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Reino Ptolemaico

reino helenístico

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O Reino Ptolemaico (grego antigo: Πτολεμαϊκὴ βασιλεία, Ptolemaïkḕ basileía) era um reino
helenístico baseado no Egito. Foi governado pela Dinastia Ptolemaica, que começou com a
ascensão de Ptolemeu I Sóter após a morte de Alexandre, o Grande em 323 a.C., e que
terminou com a morte de Cleópatra e a conquista romana em 30 a.C.
Reino Ptolemaico
c. 305 a.C. — c. 30 a.C.
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Capital Alexandria
Países atuais Egito
Grécia
Israel
Jordânia
Líbano
Líbia
Sudão
Turquia
Palestina

Língua oficial Coiné


Egípcio
Religião Panteísmo egípcio
Panteísmo grego
Moeda Dracma

Faraó

• 305–283 a.C. Ptolemeu I Sóter


(primeiro)

• 51–30 a.C. Cleópatra VII


Filópator (última)

Período histórico Antiguidade Clássica

• c. 305 a.C. Fundação


• c. 30 a.C. Conquista romana
O Reino Ptolemaico foi fundado em 305 a.C. por Ptolemeu I Sóter, que se declarou Faraó do
Egito e criou uma poderosa dinastia grega helenística que governou uma área que ia desde o
sul da Síria até a cidade de Cirene e sul do Egito, na região da Núbia.

Foi um período de forte influência grega naquela região. Alguns estudiosos argumentam que
o reino foi fundado em 304 a.C. por causa do uso de diferentes calendários naquela época:
Ptolemeu coroou-se em 304 a.C. no calendário egípcio antigo,[1] mas em 305 a.C. no antigo
calendário macedônio; para resolver a questão, o ano 305/4 foi contado como o primeiro ano
do Reino Ptolemaico nos papiros demóticos.[2]

Alexandria tornou-se a capital e um importante centro da cultura e comércio gregos. Para


ganhar reconhecimento pela população nativa do Egito, os reis ptolemaicos intitularam-se os
sucessores dos faraós. Os posteriores Ptolemeus assumiram tradições egípcias ao se
casarem com os seus irmãos, foram retratados em monumentos públicos em estilo e
vestuário egípcios e participaram da vida religiosa egípcia. Os Ptolemeus estavam
envolvidos em guerras civis e estrangeiras que levaram ao declínio do reino e sua anexação
final por Roma. A cultura grega continuou a prosperar no Egito durante os períodos Romano
e Bizantino até à conquista muçulmana.

História
A era do reinado ptolemaico no Egito é um dos períodos de tempo mais bem documentados
da era helenística; uma riqueza de papiros escritos em grego e egípcio da época foram
descobertos no Egito.[3]
Antecedentes

Ptolemeu como Faraó do Egito -


Museu Britânico - Londres.

Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, invadiu o Egito governado pelo Império
Aquemênida. [4] Ele visitou Mênfis e viajou para o oráculo de Ámon no Oásis de Siuá. O
oráculo declarou que ele era filho de Ámon. Ele conciliou os egípcios pelo respeito que
demonstrou pela sua religião, mas nomeou Macedônios para praticamente todos os postos
seniores do país e fundou uma nova cidade grega, Alexandria, para ser a nova capital. A
riqueza do Egito podia agora ser aproveitada para a conquista de Alexandre do resto do
Império Persa. No início de 331 a.C., ele estava pronto para partir e levou as suas tropas para
Fenícia. Ele deixou Cleómenes como governante para controlar o Egito em sua ausência.
Alexandre nunca voltou ao Egito.

Estabelecimento
Após a morte de Alexandre na Babilónia em 323 a.C.,[5] uma crise de sucessão eclodiu entre
os seus generais. Inicialmente, Pérdicas governou o império como regente para o meio-irmão
de Alexandre, Arrideu, que se tornou Filipe III da Macedónia, e depois como regente de Filipe
III e Alexandre IV da Macedónia filho de Alexandre, que não era nascido na época da morte
de seu pai. Pérdicas nomeou Ptolemeu, um dos companheiros mais próximos de Alexandre,
para ser governador do Egito. Ptolemeu governou o Egito a partir de 323 a.C., nominalmente
em nome dos reis conjuntos Filipe III e Alexandre IV. No entanto, quando o império de
Alexandre, o Grande, se desintegrou, Ptolemeu logo se estabeleceu como governante por
direito próprio. Ptolemeu defendeu com sucesso o Egito contra uma invasão de Pérdicas em
321 a.C. e consolidou a sua posição no Egito e nas áreas circunvizinhas durante as Guerras
dos Diádocos (322–301 a.C.). Em 305 a.C., Ptolemeu conquistou o título de Rei. Como
Ptolemeu I Sóter ("Salvador"), ele fundou a Dinastia Ptolemaica que governaria o Egito por
quase 300 anos.

