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Egito

Capital - Cairo
História do Egito
Período Pré-dinástico (c. 5500-3100 a.C.)
● Durante esse período, várias
comunidades agrícolas se
estabeleceram ao longo do rio Nilo.
Essas comunidades gradualmente
Período Pré-dinástico se uniram e formaram dois reinos
(c. 5500-3100 a.C.) distintos: o Baixo Egito, ao norte, e
o Alto Egito, ao sul. Por volta de
3100 a.C., o rei Menés, também
conhecido como Narmer,
unificou os dois reinos,
fundando a primeira dinastia e
iniciando o Antigo Império.
Baixo Egito e
Alto Egito ●
Rei Menés
Unificador do Egito
Antigo Império (c. 3100-2181 a.C.)
● O Antigo Império do Egito foi
marcado por um forte governo
centralizado e pela construção de
pirâmides. A terceira e a quarta
dinastias são conhecidas pela
Construção de construção das grandes
pirâmides de Gizé, incluindo a
pirâmides famosas Pirâmide de Quéops, uma das
Sete Maravilhas do Mundo
Antigo. No final do Antigo Império,
ocorreu uma queda de poder
central e um período de
fragmentação política conhecido
como o Primeiro Período
Intermediário.
Pirâmides de Gizé.
Médio Império (c. 2040-1640 a.C.)
● Durante o Médio Império, os faraós
recuperaram o controle
centralizado e houve um
renascimento cultural e econômico.
Faraós como Amenemhat I e
Senusret III foram notáveis por
suas realizações na construção de
monumentos e obras públicas.
Durante essa época, o Egito
também expandiu seu comércio e
alcançou relações diplomáticas
com outras nações vizinhas.
Amenemhat I
Faraó
Senuseret III
Faraó
Segundo Período Intermediário (c. 1640-1550
a.C.)
● O Segundo Período Intermediário
foi marcado por conflitos e pela
fragmentação política. Durante
Segundo Período Intermediário esse tempo, o Egito foi invadido e
(c. 1640-1550 a.C.) governado por povos estrangeiros,
como os hicsos, que introduziram
novas tecnologias militares e
governaram o país por cerca de
100 anos.
Povos hiksos
Novo Império (c. 1550-1070 a.C.)
● O Novo Império foi uma época de
grande poder e expansão para o
Egito Antigo. Faraós notáveis,
como Hatshepsut, Tutancâmon,
Ramsés II e Amenófis IV (mais

Faraós notáveis tarde conhecido


Aquenáton), governaram durante
como

esse período. O Egito alcançou seu


auge militar e territorial,
estendendo sua influência sobre a
região do Levante e realizando
campanhas militares na Núbia e na
Síria.
Hatshepsut
A primeira grande faraó feminina
do Egito
Tutankhamun
Tutancâmon ou Tutancámon, Tutancamon ou ainda
Tutankhamon foi um faraó da décima oitava
dinastia, durante o período da história egípcia
conhecido como Império Novo. Desde a descoberta
de sua tumba intacta, foi referido coloquialmente
como Rei Tut.
´Ramses II
Amenófis IV ●
Aquenáton conhecido antes do quinto ano de
reinado como Amenófis IV ou em egípcio
antigo Amenotepe IV, foi um Faraó da XVIII
dinastia do Egito que reinou por dezessete
anos e morreu em 1336 ou 1 334 a.C
Terceiro Período Intermediário (c. 1070-712 a.C.)
Governado por ● Após o declínio do Novo Império, o
Egito entrou em outro período de

várias dinastias fragmentação política e conflitos


internos. Durante esse período, o
Egito foi governado por várias
dinastias locais e pelo Império
Assírio.
Período Tardio (c. 712-332 a.C.)
● O Período Tardio foi marcado pela
conquista do Egito pelo Império
Aquemênida da Pérsia em 525 a.C.
Fusão da cultura e, posteriormente, pela conquista
de Alexandre, o Grande, em 332
grega com a egípcia a.C. O domínio grego no Egito
trouxe uma fusão da cultura
grega com a egípcia, resultando
no estabelecimento da dinastia
ptolemaica, com Ptolomeu I
como seu fundador.
Potolomeu I
Domínio Ptolemaico (c. 305-30 a.C.)
● Os Ptolomeus governaram o Egito
como faraós durante o domínio
helenístico. Cleópatra VII, uma das
últimas faraós ptolomaicas, é uma

Cleópatra VII das figuras mais conhecidas dessa


dinastia. Durante esse período,
houve avanços significativos na
economia, na ciência e nas artes,
com Alexandria se tornando um
importante centro intelectual do
mundo antigo.
Cléopatra VII
Cleópatra
● A relação entre Júlio César e
Cleópatra, a última rainha do Egito,
é uma das histórias mais famosas
César e e controversas do mundo antigo.
● Em 48 a.C., César chegou ao
Cleópatra Egito após uma vitória na Guerra
Civil contra Pompeu e lá
encontrou Cleópatra. Embora ela
tivesse apenas 21 anos e ele, 52,
os dois se apaixonaram e tiveram
um relacionamento que durou
vários anos.
Filme sobre Cleópatra e César.
● A relação entre César e Cleópatra foi
marcada por eventos dramáticos, como

César e quando César instalou Cleópatra no


palácio real, expulsando seu irmão
Ptolomeu XIII, que era seu rival pelo
Cleópatra tiveram trono. Juntos, eles tiveram um filho,
Cesarião, que muitos acreditavam ser o
um filho ●
herdeiro legítimo de César.
No entanto, o relacionamento entre César
e Cleópatra também trouxe muita
controvérsia. Muitos romanos
desaprovavam a relação, vendo-a como
uma ameaça à integridade do Império
Romano. Alguns rumores também
afirmavam que Cleópatra era uma
feiticeira e que havia seduzido César com
seus poderes mágicos.
● Na famosa cena do assassinato de
César, que foi descrita pelo
historiador romano Plutarco, Bruto
“César tem que é mencionado como um dos
conspiradores que apunhalou
morrer” César, embora outros tenham
também participado do ataque.
Após o assassinato de César,
Bruto fugiu de Roma, mas acabou
sendo derrotado por Marco Antônio
e Otaviano na batalha de Filipos
em 42 a.C.
● Em 44 a.C., César foi assassinado
pelos senadores romanos, o que

Cleópatra e acabou sendo um duro golpe para


Cleópatra. Pouco tempo depois,

Marco Antônio ela se envolveu com o sucessor de


César, Marco Antônio, o que
acabou levando a outra guerra civil
contra o rival de Marco Antônio,
Otaviano, que acabou vencendo e
se tornou o primeiro imperador
romano.
● A morte de Cleópatra ocorreu após
uma série de eventos dramáticos
que levaram à derrota das forças

