grupo e,
consequentemente, do indivíduo.
O ser humano, quando comparado a outros seres vivos que habitam o
planeta, é frágil diante das forças da natureza. Outros animais possuem algum
tipo de “ferramenta” natural, própria de seu organismo, como dentes afiados,
garras fortes e longas, corpo recoberto por longos pelos ou carapaças, enfim,
“equipamentos” para sobreviver diante dos obstáculos naturais, por exemplo,
mudanças climáticas ou predadores. Esses mesmos animais, no entanto, não
conseguem criar recursos ou ferramentas. O ser humano, por sua vez, conta
com um “equipamento” muito especial, que lhe permitiu transformar a natureza,
superando obstáculos e criando para si próprio melhores condições de vida: o
raciocínio mais desenvolvido.
O ser humano tem capacidade de solucionar problemas e aperfeiçoar
soluções, com criatividade e inventividade, formular ferramentas, aparelhos,
máquinas e tudo o que considerar necessário para facilitar a vida em sociedade
e a sobrevivência no meio natural. É importante ressaltar, também, outro
equipamento da anatomia que foi fundamental para a aplicabilidade do que o
intelecto foi sempre capaz de criar: o polegar (ou dedo opositor), que desde o
início permitiu ao ser humano o movimento de pinça tão necessário para a
manipulação de objetos.
Como mencionado anteriormente, a Pré-História se refere a um período
anterior ao surgimento da escrita e, portanto, anterior ao que chamamos
convencionalmente de História, já que o ser humano ainda não registrava, por
intermédio da escrita, dados e informações sobre o mundo, o cotidiano e seus
costumes. No entanto, ele não deixava de ter um cotidiano cercado de
acontecimentos individuais e coletivos que permeavam sua vida e lhe
proporcionavam uma história.
A descoberta e o domínio da agricultura – chamada de Revolução
Agrícola – levaram o ser humano a passar de caçador, pescador e coletor (que
vivia em bandos nômades à procura de alimentos) à condição de agricultor e
pastor sedentário, produtor de sua própria sobrevivência.
Em uma economia produtora, a vida sedentária e mais segura de uma
aldeia tornou possível o crescimento da população, o desenvolvimento de uma
cultura mais elaborada e o aumento da complexidade da vida em sociedade, das
tarefas e das relações sociais.
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Veja, na Figura 7, a divisão didática da Pré-História, que estudaremos com
mais detalhes a seguir.
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4.3 Idade dos Metais
TEMA 5 – HISTÓRIA
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Figura 8 – Períodos da História
Créditos: Bist/Shutterstock.
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Figura 9 – Grécia Antiga
Créditos: Marzolino/Shutterstock.
Créditos: Julia700702/Shutterstock.
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5.3 Idade Moderna
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socialismo e linhas de pensamento crítico à sociedade burguesa. Também
ocorreram conflitos de proporções mundiais.
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• Revolução Francesa;
• Imperialismo ou Neocolonialismo;
• Primeira Guerra Mundial;
• Revolução Socialista de 1917, na Rússia;
• Segunda Guerra Mundial;
• Guerra Fria;
• Nova Ordem Mundial.
NA PRÁTICA
Leitura complementar
A idade da Terra
o vácuo incompleto
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL
AULA 2
Para dar início à nossa caminhada pela História Geral, vamos começar
pela Antiguidade e pelo surgimento das primeiras civilizações. A partir das
comunidades agrícolas que se estabeleceram no período que se convencionou
chamar de pré-história, grandes civilizações passaram a se formar por volta de
7 mil anos atrás. A maioria desenvolveu-se nas proximidades de grandes rios,
aproveitando-se do regime de suas águas que favoreciam a fertilidade da terra
e a prática da agricultura. Assim, os vales dos rios Nilo, Eufrates e Tigre foram
primordiais para a formação das civilizações egípcia, suméria e babilônica na
região denominada Crescente Fértil (Figura 1), que compreende o Egito e a
Mesopotâmia no denominado Oriente Próximo. Pelas suas características, são
chamadas de sociedades agrárias ou férteis.
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Nascendo em uma região chuvosa e de densas matas, o Nilo recebe boa
parte do resíduo orgânico das florestas. Durante as cheias, deposita em suas
margens detritos que fertilizam o solo, e quando as águas voltam ao leito normal,
as margens estão prontas para o cultivo.
Os egípcios logo aprenderam a se aproveitar das cheias do rio,
desenvolvendo em suas margens uma rica e organizada civilização. O grande
historiador grego Heródoto, considerando que essa civilização egípcia só existia
em função do rio, afirmou: “O Egito é uma dádiva do Nilo”. No entanto, não
podemos desconsiderar os esforços dos habitantes do Nilo que, conjugados às
potencialidades deste rio, permitiram que a agricultura fosse possível.
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em uma disputa com Seth pelo trono, na qual perde um de seus olhos. Após a
contenda entre Hórus e Seth, um tribunal de deuses decide que o trono pertencia
a Hórus por direito e, por isso, todo faraó passou a ser associado a Hórus em
vida e a Osíris quando morto. A suposta linhagem divina tornava o faraó um ser
sagrado no Egito, e acreditava-se que seu sangue era composto pelos traços
divinos do deus.
