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PRÉ-UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER

PROFESSORES: Ana Carolina Rocha, Diogo Alchorne Brazão, Fabrício


DISCIPLINA: História Sampaio

ANTIGUIDADE ORIENTAL: OS MESOPOTÂMICOS


1. A terra entre rios

Algumas das primeiras civilizações conhecidas surgiram na região entre os rios Tigre e Eufrates. Esses
dois rios nascem no território da atual Turquia, atravessam a Síria e o Iraque e deságuam no Golfo Pérsico.
A região era chamada pelos gregos antigos de Mesopotâmia (que significa “terra entre rios”). Os grupos
humanos que se estabeleceram na região desenvolveram tecnologias para garantir o maior aproveitamento
dos recursos hídricos que a natureza oferecia: construíram barragens e canais para represar e distribuir as
águas para áreas mais secas e criaram sistemas de drenagem para os campos alagados. Desse modo, a
agricultura e a criação de animais se desenvolveram na região, a população cresceu e, nas proximidades dos
rios, surgiram as primeiras aldeias e cidades. Por volta de 3000 a.C., havia várias cidades na Mesopotâmia.
Elas eram independentes entre si, ou seja, cada uma delas tinha seu rei, seu palácio e suas leis. Por isso, elas
são chamadas de cidades-Estado.

Os mesopotâmicos, assim como os egípcios, dependiam diretamente do controle fluvial para o


desenvolvimento das suas atividades, bem como para sua organização política. A importância dos rios para
as atividades também tinha uma explicação geográfica: as civilizações do Oriente Próximo (costa da Ásia e
África) se localizavam na região do Crescente Fértil, onde as condições climáticas e de solo eram propícias
para o desenvolvimento das atividades econômicas. A região recebe esse nome pela localização das
civilizações agraciadas pelo fenômeno natural. A “fronteira” do Crescente Fértil é parecida com o formato
de uma Lua Crescente invertida:
Historiadores e cientistas sociais, para explicar de forma sistemática as diferenças entre o
desenvolvimento das sociedades orientais e ocidentais da Antiguidade, argumentam que algumas
características sociais e econômicas das civilizações afro-asiáticas (como os egípcios, mesopotâmicos,
chineses e a civilização do Vale do Rio Indo) são compartilhadas, de forma a podermos afirmar a existência
de um modo de produção asiático. Há, ainda, alguns que definem esse modelo como despotismo oriental.
Vejamos algumas das características:

Modo de produção asiático (despotismo oriental)

Sociedades hidráulicas: sistemas de regadio;

Impérios teocráticos: a religião como um braço da política;

Base econômica agrícola: a agricultura como a principal base


econômica;

Sociedade estamental: sociedades estratificadas – rígida


hierarquia;

Utilização do trabalho servil: camponeses como servos dos


impérios teocráticos;

Mais uma vez relembrando a importância do trabalho teórico nas Ciências Humanas, o modo de produção asiático é um dos
exemplos de conceitos que usamos para investigar o passado de uma sociedade e suas formas de organização sociais, econômicas,
políticas e culturais – ou seja, suas formas de organização históricas. O modelo proposto para analisar a Idade Antiga contrapõe
as sociedades do Oriente (Egito incluso) às sociedades ditas “clássicas”, Grécia e Roma. O modo de produção das civilizações
ocidentais se baseou na organização em torno da escravidão por guerras e dívidas, dando origem ao modo de produção escravista.
Isso não significa dizer que não existia escravidão nas sociedades afro-asiáticas – apenas significa que o principal sistema
econômico não dependia diretamente da mão de obra escravizada.

2. Os sumérios

Não se sabe ao certo a origem dos sumérios e quando eles migraram para a Mesopotâmia. O que é possível
afirmar é que, por volta de 3000 a.C., esse povo já estava estabelecido no sul da região. É provável que os
sumérios tenham sido os primeiros a construir canais e outras obras para a utilização das águas dos rios.
Também são atribuídas a eles invenções importantes para o desenvolvimento da agricultura, como o arado e
a roda. Os sumérios foram os fundadores das mais antigas cidades mesopotâmicas. As principais eram Kish,
Lagash, Uruk e Eridu.
Os registros escritos mais antigos conhecidos até o
momento foram encontrados em ruínas de um templo na
cidade de Uruk, onde hoje se encontra o Iraque, com data
aproximada de 4000 a.C. São sinais com aspecto de um
prego de cabeça larga, lembrando uma cunha, gravados
na argila. Por isso, a escrita suméria ficou conhecida
como cuneiforme. Inicialmente, a escrita suméria era
utilizada apenas em atividades contábeis: registros de
pagamentos e recebimentos, controle de estoques e
circulação de produtos, arrecadação de impostos etc. Com
o passar do tempo, a escrita foi aprimorada e começou a
ser usada também na elaboração de contratos, declarações
reais, cartas e poemas.