Fim de egípcias por Otaviano, o herdeiro


político de Júlio César. Cleópatra

Cleópatra havia se aliado a Marco Antônio,


um dos aliados de César, e juntos
eles lutaram contra Otaviano na
batalha de Áccio em 31 a.C. No
entanto, suas forças foram
derrotadas, e tanto Cleópatra
quanto Marco Antônio foram
forçados a fugir.
● Depois disso, Cleópatra se refugiou
em um templo, onde foi capturada por
soldados romanos enviados por
Otaviano. Há relatos de que ela tentou
Morte de se aproximar de Otaviano para
negociar sua liberdade, mas sem
sucesso. Então, ela teria decidido tirar
Cleópatra a própria vida em vez de ser levada
como prisioneira para Roma.
● A morte de Cleópatra marcou o fim da
dinastia ptolomaica do Egito e o fim
da independência do país em relação
a Roma. Sua vida e morte são
lembradas como uma das histórias
mais fascinantes e dramáticas da
história antiga.
Domínio Romano (30 a.C. - 641 d.C.)
● Após a morte de Cleópatra VII, o
Domínio romano e Egito foi anexado pelo Império
Romano e se tornou uma província
depois conquista romana. Durante esse período, o
árabe cristianismo se espalhou pelo Egito
e a região testemunhou a ascensão
do monasticismo cristão. Em 641
d.C., o Egito foi conquistado pelos
árabes muçulmanos e se tornou
parte do Império Islâmico.
Período Bizantino (395-641)
● Após a divisão do Império Romano
em 395 d.C., o Egito tornou-se
parte do Império Bizantino. Durante
Parte do Império esse período, o cristianismo se
fortaleceu no Egito e Alexandria
Bizantino continuou sendo um centro
importante para o pensamento
teológico. O Egito também
enfrentou ameaças externas, como
invasões dos povos bárbaros e
conflitos religiosos, especialmente
relacionados à heresia monofisita.
Período Árabe-Islâmico (641-1517)
● Em 641 d.C., o Egito foi
conquistado pelos árabes
muçulmanos liderados por Amr
ibn al-As. Com a chegada do Islã,
Chegada do o Egito passou por uma grande
transformação cultural e religiosa.
Islã Cairo tornou-se a nova capital e o
islamismo gradualmente substituiu
o cristianismo como a religião
dominante. Durante o período
árabe-islâmico, o Egito foi
governado por diferentes dinastias,
como os Omíadas, Abássidas,
Fatímidas e Mamelucos.
Amr ibn al-As
Anre ou Ambre ibne Alas foi um general árabe
muçulmano, um dos sahaba e um político influente.
Embora tenha começado por ser um dos líderes
coraixitas que combateram o Islão, depois da sua
conversão ao Islão em 629 subiu rapidamente na
hierarquia militar muçulmana.
Período dos Mamelucos (1250-1517)
● Os Mamelucos eram uma classe
militar de origem turco-circassiana
que governou o Egito por cerca de
Invasões e 250 anos. Durante esse período, o
Egito experimentou um
influência cultural renascimento cultural e econômico,
com o desenvolvimento de belas
artes, arquitetura e comércio. No
entanto, o Egito também enfrentou
conflitos internos e invasões
estrangeiras, como a invasão
mongol liderada por Hulagu Khan.
Hulagu Cã
Hulagu Cã era um imperador mongol que
conquistou muito do sudoeste asiático.
Neto de Gengis Cã e irmão de Arigue
Buga, Mangu e Cublai, ele se tornou o
primeiro cã do Ilcanato.
Domínio Otomano (1517-1882)
● Em 1517, o Egito foi conquistado
pelo Império Otomano e tornou-se
uma província sob seu controle.
Conquistado Durante esse período, o Egito
testemunhou um renascimento
pelos Otomanos cultural sob o governo de líderes
otomanos conhecidos como os
"vice-reis" ou "paxás". No entanto,
o Egito também enfrentou períodos
de instabilidade política e crises
econômicas.
Ocupação Britânica (1882-1952)
● Devido a uma série de problemas
políticos e econômicos, a
Grã-Bretanha assumiu o controle
efetivo do Egito em 1882. O Egito
Grã-Bretanha tornou-se um protetorado britânico,
assumiu o comando embora nominalmente ainda fosse
uma província otomana. Durante a
ocupação britânica, houve um
aumento do nacionalismo egípcio e
o surgimento de movimentos
políticos e sociais que buscavam a
independência.
Processo de Independência do Egito
● No início do século XX, o Egito já
Nacionalismo e estava despertando para o
nacionalismo e o desejo de
Movimentos independência. Movimentos e
Pré-independência organizações começaram a se
formar, como a Sociedade dos
Irmãos Muçulmanos, fundada em
1928 por Hassan al-Banna, e a
Associação Wafd, liderada por
Saad Zaghloul.
Hassan al
Banna
Hasan al-Banna de seu nome completo Hassan
Ahmed Abdel Rahman Muhammed al-Banna, foi um
militante islâmico egípcio. professor e fundador da
Irmandade Muçulmana. Ele é o avô de Tariq
Ramadan e Hani Ramadan
Saad Zaghloul
Saad Zaghloul foi um político egípcio. Depois de
dirigir o Partido Wafd, tornou-se primeiro-ministro
em 26 de janeiro de 1924, cargo que ocupou até 24
de novembro de 1924. Ele era o irmão de Ahmed
Fathi Zaghloul, e assim como seu irmão, lutava pela
independência do Egito do domínio britânico.
Revolução de 1919
● A Revolução Egípcia de 1919 foi
um marco importante no
caminho para a independência.
Marco Após a Primeira Guerra Mundial, o
Egito esperava que a Grã-Bretanha
importante cumprisse sua promessa de
conceder a independência em troca
do apoio egípcio durante a guerra.
Quando isso não aconteceu, os
egípcios organizaram protestos em
massa e greves em todo o país,
exigindo a independência total.
● Em 1936, o Tratado Anglo-Egípcio
foi assinado, revogando o domínio
Tratado de britânico direto e reconhecendo o
Egito como um estado
1936 independente, embora ainda sob
influência britânica. O tratado
estipulava a retirada gradual das
tropas britânicas do Egito e a
concessão de mais autonomia
política.
● Em 1952, um movimento militar
conhecido como Revolução de
Revolução de 1952, liderado pelo oficial Gamal
Abdel Nasser e pelo grupo militar
1952 conhecido como Oficiais Livres,
derrubou o rei Faruque I. A
revolução teve como objetivo
acabar com a monarquia e
estabelecer um governo mais justo
e democrático.
Oficiais livres em 1953
Guerra de Suez
● "Na verdade, a influência inglesa
continuaria na região através de
uma articulada atuação
Presença diplomática. Após a Segunda
Guerra Mundial, essa importância

inglesa seria ampliada com a valorização


do petróleo do Oriente Médio e a
estratégica função do Canal de
Suez, construção de engenharia
que interligava comercialmente
várias embarcações que
circulavam entre o Oriente, a
Europa e a porção norte da
África."
● "Insatisfeitos com a presença
estrangeira no país, um grupo de
Golpe de estado militares, liderados pelo coronel
Gamal Abdel Nasser, organizou um
golpe de Estado que derrubou o
Gamal Abdel governo do rei Faruk, em 1952.
Logo de início, os golpistas
Nasser chegaram ao poder dispostos a
implantar um conjunto de reformas
pautadas na estatização das
Época dos grandes
empresas e na limitação dos
nacionalismos países estrangeiros na economia
nacional. Além disso, devemos
frisar que o novo governo
implantou uma reforma agrária
apoiada pelos soviéticos."
Rei Faruk
Gamal Abdel
Nasser
● "Em tempos de Guerra Fria, o apoio
soviético ao Egito representava uma
séria ameaça aos interesses de
Nacionalização países como França, Inglaterra e
Israel. Tal desconfiança se agravou
do Canal de Suez ainda mais com a determinação
egípcia de fechar o porto de Eliat e
promover a nacionalização do Canal
de Suez. Por meio dessa última ação,
o bloco capitalista acreditava que a
União Soviética poderia consolidar um
forte aliado político no Oriente Médio
através dos egípcios."
Porto de Eliat - Egito
● "Reagindo imediatamente ao
bloqueio e à nacionalização do
canal, os israelenses – com apoio
Ataque ao franco-britânico – declararam
guerra ao Egito. No dia 29 de
Port-Said outubro, os judeus organizaram
uma violenta ação militar com a
invasão imediata da península do
Sinai. Paralelamente, grupos de
paraquedistas franceses e
britânicos realizaram a tomada de
Port-Said, região de entrada do
Canal de Suez."
Fumaça de barris de petróleo atingidos durante o ataque anglo-francês em Porto Said, 5 de
novembro de 1956.
● "Temendo uma reação mais extremada
dos soviéticos, os Estados Unidos
desaprovaram a realização daquele
conflito.
Ameaça russa e ● Fortalecida, a União Soviética
ameaçou as cidades de Londres e

vitória do Egito Paris com a promoção de uma ofensiva


nuclear. Mediante tal configuração, os
israelenses se viram obrigados a
recuar suas tropas.
● Dessa forma, os soviéticos
conquistaram uma zona de influência
no mundo árabe. Sob o contexto dos
interesses econômicos, árabes e
judeus acentuavam a tenso clima da
região."
Sucessores de Abdel Nasser
● Anwar Sadat, que foi
vice-presidente sob Nasser,
assumiu a presidência após a
morte de Nasser. Ele implementou
Anwar Sadat uma série de reformas econômicas,
incluindo a abertura do país para o
investimento estrangeiro e a
(1970-1981) adoção de políticas de livre
mercado. Sadat é mais conhecido
por assinar o Acordo de Camp
David em 1978, que estabeleceu a
paz com Israel. No entanto, sua
política externa pró-ocidente e
suas políticas internas
autoritárias levaram ao seu
assassinato em 1981.
Anwar Al Sadat
Ex-Presidente do Egito
● Hosni Mubarak assumiu a
presidência após o assassinato de
Sadat. Durante seu longo mandato,