O primeiro faraó inaugurou o período denominado dinástico. A partir de
então, os egiptólogos dividiram a história do Egito unificado em três períodos:
Reino Antigo, Reino Médio e Reino Novo.
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e as riquezas do faraó depois da morte, contribuiu para o aperfeiçoamento da
arquitetura. A edificação das monumentais pirâmides de Gizé, túmulos dos
faraós da quarta dinastia (Quéops, Quéfren e Miquerinos), bem como da famosa
Esfinge, é datada do período do Reino Antigo, isto é, entre 2686-2181 a.C.
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Nas sociedades surgidas na Grécia e em Roma, a divisão em classes
envolvia, de um lado, os homens livres (grandes proprietários e pequenos
produtores), e, de outro, os escravos. Paralelamente, a expansão escravista
impulsionou o crescimento do comércio, que levou ao surgimento de uma classe
intermediária formada por grandes comerciantes, artesãos e armadores.
O território que hoje chamamos de Grécia já foi o centro de uma rica
civilização na Antiguidade. Era conhecido por Hélade, pois foi habitado pelos
helenos (povos indo-europeus provenientes da Ásia: aqueus, jônios, eólios e
dórios). O nome Grécia originou-se da palavra graeci, um dos povos que
habitaram primitivamente a região.
A ocupação humana no território grego aconteceu por volta de 2.000 a.
C., dando origem a uma das mais importantes civilizações da Antiguidade, pois
legou boa parte de sua cultura para a formação das civilizações ocidentais.
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A pobreza do solo influenciou decisivamente a história da Grécia Antiga.
A baixa produtividade forçou os gregos a buscarem alimentos em outras regiões.
E como a presença do mar era uma constante, o litoral extremamente recortado
e a proximidade das ilhas contribuíram para o desenvolvimento da navegação,
oferecendo amplas possibilidades de conquista de outras regiões mais
produtivas, cujos habitantes podiam ser subjugados à condição de escravos,
utilizados principalmente na agricultura, mas também nas minas e nas oficinas
de artesãos das cidades onde comerciantes enriqueciam à custa dos escravos
como mercadoria.
As origens da civilização grega estão profundamente ligadas ao povo que
viveu na Ilha de Creta. Anteriores aos gregos, os cretenses se fixaram ali por
volta de 3600 a.C., de onde iniciaram ligações com o Egito, a Ásia Menor e a
própria Grécia, dominando o comércio. Sua cultura era brilhante e acabou se
fundindo a uma outra civilização, dos chamados aqueus, dando início à
civilização creto-micênica, pois a principal cidade dos aqueus era Micenas.
Inicialmente, a população grega organizou-se em pequenas comunidades
agropastoris, chamadas genos (comunidades gentílicas). Eram grandes famílias,
lideradas por um patriarca. Com o crescimento da população, a produção
coletiva se tornou insuficiente, e os chefes de família e seus descendentes
diretos passaram a se apropriar das melhores terras, formando-se uma
aristocracia rural.
Os indo-europeus chegaram em sucessivas levas. Primeiro foram os
aqueus, depois vieram os jônios (que fundaram a cidade de Atenas), os eólios
(que fundaram a cidade de Tebas) e, por fim, os dórios (que fundaram a cidade
de Esparta).
Com o decorrer dos séculos, os gregos expandiram seus domínios e
fundaram muitas colônias, ocupando vastas regiões que se estendiam pelo sul
da França, sul da Itália (denominada Magna Grécia) e norte da África, o que
acabou levando a choques de interesses com outros povos, como os persas nas
chamadas Guerras Médicas, e, até mesmo, entre as próprias cidades gregas,
como entre Atenas e Esparta na denominada Guerra do Peloponeso. Após
muitas guerras, as cidades-Estado gregas acabaram sendo invadidas,
inicialmente, pelo exército da Macedônia, comandado por Felipe II, pai de
Alexandre Magno e, mais tarde, por aquele que viria a se tornar o maior império
da época, Roma.
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Dentre as pólis gregas, Atenas, por suas contribuições para nossos
tempos atuais, tem um destaque especial na História. Foram os atenienses que
nos deixaram como legados a democracia e o conceito de participação do
indivíduo nos assuntos da cidade, a chamada cidadania. Em 506 a.C., Clístenes,
denominado o “pai da democracia”, assumiu o governo, baseando-se em
princípios de igualdade política e de participação de todos nas decisões do
governo (o princípio da isonomia). Porém, foi durante o governo de Péricles (461
a 429 a.C.) que a democracia ateniense atingiu a plenitude. As decisões
governamentais eram tomadas em uma assembleia popular, a Eclésia, realizada
ao ar livre, na qual todos os cidadãos do sexo masculino e com mais de 18 anos
podiam participar.
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No século VI a.C., surgiram os sofistas, que buscavam explicações mais
realistas para a existência humana; eles foram, de certa forma, os precursores
dos grandes filósofos gregos, que despontaram no século IV a.C. A filosofia
grega exerceu grande influência no pensamento racionalista ocidental. Podemos
destacar entre os principais nomes: Sócrates, que foi um grande questionador
(acusado de renegar os deuses, foi condenado à morte); Platão, que fundou a
Academia de Atenas e escreveu, entre outras obras, A República; e Aristóteles,
considerado o “pai da lógica”.
