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OLÁ CONCURSEIROS! BEM VINDOS!

Prof. Allan Fernandes

Especialista em História Social e Cultural


do Brasil – FEUC;
Colaborador da Associação de
Professores-Pesquisadores de História –
APPH-CLIO;
Coordenador do Pré-Vestibular Social
Projeto EducAção.
“A função do historiador é
fazer lembrar aquilo que a
sociedade quer esquecer”
Peter Burke
Antiguidade
Ocidental;
Antiguidade
Oriental;
Para pensar a lógica de organização social, política e econômica na antiguidade,
teremos como ponto de partida a cidade antiga, que foi o núcleo comum das
populações que viveram ao redor do mar Mediterrâneo.
Instáveis e marcadas por diferenças e conflitos, essas comunidades constituíram-
se aos poucos, com base num sentimento de solidariedade.
Tendo essa ideia como ponto de partida, discutiremos, numa linguagem clara e
objetiva, as relações estabelecidas nesses cotidianos: entre homens e mulheres,
entre o espaço público e o privado, entre pontos de vista de ricos e pobres,
cidadãos e escravos.
Assim, rejeitaremos a tradicional divisão entre Grécia e Roma e optaremos por
trabalhar a história do Mediterrâneo antigo a partir do estudo de sua principal
forma de organização: as cidades.
O mundo Antigo: os mitos e as civilizações.
“(...) por volta do século IX a.C, as margens do Mediterrâneo eram habitadas por diferentes
povos, que quase não mantinham contato uns com os outros. Habitavam aldeias formadas
por grupos de casas redondas e produziam artesanato apenas para consumo local. No Egito e
na Mesopotâmia, os antigos Estados palacianos viviam os efeitos de uma crise iniciada
havia séculos.
O mar separava os povos. No século VIII a.C, o Mediterrâneo se tornou palco de intensa
movimentação dos povos. Foi uma época de aventuras e descobertas. Adaptando os navios
para o alto mar, os fenícios impulsionaram esse processo, navegando cada vez mais para o
oeste, colonizando as costas do Mediterrâneo a fim de comerciar, ferro, vinho, azeite,
ouro, cerâmica e escravos. Pelo caminho difundiram algumas descobertas que se tornariam
fundamentais para as comunidades da época: a escrita alfabética, a escultura, as
construções de pedra, o artesanato de luxo e muito mais.
Uma intensa movimentação de povos então se iniciou: fenícios, gregos e etruscos
lançaram-se ao mar fundando colônias para servirem de postos de comercio e para
desafogarem o excesso de população”. (GUARINELLO, 2006. p.p. 12-14)
Os Fenícios
Os fenícios se consideravam cananeus. Era um
povo de origem semita - ocupavam a costa
oriental do mar Mediterrâneo desde o III
milênio a.C. (atual Líbano) – condições
climáticas não favoreciam a agricultura – No
entanto, a estreita faixa habitada pelos fenícios,
era abundante em cedro, o que possibilitou a
construção de navios eficientes e o comércio
marítimo pelo Mediterrâneo.
Entre os séculos X e V a.C, a sociedade
cresceu mesmo sem unidade política –
destaque para as cidades Estados autônomas de
Sidon, Tiro e Biblos. Mas, a cidade mais
famosa foi Cartago (atual Tunisia), fundada em
814 a.C.
Os fenícios
Organização social
▪ Comerciantes ricos (mercadores);
▪ Trabalhadores artesanais e agrícolas.
Organização política
▪ Domínio político dos comerciantes ricos;
▪ Rei auxiliado por um conselho composto pelos homens mais velhos
(escolhidos entre os mais ricos comerciantes e os grandes
proprietários rurais).
Religião
▪ Politeístas: cultuavam vários deuses, as forças e os elementos
naturais, como o Sol, a Lua e o mar;
▪ Religião influenciada pelos povos com os quais mantinham relações
comerciais;
▪ Sacrificavam bebês, crianças e animais à deusa Tanit e seu marido, o Relevo de calcário da deusa Tanit. Cartago,
deus Baal. Tunísia, séculos II-I a.C.
Os fenícios

Mapa mostrando região habitada pelos fenícios e suas rotas comerciais (séculos IX-VIII a.C.). Fonte: DUBY, Georges. Grand atlas
historique. Paris: Larousse, 2008.
Diversos entrepostos comerciais foram fundados na bacia do Mediterrâneo., por isso, desde
o séc. V a.C; entraram em conflito com os atenienses.
A autonomia das cidades fenícias pode ser parcialmente resguardadas graças a uma série de
alianças e ao papel dos mercadores no abastecimento de vários impérios mesopotâmicos e do
Egito.
Ainda no século X a.C, estabeleceram parceria com o rei de Israel, Salomão, organizando
uma expedição ao mar Vermelho. Posteriormente, os fenícios fizeram alianças com assírios,
babilônicos e, sobretudo com os persas já que tinham em comum um inimigo: os gregos.
Mas, suas cidades passaram a pagar impostos a estes grandes impérios.
A expansão fenícia pelo Mediterrâneo possibilitou a fundação de colônias mercantis no
norte da África e na península ibérica.
*Cartago (TUN), Palermo (ITA) e Cádiz (Península Ibérica).
Herança deixada dos fenícios:

▪ Astronomia;
▪ Matemática;
▪ Primeiro alfabeto simplificado, composto de 22 letras, cada uma delas
representando um som (base para o alfabeto ocidental)

Elaborado com base em: FISCHER, S. R. História da escrita. São Paulo: Unesp, 2007. p. 114
A Mesopotâmia e as primeiras cidades

Tablete gravado com escrita cuneiforme


A Mesopotâmia – Localizada entre os rios

Michael S. Yamashita/Corbis/Latinstock
Tigre e Eufrates – A partir de 3.000 a.C,
surgimento de varias sociedades que
dependiam dos recursos hídricos – os mais
importantes: sumérios e acádios
(realizavam obras para controlar as aguas;
dominavam a metalurgia do bronze) –
dessa época, também datam os primeiros Zigurate, cidade de Ur, c. 2100 a.C.
templos: zigurates – o mais famoso
Etemananki – para muitos historiadores era a
Placa do Dilúvio, em
Torre de Babel. escrita cuneiforme.
Nínive (norte do
Iraque), século vII
Região onde situa-se atualmente o a.C

Iraque e o Kuwait.
Império Babilônico sob Hamurabi (século XVII a.C. Fonte:
Parte de uma estela com o Prólogo do código kINDER, Hermann & HILGEMANN, werner. Atlas histórico
de Hamurabi mundial.Madrid: Akal, 2006
Os Acádios, foram os primeiros a construírem um Estado centralizado na
Mesopotâmia (2350-2000 a.C.), durante o período referente aos sumérios.
Só que, ao contrário de outras cidades, as ruínas de Acade, grande capital,
ainda não foram localizadas. O grande rei dos acádios, Sargão, é
considerado um grande herói na antiga Mesopotâmia. Um rei vitorioso
nas batalhas, governante justo, abençoado pelos deuses e de origem
obscura.
Assim, como o Moisés bíblico, uma das lendas sobre seu nascimento diz
que sua mãe – uma poderosa sacerdotisa – o teria lançado às águas para
que não fosse punida por ter tido um filho. Há muitos textos sobre
Sargão, o Império Acádio e os feitos de seus sucessores.
Sumérios (aproximadamente entre 3500 e 1900 a.C.): Primeira civilização da região, forneceu a base da
cultura mesopotâmica.
Ao contrário da maioria dos povos da região, os sumérios não eram semitas e sua língua logo deixou de ser
usada no dia-a-dia, no entanto, sendo reconhecida como a “língua da cultura”, permaneceu sendo utilizada na
escrita, graças ao trabalho dos escribas.
Os sumérios nunca formaram uma só unidade política permanecendo separados em cidades-estado que lutavam
entre si pela hegemonia. Dentre as cidades-estado mais importantes podemos citar Ur (*a que mais lucrou com
a ruína do Império Acádio*), Uruque, Lagash e Nippur.
O governante das cidades-estado sumérias era chamado de Patesi e concentrava em suas mãos poderes
políticos, religiosos e militares. Era auxiliado em seu governo por um conselho de anciãos.
No centro das cidades sumérias havia uma grande construção que lembrava uma pirâmide de degraus conhecida
como Zigurate. Essas construções serviam para múltiplas funções, sendo ao mesmo tempo templo, celeiro,
banco, centro de governo e observatório astronômico.
Os sumérios terminaram se enfraquecendo em virtude das suas lutas internas e das invasões (*gútis, elamitas,
entre outros*). Creditam-se aos sumérios a invenção do Estado, do Comércio e da Escrita. Aliás, comércio e
escrita estiveram intimamente relacionados, pois os primeiros registros são registros contábeis.
1º Império babilônico (1900-1600 a.C.): Recebeu esse nome porque a capital do Império se
situava na cidade de Babilônia. O povo semita que fundou o Império era conhecido por Amorita.
Quando o Império começa a se estruturar, a civilização suméria ainda existia, mas encontrava-se
em decadência. O auge do 1º Império Babilônico é associado à figura do rei Hamurábi (cerca de
1750 a.C.) que conquistou a Suméria e a Assíria e tem sua autoria ligada ao primeiro código de
leis escritas de que temos notícias, o chamado Código de Hamurábi também chamada de Lei de
Talião.
Esse código se baseava no princípio do “Olho por olho, dente por dente”, isto é, na
reciprocidade, tendo por base a condição social (livre/escravo), econômica (rico/pobre) e sexual
(homem/mulher) dos indivíduos.
Muitos crimes eram punidos severamente, com a mutilação e a morte. Sua economia baseava-se
na agricultura irrigada; no artesanato do cobre e do estanho, do couro e do vidro; criavam
ovelhas, bois e cavalos; além disso, faziam comércio. O 1º Império chegou ao fim com a invasão
dos hititas. Eles queimaram a cidade de Babilônia e saquearam a região, mas não permaneceram
na região que foi governada por outro povo, os cassitas, que adotaram a cultura da mesopotâmia,
por mais de 300 anos.
Imperio Assírio (1300-612 a.C.): Os assírios, povo do norte da Mesopotâmia desenvolveu uma
cultura belicosa e guerreira, ao mesmo tempo em que foram grandes preservadores e continuadores
da cultura iniciada pelos sumérios. O Império Assírio tinha duas cidades principais Assur e Nínive,
que funcionavam como capitais.
Entre os séculos VIII e VI a.C. expandiram seus domínios anexando a Síria, a Fenícia, a Palestina,
toda a Mesopotâmia (725 a.C.), parte da Ásia Menor, chagando a conquistar Tebas, a capital do
Egito.
Foram os primeiros a criar um exército profissional e usar regularmente a cavalaria. O auge do
Império Assírio está ligado ao governo do rei Assurbanipal (668-626 a.C.), conquistador do Egito.
Por ordem desse rei foi criada uma biblioteca em Nínive onde foram registrados mitos, lendas,
tratados científicos, crônicas de campanhas militares e a história dos assírios e dos povos da região.
Os Assírios foram hábeis na arquitetura, escultura e nos baixo relevos que retratavam,
especialmente, leões alados, batalhas e caçadas. Grandes conquistadores, tiveram dificuldades em
administrar seu grande império recorrendo constantemente ao terror (*torturas, mutilações,
execuções e deportações em massa, destruição de cidades*) para manter o controle dos povos
conquistados. Mesmo o terror não impedia as revoltas, assim, em 612 a.C., os caldeus, associados
aos medos, destruíram Assur e Nínive pondo fim ao Império Assírio.
2º Império Babilônico (612-539 a.C.): Com a derrota dos assírios, Babilônia volta a ser a
grande capital da Mesopotâmia, só que agora sob o governo dos Caldeus. A economia ainda
tinha por base a agricultura irrigada, mas o comércio era uma atividade muito lucrativa.
As cidades mais importantes do império, depois da capital eram Uruque, Kish e Nippur.
Essas cidades tinham o direito de fundar colônias normalmente plantadas no caminho das
rotas de comércio.
O auge do império dos caldeus está ligado à figura do rei Nabucodonosor (604-561 a.C.)
que, através da guerra, estendeu as fronteiras do Império. Credita-se também a esse rei a
ordem de mandar construir os famosos Jardins Suspensos, considerados uma das sete
maravilhas do mundo antigo.
Os caldeus conquistaram e destruíram a cidade de Jerusalém (587 a.C.), capital do Reino de
Judá, e levaram parte da população judaica para a Babilônia. O Império dos Caldeus chegou
ao fim graças à ação dos persas que conquistaram a Babilônia e submeteram a região.
SOCIEDADE (Organização Geral): Tinha no seu topo os funcionários do palácio e
dos templos (sacerdotes, escribas, administradores das terras reais), a seguir vinham os
homens livres em geral (soldados, camponeses, comerciantes, artesãos) e na base
estavam os escravos.
Estes, geralmente eram prisioneiros de guerra e seu número variava de acordo com o
número de conquistas. A maioria do trabalho era feita pelos camponeses em regime de
servidão coletiva, isto é, os trabalhadores tinham que entregar parte da sua produção
ao Estado, que era o dono das terras, tendo também que prestar serviço em obras
públicas (construção de diques e canais, monumentos, templos, palácios e, mesmo, no
exército) com o mesmo regime de trabalho.
Literatura: A grande obra literária dos mesopotâmios foi o Gilgamesh – o primeiro
grande herói que se conhece, e que se parece com a história bíblica de Noé – além,
claro, do Código de Hamurábi.
Religião: Politeísta e marcada pelo pessimismo em relação à vida após-morte. Os
mesopotâmios acreditavam que sua recompensa deveria ser na terra e era comum recorrerem
à leitura de sorte que era feita por magos e sacerdotes.
Aliás, os deuses teriam criado os humanos para servi-los como escravos, alimentando-os com
seus sacrifícios e honrando-os com grandes construções. Antes dos humanos serem criados,
havia uma hierarquia entre os deuses, sendo que os mais fracos serviam aos mais fortes. Os
homens foram criados para aliviar o trabalho dos deuses secundários.
Dentre as divindades mais cultuadas estavam: Enlil que controlava as chuvas e os trovões e
era capaz de grande cólera; Enki; Inana, poderosa deusa da fertilidade, que se fundiu com
Ishtar, deusa do amor e da guerra; e Marduk, divindade máxima dos babilônios.
Cada cidade tinha um ou mais deuses principais e suas estátuas eram levadas para visitar
outros deuses (*em outras cidades*) e podiam ser seqüestradas pelos inimigos.
Os povos da Mesopotâmia acreditavam que, se seu deus ou deusa, abandonasse a cidade ou
fosse roubado, ocorreriam as piores tragédias.
Os Persas
LOCALIZAÇÃO: planalto do Irã, região de extremos, com desertos, solos de baixa produtividade, montanhas
que levavam fertilidade às planícies circundantes. Fica entre a Mesopotâmia e a Índia. Sua maior riqueza era
retirada das minas de ouro, prata, lápis-lazúli [1] etc.
POPULAÇÃO: A região era ocupada pelos elamitas que desenvolveram uma civilização contemporânea dos
sumérios e acádios e influenciada por eles. Sobre este alicerce (cidades, escrita) bem firme, os povos indo-
europeus se estabeleceram.
Os medos e persas são descendentes de tribos indo-européias oriundas da Ásia Central e que se estabeleceram
na região por volta do ano 4.000 a.C. O reino da Média foi o primeiro a se organizar, sua capital era Ecbátana.
Foi dominado pelos Assírios (715-612 a.C.), mas unidos aos caldeus (Povo da Mesopotâmia / II Império
Babilônico) os medos conseguiram derrotar os conquistadores. O Reino dos Medos se tornou poderoso, mas
terminou conquistado por Ciro I, rei dos persas que unifica os dois reinos em 550 a.C.
O ESTADO: O estado persa era autocrático e centralizado na figura do rei que era eleito/reconhecido pela
assembléia de nobres persas e medos, a Aura Masda. Eles formaram um dos maiores impérios em expansão
territorial da Antigüidade.
[1] Lapis-Lazúli (lazurita): Mineral monométrico, azul-ultramar, silicato de alumínio e sódio e sulfato de sódio, na
proporção de três do primeiro para um do segundo, us. como matéria ornamental; lápis-lazúli.
SOCIEDADE: No topo da sociedade persa estavam as grandes famílias nobres persas e medas. Estas não
pagavam impostos. Os demais segmentos da sociedade, os sacerdotes ou magos (responsáveis pela justiça a
mando do rei), comerciantes, os soldados (importantes em virtude do caráter expansionista do Império) e os
camponeses (que viviam sob o regime de servidão coletiva) arcavam com todos os impostos.