Hosni Mubarak Mubarak governou de forma


autocrática, restringindo as

(1981-2011) liberdades civis e reprimindo a


oposição política. Seu governo foi
marcado por corrupção
generalizada e desigualdade
econômica. Em 2011, Mubarak foi
deposto após uma série de
protestos em massa durante a
Primavera Árabe.
Hosni Mubarak
Muhammad Hosni Said Mubarak foi um militar e
político egípcio, presidente da República Árabe do
Egito de 1981 até 2011. A partir de sua ascensão na
Força Aérea egípcia, tornou-se vice-presidente em
1975; sucedeu Anwar Al Sadat, depois que este foi
assassinado, em 6 de outubro de 1981.
● Mohamed Morsi, membro da
Irmandade Muçulmana, venceu as
eleições presidenciais de 2012 e se
Mohamed Morsi tornou o primeiro presidente
democraticamente eleito do Egito.
(2012-2013) No entanto, seu mandato foi
marcado por divisões políticas e
protestos massivos contra seu
governo. Em 2013, após uma onda
de protestos, Morsi foi deposto
pelo exército liderado pelo
general Abdel Fattah el-Sisi
Mohamed Morsi
Mohamed Mohamed Morsi Issa al-Ayyat foi
um político do Egito, foi o 5º presidente do seu
país de 2012 até 2013, ano que foi deposto.
Entre 30 de abril de 2011 e junho de 2012 foi
presidente do Partido da Liberdade e da
Justiça, partido político fundado pela
Irmandade Muçulmana após a Revolução
Egípcia de 2011.
Atualidades
Contexto
● Os Estados Unidos (EUA)
acumulam derrotas no Oriente
Acúmulo de Médio (Bush e o fracasso da
invasão do Iraque; Obama e sua
derrotas dos EUA “linha vermelha” ignorada por
Bashar al-Assad na Síria; Biden
no Oriente Médio e a saída conturbada do
Afeganistão).
● Isso, somado à ascensão
chinesa, vem reorientando o foco
da política externa
estadunidense para o
Indo-Pacífico.
● Como consequência da
diminuição do engajamento
global de potências ocidentais no
“Oriente Médio e Norte da África”
(MENA, na sigla em inglês) – há
Aumento da uma percepção geral de inação
americana e de fraqueza
presença chinesa europeia –, não só há aumento
da presença de China e Rússia
na região, mas também as
próprias potências
médio-orientais vêm disputando
influência e protagonismo, em
uma nova dinâmica de equilíbrio
de poder.
● Buscando avançar suas agendas
de interesses, países como
Aumento da Arábia Saudita, Turquia, Irã,
Paquistão, Emirados Árabes
presença chinesa Unidos (EAU) e Egito
reposicionam-se na geopolítica
regional, interferindo em conflitos
como o da Líbia e nas guerras
civis de Síria e Iêmen.
Razões de envolvimento ● As razões pelas quais essas
potências se envolvem em
das potências em conflitos conflitos externos são diversas:
externos ○ preocupações com a segurança,
distração de crises internas,
comércio, ideologia e cooperação
entre autocracias (armas, contratos
governamentais, empréstimos).
● Externamente, há uma ordem
mais instável do que se os EUA
Interferências geram estivessem engajados na região,
mais instabilidade onde as interferências – diretas
ou indiretas – de potências
médias em outros países apenas
eleva o nível de desordem (vide
Paquistão no Afeganistão).
● Internamente, o Oriente Médio
Problemas de enfrenta problemas de
endividamento desemprego, endividamento
público (com a China, em
público particular, como é o caso do
Paquistão), dependência do
petróleo e carência de serviços
públicos, que poderiam ensejar
protestos como os da Primavera
Árabe.
Potências regionais de maioria muçulmana
no Grande Oriente Médio
Egito
● O Egito apresenta uma inserção
internacional multifacetada, que
abrange o Oriente Médio, a
África e o espaço mediterrâneo,
e exerce influência, estritamente,
em seu contexto regional
imediato.
Troca de líderes ● Eleito na esteira dos protestos da
Primavera Árabe, que levaram à
renúncia de Hosni Mubarak após
trinta anos no poder, o governo
do ex-líder da Irmandade
Muçulmana, Mohamed Morsi, foi
derrubado, e o general Abdul
Fatah el-Sisi foi eleito presidente
do país.
Hosni Mubarak
Muhammad Hosni Said Mubarak foi um militar e
político egípcio, presidente da República Árabe do
Egito de 1981 até 2011. A partir de sua ascensão na
Força Aérea egípcia, tornou-se vice-presidente em
1975; sucedeu Anwar Al Sadat, depois que este foi
assassinado, em 6 de outubro de 1981.
Mohamed Morsi
Mohamed Mohamed Morsi Issa al-Ayyat foi
um político do Egito, foi o 5º presidente do seu
país de 2012 até 2013, ano que foi deposto.
Entre 30 de abril de 2011 e junho de 2012 foi
presidente do Partido da Liberdade e da
Justiça, partido político fundado pela
Irmandade Muçulmana após a Revolução
Egípcia de 2011.
Abdul Fatah
Khalil Al-Sisi
Abdel Fattah Saeed Hussein Khalil
as-Sisi, mais conhecido como General
Sisi, é um militar e político egípcio, atual
presidente do Egito desde 2014. Desde
agosto de 2012 é o chefe das Forças
Armadas e o ministro da Defesa do país
transcontinental
● O golpe que derrubou Morsi teria
contado com auxílio financeiro de
Arábia Saudita e EAU, contrários
EAU e Arábia Saudita à Irmandade Muçulmana. El-Sisi,
refletindo o bom relacionamento
financiaram o golpe que com os sauditas, assinou
derrubou Morsi acordos comerciais e autorizou a
transferência de duas ilhas para
a Arábia Saudita, no golfo de
Ácaba, que integrarão o projeto
NEOM (“novo futuro”), uma
megacidade planejada por
Riade.
● Primeiro país muçulmano a
reconhecer Israel (em 1979, com
Egito é tradicional Anwar al-Sadat), o Egito é um
tradicional mediador do conflito
mediador na questão israelo-palestino, tendo mediado
israelo-palestino um cessar-fogo entre as duas
partes em maio de 2021, após
uma escalada de tensões
envolvendo o despejo de
comunidades palestinas de áreas
de Jerusalém Oriental.
● Durante anos, o Egito também
arbitrou conflitos entre os dois
grupos de representação política
Egito condenou a decisão palestina: o Fatah, que possui
dos EUA de reconhecer uma visão política mais laica, e o
Hamas, que defende uma
Jerusalém como capital de atuação político-religiosa na
Israel Palestina. Mais recentemente,
el‑Sisi condenou o
reconhecimento de Jerusalém
como capital de Israel pelos
EUA, gesto visto como
obstáculo para uma paz
duradoura entre Palestina e
Israel.
● A postura cooperativa do Egito
no conflito israelo-palestino teve
como objetivo, nos últimos anos,
não apenas aumentar sua
Egito busca aumentar influência regional, mas também
influência regional angariar simpatias contra o
projeto da barragem da
Renascença, desenvolvido
pela Etiópia a montante do Nilo
e visto como uma ameaça à sua
segurança.
● Outro foco de atuação da política
externa do Egito é a guerra civil
da Líbia, que eclodiu em 2011,
após a queda de Muammar
Apoio egipcío ao Kadafi. O Egito, juntamente
general Haftar na guerra com países como Arábia
Saudita, EAU e Rússia, apoia o
civil da Líbia general Haftar, em contraste
com a Turquia que, ao lado do
Catar, apadrinhou a posição da
Organização das Nações Unidas
(ONU) de reconhecimento do
Governo de União Nacional
(GNU, na sigla em inglês) de
Fayez al-Sarraj, em Trípoli.
general Haftar
● A estratégia convergente de
EAU, Arábia Saudita e Egito, na
Líbia, baseia-se no objetivo
conjunto de derrotar, em
Egito não defende definitivo, a ameaça
representada pelos movimentos
uma intervenção de contestação de 2011 e, ainda,
militar na Líbia combater
“ameaça
a
da
influência da
Irmandade”.
Diferentemente desses países,
porém, o Egito não defende
uma intervenção militar na
Líbia, mas, sim, negociações
diplomáticas que previnam
uma deterioração do cenário
de “caos” no país.
● Em termos de capacidade militar,
o Egito chegou ao topo da lista
de maiores clientes da indústria
Egito tornou-se um dos militar da França, graças a um
maiores clientes da pedido de trinta jatos
combatentes Rafale, em 2021. A
indústria militar da França
aproximação entre o regime
militar egípcio e a república
francesa também tornou o
Oriente Médio o maior
importador de armas francesas
em 2021.
● Por fim, buscando enfrentar seus
graves problemas urbanos, em
que se sobressai o trânsito do
Cairo, além de modernizar sua
Construção de imagem externa, a exemplo de
cidades planejadas países como os EAU e a Arábia
Saudita, o Egito vem criando
grandes cidades planejadas,
inclusive uma nova capital, a
“Futura Capital
Administrativa”, a 35 km de
Cairo Antiga.
Índice
● Primavera Árabe (2010-2011)
○ Primavera Árabe no Egito
● “Segunda” Primavera Árabe (2018)
○ Segunda Primavera Árabe no Egito
Primavera Árabe (2010-2011)
Primavera Árabe (2010-2011)
● A Primavera Árabe eclode no final
de 2010 no norte do continente
africano, acima do Sahel e se
Início da espalhou, pelo mundo árabe, tanto
no Oriente Médio quanto no norte
Primavera Árabe da África.
● No caso do norte da África, em
2010 e em 2011, embora tenha
havido protestos na Argélia, no
Marrocos, na Mauritânia e no
Sudão, os casos de destaque
são Tunísia, Egito e Líbia.
Revolução no ● Na porção asiática da região, a
instabilidade levou à revolução no
Iêmen e Guerra Iêmen e iniciou processo que

Civil na Síria resultou na eclosão da guerra civil


na Síria.
● Com a desestabilização de
atores de relevo na região (Egito,
Iraque, Líbia e Síria), a Primavera
Árabe criou um vácuo de poder.
● Entre os elementos de contexto ou de
causas comuns, apontam-se fatores
Fatores políticos, ●
políticos, econômicos e sociais.
Entre os fatores políticos, estão o
econômicos e déficit democrático comum a todos os
países afetados, em que
sociais normalmente havia governos há
muito tempo no poder com caráter
autocrático, em contexto de
repressão, do cerceamento da
oposição e de fortes críticas à
corrupção, ao mesmo tempo que
buscavam manter algum verniz liberal,
por meio, por exemplo, da garantia de
determinadas liberdades.
● Entre os elementos econômicos,
estão a insatisfação com o baixo
dinamismo da economia, o
Aumento da inflação aumento da inflação, o crescente
desemprego, em especial sobre a
e desemprego população jovem, e adoção de
medidas austeras e restritivas, o
que se explica também pelos
reflexos da crise financeira
internacional de 2008-2009 e da
crise alimentar de 2007-2010.
● Entre os elementos sociais,
Explosão demográfica podem-se apontar a explosão
demográfica, a desigualdade
e manifestações social, o aprofundamento de
“espontâneas” choques entre setores religiosos e
laicos, o fortalecimento dos
movimentos sociais e de
manifestações “espontâneas”,
catalisadas pelo uso de redes
sociais.
● Traço comum do desdobramento
da Primavera Árabe foi a repressão
Traço comum - governos dos governos afetados e as
com tensões sobre o tensões sobre o contrato social que
regulava as relações entre
contrato social governantes e governados, de
autoritarismo mesclado com
oferta de serviços sociais,
empregos e preços subsidiados,
mantidos pelos recursos advindos
das receitas, em geral, do petróleo.
Colapsos no ● Como consequências gerais,
pode-se apontar o colapso dos
governo do Egito, regimes vigentes na Tunísia, no