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uma política expansionista que trouxesse mais terras e escravos para a
agricultura. Em cada região conquistada, parte das terras era transformada em
terra pública, o ager publicus, que ficava nas mãos da aristocracia escravista.
Os diferentes grupos sociais na Roma Antiga estavam divididos conforme
podemos ver no Quadro 1.
5.1 Monarquia
5.2 República
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a administração da cidade. Em caso de graves crises políticas, nomeava-se o
ditador, um magistrado que governava com plenos poderes por, no máximo, seis
meses.
Como os plebeus não gozavam de direitos políticos, o Senado, após a
pressão exercida por esse grupo, criou o cargo de tribuno da plebe, cujo mandato
era de um ano. Os primeiros foram os irmãos Graco – Tibério e Caio. Tibério foi
eleito tribuno da plebe em 133 a.C., tentou melhorar as condições da população,
propondo uma espécie de reforma agrária, mas foi combatido pelos patrícios e
assassinado. Caio foi eleito tribuno da plebe dez anos depois e propôs uma série
de reformas: por intermédio da Lei Frumentária, o trigo deveria ser vendido
abaixo do preço aos plebeus e as terras deveriam ser redistribuídas. Novamente,
a oposição dos patrícios foi violenta, Caio entrou em luta com a aristocracia e,
cercado, pediu que um escravo o assassinasse.
A resistência às reformas dos irmãos Graco como tribunos da plebe não
conseguiu impedir que algumas leis surgissem em favor da população; porém, a
crise econômica por que passava a maioria da população romana, comparada
aos privilégios dos patrícios, estabelecia um clima de tensão social. A
superpopulação empobrecida de Roma criava uma situação insustentável, e
para tentar controlar o problema, o governo instituiu a chamada política do pão
e circo: distribuição gratuita de trigo aos plebeus e ingressos gratuitos nos
espetáculos de circo. Era uma forma de manter o povo ocupado, evitando
rebeliões.
Contudo, o antagonismo entre patrícios e plebeus não chegou a prejudicar
a ascensão da República romana, que expandiu, extraordinariamente, seu
território por intermédio de conquistas militares.
Entre 400 a.C. e 270 a.C., os romanos conquistaram toda a Península
Itálica. Em seguida, o expansionismo voltou-se para o Mediterrâneo Ocidental,
rica área dominada por Cartago, ex-colônia fenícia fundada no norte da África.
O conflito entre romanos e cartagineses, provocado pela disputa do controle do
comércio no Mediterrâneo, denominou-se Guerras Púnicas (entre 264 e 146
a.C.), pois os romanos chamavam os cartagineses de puni. Foram três grandes
conflitos, e ao final da guerra os romanos derrotaram os cartagineses, tomaram
seus domínios e destruíram completamente sua cidade.
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Após vencer Cartago, os romanos dirigiram seu imperialismo sobre
Grécia, Macedônia, Egito e regiões da Ásia Menor. Por fim, o Mar Mediterrâneo
foi inteiramente controlado e chamado de mare nostrum (nosso mar).
À medida que a expansão territorial prosseguia, alguns generais
conquistadores começaram a tentar estabelecer o controle sobre Roma, o que,
por fim, acabou levando ao estabelecimento do Império.
5.3 Império
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gradativamente, os territórios conquistados pelos romanos. Some-se a isso uma
crise econômica causada pela retração do comércio, a ineficiência de uma
sequência de imperadores e o advento do cristianismo, que contribuiu para minar
importantes bases de sustentação do Império.
Nessa segunda metade da história do Império, merecem destaque alguns
imperadores: Diocleciano, criador da Tetrarquia, que dividiu a administração
entre quatro generais com a finalidade de obter estabilidade interna, mas sem
sucesso; Constantino, que transferiu a capital de Roma para Bizâncio
(Constantinopla), antiga colônia grega; e, por fim, Teodósio, que em 395 dividiu
o Império em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma,
e o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla (hoje Istambul,
na Turquia).
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NA PRÁTICA
1) Por que extraem frutos da terra com menor labor do que qualquer outro povo?
2) Qual a melhor condição para que o egípcio comece a semear a terra?
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL
AULA 3
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TEMA 2 – ALTA IDADE MÉDIA
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Entre os reinos que se formaram, podemos principalmente destacar os
que estão dispostos no Quadro 1.
Quadro 1 – Reinos
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o primado da Igreja Romana sobre a cristandade e importantes dogmas da
doutrina. Ainda no século IV, se escolheram os textos que compuseram o Novo
Testamento. Tudo foi escrito em grego (Cristo significa “o ungido” em grego) e
depois traduzido para o latim por São Jerônimo no século V. Durante os séculos
seguintes, os monges copistas (Figura 2) reproduziram esses textos a mão e
também os do chamado Velho Testamento que, juntos, compõem hoje a Bíblia.
2.3 Feudalismo
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Figura 3 – Terras de um feudo
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Figura 4 – Estamentos sociais da Europa feudal
Figura 5 – Constantinopla
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Originalmente, os domínios do Império Bizantino se estendiam pela
Península Balcânica, Ásia Menor e norte da África, mas, posteriormente, foram
conquistadas regiões do sul da Europa e do norte da África, localizadas mais ao
Ocidente. Esse império alcançou grande desenvolvimento comercial marítimo e
terrestre, tornando-se a mais rica e urbanizada região da Europa Medieval. Além
de comercializar, Constantinopla fabricava artigos de luxo de excelente
qualidade como joias, tecidos finos e trabalhos em ouro e marfim.
