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História Geral
MUNDO GREGO 3
1. Localização do-europeus aparentados entre si, vindos através da Pe-
nínsula Balcânica. Sendo genericamente conhecidos
A Grécia está localizada no Sudeste da Europa, na como povos helênicos, deram à Grécia o nome de
extremidade meridional da Península dos Bálcãs. O Hélade, passando os termos heleno e helênico a ser
próprio território grego pode ser considerado uma penín- sinônimos de “grego”.
sula porque, exceto no norte – por onde se liga ao
território balcânico –, encontra-se rodeado por dois mares:
o Jônio (a oeste) e o Egeu (ao sul e a leste), que fazem
parte do Mediterrâneo Oriental. Na verdade, a Grécia é
um país essencialmente marítimo: seu litoral,
extremamente recortado, possui numerosos golfos e baías
que proporcionam bons ancoradouros. Aliás, nenhum
ponto do território grego dista mais de 80 km da costa.
Além disso, existem numerosas ilhas habitadas, sobretudo
no Mar Egeu (Creta é a maior delas), cujo conjunto
constitui a Grécia Insular. Por outro lado, o relevo grego
bastante acidentado e intercalado por pequenas planícies
dificultava as comunicações terrestres. Todas essas cir-
cunstâncias induziram os gregos, desde cedo, à prática da
navegação e do comércio marítimo.
2. Cronologia
Tomando como base o povoamento do território A invasão dos dórios provocou a fuga de eólios e jônios para a Ásia Menor e
pôs fim à civilização creto-micênica, criada por aqueus e cretenses. Parte dos
grego e as transformações políticas e culturais que nele dórios se fixou na Lacônia, mas outros atravessaram o Egeu, alcançando a
ocorreram, costuma-se periodizar a história da Grécia Ásia Menor.
Antiga da seguinte forma: As três primeiras migrações helênicas foram realiza-
das por aqueus, eólios e jônios. Parte deles fixou-se na
Período Pré-Homérico: do século XX ao XII a.C. Península do Peloponeso — correspondente à porção
Período Homérico: do século XII ao VIII a.C. meridional da Grécia — e fundou várias cidades, entre
Período Arcaico: do século VIII ao VI a.C. as quais sobressaíram Micenas e Tirinto. No século
Período Clássico: século V a.C. XIV a.C., aproveitando uma gravíssima crise vivida pela
Domínio Macedônico: do século IV ao II a.C. civilização cretense (provavelmente provocada por um
cataclismo vulcânico), os micênios conquistaram Creta,
3. Período Pré-Homérico cuja cultura assimilaram, formando a civilização cre-
(séculos XX-XII a.C.) to-micênica. Herdaram também a talassocracia dos
cretenses, dando prosseguimento às atividades marítimo-
Os primitivos habitantes da Grécia, sobre os quais comerciais desse povo e fundando colônias* na costa da
pouco se sabe, eram os pelasgos. A partir de 2000 a.C., Ásia Menor. Um momento importante desse processo foi
o país foi ocupado por sucessivas ondas de povos in- a Guerra de Troia (aproximadamente 1250 a.C.), quan-
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Após a chegada dos dórios, a população da Grécia A Segunda Diáspora completou o movimento migra-
reorganizou-se em comunidades clânicas* isoladas deno- tório dos gregos para além de seus limites naturais. A
minadas genos, chefiadas por um pater (patriarca), viven- colonização helênica estendeu-se por um vasto território
do do pastoreio e da agricultura de subsistência. Os bens de marítimo que ia da Sicília e da Magna Grécia, a oeste, até
produção (terras, sementes, instrumentos e animais de carga a Ásia Menor, o litoral do Mar Negro e a Ilha de Chipre, a
ou de tração) eram de propriedade coletiva, e a produção leste. Esse espaço geográfico, dominado pela civilização
se distribuía equitativamente entre os membros do clã*. helênica, constituiu o Mundo Grego, unido pela identidade
*Clã: comunidade unida por laços de parentesco, formada por indivíduos que etnocultural e fortalecido por intensas relações comerciais.
se consideram descendentes de um ancestral comum. O clã é maior que a Todavia, não se pode falar na existência de um “Império
família, pois esta reúne apenas os parentes próximos.
Grego”, pois as cidades eram politicamente independen-
A escrita silábica utilizada pela cultura creto-micênica tes, sem uma autoridade superior que governasse esse
foi esquecida. A autoridade do pater era hereditária e abran- conjunto. Note-se que o centro não apenas geográfico, mas
gia funções políticas, judiciais, militares e religiosas. Seus também político e cultural, do Mundo Grego correspondia
parentes mais próximos – conhecidos como eupátridas* –, à Hélade ou Grécia propriamente dita, também chamada
apesar de nivelados economicamente com os demais de Grécia Balcânica ou Grécia Continental.
membros do grupo, gozavam de certa preeminência social.
*Eupátridas: em uma tradução livre, são “aqueles que têm boa relação com o Formação da pólis
pater”, ou seja, “bem-nascidos”.
A desintegração das comunidades clânicas criou,
para os habitantes da Grécia, uma nova realidade
5. Período Arcaico
socioeconômica, baseada na propriedade privada da terra
(séculos VIII-VI a.C.) e na exploração do trabalho dos thetas, submetidos a uma
situação de extrema pobreza; e essas desigualdades
Desintegração do genos geraram tensões dentro das antigas comunidades.