Líbia e Tunísia Egito e na Líbia, ao mesmo tempo


que se pode perguntar que
democracia era desejada pelos
agentes envolvidos na Primavera
Árabe e que democracia é possível
nesses países.
● O momento imediatamente
posterior à euforia da “Primavera”
foi o “Inverno Árabe”, em que se
nota a ressurgência do
autoritarismo e do extremismo
islâmico, em especial no Egito
“Inverno Árabe” entre os países analisados, ou do
colapso das estruturas de Estado,
como acontece na Líbia,
tornando-se terreno propício
para o fortalecimento da
penetração de grupos
extremistas no continente
africano.
● Outra consequência que poderia
ser apontada, que se evidencia
tanto no caso do norte da África

Crise migratória como em


médio-orientais,
outros
é a
países
crise
migratória, com fluxos
principalmente para outros
países da região e também para
a Europa.
Primavera Árabe no Egito
● Grandes protestos (“Revolução
de Lótus” ou “Revolução do
Governo egipcío Nilo”) estouraram no país no final
falhou em controlar de janeiro de 2011, poucos dias
após a queda de Ben Ali na
as manifesetações Tunísia.
● O governo egípcio também
tentou e falhou em controlar os
protestos, oferecendo
concessões enquanto reprimia
violentamente os manifestantes.
● O cenário egípcio conjugava
insatisfação crescente
especialmente das classes

Insatisfação médias, desde ao menos a


década anterior, com críticas ao
abuso de poder, à repressão
crescente política e às condições
socioeconômicas do país, que
eram fomentadas por meio da
utilização de novos meios de
comunicação (por exemplo,
“Movimento Jovem 6 de
Abril”).
● Em 2011, os protestos
compreenderam demandas pela
Demandas da renúncia imediata do presidente
Hosni Mubarak, a dissolução do
população Parlamento, a formação de
governo de unidade nacional,
início de negociações para
reformar a Constituição e o fim
do estado de exceção (em vigor
desde 1981).
● Depois de vários dias de
manifestações e confrontos entre
manifestantes e forças de
Exército egípcio se segurança no Cairo (tendo a Praça
recusou a ir contra os Tahir como centro) e no restante do
país, incluindo a derrubada da
manifestantes internet em todo o Egito, uma
virada ocorreu no final do mês
quando o Exército egípcio
anunciou que se recusaria a usar
a força contra os manifestantes
que pediam a remoção de
Mubarak.
● Tendo perdido o apoio dos

Mubarak deixa militares, Mubarak deixou o cargo


em 11 de fevereiro, cedendo o

o cargo poder a um conselho de oficiais


militares seniores.
● O papel do Conselho Supremo das
Forças Armadas é importante para
entender o desdobramento da
Primavera Árabe no país.
● Os militares dissolveram o
Parlamento, suspenderam a
constituição e prometeram terminar
Militares dissolveram com o estado de exceção. Foram
o parlamento e convocadas eleições e emitida
Declaração Constitucional, para
novas eleições reger provisoriamente o país.
Pela primeira vez na história do
país, as eleições presidenciais, de
2012, levaram ao governo um civil,
Mohamed Morsi, do Partido
Liberdade e Justiça (FJP, na sigla
em inglês), fortemente ligado à
Irmandade Muçulmana.
● O partido também havia sido o
principal vencedor das eleições
Declaração parlamentares de 2011-2012.
constitucional temporária Antes da conclusão da negociação
da nova Constituição, Morsi emitiu
uma declaração constitucional
temporária em novembro que lhe
concedia amplos poderes.
Assembleia ● A Constituição foi adotada apenas
em dezembro de 2012, depois de
Constitucional ter sido aprovada no mês anterior
pela Assembleia Constitucional
que foi escolhida pelo
Parlamento controlado pelo FJP.
● Em junho de 2013, eclodiram
protestos pedindo a renúncia de
Morsi. Os militares, apoiados pela

Deposição de oposição política e importantes


figuras religiosas, intervieram e
depuseram Morsi. A nova
Morsi Constituição foi suspensa, e um
presidente interino foi nomeado.
Após a deposição de Morsi, o
ministro da Defesa e
comandante-em-chefe das Forças
Armadas do Egito, Abdel Fattah
al-Sisi, comandou a instalação
de governo interino.
● A Irmandade Muçulmana foi
Irmandade Muçulmana declarada grupo terrorista em
foi colocada na dezembro de 2013.
ilegalidade e Morsi é ● As manifestações pró-Morsi foram
reprimidas, resultando em mais de
morto 800 mortes. Morsi foi preso,
julgado e condenado à morte.
Após a anulação dessa
sentença, morreu em 2019
enquanto seguia sob custódia,
aguardando novo julgamento.
Mubarak recebeu ● Mubarak, por sua vez, recebeu

prisão perpétua pena de prisão perpétua em 2012,


mas após recurso à Corte de
Apelações em 2015, foi absolvido
em 2017 e morreu em 2020.
Mubarak é preso.
Segunda Primavera Árabe no Egito
● No Egito, nova Constituição
também foi adotada em janeiro de
Nova Constituição 2014, após aprovação em consulta
popular. Em maio de 2014, foram
em 2014 realizadas eleições presidenciais,
boicotadas por diversos partidos
islamistas e com comparecimento
eleitoral inferior a 50%, com vitória
por cerca de 97% dos votos de
Abdel Fattah al-Sisi.
● Al-Sisi é criticado
internacionalmente pelo caráter
Críticas ao autoritário de seu governo, com
alegadas violações de direitos
governo do Al-Sisi humanos. Em 2015, foram
realizadas eleições para a câmara
baixa do Parlamento, vencidas pelo
Partido dos Egípcios Livres (FEP,
na sigla em inglês).
● Atualmente, após reforma no
sistema partidário do país e após
as eleições de 2020 para ambas as
Al-Sisi foi reeleito câmaras, a maioria parlamentar

em 2019 está nas mãos do Partido do


Futuro da Nação (NFP, na sigla
em inglês), que apoia al-Sisi. Em
2018, al-Sisi foi reeleito também
com cerca de 97% dos votos, com
comparecimento eleitoral próximo
de 40%.
● Emendas à Constituição em abril
de 2019, também aprovadas em

Protestos consulta popular, aumentaram os


poderes e o mandato presidencial

contra al-Sisi de quatro para seis anos e


permitirão que al-Sisi concorra por
mais dois mandatos. No fim de
2019, protestos novamente
eclodiram no país, pedindo a
renúncia de al-Sisi e a libertação
de prisioneiros políticos.
● Foram feitas centenas de prisões,
Fortalecimento do e apoiadores de al-Sisi também
foram às ruas para mostrar o seu
extremismo islâmico respaldo ao presidente. Em
no Sinai paralelo, desde 2011, o país sofre
com o fortalecimento do
extremismo islâmico no Sinai,
incluindo grupos terroristas
filiados à Al-Qaeda e ao
autointitulado Estado Islâmico.
● Durante a pandemia de COVID-19,
o Egito apresentou taxas de
contágio e de letalidade
Covid-19 e guerra consideradas altas. Outra questão

na Ucrânia recente com implicações sociais e


econômicas relevantes para o
Egito tem sido a guerra na Ucrânia,
que tem encarecido as importações
de trigo e impulsionado o aumento
da inflação para as camadas mais
pobres da população.
● Diante de tal situação, crescem as
preocupações relacionadas ao
aumento da insatisfação social e
da possibilidade de que novas
Preocupação de ondas de sublevação ocorram no
país.
novas sublevações ● Como resultado das preocupações
do governo em manter sua
legitimidade suficientemente capaz
de sustentar o poder autocrático,
foram libertados da prisão, no
primeiro semestre de 2022, cerca
de 40 militantes opositores.
Índice
● Situação interna desde a Primavera Árabe
● Questões socioeconômicas
● Terrorismo
● Política externa
○ Doutrina al-Sisi
○ Norte da África e Oriente Médio
○ Relações com potências emergentes
○ Relações com os Estados Unidos
○ Relações com a Europa
● Conclusão
Situação interna desde a Primavera Árabe
Primeira eleição ● A primeira eleição democrática do
Egito ocorreu em 2012 para
democrática em cimentar os trinta anos de ditadura
2012 de Hosni Mubarak (1981-2011) e
levou Mohamed Morsi, da
Irmandade Muçulmana, a assumir
a presidência por um breve
período.
● Morto em 2019 sob custódia, Morsi
teve um mandato extremamente
breve, sendo derrubado por um