O Império Bizantino atingiu seu apogeu no governo de Justiniano (527 a
565, século VI), tanto na expansão territorial, reconquistando terras perdidas
pelo Império do Ocidente, quanto na produção econômica e cultural. Seus
domínios alcançaram a Península Ibérica, áreas do norte da África e a Península
Itálica.
A religião predominante era o catolicismo, porém, diante da elevada
diversidade étnica e do espírito cosmopolita de sua população, o culto cristão
passou a assumir características próprias, diferenciando-se da Igreja oficial
romana. Com o tempo, surgiram diferentes correntes religiosas internas que
questionavam alguns dogmas cristãos. Esses questionamentos originaram as
chamadas heresias, ou seja, crimes contra a fé católica por discordarem da
doutrina oficial da Igreja em Roma.
Os interesses políticos e as diferenças de dogmas e de rituais provocaram
uma série de atritos entre Roma e Constantinopla. Finalmente em 1054, deu-se
o rompimento, o chamado Cisma do Oriente, originando duas Igrejas distintas:
Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma, comandada pelo papa;
e Igreja Cristã Ortodoxa Grega, com sede em Bizâncio, comandada pelo
patriarca de Constantinopla (Figura 6).
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Medina (cidade do profeta), onde o profeta conseguiu converter um grande
número de seguidores.
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fragmentação do Império. Isso fez surgir vários califados independentes, entre
os quais o de Córdoba (Espanha) e do Cairo (Egito).
5.1 As cruzadas
Como sabemos, foi na Palestina que Jesus Cristo viveu, fez sua
peregrinação e foi crucificado em Jerusalém, cidade que se tornou sagrada para
toda a cristandade. Porém, desde o século VI os territórios considerados
consagrados pelos cristãos estavam em posse do islã. Então, em 1095, o Papa
Urbano II, no Concílio de Clermont, convocou todos os cristãos a lutarem contra
os muçulmanos a fim de reconquistar a Palestina, a chamada Terra Santa e,
principalmente, Jerusalém. Ao todo, foram oito cruzadas (em nome da cruz)
organizadas pela cristandade europeia ao longo de 200 anos em que ondas
sucessivas de milhares de peregrinos armados, aventureiros, guerreiros,
cavaleiros medievais e exércitos liderados por reis se lançaram ao Oriente
Médio, conforme ilustrado na Figura 11.
Por meio das cruzadas, os europeus tiveram contato com outro universo
cultural, com outras formas de vida e com produtos até então quase
completamente desconhecidos para eles. Estamos nos referindo às chamadas
especiarias (Figura 13) como variados tipos de temperos (gengibre, pimenta do
reino, canela, cravo, mostarda e noz moscada), artigos de luxo como perfumes,
essências, tecidos finos como seda, porcelanas, almofadas, tapetes, joias e
inúmeros outros produtos que passaram a ter grande aceitação entre a
população europeia acostumada com móveis rústicos, camas desconfortáveis,
tecidos grosseiros, alimentação desprovida de temperos e utensílios simples e
grosseiros.
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Figura 14 – Veneza
NA PRÁTICA
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com o suor do seu rosto, visto que vendia caro num lugar as mercadorias que
tinha comprado noutro por um preço inferior.” (Espinosa, 1972)
Explique por que, nesse período, era possível que jovens como Godric
não seguissem a vida de lavrador.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
SONN, T.; SOUSA, M. H. R. R. de. Uma breve história do islã. São Paulo:
Editora José Olympio, 2018.
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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL
AULA 4
2
desenvolvimento de diferentes monarquias nacionais em toda a Europa
Ocidental.
Os Estados modernos (ou monarquias nacionais) começaram a nascer na
segunda metade do século XV em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. No
Estado moderno, existe uma identificação entre o Estado e o monarca,
restringindo-se liberdades e direitos individuais, praticando-se o autoritarismo e
até a violência. Em fins do século XVII, a França foi o país onde o absolutismo
conheceu seu apogeu, por meio do rei Luís XIV, que, caracterizando a estreita
ligação entre soberano e Estado, afirmou: “o Estado sou eu”.
1.1 Mercantilismo
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eram levadas de seus locais de origem, por comerciantes árabes, até os portos
de Trípoli, Alexandria e, principalmente, Constantinopla e compradas pelos
comerciantes italianos, que as revendiam para o resto da Europa. O mar
Mediterrâneo havia se tornado o centro do comércio europeu e as cidades do
norte da Itália, principalmente Gênova e Veneza, controlavam esse comércio.
O monopólio das cidades italianas sobre o comércio das chamadas
especiarias tornava premente a necessidade de novos caminhos que levassem
ao Oriente, principalmente depois que, em 1453, os turcos-otomanos
conquistaram Constantinopla e passaram a cobrar pesadas taxas sobre os
produtos orientais que entravam pelo Mediterrâneo.
A exclusividade portuguesa sobre a nova rota para as especiarias
orientais não durou muito tempo. Já a partir de 1520, navegadores de outras
nações europeias passaram a seguir a rota marítima portuguesa para as Índias,
de onde voltavam carregados de mercadorias.
