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IMPÉRIO EGÍPCIO

Na história do Egito, estabeleceram-se várias dinastias, que vão do ano 3100 a.C. até
332 a.C. e estas dinastias podem-se classificar em diferentes períodos.

O Período do Antigo Egito vai do ano 2.635 ao 2.155 a.C. Esse período, conhecido
como a “era das pirâmides”, abarca da III à VI dinastia.

O Antigo Egito foi uma civilização do Antigo Oriente Próximo do Norte de África,


concentrada ao longo ao curso inferior do rio Nilo e é hoje o país moderno do Egito.
Era parte de um complexo de civilizações, as civilizações do Vale do Nilo, do qual
também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia
e Somália.

Foi umas das primeiras grandes e mais importantes civilizações da Antiguidade e


manteve durante sua existência uma continuidade nas suas formas políticas, artísticas,
literárias e religiosas, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos,
embora as influências culturais e contatos com o estrangeiro tenham sido também
uma realidade.
O Egito Antigo foi formado a partir da mistura de diversos povos, a população era
dividida em vários clãs, que se organizavam em comunidades chamadas nomos. Estes
funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes Por volta de 3500 a.C,
os nomos se uniram formando dois reinos: o Baixo Egito, ao Norte e o Alto Egito, ao
Sul. Posteriormente, em 3200 a.C., os dois reinos foram unificados por Menés, rei do
Alto Egito, que se tornou o primeiro faraó, criando a primeira dinastia que deu origem
ao Estado egípcio.
No antigo Egito vigorava uma monarquia teocrática, ou seja, um governo baseado nas
ideias religiosas e o reponsável pela aplicacao desse direito era o Faraó, o faraó era
venerado como um verdadeiro deus, pois era considerado como o intermediário entre
os seres humanos e as demais divindades.
Vigorava também no antigo Egito o culturalismo e o Direito costumeiro, localizando se
o direito no mundo da cultura, encarando-o como a resultante de um processo criativo
dos indivíduos, tendente a adicionar às coisas, materiais ou imateriais, um significado
com vistas a aperfeiçoá-las. No Egito Antigo a manifestação do dever ser estava ligado
a moral, à religião e à magia.
Os princípios morais orientavam tanto o elaborador quanto o aplicador da norma. Esta
era legitimada pela crença de que emanava da divindade, e a conduta contrária à
prevista era considerada não só antijurídica, mas também herética, pois assim
descumpria-se a vontade dos deuses.
O Direito entre os egípcios seguia sob o símbolo de Maet que é uma "ordem moral e
cósmica que abrangia as noções de verdade, justiça, equilíbrio e ordem, personificada
como uma deusa, filha do deus-sol [Rá ou Ré]. A normatividade pré-jurídica da
Civilização do Nilo, além de ser indissociável do mito e da religião, também se mostra
sintonizada com o poder. A cultura jurídica desse povo favorecia o domínio do Estado
sobre o indivíduo. A sacralidade do Direito egípcio garantiu aos faraós longos anos de
reinado com raros períodos de turbulência. A organização político-religiosa do Império
consagrava o rei como uma espécie de divindade. Ele era a principal fonte do Direito e
da religião. A promulgação de uma sentença não carecia de apelação haja visto ter-se
definido em cooperação com os deuses, onipresentes e oniscientes. Eles vêem tudo e
igualmente sabem de tudo; logo, suas decisões são verdadeiras e justas. Mas esta
constatação não pode ocultar o fato de que possivelmente em algumas situações uma
decisão jurídica tenha sido questionada e o réu tenha solicitado o veredicto do próprio
Faraó. O poder divino dessa figura podia ser considerado a "Constituição" do Egito
Antigo. Daí porque para uma segurança jurídica ele deveria ser evocado. Neste período
apesar da forte influência da religião e da cultura, já existiam leis escritas que dataram
desde o Período Pré-Dinástico (c.6000- c.3150 a.C.), continuando e se desenvolvendo
até o Egito ser anexado por Roma no ano 30 a.C, mas não havia um código
sistematizado de leis escritas, tal qual o Código de Hamurábi, o guia para orientar o
aplicador do direito consistia basicamente nas prescrições do rei para o plano do sollen
(dever ser) e nas instruções para o campo do sein (ser). Ademais, também se
desenvolveu no Egito, como produto cultural, um sistema de leis baseadas no
costume. Desde o período pré-dinástico (5.500-3.050 a.C) o direito costumeiro teve
sua importância a ponto de posteriormente se impor até mesmo ao Faraó. "No Egito,
então, havia um direito consuetudinário, religioso e podiam ser encontradas algumas
leis escritas.
IMPÉRIO MÉDIO: começa, historicamente, com a reunificação do Egito por
Mentuhotep,o início do período é marcado pela instituição de Tebas como capital do
Egito. O último grande governante do Império Médio, Amenemés III, permitiu colonos
asiáticos na região do Delta para fornecer uma força de trabalho suficiente para sua
especialmente ativa mineração e campanhas de construção. Estas ambiciosas
atividades de mineração e construção, porém, combinadas com inadequadas
inundações do Nilo em seu reinado, fragilizaram a economia e precipitaram um lento
declínio no Segundo Período Intermediário durante as posteriores dinastias XIII e XIV.
Durante esse declínio, os colonos asiáticos começaram a assumir o controle da região
do Delta, acabando por chegar ao poder, como os hicsos. São conhecidos pelo nome
de hicsos um grupo misto semita-asiático que se estabeleceu no norte do Egito
durante o século XVIII a.C.A sua capital, Avaris, foi construída sobre as ruínas de uma
cidade do Império Médio, aparentemente, os hicsos não exerceram muita influência
na maior parte do Egito. Está claro que em Avaris se estabeleceu um povo que tinha
traços culturais bem diferentes dos egípcios. Encontramos isso nas características
básicas da cidade, nas casas, e, particularmente, nos enterros, que eram realizados
próximo ao centro urbano, mas seus traços não vão muito além desta cidade.
Imitaram o modelo de governo egípcio e se apresentaram como faraós.
Foi durante o Império Médio que foram instalados juízes profissionais para presidir
cortes, e o sistema judicial passou a ser operado dentro de um sistema mais racional e
reconhecível. Esse período também viu a criação da primeira força policial profissional,
que fazia cumprir a lei, levava suspeitos sob custódia e testemunhava no tribunal.

IMÉRIO NOVO: A fase do Novo Império do Egito marca a expulsão dos estrangeiros que
dominaram durante anos o Império. A XVIII dinastia começa com a expulsão dos hicsos
em direção a Kadesh pelo rei Ahmosis, que havia mantido seu poder em Tebas. Com a
expulsão dos hicsos, Tebas volta a ser a capital do Egito.