Sendo a Grécia um país pouco propício às atividades Sentindo-se ameaçados, os eupátridas – já então com
agrícolas, o sistema gentílico (isto é, baseado na existência características de estamento aristocrático – retiraram-se
dos genos) entrou em colapso a partir de fins do século das aldeias gentílicas, buscando um local que lhes fosse
IX a.C., quando o crescimento demográfico tornou mais favorável.
insuficiente a produção das terras comunitárias. Diante Para impor sua hegemonia e ao mesmo tempo se defen-
desse novo quadro, os eupátridas, apoiados pelo pater e der contra possíveis revoltas, os eupátridas de antigos genos
valendo-se de sua superioridade hierárquica dentro do clã, próximos entre si tenderam a se agrupar em um lugar
dividiram entre si as melhores terras, transformando o elevado, no qual se fortificaram e de onde podiam vigiar as
regime de propriedade coletiva em propriedade privada. áreas circunvizinhas. Esse local ficaria conhecido como
Outros membros dos genos receberam glebas menores e Acrópole (do grego akros = alto + pólis = cidade), ponto de
menos produtivas, ficando conhecidos como georgoi partida para a formação das pólis* – cidades-Estado que já
(“agricultores”). Mas a maioria dos membros da comuni- existiam nas regiões colonizadas pelos gregos, mas que ago-
dade, habituada a uma posição inferior em relação aos ra passariam a ter, na Grécia Balcânica, o ambiente mais
demais, ficou reduzida à condição de camponeses favorável a seu florescimento. Em seus primórdios, todas
despossuídos, forçados a trabalhar nas terras dos eupátri- eram dominadas por uma oligarquia aristocrática, tendo
das para sobreviver, sendo chamados de thetas (“margi- como governante hereditário um basileus (rei), herdeiro da
nais”). Esse processo, com algumas variações, repetiu-se autoridade dos antigos patres.
*Em grego, o plural de pólis é póleis, assim como o plural de genos é genes.
em toda a Grécia ao longo do século VIII a.C.
Entretanto, para facilitar a leitura, empregaremos somente as formas singulares
Houve, porém, aqueles que não aceitaram a usurpa- ainda que o texto se refira ao plural. A propósito, pólis já se encontra
ção das terras coletivas e procuraram outras áreas para ne- dicionarizada em português, tendo a mesma grafia no singular e no plural.
las se estabelecerem. Essa nova onda emigratória, agora
direcionada para oeste, foi a Segunda Diáspora Grega, Como a população da Grécia continuava a crescer e
cujos participantes se fixaram na Sicília e no Sul da Itália. a produção agrícola mostrava-se incapaz de sustentar a
Esta última região viria a ter uma população maior que a todos, foi preciso desenvolver outra atividade econômi-
de seu país de origem, razão pela qual recebeu o nome de ca, que logo se tornou dominante: o comércio marítimo,
Magna Grécia (“Grande Grécia”). baseado na exportação de vinho, azeite e utensílios de
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Atenas
“Agogê”
Atenas, cuja população era de origem jônica, situava-
Esse era o nome do rigoroso sistema de treinamento a que eram submetidos os
jovens espartíatas. A ilustração mostra alguns aspectos dessas atividades: se na região da Ática, a Nordeste da Península do Pelopo-
corrida, combate com armas e pugilato (luta com as mãos nuas). neso. Distava aproximadamente 6 km do Mar Egeu, mas
Perto dos 18 anos, os jovens espartíatas passavam por podia ser considerada uma pólis marítima graças à sua
uma prova final – a kryptia –, a qual consistia em per- ligação com o vizinho porto do Pireu, o mais movimentado
seguir e matar um certo número de hilotas. Em seguida, do Mundo Grego. A importância histórica de Atenas é
eram incorporados ao exército, dele se desligando considerável, não apenas por sua relevância política e
somente aos 60 anos. econômica na Antiguidade, mas também por seu enorme
Após a conquista da Messênia, os espartanos refor- legado cultural, que vai da filosofia às artes e organização
mularam sua organização militar, visando compensar sua política.
inferioridade numérica com uma eficiência maior. Até
então, os gregos guerreavam usando pouco equipamento Economia e sociedade
defensivo e de forma relativamente desordenada, dando
mais importância ao valor individual do que à formação De um modo geral, a economia ateniense evoluiu no
de combate. Esparta inovou ao criar os hoplitas, soldados mesmo sentido das demais pólis, apoiando-se inicialmente
de infantaria pesada protegidos por capacete e escudo de na agricultura de subsistência, complementada pelo
bronze, além de perneiras e couraça guarnecidas com pastoreio. Quando sua população aumentou acima das
placas metálicas; suas armas de ataque eram a lança e uma possibilidades oferecidas pela atividade agrária, voltou-se
espada curta. Esses soldados atuavam em uma unidade para o comércio marítimo, destacando-se como a maior
compacta chamada falange, organizada em fileiras potência mercantil do Egeu e alcançando o interior do Mar
cerradas que faziam dela uma temível força de choque. Negro. Os negócios atenienses eram impulsionados por
Essa formação foi imitada por outras pólis, mas sem que
uma florescente atividade artesanal, combinada com a ex-
alcançassem a eficácia e a capacidade de manobra dos
portação de azeite e vinho.
espartanos – fruto de um treinamento árduo e incessante.