Todos os governantes masculinos da dinastia levaram o nome Ptolemeu, enquanto


princesas e rainhas preferiam os nomes Cleópatra, Arsinoe e Berenice. Como os reis
ptolemaicos adotaram o costume egípcio de casar com as suas irmãs, muitos dos reis
governaram conjuntamente com as suas esposas, que também eram da casa real. Esse
costume tornou a política ptolemaica confusamente incestuosa, e os Ptolemeus posteriores
eram cada vez mais débeis. As únicas rainhas ptolemaicas que governaram oficialmente
sozinhas foram Berenice III e Berenice IV. Cleópatra V co-governou, mas foi com outra
mulher, Berenice IV. Cleópatra VII oficialmente co-governou com Ptolemeu XIII Téo Filópator,
Ptolemeu XIV e Ptolemeu XV, mas efetivamente governou o Egito sozinha.

Busto do rei Ptolemeu II Filadelfo


309–246 a.C.

Os primeiros Ptolemeus não perturbaram a religião nem os costumes dos Egípcios. Eles
construíram magníficos novos templos para os deuses egípcios e logo adotaram a exibição
externa dos Faraós da antiguidade. Durante o reinado de Ptolemeu II e III milhares de
veteranos Macedónios foram recompensados com concessões de terras agrícolas, e os
Macedónios foram colocados em colónias e guarnições ou estabeleceram-se nas aldeias em
todo o país. O Alto Egito, mais distante do centro do governo, foi menos afetado, embora
Ptolemeu I tenha estabelecido a colónia grega Ptolemaida Hérmia como sua capital. Mas,
dentro de um século, a influência grega espalhou-se pelo país e os casamentos mistos
produziram uma grande classe educada greco-egípcia. No entanto, os Gregos sempre
permaneceram como uma minoria privilegiada no Egito Ptolemaico. Eles viviam sob a lei
grega, recebiam educação grega, eram julgados em tribunais gregos e eram cidadãos de
cidades gregas.
Ascensão

Ptolemeu I
A primeira parte do reinado de Ptolemeu I foi dominada pelas Guerras dos Diádocos entre os
vários os vários estados sucessores do império de Alexandre. Seu primeiro objetivo era
manter sua posição no Egito de forma segura e, segundo aumentar o seu domínio. Em
poucos anos, ele ganhou o controle da Líbia, Celessíria (incluindo a Judeia) e o Chipre.
Quando Antígono, governante da Síria, tentou reunir o império de Alexandre, Ptolemeu juntou-
se à coalizão contra ele. Em 312 a.C., aliado a Seleuco, o soberano da Babilónia, ele derrotou
Demétrio, filho de Antígono, na batalha de Gaza.

Em 311 a.C., uma paz foi concluída entre os combatentes, mas em 309 a.C. a guerra
começou novamente, e Ptolemeu ocupou Corinto e outras partes da Grécia, embora tenha
perdido o Chipre após uma batalha no mar em 306 a.C. Antígono então tentou invadir o Egito,
mas Ptolemeu segurou a fronteira contra ele. Quando a coalizão foi renovada contra
Antígono em 302 a.C., Ptolomeu juntou-se a ela, mas nem ele nem o seu exército estavam
presentes quando Antígono foi derrotado e morto em Ipso. Em vez disso, ele aproveitou a
oportunidade para garantir a Cele-Síria e a Palestina, em violação do acordo que a designou
para Seleuco, estabelecendo assim o cenário para as futuras Guerras Sírias. [6] Depois disso,
Ptolemeu tentou ficar fora das guerras em terra, mas ele retomou Chipre em 295 a.C..

Sentindo que o reino estava agora seguro, Ptolemeu compartilhou o governo com o seu filho
Ptolemeu II da rainha Berenice em 285 a.C. Ele então pode ter dedicado sua aposentadoria a
escrever uma história das campanhas de Alexandre - que infelizmente foi perdida, mas foi a
principal fonte para o trabalho posterior de Arriano. Ptolemeu I morreu em 283 a.C. com 84
anos de idade. Ele deixou um reino estável e bem governado para seu filho.