Os faraós mais importantes do período foram Tutmósis III (o Napoleão do Oriente),


Amen-hotep III e Ramsés II.
Nos anos finais do Império Novo e a era sucessora do Terceiro Período Intermediário
(c. 1069-525 a.C.) viram um retorno à metodologia do Império Antigo de consultar um
deus a respeito da inocência ou culpa. Durante o Terceiro Período Intermediário,
suspeitos eram trazidos até uma estátua de Amon e o deus dava um veredicto. A
resposta era alcançada por meio de um sacerdote dentro ou atrás da estátua a
movendo para um lado o outro. Esse método de administrar a justiça abria espaço
para diversos abusos, evidentemente, já que os casos agora eram ouvidos por um
sacerdote escondido dentro de uma estátua ao invés de um juiz apontado por um
tribunal. Embora o Egito fosse ter tido alguns pontos altos de retorno à lei e à ordem
durante períodos posteriores, o sistema legal nunca mais funcionaria de forma tão
eficiente quanto nos períodos anteriores ao Império Novo.

IMPÉRIO PTOLEMAICO: A dinastia insere-se no período helenístico, época que decorre


entre a morte de Alexandre e a ascensão do Império Romano, durante a qual se
assistiu à difusão da civilização grega pela bacia do mar Mediterrâneo, criando novas
formas artísticas, religiosas e políticas. Embora tivesse uma origem estrangeira, a
dinastia ptolemaica respeitou a cultura egípcia, revivendo alguns dos seus aspectos do
passado e adotando as suas divindades. A Dinastia Ptolomaica (323-30 a.C.) reviveu as
práticas e políticas da justiça administrativa do Império Novo – como fizeram com
diversos aspectos desse período –, mas essas iniciativas não foram além dos dois
primeiros soberanos. A última arte da Dinastia Ptolomaica é simplesmente um longo e
lento declínio ao caos até o país ser anexado por Roma em 30 a.C. e se tornar uma
província de seu império.
REINO DE QUERMA E CUXE

A Cultura de Querma ou Reino de Querma foi uma das primeiras civilizações centradas
em Querma, no Sudão. Floresceu de cerca de 2500 a 1 500 a.C. na antiga Núbia,
localizada no Alto Egito e no norte do Sudão. O governo parece ter sido um dos vários
estados do Vale do Nilo durante o Império Médio. Na fase mais recente do Reino de
Querma, que durou de 1700 a 1 500 a.C., absorveu o reino Sudanês de Sai e tornou-se
um império populoso e considerável que rivalizava com o Egito.

Por volta de 1 500 a.C., foi absorvido pelo Novo Reino do Egito, mas as rebeliões
continuaram durante séculos. Por volta do século XI a.C.

O Reino de Cuxe, emergiu, possivelmente de Querma, e reconquistou a independência


da região do Egito.

O principal local de Querma, que forma o coração do Reino de Querma, inclui uma
extensa cidade e um cemitério formado por grandes túmulos. O nível de afluência no
local demonstrou o poder do Reino de Querma, especialmente durante o Segundo
Período Intermediário, quando os Quermanos ameaçaram as fronteiras do sul do
Egito.

De acordo com Peter Behrens (1981) e Marianne Bechaus-Gerst (2000), evidências


linguísticas indicam que os povos de Querma falavam Línguas afro-asiáticas do ramo
Cuchítico. A Língua Nobiin Nilo-Saariana contém uma série de empréstimos-chave
relacionados com a pastorícia que são de origem Cuchitica Oriental que incluíem os
termos ara ovelha/cabra, galinha/galo, recinto de pecuária, manteiga e leite. Isso, por
sua vez,sugere que a população de Querma - que, juntamente com a C-Group Culture,
habitava o Vale do Nilo imediatamente antes da chegada dos primeiros falantes
Núbios falavam línguas Afro-asiáticas.
IMPÉRIO CARTAGINES

A civilização cartaginesa ou púnica foi uma civilização da Antiguidade que se


desenvolveu na Bacia do Mediterrâneo entre o fim do século IX a.C. e meados do
século II a.C. e esteve na origem de uma das maiores potências comerciais e militares
do seu tempo.

Cartago, a cidade que lhe deu o nome, foi fundada na costa do golfo de tunes pelos
fenícios, segundo a tradição mais usual, em 814 a.C.  Cartago foi gradualmente
ganhando ascendente sobre as cidades fenícias do Mediterrâneo Ocidental, antes de
se desenvolver a sua própria civilização. Esta é menos conhecida que a da sua
contemporânea e rival Roma, devido à destruição de Cartago pelo exército romano no
fim da Terceira Guerra Púnica, em 146 a.C., um final que é relatado pelas fontes greco-
romanas que foram extensamente usadas e difundidas de forma durável na
historiografia posterior. 

Apesar de depreciada pela expressão latina punica fides, que denota o preconceito
originado por uma longa tradição de desconfiança em relação aos fenícios desde
Homero, a civilização cartaginesa suscitou, contudo, algumas opiniões mais favoráveis,
como a de Apiano, que os comparou aos gregos em poderio e aos Persas em riqueza. 

A civilização cartaginesa resultou da mistura da cultura indígena dos berberes do Norte


de África com a dos colonos fenícios. Por isso não é fácil distinguir aquilo que se deve
aos cartagineses e aquilo que se deve aos fenícios nos achados arqueológicos
descobertos nas escavações, cujo dinamismo desde os anos 1970 abriu vastos campos
de estudo onde é evidenciada uma unidade na civilização não obstante a existência de
particularidades locais. Apesar dos progressos, muitos aspetos da civilização não
material permanecem desconhecidos, devido à natureza das fontes disponíveis,
sempre secundárias, pois toda a literatura púnica desapareceu, com lacunas e
frequentemente subjetivas. 
Das origens até ao século V a.C, Fenícios em África: As primeiras instalações
permanentes fenícias no Norte de África são muito precoces, apesar de provavelmente
aquela região não ser mais do que uma simples etapa na rota dos metais da
Península Ibérica. Por exemplo, Útica, situada a noroeste de Cartago, foi fundada em 1
101 a.C. segundo Plínio, o Velho. No século XII a.C. teriam sido também fundados os
assentamentos de Gades (ou Gadir), no sul de Espanha, e Lixo, em Marrocos, a
primeira em 1 110 a.C. e a última ainda antes disso. 

A data de fundação de Cartago por Dido (ou Elissa), uma princesa de Tiro, irmã do rei
Pigmalião (r.  814–803a.C.) foi sempre objeto de debate, não apenas durante a
Antiguidade, mas também nos nossos dias. Existem duas tradições antigas que se
confrontam. A mais difundida que chegou aos nossos dias em fragmentos de Timeu de
Tauroménio reutilizados por outros autores, situa a fundação de Cartago em 814 a.C. A
outra lenda coloca a criação de Cartago em redor da Guerra de Troia (c. século XIII
a.C.), uma tradição que é retomada por Apiano. 

As escavações arqueológicas não revelaram nenhuma data tão antiga, pelo que alguns
historiadores puseram a hipótese de a fundação ser bastante mais tardia (c. 670 a.C.).
Segundo Pierre Cintas, antes de surgir uma cidade propriamente dita, existiu um
simples entreposto mercantil. Os historiadores mais recentes baseiam-se na análise
dos anais de Tiro, usados com fonte por Menandro (c. 342–291 a.C.) e Flávio Josefo (c.
37–100 d.C.), para aceitar uma datação em redor do último quartel do século  IX a.C., a
qual é coerente com datações por rádio carbono dos níveis arqueológicos mais antigos
de  Cartago, que apontam para o período entre 835 e 800 a.C. A partir da década de
1980, a hipótese da  fundação de Cartago em 814 ou 813 a.C. era considerada como
bastante plausível pela maioria dos  historiadores, pelo menos segundo Sabatino
Moscati. 