ECONOMIA: A base da economia era a agricultura, até porque, com a expansão do Império, os persas
anexaram as áreas férteis do Egito e Mesopotâmia. Os persas e medos preferiam as atividades agrícolas e
pastoris. O comércio era a segunda atividade mais importante e estava entregue aos babilônios, fenícios e
judeus (hebreus). Para melhorar o comércio, Dario I mandou restaurar um canal ligando o Mar Vermelho e o
Rio Nilo.
AS LEIS: O rei era a autoridade máxima e dele emanava a justiça, sua palavra era lei. Os juízes eram
funcionários nomeados, para pequenos crimes aplicavam-se castigos corporais, a pena de morte não podia ser
aplicada por um único delito e todo criminoso deveria ter um julgamento. Única exceção era rebeldia contra o
rei.
CULTURA: Sofreu forte influência dos povos conquistados, sendo marcada pelo ecletismo. A princípio os
persas se utilizaram da escrita cuneiforme, mas posteriormente desenvolveram um alfabeto próprio com base
no utilizado pelos arameus (povo da Palestina.)
RELIGIÃO: Baseada no Zend Avesta, foi criada por Zoroastro, sendo chamada de
Zoroastrismo e, posteriormente, Masdeísmo.
A religião persa era dualista, e acreditava na presença de dois deuses, um do Bem (Ahura-
Mazda) e um do Mal (Ormuz), em permanente duelo. Ainda assim, deuses antigos como
Mitra (deus do sol) e Anahita (deusa da água) continuavam sendo adorados pelo povo. Os
seres humanos teriam o direito de escolher entre um e outro (livre-arbítrio) e seriam
julgados pelo Messias no Juízo Final, quando os bons ganhariam a vida eterna.
Havia também a presença de seres inferiores aos deuses, como anjos ou demônios, de
forma que deuses antigos pudessem continuar presentes no culto. A religião não tinha
templos, somente sacerdotes, e o fogo era considerado sagrado. Acredita-se que a religião
dos persas influenciou profundamente o Judaísmo e, por conseguinte o Cristianismo.
Ainda hoje o Masdeísmo é praticado por algumas populações do atual Estado Islâmico do
Irã e na região de Bombaim na Índia. Devido a influência dos babilônios a religião persa se
travestiu de um caráter pessimista e fatalista (ligado a idéia de destino) que aumentou ainda
mais o poder dos sacerdotes.
Os principais reis da Pérsia foram:
Ciro I, o grande (560-530): Expandiu o Império incorporando parte considerável da Ásia
Menor, Mesopotâmia, Palestina, Síria, Fenícia e parte da Índia. Iniciou a política persa de
respeito pela cultura, religião e costumes dos povos conquistados como forma de garantir a
estabilidade do Império disfarçando a dominação. Criou o “Exército dos Imortais”
formado por 10.000 homens e que sempre era renovado para que seu número se
mantivesse estável. Fundou a cidade de Pasárgada que se tornou sua capital.

Cambises II (530-522): Filho e sucessor de Ciro, governava a Babilônia para o pai.


Expandiu o Império até o Egito e a Líbia. Tinha planos de conquistar Cartago e o Reino de
Napata que ficava ao sul do Egito. A campanha no deserto não foi bem sucedida, muitos
soldados se perderam, o exército se recusou a lutar e os fenícios não cederam seus navios
para que chegasse à Cartago pelo mar. Ficou na história como cruel e despótico. Não se
sabe ao certo se foi assassinado ou cometeu suicídio.
Dario I (523-486): Tomou uma série de medidas para melhor governar e manter o Império. Dividiu o território
em 20 povícias/estados (as satrápias), os sátrapas vinham da nobeza local, ou mesmo das antigas famílias
reais; instituiu um corpo de funcionários reais (“olhos e ouvidos do rei”) para fiscalizar os governadores; criou
o dárico moeda única que facilitaria as transações comerciais entre as várias partes do Império Persa; como o
império era muito extenso criou 4 capitais (Ecbátana ou Pasárgada, Persépolis, Babilônia e Susa); mandou
construir a Estrada Real de 2.400 km ligando Sardes na Ásia Menor à Susa; e aperfeiçoou um sistema de
correios que permitiu que as mensagens fossem levadas com maior rapidez percorrendo diversos postos (com
homens e cavalos descansados) ao longo das principais estradas do Império.
Dario tentou expandir seu Império até a Europa invadindo a Grécia. A resistência dos gregos, entretanto,
colocou fim a expansão territorial persa com a derrota na Batalha de Maratona.
As guerras entre gregos e persas [1] foram ficaram conhecidas como Guerras Médicas (por causa dos medos)
ou Guerras Greco-Pérsicas. A primeira foi travada por Dario I e as duas outras por seu sucessor Xerxes.

[1] Foi durante estas guerras que foi fundada a Liga de Delos, fundada em 478 a.C. Reuniu na Ilha de Delos, muitas Cidades Estados
gregas, incluindo Esparta, sendo liderada por Atenas. O grande poder da Liga de Delos era a marinha de guerra, pelas características das
cidades que a compunha, quase todas cidades litorâneas.
No Irã, observam-se relevos esculpidos na escada do Palácio O sistema hidráulico de Shushtar (atual Irã), construído entre os séculos
de Persépolis. A construção começou no reinado de Dario, o V a.C. e III a.C., é considerado uma obra de valor universal. A estrutura
Grande, que governou de 522 a.C. a 483 a.C. Foto de 2015. O da construção envolveu a criação de dois canais que desviam águas do
palácio é considerado Patrimônio Mundial da Humanidade rio Karun, atravessam diversos túneis e alimentam as usinas, que então
pela Unesco abastecem a cidade de Shushtar. Um dos canais ainda é usado para o
abastecimento da cidade.
Os Hebreus e o monoteísmo
Quando falamos da Palestina em nossos estudos, falamos dos hebreus, povo que deixou um imenso legado
religioso e cultural para nossa civilização.
Seu papel na Antigüidade, se pensarmos em feitos militares e expansão territorial, é nulo, mas sua influência
sobre nossa Civilização Ocidental ou mesmo chamada por alguns de Judaico-Cristão é inegável.
Os hebreus, depois os judeus, eram os únicos monoteístas dentre os seus contemporâneos, isso os diferenciava
e os tornava suspeitos, em especial por causa de seus costumes e regras que marcavam todos os aspectos de
sua vida social.
Muito do que sabemos sobre os hebreus depende das próprias fontes escritas por este povo. O Velho
Testamento ou Tanach [1] nos dá informação sobre a origem, as migrações, as tentativas de ocupação da
Palestina e muitos outros detalhes, no entanto, é difícil separar o que é mito do que é História, porque outros
povos só irão falar dos hebreus muito tardiamente, em especial, depois do Cisma [2]. Ao estudarmos a História
dos hebreus, temos que ter isso em mente.

[1] Tanach é um acróstico de Torah (Pentateuco – 5 primeiros livros), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos – os demais
livros) do Velho Testamento cristão.
[2] divisão em dois reinos, o Reino de Judá e o Reino de Israel.
.*Palestina: região do Oriente Médio que atualmente abrange os territórios de Israel, Líbano, Jordânia,
Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Adaptado de: IBGe. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro,
2012.
A região era habitada desde aproximadamente 3.000 a.C. pelos cananeus; posteriormente os
filisteus (indo-europeus) também se estabeleceram no território. Os hebreus, povo de origem
semita, eram pastores seminômades, originários provavelmente do Deserto da Arábia, (na
tradição bíblica descendiam de Sem, filho de Noé) – se estabeleceram na cidade de Ur na
Mesopotâmia até por volta de 2.000 a.C. – criação de ovinos e caprinos – líder tribal:
patriarcas – considerados primeiros monoteístas –Judaísmo - tem como elemento
fundamental a crença em um único Deus (Yahvé), criador do mundo e todas as coisas -
hebreus como povo eleito para honrar a Deus – Abraão é considerado o fundador da
linhagem hebreia
Por volta de 2000 a. C, migraram em direção a Canaã, liderados por Abraão, permanecendo
por muito tempo. Em 1700 a.C, como a região passou por um prolongado período de seca,
prejudicando a produção agrícola, parte da população foi para o Egito.
A autorização do faraó para sua permanência consistia na obrigação de trabalhar para pagar
impostos e proibição de abandono do território. Entre 1250 a.C e 1210 a.C, aconteceu a
fuga dos hebreus a Canaã, liderados por Moisés. Mas, ao chegar tiveram de lutar com outros
povos que estavam habitando a região.
PERIODIZAÇÃO:

Era dos Patriarcas: Os hebreus se organizavam em torno de patriarcas, isto é, líderes de


famílias estendidas, que reuniam em suas mãos funções diversas como a de chefe militar,
sacerdote e líder político. Os mais importantes patriarcas foram Abraão (que levou o seu
povo até a Palestina), Isaac e Jacó (quando se formam as 12 tribos). Nesse período ainda
mantinham suas características seminômades.
Acredita-se que por volta de 1.700 a.C. os hebreus se transferiram para o Egito fugindo de
uma grande seca. Teriam se estabelecido no Delta do Nilo sob a proteção dos hicsos (reis
pastores), povo que havia conquistado o território, recebendo uma série de benefícios.
Com o fim do domínio hicso, foram transformados em escravos. Por volta do ano 1.250 a.C.,
retornaram para a Palestina sob a liderança de Moisés, esse acontecimento ficou conhecido
como Êxodo. Durante a migração, os hebreus teriam recebido de seu Deus (Iavé/Jeová) a sua
base jurídica, conhecida como 10 Mandamentos. É durante esse período que começa a se
consolidar o monoteísmo.
A formação do Estado hebreu não foi imediata.
A jornada de Abraão de Ur a Canaã, óleo sobre Moisés quebrando as tábuas da lei, gravura de Gustave
tela de József Molnár, 1850. Doré, 1866
Era dos Juízes: Período marcado pela fragmentação política. Os hebreus se dividem em 12
tribos, que mesmo partilhando a mesma cultura e religião, só se unem, às vezes
parcialmente, para enfrentarem um inimigo comum.
Nestes momentos de crise e necessidade surgem líderes carismáticos, investidos pelo poder
divino, os chamados Juízes. Poderiam ser líderes políticos, militares ou religiosos,
separadamente ou exercer todos os poderes. De qualquer forma, tratava-se de um teocracia.
Alguns juízes importantes foram: Josué (sucessor de Moisés), Gedeão, Jefté, Débora,
Sansão e Samuel (último dos juízes).
Com o retorno a Palestina, os hebreus haviam encontrado outros povos na região, o mais
forte deles, os filisteus que se impuseram pela superioridade militar. Empurrados para o
Norte do território, os hebreus terminam por formar uma confederação, unificada em torno
de um Rei, para tentar vencer os inimigos.
Conflitos entre as tribos do norte (que posteriormente formariam o Reino de Israel -
israelitas) e as do sul (Judá - judeus), foram constantes (Para alguns historiadores, os hebreus
do norte eram mais abertos as influências do politeísmo dos povos vizinhos, enquanto os do
sul, eram monoteístas radicais).
Era dos Reis: Esse período se estende de cerca de 1010 a.C. até a
destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, rei dos caldeus, em
587 a.C.
Podemos dividir a Era dos Reis em dois períodos, o primeiro
do Reino Unido, com Saul [1] (1010-1006 a.C.), Davi (1006-966
a.C.) e Salomão (966-926 a.C.), e o segundo o do Cisma, com a
divisão em dois reinos, o Reino de Judá e o Reino de Israel.
Com a morte de Saul, Davi, o sucede e consegue submeter os
filisteus por volta do ano 1006 a.C; mesma época em que a cidade
de Jerusalém (por mais de 600 anos foi a capital dos hebreus)
passou a ser capital do Reino de Israel, que foi fortalecido,
consolidando sua capital como centro administrativo e formando
um poderoso exercito.
A Bíblia narra alegoricamente a vitória de Davi (guerreio da
tribo de Judá que se destacou durante o reinado de Saul)
contra Golias (líder dos filisteus).

[1] Em decorrência das exortações do juiz Samuel, as 12 tribos aceitaram Saul, da tribo de As tribos hebraicas (c. 1200 a.C.). Fonte: KINDER,
Benjamim, como rei (c. 1010 a.C). A falta de união política aumentava o risco dos hebreus serem
dominados por outros povos como os filisteus, que cobrava impostos dos hebreus do sul. Hermann & HILGEMANN, Werner. Atlas histórico
mundial. Madri: Akal, 2006
Os Estados vizinhos passaram a respeitar o Reino de Israel , que também passou a controlar as rotas comerciais
importantes, já que seu território se estendeu desde o sul do atual Líbano até a península do Sinai, e do mar Mediterrâneo
até o rio Jordão. Foi durante o governo de Davi que o judaísmo foi reforçado entre os hebreus.