Derrubada de golpe em julho de 2013 liderado


pelo então ministro da Defesa,
Aldel Fattah al-Sisi. À época, o ato
Morsi foi celebrado por multidões de
cidadãos contrários à Irmandade
Muçulmana, insatisfeitos com a
economia e que vislumbraram nos
militares a possibilidade de
reorganizar o país após as
frustrações com os rumos da
Primavera Árabe.
● Além de rearmar o prestígio, a
Intervenção militar influência e a autoridade dos
militares no sistema político
com apoio externo egípcio, a intervenção obteve
expressivo apoio financeiro das
monarquias do golfo Pérsico, como
Arábia Saudita, Emirados Árabes
Unidos (EAU), Catar e Kuwait.
● Com a deposição de Morsi, al-Sisi
apresentou-se como um salvador e
estadista, mas rapidamente tomou uma
série de ações que erodiram o Estado de

Al-Sisi torna-se Direito e as instituições no Egito: nomeou


diversos generais para chefiar províncias,
municípios, empresas estatais e meios de
presidente comunicação; aprovou leis para subjugar
o Poder Judiciário ao Executivo; com
apoio de aliados no Legislativo, emendou
a Constituição de 2014 para flexibilizar o
estado de emergência e outras medidas
extraordinárias, além de estender os
limites dos mandatos presidenciais,
permitindo que ele continue no poder até
2030.
● À semelhança de autocracias na

Pandemia Turquia e na Rússia, limitou ainda


o controle dos meios de

COVID-19 comunicação, o acesso às redes


sociais e foi omisso na pandemia
de COVID-19, apresentando
estatísticas oficiais com números
deflacionados de contágio e mortes
causadas pelo vírus.
● Há quase uma década no poder,
al-Sisi lidera um governo
caracterizado pelo encarceramento de
mais de 60 mil opositores políticos,
Al-Sisi está 10 incluindo jornalistas, defensores
seculares de direitos humanos e
ativistas da Irmandade Muçulmana e
anos no poder de outros grupos islamitas, com
relatos de torturas e abusos de forças
de segurança que incluem
desaparecimentos forçados,
julgamentos em massa e execuções
extrajudiciais, além da contínua
aplicação da pena de morte – em
2020, o Egito ficou em terceiro lugar
no mundo em número de execuções,
atrás apenas da China e do Irã.
● Ademais, há claras repressões às
liberdades civis e políticas: basta

Repressões às lembrar que, em 2018, al-Sisi


venceu as eleições gerais com

liberdades civis 97% dos votos, com 41% de


comparecimento nas urnas e sem
nenhum verdadeiro candidato de
oposição, uma vez que todos os
opositores críveis foram presos ou
desclassificados do processo
eleitoral.
Novo pleito ● Cumpre recordar que, em 2024,

eleitoral em 2024 está previsto novo pleito


presidencial, o que gera receios da
comunidade internacional de uma
nova fraude eleitoral.
● Em paralelo, al-Sisi tem promovido
uma grande campanha de
Grande campanha propaganda militar para atrair a
juventude para as Forças Armadas,
de propaganda a exemplo da ampliação do serviço
militar militar obrigatório de um para três
anos e da criação novos
manuais escolares com teor
patriótico e de valorização dos
militares, para uma nova geração
que representa mais de 60% da
população.
Acredita-se que os
militares apoiam ● Como resultado, muitos acreditam
que os militares apoiariam
Al-Sisi fortemente al-Sisi no caso de uma
eventual crise política de larga
escala.
Fortalecimento da ● Dessarte, a situação interna no
imagem salvacionista Egito de 2023 se expressa por
meio do fortalecimento da
militar de al-Sisi imagem salvacionista militar de
al-Sisi e da luta contra os
resquícios de influência da
Irmandade Muçulmana.
● Nessa dicotomia, não há espaço
para uma terceira via, e a própria
ausência de uma alternativa é
proposital e manifesta nas
Pouco espaço violações de direitos humanos

para a terceira via ●


contra quaisquer dissidências.
Assim, no plano interno, al-Sisi
procura apresenta-se como uma
espécie de novo Nasser, capaz
de restaurar o orgulho nacional e
trazer a segurança e a
prosperidade econômica de volta
ao Egito.
Presidente se apresenta ● No plano externo, o presidente se
como um “farol do Islã apresenta como um “farol do Islã
moderado”, capaz de lutar contra
moderado” o extremismo jihadista e
defender os interesses nacionais
do seu país com autonomia e
soberania.
Questões socioeconômicas
● A economia egípcia depende
sobretudo da agricultura, do
Economia turismo, da indústria têxtil, das
receitas do canal de Suez – que
egípcia representam cerca de 10% do
produto interno bruto (PIB) –,
das remessas de seus cidadãos no
exterior e do balanço entre as
exportações de gás natural e as
importações de petróleo.
● Apesar de figurar entre as três
maiores economias africanas em
diferentes marcadores econômicos
Dependência de (como PIB nominal), o Egito sofre
importações de de uma crônica dependência de
importações de manufaturados,
manufaturados com uma atividade industrial
abaixo do potencial, o que afeta
sensivelmente sua balança de
pagamentos. Em 2021, seus
maiores parceiros comerciais foram
China, Arábia Saudita e Estados
Unidos (EUA).
● Embora a economia tenha crescido
sensivelmente desde o início dos
anos 2000, sua distribuição é
extremamente desigual, agravada
Distribuição pela má governança, corrupção e
má administração econômica de
desigual de renda Mubarak, acelerando fenômenos
como a insatisfação popular, a
instabilidade doméstica e o
terrorismo que, em última instância,
levaram à queda do ditador em
apenas 18 dias. Vale lembrar que
as palavras de ordem da Primavera
Árabe no Egito foram “pão,
liberdade e justiça social”.
● Com al-Sisi, todavia, o cenário
macroeconômico permanece
Cenário econômico preocupante, com a notável
desvalorização cambial, a inflação
preocupante que corrói o poder de compra, o
desemprego e a elevação da taxa
de juros, que multiplica custos dos
elevados empréstimos tomados
nos últimos anos.
● Naturalmente, os impactos da
guerra na Ucrânia e da pandemia
Impactos da pandemia de COVID-19 se fizeram sentir na
e da guerra na Ucrânia fuga de capitais e na elevação de
preços de energia e dos alimentos
no Egito, mas o cenário de
desequilíbrio antecede esses
fenômenos globais.
● Desde 2016, o governo al-Sisi tem
dependido de diversas rodadas de

Empréstimos empréstimos do Fundo Monetário


Internacional (FMI) que somaram

com o FMI uma cifra superior a US$ 20


bilhões em apenas quatro anos.
Em 2022, o autocrata logrou um
novo ciclo de empréstimos de
US$ 3 bilhões, somados a
diversos depósitos feitos pelas
monarquias do Golfo.
● Para honrar os compromissos,
al‑Sisi implementou nos últimos
anos um receituário neoliberal, com
Implementação de cortes de subsídios e redução de
receituário neoliberal investimentos em educação e
saúde, o que impacta
negativamente as condições
sociais, deixando mais de um terço
dos egípcios abaixo da linha da
pobreza.
● Como justificativa para gerar mais
empregos e dinamizar a economia,
o atual mandatário tem apostado
em reformas faraônicas de
Apostas em infraestrutura, que incluem o
desenvolvimento de um novo
reformas faraônicas reator nuclear, a modernização
do canal de Suez, além de
megaprojetos como as criações
de uma nova capital política, e
do maior monotrilho, da maior
mesquita e do maior arranha-céu
da África.
● Além de gastar as reservas
internacionais egípcias, incluindo
as acumuladas com os
empréstimos do FMI e das
Gasto das reservas monarquias do Golfo, em projetos
ambiciosos e questionáveis em
internacionais tempos
socioeconômica,
de fragilidade
al-Sisi tem
injetado importante parte deste
montante nas Forças Armadas, por
meio de compras de armamentos e
modernização do parque bélico – o
Egito é, atualmente, o terceiro
maior comprador de armas do
mundo.
● Em paralelo, a presença persistente
de militares nas indústrias estatais e
no setor alimentar levanta dúvidas de
investidores internacionais. Nesse
Egito tem uma das panorama, o Egito figura como uma
maiores relações das nações com uma das maiores
relações dívida/PIB do mundo e entre
dívida/PIB do mundo os principais países com risco de
default, colocando em xeque a
credibilidade dos programas do FMI
para o planejamento econômico
egípcio, que não garantiram
transparência, combate à
corrupção e boa governança como
condicionalidades para os
empréstimos.
● Sem construir um modelo
econômico sustentável e inclusivo,
o país permanecerá dependente do
FMI, dos países do Golfo, de
Washington ou Pequim para não
País está entrar em colapso. Apesar de todos
os riscos e dos sucessivos déficits
dependente do FMI fiscais, a sensação generalizada
é que o Egito é “grande demais
para falir”. Enquanto esses
repasses forem empreendidos
somente para garantir al-Sisi no
poder, as condições
socioeconômicas seguirão
mergulhando o país em novas
crises.
Terrorismo
Península do Sinai é o ● Na atualidade, a península do Sinai
principal palco de é o principal palco de ataques
terroristas no país. Desde o início
ataques terroristas dos anos 2000, a região tem
presenciado ataques de larga
escala em locais civis, religiosos e
turísticos.
● Tal fenômeno marca uma
importante mudança do centro de
Novos atores gravidade da militância dos
ataques no continente, típicos na
militantes década de 1990, para a península,
com o advento de novos atores
militantes que encontrou terreno
fértil entre a população pobre e
negligenciada do Sinai, ocupado
pelos israelenses de 1967 a 1982.
● Com a instabilidade política oriunda
da queda de Mubarak em 2011, o

