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A GRÉCIA ANTIGA
Introdução – Visão Geral
Cuidado com o anacronismo: não existia um país, Estado ou nação chamado
Grécia. Gregos eram os povos falavam a língua grega e possuíam uma cultura em
comum.
Localização: Grécia atual, litoral do Mar Negro, costas da atual Turquia, na
Itália do sul e na Sicília oriental, na costa setentrional da África e no litoral
mediterrâneo da França: relevo montanhoso (favorece a ausência de unidade
política), litoral recortado (favorece o desenvolvimento do comércio marítimo) e
longos períodos de seca (necessidade de comércio).
A. Civilização creto-micênica
2 mil a.C.: Creta: características: uso de objetos de bronze; Monarquia
despótica, teocrática e palaciana, nos moldes egípcios Capital em Cnossos; Escrita é
o chamado Linear A, monopolizada por escribas e não decifrada; Talassocracia;
Durante o apogeu de Creta, se dirigiram à Península Balcânica povos indo-
europeus, os gregos ou helenos -> aqueus , eólios e jônios.
1.400 a.C.: Aqueus conquistam Creta e incorporam seus hábitos e costumes –>
Nasce, assim, a Civilização Creto-Micênica –> Características: governos
monárquicos (palacianos centralizados e burocráticos; Escrita chamada de Linear B,
monopolizada por escribas; conquista o comércio com o Mediterrâneo oriental .
B. Invasão dos dórios e o colapso das Civilizações do Bronze (aprox. 1200 a.C.): a
invasão dórica pode ser apenas mitológica, mas há, por motivos não esclarecidos, o
colapso da civilização creto-micênica, a desestruturação do comércio e consequente
ruralização econômica; tudo isso é chamado Primeira Diáspora Grega, ou seja, a
decadência das cidades e a dispersão populacional para as ilhas do mar Egeu e para
Ásia Menor. A partir desse momento, do ponto de vista político e econômico, o
mundo grego diferencia-se do mundo oriental.
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Ao longo do Período Homérico, usa-se cada vez mais o trabalho dos escravos 2,
que, entretanto ainda não constituíam a base da produção. Duas principais formas
de tornarem-se escravos = dívidas e guerras. Estes escravos serviam como
trabalhadores em obras públicas, trabalhos urbanos (podiam ser até perfumeiros,
professores ou médicos), domésticos ou na agricultura.
Leitura:
Entre os séculos VIII e VI a.C, ocorreu uma fundamental mudança na Grécia: os
gregos passaram de uma sociedade camponesa e guerreira para uma sociedade
centrada na pólis, fato que marca a passagem do período Homérico para o período
Arcaico. Como se formaram a cidades? A partir da união dos genos, processo
chamado pelos gregos sinesismo: as famílias se uniram em unidades maiores
chamadas fátrias, que, por sua vez, se uniram e formaram várias tribos. A junção
das tribos formou as primeiras pólis.
A pólis pode ser definida como um pequeno Estado que busca ser soberano,
isto é, autônomo politicamente (por isso a pólis é também uma cidade-estado,
embora nem toda cidade-estado seja uma pólis), que compreende , uma cidade, um
campo de cultivo ao redor e alguns povoados urbanos secundários. Essas cidades
independentes nunca se uniram num único país. A cidade era cercada por uma
muralha, para proteger os cidadãos de ameaça externa. Ao redor das muralhas
estão os campos, onde viviam os camponeses, maioria da população. Todo esse
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conjunto (cidade e campo, e não só a parte urbana! Cuidado!) constituía a pólis. A
população de uma cidade é submetida aos mesmos costumes fundamentais e
unida por um culto às mesmas divindades protetoras. A administração da pólis
era chamada de política. Viver nessa cidade é, para o grego, ser civilizado. Por isso
Aristóteles dizia que o homem é um animal político, isto é, que vive na pólis. Os
pensadores gregos, como Sócrates e Aristóteles, pensaram a melhor forma de se
organizar a pólis, examinando profundamente, pela primeira vez na história,
questões como a política, a desigualdade e a justiça.
Toda pólis tem um Conselho (geralmente formado por anciãos – chamado
Gerúsia em Esparta e Areópago em Atenas), uma Assembleia (na Ágora, na Grécia,
no Fórum, em Roma) de cidadãos e um Tribunal com funcionários (os
magistrados), eleitos, nomeados ou sorteados para tocar a ordem do dia a dia.