Ptolemeu II
Ptolemeu II Filadelfo, que sucedeu seu pai como rei do Egito em 283 a.C.,[7] era um rei
pacífico e culto, e nenhum grande guerreiro. Ele não precisava ser, porque seu pai havia
deixado o Egito forte e próspero. Três anos de campanha no início de seu reinado (chamada
de Primeira Guerra Síria) deixaram Ptolemeu como mestre do Mediterrâneo oriental,
controlando as ilhas do Mar Egeu (a Liga Nesiótica) e os distritos costeiros da Cilícia,
Panfília, Lícia e Cária. No entanto, alguns desses territórios foram perdidos perto do final do
seu reinado, como resultado da Segunda Guerra Síria. Em 270 a.C., Ptolemeu II derrotou o
Reino de Cuxe em guerra, conquistando para os Ptolemeus livre acesso ao território Cuxita e
controle de importantes áreas de mineração de ouro ao sul do Egito conhecidas como
Dodekasoinos.[8] Como resultado, os Ptolemeus estabeleceram estações de caça e portos
tão ao sul quanto o Porto Sudão, de onde grupos de busca contendo centenas de homens
procuravam por elefantes de guerra.[8] A cultura helenística iria adquirir uma influência
importante em Cuxe neste momento.[8]

A primeira esposa de Ptolemeu, Arsínoe I, filha de Lisímaco, era a mãe dos seus filhos
legítimos. Depois de seu repúdio, ele seguiu o costume egípcio e casou-se com a sua irmã,
Arsínoe II, iniciando uma prática que, embora agradasse à população egípcia, teria sérias
consequências em reinos posteriores. O esplendor material e literário da corte Alexandrina
estava no auge sob Ptolemeu II. Calímaco, guardião da Biblioteca de Alexandria, Teócrito e
uma série de outros poetas, glorificaram a família Ptolemaica. O próprio Ptolemeu estava
ansioso por aumentar a biblioteca e patrocinar a pesquisa científica. Ele gastou
prodigamente em tornar Alexandria a capital económica, artística e intelectual do mundo
helenístico. É às academias e bibliotecas de Alexandria que devemos a preservação de tanto
património literário grego.

Ptolemeu III

Moeda do rei Ptolemeu III

Ptolemeu III Evérgeta ("o benfeitor") sucedeu a seu pai em 246 a.C. Abandonou a política de
seus antecessores de se manter fora das guerras dos outros reinos sucessores macedónios
e mergulhou na Terceira Guerra Síria com os Selêucidas da Síria, quando sua irmã, a rainha
Berenice Sira, e seu filho foram assassinados numa disputa dinástica. Ptolemeu marchou
triunfalmente para o coração do reino Selêucida, até à Babilónia, enquanto as suas frotas no
mar Egeu fizeram novas conquistas ao norte da Trácia.

Esta vitória marcou o apogeu do poder Ptolemaico. Seleuco II Calínico manteve o seu trono,
mas as frotas egípcias controlavam a maior parte das costas da Ásia Menor e da Grécia.
Depois desse triunfo, Ptolemeu não mais participou ativamente na guerra, embora apoiasse
os inimigos da Macedónia na política Grega. A sua política interna diferia da de seu pai, na
medida em que ele patrocinava a religião nativa do Egito de maneira mais liberal: ele deixava
traços maiores entre os monumentos egípcios. O seu reinado marca a gradual
"egipcianização" dos Ptolemeus.

Declínio

Reino Ptolemaico em 200 a.C.

Anel de Ptolemeu VI Filómetor -


Museu do Louvre.

Ptolemeu IV
Em 221 a.C., Ptolemeu III morreu e foi sucedido por seu filho Ptolemeu IV Filópator, um rei
fraco e corrupto sob o qual começou o declínio do reino Ptolemaico. O seu reinado foi
inaugurado pelo assassinato de sua mãe, e ele estava sempre sob a influência de favoritos
reais, homens e mulheres, que controlavam o governo. No entanto, seus ministros foram
capazes de fazer sérios preparativos para enfrentar os ataques de Antíoco III, o Grande, em
Cele-Síria, e a grande vitória egípcia de Ráfia em 217 a.C. garantiu o reino. Um sinal da
fraqueza doméstica de seu reinado foram as rebeliões de nativos egípcios que levaram mais
de metade do país por mais de 20 anos. Filópator era dedicado às religiões orgiásticas e à
literatura. Ele casou-se com sua irmã Arsínoe, mas foi governado pela sua amante
Agathoclea.