Movimento Ansar Bayt Al‑Maqdis emergiu


como movimento dominante do

Wilayat Sinai jihadismo na região. Em 2014, o


movimento declarou lealdade ao
Estado Islâmico do Iraque e do
Levante (ISIS ou ISIL, também
conhecido como Daesh), mudando
o nome para Wilayat Sinai
(“Província do Sinai”).
● Outros grupos militantes na
península são Jun Al-Sharia, o
Ansar Al-Jihad e a rede
Outros grupos Muhammad Jamal os quais, em
paralelo ao Wilayat Sinai, já
realizaram diversos atentados
contra civis e forças policiais e
militares na região.
Al-Sisi justifica a ● É nesse cenário que al-Sisi invoca
a ameaça do terrorismo como um
própria autocracia freio tanto para as críticas
com o terrorismo internacionais sobre a sua
crescente autocracia e violação de
direitos humanos quanto para a
pressão doméstica por mudanças
políticas.
Al-Sisi ● É, portanto, com base na ameaça
jihadista que o presidente se
estigmatiza a vale para dar cobertura à

oposição política repressão autocrática e


estigmatizar a oposição política,
notadamente os braços armados
vinculados à Irmandade
Muçulmana e que hoje operam
sobretudo a partir da Turquia.
● Cumpre ainda ressaltar que, ao
longo da década de 2010,
notadamente em 2016 e 2017,
Ataques contra houve uma série de ataques
jihadistas contra cristãos coptas no
cristãos coptas no Egito, sobretudo em locais de
peregrinação cristã e igrejas
Egito ortodoxas. Maior população cristã
da região, os coptas
representam quase 10% da
demografia egípcia (ou cerca de
nove milhões de pessoas), e sua
presença remonta à era
greco-romana do Egito, portanto,
anterior à conquista muçulmana da
região.
● Alvos de extremistas islâmicos
Coptas são como o Estado Islâmico, os coptas
são perseguidos não apenas pelo
perseguidos objetivo fundamentalista religioso
de perseguição a povos não
muçulmanos, como também faz
parte do plano tático desses grupos
para dividir a população egípcia.
● Com os elevados investimentos
militares e mediante a cooperação
egípcia com EUA e Israel nos
Egito conseguiu reduzir últimos anos, o Egito conseguiu
os ataques de grupos reduzir sensivelmente a frequência
dos ataques e a margem de ação
extremistas dos grupos terroristas. Em 2022,
entretanto, al-Sisi declarou que
as baixas entre a polícia e o
Exército egípcio no Sinai
chegaram a quase 3,3 mil
homens e doze mil feridos desde
2013.
Construções no sinai ● Além de ações militares, a guerra
do Cairo contra o terror na
para diminuir o península do Sinai também se
terrorismo materializou nas construções de
novas infraestruturas, como
estradas, escolas e hospitais, para
impulsionar novos empregos na
região.
Extremismo ainda é ● Apesar da redução dos ataques
jihadistas no Egito, o extremismo
grave problema no violento ainda representa sério
Egito desafio para a segurança nacional
do Egito e tem implicações
substantivas para grupos islâmicos
no Norte da África, no Oriente
Médio e além.
Política externa
Doutrina al-Sisi
● O Egito manifesta sua relevância
no entorno regional e no teatro das
nações em diversas vertentes:
possui o exército mais poderoso da
Exército mais região, é a maior nação árabe do
mundo, é o terceiro maior
poderoso da região importador de armas do mundo e,
sobretudo, tem uma posição
geoestratégica importante entre
o Norte da África e o Oriente
Médio, administrando o canal de
Suez, por onde trafega 12% do
comércio internacional.
● Sob a liderança de Nasser
(1952-1970), o Egito moderno foi o
Egito era a força do líder político e cultural do chamado
“mundo árabe” e uma força
mundo árabe, mas proeminente no cenário mundial.
perdeu esse posto com Entretanto, durante seus trinta
anos no poder, Mubarak
Mubarak transformou o país em um cliente
dos EUA e de Israel, ao honrar os
Acordos de Camp David (1978), o
que custou ao Egito a sua
liderança no mundo árabe, embora,
desde o fim dos anos 1980, o Cairo
tenha voltado a sediar a Liga dos
Estados Árabes (LEA).
● Com a Primavera Árabe e a queda
de Mubarak, as elites egípcias
debateram formas de restaurar a
Diversificação independência de ação de seu
país e diversificar suas relações
de relações no exterior. A presidência de um
ano de Morsi, por exemplo, incluiu
visitas a Pequim e a Moscou, o
apoio intransigente à oposição síria
na guerra contra Bashar al-Assad e
uma defesa de grupos islamitas na
Turquia e no Catar.
Presidente Morsi e Xi Jinping.
O marechal egípcio Abdel Fattah al-Sisi cumprimenta o presidente russo Vladimir Putin durante um encontro realizado em Moscou
● Desde a ascensão de al-Sisi ao
poder, porém, o Egito formulou
uma nova política externa mais

PE nacionalista assertiva, baseada em uma


reafirmação nacionalista e
autonomista; na defesa das
e autonomista noções nasseristas de soberania
e não interferência; e nos
compromissos ideológicos com
o anti-islamismo como
instrumentos de política externa no
combate a quaisquer dissidências
da Irmandade Muçulmana no país
ou no entorno regional.
● Assim, a chamada “Doutrina
Relação mais equilibrada al-Sisi” simboliza uma busca de
com as potências globais e relação mais equilibrada com
atores regionais essenciais potências globais e atores
regionais essenciais, priorizando os
interesses nacionais e a liberdade
de manobra egípcia em sua
inserção internacional.
● Após anos de prioridade nas
relações de seu país com os EUA,
al-Sisi tem aprofundado relações
com Rússia e China, assim como
Aprofundou relações com outras potências asiáticas,
com Rússia e China como Índia e Japão. Isso não
significa substituir a aliança
estratégica com os EUA, mas,
antes, equilibrar os seus interesses
e laços econômicos e estratégicos
com o entorno asiático, por
exemplo.
Norte da África e Oriente Médio
● No nível regional, o Egito assiste a
Cenário complexo um cenário complexo com as
guerras civis na Líbia, na Etiópia e
regional na Síria, além de desafios com a
transição do Sudão pós-al-Bashir e
a Grande Represa do
Renascimento Etíope (GERD, na
sigla em inglês) no rio Nilo Azul.
● Cenários de competição por gás
natural no Mediterrâneo Oriental
Competição por gás com a Turquia, a persistência do