A economia da Grécia Antiga apresentou uma
Os espartíatas permaneciam aquartelados até os 30
anos, quando eram obrigados a se casar. Recebiam então significativa inovação no tocante à força de trabalho. Sa-
do Estado um lote de terra não hereditário (kleros*) para bemos que as civilizações da Antiguidade Oriental co-
sustentar sua família. Ao mesmo tempo, eram-lhes cedi- nheciam o escravismo, mas não faziam dele a base de sua
dos seis hilotas para cultivar aquela gleba, sem que se força de trabalho. Os gregos foram os primeiros a usar
tornassem propriedade do espartíata. essa mão de obra em larga escala, criando um modo de
*Os kleros eram cerca de 8 mil, variando de acordo com a taxa de mortalidade produção que pode ser chamado de “escravista”. Os
dos espartíatas maiores de 30 anos. cativos passaram a ser utilizados não só na agricultura,
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mas também na produção artesanal e nos serviços Monarquia. Desde sua formação, Atenas foi con-
domésticos. Sua condição podia resultar de três trolada pela minoria aristocrática dos eupátridas. A for-
circunstâncias: nascer de mãe escrava, ser capturado em ma de governo adotada foi a monarquia, comandada por
guerra ou perder a liberdade por não quitar dívidas. Por um basileus (rei) hereditário com funções muito seme-
serem objeto de compra e venda, os escravos tinham lhantes às do antigo pater. No entanto, seus poderes
valor comercial; podiam igualmente ser libertados, pois eram limitados por um Conselho de Nobres, o
pertenciam a um dono que dispunha deles como bem Areópago.
entendesse.
Oligarquia. Com o passar do tempo, a posição do
O modo de produção escravista teve sua origem na
basileus se enfraqueceu ainda mais. Em 683 a.C., a
Grécia; entretanto, foi em Roma que essa forma de
monarquia foi substituída por um governo colegiado*,
exploração do trabalho alcançou sua plenitude. Deve-se
observar que o escravo grego diferia do romano em cujos titulares, em número de nove, eram chamados de
alguns aspectos: era reconhecido como ser humano, arcontes. O Areópago continuou a existir, com as mesmas
embora inferior, e não podia ser tratado com crueldade; funções que possuía no período monárquico. Todos esses
se isso ocorresse, tinha o direito de se refugiar em algum cargos somente podiam ser exercidos por eupátridas – o
templo, colocando-se sob a proteção dos deuses. Para o que caracterizava um regime oligárquico, visto que a
filósofo Aristóteles, o escravo somente se diferenciava grande maioria dos atenienses permanecia excluída da
dos animais pelo dom da fala; e, sendo incapaz de vida política.
raciocinar, sua única serventia era o trabalho braçal. Já *Colegiado: governo exercido por um conjunto restrito de pessoas que decidem
ainda mais radical: para eles, o escravo não passava de Enquanto isso, Atenas passava por mudanças econô-
simples res (“coisa”) ou instrumentum vocale micas e sociais semelhantes às que ocorriam em outras
(“instrumento falante”), não tendo direito algum e pólis: o comércio marítimo desenvolveu-se, a população
estando inteiramente submetido aos caprichos de seu cresceu e surgiram segmentos (conhecidos como
senhor. demiurgos) ligados à produção artesanal, à navegação e
O escravismo reapareceria na colonização europeia ao comércio. Por via de regra, esses grupos sociais eram
das Américas durante a Idade Moderna, com algumas formados por indivíduos pobres; alguns, porém, con-
diferenças em relação à Antiguidade: enquanto o seguiram acumular riqueza graças ao sucesso nas
escravo antigo podia resultar da captura em guerra ou atividades mercantis.
da não quitação de dívidas, não estava vinculado a uma
raça ou nacionalidade específicas e era utilizado nas Os legisladores. Os novos setores da sociedade
mais diversas funções, o escravo moderno provinha do ateniense começaram a questionar o poder praticamente
tráfico, estava vinculado à raça negra e era destinado absoluto da oligarquia eupátrida, exigindo uma legis-
principalmente ao trabalho braçal. lação escrita que definisse os limites da autoridade do
Em seus primórdios, a sociedade de Atenas seguiu governo (até então, as leis de Atenas eram orais, o que
o mesmo padrão adotado pelas demais pólis após a de- dificultava seu exato conhecimento pela população).
sintegração dos genos, compreendendo três estamentos: Cedendo à pressão, a camada aristocrática incumbiu
os eupátridas (aristocratas e grandes proprietários de um de seus membros, Drácon, de elaborar leis escritas
terras), os georgoi (pequenos lavradores) e os thetas (624 a.C.).
(camponeses sem terra). No entanto, quando o comércio Drácon é considerado o primeiro legislador ateniense.
marítimo ganhou impulso, surgiram novos grupos com As normas escritas que ele estabeleceu, extremamente
características de classe social, dotados de mobilidade rigorosas, reafirmavam o poder dos eupátridas; nelas, a
e não vinculados necessariamente ao nascimento. pena de morte – aplicada na maioria das punições – atuava
como um poderoso instrumento de coerção.
Evolução política As leis de Drácon causaram enorme descontenta-
mento, levando os segmentos populares e os grandes
Esparta permaneceu como um caso à parte no con-
mercadores a exigir uma reforma legislativa. Em 594
texto do Mundo Grego. A evolução política de Atenas, ao
a.C., Sólon – também um eupátrida – foi nomeado
contrário, serviu de modelo para muitas outras pólis. Essa
legislador, com a tarefa de modificar as leis de Drácon.
evolução será examinada a seguir.
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Para viabilizar o novo regime, Clístenes dividiu a dos assuntos políticos e praticamente não tinham vida
população em 30 agrupamentos denominados demos, social: não podiam sair desacompanhadas e viviam
reunindo em cada um deles representantes dos diversos praticamente reclusas, cuidando da casa e da educação dos
segmentos sociais. O Areópago tornou-se um tribunal filhos enquanto pequenos. Não tinham direito à herança
restrito a questões religiosas e eventualmente políticas, nem podiam ser proprietárias.
sendo a justiça comum administrada por outro órgão Os atenienses davam grande importância aos estudos
judiciário: a Helieia. Para elaborar as leis, foi criada a e valorizavam as atividades intelectuais. Entretanto, como
Bulé. O governo da cidade foi confiado a um colegiado o Estado se incumbia de proporcionar aos jovens apenas
de dez estrategos, eleitos anualmente e podendo ser treinamento físico e adestramento militar, a educação
reeleitos. Todas as decisões políticas, legislativas e formal era ministrada por professores particulares,
administrativas importantes, para entrar em vigor, tornando-se assim um privilégio dos ricos.