Ptolemeu V e Ptolemeu VI

Mosaico de Tmuis (Mendes), Egito,


criado pela artista helenística
Sophilosem cerca de 200 a.C., agora
no Museu Greco-Romano em
Alexandria, Egito, a mulher
representada é a rainha ptolemaica
Berenice II (que governou juntamente
com o seu marido Ptolemeu III) como
a personificação de Alexandria, com a
sua coroa mostrando a proa de um
navio, enquanto ela ostenta um
broche em forma de âncora nas suas
vestes, símbolos da habilidade naval
e sucessos no mar Mediterrâneo do
Reino Ptolemaico.[9]

Ptolemeu V Epifânio, filho de Filópator e Arsínoe, era uma criança quando chegou ao trono, e
uma série de regentes correram o reino. Antíoco III do Império Selêucida e Filipe V da
Macedônia fizeram um pacto para apreender as posses ptolemaicas. Filipe apreendeu várias
ilhas e lugares em Cária e Trácia, enquanto a batalha de Panium em 200 a.C. transferiu a
Cele-Síria do controle ptolemaico para o selêucida. Depois dessa derrota, o Egito formou
uma aliança com o poder crescente no Mediterrâneo, Roma. Assim que atingiu a idade
adulta, Epifânio tornou-se um tirano, antes de sua morte prematura em 180 a.C. ele foi
sucedido pelo seu filho Ptolemeu VI Filómetor.
Em 170 a.C., Antíoco IV Epifânio invadiu o Egito e depôs Filómetor. Em algumas versões da
Bíblia, o livro I Macabeus 1: 16-19, traduz a passagem como:

Agora, quando o reino foi


estabelecido antes de Antíoco,
ele pensou em reinar sobre o
Egito para que ele pudesse ter
o domínio de dois reinos. Por
isso entrou no Egito com uma
grande multidão, com carros
e elefantes, e cavaleiros e uma
grande marinha, e fez guerra
contra Ptolemeu, rei do Egito;
mas Ptolemeu teve medo dele
e fugiu; e muitos foram feridos
até à morte. Assim tomaram
as cidades fortes na terra do
Egito e ele tomou os despojos
das mesmas.
O irmão mais novo de Filómetor (mais tarde Ptolemeu VIII Evérgeta II) foi instado como um
rei marioneta. Quando Antíoco se retirou, os irmãos concordaram em reinar conjuntamente
com a sua irmã Cleópatra II. Eles logo se desentenderam, porém, e brigas entre os dois
irmãos permitiram que Roma interferisse e aumentasse a sua influência no Egito. Filómetor
finalmente recuperou o trono. Em 145 a.C., ele foi morto na Batalha de Antioquia.

Ptolemeus posteriores
Filómetor foi sucedido por outro bebê, o seu filho Ptolemeu VII Novo Filópator. Mas Evérgeta
logo retornou, matou o seu jovem sobrinho, tomou o trono e como Ptolemeu VIII logo se
mostrou um tirano cruel. Em sua morte em 116 a.C., ele deixou o reino para a sua esposa
Cleópatra III e o seu filho Ptolemeu IX Sóter II. O jovem rei foi expulso por sua mãe em 107
a.C., que reinou em conjunto com o filho mais novo de Evérgeta, Ptolemeu X Alexandre I. Em
88 a.C., Ptolemeu IX voltou ao trono e manteve-o até à sua morte em 80 a.C.. Foi sucedido
por Ptolemeu XI Alexandre II, filho de Ptolemeu X. Ele foi linchado pela turba Alexandrina
depois de assassinar a sua madrasta, que também era sua prima, tia e esposa. Essas
sórdidas disputas dinásticas deixaram o Egito tão enfraquecido que o país tornou-se um
protetorado de fato de Roma, que absorveu a maior parte do mundo grego. Ptolemeu XI foi
sucedido por um filho de Ptolemeu IX, Ptolemeu XII Novo Dionísio, apelidado de Auleta, o
tocador de flauta. Por essa altura, Roma era o árbitro dos assuntos Egípcios e anexava a
Líbia e o Chipre. Em 58 a.C., Auleta foi expulso pela turba Alexandrina, mas os romanos
restauraram-no ao poder três anos depois. Morreu em 51 a.C., deixando o reino para o seu
filho de dez anos de idade, Ptolemeu XIII Téo Filópator, que reinou em conjunto com a sua
irmã e esposa de 17 anos, Cleópatra VII.
Anos finais do império