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Colombo pretendia chegar ao Oriente navegando sempre em direção ao
Ocidente. Baseado na teoria da esfericidade da Terra, daria a volta em torno do
mundo. Sem ter noção das dimensões do nosso planeta e navegando para o
oeste, Colombo atingiu o continente americano, na altura das Bahamas, em 12
de outubro de 1492, acreditando ter chegado às Índias. Algum tempo depois, o
navegador, matemático e astrônomo Américo Vespúcio desfez o engano de
Colombo, afirmando a existência de um novo continente.
Somente em 1519 o navegador português a serviço da Espanha, Fernão
de Magalhães, realizou a primeira viagem de circum-navegação. Magalhães
cruzou o Atlântico, navegou pela costa sul da América até encontrar uma
passagem para o Oceano Pacífico (hoje Estreito de Magalhães), morreu nas
Filipinas e Sebastião del Cano concluiu a viagem, chegando de volta à Espanha
em 1522.
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No entanto, a América fez com que as nações ibéricas se voltassem a um
acordo mais adequado a seus interesses e que afastasse os demais países
europeus das riquezas das terras recém-encontradas. A princípio, o Papa
Alexandre VI (1493), que era espanhol, sugeriu a Bula Intercætera, pela qual
todas as terras existentes em um espaço de 100 léguas a oeste das Ilhas de
Cabo Verde seriam de Portugal, sendo o restante da Espanha. Porém, o governo
português recusou tal proposta, assinando no ano seguinte o Tratado de
Tordesilhas (Castela; Portugal, 1494), o qual aumentava para 370 léguas a
distância em relação ao ponto de partida, em Cabo Verde. Por esse tratado, a
América ficou dividida entre portugueses e espanhóis, o que, de forma alguma,
agradou outros governantes europeus, como os reis da França e da Inglaterra,
que não reconheciam apenas direitos ibéricos sobre as terras americanas.
Tanto a França quanto a Inglaterra tiveram um grande atraso para se
lançarem à expansão marítima, pois ambas demoraram a estabilizar um Estado
nacional. E, já que Portugal e Espanha dominavam as rotas do sul, tanto os
ingleses quanto os franceses se dedicaram à exploração do Atlântico Norte, em
busca de uma passagem para o Oriente, o que os levou à costa dos atuais
Estados Unidos e Canadá. No entanto, dali não conseguiram obter maiores
vantagens comerciais, o que os levou, principalmente a Inglaterra, à pirataria e
ao contrabando, atacando regiões e rotas dominadas pela Espanha.
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processo de europeização, pois os valores cristãos da Europa Ocidental
passaram a ser impostos sobre os outros povos, até mesmo com o uso da força.
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um intenso movimento de desenvolvimento cultural e científico denominado
Renascimento, no início da Idade Moderna.
No novo sistema econômico capitalista, cresceu e prosperou uma
numerosa camada de ricos comerciantes, a burguesia. Ávida de reconhecimento
e prestígio social, essa burguesia buscava mudanças culturais por meio de seu
crescente êxito material, criando uma mentalidade própria da nova sociedade
que se organizava. Fazia parte dessa nova mentalidade burguesa a negação do
modelo cultural anterior, atrelado à Igreja, à ideia de distinção social que
privilegiava a nobreza.
Os dogmas eclesiásticos começaram a ser abalados com a nova
mentalidade que começava a se estabelecer. O movimento da Renascença
voltou-se à valorização do homem (antropocentrismo) e da vida terrena, em
contraposição ao teocentrismo medieval, em que Deus era o centro de todas as
coisas. Sem abandonar por completo a sua religiosidade, o europeu ocidental
passou a ver o mundo de forma mais racional e crítica.
A mais importante característica do Renascimento foi o profundo
racionalismo, a convicção de que tudo poderia ser explicado pela razão e pela
ciência. Para o homem medieval, a fé tudo explicava e o que acontecia na
natureza era somente o resultado da vontade de Deus, sem que os homens
nisso pudessem interferir. Contrapondo-se a essa visão, o pensamento
renascentista defendeu a razão como fonte de todo conhecimento. Os
fenômenos da natureza tinham sua explicação na própria natureza e esta
poderia ser dominada pelo homem, mediante observação e experimentalismo.
Os renascentistas buscaram inspiração nos humanistas gregos e
romanos, o que levou à valorização da cultura clássica e provocou a rejeição a
tudo que estivesse relacionado à cultura medieval.
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Figura 7 – Capela Sistina
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TEMA 4 – REFORMA RELIGIOSA
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pecados) e, em 1517, fixou na porta de sua igreja as chamadas 95 teses, em
que criticava ferozmente a Igreja e o papa. Em 1521, foi excomungado e
refugiou-se num castelo sob a proteção de nobres alemães, onde traduziu a
Bíblia para o alemão.
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Figura 9 – João Calvino
Suas ideias eram mais radicais e severas que as de Lutero e ele as expôs
no livro Instituição da religião cristã. Ele condenava o lazer; o jogo; o culto às
imagens; a dança; o uso de joias; e aplicava uma rígida censura para vigiar e
punir os cidadãos que não seguissem suas regras.
Enquanto Lutero defendia a fé e as obras como forma de salvação,
Calvino pregava predestinação, considerando que o que determina o destino dos
homens é a vontade de Deus e não a fé ou o merecimento.