Expansão no Mediterrâneo e em África 

Embargo das possessões fenícias no Mediterrâneo Ocidental e colonização púnica 

As lamelas de Pirgos, com inscrições em etrusco e púnica, comprovam a existência de


relações entre essas duas culturas. 
É muito difícil de distinguir, a partir das escavações nos sítios fenício-púnicos, o que é
de origem fenícia e o que é de origem cartaginesa. Assim, os arqueólogos não
assinalam rupturas como as verificadas em certos sítios antigos como Bítia ou Nora, na
Sardenha. A fundação de Ibiza, tradicionalmente datada em 675 a.C. tanto pode assim
ter sido obra quer dos fenícios quer dos cartagineses. 

O império púnico, cuja formação e funcionamento não têm caraterísticas dum


imperialismo em sentido estrito, é antes considerado uma espécie de confederação de
colónias pré-existentes em volta da mais poderosa dentre elas quando se deu o
declínio da cidade-mãe de Tiro. Cartago teria ficado encarregue de assegurar a
segurança coletiva e a política externa e comercial da comunidade. 

Os fenícios do Ocidente e depois os púnicos tiveram relações precoces com outras


civilizações, sobretudo com a etrusca, com a qual os estabelecem ligações comerciais.
A arqueologia testemunha essas relações comerciais, em particular as lamelas de
Pirgos e alguns achados encontrados em necrópoles cartaginesas: vasos de produção
etrusca chamados búcaros e uma inscrição em etrusco na qual se apresenta um
cartaginês. A aliança com os etruscos tinha também como objetivo travar a expansão
dos focenses do Ocidente, que acabaram por ser derrotados na batalha de Alalia,
um confronto marítimo travado ao Largo da Córsega circa 540–535 a.C. A partir do
declínio dos etruscos, a aliança torna-se inoperante. 

Nascimento de um império africano no século V a.C. 

Segundo a perspectiva usualmente mais aceite, Cartago concentrou-se no interior do


seu território africano depois da derrota de Hímera. No entanto, esta tese é cada vez
mais posta em causa por alguns historiadores que estimam que a implantação africana
se tornou mais importante em épocas mais tardias. Sob esta ótica, a expansão africana
durante o século V a.C. deve-se apenas à necessidade de controlar territórios que
permitissem alimentar uma população crescente.

Antagonismo com Roma e fim da Cartago púnica 

Primeiras relações com Roma: os tratados 


As primeiras relações com Roma são pacíficas, o que é atestado pelos tratados
concluídos em 509 a.C., referidos na obra de Políbio, 348 a.C. e 306 a.C. Estes tratados
garantem a Cartago a exclusividade do comércio desde o Norte de África e ausência de
pilhagens contra os aliados de Roma em Itália. A duração cada vez mais curta entre
esses tratados tem sido entendida como um sinal de tensões crescentes entre as duas
potências. 

Os episódios denominados "guerras púnicas" referem-se ao antagonismo que se


estendeu durante mais de um século, de 264 a 146 a.C. 

O primeiro conflito ocorre de 264 a 241 a.C., e implicou a perda da Sicília por parte de
Cartago, que foi ainda obrigada a pagar um pesado tributo. Esta derrota tem graves
consequências sociais internas, como o episódio da Guerra dos Mercenários, uma
guerra civil com contornos de extraordinária crueldade, que assolou os territórios
cartagineses africanos entre 240 e 237 a.C. A capital seria finalmente salva por Amílcar
Barca, mas Roma aproveitou as dificuldades internas para agravar as condições de
paz. 

Após isso, o imperialismo de Cartago orienta-se para a Península Ibérica e para o


confronto com os aliados de Roma, o que torna inevitável um segundo conflito, que
estala em 219 a.C. com o cerco cartaginês a Sagunto, que é destruída após oito meses
de cerco. A expedição de Aníbal Barca a Itália, que partindo da Península Ibérica,
atravessou os Pirenéus e os Alpes e chegou a Cápua, perto de Nápoles, sem, contudo,
atacar a cidade de Roma, mostra a capacidade do general cartaginês para
obter vitórias retumbantes, mas ao mesmo tempo evidencia a sua incapacidade para
tirar partido da sua vantagem e submeter uma Roma vacilante. A partir de 205 a.C. a
guerra passa a desenrolar-se exclusivamente em solo africano, e em 19 de outubro de
202 a.C. a vitória do general romano Cipião na batalha de Zama marca a derrota final
dos cartagineses. 

No decurso dos cinquenta anos que se seguem, Cartago paga regularmente a Roma
um pesado tributo, mas ao mesmo tempo dota-se de equipamentos dispendiosos,
como portos. A cidade aparenta ter retomado nessa época uma grande prosperidade,
que é demonstrada pela execução de projetos urbanos como o do bairro púnico de
Birsa, ligado ao sufetato de Aníbal Barca. 

No entanto, devido à ascensão da cidade e ao fim do pagamento do tributo, Roma


impõe aos cartagineses o abandono da cidade, a retirada para o interior e a renúncia à
identidade marítima.  Acerca disto, Marco Veleio Patérculo escreveu que «Roma, já
senhora do mundo, não se sentia em segurança enquanto subsistisse o nome de
Cartago». A recusa cartaginesa que se segue provoca a terceira e última guerra, que é
marcada pelo cerco de Cartago, que se prolonga de 149 a 146 a.C. No final, mesmo
que o solo não tenha sido coberto de sal como relata a historiografia do fim do
século XIX início do século XX, a destruição da cidade é total e é lançada uma maldição
sobre o local, que é declarado sacer. Cartago deixa de existir como entidade política,
mas durante muito tempo os aspetos da sua civilização perduram, espalhados pelo
Mediterrâneo: elementos religiosos, artísticos, linguísticos e até institucionais no Norte
de África.
REINO BLEMIO

Os blêmios, também conhecidos como blemitas ou bleminges, um antigo povo


inicialmente nômade, que habitava desde o II milênio a.C. até o século V a Baixa Núbia.
Os blêmios foram obrigados a cada vez mais se refugiarem nas regiões montanhosas
do deserto oriental do Alto Egito e da Alta Núbia, passando a dominar a região
conhecida como Dodecasqueno (a área que se estende da primeira catarata até
o antigo Templo de Hierasicamino a 120 km ao sul de Assuão).  

A caracterização étnica dos blêmios é problemática. Além de habitarem uma região


antiga, lá habitavam pessoas de várias famílias linguísticas. A opinião da maioria
considera que os blêmios são os sucessores dos Medjai, que emigraram para o Egito
no segundo milênio para servirem como forças policiais. No entanto, deve-se levar em
conta que os Medjai eram de etnia nilo-saariana, como testemunham as inscrições
meroíticas, enquanto a área ocupada pelos blêmios é ocupada atualmente pelos povos
cuchíticos. 