dependiam da aprovação da Eclésia – assembleia geral Concluindo, pode-se afirmar que Atenas representava
dos cidadãos que se reuniam ao menos uma vez por mês o contraponto de Esparta: enquanto esta era aristocrática,
na ágora (grande praça central existente nas pólis*). Para oligárquica, conservadora, agrária, contrária ao desenvol-
evitar que políticos ambiciosos tentassem restabelecer a vimento intelectual e, acima de tudo, militarizada, Atenas
tirania, Clístenes criou o ostracismo – banimento por 10 tornou-se democrática, progressista, mercantil e interes-
anos do cidadão que fosse considerado uma ameaça à sada no desenvolvimento intelectual, combinando a
democracia, sem implicar confisco de seus bens. preparação militar com o incentivo à educação formal.
*A ágora de Atenas tinha dimensões suficientes para reunir seus cerca de 45 mil
cidadãos, embora essa frequência máxima somente tenha sido alcançada na
época de Péricles.
6. Período Clássico
(século V a.C.)
Esse período recebeu o nome de Clássico porque nele
Óstrakon.
Pedaço de a civilização helênica alcançou seu máximo esplendor,
cerâmica em tornando-se um modelo para épocas ulteriores. Às vezes,
que os votan-
tes atenienses é também denominado Período das Hegemonias, pois a
inscreviam o rivalidade entre Esparta e Atenas – as mais poderosas
nome do ci-
dadão a ser
cidades da Grécia Antiga – resultou no fim da liberdade
banido por das demais pólis, submetidas à dominação (hegemonia)
meio do
ostracismo.
de uma ou de outra.
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do Mar Egeu e impondo sua hegemonia à Macedônia, Terceira Guerra Médica (468-448 a.C.). Dessa vez,
Estado localizado ao Norte da Grécia. Sentindo-se amea- a iniciativa do conflito coube a Atenas, que perseguia um
çada, Atenas apoiou uma rebelião das colônias helênicas da duplo objetivo: consolidar sua posição como potência
Ásia Menor contra a dominação persa. Dario esmagou a marítimo-comercial e impor sua hegemonia às pólis da
revolta e, em represália, enviou uma expedição marítima Grécia Continental e das ilhas do Egeu. Formou-se assim
contra os atenienses, dando início às Guerras Médicas. a Confederação ou Liga de Delos, liderada por Atenas e
que reunia a maioria das cidades gregas; cada participante
Primeira Guerra Médica (490 a.C.). O exército contribuiu com dinheiro, navios e soldados para a luta
persa desembarcou próximo de Atenas, mas foi derrotado contra os persas. O tesouro comum foi colocado sob a
na planície de Maratona e obrigado a reembarcar, proteção do deus Apolo, em um santuário na Ilha de Delos.
retornando à Ásia Menor. O soldado ateniense incumbido Mas esses recursos acabaram sendo transportados para
de levar a notícia da vitória a sua cidade percorreu Atenas, que os utilizou em benefício próprio. As outras
correndo os 42,2 km que separavam Maratona de Atenas. cidades protestaram, mas foram obrigadas a se submeter.
Ao chegar, gritou “vencemos!” e tombou morto. Para Esparta não participou da Liga de Delos e permaneceu fora
relembrar esse feito, foi criada a corrida da maratona, da influência ateniense; por outro lado, impôs sua própria
disputada até hoje em várias partes do mundo. liderança às demais cidades da Península do Peloponeso.
Em 448 a.C., um tratado de paz pôs fim às Guerras
Médicas. Os persas reconheceram a independência das
cidades helênicas da Ásia Menor, abriram mão da
navegação no Mar Egeu e se retiraram do território que
ocupavam na Europa.
Nas décadas seguintes, o Império Persa e Atenas
seguiram trajetórias distintas: o primeiro entrou em declínio,
Pintura em cerâ-
enquanto a segunda alcançou seu apogeu econômico,
mica mostrando militar, político e cultural, além de manter sua hegemonia
um guerreiro sobre a maior parte da Grécia. Essa situação aumentou as
grego despedin-
do-se de seus tensões com Esparta, temerosa do expansionismo ateniense.
pais.
Época de Péricles (443-429 a.C.)
Segunda Guerra Médica (480-478 a.C.). Um enorme A vitória de Atenas na Terceira Guerra Médica fez
exército persa, comandado pessoalmente pelo rei Xerxes, dela a mais rica e próspera cidade do Mundo Grego. Os
atacou a Grécia pelo norte. Muitas pólis, diante do ganhos com o comércio marítimo, somados aos tributos
avassalador poderio militar do inimigo, submeteram-se sem pagos pelas pólis que continuavam a integrar a
combater. Esparta, além de ser rival de Atenas, não estava Confederação de Delos, proporcionaram recursos para
interessada em disputar com os persas o controle comercial que a cidade, saqueada pelos persas por ocasião da
do Mar Egeu. Mas, compreendendo que a força dos persas Segunda Guerra Médica, fosse reconstruída e embelezada.
representava um risco para toda a Grécia, os espartanos
agiram de acordo com seus interesses, enviando um
destacamento de 300 soldados, comandados pelo rei
Leônidas para auxiliar os atenienses. Cercados pelos persas
no Desfiladeiro das Termópilas, ao Norte de Atenas, os
espartanos pereceram, combatendo até o último homem. A ilustração mostra como
Incapazes de defender sua cidade, os atenienses deve ter sido a estátua da
deusa Palas, protetora de
abandonaram-na aos persas, que a incendiaram parcialmen- Atenas, esculpida por Fídias
te. Todavia, a frota ateniense conseguiu aniquilar a esquadra no interior do Pártenon, o
principal templo da cidade.
persa na Batalha de Salamina; essa derrota obrigou Xerxes Essa obra-prima da arte
– cujo exército dependia de abastecimentos trazidos da Ásia grega foi destruída, como
Menor por mar – a se retirar da Grécia. Na sequência, uma também o foi a estátua de
Zeus – outra realização de
expedição naval ateniense libertou as colônias gregas da Fídias – na cidade de
Ásia Menor, afastando os persas do litoral do Mar Egeu. Olímpia.