natural com a extremismo jihadista no Sinai, a


redução de prioridade à mediação
Turquia egípcia no conflito Israel-Palestina,
assim como a crescente
dependência financeira egípcia
com as monarquias do Golfo, são
outros pontos que devem ser
equacionados pela diplomacia
egípcia.
● Com a Arábia Saudita e EAU, as
relações são regidas pelo
pragmatismo: de seu lado, al‑Sisi
Relações pragmáticas solicita apoio financeiro contínuo
do Golfo para garantir estabilidade
com a Árabia Saudita de seu governo, ao passo que
e EAU Riade e Abu Dhabi buscam
explorar suas presenças
econômicas no Egito, o país mais
populoso da região e com elevado
potencial consumidor, além de
investir na ampliação de mesquitas
e escolas wahabistas no Norte da
África.
Apoiou o bloqueio ● Diplomaticamente, as monarquias
do Golfo colhem o apoio dado aos
ao Catar egípcios de diferentes formas. Em
2017, o Cairo apoiou o bloqueio
imposto pelos sauditas ao Catar,
que durou até 2021.
● Outro aceno de al-Sisi para o
herdeiro saudita Mohammed bin
Transferência de Salman (MBS), em 2017, foi a
soberania das ilhas de transferência de soberania das
Tiran e Sanafir para MBS ilhas de Tiran e Sanafir, situadas no
mar Vermelho e historicamente
reivindicadas pelos dois países,
para os sauditas, em uma manobra
amplamente criticada pela opinião
pública egípcia.
● Mas nem tudo são concessões:
Recusou participar reafirmando sua política externa
guiada pelo interesse nacional,
na guerra do Iêmen al-Sisi recusou envolvimento
egípcio na guerra do Iêmen, onde
Riade e Abu Dhabi desempenham
papel de relevo.
Apoia Al-Assad ● Na guerra civil da Síria,
al-Sisi defende al-Assad,
na Síria estando em lado oposto aos
sauditas no conflito.
● E, embora a Arábia Saudita veja o
Irã, aliado de al-Assad, como a
principal ameaça à sua segurança,
o Egito reserva esse lugar para
Egito recusa alianças islamitas sunitas, como a
Irmandade Muçulmana e o Estado
automáticas Islâmico. Tais exemplos atestam
que o Cairo recusa alianças
automáticas ou uma eventual
hegemonia regional liderada
pelos sauditas, assegurando uma
inserção internacional egípcia
autônoma.
● A vertente anti-islamita da política
externa egípcia se manifesta em
A vertente anti-islamita suas relações com a Turquia e o
Catar, dois aliados regionais
da política externa essenciais da Irmandade
egípcia Muçulmana. Com o Catar, como
dito, a margem de ação deu-se por
meio do apoio ao bloqueio saudita
de 2017. Já com a Turquia,
expressa-se sobretudo na guerra
civil da Síria, em que também
estão em lados opostos.
● A simpatia de al-Sisi por al-Assad
A simpatia de remonta ao início do seu governo,
em 2013, quando ordenou o
al-Sisi por al-Assad restabelecimento de relações
diplomáticas com Damasco,
rompidas por Morsi, defensor da
oposição síria.
● Mais recentemente, em abril de
2023, os chanceleres dos dois
Os chanceleres dos dois países reuniram-se pela primeira
vez em dez anos, em que
países reuniram-se pela
concordaram em fortalecer as
primeira vez em dez anos relações bilaterais, defenderam a
soberania síria sob comando de
al-Assad, e o homólogo sírio ainda
agradeceu o apoio humanitário
egípcio após o grave terremoto de
fevereiro.
a esquerda, o chanceler do Egito, Sameh Shoukry, e seu homólogo da Síria, Faisal Mekdad - Louai Beshara / AFP
● O Egito tem trabalhado para
O Egito tem trabalhado auxiliar a Síria em sua busca de
para auxiliar a Síria em apoios para regressar à LEA.
Ademais, Cairo e Damasco estão
sua busca de apoios para
em sintonia em sua antipatia por
regressar à LEA. Erdogan, cujo governo está cada
vez mais enraizado no Islã político.
Desde o golpe de 2013, Erdogan
tem sido o principal antagonista do
regime de al-Sisi, hospedando
líderes da Irmandade Muçulmana.
● Na guerra civil líbia, Ancara e Cairo
também estão em lados opostos:
ao passo que a Turquia defende
Na guerra civil líbia, o Governo de Acordo Nacional
(GNA, na sigla em inglês) e seu
Ancara e Cairo também
sucessor, o Governo da Unidade
estão em lados opostos Nacional (GNU, na sigla em
inglês), baseados em Tripoli e
apoiados pela Organização das
Nações Unidas (ONU), al-Sisi
apoia a liderança do Khalifa
Haftar, baseado em Tobruk, mais
próximo da fronteira egípcia.
● Com Israel, os laços do Egito são
reforçados pela crescente
cooperação entre os dois em
Com Israel, os laços do Egito outras áreas de interesse mútuo,
são reforçados pela crescente como o combate ao terrorismo
cooperação entre os dois em no Sinai, com apoio aéreo tático
outras áreas de interesse mútuo israelense em território egípcio e
trocas de informações sobre o
Hamas e outros grupos militantes,
além do desenvolvimento de gás
natural no Mediterrâneo Oriental,
com a descoberta de novas
reservas offshore em 2015.
● Embora a atual militarização do

Visita oficial de Sinai ocorra em um momento de


excelentes relações

Israel ao Egito egípcio-israelenses, a exemplo da


visita do então primeiro-ministro
Naftali Bennett a al-Sisi em
Sharm el-Sheik em 2021, a
História sugere que isso pode
mudar rapidamente.
Foto divulgada pela presidência egípcia mostra o presidente Abdel Fatah al Sisi (D) e o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, em Sharm el-Sheikh -
EGYPTIAN PRESIDENCY/AFP
● No que se refere ao conflito
israelo-palestino, al-Sisi operou
Questão uma marginalização expressiva
da mediação egípcia na questão,
israelo-palestino reduzindo a proeminência regional
do país não só na seara
político-diplomática, mas também
na dimensão econômica e
humanitária, notadamente na Faixa
de Gaza.
● Sem estratégia de longo prazo
para o conflito, Cairo ignora seus
impactos no próprio Sinai.
Sem estratégia de longo Assim, a atual abordagem
para o conflito concentra-se sobretudo quase
inteiramente pelo antagonismo
israelo-palestino de al-Sisi em relação à
Irmandade Muçulmana e, por
extensão, ao Hamas. Essa
abordagem fez com que o Cairo
perdesse a credibilidade que havia
construído ao longo de décadas,
afetando a sua influência regional.
Mediador indispensável ● Apesar disso, o Egito ainda
para o conflito permanece um mediador
indispensável do conflito, a
israelo-palestino exemplo da contenção da escalada
de tensão em maio de 2021,
mediando o um cessar-fogo entre
as partes.
● Em relação à geopolítica do Nilo, a
principal preocupação egípcia

Preocupação reside na GERD, anunciada pela


Etiópia em 2011. Historicamente

com o GERD aliado do Egito, o Sudão


progressivamente se distanciou
dos egípcios para se aproximar
dos etíopes, promovendo um
isolamento sem precedentes do
Egito na sua diplomacia hídrica
regional.
Projeto de usina ● Se, para a Adis Abeba, o projeto é
um símbolo nacional que gerará

para Etiópia estabilidade energética e maior


presença regional, para Cartum,
representa uma oportunidade de
reestruturação econômica com
maior acesso à irrigação do Nilo.
● Já para o Cairo, trata-se de uma
ameaça à sua segurança nacional,
econômica, alimentar e hídrica,
Cairo defende que a uma vez que a barragem fragiliza a
Gerd é uma ameaça à nação ao torná-la dependente dos
Estados à montante do Nilo, ao
segurança nacional cortar o já escasso abastecimento
de água do Egito em até 25% e ao
impactar a agricultura e as
condições de vida de milhões de
egípcios, que já têm uma das mais
baixas quotas de água per capita
do mundo.
Questão de
orgulho nacional -
● Trata-se, ainda, de uma questão de
rio Nilo orgulho nacional uma vez que o rio
Nilo representa uma herança
civilizacional da cultura egípcia.
● Em paralelo à GERD, outra rusga
Rusga entre Egito e entre Egito e Sudão que vale
Sudão - soberania no atenção é a disputa pela soberania
no triângulo Halaib, uma questão
triângulo Halaib lindeira não resolvida desde a
demarcação de fronteiras do
Império Britânico no fim do século
XIX e que atualmente favorece o
Egito.
● Cumpre recordar que, apesar das
Outros pontos históricas relações entre Egito e
Sudão, há outros pontos de tensão,
de tensão como o fornecimento de armas e
munições egípcias ao Sudão do
Sul e o acolhimento sudanês de
membros da Irmandade
Muçulmana.
Relações com potências emergentes
Fortalecimento das ● Com al-Sisi, o interesse na
relações com China, diversificação de parcerias para
Rússia e Índia além de alianças tradicionais se
manifestou no fortalecimento das
relações com países como China,
Rússia e Índia.
● No caso de Pequim, a tradicional
estratégia chinesa de não
Acordo de parceria intervenção em assuntos internos
favoreceu o diálogo com al-Sisi
com a China após a queda de Morsi, assinando,
pouco após o golpe de 2013, um
acordo de parceria estratégica
abrangente com o novo governo
egípcio.
● Graças à sua localização
estratégica, o Egito faz parte da
Egito faz parte Iniciativa do Cinturão e Rota
(BRI, na sigla em inflês), com
do BRI amplos investimentos chineses no
país, inclusive na Zona do Canal
de Suez. Ademais, o Cairo também
tem atuado para diversificar suas
fontes de armamentos, o que inclui
acordos com Pequim.
● Já com a Rússia, além de contar
com a simpatia de Vladimir Putin,
Simpatia de Putin al-Sisi fechou diversos acordos de

com al-Sisi armamentos, bem como uma


parceria inédita para construir a
usina nuclear de Dabaa, a
primeira do Egito, essencial para a
segurança energética do país
africano.
Egypt’s Dabaa Nuclear Power Plant
● Após o acordo de parceria
estratégica dos dois países de
2018, eles confirmaram na Cúpula
de Sochi (2019) suas “excelentes
Parceria estratégica relações bilaterais”, estando do
mesmo lado nas guerras da Líbia
com a Rússia e da Síria.
● Os interesses russos e egípcios
também estão alinhados no
Mediterrâneo Oriental, onde ambos
cooperaram nos últimos anos e
conduziram exercícios militares
conjuntos.
● Nos últimos anos, as relações com
a Índia têm sido intensificadas. Em
janeiro de 2023, al-Sisi visitou o
Relações com a Índia seu homólogo indiano, Narendra
intensificaram-se Modi, ocasião em que assinaram
um acordo de parceria estratégica,
elevando o perfil das relações
bilaterais, especialmente nas áreas
de segurança, defesa, energia e
economia.
Narendra Modi e Al-Sisi
● Politicamente, as duas nações
coincidem em fóruns multilaterais
desde o nascimento do Movimento
As duas nações dos Países Não Alinhados (MNA),
defendendo, por exemplo, seus
coincidem em fóruns
respectivos status como
multilaterais desde o MNA civilization-states e uma
abrangente reforma do Conselho
de Segurança das Nações Unidas
(CSNU) que considere o papel
indispensável das nações
emergentes em um mundo
multipolar.
● Ademais, o comércio bilateral
Comércio bilateral bateu recorde em 2021-2022, e
al-Sisi tem estimulado cada vez
com a Índia bateu mais investimentos indianos na
recorde economia egípcia e acesso
facilitado ao trigo indiano. Por sua
parte, Modi enxerga em al-Sisi
um líder islâmico moderado e
uma verdadeira âncora da Índia
no continente africano.
Relações com os Estados Unidos
● A atual relação EUA-Egito decorre
da diplomacia de Washington
promotora da assinatura dos
Relação durante Acordos de Camp David (1978),