Em 965 a. C; Salomão, filho de Davi, se torna o terceiro grande rei de Israel – A economia prosperou graças ao comercio e
a tributação das aldeias – construção de frotas de navios comerciais – A construção do Templo de Jerusalém - que foi
saqueado em 587 a.C; pelos babilônicos -, gerou o aumento de impostos que passaram a pesar sobre a população mais
pobres, além disso, o monarca se utilizou largamente do trabalho compulsório (servidão e/ou escravidão) das populações
estrangeiras que habitavam o território.
Salomão também despertou a oposição dos sacerdotes que não viam com bons olhos política religiosa liberal. Só
explicando: casamentos eram alianças políticas e Salomão parece ter firmado muitos contratos, negócios eram selados com
o sacrifício aos deuses do outro povo em sinal de amizade, o que era considerado “civilizado e cortês” por todos os
vizinhos, era visto como intolerável em um regime monoteísta.
Em 516 a.C; o templo foi reconstruído e durou mais meio milênio, quando os romanos o destruíram de vez, em 70 d.C;
expulsando os hebreus da região.
(O que restou do templo de Salomão tornou-se sagrado para os judeus, passando a ser conhecido posteriormente como
Muro das Lamentações) – submeteram os hebreus do norte a trabalhos forçados -isentou os naturais do sul (Judá), dos
impostos.
Com a morte de Salomão em 922 a.C; seu filho, Roboão, sobe ao trono. Mas, não
conseguirá manter o reino unificado, o aumento de impostos decretado por ele, gera
insatisfação e revolta e ocorre o Cisma (separação/ruptura), 10 tribos se separam e
formam o Reino de Israel (Norte), com capital em Samaria, e 2 permaneceram fiéis ao
sucessor de Salomão formando o Reino de Judá (Sul) com capital em Jerusalém. Essa
divisão enfraqueceu os respectivos reinos, tornando os hebreus presas ainda mais fáceis
para as nações expansionistas da época. Em 722 a.C, o Reino de Israel foi conquistado
pelos assírios, liderados por Sargão II.
O Reino de Judá, tornou-se tributário do Egito por imposição do faraó Checonq. Em 587
a.C; a cidade de Jerusalém caiu, conquistada pelo rei da Babilônia (Nabucodonosor II). O
célebre cativeiro da Babilônia, que somente atingiu os hebreus do sul, perdurou até 539 a.C;
ano em que a cidade foi tomada pelos persas e os hebreus foram autorizados a regressar
para suas terras.
Era do Domínio Estrangeiro: Quando os persas conquistaram a Babilônia, em 539 a.C., os
judeus receberam a permissão para retornar à Palestina, nesse período muitos judeus já
haviam se dispersado pelo mundo, alguns preferiram ficar na Babilônia.
Com a queda dos persas, os judeus foram anexados ao Império Macedônico, em 333 a.C.,
com o fim deste, tentaram a independência, mas já em 63 a.C. o território se torna parte do
Império Romano. No ano de 70 d.C., os judeus se revoltam e Jerusalém é destruída pelos
romanos, e inicia-se a Diáspora.
Em 131 d.C., nova revolta faz com que boa parte dos judeus seja expulsa da Palestina pelos
romanos. Outros dominadores foram ocupando a região no decorrer dos séculos, sendo que
os judeus mantiveram sua identidade através de sua cultura e religião.
Somente no ano de 1947, como resultado do Movimento Sionista e da II Guerra Mundial, a
ONU começa a planejar o estabelecimento de um Estado Judeu que dividisse a região com
um Estado Palestino, com Jerusalém, cidade sagrada tanto para judeus quanto para cristãos e
muçulmanos, divididas entre os dois Estados. O Estado de Israel se consolida em 1948,
enquanto o Estado Palestino ainda não saiu do papel, fazendo com que a tensão na região
seja permanente.
CULTURA E RELIGIÃO: Por certo as maiores contribuições dos hebreus/judeus se deram nesses campos. A base para se
conhecer a história antiga dos judeus até hoje é o Velho Testamento, sendo que os judeus chamam os 5 primeiros livros de
Torá.
É na Torá que se encontram as diretrizes morais, jurídicas (Os Dez Mandamentos e outras leis), de organização do culto e
alimentares do povo judeu. Para explicar a lei foram reunidos textos de vários rabinos em outra obra, chamada Talmude, e
que é utilizada até hoje.
A visão religiosa judaica influenciou fortemente o Cristianismo, que abraçou os livros do Velho Testamento como seus
textos sagrados, através do Monoteísmo, da noção de Juízo Final, da vinda do Messias.
Também o Islamismo deve muito ao Judaísmo, seja na noção de Monoteísmo, seja por valorizar o Velho Testamento, afinal,
Abraão (Ibrahim) é considerado também pai dos árabes e elemento que estabeleceu as primeiras bases do culto a Alá.
Resumindo, entre os milênios III e II antes de Cristo, encontramos um pequeno grupo de pastores da Mesopotâmia,
conhecidos como habiru, ou hebreus. Mais tarde, já constituindo um povo – os israelitas –, e após a era do rei Salomão, no
século IX a.C, vemos surgirem os judeus.
As culturas judaicas então podem ser entendidas como conjuntos de crenças, tradições e valores sociais presentes nos mais
de quatro mil anos de história do povo judeu. A religião judaica estaria incluída nesse sistema de valores, mas não explica o
significado de toda a cultura judaica.
Aqui devemos também incluir a língua hebraica e a aramaica, as literaturas bíblica e rabínica, a alimentação ritual, as
organizações políticas e econômicas tribais, as fases monárquicas até a formação do moderno Estado de Israel. Identidade
nacional e memória histórica também fazem parte das formações culturais judaicas.
EGITO
LOCALIZAÇÃO: Situada no Nordeste da África, no
vale do Rio Nilo, na “terra de Cam”,[1] no Egito
desenvolveu-se uma rica civilização cuja economia se
baseava na servidão coletiva e na agricultura
irrigada.[2] O Egito era cercado de desertos e, durante
muito tempo, esteve praticamente isolado das outras
grandes civilizações de sua época. Toda a sociedade, a
religião e a economia giravam em torno do Rio Nilo
que com suas cheias regulares era a fonte de toda a vida
do Egito, daí a frase do historiador grego Heródoto: “O
Egito é uma dádiva do Nilo.”

[1] A região foi ocupada no terceiro milênio antes de Cristo pelos chamados povos
camitas, ou kemitas, ou ainda hamitas. Tendo pele morena ou escura, eles trouxeram
sua língua e cultura para a região. Idiomas do tronco camita ainda são falados na África
atual.
[2] Mas, isso só foi possível porque as sociedades conseguiram controlar as águas do
Nilo, Tigres e Eufrates (sociedades hidráulicas). Fonte Mapa: MANLEY, B. The Penguin Historical Atlas of Ancient Egypt.
Londres: Penguin, 1996.
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE: O topo da sociedade egípcia era ocupado pelo faraó, visto como um
deus na terra. Abaixo deste estavam os sacerdotes cujo poder se baseava na extrema importância da religião
para a sociedade. Em alguns momentos, os sacerdotes chegaram a rivalizar em poder com o próprio faraó.
A seguir vinham os nomarcas (nobres). Os escribas também tinham grande importância dentro da sociedade
egípcia, pois dominavam as formas complexas de escrita e cálculo, quanto mais cuidada a sua educação, mais
altos eram os seus postos no governo.
Menos importantes no início da história egípcia, os militares foram ganhando maior destaque principalmente no
Novo Império.
Em seguida vinham comerciantes, artesãos e todo tipo de trabalhadores especializados. O grupo social mais
extenso, ocupando quase a base da pirâmide era o dos felás (camponeses), estes faziam praticamente toda a
sorte de trabalho e garantiam o funcionamento do Estado Egípcio.
Viviam sob o regime de servidão coletiva que os obrigava a entregar ao faraó e/ou aos grandes templos parte de
sua produção, além, de terem a obrigação de trabalhar em obras públicas ou servir o exército caso fosse
necessário.
Por último vinham os escravos usados nas minas e em trabalhos domésticos principalmente. Por serem
oriundos das guerras, na maioria dos casos, variaram muito em número no decorrer da história egípcia.
Pirâmide social egípsia
Faraó
Família real
Sacerdotes
Escribas

Artesãos
Comerciantes

Camponeses

Escravos

A sociedade egípcia era extremamente estratificada, cabendo ao Faraó a liderança máxima, seguido pela
família real e pelos escribas (nos campos administrativos). Aos artesãos e comerciantes cabia a prestação de
serviços aos membros dos cargos administrativos. Aos camponeses cabia o trabalho nas lavouras, e aos escravos
todos os trabalhos restantes e menos valorizados.
DIVIDINDO A HISTÓRIA DO
Médio Império
EGITO: Lembro a vocês que toda Período Dinástico Inicial - Reunificação do Egito
periodização é artificialmente criada - Unificação do Baixo e Alto pelos reis de Tebas.
para facilitar o nosso estudo, são os Egito.

historiadores que escolhem certos


marcos para determinar o fim de uma
época e o início de outra. Tendo isso 1570 a.C.
em mente dividiremos a História do 2686 a.C.
Egito Antigo em: Pré-Dinástica, 2040 a.C.
Antigo Império, Médio Império e 715 a.C.
Novo Império. [2]

Antigo Império Novo Império


- Construção das Pirâmides de - Inicia-se como período de
Gizé. prosperidade para os egípcios.
[2] Outros livros incluem períodos posteriores como o
- Descentralização do poder - Finda com o declínio da sociedade
chamado Renascimento Saíta, o Baixo Império e o
Período Ptolomaico. unificado. egípcia e posterior domínio por outros
povos.
PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO
A agricultura começa a ser praticada às margens do Nilo por volta de 5 mil a.C., vários grupos se
tornam sedentários e as aldeias começam a se formar.
Com o passar do tempo, as aldeias começam a se unir em pequenos reinos chamados de nomos, cada
um deles com um governante, o nomarca que era geralmente o chefe de um clã, isto é, grande
família, cada uma delas com seu animal símbolo (totem) e seus deuses protetores.
Esses vários pequenos reinos terminaram por se unir em dois estados principais o Baixo Egito e o
Alto Egito. Por volta de 3200 a.C., o faraó Menés, do Alto Egito (Terra do Sul), irá unificar o
território
O Egito se estabelece desde então como uma Monarquia Teocrática, sendo o faraó visto como um
deus-vivo. Os primeiros faraós do Egito estavam associados à figura do deus Hórus, o falcão, filho
do deus Osíris (cujo mito se liga à fertilidade do Nilo) e da deusa Ísis. Neste período os egípcios
começaram a desenvolver sua escrita e seu calendário solar.
Dessa época até o ano 300 a.C; houve 31 dinastias, que foram organizadas em três grandes períodos,
separados por fases, caracterizadas pelo enfraquecimento do poder central.
ANTIGO IMPÉRIO
Conhecido como Império Menfita. A capital do Egito era a cidade de Mênfis. Graças à
centralização política foi possível mobilizar grandes contingentes de mão-de-obra, assim,
foram feitas grandes obras de irrigação e construídas a pirâmides de Sacarah, em degraus, e
as de Quéfren, Quéops e Miquerinos, em Gizé.
A centralização política possibilitou também melhorias nas defesas contra povos nômades
que atavam e pilhavam as aldeias. O Egito, no entanto, não era uma nação belicosa e sequer
mantinha um exército permanente, cuidava de sua defesa e, no máximo, fazia expedições
punitivas.
Foram feitas incursões em busca de cobre no Sinai e outros produtos raros ou exóticos na
Líbia e na Núbia.
A partir de aproximadamente 2.300 a.C., o poder central começa a se enfraquecer enquanto
os antigos nomarcas expandem seu poder local, além disso, o Egito convive também com o
perigo das invasões. Esse estado de coisas conduziu ao esfacelamento do Estado Egípcio.
Médio Império
Após quase dois séculos de descentralização política, os príncipes de Tebas conseguem
reunificar o Egito, mudando a capital para sua cidade – Fase conhecida como Primeiro
império Tebano -.
Foi um período de expansão territorial rumo à Núbia, à Líbia e à Península do Sinai. Nesse
período também os egípcios começam a manter intensas relações comerciais principalmente
com os fenícios, sírios (que nada tem a ver com os assírios) e cretenses.
Foram construídos grandes templos e túmulos nesse período, além da expansão das obras de
irrigação, ampliando ainda mais as áreas agrícolas. Por volta de 1750 a.C., o Egito foi
invadido pelos Hicsos. Chamados de reis pastores, os hiscsos pertenciam ao grupo dos
semitas, vindos do norte da Ásia. Usavam carros de guerra e cavalos, desconhecidos até
então pelos egípcios, arcos compostos e armamento de bronze. Construção a cidade
fortificada de Avaris e impuseram tributos a toda população egípsia.
Militarmente mais poderosos, conquistaram boa parte do território. Acredita-se que tenha
sido por volta dessa época que os hebreus se estabeleceram no Egito.
NOVO IMPÉRIO
Segundo Império Tebano. Seu início está ligado ao movimento de resistência dos Príncipes
de Tebas contra os invasores. A luta se prolongou por vários anos até que os hicsos foram
expulsos e/ou escravizados. Povos que tinham se estabelecido sob a proteção dos hicsos no
Egito, como os hebreus, também acabaram sofrendo retaliações.
O faraó que marca o início desse período é Amósis I. [3] A partir desse momento, o exército
passa a ser permanente, a nobreza se militariza, e o faraó passa a ser um líder guerreiro. O
Egito se torna então uma potência expansionista e serão anexadas ou submetidas à tributação
as regiões da Núbia, Palestina, Etiópia, Síria e Fenícia. Seus grandes adversários serão os
hititas.[4] Durante o Novo Império houve a construção dos Templos de Luxor e Karnac. O
comércio também foi reavivado.