Outros consideram os blêmios, por sua vez, os ancestrais dos bejas, ou pelo menos de
uma fração deles, os Bisjarins ou os Ababda. 

Um ponto de vista diferente, ligado às fontes greco-romanas clássicas, considera-os


tribos etíopes, mas deve ser levado em conta que essas fontes aludem a um conceito
amplo da Etiópia, referindo-se aos territórios ao sul do Egito, habitado por populações
negras. O mesmo acontece com a sua atribuição como tribo líbia, uma vez que a Líbia,
em sentido amplo, refere-se à África que rodeia o Egito.  

Há também referências romanas que os identificam como árabes, possivelmente


influenciados por suas incursões na Península do Sinai. 
Durante o Império Novo Egípcio, os blêmios eram conhecidos como bleu, segundo as
inscrições hieroglíficas, nas fontes egípcias da época de Ramessés IX, embora exista
muita discussão da época em que chegaram a Baixa Núbia, e mesmo se sempre foram
nômades, se em alguma época se estabeleceram, se dominaram certas regiões ou se
foram dominados pelos Nobácios. 

O papel dos blêmios na história da Baixa Núbia durante o período meroítico tardio
(após a queda de Cuxe) não é claro.

Monnert de Villard e Hoffman, Tomandl e Zach acreditam que os blêmios eram os


principais núbios que viviam em grande parte da Baixa Núbia no século I Török, por
outro lado, acredita que os blêmios não poderiam ter tido uma posição de destaque
no Vale antes de 373, embora eles fossem mencionados nas inscrições demóticas de
Filas. Isso levou muitos pesquisadores a concluírem que os nobácios formaram o
estado meroítico sucessor após o declínio dos cuxitas de Meroé. A partir daí osblêmios
passaram a ser reconhecidos como um povo nômade associado ao declínio de Meroé.
As inscrições dos axumitas deixam claro que depois que estes conquistaram os cuxitas,
e que os os nobácios foram os sucessores ao sul, mas indicam também que os blêmios
eram o poder dominante na Baixa Núbia nesta época. 

Outra indicação que corrobora com este ponto de vista pode ser vista nos registros em
Napata que deixam claro que no século VII a.C. os blêmios estavam entrando na Baixa
Núbia. Esses registros mostram que essas pessoas reconheciam a supremacia
napatana. E entre os séculos V e IV a.C. esses registros afirmam que os blêmios foram
assentados na Alta e Baixa Núbia, após serem derrotados pelo rei Harsiotef (r. 404–369
a.C.). 

As fontes clássicas deixam claro que embora os cuxitas em Meroé fossem a potência
dominante na Núbia e no Sudão nessa época, havia também muitos estados
independentes associados. Entre os séculos IV e II a.C., a Baixa Nubia era pouco
povoada. Mas a essa altura muitos blêmios foram assentados ali. Eratóstenes afirma
que eles foram reconhecidos como súditos dos reis meroíticos (Cuxe). Por volta do
século I a.C., Estrabão classificou os blêmios como subordinados dos meroítas.
No século seguinte, os nobácios foram mencionados como vivendo a sul de Meroé, na
margem ocidental do Nilo.  

Os blêmios parecem ter tido relações muito íntimas com os meroítas e eram
reconhecidos por estes como um importante grupo subordinado dentro da estrutura
meroítico. Isto explicaria Eusébio de Cesareia mencionar a visita de embaixadores dos
meroítas e dos blêmios à corte egípcia, provavelmente por volta de 336. V. Christides,
afirma que os blêmios deram as coroas de Balana ao imperador Constantino. 

Os blêmios adoravam o deus Mandúlis e provavelmente muitas das divindades


meroíticas à medida que se tornavam aculturados à civilização meroítica. Devido ao
grande número de blêmios na Baixa Núbia, um templo em homenagem a Mandúlis foi
construído entre 206 e 186 a.C., em Calabexa pelo rei Arcamani. Os blêmios eram
muito poderosos por volta de 249-251, atacaram o Egito. Por volta de 297, os romanos
estavam pagando um subsídio para os nobácios apaziguarem a região
de Dodecasceno, e servirem como um "tampão" entre os romanos e os blêmios. 

Nos anos 370 começamos a ouvir mais sobre os blêmios em fontes clássicas. Em 373,
atacaram os romanos nos Dodecasceno. Este ataque é registrado em Filas na inscrição
demótica Ph.371. Por volta de 374, os blêmios também estavam atacando a Península
do Sinai.  

Uma inscrição meroítica descoberta em Calabexa conhecida como Inscrição de


Calabexa apoia a visão de que os blêmios controlavam grande parte da Baixa Núbia
após o declínio dos meroítas esta inscrição deixa claro que Caramadoie foi reconhecido
como um importante rei na Baixa Núbia.  Aparecia nas inscrições que seu pai era
Patatecaie fundador do Império e que seu filho e sucessor era Isamenie ou Icemne.

Há evidências de que Isamenie foi bem-sucedido em manter o império blêmio. A


maioria dos pesquisadores acredita que uma outra inscrição grega em pidgin em
Calabexa conhecida como Inscrição de Icemne, provavelmente se referia a Isamenie.
Os blêmios continuaram a ser o maior poder na Baixa Núbia até 450 quando foram
derrotados pelos nobácios liderados pelo rei Silco. De acordo com a inscrição de Silco,
em 450 Silco derrotou o rei blêmio Fonene. 
A pista documental dos blêmios desaparece, embora se tenha conhecimento de um rei
chamado Bachia e de alguns vestígios arqueológicos que datam do século VII em torno
de sua capital no deserto Deraeibe, localizada entre Uádi Halfa e o Mar Vermelho. A
última menção às blêmios aparece em 758 quando os governantes abássidas do Egito
quebram o baqt (tratado de não agressão) o que desencadeou incursões blêmias. 

Hoje, os descendentes dos blêmios fazem parte dos bejas, que incluem as tribos de
Bixarins, Amaras e Hadendoas. Em todo o sudeste do Egito e nordeste do Sudão,
estima-se que existam um milhão de falantes do beja, embora muitos deles também
falem árabe. A maioria dos bejas continua a viver como nômades, pastoreando
camelos e gado na região árida que, tempos atrás era mais verdejante, também
abrigava seus ancestrais. Alguns grupos bejas são famosos pela sua reclusão, outros,
como os criadores de camelos como os Bixarins, tiveram contato prolongado com os
povos do Vale do Nilo.
REINO DA MAURITANIA

Mauritânia era o nome antigo da região que corresponde à costa mediterrânea dos
modernos estados de Marrocos, Argélia ocidental e as cidades espanholas de Ceuta e
Melilha. Na região floresceu um reino berbere a partir do século III a.C. que se tornou
um reino cliente dos romanos em 33 a.C. Toda a região foi incorporada ao Império
Romano quando Ptolemeu da Mauritânia morreu sem herdeiros em 40 d.C.