a guerra fria que levou à saída do Egito da


órbita da União Soviética (URSS)
e à facilitação do acesso egípcio às
armas estadunidenses. Durante
décadas, os EUA consideravam
que o Egito seria o grande
estabilizador do Oriente Médio.
● É verdade que, sob Mubarak, o
Egito manteve o tratado de paz de
1978 com Israel e atendeu
rotineiramente aos pedidos dos
Relações durante EUA para apoiar operações
militares na região e reprimir
a Guerra ao Terror islamitas violentos.
● Em 2001, os ataques às Torres
Gêmeas afetaram a forma com a
qual os EUA lidaram com seus
parceiros autocráticos, e o Egito
não foi exceção na parceria da
“guerra contra o terror”.
● Nesse sentido, a luta contra o
terrorismo tornou-se um imperativo
Luta contra o central das relações entre
Washington e Cairo, em que o
terrorismo e último se vale da ameaça jihadista
cooperação militar para garantir o fluxo contínuo de
assistência militar dos EUA.
Desde a chegada de Mubarak ao
poder, em 1981, estima-se que
Washington destinou aos cofres
egípcios mais de US$ 50 bilhões
apenas em assistência militar.
● Em 2011, a deposição de Mubarak
Deposição de pareceu sinalizar para uma nova
dinâmica bilateral para além da
Mubarak cooperação antiterrorista, em que
os EUA saudaram a possibilidade
de aprofundar relações em meio a
uma transição democrática no
Egito.
● Contudo, o fracasso da Primavera
Árabe e o golpe de al-Sisi
empurraram EUA e Egito de volta
ao padrão histórico de ênfase no
contraterrorismo e na cooperação

Golpe de al-Sisi de segurança como pedras


angulares dessa relação, sendo o
Egito um importante comprador de
armas estadunidenses, além do
tratamento preferencial conferidos
aos navios de guerra e aeronaves
militares dos EUA em trânsito em
Suez e no espaço aéreo egípcio.
● Ademais, à medida que o regime
de al-Sisi gradualmente consolidou
seu poder e países como a Líbia e
Diante do caos da a Síria mergulharam no caos, ficou
claro para a Casa Branca a
região, manteve-se o necessidade de aprofundar a
apoio ao al-Sisi longa parceria de segurança
com o Egito, independentemente
das contínuas denúncias de
abusos de direitos humanos.
Mais recentemente, Joe Biden
prometeu “não mais cheques em
branco para o ‘ditador favorito’
de Trump”.
Biden aprovou
vendas de armas ● Contudo, Biden aprovou US$ 200
milhões em vendas de armas ao
para o Egito Egito em 2021, alegando que a
venda “atende aos interesses dos
EUA e globais”.
● O aparente paradoxo é justificado
pelos números: o Egito comprou
Egito diminuiu a compra em 2021 apenas 15% de suas
de armamento armas do mercado
estadunidense, uma redução
estadunidense sensível em relação aos 47% em
2010, acendendo alerta a
Washington sobre os riscos da
diversificação de parcerias militares
egípcias, notadamente com Rússia
e China.
Relações com a Europa
● Após a queda de Morsi em 2013, a
União Europeia (UE) suspendeu
Retomada de diversos programas com o Egito,
mas, uma vez que al-Sisi assumiu
relações com a UE a presidência, os europeus não
tiveram outra escolha a não ser
retomar as relações com o Cairo,
considerando a importância
econômica e securitária do país
africano para os seus interesses.
● Cumpre ressaltar que o Egito não é
somente um mercado lucrativo
Egito tem muitas para a venda de armas e munições
empresas europeias europeias, mas também é o lar de
muitas empresas europeias, já que
os baixos custos trabalhistas e o
amplo mercado consumidor tornam
o país atraente para investidores.
● Em paralelo, al-Sisi aproveitou-se
dos temores com a migração
Al-Sisi usou a carta irregular e ameaças terroristas
“migração” para dos últimos anos na Europa para
sedimentar o apoio de lideranças
conseguir apoio europeu europeias ao seu governo. Em
diversas viagens ao velho
continente, o mandatário egípcio foi
bem-recebido, independentemente
de seu impulso autocrático na
política doméstica.
● Em visita a Paris em 2020,
Emmanuel Macron agraciou al-Sisi
com a Grã-Cruz da Legião de
Honra, a maior honraria francesa.
Al-Sisi na Vale recordar que, desde 2015, o
Egito é o principal cliente dos
armamentos franceses. A mesma
França lógica orienta outras potências,
como Reino Unido e Alemanha,
com quem o Egito realiza
exercícios conjuntos contra o
terrorismo e possui diversas
iniciativas de cooperação em
matéria de defesa e de
transferência de equipamentos
militares.
Al-Sisi e Macron
● Em adição, a descoberta em 2015
do campo de gás natural em Zohr e
em outras cidades próximas de

Descoberta de Alexandria colocou o Egito em uma


posição forte para se tornar um

gás natural centro energético no Mediterrâneo


Oriental. Isso é particularmente
relevante para a Europa, que
busca fontes alternativas às
exportações russas em virtude da
guerra na Ucrânia, o que foi
reforçado por al-Sisi em turnê
europeia em 2022.
● Não à toa, no ano passado, a UE
assinou um memorando de
Acordo com a entendimento com o Egito e com
Israel, que cria uma estrutura para
UE de gás que Tel Aviv expanda suas
exportações de gás natural para a
Europa via Egito. A UE também
acordou com o Egito aumentar a
colaboração em fontes renovável,
hidrogênio e eficiência energética.
● As parcerias com europeus em prol da
transição energética egípcia foram ainda
mais reforçadas com a presidência
egípcia na 27ª Conferência das Partes

COP-27 no (COP), no âmbito da Convenção-Quadro


das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima (CQNUMC ou UNFCCC, na sigla
Egito em inglês) em Sharm el-Sheikh em
novembro de 2022, oportunidade bem
aproveitada por al-Sisi para renovar suas
credenciais como ator diplomático de
relevo e indispensável nas grandes
discussões internacionais da atualidade,
independentemente da repressão
operada contra seus próprios ativistas
ambientais.
Conclusão
● Em última instância, o Egito de
al-Sisi enfrenta dois desafios
principais: a economia e a
segurança. Na primeira frente, as
ambições são limitadas no curto
Desafios: economia prazo. Embora o Egito tenha
recuperado alguma influência
e segurança internacional, os desafios
econômicos domésticos continuam
a prejudicar a capacidade de o país
desempenhar um papel maior no
plano externo, já que os
indicadores econômicos revelam
dados preocupantes para o
desenvolvimento social de seus
quase 110 milhões de habitantes.
● Já na área securitária, é
insofismável que o Egito se tornou
um local menos perigoso, como
atesta a redução significativa de
Diminuição dos atentados no Sinai e a
diminuição da capacidade
atentados no Sinai operacional de grupos
extremistas no território
nacional, embora essas
conquistas ocorram com o alto
custo da imposição de um estado
policial extremamente repressivo
contra a sua população civil.
● Por outro lado, os egípcios estarão
menos dispostos a tolerar a
privação de seus direitos

Privação de políticos e civis se suas


expectativas econômicas e de
segurança não forem atendidas.
direitos políticos A história egípcia prova que nem a
mais duradoura ditadura pode
conter uma reação popular se a
repressão política, aliada às
dificuldades econômicas e ao
sentimento de insegurança
crescente, não for bem
equacionada.
● Em síntese, a tentativa do Cairo de
Egito não se retornar a uma proeminência
regional dependerá da
tornará potência capacidade de al-Sisi de
aperfeiçoar a sua gestão dentro
regional de suas fronteiras. É improvável
que o Egito se torne um potencial
quarto grande bloco de poder
regional no mundo muçulmano no
Oriente Médio, que rivalize com os
sauditas, com os iranianos ou com
os pró-islamistas turco-cataris.
● Esses blocos são capazes de usar
sua riqueza, poder militar e
redes regionais de
representação para projetar
Egito não tem tanto poder poder de maneiras que o Egito
simplesmente não tem
e dinheiro quanto os condições de fazer em 2023.
vizinhos em 2023 ● Por outro lado, é inegável que a
doutrina al-Sisi tem colhido seus
frutos por meio de uma política
externa mais assertiva, autônoma e
diversificada. Se quiser projetar
influência para fora de suas
fronteiras, o Egito precisará,
primeiro, começar sua reforma
dentro de casa.
● Entre 1979 e 1989, durante a
Nota de rodapé suspensão do Egito, a sede da
LEA foi transferida para Túnis,
capital da Tunísia.
Turismo
Pirâmides de Gizé e Esfinge (Cairo)
Templo de Karnak (Luxor)
Vale dos Reis (Luxor)
Templo de Abu Simbel (Aswan)
Templo de Philae (Aswan)
Museu Egípcio (Cairo)
Mar Vermelho e Sharm el-Sheikh
Biblioteca de Alexandria
Forte de Qaitbay
Coluna de Pompeu
Um cruzeiro pelo Rio Nilo
Oásis de Bahariya
Oásis de Fayoum
Oásis de Siwa
Aswan
Mesquita de Muhammad Ali.
Cidade islâmica do Cairo.
Mercado Khan El Khalili
Bairro Copta

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