[3] Ahotep, mãe de Amósis e que tinha perdido o marido e o filho mais velho, governou o Reino do Sul e liderou a resistência até que ele crescesse, assumisse os exércitos e atacasse o
Norte. Ela morreu com mais de 80 anos e foi honrada por seu filho com um belíssimo túmulo e insígnias de chefe militar. É o único caso conhecido de mulher que tenha recebido tal
honra.
[4] Até o final do século XIX, os hititas não existiam na geopolítica da Antigüidade, no máximo, poderiam ter sido uma pequena tribo da Palestina. As únicas citações a eles estavam no
Velho Testamento (filhos de Hete, Heteus) e somente com as escavações arqueológicas puseram fim aos 2000 anos de esquecimento da primeira grande potência Indo-Européia. Eles
eram indo-europeus e foram os primeiros a conseguir trabalhar com o ferro. Eram também mestres no uso carros de guerra, levando terror aos seus inimigos. Seu rei Mursili I saqueou a
cidade de Babilônia por volta de 1595 a.C. Só que os hititas não ficaram na Mesopotâmia, ocupando a Anatólia, na atual Turquia. Tomaram Hattusas - atual Borgazköy - a capital de um
povo chamado hatti, o nome permaneceu ligado aos conquistadores.
Durante esse período, mesmo com a ênfase militarista, houve a presença de mulheres no poder, como a faraó
Hatshepsut [5] e a importante Rainha Nefertiti. Esta última era esposa do faraó Amenófeles IV que tentou
implantar o monoteísmo no Egito, nesse processo o faraó, agora chamado de Akenaton, o faraó-herege,
destituiu os sacerdotes impondo a adoração a um só deus, Aton, e transferiu a capital de Tebas para Amarna,
promovendo também uma revolução nas artes como pintura e escultura.
Nefertiti, que não era a esposa principal, governava ao seu lado, tendo sido representada ostentando símbolos
de poder restritos ao faraó.
Em Amarna foram encontradas várias cartas que mostram aliados dos egípcios pedindo ajuda. O faraó parecia
mais concentrado em sua reforma político-religiosa e os hititas e outros adversários avançaram sobre as áreas
de influência egípcias. Morto Akenaton, os sacerdotes de Amon e a nobreza se apressaram em desfazer as
obras do antigo faraó, restaurando o politeísmo, abandonando Amarna, retornando a capital para Tebas, e
riscando o nome de Akenaton e Nefertiti dos anais do Egito . Em seu lugar passou a reinar seu filho,
Tutancamon, que morreu bem jovem, provavelmente assassinado.

[5] Hatshepsut foi a quinta governante da XVIIIª dinastia e era filha de Tutmés I, general que se tornará faraó. Com a morte de seu pai foi
casada com seu irmão Tutmés II, filho de uma esposa secundária. Morto Tutmés II assumiu o trono como regente de seu enteado, Tutmés
III, que era filho de seu irmão-marido com uma esposa secundária. Posteriormente Hatshepsut usurpou o trono sendo um dos mais
importantes faraós do período.
A instabilidade provocada pelo monoteísmo de Akenaton foi superada com dificuldade
pelos faraós seguintes e a XVIIIª Dinastia terminou pouco tempo depois.
O poder dos faraós atingiu novo apogeu com a XIXª Dinastia, Ramsés I, Seti e,
principalmente, Ramsés II, faraó expansionista, - O Grande - que submeteu vários povos,
chegou ao equilíbrio militar com os hititas e construiu grandes obras arquitetônicas.
Depois da morte de Ramsés, o Egito entra em um período de enfraquecimento, com poucos
momentos de reação -Renascimento Saíta –[6] sendo sucessivamente conquistado por
vários povos (assírios, persas, etc) e perdendo a sua autonomia política. Por fim, as duas
ultimas dinastias, conhecida como época tardia, foi encerrada com a conquista em 332 a.C;
por Alexandre, - O Grande -, rei da macedônia. E, posteriormente pelos romanos.

[6] O Renascimento Saíta ocorreu de 650 a.C. a 525 a.C e é considerado um período a parte na história do Egito. Esse renascimento
ocorreu quando os egípcios, sob a liderança de Psamético III, saindo da cidade de Saís, expulsaram os assírios e obtiveram um curto
período de independência. Entretanto a partir de 525 a.C. o Egito caiu sob o domínio dos persas, depois dos macedônios de Alexandre e,
por fim, dos romanos. O Egito só voltou a ser independente em 1922.
BasPhoto/ Shuttesrtock
RELIGIÃO: Todo o cotidiano dos egípcios girava em
torno da religião e da perspectiva da vida após morte.
Para obtê-la era fundamental seguir as orientações do
Livro dos Mortos e ser mumificado preservando o
corpo para o retorno da alma. A religião dos egípcios
era politeísta e antropozoomórfica, isto é, os deuses
tinham forma de seres humanos e animais, tais como
cabeça de falcão e corpo de homem. Durante o curto
período de monoteísmo foi escrito o Hino ao Sol,
poema que é considerado obra-prima da literatura
egípcia antiga.

ARTES E CIÊNCIA: Dentre as áreas em que os


egípcios se destacaram podemos citar a arquitetura,
escultura, medicina, matemática, astronomia e música. Osíris recebendo oferendas do Faraó Séti, detalhe
de pintura em parede do Templo de Abidos, Egito.
Wisconsina / Dreamstime.com
ESCRITA: A escrita egípcia mais conhecida é a hieroglífica, era
usada em templos e monumentos, mas os egípcios também
desenvolveram outras formas de escrita mais simplificada como a
hierática, simplificada e usada em textos oficiais por escribas e
sacerdotes, e a demótica, que quer dizer popular, para facilitar a
comunicação.
Os especialistas em escrita, os escribas, eram tremendamente
valorizados e tinham espaço garantido na sociedade. A escrita
egípcia começou a ser decifrada no século XIX, graças à
descoberta da chamada Pedra de Rosetta.

CONDIÇÃO FEMININA: Dentre todos os povos da


Antiguidade Oriental, foi no Egito que as mulheres obtiveram
uma situação mais equitativa em relação aos homens. Podiam
governar, gerir seus bens, serem sacerdotisas, manter a guarda dos
filhos em caso de divórcio e se ocupar de praticamente todas as
profissões. Foram camponesas, escribas, sacerdotisas, médicas,
rainhas-faraó, governadoras de província e até líderes militares.

Hieróglifos egípcios retratando os deuses Hórus e Tot


A antiguidade clássica: Grécia e Roma
A História Antiga é na verdade, a história de uma região específica da terra”
(GUARINELLO, 2006. p. 06).
Segundo Guarinello, os historiadores tendem a cometer um equívoco frequênte
ao dividir essa história em duas: Grécia e Roma, até porque “não eram países
como os que conhecemos hoje, nem suas histórias podem ser pensadas
separadamente, como se Roma tivesse sucedido a Grécia.
Nunca houve uma Grécia unida na antiguidade, apenas gregos que viviam
separados em diferentes cidades, as vezes com costumes distintos. E Roma,
antes de se tornar a capital de um grande império constituído por cidades, era
apenas uma cidade, num mundo repleto delas”. (GUARINELLO, 2006. p. 07)
“As cidades do Mediterrâneo antigo foram algo muito diferente do que entendemos por cidade. Para
imaginarmos como eram, é necessário esquecer por um momento, a ideia de cidade como núcleo
urbano. Tratava-se, antes de tudo, de uma comunidade de homens e de casas geridas por eles.
A noção de comunidade é essencial. Uma cidade compunha-se de homens que, apesar de serem
proprietários privados de suas casas, tinham algo em comum: habitavam um território herdado de
seus ancestrais, precisavam defender suas terras dos inimigos de fora, eram protegidos pelos mesmos
deuses e obedeciam a leis comuns a todos.
Tais cidades diferenciavam-se uma das outras, constituíam comunidades autônomas e se formaram
opondo-se ao internacionalismo praticado pelas antigas aristocracias. Fecharam-se ao exterior e
criaram uma identidade própria, que lhes dava força e significado. Uma comunidade não existe se
algo que lhe dê identidade própria e a diferencia das demais.
Por isso, as primeiras cidades criaram mitos para explicar a sua origem, definiram suas próprias leis,
cunharam suas próprias moedas e construíram seus santuários para os próprios deuses, que
ocupavam o território agrícola da comunidade e demarcavam as fronteiras, como o templo de Hera
(Juno), em Argos, ou de Artemis (Diana), em Esparta. Ergueram também grandes templos no ponto
mais alto do território, chamado acrópole, como o de Palas Atena (Minerva), em Atenas, ou de
Jupiter Capitolino, em Roma”. (GUARINELLO, 2006. p. 20)
GRÉCIA
LOCALIZAÇÃO: A Grécia se localiza na Península Balcânica, 80% de sua área é montanhosa e dificulta o desenvolvimento da agricultura, além de favorecer o isolamento político que na

Antiguidade deu fruto ao sistema políade.[1] Seu litoral é recortado tendo muitas baías e
portos naturais, além de centenas de ilhas. Os gregos chamavam seu território de Heláde e a
si mesmos de helenos. Podemos dividir a Grécia nas seguintes regiões:
*** Grécia Continental.
*** Grécia Peninsular (Peloponeso e Golfo de Corinto)
*** Grécia Insular
*** Grécia Asiática (Ásia Menor)
*** Magna Grécia (Principalmente as colônias italianas)

[1] Pólis era como os gregos chamavam suas cidades-estado.


Grécia
Continental.
Grécia Peninsular
(Peloponeso e
Golfo de Corinto)
Grécia Insular
Grécia Asiática
(Ásia Menor)
Magna Grécia
(Principalmente as
colônias italianas)
POPULAÇÃO: composta por uma mistura de povos que se estabeleceram na região em
épocas diferentes. Em sua maioria eram indo-europeus, estavam em diferentes estágios
culturais e contribuíram cada um a sua maneira para que a Grécia Antiga pudesse existir.
Entre 3000 a.C e 2000 a.C., a Ilha de Creta, já era habitada e, seus habitantes produziam
artefatos de cobre, bronze, prata e ouro.
Construíram palácios como o de Cnossos; possuíam portos naturais e madeira para a
construção de navios, contribuindo para o comércio de vinho, azeite, joalheria, tecidos
coloridos, madeira e cerâmicas que eram comercializados nas ilhas do mar Egeu e no Egito.
Durante o III milênio, inicio da idade do Bronze, os povoados tornaram-se maiores. A
riqueza acumulada com as atividades mercantis estendeu o poder de Creta ate a Sicília.
No II milênio a.C (entre 2000 e 1200 anos), a historia de Creta sofre uma transformação
com a chegada recorrente de diversos grupo étnicos que migraram para a península
Balcânica
*** Pelasgos ou Pelágios – primeiros habitantes da região, tinham origem
mediterrânea, estavam na Grécia muito provavelmente desde o Neolítico.
*** Aqueus – começaram a chegar a partir do II milênio a.C., se estabeleceram na Península do
Peloponeso e em 1450 a.C; invadiram Creta, tomaram Cnossos e acabaram com o controle econômico que
a cidade tinha sobre o mar Egeu. Ampliaram suas redes mercantis a leste e a oeste atingindo a Sicília, e os
portos costeiros da Síria e da Palestina. Começava o período conhecido como Micênico ou
Cretomicênico, que se prolongou ate 1100 a.C.
*** Jônios – estabeleceram-se na Península Ática.
*** Eólios – ocuparam o norte da Grécia (Etólia e Tessália).
*** Dórios – chegaram por volta de 1200 a.C., eram um povo guerreiro, dominavam o uso do ferro, o que
lhes conferia superioridade militar. Sua chegada causou grande impacto na forma como os povos já
estabelecidos ocupavam o território e se relacionavam. Como se estabeleceram no Peloponeso, suas
principais vítimas foram os aqueus e pelágios. Um dos desdobramentos da chegada dos dórios foi a
chamada Primeira Diáspora Grega que foi a migração de povos da Grécia continental e peninsular para a
Ásia Menor.
PERIODIZAÇÃO: Para melhor estudar a história da Grécia Antiga dividida em 4 períodos:
*** Homérico (XII-VIII a.C.)
*** Arcaico (VIII-VI a.C.)
*** Clássico (V e IV a.C.)
*** Helenístico (IV a II a.C.)
PERÍODO HOMÉRICO - SÉCULO XII A VIII a.C.