Na década de 430, a região foi tomada pelos vândalos e só foi reconquistada pelas
forças do general bizantino Belisário em 533. Depois disso, houve um período de fraco
controle central no qual a Mauritânia foi praticamente independente. A província foi
definitivamente perdida quando os omíadas conquistaram todo o Magrebe por volta
de 698. Em 743, os berberes derrotaram os omíadas durante a Revolta Berbere,
reconquistaram sua independência e fundaram muitos reinos muçulmanos na região
até 1912, quando a França e a Espanha conquistaram a região, apesar da feroz
resistência. Em 1956, a região reconquistou sua independência e corresponde ao
moderno estado do Marrocos.

A Mauritânia era um reino tribal dos mauros na costa mediterrânea do norte da África
a partir de pelo menos o século III a.C. A costa havia feito parte dos domínios de
Cartago desde antes do século IV a.C., mas o interior sempre foi controlado pelas
tribos berberes, que se assentaram na região durante o início da Idade do Ferro.

Mauritânia foi habitada por negros e berberes, e era um centro para o movimento
almorávida berbere, no século 11, que buscava espalhar o Islão através da África
Ocidental. Foi o primeiro explorado pelo Português no século 15, mas no século 19 o
francês ganhou o controle.

A França organizou a área em um território em 1904, e em 1920 tornou-se uma das


colônias que constituíam África Ocidental Francesa.

Rei Atlas foi um lendário rei da Mauritânia a quem se atribui a invenção do globo
celeste. O primeiro rei histórico conhecido dos mauros é Bagas, que reinou durante a
Segunda Guerra Púnica. Os mauros mantinham estreitos contatos com o Reino da
Numídia e Boco I (fl. 110 a.C.) era sogro de Jugurta da Numídia.

A Mauritânia tornou-se um reino cliente do Império Romano em 33 a.C. e os novos


senhores colocaram Juba II da Numídia no trono da Mauritânia e, quando ele morreu
em 23 d.C., seu filho, educado em Roma, Ptolemeu o sucedeu. Contudo, Calígula
mandou matá-lo em 40 d.C. e Cláudio anexou o reino quatro anos depois, organizando
uma província imperial em seu território.

Durante a crise do terceiro século, partes da Mauritânia foram reconquistadas pelos


berberes. O controle romano passou a se restringir a umas poucas cidades costeiras
(como Septem, na Tingitana, e Cherchell na Cesariense) no final do século III.

Fontes históricas sobre os eventos no interior são escassas, mas, aparentemente, a


região passou a ser governada por monarcas nativos que, porém, mantinham ainda
uma certa medida da cultura romana, incluindo nas cidades, e reconheciam a
suserania dos imperadores romanos. Uma inscrição de Altava, na Argélia ocidental, um
destes monarcas, Masuna, se intitula rex gentium Maurorum et Romanorum ("rei dos
povos mouros e romanos"). A mesma cidade foi depois a capital de um outro monarca,
Garmul ou Garmules, que resistiu ao domínio bizantino na África, mas que foi
finalmente derrotado em 578. O historiador bizantino Procópio menciona também
mais um outro, mastigas, que controlou a maior parte da Mauritânia Cesariense na
década de 530.
REINO DE NUMIDIA

Numídia foi uma província romana na costa norte da África, compreendendo


aproximadamente o território do nordeste da Argélia. As pessoas da região foram
identificadas pela primeira vez como númidas por Políbio, por volta do século II a.C.,
embora fossem frequentemente chamadas de nodidianos.

A Numídia Oriental foi anexada em 46 a.C. para criar uma nova província romana, a
África Nova. A Numídia Ocidental também foi anexada após a morte de seu último rei,
arábio, em 40 a.C., e as duas províncias foram unidas a Tripolitana pelo Imperador
Augusto, para criar a África Proconsular. Em 40 d.C., a porção ocidental da África
Proconsular, incluindo sua guarnição legionária, foi colocada sob um legatus imperial
e, com efeito, tornou-se uma província separada da Numídia, embora os legados da
Numídia permanecesse nominalmente subordinado ao procônsul da África até 203
d.C.

Durante o segundo século, a província foi cristianizada, mas, no século IV, aderiu à
heresia donatista, apesar de dar origem a homens de fé ortodoxa tão ilustres quanto
Santo Agostinho, bispo de Hipona (atual Annaba).

Depois de 193, sob Septímio Severo, Numídia foi oficialmente destacada da província
da África e constituiu uma província por direito próprio, governada por um legado
imperial. Sob Diocleciano,constituiu uma província simples na reorganização
tetrárquica, depois foi brevemente dividida em duas: Numidia militana e Numidia
cirtensis.

Em 428, os vândalos começaram suas incursões nas províncias africanas. Eles


finalmente conseguiram criar o Reino Vândalo, que durou entre 432 e 534, o ano em
que os vândalos caíram e as províncias africanas foram reincorporadas ao domínio
romano (oriental) e formaram o Exarcado da África. Entre 696 e 708, a região foi
conquistada pelos exércitos muçulmanos e tornou-se parte de Ifríquia.

A Numídia, como as outras províncias africanas, tornou-se altamente romanizada e foi


repleta de numerosas cidades. As principais cidades da Numídia Romana eram: no
Norte, Cirta (atualConstantina), a capital, com seu porto Russicada (atual Skikda); e
Hipona (perto de Bône), conhecida como a sé de Santo Agostinho. Ao Sul, no interior,
as estradas militares levaram a Tébessa (Tébessa) e Lambésis, com extensos restos
romanos, conectados por estradas militares com Cirta e Hipona,respectivamente.

Lambésis era a sede do Legio III Augusta e o mais importante centro estratégico. Ele
comandava as passagens das montanhas Aurés, um bloco de montanha que separava
Numídia das tribos bereteiras do deserto de Getúlia, e que foi gradualmente ocupada
em toda sua extensão pelos romanos sob o Império. Incluindo essas cidades, havia no
total vinte que, sabidamente, receberam de uma vez ou outra o título e o status das
colônias romanas; e no século V, a Notitia Dignitatum enumera nada menos que 123
visões cujos bispos se reuniram em Cartago em 479.
Reino Vândalo

O Reino Vândalo foi um reino estabelecido pelos vândalos sob Genserico (r. 428–477)
no Norte daÁfrica e Mediterrâneo de 435 a 534. Originou-se do assentamento dos
vândalos, pelo governo romano, nas províncias da Numídia e Mauritânia e expandiu-se
mais dentro do Norte da África e mediterrâneo. O reino foi conquistado pelo
imperador bizantino Justiniano (r. 527–565) na GuerraVândala.

Embora lembrado principalmente por sua perseguição aos cristãos ortodoxos nicenos,
os vândalos foram também patronos da aprendizagem. Grandes projetos de
construção foram empreendidos, escolas floresceram e o Norte da África promoveu
muitos dos escritos mais inovadores e científicos do latim ocidental tardio.