Cleópatra

Moeda de Cleópatra VII, com a sua


efígie.[10]

Cleópatra VII ascendeu ao trono Egípcio aos dezoito anos após a morte de seu pai, Ptolemeu
XII Novo Dionísio. Ela reinou como rainha "filopadora" e faraó com vários co-regentes
masculinos de 51 a 30 a.C., quando morreu aos 39 anos de idade.

O fim do poder dos Ptolemeus coincidiu com a ascensão do Império Romano. Tendo pouca
escolha, e testemunhando uma cidade após outra caindo para a Macedônia e para o império
Selêucida, os Ptolemeus escolheram aliar-se aos romanos, um pacto que durou mais de 150
anos. Durante o governo dos Ptolemeus posteriores, Roma ganhou mais e mais poder sobre
o Egito, e acabou por ser declarado guardião da dinastia ptolemaica. O pai de Cleópatra,
Ptolemeu XII, pagou vastas somas de riqueza e recursos egípcios em homenagem aos
romanos para garantir o seu trono. Após a sua morte, Cleópatra e seu irmão mais novo
herdaram o trono, mas o seu relacionamento logo se degenerou. Cleópatra foi destituída de
autoridade e título pelos conselheiros de Ptolemeu XIII. Fugindo para o exílio, ela tentaria
levantar um exército para recuperar o trono.
Ptolemeu XII, pai de Cleópatra VII
como Faraó. Descoberto no Templo
do Crocodilo, Faium.

Júlio César deixou Roma para Alexandria em 48 a.C., a fim de acabar com a iminente guerra
civil, pois a guerra no Egito, que era um dos maiores fornecedores de grãos e outros bens
caros para Roma, teria um efeito prejudicial no comércio. Durante a sua estada no palácio
Alexandrino, ele recebeu Cleópatra de 22 anos, supostamente levada a ele em segredo
envolta num tapete. Ela contou com o apoio de César para alienar Ptolemeu XIII. Com a
chegada dos reforços romanos, e após as batalhas em Alexandria, Ptolemeu XIII foi
derrotado na Batalha do Nilo. Mais tarde, ele afogou-se no rio, embora as circunstâncias da
sua morte não sejam claras.
Rainha Cleópatra e Cesarião - Templo
de Dendera., Egito.

No verão de 47 a.C., tendo se casado com o seu irmão mais novo Ptolemeu XIV, Cleópatra
embarcou com César para uma viagem de dois meses ao longo do Nilo. Juntos, eles
visitaram Dendera, onde Cleópatra estava sendo adorada como faraó, uma honra para além
do alcance de César. Eles tornaram-se amantes, e ela lhe deu um filho, Cesarião. Em 45 a.C.,
Cleópatra e Cesarião deixaram Alexandria para Roma, onde ficaram num um palácio
construído por César em sua honra.

Em 44 a.C., César foi assassinado em Roma por vários senadores. Com a sua morte, Roma
dividiu-se entre os partidários de Marco Antônio e Otávio. Quando Marco Antônio parecia ir
prevalecer, Cleópatra o apoiou e, pouco depois, eles também se tornaram amantes e
acabaram-se casando no Egito (embora o casamento deles nunca tenha sido reconhecido
pela lei romana, já que Antônio era casado com uma romana). A sua união produziu três
filhos; os gémeos Cleópatra Selene II e Alexandre Hélio, e outro filho, Ptolemeu Filadelfo.

A aliança de Marco Antônio com Cleópatra irritou ainda mais Roma. Marcada como uma
feiticeira sedenta de poder pelos romanos, ela foi acusada de seduzir Antônio para promover
a sua conquista de Roma. Mais indignação se seguiu à cerimonia das doações de Alexandria
no outono de 34 a.C., em que Tarso, Cirene, Creta, Chipre e Israel foram dados como
monarquias clientes aos filhos de Antônio por Cleópatra. Em seu testamento, Antônio
expressou o seu desejo de ser enterrado em Alexandria, em vez de ser levado para Roma no
caso de sua morte, que Otávio usou contra Antônio, semeando mais dissensão na população
romana.
Busto de Cleópatra VII no Museu
Antigo, Antiguidades Clássicas, arte
romana, século I a.C.