Pregando uma doutrina que defendia o lucro e valorizava o trabalho, logo
conquistou o apoio da burguesia. Enriquecer por meio de uma vida correta,
dedicada ao trabalho e à poupança seria um sinal da salvação divina. Essa
rigidez religiosa, que condenava o lazer e abençoava o trabalho e o lucro, fez do
calvinismo a teologia do capitalismo e da burguesia.
O calvinismo expandiu-se rapidamente por diferentes regiões. Na França,
os calvinistas foram chamados de huguenotes; na Escócia, de presbiterianos; na
Inglaterra, de puritanos. Perseguidos na Inglaterra, fugiram para as colônias
inglesas na América do Norte, fundando a sociedade que viria a se tornar os
Estados Unidos.
15
4.3 Contrarreforma
Figura 10 – Inquisição
16
TEMA 5 – ILUMINISMO E REVOLUÇÃO
17
5.1 Revolução Industrial
18
Adam Smith, considerado o pai do liberalismo, o que contrariava a intervenção
do Estado ditada pelas políticas mercantilistas.
Podemos citar como consequências da Revolução Industrial iniciada no
século XVIII:
• O êxodo rural;
• O crescimento urbano desordenado;
• O surgimento da classe operária (proletariado) e de movimentos de
trabalhadores;
• O aparecimento de novas doutrinas antiburguesas, como o socialismo e
o anarquismo.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
20
REFERÊNCIAS
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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL
AULA 5
2
Figura 1 – Palácio de Versalhes
Créditos: Mistervlad/Shutterstock.
• O primeiro Estado, formado pelo clero, dividido em alto clero (de origem
nobre) e baixo clero (de origem popular), não pagava impostos.
• O segundo Estado, composto pela nobreza, correspondia a 4% da
população e gozava de privilégios políticos; também não pagavam
impostos.
• O terceiro Estado, o mais heterogêneo dos estados e formado por grupos
economicamente diferentes, pois era composto pelo restante da
população, como operários, camponeses, artesãos e toda a burguesia, os
quais pagavam os impostos, sustentando os privilégios do clero e da
nobreza.
Pressionado para buscar uma solução para a crise econômica, Luís XVI
decidiu convocar a Assembleia dos Estados Gerais, uma espécie de parlamento
3
com representantes dos três Estados. Em maio de 1789, os Estados Gerais
reuniram-se em Versalhes, e o rei abriu a assembleia anunciando que a votação
seria feita por estamento e não “por cabeça” (um voto por representante), o que
de certa forma anunciou o resultado: o primeiro e o segundo Estados votaram
juntos em favor da perpetuação de seus privilégios e pela sobrecarga de
impostos sobre o restante da população.
Os deputados do terceiro Estado não aceitaram, e, em seu apoio, a
população de Paris decidiu agir. Então, em 14 de julho de 1789, o povo invadiu
a Bastilha, uma prisão política que simbolizava o poder da monarquia francesa,
dando início à revolução. Em seguida, a rebelião espalhou-se pelo interior do
país, e os camponeses invadiram castelos e mosteiros, massacrando membros
da nobreza.
4
1.1 Independência das colônias espanholas
Créditos: Vectorfair.com/Shutterstock.
5
TEMA 2 – IMPERIALISMO OU NEOCOLONIALISMO
6
Em sua obra Cultura e Imperialismo, Edward Said aponta a centralidade
do viés ideológico e cultural na dominação imperialista. Sendo tão importante
quanto a dominação política e econômica. Para ele:
“O imperialismo não é um ato de simples acumulação e aquisição. Ele é
sustentado e talvez impelido por potentes formações ideológicas que incluem a
noção de que certos territórios e povos precisam e imploram pela dominação”
(Said, 1995, p. 40)
Créditos: IanC66/Shutterstock.
8
O tratado, na realidade, com suas penalidades pesadas, acabou por
semear as causas que levariam o mundo a uma Segunda Guerra Mundial.
Figura 7 – Lênin
10
Já completamente desgastada, após muitas manifestações e protestos, a
monarquia russa iniciou sua queda ao mergulhar o país na Primeira Guerra
Mundial. Sem estrutura militar para enfrentar potências como a Alemanha e o
Império Austro-Húngaro, as tropas russas sofreram sucessivas derrotas, o que
acabou por fazer explodir a revolução.
O processo revolucionário pode ser dividido nas seguintes etapas:
Figura 8 – Os bolcheviques
11
Em 1922, com a situação política definida, após a derrota do Exército
Branco, muitas províncias que haviam se separado da Rússia por ocasião da
guerra civil voltaram a reintegrar-se, formando a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
Em 1924, Lênin morreu, e o governo passou a ser disputado por outros
dois líderes revolucionários: Trótski, que defendia a expansão imediata da
revolução socialista para outros países; e Stálin, que pretendia consolidar
primeiro o socialismo na Rússia e depois expandi-lo. Nessa disputa, Stálin saiu
vitorioso, estabelecendo um governo forte e centralizado. De acordo com seus
princípios, procurou exaltar o nacionalismo e o fortalecimento do socialismo
internamente.
A partir de então, Stálin instaurou um regime autoritário e passou a
perseguir os opositores ao seu governo. Milhares foram presos, torturados e
mortos pela repressão.