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Em 443 a.C., Péricles, hábil dirigente e administrador, e Esparta, essa expressão é inadequada, pois suas respectivas dominações não
ultrapassavam os limites do Mundo Grego.
passou a dominar o cenário político de Atenas. Naquele
ano, assumiu a função de estratego – para a qual foi reeleito A denominação Guerra do Peloponeso (431-404
ininterruptamente até sua morte, em 429 a.C. Os estrategos a.C.) não reflete a magnitude desse conflito, que envolveu
eram dez, o que caracterizava um governo colegiado; e praticamente todo o Mundo Grego. Sua deflagração
Atenas era uma democracia direta, na qual a última palavra resultou de uma provocação dos atenienses, que apoiaram
competia à Eclésia (assembleia dos cidadãos). Péricles a rebelião de Córcira, cidade do Mar Jônio, contra
sempre respeitou essas instituições, não podendo, portanto, Corinto, que era aliada de Esparta. Esta declarou guerra a
ser considerado um tirano. Mas, como possuía enorme Atenas, desencadeando as hostilidades.
prestígio e gozava da confiança de seus concidadãos, as Enquanto a frota ateniense devastava o litoral do
propostas que apresentava eram habitualmente aprovadas. Peloponeso, o exército espartano invadiu a Ática e cercou
Para aperfeiçoar o sistema político instaurado por Atenas. As privações sofridas pela população ateniense
Clístenes, Péricles criou a mistiforia, subvenção paga aos contribuíram para que irrompesse na cidade um surto de
cidadãos pobres para que participassem da Eclésia sem peste* que vitimou milhares de pessoas, entre elas,
serem prejudicados pela falta ao trabalho. Entre os nume- o próprio Péricles. Mas a doença também contagiou o
rosos monumentos e templos que ele mandou erigir, exército espartano, obrigando-o a se retirar.
destaca-se o Pártenon, edificado na Acrópole e dedicado *O termo “peste” foi empregado durante milênios para designar qualquer
epidemia que causasse grande mortalidade, como o tifo, a varíola, o cólera, a
a Palas, deusa da sabedoria e protetora de Atenas. A
peste bubônica e outras. A peste que assolou Atenas em 429 a.C. tem sido
importância de Péricles é inegável, mas constitui um identificada como um surto de tifo.
óbvio exagero estendê-la a todo o século V a.C. – que Em 421 a.C., espartanos e atenienses firmaram uma
muitos chamam de “Século de Péricles” –, já que seu trégua que deveria durar 50 anos – tempo julgado
período de governo não ultrapassou 15 anos. necessário para que as duas cidades se recuperassem das
O século V a.C. foi o mais brilhante da civilização he- perdas sofridas. Entretanto, essa trégua foi rompida por
lênica, tendo Atenas como principal centro intelectual. Atenas, que enviou uma expedição contra Siracusa,
Conviveram com Péricles alguns dos maiores represen- cidade siciliana aliada de Esparta. O ataque fracassou, e
tantes das artes e do pensamento clássicos: o filósofo a guerra recomeçou, com vitórias e derrotas de parte a
Sócrates, os teatrólogos Sófocles e Eurípedes, o historia- parte. Os espartanos fizeram uma aliança com os persas:
dor Heródoto e o escultor Fídias, entre muitos outros. em troca de ajuda militar e financeira contra os atenien-
ses, o “grande rei” (na época, Dario II) recuperou o do-
Guerra do Peloponeso mínio sobre as colônias helênicas da Ásia Menor. Atenas,
Após as Guerras Médicas, a Grécia Balcânica e as exaurida pelo prolongado conflito, foi obrigada a pedir a
ilhas próximas dividiram-se em duas áreas de influência. paz. Suas muralhas foram arrasadas, e sua frota de guerra,
A maior delas, abrangendo cerca de 2/3 do país e as ilhas entregue a Esparta; a cidade teve de ingressar na Liga do
do Egeu, estava na órbita da Confederação de Delos, cuja Peloponeso, dominada por sua rival, e a Confederação de
continuidade fora imposta por Atenas a suas antigas Delos foi dissolvida.
aliadas na luta contra os persas. A outra área, correspon- A Guerra do Peloponeso trouxe consequências de
dente à Península do Peloponeso, agrupava as pólis dessa enorme importância para o futuro da Grécia. O equilíbrio
região na liga do mesmo nome, dominada por Esparta. militar entre Atenas e Esparta foi rompido em detrimento
Note-se que, formalmente, todas essas cidades conserva- da primeira, que perdeu muito de sua importância
vam sua soberania (independência). marítimo-comercial e também militar. Quanto a Esparta,
A hegemonia ateniense (às vezes chamada impropria- estendeu sua hegemonia a praticamente toda a Grécia
mente de “imperialismo”*) tendia à expansão, enquanto a Balcânica e a algumas ilhas do Egeu. Transformada em
espartana se colocava na defensiva. Tal situação possuía for- potência naval, chegou a entrar em guerra contra os
te potencial de conflito, pois muitas cidades dominadas por persas, com o objetivo de tomar-lhes as colônias gregas
Atenas viam em Esparta uma possível libertadora. Outras, da Ásia Menor, mas acabou desistindo desse intento.