• O Estandarte de Ur:

Uma das peças mais importantes para o estudo da sociedade suméria é um objeto conhecido como
Estandarte de Ur. A peça, produzida entre 2600 e 2400 a.C., foi encontrada na década de 1920 em um
túmulo da antiga cidade de Ur, no atual Iraque. A obra é composta de dois pequenos painéis ricamente
trabalhados com calcário, concha, betume e pedras de lápis-lazúli. Eles são conhecidos como “Guerra” e
“Paz”.
3. Os impérios mesopotâmicos

As diversas cidades mesopotâmicas estabeleciam entre si trocas comerciais, acordos políticos e alianças
temporárias. Mas, à medida que cresceram economicamente, surgiram disputas por terras e rotas comerciais
entre elas. Desse modo, as guerras de conquista tornaram-se mais frequentes. E, assim, surgiram grandes
impérios na região.

3.1. Império Acádio

Por volta de 2350 a.C., formou-se um império no centro-sul da Mesopotâmia, conhecido como Império
Acádio. Os acádios também ficaram conhecidos, como atestam os documentos, pela unificação das cidades-
Estado sumerianas, dominando a região até cerca de 2150 a.C. Nesse sentido, adotaram a escrita cuneiforme
e incorporaram muitas práticas sumerianas, desenvolvendo a chamada cultura sumério-acadiana.
Aprimorando estudos astronômicos, os acádios desenvolveram um calendário lunar de doze meses. Cada
mês era dividido em semanas de sete dias.

3.2. O Primeiro Império Babilônico (os amoritas)

Por volta de 1900 a.C., a cidade da Babilônia tornou-se sede de um grande império: o Primeiro Império
Babilônico. Seu maior desenvolvimento ocorreu durante o governo de Hamurábi (1792-1750 a.C.). Esse rei
babilônico conquistou vários territórios e unificou quase toda a Mesopotâmia.
Em seu governo, organizou-se o conjunto de leis mais
completo da Antiguidade que se conhece: o Código de
Hamurábi. As leis desse código estabeleciam regras para a vida
em família, as relações no trabalho, as trocas comerciais, os crimes
de roubo, entre outras situações.

O código de Hamurábi foi um dos primeiros esforços de


organização de um conjunto de tradições milenares, que eram
transmitidas pela tradição oral. Uma das bases do código se
encontrava na lei de talião: olho por olho, dente por dente.
Vejamos a seguir alguns trechos do Código que expressam isso.

Estela do Código de Hamurábi. c. 1750 a.C.


Basalto preto gravado, altura 2,25 metros.
Museu do Louvre, Paris. Na parte superior,
Hamurábi foi representado recebendo o poder
de Shamash, o deus Sol, divindade da justiça.

Após a morte de Hamurábi, seus sucessores tiveram dificuldade em manter a unidade do império. No
início do século XVI a.C., a Babilônia, capital do império, foi conquistada por povos vindos da Ásia Menor.

3.3. O Império Assírio:

Enquanto o Império Babilônico se fragmentava, outro império se fortalecia no norte da Mesopotâmia: o


Império Assírio. Partindo da cidade-Estado de Assur, onde viviam, os assírios começaram a expandir os seus
domínios por toda a Mesopotâmia. No século IX a.C., esses domínios se estendiam do Egito ao Golfo
Pérsico. Tinham como capital a cidade de Nínive.