Tempos Homéricos - No final do século XIII a.C; o mundo micênico chegou ao fim. Os dórios
(grupo étnico originário da Macedônia e do Épiro - região norte e nordeste da Grécia continental) –
tomaram Creta e outras ilhas do mar Egeu, invadiram Corinto, Olímpia, Micenas e fundaram
Esparta, no Peloponeso. Quase nada sobrou dessa invasão. As cidades foram incendiadas e
acabaram reduzidas a condição de colônias. Os dórios, formaram o chamado mundo grego, que
durante séculos teve grande influência na região do mar Mediterrâneo.
Nesse período, conhecido como Idade do Ferro, a grande característica foi a revolução tecnológica
provocada pela metalurgia do ferro. Também a cerâmica se desenvolveu e surgiram os dois poemas
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e a Odisséia.
Embora narrem as aventuras da Guerra de Tróia (Ilíada) e seus heróis (Odisséia), os poemas
homéricos misturam três períodos históricos distintos: a idade do Bronze dos palácios micênicos, o
mundo grego após a invasão dórica e a época do próprio Homero. São considerados documentos
preciosos para o conhecimento da economia e da sociedade gregas entre os séculos XII e VII a.C.
AS COMUNIDADES GENTÍLICAS: Depois das invasões dórias, houve uma retração da vida urbana e do
comércio, com a reorganização da vida em torno de células familiares (óikos) [1], um tipo de clã que na
Grécia Antiga eram chamados de genos.
Essas comunidades extensas tendiam a ser auto-suficientes; a terra pertencia a todos; o chefe do clã era
chamado de pater que detinha o poder político e religioso. O pater-famílias presidia um grupo que tinha os
mesmos ancestrais, as mesmas leis, costumes e tradições, sendo o poder passado do pai para o filho mais
velho.
Como a terra era pouca para todos, as guerras, a pirataria e os saques eram constantes. Quando necessário os
genos trocavam mercadorias e escravos entre si. Se havia a necessidade de algum serviço extra, que não
pudesse ser suprido pelos membros dos genos, eram contratados os serviços de indivíduos que não tinham
terras nem privilégios, os tetas. A economia no período girava em torno da agricultura e do pastoreio.
SOCIEDADE: Era formada por:
§ Aristocracia Rural – proprietária de terras – e seus familiares;
§ Homens Livres – pequenos comerciantes e artesãos;
§ Escravos – que faziam vários tipos de trabalho;
§ Tetas – homens livres, sem terras, sem privilégios. Por serem desprotegidos estavam em situação pior do
que a dos escravos;
[1] Unidade econômica produtiva que, na Grécia Antiga, representava o ambiente próprio de um indivíduo, composto pelos seus
trabalhadores (escravos ou não), família e pertences (como a própria habitação, os rebanhos, o tesouro e os terrenos). (Infopédia)
Em Atenas, sociedade encontrava-se dividida em
grupos baseados na renda e origem social,
DESAGREGAÇÃO DOS GENOS: Com o crescimento populacional; o
aumento exagerado do número de escravos que passaram a fazer os trabalhos
que antes eram executados pelos tetas; e a divisão dos genos em pequenas
famílias com a concentração das terras nas mãos do pater e seus familiares
diretos, as comunidades gentílicas começaram a se desagregar.
A propriedade privada começou a se tornar regra e privilégio de uma
aristocracia militar, sendo que o pater começou a adotar o título
de basileu (rei).
Essa situação acabou provocando a chamada segunda Diáspora Grega com a
saída de parte da população, em sua maioria tetas, em busca de melhores
condições de vida e terras fora da Grécia. As colônias fundadas deram origem a
chamada Magna Grécia.
PERÍODO ARCAICO
(SÉCULO VIII ao VI a.C.)
Durante 200 anos os povos da Grécia, mantiveram relativo isolamento. Podemos dizer que o período Arcaico (por volta de
900 a.C), é o momento em que a Grécia começa a se abrir para o mundo. Comércio, colonização de novos territórios
permitiram que parte do excedente populacional fosse mandado para fora da Hélade, em contrapartida, começam a chegar
produtos diversos, como cereais e escravos, além de tributos.
Nas colônias, as cidades e assentamentos agrícolas fundados em virtude da 2ª Diáspora Grega estavam ligados por laços
culturais às suas cidades de origem, mas eram independentes. Tendo sido patrocinadas por Estados e/ou particulares,
tinham às vezes, alguns deveres a cumprir em relação aos seus fundadores. A Diáspora também intensificou o comércio no
mar Egeu e no Mediterrâneo e colocou os gregos em contato com outras culturas mais antigas (Mesopotâmia, Síria, Egito,
Índia, etc.).
FRATRIAS E DEMOS: Com a desagregação dos genos, o poder passou a ser exercido pelos bem-nascidos, os aristói
(melhores), aristocracia dona de terras que dominava a sociedade. A população aparentada se reunia em fratrias, várias
fratrias juntas formavam uma tribo, e várias tribos juntas formavam o chamado demos. Demos, em grego quer dizer povo,
sendo essa palavra a raiz do termo Democracia.
Por volta de 700 a.C; surgiram as Cidades Estado ou Pólis, trazendo profundas mudanças políticas e econômicas devido à
consolidação destas, das quais se destacam por suas independências e prosperidades: Esparta e Atenas. Mas também as
cidades de Corinto, Tebas, Olímpia, Mileto e Argos, integravam o grupo seleto de cidades importantes. Controladas por
uma aristocracia proprietária de terras, esses núcleos urbanos, aos poucos se tornaram importantes centros comerciais do
mundo grego, que se prolongou ate cerca do ano 500 a.C.
E, embora cada Cidade Estado tenha se desenvolvido a sua maneira, havia duas características comuns a
todas:
*A Ágora ou praça central, espaço onde se reuniam os cidadãos para discutir a vida política[1] e decidir
sobre as ações a serem tomadas; local de comércio, festas, competições
•A Acrópole ou cidade alta, conjunto arquitetônico situado no alto de uma colina – templos e prédios mais
nobres, que expressavam o poder e a grandeza. da Pólis.
O drama dos camponeses: O período Arcaico foi marcado pelo domínio da aristocracia rural, esta tinha
as melhores terras, definia os preços, controlava a justiça. Aliás, as leis em geral não eram escritas e os
juízes eram aristocratas. Os camponeses não podiam competir com os aristocratas, portanto, seus preços
eram mais altos. Como não conseguiam vender, se endividavam, perdendo suas terras e muitas vezes a
liberdade. Se procuravam justiça geralmente eram prejudicados porque não tinham como subornar os
juízes. Um dos grandes autores gregos da época, Hesíodo, chamava os juízes de "reis comedores de
presentes".
Cidadania – Nem todos os habitantes de uma cidade Estado, apesar de partilharem do mesmo espaço
publico, eram considerados cidadãos. Apenas os homens livres participavam da vida política da Pólis.
Na Grécia antiga, com exceção de Esparta, as mulheres não tinham direitos políticos ou civis e por isso,
não eram consideradas cidadãs
[1]Era na Ágora também que o povo se reunia para as suas assembléas, mesmo que nesse momento o poder ainda estivesse nas mãos
somente da aristocracia.
ATENAS – BERÇO DA DEMOCRACIA
A cidade de Atenas se localiza na Península Ática, no Sudeste da Grécia, e foi
fundada pelos jônios unidos a outros povos que já habitavam a região. Começou
a ser notada no século VII a.C., principalmente após a construção do Porto de
Pireu, na entrada do Mar Egeu, o que possibilitou aos atenienses grande poderio
econômico.
A cidade é vista como o berço ou modelo da Democracia Ocidental. Seu modelo
político, que atingiu seu auge no Período Clássico garantia a igualdade de todos
os cidadãos diante da lei, além da participação de todos os cidadãos na
Assembléia.
Esse tipo de Democracia é chamado de direta, em oposição às Democracias
modernas, como a brasileira, que são chamadas de representativas, pois elegemos
representantes para nos representar na Assembléia e proporem leis que sejam do
interesse da nação. Nenhuma Democracia de hoje pode ser chamada de direta,
mas existem várias diferenças entre as Democracias representativas.
Outro aspecto importante da Democracia Ateniense é o fato dela ter sido muito
restrita, só eram considerados cidadãos os homens, atenienses, isto é, filhos de
pai ou mãe atenienses, maiores de 20 anos. Estavam excluídos, portanto, as
mulheres, os homens atenienses menores de 20 anos, os estrangeiros (metecos) –
filho ou neto de estrangeiro seria sempre um estrangeiro, e os escravos – que nem
sequer eram considerados seres humanos. Assim, mesmo representando um
modelo bem avançado, não podemos fechar os olhos para as limitações da
Democracia Ateniense.
DESENVOLVIMENTO POLÍTICO: Atenas não nasceu Democracia. Passou por vários modelos políticos
antes que reformas e leis possibilitassem a ampliação dos direitos democráticos.
Monarquia: Atenas era governada por um basileu (rei) que com o tempo passou a ceder os seus poderes aos
eupátridas (aristocratas), que com o tempo terminaram assumindo o poder e suprimindo a monarquia.
Arcontado: Os eupátridas comandavam a cidade e elegiam dois arcontes que governavam em seu nome. As
leis, que antes eram orais, passaram a ser escritas. O primeiro código de leis redigido por Dracon (c. 620
a.C) era bem rigoroso. Previa a escravização por dividas; dava ao conselho de anciãos (Areópagos) da cidade o
poder de julgar os crimes graves, punindo os infratores com a morte, até para os crimes de roubo, ou o exílio.
As leis consagravam o poder paterno sobre a família e demais habitantes da casa, favoreciam a aristocracia
agrária e ignorava os pobres. O código draconiano por ter sido considerado muito rígido acabou sendo revisto.
Tais condições causaram muitos descontentamentos e a reforma de Solón, em 594 a.C; determinou várias
mudanças sociais e políticas. Proibição da escravidão por dividas e anulação das dividas existentes, com isso,
muitos atenienses voltaram a condição de cidadãos. Estabelecimento de quatro categorias de cidadãos, a partir
de critérios censitários. Todos os homens livres nascidos de famílias atenienses, proprietários ou não de terras e
capazes de custear sua participação no exercito tornaram-se cidadãos. Desenvolveu a indústria e o comércio e
reformou a moeda. Essas reformas não foram vistas com bons olhos pela aristocracia.
Solón, também criou instituições políticas: a Bulé, reduto da aristocracia rural e o conselho encarregado de
preparar os trabalhos da assembléia dos cidadãos (Eclesia), composto por representantes das tribos atenienses.
Embora as reformas limitassem o poder dos grandes proprietários de terras, as tensões entre
os grupos sociais continuaram, favorecendo o surgimento da Tirania. Os tiranos foram
indivíduos que tomaram o poder à força e governaram a cidade, impondo leis e reformas. O
mais lembrado dos tiranos é Psístrato que assumiu o poder em 560 a.C.
Este tirano promoveu uma série de reformas, impopulares entre os eupátridas, como a
reforma agrária, fazendo com que as famílias de agricultores alcançassem uma posição
relativamente segura e apoiou as leis de Sólon. Psístrato encorajou a colonização na Trácia,
impulsionando o comércio; incentivando os cultos religiosos populares; realizou obras
públicas, valorizando o aspecto urbano de Atenas e deram empregos a cidadãos mais pobres.
Após sua morte em 510- a.C; seus filhos não conseguiram manter o poder e, dois anos
depois, Clístenes, com forte apoio popular, inaugurava o regime democrático Nascia o
período Clássico (500 a.C; a 338 a.C), marcado pela forte influência grega no mundo
antigo.
A Democracia: Começou a se delinear com a eleição de Clístenes – pai da democracia – em 508 a.C. Esse
arconte promoveu uma série de reformas: dividiu a cidade em tribos e as 10 tribos passaram a formar o demos,
deu a todos os atenienses o direito de escolher seus magistrados (*antes o direito era restrito aos eupátridas*) e
criou o ostracismo que bania da cidade por dez anos todos aqueles que prejudicassem a democracia.
Clístenes dividiu o governo entre duas Assembléias: a Bulé, conselho dos 500, formado por 50 representantes
de cada tribo, fazia as leis e enviava para que a Eclésia votasse, que era a assembléia formada por todos o
cidadãos maiores de 20 anos.
O auge da Democracia foi atingido durante o governo de Péricles (499-429 a.C.) que promoveu o
desenvolvimento das artes, reconstruiu e embelezou Atenas – graças principalmente ao dinheiro da Liga de
Delos [1], todos os cidadãos passaram a ter acesso à magistratura, a Assembléia Popular tornou-se soberana,
criou-se o Tribunal Popular que ficou responsável pela justiça, os cargos públicos passaram a ser remunerados e
o governo passou a pagar o salário de um dia de trabalho para que os cidadãos pobres (thetas) pudessem
participar da Assembléia sem prejuízos.

[1] A Liga de Delos, fundada em 478 a.C. Reuniu na Ilha de Delos, muitas Cidades Estados gregas, incluindo Esparta, por
ocasião das guerras entre gregos e persas (Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas) e foi liderada por Atenas. O grande poder
da Liga de Delos era a marinha de guerra, pelas características das cidades que a compunha, quase todas cidades litorâneas.
Cidadania feminina e educação ateniense
Cidadania feminina? As mulheres não tinham direito ao exercício da cidadania política mesmo sendo atenienses. Alguns autores
argumentam que a cidadania feminina existiria e se manifestaria na maternidade, pois elas transmitiriam aos seus filhos [homens] a
cidadania.
Educação ateniense: O sentido da educação ateniense era formar cidadãos. Todos os meninos filhos de cidadão frequentavam a escola a
partir dos sete anos e se aprimoravam tanto na parte física quanto no intelecto. Se eram ricos, ou tinham algumas posses, os pais faziam com
que seu filho fosse acompanhado por um escravo professor, o pedagogo, que supervisionava a sua educação. Entre os 18 e os 20 anos
serviam ao exército e caso fosse necessário poderiam ser convocados a defender sua cidade (cidadão-soldado).[1] Com 20 anos eram
cidadãos plenos.
Já as meninas, não frequêntavam a escola e o Estado não se ocupava de sua educação. Se fosse de interesse da família poderiam ter aulas
particulares, aprender a ler e escrever, se não, aprendiam somente as prendas domésticas. Geralmente era casada entre os 14 e os 15 anos
com alguém do interesse da família.
O ideal de mulher ateniense, esposa de um cidadão, era o da reclusa, se mantendo em casa, de preferência restrita aos aposentos das
mulheres, o gineceu. Obviamente, a maioria das mulheres não podia se restringir ao espaço doméstico e muitas estavam envolvidas nas
atividades econômicas, como o artesanato, o comércio e a agricultura.
Havia também as prostitutas comuns (pornés),[2] muitas delas escravas, algumas crianças,[3] e as hetairas. As hetairas [4] estavam
associadas à prostituição de luxo, não raro eram mulheres cultas, algumas acabavam tendo forte influência sobre seus clientes, outras
transformavam suas casas em locais de discussão política e intelectual.
[1] O soldado grego era chamado de hoplita. Usava uma armadura a base de couro e metal e um escudo redondo.
[2] A prostituição não era uma atividade feminina, pois havia muitos jovens e meninos que se prostituíam ou eram prostituídos.
[3] A prostituição infantil, a partir dos quatro ou seis anos, era comum na Grécia.
[4] Podemos questionar se as hetairas realmente eram todas prostitutas ou sofriam com o preconceito social por serem mulheres "livres", coisa que as mulheres-
cidadãs de Atenas não podiam ser.
ESPARTA: A PÓLIS GUERREIRA
Esparta era a principal pólis da Península do
Peloponeso. Sua fundação se deve aos aqueus, sua
fama de guerreira, aos dórios. Foi esse povo, aliás,
quem deu as feições que a cidade carregou durante a
Antiguidade.
A sociedade espartana possuía uma estrutura social estamental – pouca mobilidade social, tendo assim, um
organização social mais simples que a ateniense. Estava dividida em três categorias: os espaciatas (ou
homoioi); os periecos e os hilotas.
Espartanos ou Espaciatas (homoioi) – os iguais – Descendentes dos dórios e os únicos com direitos políticos
plenos. Era o grupo mais privilegiados e ocupavam as melhores terras. Isentos dos trabalhos manuais, estavam
proibidos de toda e qualquer atividade econômica; a eles estavam reservados, em caráter exclusivo as funções
políticas e militares; formar o exército e fornecer os dois reis espartanos.
Periecos – eram livres. Mas, sem direitos políticos. Viviam em comunidades autônomas na Lacônia e em
Messênia; dedicados a agricultura e ao artesanato; atividades vistas pelos espartanos como degradantes; suas
terras estavam fora das melhores planícies; eram obrigados a cultivar um lote de terras para cada um dos reis
espartanos e a participar do exército, como tropa auxiliar em tempo de guerra
Hilotas – Provavelmente descendiam das populações que resistiram ao domínio dório, eram escravos do
Estado. Estavam presos a terra e eram obrigados a trabalhar nos domínios conquistados pelos espartanos. Por
terem um passado comum e falarem a mesma língua, eram mais unidos que os escravos atenienses, que vinham
de lugares diferentes. Eram cedidos aos cidadãos de Esparta para ararem as suas terras. A situação dos hilotas
era das mais miseráveis, pois podiam ser torturados ou mortos simplesmente para que não se reproduzissem
demais ou para que continuassem submissos. Representavam boa parte da população. Esparta enfrentou muitas
revoltas dos hilotas, principalmente em Messênia.
As leis de Esparta eram atribuídas a um legislador lendário de nome Licurgo. Em tempos imemoriais, Licurgo
teria saído em viagem e feito os espartanos jurarem de que não mudariam as leis até que ele voltasse, coisa que
nunca aconteceu.
Dois reis e a politica espartana : Esparta era uma Diarquia, ou seja, era governada por dois reis, sendo que um
tinha funções sacerdotais e o outro, funções militares. E, claro, gozavam de vários privilégios
Governavam sendo auxiliados e respeitando as decisões da Gerúsia, conselho composto por 28 anciãos com
mais de 60 anos (gerontes), que elaboravam as leis da cidade que eram votadas pela Assembléia e da Apela, que
era o conselho formado por espartanos acima de 30 anos. Esses esparciatas tinham por função eleger os
membros da Gerúsia, aprovar ou rejeitar as leis elaboradas pelos gerontes.
Havia também o Eforato, corpo de funcionários públicos com imensos poderes. E, o conselho de Éforos,
formado por cinco cidadãos, tinham diversos poderes administrativos, militares, judiciais e políticos. Atuavam na
política como se fossem verdadeiros chefes de governo. Convocavam e organizavam as reuniões da Gerúsia e da
Apela. Fiscalizavam o rei e organizavam a educação, a administração da cidade e os combates nas guerras.
Eram eles que decidiam sobre a vida e morte dos recém nascidos, que supervisionavam a educação das crianças
e, também, aqueles que fiscalizavam a vida dos cidadãos da cidade.
***A Política de Esparta: Nos seus primórdios, Esparta tinha uma política expansionista, mas após a conquista da Lacônia e da Messênia,
o que garantiu o abastecimento da pólis, assumiu uma política isolacionista cuja premissa era o não envolvimento nos problemas alheios. Tal
opção resultou na não participação na Primeira Guerra Greco-Pérsica. Só mudaram a sua política quando foi necessário barrar o
expansionismo ateniense o que resultou na chamada Guerra do Peloponeso que deu à Esparta a supremacia sobre as demais pólis.
A educação espartana tinha por objetivo formar bons soldados e o Estado controlava todas as fases da vida do indivíduo.