Otávio foi rápido em declarar guerra a Antônio e Cleópatra, enquanto a opinião pública sobre
Antônio estava baixa. As suas forças navais encontraram-se em Áccio, onde as forças de
Marco Vipsânio Agripa derrotaram a marinha de Cleópatra e Antônio. Otávio esperou um ano
antes de reivindicar o Egito como uma província romana. Ele chegou a Alexandria e derrotou
facilmente as forças remanescentes de Marco Antônio fora da cidade. Enfrentando a morte
certa nas mãos de Otávio, Antônio tentou suicidar-se caindo em sua própria espada. Ele
sobreviveu brevemente, no entanto, e foi levado para Cleópatra, que havia se barricado em
seu mausoléu, onde morreu logo depois.

Sabendo que ela seria levada para Roma para desfilar no triunfo de Otávio (e provavelmente
executada depois), Cleópatra e as suas servas suicidaram-se em 12 de agosto de 30 a.C. A
lenda e numerosas fontes antigas afirmam que ela morreu por causa da picada venenosa de
uma áspide, embora outros afirmem que ela usou veneno, ou que Otávio ordenou a sua
morte.

Cesarião, o seu filho com Júlio César, sucedeu nominalmente Cleópatra até à sua captura e
suposta execução nas semanas após a morte de sua mãe. Os filhos de Cleópatra e de
Antônio foram poupados por Otávio e entregues à sua irmã (e esposa romana de Antônio),
Octávia, para serem criados em sua casa. A sua filha Cleópatra Selene acabou por se casar
por meio de arranjo por Otávio na linhagem real mauritana. Através da sua descendência, a
linha ptolemaica casou-se novamente com a nobreza romana.
Com as mortes de Cleópatra e Cesarião, a dinastia dos Ptolemeus e a totalidade do Egito
faraónico chegaram ao fim. Alexandria permaneceu capital do país, mas o próprio Egito
tornou-se uma província romana.

Administração romana

Busto de um nobre romano, c. 30


a.C.– 50 d.C., Museu do Brooklyn.

Em 30 a.C., após a morte de Cleópatra VII, o Império Romano declarou que o Egito era uma
província (Aegyptus), e que deveria ser governado por um prefeito selecionado pelo
imperador da classe Equestre e não por um governador da ordem Senatorial, para evitar a
interferência do senado romano. O principal interesse romano no Egito era sempre a entrega
confiável de grãos à cidade de Roma. Para esse fim, a administração romana não fez
nenhuma mudança no sistema de governo Ptolemaico, embora os Romanos tenham
substituído os Gregos nos mais altos cargos. Mas os Gregos continuaram a ocupar a
maioria dos escritórios administrativos e o grego continuou a ser a língua do governo, exceto
nos níveis mais altos. Diferente dos Gregos, os Romanos não se estabeleceram no Egito em
grande número. A cultura, a educação e a vida cívica permaneceram em grande parte gregas
durante todo o período romano. Os Romanos, como os Ptolemeus, respeitavam e protegiam
a religião e os costumes egípcios, embora o culto do estado romano e do imperador fosse
gradualmente introduzido.

Por volta de 25 a.C., o geógrafo, filósofo e historiador grego Estrabão subiu o Nilo até chegar
a Filas, após o qual há pouco registro de seus procedimentos até 17 d.C.[11]

De acordo com um estudo de 2017 em Nature Communications, as erupções vulcânicas


impactaram o Nilo de maneira a impactar negativamente a produção agrícola e, assim,
provocar a revolta no Egito Ptolemaico.[12]
Referências

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Press. 10 páginas. ISBN 978-
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ISBN 978-0-415-23489-4

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http://www.metmuseum.org/toah/hd
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Source: The Rise of Macedonia and
the Conquests of Alexander the
Great | Thematic Essay | Heilbrunn
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7. Ptolemy II Philadelphus [308-246 BC


(http://virtualreligion.net/iho/ptolemy
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9. Fletcher 2008, pp. 246–247, image
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11. «LacusCurtius • Strabo's Geography
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ttp://penelope.uchicago.edu/Thayer/
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Leitura adicional

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Monarchy, Society, Economy, Culture.
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Ligações externas

Mapa do Egito Ptolemaico, circa 270


AC (https://web.archive.org/web/2012
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