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PRÉ- UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER Aluno (a):

Disciplina: Literatura PROFESSORAS: Suéllen da Mata e Camila Nicacio


Data: 21/09/21

Questão 1 (ENEM 2015)

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte


como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento
que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez
na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações
acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora,
pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que
usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha
parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na
sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para
condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo
não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as
deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava
também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar
pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que
a velha parenta.
ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.

O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento


transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como “parenta” de Aurélia
Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do
Romantismo, pois:

A) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição


feminina na sociedade brasileira da época.
B) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu
romance.
C) as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na
imaginação do narrador romântico.
D) o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher,
financeiramente independente.
E) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade
daquele período histórico.
Questão 2 (ENEM 2020)

Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas,
sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às
fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição. Era incapaz de apropriar-se
do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil
e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade. Segundo essa
doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem plena
liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escândalo.

ALENCAR, J. Senhora. Disponível em:


www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.

A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto


de mudanças. No fragmento de Senhora, as concepções românticas do
narrador repercutem a:

A) resistência à relativização dos parâmetros éticos.


B) idealização de personagens pela nobreza de atitudes.
C) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos.
D) defesa da importância da família na formação moral do indivíduo.
E) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito.

Questão 3 (ENEM 2020)

O laço de fita

Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...


Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!


Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos de moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se
O laço de fita.

[...]

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale


Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em:


www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015
(fragmento).

Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói


imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se
expressa na:

A) representação infantilizada da figura feminina.


B) criatividade inspirada em elementos da natureza.
C) opção pela morte como solução para as frustrações.
D) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.
E) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.

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