Quando nasciam todas as crianças eram inspecionadas pelos éforos e estes descartavam
todas que fossem pequenas demais, tivessem alguma doença ou deformidade.
Até os sete anos a criança, menino ou menina, estava sob a guarda da família, a partir de
então era educada longe do lar em acampamentos militares e divididas por grupamentos.
Praticavam esportes, aprendiam o domínio das armas, ler, escrever, algo de música e poesia,
a falar pouco e dizer muito, a serem disciplinados. As falhas eram duramente punidas. Todos
os anos eram levados ao templo de Ártemis e submetidos a uma cerimônia que consistia em
uma longa seção de espancamento. Alguns meninos não resistiam e morriam.
Aos vinte anos entravam para o exército e somente aos trinta anos eram cidadãos plenos
podendo casar e recebendo do Estado, terras e escravos. Passavam boa parte da sua vida
longe de casa em acampamentos militares. As mulheres recebiam uma educação semelhante
a dos homens com o objetivo de se tornarem capazes de gerar bons soldados e administrar as
terras da família. Podiam se casar a partir dos vinte anos.
Os Gregos vão as guerras
No decorrer do Período Clássico, houve três principais conflitosa: Primeira Guerra Greco-Pérsica (492 a.C.),
a Segunda Guerra Greco-Pérsica (480 a.C.) [1] e a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.).
Primeira Guerra Greco-Pérsica: Como vimos quando estudávamos os Persas, Dario I tinha expandido seu
Império até a Ásia Menor e o próximo passo seria invadir a Península Balcânica. A invasão começa no ano de
492 a.C. quando os exércitos persas cruzam o Helesponto (atual estreito de Bósforo) e invadem a península
pelo norte passando pelo território da Macedônia.
Ameaçados pela proximidade dos persas, os atenienses organizam as suas defesas e pedem ajuda aos espartanos
para que unidos possam expulsar os persas. Apegados à sua política de isolamento, os espartanos se recusam.
Os atenienses, então, aliados a outras pólis, enfrentam os persas na batalha de Maratona.
Mesmo em menor número, os gregos vencem, e é enviado um soldado, Feidípedes, com a mensagem avisando
os líderes do partido democrático – que temia a revolta do partido aristocrático – que a ameaça persa estava
afastada. O soldado corre de Maratona até Atenas, entrega a mensagem e morre de exaustão. Em sua
homenagem nas atuais Olimpíadas se criou a prova da Maratona.

[1]Outro nome usado para esses conflitos seria o de Guerras Médicas, porque o Império persa era também governado pelos medos.
Segunda Guerra Greco-Pérsica: Com a morte de Dario I, o novo rei da Pérsia, Xerxes, decide invadir a
Grécia novamente. Seu exército era bem maior do que o do seu antecessor, o que obriga mesmo os espartanos a
se aliarem às demais pólis na tentativa de derrotar o inimigo.
A primeira batalha da guerra ocorreu no desfiladeiro das Termópilas, em 480 a.C., e seu valor é mais simbólico
do que efetivo. Nas Termópilas, um destacamento de elite espartano composto por 300 soldados e liderado pelo
Rei de Esparta, Leônidas, tenta em vão barrar a passagem enquanto aguarda reforços. Os espartanos são traídos,
os reforços não chegam, mas para um soldado de Esparta recuar é algo inaceitável, assim, resistem por um dia e
uma noite e são massacrados.
Os persas avançam e derrotam os atenienses em Platéia (479 a.C.), de lá avançam sobre Atenas e incendeiam a
cidade. Os atenienses recuam para as ilhas e a guerra se decide na Batalha Naval de Salamina com a vitória dos
gregos.
***A Liga de Delos e a Supremacia Ateniense: Com o fim das Guerras Médicas algumas cidades gregas
decidem formar uma liga que teria a função de juntar os recursos enviados por várias pólis e investi-los nas
defesas da Grécia. Como Atenas tinha sido a grande vitoriosa das Guerras Greco-Pérsicas, os recursos seriam
administrados pelos atenienses. Com o tempo, entretanto, os atenienses passam a se apossar dos recursos
enviados pelas outras pólis, investindo na reconstrução e embelezamento de Atenas, nas artes e no
aprimoramento dos direitos democráticos. É o “Século de Péricles”. As pólis que decidem abandonar a Liga de
Delos são ameaçadas de invasão por Atenas que tinha agora tinha o exército mais poderoso da Grécia.
Guerra do Peloponeso: Sentindo-se ameaçada pela supremacia de Atenas, os Espartanos
organizam a Liga do Peloponeso da qual faziam parte também Megara, Corinto e Tebas. O
conflito entre Atenas e Esparta era questão de tempo, e acaba explodindo quando ambas
tomam partido na guerra entre Córcira e Corinto.
O conflito persiste, entre batalhas, cercos e pequenas tréguas por 27 anos e termina com a
vitória de Esparta. Vitoriosos, os espartanos, impõem um governo aristocrático à Atenas (os
30 tiranos). A supremacia de Esparta é curta, pois, o desgaste com a guerra tinha
enfraquecido a poderosa pólis que é derrotada pela antiga aliada Tebas.
***O Fim do Sistema Políade: As longas guerras tinham enfraquecido as pólis gregas e
colocado em risco sua tradição de autonomia e independência. Ao norte da Península
Balcânica, outros gregos, os macedônios espreitavam. A Macedônia tinha participado das
guerras gregas, mas seu território, um reino unificado, com várias cidades e um rei, tinha
permanecido intacto.
Com a vitória de Tebas sobre Esparta chegara o momento dos macedônios empreenderem
seu projeto político: unificar toda a Grécia. Isso foi feito pelo Rei Felipe II que derrotou as
forças conjuntas dos tebanos e atenienses na Batalha de Queronéia.
Na Grécia, a “escravidão-mercadoria” e o trabalho livre
Na Grécia, a “escravidão-mercadoria” era um tipo de escravidão plenamente
desenvolvida e funcionava como principal relação de produção.
Com relação as atividades exercidas pelos escravos, podemos destacar o trabalho nas minas,
o serviço doméstico e outras atividades que eram realizadas em estabelecimentos rurais ou
artesanais.
Em ocasiões especiais, como a colheita, o trabalho escravo poderia ser remunerado para o
seu dono devido a necessidade de mão de obra abundante e imediata. Geralmente, o escravo
fornecia a mão de obra básica para a produção em grande escala (rural e urbana).
Havia também o escravo do Estado, que trabalhava na pavimentação de ruas, na fabricação
de moedas, como guardas, burocratas, etc. Recebiam uma diária em dinheiro do governo
para sua subsistência.
Em resumo, o escravo criava a maior parte da renda derivada da propriedade da classe
dominante, o que pode ser caracterizado como modo de produção escravista.
Na concepção grega, o escravo era um ser humano, mas ao mesmo tempo um objeto de
propriedade, que podia ser comprado e vendido, legado, doado, confiscado, alugado –
tudo independente de sua vontade.
Para se entender como o modo de produção escravista alcançou seu status na Grécia, é
importante lembrar três condições que contribuíram para isso:
1 – a concentração da propriedade de terras nas mãos de poucas famílias e a mão de obra
insuficiente para cultivá-la;
2 – o desenvolvimento suficiente da produção mercantil e dos mercados;
3 – a inexistência de um suprimento interno adequado de força de trabalho dependente,
levando a necessidade de buscá-la fora.

Com relação aos trabalhadores livres, suas atividades incluíam o exército, as atividades
ligadas à lei e a justiça, a política, a colheita, etc. Eram mais numerosos quando comparados
aos escravos nas atividades relacionadas à auto-subsistência, na pequena produção mercantil
(rural e urbana) e no comércio varejista.
Servidão intracomunitária e intercomunitária, conceitos de Yvon Garlan.
Servidão intracomunitária, temos a situação de alguns camponeses pobres que, devido às dívidas,
eram dominados pelos aristocratas eupátridas e perdiam suas terras, tornando-se lavradores e
entregando uma parte de suas colheitas.
Corriam também o risco de serem transformados em escravos, caso não pagassem as taxas devidas ou
contraíssem novas dívidas. Nesse caso, poderiam ser vendidos ao exterior ou ter seus familiares
também escravizados.
A servidão intercomunitária, pode ser entendida como a exploração de uma comunidade por outra,
onde se estabelece uma relação de tributação e exigência de trabalhos forçados, que faz lembrar as
relações de produção vigentes no Egito e na Baixa Mesopotâmia.
Outra forma de trabalho compulsório era “hilotismo”, ou os lavradores dependentes. (Praticado pelos
espartanos)
Os hilotas viviam em grupos familiares nos lotes de terras iguais que haviam sido repartidos pelo
Estado aos esparciatas. Ao senhor da terra deviam entregar uma renda em produtos equivalente à
metade do que havia sido produzido ou uma quantidade fixa de alimentos.
Seja como for, essa contribuição garantia aos esparciatas sua subsistência, uma vez que se dedicavam
integralmente a sua função de guerreiros.
Além do cultivo da terra, os hilotas realizavam serviços domésticos, artesanato, comércio, metalurgia, fabricavam armamentos, trabalhavam como policiais e até como soldados, burocratas e financiadores de cerimônias fúnebres dos reis de Esparta. Dessa forma, não estavam

ligados rigorosamente à terra e às atividades rurais. De acordo com alguns historiadores, os


hilotas podem ser caracterizados como uma espécie de escravos do Estado espartano.
Outras relações de trabalho foram encontradas pelos gregos nas regiões dominadas, como
no caso do Império Aquemênida (Império Persa), onde a exploração do trabalho era
aplicada às grandes massas camponesas há muito tempo.
Aproveitando essa dinâmica, os gregos instituíram o que viria a ser conhecido como
“nativos livres”, dos quais o excedente econômico era extraído através de tributos e de
trabalhos forçados para o aparelho do Estado.
No caso do reino dos Selêucidas (Estado helenista que existiu após a morte de Alexandre, o
Grande ), existiam os camponeses dependentes e no Egito Ptolomaico (reino helenístico no
Egito) existiam camponeses não gregos e camponeses das terras reais. Essas duas classes
viviam em aldeias, possuíam bens e um direito de posse estável sobre as terras que
cultivavam, mas deviam pagar tributos diversos e estavam sujeitos à corvéia.
A dinâmica da cidade de Roma
“Roma também era uma cidade- Antes de se tornar capital de um Império, Roma era uma cidade
como as outras, ainda que tivesse suas particularidades.
As lutas entre Patrícios (aristocratas de nascimento) e Plebeus (povo), só terminaria no século IV a.C;
com a vitória da plebe. Como resultado, instalou-se um sistema político complexo, que mantinha certo
equilíbrio entre pobres e ricos.
Havia duas assembléias separadas: uma do exército, na qual predominavam os mais ricos, e uma da
plebe.
Os cargos mais importantes, como o de cônsul ou de censor, apesar de serem preenchidos por votação,
eram privilegio dos mais ricos.
A plebe tinha, por sua vez, os próprios defensores, os Tribunos da Plebe, que contavam com grande
poder e atuavam na defesa do povo como um todo.
Por fim, havia o Conselho dos Anciãos, o Senado, que era dominado pelos mais ricos e exercia grande
influência na vida política da cidade.
O equilíbrio sempre foi instável e dependia da cidade distribuir entre a população mais pobre as terras e
as riquezas conquistadas”. (GUARINELLO, 2006. p. 28)
ROMA: origem
A Península Itálica era uma área com grande fluxo de
povos desde antes da fundação de Roma. Gauleses,
gregos, fenícios, povos do Norte da África, todos
ajudaram a formar a população dessa região da Europa.

Dentre os povos da região destacamos os sabinos e


os latinos, povos que compuseram a base da população
romana.

A cidade de Roma tem duas origens: uma mítica-


lendária e outra histórica. Independente de qual das
versões agrade mais, a localização da cidade é a mesma:
fundada na região do Lácio, às margens do Rio Tibre,
no sopé do monte Palatino, na região das sete colinas.
O mito de fundação de Roma tomou de empréstimo personagens da mitologia grega, nesse
caso, Enéias, filho da deusa Afrodite (a romana Vênus), segundo melhor guerreiro de
Tróia. Ele foge da cidade levando sua família, o pai (Anquises) e o filho (Ascânio). Depois
de várias aventuras, termina chegando à Itália. Lá casa-se com Lavínia princesa, filha de
Latino, rei do Lácio, e da rainha Amata. Muitos anos se passam, e de acordo com os mitos,
Rômulo e seu irmão Remo seriam filhos do deus Marte e de uma princesa Réia Sílvia da
cidade de Alba Longa[1] que foram atirados nas águas do Tibre pelo tio-avô Amúlio que
havia usurpado o trono. Amamentados por uma loba,[2] foram encontrados por um pastor
que os criou. Depois de crescidos, se vingam do tio e recolocam seu avô no trono. Por
inveja, entretanto, Remo provoca a ira do irmão e é morto por ele. Roma teria sido fundada
por Rômulo em 21 de abril de 753 a.C.