Enquanto a cidade oriental, egípcia ou mesopotâmica, era dominado por
uma burocracia e dependia de um poder centralizado (uma monarquia, um grupo
de guerreiros ou sacerdotes), a cidade ocidental era uma comuna de agricultores,
cidadãos independentes e proprietários privados. Enquanto a cidade medieval era
produtora, isto é, precisava de uma produção artesanal para sobreviver, a cidade
antiga era consumidora, isto é, vivia das rendas obtidas no campo.
Além disso, era preciso existir na Acrópole (parte alta da cidade), um templo
para os deuses (o Parthenon, em Atenas, o Panteão, no caso de Roma), na parte alta
da cidade, onde estavam os lugares sagrados e cívicos, o conselho de anciãos e os
templos dos deuses (em Atenas, por exemplo, está o Parthenon, que exalta os
deuses e o patriotismo). Não eram mais deuses de uma família aristocrática ou de
uma etnia, mas de uma pólis. Eram os deuses da comunidade como um todo. A
religião surgiu, assim, como um fator aglutinador das forças cooperativas da pólis.
Os templos da Sicília estão entre os mais belos e maiores que sobreviveram – lá
dominava a deusa Deméter, da agricultura, e sua filha Perséfone, esposa do deus
da morte e divindade do renascimento anual da vida. As grandes construções
greco-romanas são em pedra, herança do Oriente.
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IX e VI a.C., Atenas viveu sob um regime aristocrático, com o poder na mão de
poucos senhores de terra, os eupátridas ( “bem nascidos”)
VII-VI a.C.: Guerras Intestinas: Advento de uma disputa entre ricos e pobres
que motivou reformas políticas. O povo (chamados demos), empobrecido, exigia
redistribuição de terras, fim da escravidão por dívidas e participação nas decisões
políticas. A questão agrária é o problema central do período arcaico. A camada de
comerciantes de origem popular (chamados demiurgos) também exigiam
participação política. Os legisladores visavam amainar essas lutas sociais.
Legisladores:
Drácon: organização e registro por escrito das leis anteriormente orais
Sólon: extingue a escravidão por dívidas, divide a sociedade de forma censitária
(por renda); note que, a partir de então, a guerra (para conseguir escravos) torna-se
fundamental.
Tiranos:
Psístrato: com Lei Agrária, arruína aristocracia, tornando Atenas uma cidade de
pequenos proprietários, e não latifúndios, como será Roma. Construiu grandes
palácios religiosos e civis, para, ao mesmo tempo, empregar pessoas pobres e
solidificar o sentimento comunitário.
508 a.C.: Clístenes: “Pai da Democracia”
Democracia direta (diferente da nossa, que é indireta), isto é, todos os cidadãos
podiam participar da Assembleia (Eclésia), localizada na praça pública (Ágora), e
discutir assuntos relativos à política, isto é, a administração da pólis. Como a
democracia é direta não há, como no Egito Antigo, uma estrutura burocrática entre o
Estado e os cidadãos.
As decisões eram tomadas a partir do debate, da disputa, da persuasão e da
discussão. Jean Pierre Vernant compara o ideal da democracia ateniense a um
círculo, no qual todos são equidistantes do centro: todos os cidadãos, assim,
Note:
1) Democracia, filosofia, olimpíadas e escravidão, longe de serem excludentes,
são complementares na Grécia Antiga.
2) A premência do diálogo e do debate como fundante da democracia grega é
um dos fatos que contribui para a emergência da filosofia na região.
Para fixar, veja alguns contrastes entre o mundo grego a partir do período arcaico e o
mundo Oriental visto na última aula:
ESPARTA ATENAS
Solução para os conflitos sociais Solução para os conflito sociais é a
é o militarismo exacerbado. participação de todos cidadãos (homens
adultos livres atenienses) nos debates da
ágora
Oligarquia: Gerúsia possui maior Democracia: assembleia de cidadãos
controle sobre a pólis. (isegoria) possui maior controle sobre a
pólis.
Maior destaque para as Maior destaque para o comércio
atividades rurais dentro da pólis. dentro da pólis.
Lacônia, na península do Localiza-se na Ática, sudeste da
Peloponeso, num vale cercado por península grega central, formada
montanhas de difícil transposição. principalmente por jônios, possuindo um
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Ao contrário da maior parte da solo pouco fértil. Por isso, a importação de
Península Balcânica, as terras eram trigo e outros alimentos constituíam-se na
férteis, propícias à agricultura e boas principal “política econômica” ateniense.
pastagens.