Estabelecimento

Os vândalos sob o novo rei deles Genserico cruzaram a África em 429. Embora
números sejam desconhecidos e alguns historiadores debatem a validade das
estimativas, baseando-se na assertiva de Procópio de Cesareia os vândalos e alanos
contavam 80 000 quando se moveram para o Norte da África. Peter Heather estima
que eles poderiam ter alinhado um exército de cá. 15 000-20 000.De acordo com
Procópio, os vândalos vieram para a África a pedido de Bonifácio, o governante militar
da região. Contudo, tendo sido sugerido que os vândalos migraram para a Áfricaem
procura de segurança; eles tinham sido atacados por um exército romano em 422 e
tinham falhado em selar uma trégua com eles. Avançando para leste ao longo da
costa, os vândalos lançaram cerco a cidade murada de Hipona em 430. Dentro, Santo
Agostinho e seus padres rezaram para o alívio dos invasores, sabendo muito bem que
a queda da cidade significaria conversão ou morte de muitos cristãos romanos. Em 28
de agosto de 430, três meses em cerco, São Agostinho (que estava com 75 anos)
morreu,talvez por fome ou estresse. Após 14 meses, fome e inevitáveis doenças
estavam assolando os habitantes da cidade e os vândalos fora dos muros, com a
cidade finalmente caindo para eles, que fizeram dela sua capital.

A paz foi feita entre romanos e vândalos em 435 através de um tratado que deu aos
vândalos ocontrole da costa da Numídia e partes da Mauritânia. Genserico escolheu
quebrar o tratado em 439 quando invadiu a província da Diocese da África e sitiou
Cartago. A cidade foi capturada sem luta; os vândalos entraram na cidade enquanto a
maioria dos habitantes estava assistindo corridas no hipódromo. Genserico fez-a sua
capital, e denominou-se Rei dos Vândalos e Alanos, para denotar a inclusão dos alanos
da África do Norte em sua aliança. Conquistando Sicília, Sardenha, Córsega,

Malta e ilhas Baleares, estabeleceu seu reino como um Estado poderoso. O historiador
Camerson sugere que o novo governo vândalo não tinha sido indesejável pela
população do Norte da África uma vez que os antigos proprietários eram geralmente
impopulares.

A impressão dada por fontes antigas tais como Vitor de Vita, Quodvultdeu e Fulgêncio
de Ruspe foi que a conquista vândala de Cartago e Norte da África levou a destruição
generalizada. Contudo, investigações arqueológicas recentes têm contestado esta
assertiva. Embora o Odeon de Cartago foi destruído, o padrão viário permaneceu o
mesmo e alguns edifícios públicos foram renovados. O centro político de Cartago foi a
colina Birsa. Novos centros industriais emergiram dentro das cidades durante este
período. O historiador Andy Merrills usa as grandes quantidades de cerâmica africana
com engobe vermelho descoberta através do Mediterrâneo para desafiar o
pressuposto de que o governo vândalo do Norte da África foi um período de
instabilidade econômica. Quando os vândalos sitiaram a Sicília em 440, o Império
Romano do Ocidente estava preocupado demais com a guerra na Gália para reagir.
Teodósio II (r. 408–450), imperador do Império Bizantino, enviou uma expedição para
lidar com os vândalos em 441, contudo, apenas progrediu tanto quanto a Sicília.

O Império do Ocidente sob Valentiniano III (r. 425–455) assegurou paz com os
vândalos em 442. Segundo o tratado, os vândalos ganhariam Bizacena, Tripolitânia,
parte da Numídia e confirmariam seu controle sobre a Diocese da África.

Durante os próximos 25 anos, com uma grande frota, Genserico saqueou a costa dos
impérios oriental e ocidental. Após a morte de Átila, o Huno (r. 434–453), contudo, os
romanos poderiam virar a atenção deles de volta para os vândalos, que estavam sobre
controle de algumas das terras mais antigas do antigo império deles. Em um esforço
para trazer os vândalos dentro da dobra do império, Valentiniano III ofereceu a mão de
sua filha em casamento com o filho de Genserico. Antes deste tratado ser realizado,
porém, a política desempenhou novamente uma parte crucial nos erros

de Roma. Petrônio Máximo o usurpador, matou Valentiniano III e um esforço para


controlar o império. A diplomacia entre as duas facções quebrou, e em 455 com uma
carta da imperatriz

Licínia Eudóxia,pedindo ao filho de Genserico para resgatá-la, os vândalos tomaram


Roma, junto com a imperatriz Licínia Eudóxia e seus filhos Eudócia e Placídia.

O cronista Próspero da Aquitânia[14] oferece o único relato do século V que em 2 de


junho de 455, o papa Leão I recebeu Genserico e implorou-lhe para abster-se de
assassinatos e destruição por fogo, e que se contentassem com a pilhagem. Se a
influência do papa salvou Roma, é contudo, questionável. Os vândalos partiram com
inúmeros objetos de valor. Eudóxia e sua filha Eudócia foram levadas para o Norte da
África.

Anos mais tarde Como resultado do saque vândalo de Roma e a pirataria no


Mediterrâneo, tornou-se importante para o Império Romano destruir o Reino Vândalo.
Em 460, o imperador ocidental Majoriano (r.457–461) tentou invadir o Reino Vândalo,
mas foi derrotado em uma batalha naval em Cartagena, na Espanha. Em 468, ambas as
porções do império tentaram conquistá-lo novamente, com uma forma de mais de
100 000 homens. Em uma batalha naval no cabo Bon, na atual Tunísia, os vândalos
capturaram a frota ocidental e destruíram a oriental através do uso de navios de fogo.
Após o ataque, os vândalos tentaram invadir o Peloponeso, mas foram rechaçados
pelos maniotas em

Cenípolis com pesadas baixas. Em retaliação, os vândalos tomaram 500 reféns em


Zacinto, cortando-os em pedaços e depois os lançando ao mar no caminho para
Cartago. Nos anos 470, os romanos abandonaram a política de guerra deles contra os
vândalos. O general germânico ocidental Ricimero chegou a um acordo com os
vândalos, e em 476 Genserico foi capaz de concluir uma quota ;paz perpétua; com
Constantinopla. A relação entre os dois Estados assumiu uma aparência de
normalidade. De 477 em diante, os vândalos produziriam suas próprias moedas. Era
restrito às moedas de baixa denominação de bronze e prata. Embora o dinheiro
imperial de baixa denominação foi substituído, a alta denominação não era,
demonstrando, nas palavras de Merrills, "relutância em usurpar a prerrogativa
imperial".[17]

Genserico morreu em 22 de janeiro de 477. De acordo com a lei de sucessão que ele
havia promulgado, o membro homem mais velho da casa real seria o sucessor. Assim,
ele foi sucedido por seu filho Hunerico (r. 477–484) que, por seu temor à
Constantinopla, tolerou os católicos, porém, após 482, começou a perseguir os
maniqueístas e católicos. Guntamundo (r. 484–496), seu primo e sucessor, buscou a
paz interno com os católicos e cessou a perseguição mais uma vez.