Figura 9 – Stalin
Créditos: bissig/Shutterstock.
12
3.4 Crise de 29
13
êxito da Revolução Russa de 1917. Foi nesse contexto que surgiram ideologias
políticas oportunistas, que criticavam as democracias de seus países e
defendiam o fortalecimento do Poder Executivo como única solução para o caos
que havia se instalado, levando as elites econômicas e a classe média a apoiar
a formação de governos fortes e autoritários (totalitários), capazes de restaurar
a ordem e conter as crescentes manifestações operárias (de inspiração
socialista).
Essas ideologias totalitárias baseavam-se em ideais de autoritarismo,
unipartidarismo, extremado nacionalismo e radical postura anticomunista. Dentre
os regimes totalitários surgidos na Europa, entre as décadas de 1920 e 1930,
destacaram-se, primordialmente, o fascismo de Mussolini, na Itália, e o
nazismo de Hitler, na Alemanha, que levou ao assassínio de milhões de
pessoas, principalmente judeus, nos campos de concentração e extermínio.
Figura 10 – Campo de concentração e extermínio de Auschwitz
14
Foi nesse contexto que, com governos fortes e autoritários, Alemanha,
Itália e Japão começaram a desenvolver uma política externa agressiva,
dispostos a romper a ordem internacional invadindo territórios de outros países.
Com as suas políticas fortemente expansionistas, as nações totalitárias
prosseguiram em suas conquistas. Em 1939, após firmar um pacto de não-
agressão com a União Soviética, a Alemanha invadiu a Polônia. Dois dias
depois, sem outro caminho diplomático possível, Inglaterra e França declararam
guerra, iniciando o conflito na Europa.
Ao contrário da guerra de trincheiras de 1914, a Segunda Guerra foi
marcada pelo movimento. Com rápidos deslocamentos de tropas e veículos, os
alemães desenvolveram a chamada guerra-relâmpago (Blitzkrieg), tomando em
sequência vários países europeus.
15
Figura 12 – Ataque japonês a Pearl Harbor
16
após as explosões das bombas nucleares norte-americanas sobre as cidades de
Hiroshima e Nagasaki.
17
4.1 Pós-guerra
18
• Marcartismo – durante a década de 1950, o governo norte-americano,
em uma política conservadora e anticomunista, criou em seu Congresso
um comitê liderado pelo senador Joseph McCarthy contra atividades
denominadas por ele como antiamericanas ou subversivas, em uma
tentativa de justificar a perseguição.
• Muro de Berlin – em 1961, para garantir sua zona de influência na
Alemanha dividida, a URSS construiu o muro, que se tornou um símbolo
da divisão política ocorrida durante a Guerra Fria
• Guerra da Coreia e do Vietnã – durante o período da Guerra Fria, alguns
conflitos meramente regionais tomaram proporções mundiais a partir do
envolvimento de Estados Unidos e União Soviética.
• Revolução Cubana – em 1959, Fidel Castro e Che Guevara derrubaram
a ditadura de Fulgêncio Batista ligada aos interesses norte-americanos na
ilha de Cuba. Após a tomada do poder, Fidel Castro instaurou um regime
socialista ligado à União Soviética.
19
(perestroika). Porém, depois de uma tentativa de golpe e do surgimento de
movimentos separatistas de diversas repúblicas pertencentes à URSS, houve o
inevitável desmembramento e a criação da Comunidade dos Estados
Independentes (CEI). Depois de 69 anos, o poderoso império soviético, que
teve um dos papéis centrais na história do século XX, desmoronou.
20
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
HOBSBAWM, E. Era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. 9.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL
AULA 6
Pensar a história nos faz olhar para trás e investigar os vestígios que
sobreviveram ao tempo, e que chegaram até nós como indícios do passado,
como já comentamos em aula anterior. Tais indícios são a matéria-prima do
historiador. É na compilação e na interpretação desses vestígios que o
historiador irá buscar o conhecimento e o entendimento do passado, o que
denominamos de “ofício do historiador”.
Por mais obtuso que isso possa ser, talvez o maior sonho de um
historiador seja a possibilidade de uma viagem no tempo – poder, como H. G.
Wells fez na literatura, fabricar uma máquina que possa levar ao mais distante
passado, a fim de que conhecimentos e vivências se unam numa só experiência.
Infinitas vezes poderíamos reviver um mesmo momento da história, um mesmo
sentimento, uma mesma dor, uma mesma alegria, uma mesma paixão. Como
quem aperta o botão do replay, inúmeras vezes poderíamos assassinar César
entre os senadores romanos, entregar o pincel para que Leonardo da Vinci desse
o último retoque no quadro da Monalisa, invadir a Bastilha com o povo francês,
e acompanhar o desembarque de Colombo. A história deixaria de ser "história",
para se tornar "reportagem no local, ao vivo". Será que encontraríamos o Olimpo
de Zeus, o rei dos deuses gregos? Será que encontraríamos Iavé, deus dos
judeus? Será que encontraríamos um Cristo pregado a uma cruz?
2
Quantos mitos cairiam ou se confirmariam ao longo de nossas viagens no
tempo! Mas será que o objetivo de um historiador é derrubar mitos, ou a partir
deles entender a mentalidade de um tempo, a maneira de pensar, sentir e agir
de uma época?