Segundo estudiosos, os assírios formaram um dos mais bem organizados e poderosos exércitos vistos até
então. Armas de ferro, carros de combate puxados por cavalos e uma bem organizada cavalaria estavam
entre as principais características desse exército. Era com um exército poderoso que se mantinha o controle
das áreas conquistadas. Tanto os guerreiros assírios como os sacerdotes daquele povo tinham muitos
privilégios, como o não pagamento de tributos e o direito à propriedade de terra. A beligerância daquela
sociedade também foi expressa nas artes e nas letras – que tinham uma função fundamental na coesão dos
assírios: muito mais do que a imposição do domínio sobre as populações, os assírios assimilavam diferentes
influências culturais, preservando-as como um elemento agregador dos dominados ao Império. Daí a
presença de produções de civilizações distintas, como a escrita hieroglífica dos egípcios ou os
conhecimentos astronômicos dos sumérios. Vale ressaltar, também, a Biblioteca de Nínive.

A enorme extensão do império tornou-se um problema para os reis assírios, pois eles não conseguiam
controlar as revoltas, que explodiam em todas as regiões. No final do século VII a.C., as cidades assírias
foram conquistadas pelos novos babilônios.

3.4. O novo Império Babilônico (os caldeus)

Os caldeus, povo de origem semita, habitavam a região da Caldeia, no sul da Mesopotâmia (veja o mapa
a seguir). Eles lideraram a libertação da Babilônia do domínio assírio e assumiram o governo da cidade. No
século VII a.C., os caldeus dominaram toda a Mesopotâmia. Nascia o Império Caldeu, também conhecido
como Segundo Império Babilônico.

O rei de maior destaque desse período foi Nabucodonosor II. Durante seu reinado, o novo Império
Babilônico atingiu sua máxima extensão e a cidade da Babilônia tornou-se um importante centro
comercial, por onde passavam caravanas de mercadores que se dirigiam ao Oriente. Nabucodonosor
adornou a cidade da Babilônia com aquedutos, canais e reservatórios, restabelecendo o sistema de irrigação.
Restaurou uma série de templos e mandou construir linhas de muralhas em torno da cidade. Uma enorme
quantidade de tijolos das ruínas da Babilônia apresenta o nome de Nabucodonosor II. Ele também expandiu
seu império, conquistando parte de territórios da Síria, da Fenícia e da Palestina.

Apesar disso, o novo Império Babilônico teve curta duração. Com a morte de Nabucodonosor, seguiu-se
uma disputa pelo trono entre seus sucessores que enfraqueceu o império. Em 539 a.C., a cidade da Babilônia
foi conquistada pelos persas.

4. A cosmologia mesopotâmica: religião e cultura

Os mesopotâmicos eram politeístas, ou seja, cultuavam vários deuses. Como a água dos rios era
essencial para os povos da Mesopotâmia, um dos deuses mais cultuados era Enki, deus da água doce e fresca
onde acreditavam que a terra flutuava. Ele era considerado também o deus da sabedoria.

Para os povos da Mesopotâmia, os deuses eram semelhantes aos seres humanos, com a diferença de que
eram poderosos e imortais. Eles casavam, tinham filhos, ficavam tristes ou alegres e podiam ser cruéis,
invejosos ou caridosos.

Os templos representavam a moradia dos deuses na Terra. Geralmente eram construídos sobre uma torre
de escadas chamada zigurate (“prédio alto”). Os zigurates ficavam em posição destacada na cidade para que
todos os seus habitantes, inclusive os agricultores das aldeias ao redor, pudessem contemplá-los.

Dirigidos por um grão-sacerdote, os templos eram locais de culto e demais cerimônias religiosas. No
interior deles, os sacerdotes dirigiam rituais de sacrifício de animais, práticas mágicas e oferendas aos
deuses.

Na Mesopotâmia, religião, política e ciência estavam intimamente ligadas. Por isso, os templos também
eram centros de pesquisa e ensino, nos quais a escrita e a astronomia tiveram um grande desenvolvimento.
Além de suas atividades religiosas e administrativas, sacerdotes e sacerdotisas eram encarregados de
transmitir as tradições de seus povos, formulando e copiando escritos de mitos, hinos, poesias e muitos
outros.
5. Antiguidade Oriental no ENEM

Questão 62 – Prova Azul – ENEM 2020 (Aplicação regular)


6. Referências bibliográficas

Projeto Araribá. História. São Paulo: Editora Moderna, 1ª edição, 2018.

Jiménez, Vicente. "A globalização nasceu na Assíria". In: El Pais. 22 de set. de 2014. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/21/cultura/1411302621_112445.html>. Acesso em: 16 de dez. de
2019.

GABARITO

62 – B

46 – A

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