[1] Alba Longa, por seu turno, teria sido fundada por Ascânio, filho de um dos heróis da Guerra de Tróia, Enéias que fugiu quando a
cidade foi incendiada, carregando seu filho nos braços e o velho pai nas costas. Três gerações, o necessário para se ter uma identidade.
Enéias era filho da deusa Vênus (Afrodite) e, pelas lendas, os romanos descendem desta deusa e do deus Marte.
[ 2] Ou uma prostituta, já que lupa se refere tanto ao animal quanto às meretrizes.
Após a fundação por Rômulo, os romanos negociaram com os sabinos, seus vizinhos, para que eles lhes
cedessem mulheres. Os sabinos recusaram-se a permitir que suas mulheres se casassem com os romanos; estes
tiveram então a ideia de raptar as mulheres sabinas.
Rômulo inventou então um festival em homenagem a Netuno Equestre, e proclamou-o aos povos vizinhos de
Roma. Durante o festival Rômulo deu um sinal, indicando a seus conterrâneos que era hora de capturar as
mulheres sabinas, o que eles fizeram, enquanto combatiam os homens. Segundo relato do historiador romano
Livio, houve guerra com os povos vizinhos por conta da ofensa, mas, quando Roma foi invadida, as mulheres
sabinas se lançaram entre os oponentes suplicando pela paz, porque não queriam violência e amavam os
romanos. Se os pais, irmãos, parentes, maridos quisessem matar alguém, que matassem a elas, afinal, eram as
culpadas do conflito.
Descartada a lenda, podemos afirmar que a cidade de Roma iniciou sua formação entre os séculos X e VIII
a.C., quando sabinos e latinos coligados (Liga dos Sete Montes) vão unir várias aldeias e se concentrarem em
volta do forte construído no monte Palatino. Não há portanto uma data de nascimento para Roma, mas, sim,
um longo processo que levou as pequenas aldeias de pastores a se tornarem o maior império da Antiguidade.
A história da Civilização Romana se divide em três partes:

** Monarquia – do século VIII até o século IV (509) a.C.


** República – do século IV (509) a.C. até 27 a.C.
** Império – de 27 a.C. até 476 d.C. (*no Ocidente*)
Nicolas Poussin: O rapto das Sabinas (1635).
ROMA: Monarquia – do século VIII até o século IV (509) a.C.

A monarquia foi o primeiro período da


história de Roma e sobre ele não temos
muitas informações escritas para além dos
mitos que tentam contar a organização nos
primórdios de Roma, sua relação com os
sabinos, a guerra com Alba Longa, a
conquista dos etruscos e a libertação.
De concreto podemos afirmar que o período
foi marcado pela dominação etrusca e a luta
pela independência que resultou na mudança
para a república.
OS ETRUSCOS: eram um povo avançado que vivia na região
onde hoje é a Toscana, chamada na época de Etrúria. Sua origem
ainda é nebulosa mas acredita-se que tenham vindo da Ásia
Menor.
Viviam em cidades-estado independentes e sua escrita tinha
influência dos caracteres gregos. Mantinham ativo comércio com
o sul da península (Magna Grécia) e o Norte da África (Cartago).
Sua religião era antropomórfica e adaptava as divindades gregas
para a sua realidade (Zeus-Júpiter, Atena-Minerva, Ares-Marte,
Hera-Juno, etc).
As mulheres etruscas, ao que parece, tinham grande participação
na vida pública e grande liberdade. Durante o domínio etrusco
Roma sofreu forte influência cultural e foram os invasores os
responsáveis pelas primeiras obras de infra-estrutura (drenagem
de pântanos, rede de esgotos) na cidade, além da construção do
Capitólio e do Circo Máximo.
Durante o século VI os etruscos se viram ameaçados por vários
invasores (gauleses, gregos, fenícios, etc) e tiveram que relaxar o
domínio sobre Roma que acabou por vencê-los. Vários nomes de
famílias poderosas romanas tinham origem etrusca, o que aponta
para uma mistura entre os dois povos.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA: Durante a Monarquia as leis romanas ainda não eram
escritas e havia três instâncias de poder estabelecidas pelas tradições e costumes romanos.
**REI: Eleito vitaliciamente, era líder político e militar. Não podia deixar o cargo para seus
descentes, ou seja, a monarquia romana não era de caráter hereditário. Pela tradição
romana, houve sete reis, dos quais dois eram latinos, dois sabinos e os três últimos etruscos.
**SENADO: Principal órgão de governo, era composto exclusivamente por patrícios. Era
uma assembléia de chefes de clãs, “os velhos” (*senex*), e tinha as seguintes funções:
exercer as funções reais enquanto novo monarca não fosse eleito, debater as propostas do rei
e acatá-las caso não contradissessem as leis já existentes (a última palavra era do Senado),
controlar o poder real, e fazer a lista tríplice de candidatos à monarca.
**ASSEMBLÉIA CURIATA: Era constituída pelos cidadãos, maioria de patrícios, em idade
militar. Tinha como funções: impedir a aprovação de projetos que contradissessem as leis da
cidade, determinar as concessões de perdão, e eleger o rei a partir da lista tríplice enviada
pelo Senado.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL: A sociedade romana era patriarcal e o chefe de família tinha direito de vida e
morte sobre os membros da sua casa (esposa, filhos, agregados, escravos). Toda família venerava seus
ancestrais e era fortalecida por ritos religiosos comuns. A religião também servia para reforçar o elo entre os
habitantes da cidade. Além disso era estruturada em grupos sociais distintos:
Os PATRÍCIOS creditavam-se descendentes dos fundadores da cidade e por força da sua riqueza e tradição
militar dominavam a política e eram donos das melhores terras. Roma começou a se estruturar desde cedo,
portanto, como uma plutocracia, isto é, um regime governado pelos mais ricos que nessa época eram os
patrícios. Veneravam seus ancestrais e faziam o possível para que os plebeus não pudessem ter esse direito à
memória que ajudava a manter a união entre os membros da família, do clã e do grupo social.
- Os CLIENTES viviam sob a proteção dos patrícios. Poderiam ser parentes empobrecidos, plebeus, libertos
ou estrangeiros.
- Os PLEBEUS eram a maioria dos habitantes de Roma e se dedicavam às mais diferentes funções (comércio,
agricultura, artesanato, etc.). Poderiam ser de origem estrangeira, ou não. Aliás, isso pouco interessava aos
patrícios que faziam o possível para que os plebeus não pudessem ter participação expressiva na política.
- Os ESCRAVOS eram em pequeno número nessa época, podiam ter origem estrangeira ou serem indivíduos
que perderam a liberdade por causa das dívidas.
A Monarquia romana tem um mito para justificar o seu fim.
Lúcio Tarquínio Colatino tinha uma esposa muito virtuosa
chamada Lucrécia. De tanto elogiar publicamente sua
esposa, Sexto Tarquínio, filho do rei Tarquínio, o Soberbo,
apaixonou-se por ela. Sabendo que seu marido estava ausente,
foi até a casa de Lucrécia. Em algumas versões, ele bateu à porta
e ela ofereceu-lhe a devida hospitalidade, em outras, ele invadiu a
casa e a surpreendeu em seu quarto. Tarquínio tentou seduzi-la e
sendo rechaçado, passou a ameaçá-la com uma faca.
Quando viu que a simples ameaça de morte não a convencia a
ceder, Tarquínio disse que iria desonrá-la e a seu marido:
ameaçou matá-la e assassinar também um escravo para que
ficasse a impressão de que havia sido flagrada na mais infame
forma de adultério. Lucrécia cedeu, mas, depois que Tarquínio
partiu, mandou chamar o marido e seu pai e contou-lhes o
sucedido. Em seguida se matou na frente deles. O estupro de
Lucrécia chocou o povo e o exército romanos, que liderados por
Lúcio Júnio Bruto exilaram Tarquínio, o Soberbo e seus filhos e
deram início à República Romana.
Ao o quadro Tarquínio e Lucrécia. Ticiano, c. 1571.
ROMA: República
Parte 1
EXPANSÃO TERRITORIAL (Séc. VI-III a.C.) - A República Romana durou de
509 até 27 a.C., mas para efeito de organização vamos dividir o período em duas
partes: a expansão territorial e a Crise do modelo republicano.
República vem da expressão latina res publica que quer dizer “coisa do povo”. Não
devemos acreditar, no entanto, que todos os habitantes da República Romana fossem
considerados como parte do “povo”, pois este era identificado principalmente com
aos soldados de Roma e com um grupo social que vai lutar para manter o seu poder,
os patrícios.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA: Durante a República a organização do governo e das magistraturas romanas vão mudar bastante e
praticamente só o Senado permanece. Para melhor compreensão, observe o modelo que se segue:
# DOIS CÔNSULES: Eleitos anualmente e poderiam ser reeleitos uma só vez. No início, ambos eram patrícios, com o tempo os
plebeus obtiveram o direito de eleger um dos cônsules. Em caso de guerra ou grande crise poderia ser eleito um ditador que
governaria com plenos poderes por seis meses.
# SENADO: Muito poderoso durante boa parte da República, era composto por 300 membros; no início todos ainda eram
patrícios, depois foram aceitos os plebeus. Havia hierarquia entre os senadores, alguns somente votavam e não tinham direito a
voto ou a certos postos.
# DUAS ASSEMBLEIAS: A Centuriata era convocada pelo Cônsul e composta pelos representantes das classes romanas.[1] Já a
Assembléia Tribunícia era composta pelos representantes das tribos de Roma. Em ambas os patrícios e os mais ricos eram maioria.
# As Demais MAGISTRATURAS: Pretores – cuidavam da justiça; Censores – zelavam pela moral e os bons costumes, faziam o
recenseamento de acordo com a renda e reprimiam a corrupção dos funcionários públicos; Questores – responsáveis pela
arrecadação de impostos (não confundir com os publicanos [2]); Edis – responsáveis pelo abastecimento de víveres da cidade e por
fiscalizar e zelar saneamento e segurança da cidade. Durante boa parte da República, os edis patrícios tinham privilégios negados
aos que eram plebeus; Tribunos da Plebe – poderiam vetar, salvo em governo ditatorial, as leis que fossem contra os interesses dos
plebeus.
[1] Durante a República Romana conviveram duas formas de divisão da sociedade, a tradicional e a com base nas "classes proprietárias", cada uma
das 5 classes correspondia a uma parte do exército e era dividida em centúrias. Os Equestres, assim como os Senadores eram "supra classim", ou seja,
estavam acima das demais por causa de sua riqueza, já os proletários eram "infra classim" porque por não terem armas nem nada de seu estavam
abaixo de todos por causa da pobreza.
[2] Eram cobradores de impostos. Adiantavam à Roma a quantia de um ano ou mais de impostos de uma região e ganhavam o direito de cobrá-los a
mais do resto da população do local. Normalmente eram odiados.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL: Manteve-se a mesma da época da Monarquia, mas com a criação da
divisão pela renda (censitária) um novo grupo social se formou, os Equestres (Cavaleiros). Antes um
dos segmentos do exército romano, o mais rico porque cavalos eram caros, passou a abrigar aqueles
que se dedicavam ao comércio e aos empréstimos de dinheiro, eram ricos, poderiam ser patrícios,
plebeus ou cidadãos de fora de Roma, seu poder e número foi aumentando conforme Roma se
expandia, eram chamados também de Homens Novos. Terminaram por conseguir direito a elegerem
senadores.
**Nesse período, graças a expansão territorial e às guerras, o número de escravos aumentou muito. O
escravo poderia ser qualquer pessoa, independente da origem, da profissão, do sexo ou da cor da
pele; poderia ter nascido escravo ou ter sido capturado na guerra ou mesmo sequestrado.
Em Roma, os escravos se tornaram tão baratos que com o tempo passaram a substituir os
trabalhadores livres. Estes acabavam perdendo seus empregos, se endividando e, se camponeses,
tendo que vender suas terras. Muitos soldados plebeus ao voltarem das guerras também caiam na
miséria. Como o número de desocupados aumentou muito, principalmente na cidade de Roma, criou-
se a chamada Política do Pão e Circo que consistia na distribuição de alimentos e de diversão
gratuita, pelo Estado e por cidadãos ricos, de forma que os miseráveis pudessem ficar satisfeitos e
não promovessem agitações sociais.
A QUESTÃO JURÍDICA: Durante a República os plebeus vão lutar muito para conseguirem igualdade
jurídica em relação aos patrícios. Os meios utilizados foram muitos: negociação, agitações populares, ameaça
de abandonar a cidade.
Mesmo não conseguindo igualdade plena, as condições dos plebeus vão melhorar muito, principalmente dos
plebeus ricos.
Leis que favorecem os plebeus:
O primeiro grande ganho dos plebeus, já no século V, foi o direito de elegerem o Tribuno da Plebe (493 a.C.);
A Lei de Agrária (486 a.C.) dava aos plebeus direito de acesso às terras públicas;
Lei das Doze Tábuas (454 a.C.), primeira código de leis escritas de Roma, negava aos plebeus o direito de se
casarem com os patrícios, mas deixava claros os seus direitos e deveres;
As Rogações Lícinias (367 a.C.) concederam o direito dos plebeus de elegerem um cônsul e acabou com a
escravidão por dívidas;
a Lei Canuléia (345 a.C.) concedeu aos plebeus o direito de se casarem com os patrícios, suspendendo a
decisão anterior.
Lex Hortênsia (286 a.C.), assembléia da plebe, ou assembléia popular, poderia votar leis sem que elas primeiro
fossem autorizadas pelo Senado
.
A EXPANSÃO TERRITORIAL: Foi durante a República que se constituiu boa parte do
território romano. Guerras constantes marcavam a vida dos cidadãos e mesmo os plebeus
tiveram que se juntar ao exército, tornando-se rapidamente a maior parte do seu efetivo.
# Conquista da Itália (509-265 a.C.): Nos primeiros séculos da República, Roma se dedicou
a conquista da Península Itálica. Em guerras sucessivas, aliando-se e se envolvendo em
conflitos locais, foi anexando muitos territórios. As disputas entre os principais estados da
Magna Grécia – Siracusa e Tarento – deram aos romanos a oportunidade de anexar também
aquela região politicamente fragmentada.
A última região a ser anexada foi o Reino de Épiro, cujas tropas chegaram a derrotar os
romanos. Uma aliança com os Cartagineses, porque Roma era uma potência terrestre,
garantiu a vitória e a posse de toda a Península Itálica que se concretizou em 265 a.C. Com
a conquista das cidades da Magna Grécia, Roma passou a ter uma marinha.
Guerras Púnicas [3] (264-241; 218-201; 149-146
a.C.):
Cartago, antiga colônia dos fenícios, era uma potência
comercial com muitos territórios e sérios interesses na
Península Itálica. Sua aliança com os romanos visou
eliminar um adversário comercial, mas terminou
precipitando o confronto com os romanos.
A primeira guerra entre Roma e Cartago teve como
objetivo definir o controle sobre a Península Itálica.
Roma queria que Cartago se retirasse das grandes ilhas
(Sicília, Sardenha, Córsega) e terminou prevalecendo
sobre a rival com a ajuda da recém incorporada
marinha das cidades da Magna Grécia. Ambos os
Estados saíram prejudicados, mas Cartago perdeu as
ilhas e ainda teve que pagar pesada indenização.