entretanto, aceitavam a hegemonia ateniense para se pro- Um historiador escreveu: “A Guerra do Peloponeso
tegerem contra o perigo persa (caso das colônias gregas da significou o suicídio da Grécia Clássica”. Com efeito, a
Ásia Menor). Havia ainda cidades que, por serem rivais co- hegemonia espartana, excessivamente dura, suscitou
merciais de Atenas, inclinavam-se a apoiar Esparta (caso de numerosas revoltas e conflitos entre as cidades; essas
Corinto e de algumas pólis da Sicília e da Magna Grécia). lutas, somadas à devastação provocada pela longa guerra
*Dá-se o nome de “imperalismo” à tendência de certos povos, Estados ou
entre Esparta e Atenas, resultou no irremediável declínio
dirigentes a dominar outros territórios e populações. Em se tratando de Atenas da civilização helênica.
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diálogos A República e O Banquete. Aristóteles (384- perdidas – exceto alguns baixos-relevos no Pártenon –,
322 a.C.), por sua vez, notabilizou-se pelo pensamento podemos citar como exemplos do ideal estético dos gregos
lógico, desenvolvendo uma forma de raciocínio que o Discóbolo, de Míron (480-440 a.C.), e o Canon, de
influenciou filósofos e cientistas durante quase dois Policleto (460-415 a.C.).
milênios.
No campo literário, a grande contribuição dos gregos
foi o teatro*. Este visava representar ao vivo situações que
revelassem as paixões humanas ou enfatizassem a
capacidade do homem de lutar contra o destino imposto
pelos deuses, mesmo sabendo que ao final seria vencido.
Esses elementos constituíam a essência da tragédia,
gênero teatral no qual se destacaram Sófocles e Eurípedes.
A comédia – peça de teatro mais leve, destinada a
provocar o riso –, utilizada para criticar aspectos da vida
política e social (sátira), foi menos apreciada entre os
gregos do que a tragédia, mas teve grande aceitação entre
os romanos.
*No Ocidente, o teatro é considerado uma criação dos gregos. Deve-se, contudo,
lembrar que, no Extremo Oriente, a ideia de representar enredos ou situações
por meio de atores surgiu na China.
O Discóbolo, de Mí-
Mais do que mero entretenimento, a tragédia tinha ron (480-440 a.C.).
Réplica romana da
para os gregos um papel cívico, pois contribuía para célebre estátua gre-
exaltar valores como a coragem, o patriotismo e o ga, considerada um
heroísmo. As representações teatrais, muito concorridas, dos maiores exem-
plos do antropocen-
realizavam-se em anfiteatros ao ar livre, dotados de trismo que norteou
excelente acústica para que todos pudessem acompanhar os artistas helênicos.
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Como a maioria dos povos conquistados por Ale- • A escultura, que entre os gregos se distinguia pelo
xandre pertencia a civilizações antigas e já consolidadas, ideal de serenidade e equilíbrio, cedeu lugar ao realismo
ocorreu uma interpenetração de influências: mui- e à dramaticidade, como se pode observar na estátua de
tos aspectos da cultura grega foram absorvidos por aque- Laocoonte (século I a.C.).
las populações; mas, por outro lado, os vencedores assi- • O ideal ateniense de democracia cedeu lugar ao
milaram diversos elementos culturais dos vencidos. despotismo (absolutismo) de origem oriental.
Surgiu assim uma civilização híbrida, predominante- • A crença dos gregos na capacidade humana de lutar
mente helênica, mas que não era inteiramente grega: a contra o destino cedeu lugar ao fatalismo (aceitação da
civilização helenística, a qual ultrapassou os limites do sorte que os deuses reservam a cada indivíduo).
império de Alexandre e proporcionou certa unidade Essas mudanças fizeram surgir, dentro da civilização
cultural a uma imensa região que ia da Sícilia e da Magna helenística, duas correntes filosóficas, ambas influen-
Grécia, no Ocidente, até o Norte da Índia, no Oriente. ciadas pela redução da importância atribuída ao indivíduo:
Pode-se portanto concluir que as conquistas de Alexan- o epicurismo (busca do prazer e fuga ao sofrimento, tendo
dre resultaram mais em consequências culturais do que a virtude como fator de equilíbrio) e o estoicismo (capa-
políticas. Produziram também resultados econômicos, cidade de resistir tanto ao prazer quanto ao sofrimento,
pois a unificação cultural intensificou as relações comer- pois ambos devem ser considerados transitórios).
ciais entre as diversas regiões. Se Atenas foi o grande centro da civilização helênica,
Quando se compara a civilização helênica (grega) notadamente no século V a.C. (Época de Péricles), Ale-
com a helenística (greco-oriental), notam-se muitas xandria, no Egito, foi indiscutivelmente o polo mais bri-
diferenças entre ambas. A mais significativa foi a subs- lhante da civilização helenística. Destacou-se como centro
tituição do antropocentrismo grego pela concepção de estudos filosóficos e científicos, distinguindo-se por
oriental de que o indivíduo não tem importância diante possuir a maior biblioteca da Antiguidade (destruída pelos
dos deuses ou do poder de monarcas divinizados. A árabes no século VII d.C.); e seu célebre farol – uma das
cultura helenística teve ainda outros desmembramentos, Sete Maravilhas do Mundo Antigo – atestava a preemi-
dos quais citaremos os mais significativos. nência da cidade como o mais movimentado porto comer-
• A arquitetura, que entre os gregos procurava com- cial da época.
patibilizar-se com a dimensão humana, além de se
caracterizar pela simplicidade, cedeu lugar à monumen-
talidade e ao exagero na ornamentação.