Externamente, o poder dos vândalos havia declinado desde a morte de Genserico e


Guntamundo perdeu vastas partes da Sicília para os mouros autóctones. O sucessor de
Guntamundo, Trasamundo (r. 496–523), devido a seu fanatismo religioso, foi hostil
com os católicos e contentou-se com perseguições sem derramamento de sangue.

O sucessor de Trasamundo, Hilderico (r. 523–530) foi o rei vândalo mais tolerante em
relação à Igreja Católica. Ele garantiu liberdade religiosa; consequentemente os
sínodos católicos foram mais uma vez realizados no Norte da África. Contudo, ele tinha
pouco interesse em guerra, e deixou isso a um membro de sua família, Hoamero.
Quando Hoamero sofreu uma derrota contra os mouros, a facção ariana dentro da
família real liderou uma revolta, erguendo a bandeira do arianismo nacional, e seu
primo Gelimero (r. 530–533) tornou-se rei. Hilderico, Hoamero e os parentes deles
foram jogados na prisão. Hilderico foi deposto e assassinado em 533.

O imperador bizantino Justiniano (r. 527–565) declarou guerra, com a intenção


declarada de restaurar Hilderico ao trono vândalo. Enquanto uma expedição estava em
curso, uma grande parte do exército e marinha vândala foi liderada por Tzazo, irmão
de Gelimero, para a Sardenha para lidar com uma rebelião liderada pelo nobre godo
Godas. Como resultado, os exércitos do Império Bizantino comandados por Belisário
foram capazes de desembarcar sem oposição 16 km de Cartago.

Gelimero rapidamente montou um exército, e encontrou Belisário na batalha de Ad


Decimum; os vândalos estavam vencendo a batalha Amatas e Gibamundo,
respectivamente irmão e sobrinho de Gelimero, caírem em batalha. Gelimero então
perdeu a coragem e fugiu. Belisário rapidamente tomou Cartago enquanto os vândalos
sobreviventes ainda lutavam. Em 15 de dezembro de 533, Gelimero e Belisário
novamente se enfrentaram na batalha de Tricamaro, ca. 32 km de Cartago.

Novamente os vândalos lutaram bem mas quebraram, desta vez quando Tzazo caiu em
batalha. Belisário rapidamente avançou para Hipona, segunda cidade do Reino
Vândalo, e em 534 Gelimero, sitiado no monte Pápua pelo general hérulo Faras,
rendeu-se para os bizantinos, encerrando o reino dos vândalos.

O Norte da África (norte da Tunísia e Argélia oriental) tornou-se uma província romana
novamente, a partir da qual os vândalos foram expulsos. Muitos vândalos fugiram para
Saldas (atual Bugia,Argélia) onde eles integraram-se com os berberes. Muitos outros
foram colocados sob serviço imperial ou fugiram para os dois reinos góticos (Reino
Ostrogótico e Reino Visigótico) e algumas mulheres vândalas casaram-se com soldados
bizantinos assentados no norte da Argélia e Tunísia. Os melhores guerreiros vândalos
foram colocados em cinco regimentos de cavalaria, conhecidos como Vândalos
Justinianos (Vandali Iustiniani), e foram estacionados na fronteira persa. Alguns
entraram no serviço privado de Belisário.[24] "O próprio Gelimero foi tratado
honoravelmente e recebeu grandes propriedades na Galácia onde viveu até a velhice.
Foi também oferecido o posto de patrício mas ele recusou porque não estava disposto
a mudar sua fé ariana. Nas palavras do historiador Roger Collins: os vândalos
remanescentes foram então enviados de volta para Constantinopla para serem
absorvidos no exército imperial. Como uma unidade étnica distinta eles
desapareceram.

Religião

Diferenças entre os arianos vândalos e seus súditos trinitários (incluindo católicos e


donatistas) foram uma constante fonte de tensão no Estado africano deles. Bispos
católicos foram exilados ou mortos por Genserico e leigos foram excluídos do cargo e
frequentemente sofreram confiscação de suas propriedades. Ele protegeu seus súditos
católicos quando suas relações com Roma e Constantinopla foram amigáveis, como
durante os anos 454-457, quando a comunidade católica em Cartago, que estava sem
um chefe, elegeu o bispo Deográcias. O mesmo foi o caso durante os anos 476-477
quando o bispo Vitor de Cartena enviou a ele, durante um período de paz, uma forte
reputação do arianismo e não sofreu punição. Hunerico, o sucessor de Genserico,
emitiu decretos contra os católicos em 483 e 484 em um esforço para marginalizá-los e
fazer o arianismo a principal religião do Norte da África. A maioria dos reis vândalos,
exceto Hilderico, perseguiram os cristãos trinitários em menor ou maior medida,
proibindo a conversão de vândalos, exilando bispos e geralmente fazendo difícil a vida
dos trinitários.
REINO DE MACURIA

Macúria, reino localizado no que é o actual Norte do Sudão e Sul e do Egipto.


“Makuria”cobria a área ao longo do rio Nilo da Terceira Catarata para algum lugar
entre o quinto e o sexto Cataratas. Tinha, ainda, controlo sobre as rotas de comércio,
minas e oásis para o leste e oeste. Como capital tinha Dongola (árabe: Dunqulah), pelo
que o reino muitas vezes referenciado pelo nome de sua capital.

Entre o final do século VI e princípio do século VII, Egito foi conquistado pelos exércitos
islâmicos, e Núbia foi cortado do resto do Cristandade. Em 651 um exército árabe
invadiu, mas foi repelido e um tratado conhecido como baqt foi assinado a criação de
uma relativa paz entre os dois lados que durou até o século XIII. Makuria expandido,
anexando seu vizinho do norte Nobatia quer no momento da invasão árabe ou durante
o reinado do Rei Merkurios. O período de aproximadamente 750-1150 viu o reino
próspero e estável, no que tem sido chamado de " Golden Age ". Pelo que
o aumento da agressividade do Egito e discórdia interna levou ao colapso do Estado no
século XIV.

Diz-se que as origens do Makuria são incertas. Segundo Ptolomeu um povo Nubian
conhecido como o Makkourae, que possa estar antepassados aos Makurians. O reino
se acredita ter formado no século IV ou V. A primeira menção registrada de que está
em uma obra do século VII - João de Éfeso, que denuncia sua hostilidade para com
Monophysite missionários que viajam para Alodia. Logo depois João de Biclarum
escreveu com aprovação de adoção do "Makurritae"s do rival Fé melquita.

Makuria foi um dos poucos Estados do mundo para repelir Invasões muçulmanas
liderados pelo Rashidun Califado, quando derrotou um exército árabe no Primeira
Batalha de Dongola em 642. Os árabes tinham tomado o Egito em 641, e o jihad logo
virou para o sul. Makuria repetiu o feito em 652 no Segunda Batalha de Dongola.
Escritores árabes observou habilidade os Makurians 'como arqueiros em ambas
as batalhas. Uma das poucas grandes derrotas sofridas por um exército árabe no
primeiro século da expansão islâmica, levou a um acordo sem precedentes: o Bakt.
Este tratado garantido relações pacíficas entre os dois lados. O Nubians concordou em
dar aos comerciantes árabes mais privilégios do comércio, além de uma participação
em seu comércio de escravos, enquanto os egípcios podem ter sido obrigada a enviar
bens manufaturados sul.