[3] Os romanos chamavam puni que queria dizer


fenício.
Ao lado Mapa das três Guerras Púnicas.
A segunda guerra tinha como pivô o controle sobre a
Península Ibérica.
Os cartagineses tinham colônias e áreas de influência
naquela região, que interessava ao imperialismo romano, e a
usaram como ponte para conduzir um imenso exército até a
Europa.[4] Liderados por Aníbal, os cartagineses obtiveram
várias vitórias – sendo Canas a mais expressiva, cruzaram
os Alpes e chegaram às portas de Roma. A falta de reforços
cartagineses – o conselho da cidade achava que os romanos
já estavam suficientemente assustados – entretanto, frustrou
os planos de Aníbal e os romanos tiveram como se
reorganizar e atacar Cartago em seu território. Aníbal foi em
defesa da sua cidade mas terminou sendo derrotado na
batalha de Zama. Cartago teve que entregar sua poderosa
esquadra, pagar imensa indenização e aceitar uma cláusula
de somente fazer guerra com a permissão de Roma. Aníbal
se exilou na Ásia Menor.

[4] O exército, de acordo com as fontes romanas, tinha 60 mil


homens e 37 elefantes.
Ao lado Mapa da Segunda Guerra Púnica.
A terceira guerra tinha como objetivo estrangular o comércio
cartaginês de uma vez por todas. Cartago se recuperara parcialmente
das guerras anteriores e voltara a ser ativa no comércio.
Os romanos então, estimularam o reino vizinho de Cartago, a
Numídia, a atacar os cartagineses. Sem obter a permissão romana,
propositalmente retardada, os cartagineses reagiram. Roma então
interveio, ordenando o abandono da cidade e a fundação de uma
outra capital no interior, o que seria a morte para uma
talassocracia[5] como Cartago.
Os cartagineses resistiram e os romanos promoveram um bloqueio
naval que impedia a cidade de receber víveres e reforços. A fome e a
peste mataram boa parte da população e os que sobraram foram
escravizados. Aníbal, perseguido, se suicidou. O local onde ficava a
orgulhosa cidade foi considerado maldito e salgado.
Roma fortalecida não teve dificuldades em incorporar a Macedônia e
a Grécia que em 189 a.C. se tornaram províncias romanas.

[5] Poderio político e econômico de um Estado baseado no domínio das rotas marítimas
comerciais; domínio dos mares por um Estado; império marítimo.
Ao lado imagem de Aníbal, Barca.
O GANHO DAS CONQUISTAS: Com a incorporação de tantos territórios Roma mudou muito. De cidade
pequena, pobre, austera se tornou centro do mundo e senhora do Mediterrâneo, chamado pelos romanos
de "Mare Nostrum" (nosso mar). Entre as mudanças ocorridas na sociedade, na economia e na cultura romana,
podemos citar:
# A influência cultural: Roma incorporou vários aspectos das culturas dos povos conquistados. Isso trouxe
avanços tecnológicos e o contato com a filosofia helenística, mas também o gosto pelo luxo e pelos prazeres
que começaram a mudar a vida “simples” dos romanos.
# A escravidão se torna base da economia: Roma recebia escravos de todas as partes do seu território por um
preço muito barato. Isso vai fazer com que se deixe de empregar a mão-de-obra livre.
# Declínio da agricultura: Muitos agricultores eram convocados para o exército e tiveram que abandonar suas
terras arruinando às pequenas propriedades. Além disso, era mais barato trazer alimentos das províncias,
principalmente com o enriquecimento de Roma. Os pequenos agricultores sem escravos não tinham chance de
vender seus produtos, mais caros que os importados. Tal situação acelerou a formação dos latifúndios e o
acúmulo de terras nas mãos de poucos.
# Acúmulo de riquezas, corrupção e guerra civil: O enriquecimento de Roma e o fluxo constante de riquezas
aumentaram a cobiça dos governantes e a corrupção se tornou algo comum. Além disso, as disputas políticas e
as tensões sociais entre patrícios e plebeus puseram em crise as estruturas da República.
O GANHO DAS CONQUISTAS: Com a incorporação de tantos territórios Roma mudou muito. De cidade
pequena, pobre, austera se tornou centro do mundo e senhora do Mediterrâneo, chamado pelos romanos
de "Mare Nostrum" (nosso mar). Entre as mudanças ocorridas na sociedade, na economia e na cultura
romana, podemos citar:
# A influência cultural: Roma incorporou vários aspectos das culturas dos povos conquistados. Isso trouxe
avanços tecnológicos e o contato com a filosofia helenística, mas também o gosto pelo luxo e pelos prazeres
que começaram a mudar a vida “simples” dos romanos.
# A escravidão se torna base da economia: Roma recebia escravos de todas as partes do seu território por um
preço muito barato. Isso vai fazer com que se deixe de empregar a mão-de-obra livre.
# Declínio da agricultura: Muitos agricultores eram convocados para o exército e tiveram que abandonar suas
terras arruinando às pequenas propriedades. Além disso, era mais barato trazer alimentos das províncias,
principalmente com o enriquecimento de Roma. Os pequenos agricultores sem escravos não tinham chance de
vender seus produtos, mais caros que os importados. Tal situação acelerou a formação dos latifúndios e o
acúmulo de terras nas mãos de poucos.
# Acúmulo de riquezas, corrupção e guerra civil: O enriquecimento de Roma e o fluxo constante de riquezas
aumentaram a cobiça dos governantes e a corrupção se tornou algo comum. Além disso, as disputas políticas e
as tensões sociais entre patrícios e plebeus puseram em crise as estruturas da República.
ROMA: República
Parte 2
DA CRISE NASCE O IMPÉRIO (Século II até o
ano 27 a.C.) - O século II a.C. foi marcado por
inúmeras crises políticas e conflitos sociais que
debilitaram a estrutura de governo da República.
Plebeus desejavam mais espaço na política e
igualdade jurídica com os patrícios, que resistiam
para manter seus interesses.
Miseráveis nas cidades serviam de massa de
manobra para as insurreições, escravos se
revoltavam. Enfim, Roma era poderosa mas ao
mesmo tempo frágil.

Ao lado imagem de Cornelia e seus filhos,os irmãos Graco. Jules Cavelier (1861)
OS IRMÃOS GRACO: Tibério e Caio Graco foram figuras emblemáticas da luta por melhores condições
para a plebe empobrecida. Não se deve pensar que eles queriam mudar as estruturas de Roma, mas, sim, que
tinham visão de que os conflitos sociais ameaçavam a estabilidade da República.
Tibério, foi eleito tribuno da plebe em 133 a.C., propôs que se fizesse uma reforma agrária indenizando os
donos das terras desapropriadas, que se reduzisse o tempo de serviço militar, e que se contratassem os
desempregados para trabalhar em obras públicas, como estradas. O Senado temeroso de que as reformas
prejudicassem os patrícios, não deu condições para que Tibério levasse adiante o seu projeto. O tribuno foi
morto em um comício quando buscava a reeleição.
Caio, se elegeu tribuno dez anos depois com o apoio dos equestres. Tinha como objetivo levar adiante o
projeto de seu irmão e propôs que se criassem novas colônias e que se desenvolvessem atividades comerciais
em benefício dos plebeus, também queria que se vendesse trigo a baixos preços a população urbana pobre.
Outra de suas propostas era conceder a cidadania plena para todos os habitantes da Itália, os "aliados" (socii).
Buscando apoio dos poderosos às suas reformas, tentou se aproximar dos Equestres, defendendo que esse
grupo tivesse acesso aos mesmos privilégios da classe senatorial. Caio conseguiu se reeleger tribuno da plebe,
mas enfrentou fortíssima oposição do Senado que o acusou de sacrilégio, pois queria estabelecer uma colônia
plebeia onde havia sido Cartago. O tribuno, em desgraça, teve que se suicidar e seus aliados foram reprimidos
e cerca de 3 mil assassinados.
MARIO E SILA: Dois generais que marcaram a política romana seus governos representaram mais um passo no desmonte
das estruturas de governo republicanas.
Mario era um plebeu enriquecido que tinha feito carreira no exército. Vitorioso no Norte da África, conseguiu se eleger
graças aos votos do exército de maioria plebeia. Como cônsul Mario promoveu a reforma do exército romano:
profissionalizou o exército criando o soldo, admitiu pela primeira vez os proletários, abriu para todos a possibilidade de
fazer carreira militar, concedeu aos soldados direito nos ganhos de uma guerra e direito a lotes de terra quando se
aposentassem.
O novo modelo de exército era marcado pelo alistamento obrigatório por 16 anos, estendido posteriormente para 20
anos. O soldado profissional podia passar por treinamento intensivo, porque estava permanentemente mobilizado, foi um
divisor de águas na história militar romana.
Muito popular, Mario foi reeleito seis vezes, o que era contra as leis de Roma. É então que se projeta no panorama político
romano um outro general, Sila.
De família patrícia empobrecida, e bem mais ao gosto do Senado, ele também era um herói militar, afinal, tinha subjugado
as cidades da Península Itálica (91 a.C.).[1] . Sila se elege cônsul e obtém do Senado um comando que Mario aspirava, o
resultado do embate político-militar entre os dois é a derrota e exílio do plebeu. Único senhor de Roma (ditador) e com o
apoio do Senado ele persegue os partidários de Mario, criando uma lista de proscritos que contavam com cerca de cem
senadores e 2500 cavaleiros. Sila permanece no posto de 88 até 80 a.C. quando se retira do governo. Durante seu governo
os plebeus foram prejudicados em seus direitos.
[1] Depois da chamada Guerra Social (91-88 a.C.), Roma terminou concedendo a cidadania romana para a maioria dos homens livres das cidades italianas
(*aliados/socii*) como forma de demonstrar a sua boa vontade, já que os habitantes da Península argumentavam que não havia vantagem em fazer parte da
República.
GUERRAS SERVIS E ESPÁRTACO: As chamadas guerras servis foram revoltas de escravos em larga
escala. As duas primeiras (135-132 a.C., 104-100 a.C.) aconteceram na Sicília, conhecida como "celeiro de
Roma", e envolveram milhares de escravos. Roma mobilizou muitos soldados e promoveu o massacre dos
revoltosos.
A terceira guerra (73-71 a.C.), ocorreu dentro da Itália e é também chamada de Guerra dos Gladiadores e
Guerra de Espártaco, por causa do seu líder.
Espártaco era um escravo gladiador e sua tropa de escravos e outros que a eles se juntaram, chegaram a
derrotar as legiões romanas em diversas ocasiões. Havia o boato de que desejavam conquistar Roma, mas
nunca marcharam sobre a cidade. Os planos seriam chegar até a Sicília. Por fim, o comando das tropas foi
dado à Crasso, um pretor e conhecido como homem mais rico de Roma. Espártaco chegou a derrotar Crasso
uma vez, mas houve reação.
O retorno de Pompeu com suas legiões da Espanha, apressou o fim da guerra. Espártaco tentou negociar, mas
Crasso precisava de uma vitória de impacto para impedir que Pompeu roubasse seu triunfo. Em um último
combate, Crasso derrotou o exército de escravos e mais de 12 mil foram mortos, os que não tombaram no
campo de batalha, foram crucificados. Já Pompeu capturou os fugitivos, que, segundo as fontes da época, eram
de aproximadamente 5 mil.
AS LUTAS ENTRE OPTIMATES E POPULARES: Essas duas facções
políticas discordavam em seus objetivos e provocaram sérias agitações em Roma
desde a época de Mário e Sila.
Os optimates ("aristocratas", "os melhores") acreditavam que somente aqueles que
vinham de família com tradição política poderiam ser eleitos aos cargos públicos e
defendiam o aumento do poder do Senado.
Os populares defendiam que o maior poder fosse dado às assembleias do povo e
aos tribunos que eram eleitos por ela.
Júlio César apoiava as idéias dos populares e Pompeu dos optimates.
O PRIMEIRO TRIUNVIRATO: Depois de uma
longa ditadura, são eleitos dois cônsules, Pompeu e
Crasso, ambos generais.
Aliás, o governo de generais foi comum nesse
período final da República. Crasso era plebeu, talvez
o homem mais rico da história de Roma, um general
vitorioso e respeitado, pois havia derrotado
Espártaco e sua rebelião de escravos que por quase
três anos (73-71 a.C.) questionou o modelo escravista
e impôs terror aos romanos.
Para conferir maior credibilidade e estabilidade ao
governo, um outro general que havia submetido as
Gálias, Júlio César foi convocado a compor o
governo. Estava formado o Triunvirato (60 a.C.). Júlio César, Crasso e Pompeu.
Após o assassinato de Crasso, Pompeu e César se
enfrentam pelo poder. Júlio César sai vitorioso e se
torna único cônsul em 48 a.C.
REFORMAS DE CÉSAR: Ao assumir o governo sozinho,
Júlio César vai levar adiante uma série de reformas: redução
da autoridade do Senado; adoção do calendário solar
egípcio; codificação das leis e aumento das penas para os
crimes comuns; concessão de cidadania aos habitantes da
Gália e da Península Ibérica; doação de terras aos soldados;
cancelamento do direito de cobrar impostos dos publicanus;
fortalecimento da moeda romana; fim dos privilégios dos
habitantes da Itália; determinação de que para cada escravo
empregado em grandes propriedades deveria ser contratado
um cidadão livre.
César caiu em desgraça com o Senado e alguns o viam
como alguém que pretendia por fim à República e se tornar
rei, por isso terminou sendo assassinado em 44 a.C. O
Senado não contava que a população se revoltaria e acabou
tendo que recuar e os conspiradores foram afastados do
governo.

Moeda com a efígie de Júlio César.


O SEGUNDO TRIUNVIRATO: Iniciado em 42
a.C. era composto por Lépido – general de César
– governava o Norte da África, Marco Antônio –
braço direito de César – ficou com o Oriente, e
Otávio – sobrinho-neto e herdeiro de Júlio César
– governava o Ocidente. A Itália seria área
neutra.
Pressionado por Otávio, o Senado destituiu
Lépido e o sobrinho de César se tornou o único
governante do ocidente.
Marco Antônio fez uma aliança com Cleópatra,
Rainha do Egito, e tentou separar a parte
Oriental, e mais rica, do resto da República.
Otávio e Marco Aurélio se enfrentaram e o
primeiro ganhou. Marco Aurélio e Cleópatra se
suicidaram, e Otávio se tornou o único senhor de
Roma, agora com o título de imperador.
Otávio, Marco Antônio e Lépido.

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