Crédito: Delcarmat/Shutterstock.
4
prática à história, passando então a exaltar o papel e a importância de Roma,
como centro do mundo e como medida de civilização, legando à condição de
rudes bárbaros todos que não fossem romanos.
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concentrou toda a cultura. O clero falava o latim, língua em que eram redigidos
os documentos da época. O uso da escrita havia quase desaparecido. O ensino
era privilégio da Igreja, de modo que acontecia geralmente nas escolas dos
mosteiros, sendo destinado quase que exclusivamente aos seus membros.
Mais tarde, a Inquisição estabelecida a partir do século XIII teve como
objetivo defender a Igreja Católica, julgando e punindo as heresias, isto é, as
supostas faltas contra Deus e contra a Igreja, sua pretensa representante na
Terra. A Igreja se encarregava de perseguir e destruir toda sabedoria que
pudesse ameaçar seu domínio; para tanto, chegou a criar o index librorum
prohibitorum, uma relação de livros proibidos a todo cristão. Para buscar
conhecimento, era necessário desafiar, arriscar-se a condenações e punições.
Figura 3 – Inquisição
8
"história da civilização", interessada em mostrar a história como sendo um
desenvolvimento linear, progressivo e ininterrupto. Os historiadores passaram a
se voltar à ação política e a seus grandes eventos e personagens.
Foi na Alemanha do século XIX que surgiu a preocupação em transformar
a história em uma ciência, de modo que o critério da prova documental passa a
ter um peso cada vez mais significativo na narrativa historiográfica. A máxima de
de Leopold von Ranke segundo o qual a história deveria narrar os fatos "como
eles realmente se passaram". Nessa perspectiva, a escrita da História deveria
estar condicionada especificamente aos olhares institucionais, cabendo ao
historiador compreender um leque de fontes documentais (pois estas teriam
validade para uma produção científica sobre o passado, de acordo com a visão
rankeana). A compreensão da História como uma ciência que junta retalhos que
se encaixam linearmente, como uma grande sucessão de acontecimentos, é
uma visão que possui expressividade no campo historiográfico e se faz muito
presente, principalmente nos moldes da disciplina na Educação Básica (ainda
que críticas sobre essa perspectiva sejam muito fortes em outras vertentes
teóricas).
Ainda no século XIX, Karl Marx e Friedrich Engels, ao fazerem a crítica da
sociedade em que viviam, e apresentarem propostas para sua transformação,
elaboraram uma nova concepção filosófica de mundo, que mudou
definitivamente a forma de pensar e produzir história. Os referidos pensadores
estudaram, por intermédio do materialismo histórico (categoria de análise
desenvolvida por ambos), as características políticas e econômicas do projeto
social dominante na modernidade: o capitalismo.
9
Apesar da concepção marxista não ter sido adotada integralmente, aos
poucos foram aparecendo influências dessa teoria de história, sobretudo na
França, em trabalhos publicados na revista Annales, lançada em 1929 por Marc
Bloch e Lucien Febvre. Esses historiadores abriram um campo mais amplo de
análise e produção historiográfica. Sem desejar que suas teorias e hipóteses
fossem consideradas verdades absolutas, queriam, pelo contrário, a prática de
uma história questionadora e sem respostas prontas. Ao invés do estudo dos
fatos singulares, procuraram chamar a atenção para a análise das estruturas
sociais, estudando seu funcionamento e evolução, e considerando os grupos
humanos sob todos os seus aspectos, de modo que a História estivesse aberta
a outras áreas do conhecimento humano, como a geografia, a antropologia e a
sociologia. Foi sem dúvida a precursora dos campos de interesse da chamada
Nova História, com sua história das mentalidades, do cotidiano, da vida privada,
do cinema e outros. Os objetos de investigação da História se multiplicaram a
partir de então, fazendo surgir uma enorme variedade de temas e de
possibilidades de fontes.
Como se vê, a análise histórica oscilou constantemente ao longo do
tempo, interferindo e imprimindo diferentes ritmos sobre as formas de fazer sua
escrita até a atualidade.
Como vimos, foi desde o século XIX que a história tomou novos
direcionamentos, encaminhando-se para se tornar uma ciência em busca de
método próprio. Nesse contexto, surgiu a chamada “escola metódica”, que
buscava fugir da subjetividade e do comprometimento de antigos cronistas.
O historiador deveria, assim, zelar pela objetividade, a fim de apresentar
seus escritos sem qualquer traço da estética literária. Seu discurso deveria ser
frio, duro e sem quaisquer resquícios de “paixões” pessoais. Deveria, tão
somente, descrever o que estava contido na fonte, buscando apenas pesquisar
os documentos, reuni-los, classificá-los, para a construção de sua narrativa,
agrupando e ordenando os fatos numa sequência de causa e efeito.
No entanto, como vimos, a virada do século trouxe à baila intensos
debates, que punham em evidência a maneira como tal “escola historiográfica”
pensava e produzia conhecimento, principalmente a partir de 1929, com Marc
Bloch e Lucien Febvre, na École des Annales. A Nova História que começava a
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dar seus primeiros passos se apresentava como uma reação contra o paradigma
tradicional.
Peter Burke salienta que a crítica à história tradicional pode ser resumida
em seis pontos principais:
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REFERÊNCIAS
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