1. (FEI) – Uma política imperialista proporcionou a Atenas os recursos Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população
econômicos para levar ao auge seu desenvolvimento cultural na Época que lá vivia.
de Péricles. Explique em que consistiu essa política imperialista. (Folha de S.Paulo, 8/2008. Adaptado.)
Resolução:
Os recursos econômicos para a construção de obras públicas em Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as
Atenas vinham, em grande parte, dos impostos pagos pelas duas civilizações, elas são semelhantes, pois
cidades participantes da Confederação de Delos, controlada pelos a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes
atenienses, os quais desenvolveram uma política imperialista após epidemias dizimaram suas populações.
o término das Guerras Médicas. b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi
concebida em Tebas.
c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e
2. No período de 750 a 338 a.C., a Grécia Antiga era com- independentes entre si.
posta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas
Esparta e Tebas, que eram independentes umas das cidades-Estado da Grécia.
outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a e) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia tal como
língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto na Grécia.
religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado. Resolução:
No período de 1200 a 1600 d.C., na parte da Amazônia brasileira Alternativa escolhida por exclusão, pois não é explicitada no texto
em que está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de 15 transcrito. Trata-se, no entanto, do nexo mais plausível entre as
cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham cidades-Estado da Grécia Antiga (certamente independentes en-
até 2.500 habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por tre si) e as “cidades” do Xingu (possivelmente independentes
estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno entre si).
delas, havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Resolução: C
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Resolução: 11. (FUVEST – MODELO ENEM) – “Num processo em que era acusado
O desenvolvimento do teatro na Grécia Antiga está relacionado e a multidão ateniense atuava como juiz, Demóstenes [orador político,
com as práticas políticas da cidade-Estado. Líderes, como 384-322 a.C.] jogou na cara do adversário [também um orador político]
Pisístrato, em Atenas, utilizavam recursos para a realização de as seguintes críticas: ‘Sou melhor que Ésquines e mais bem-nascido;
grandes festivais que agregavam e divertiam a população. Uma não gostaria de dar a impressão de insultar a pobreza, mas devo dizer
das características mais marcantes do teatro grego era a que meu quinhão foi, quando criança, frequentar boas escolas e ter
presença do coro, essencial na apresentação, e do qual alguns bastante fortuna para que a necessidade não me obrigasse a
cidadãos podiam participar. Os atores, sempre portando trabalhos vergonhosos. Tu, Ésquines, foi teu destino, quando criança,
máscaras, encenavam tragédias e comédias em locais varrer como um escravo a sala de aula onde teu pai lecionava’.
estrategicamente escolhidos por conta da sua acústica, tal como Demóstenes ganhou triunfalmente o processo.”
na imagem anterior. Seja na sátira aos costumes da época, tema (Paul Veyne, História da Vida Privada, I, 1992.)
central das comédias, ou na representação das desventuras da
figura do herói às voltas com o seu destino traçado pelos deuses, A fala de Demóstenes expressa a
nas tragédias, o teatro apresentava ainda uma finalidade catártica. a) transformação política que fez Atenas retornar ao regime
Assim, as angústias, as dúvidas e as tensões individuais eram aris tocrático depois de derrotar Esparta na Guerra do
transpostas para um espaço público de maneira ordenada numa Peloponeso.
cultura que valorizava o racionalismo e via na figura humana a b) continuidade dos mesmos valores sociais igualitários que
“medida de todas as coisas”, como afirmou o filósofo Protágoras. marcaram Atenas a partir do momento em que se tornou uma
democracia.
9. Atente-se ao texto abaixo: c) valorização da independência econômica e do ócio, imperante
I. “Foi Zeus então que nos fez ir ao Egito, como piratas. Uma vez não só em Atenas, mas em todo o Mundo Grego Antigo.
lá chegado, ordeno a todos os meus homens que permaneçam d) decadência moral de Atenas, depois que o poder político na
a bordo para guardar os navios, enquanto coloco vigias em seus cidade passou a ser exercido pelo partido conservador.
postos. Mas, cedendo a seu ardor e conforme sua vontade, e) crítica ao princípio da igualdade entre os cidadãos, mesmo
ei-los que se arremessam sobre os campos maravilhosos desse quando a democracia era a forma de governo dominante em
povo do Egito, pilhando-os, massacrando os homens, levando Atenas.
as crianças e as mulheres... Resolução:
II. Queres que nos submetam a um concurso? Em um dia de Na democracia grega, o ócio era realmente valorizado como
primavera quando os dias são longos, que nos conduzam ao necessário para que o cidadão pudesse dedicar-se aos assuntos
prado, pois tenho minha foice, e tu igualmente: durante todo o políticos. Ademais, o emprego do trabalho escravo fazia que os
dia sem comer, meteremos mãos à obra, até a noite cair... gregos menosprezassem as atividades braçais.
Quanto a impelir os bois, mesmo os mais fortes, uma junta de A fala de Demóstenes expressa também a valorização da indepen-
grandes bois ruços, dá-me quatro jeiras de terra e verás que o dência econômica como fator de distinção social e cultural. Todavia,
meu sulco é cavado direito.” é difícil estender os valores citados a todo o Mundo Grego, pois
(Odisseia, Canto XVIII. Citado por J. Isaac e A. Alba. Oriente e Grécia.) Esparta constitui uma exceção que não pode ser simplesmente
ignorada – sobretudo no que diz respeito à valorização da riqueza
A Odisseia, tradicionalmente atribuída a Homero, fornece infor- pessoal.
mações valiosas para o chamado Período Homérico. Caracterize Resposta: C
sucintamente esse período histórico, utilizando elementos do texto.