Em algum momento Makuria fundiu com Nobatia para o norte. A evidência para
quando isso ocorreu é contraditória. As contas árabes da invasão de 652 só fazer
referência a um único Estado baseado em Dongola. O Bakt, negociado pelo rei
Makurian, aplicada a todos da Núbia norte de Alodia. Isso levou alguns estudiosos a
propor que os dois reinos fossem unificados durante este período turbulento. No
entanto, um livro escrito em 690 deixa claro que Makuria e Nobatia ainda eram dois
reinos separados e bastante hostis. Evidência clara para a união é fornecido por uma
inscrição a partir do reinado do Rei Merkurios na Taifa que deixa claro que Nobatia
estava sob controle Makurian em meados do século oitavo. Toda fonte após esta data
tem Nobatia sob controle Makurian. Isto leva muitos estudiosos a inferir que a
unificação ocorreu durante o reinado de Merkurios, que foi descrito como o
Constantinet;por John Deacon.

Makuria permaneceu em uso como um termo geográfico para a metade sul do reino,
mas também foi usado para descrever o reino na sua totalidade. Alguns autores se
referem a ele simplesmente como Núbia, ignorando que o sul de Nubia ainda estava
sob o reino independente de Alodia. Ele também é chamado às vezes o Reino de
Dongola, depois que a cidade capital. Outro nome, o Macúria e Nobatia, talvez implica
uma monarquia dual. Dotawo poderia ser um outro nome, ou poderia se referir a um
reino inteiramente separada.

Makuria era uma monarquia governada por um rei com base em Dongola. O rei
também foi considerado um padre e poderia executar em massa. Como a sucessão foi
decidida não é clara. Os primeiros escritores indicam que era de pai para filho. Após o
século XI, no

entanto, Makuria usavas o “sistema de tio-to-sister's-filho” favorecido por


milênios em Kush. Shinnie acredita e defende que mais tarde pode ter sido realmente
utilizados por toda parte, e que os primeiros escritores árabes meramente tinham
entendido mal a situação e descrito incorretamente sucessão Makurian como
semelhante ao que eles estavam acostumados.

Não há muito que se sabe sobre o governo abaixo do rei. O que se sabe é que uma
considerável parte dos funcionários, geralmente usam títulos bizantinos, são
mencionados, mas seus papéis nunca são explicados. Uma figura que é bem
conhecido, graças aos documentos encontrados nas Qasr Ibrim, é a Eparch de Nobatia,
do qual acredita-se ter sido o vice-rei naquela região depois que foi anexado ao
Makuria. Os registros da Eparch deixar claro que ele também era responsável pelo
comércio e diplomacia com os egípcios.

Registros antigos fazem parecer que o Eparch foi nomeado pelo rei, mas os posteriores
indicam que a posição havia se tornado hereditário. Este escritório acabaria por se
tornar a do; Senhor dos Cavalos" governar o autónomo e, em seguida, egípcio-
controlada al-Maris.

Os bispos podem ter desempenhado um papel na governação do Estado. Ibn Selim el-
Aswani observou que antes de o rei responder, cabe-lhe se reunir com um conselho de
bispos. Pormenorizou El-Aswani, um Estado altamente centralizado, mas outros
escritores afirmam que Makuria era uma federação de treze reinos presididas pelo
grande rei em Dongola. Não está claro o que a realidade era, mas o Reino de Dotawo,
proeminentemente mencionado nos documentos Qasr Ibrim, pode ser um desses sub-
reinos. Havia um número de línguas diferentes em uso em Makuria.
Em primeiros séculos, quando influência bizantina era ainda forte, grego era a língua
escrita primário e talvez também a língua utilizada pela corte real. Grega continuou a
ser usado em séculos posteriores para fins cerimoniais, como em muitas lápides, mas
estas inscrições posteriores são marcadas por erros de ortografia e gramática
freqüente implicando reduzido conhecimento da língua.

Eventualmente Velha Nubian, que era a língua usada pela maioria da população,
tornou-se a principal língua escrita; Traduções Nubian antigas dos outros documentos
religiosos bíblicos e muitos foram usadas amplamente. Um viajante árabe para a
região declarou que Nobatia e Makuria falavam línguas diferentes; quase todos os
nossos documentos são de que era Nobatia e esta linguagem parece ancestral para o
moderno Idioma Nobiin ainda falada na região. Adams observa que a fronteira antiga
entre Makuria e Nobatia hoje é perto da fronteira entre a Nobiin e Dongolawi línguas.
Outro idioma importante na Makuria foi Copta. Ligações com os cristãos egípcios eram
fortes e Makuria parece ter feito amplo uso de literatura religiosa copta. Makuria
também viu um afluxo regular de copta de língua refugiados cristãos do Egito. Nos
últimos anos de existência do reino, árabe tornou-se uma língua cada vez mais
importante. Comerciantes árabes eram importantes em toda a área e árabe parece ter
se tornado a língua do comércio. Como esses comerciantes se estabeleceram, cada
comunidade major ganhou um bairro árabe.

Quanto ao pluralismo jurídico da Macuria, não existe uma clara referência do mesmo.
Da história, se pode reter que neste reino havia uma monarquia, pois era por meio da
sucessão que se fazia transferência de poder de inResultado desta monarquia é que as
regras que eram aí observadas (que hoje tratamos como um conjunto de normas)
eram, primeiramente as ditadas pelo Monorca. Por outro lado, a dada altura, houve a
influência da religião cristã, pelo que se pautavam as condutas aos ditames do
cristianismo. Havia, em certa medida, uma conjugação de monarquia e cristianismo,
pois os reis eram igualmente bispos.
Reino de Nobácia

Foi fundado na antiga província meroítica de Aquiné, que compreendia grande parte
da Núbia Inferior e se especula a sua autonomia antes da queda final do Reino de Cuxe
em meados do século IV.Enquanto os nobatas (em latim: nobatae) foram convidados à
região de suas terras no Deserto Ocidental pelo imperador Diocleciano já em 297, seu
reino se tornou tangível apenas cerca de 400.Em 121 A Nobácia Precoce é muito
provavelmente à civilização chamada pelos arqueólogos de Cultura de Balana. Depois,
os nobatas foram bem sucedidos em derrotar os blêmios, e uma inscrição de Silco,
Basilisco dos nobatas, reclamou ter empurrado os blêmios ao Deserto Oriental. Por
volta dessa época, a capital nobácia foi estabelecida em Pácoras (moderna Faras); logo
depois, Nobácia converteu-se ao cristianismo não-calcedônio.

Em 707, Nobácia foi anexada por seu vizinho meridional, Macúria. As circunstâncias
desta fusão são desconhecidas. É também incerto o que ocorreu com a família real
nobácia. A fusão talvez ocorreu antes da conquista muçulmana em 652, uma vez que
as histórias árabes falam de apenas um estado cristão na Núbia e alcançaram tão longe
quanto Dongola.

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