Resolução:
O Período Homérico foi caracterizado pelo sistema gentílico. A 12. (FATEC) – Sócrates, grande filósofo grego, formou numerosos
desintegração dos genos levou, entre outras consequências, a discípulos que seguiram diferentes caminhos para buscar o
uma nova diáspora, que reforçou o processo colonizador, conhecimento real.
marcadamente agrário. O texto faz referência a saques e ao A grande preocupação socrática era
apresamento de escravos, práticas comuns durante as a) interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado se-
expedições marítimas, e finaliza com a descrição de trabalhos gundo uma moral baseada em verdadeiros conceitos
agrícolas, essenciais tanto na época gentílica quanto na imutáveis.
expansão colonizadora. b) compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as
coisas, pois só se pode dizer que se conhece alguma coisa
quando se conhece sua causa primeira.
10. (FUVEST) – Como se sabe, Olimpíadas e teatro (ocidental) foram c) o autoconhecimento que poderia ser obtido por meio da ironia
uma criação da Grécia Antiga. Discorra sobre e da maiêutica, métodos que consistiam em fazer indagação,
a) o significado dos Jogos Olímpicos para os antigos gregos. fingindo ignorância, para despertar no interlocutor o conhe-
b) as características do teatro na Grécia Antiga. cimento latente.
Resolução: d) fazer um estudo crítico da História, comparando a História Grega
a) Os Jogos Olímpicos eram realizados na cidade de Olímpia e com a dos povos orientais, a fim de mostrar que o mundo era
homenageavam Zeus, divindade suprema na mitologia helênica. mais amplo do que se imaginava.
Para os antigos gregos, eles tinham um quádruplo significado: e) mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos
celebravam a superioridade do povo grego, constituíam uma sentidos humanos e que, por esses serem falhos, era relativo
oportunidade de confraternização entre as cidades-Estado, e limitado.
valorizavam a força física ou a destreza dos atletas e ainda Resolução:
apresentavam uma vertente cultural representada pelas O século V a.C. (século de Péricles) foi caracterizado por um grande
competições poéticas. desenvolvimento econômico e intelectual.
b) Formalmente, o teatro grego caracterizou-se pela participação No âmbito intelectual, a filosofia foi amplamente desenvolvida,
exclusiva de homens, pelo uso de máscaras e pela representa- sendo preconizada por Sócrates, Platão e Aristóteles, que também
ção em anfiteatros ao ar livre. Tematicamente, foram compostas foram grandes filósofos da Grécia Clássica.
tragédias e comédias, com ampla preferência pelas primeiras. Os métodos adotados por Sócrates eram a ironia (= destruição do
Quanto ao conteúdo, as peças podiam exaltar o sentimento conhecimento) e a maiêutica (= dar luz à; parir ideias).
patriótico, valorizar a luta do homem contra a inexorabilidade do Resposta: C
destino que lhe era imposto pelos deuses ou, no caso das
comédias, satirizar aspectos negativos da vida social e política.
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13. (UFPB) – Leia, com atenção, o texto que se segue: 16. (FUVEST) – “Alexandre desembarca lá onde foi fundada a atual
cidade de Alexandria. Pareceu-lhe que o lugar era muito bonito para
“— Guardas! Guardas! – grita Creonte, alucinado. fundar uma cidade e que ela iria prosperar. A vontade de colocar
— Levem depressa, e para bem longe daqui, este homem mãos à obra fez que ele próprio traçasse o plano da cidade, o local
desgraçado que, querendo sobrepor-se aos deuses, matou noiva, da Ágora, dos santuários da deusa egípcia Ísis, dos deuses gregos
filho, esposa e mãe. Ai de mim, tudo desmorona a meu redor. Um e do muro externo.”
deus, sim, um deus desabou sobre mim com seu peso enorme e (Flávio Arriano, Anabasis Alexandri, séc. I d.C.)
calcou aos pés a minha sorte.
— Não se devem ofender os deuses. Os golpes impiedosos que Desse trecho de Arriano sobre a fundação de Alexandria, é possível
eles infligem ensinam os homens arrogantes a chegar à velhice depreender
com sabedoria. Eis a primeira condição da felicidade – conclui o a) o significado do helenismo, caracterizado pela fusão da cultura
corifeu, secundado pelo coro dos velhos tebanos.” grega com a egípcia e as do Oriente Médio.
b) a incorporação do processo de urbanização egípcio para efetivar
(Sófocles. Antígone. Tradução e adaptação de Cecília Casas. o domínio de Alexandre na região.
São Paulo: Scipione, 2004. pp. 38-39.) c) a implantação dos princípios fundamentais da democracia
ateniense e do helenismo no Egito.
A passagem acima é extraída da peça Antígone, do poeta e d) a permanência da racionalidade urbana egípcia na organização
dramaturgo grego Sófocles (486-405 a.C.). A tragédia clássica de cidades no Império Helênico.
caracteriza-se pelas tentativas humanas de fugir do destino e) o impacto da arquitetura e da religião dos egípcios na Grécia,
determinado pelos deuses. Na sociedade grega da Antiguidade, após as conquistas de Alexandre.
a) os deuses eram divindades infalíveis e onipresentes e, por isso,
detinham em suas mãos os destinos da humanidade.
b) Zeus era equivalente ao Deus dos cristãos, tendo apenas uma
denominação distinta. 17. (FUVEST) – Tendo em vista a economia, a sociedade, a política e
c) a religião estabelecia rígido controle moral, considerando como a religião, os manuais de História Antiga agrupam, de um lado, as
civilizações do Egito e da Mesopotâmia e, de outro, as da Grécia e
pecado o sexo e o consumo de vinho.
de Roma.
d) os deuses eram imagens projetadas dos próprios homens,
adquirindo, além da forma humana, suas paixões, defeitos e
Indique e descreva dois aspectos comuns aos pares indicados, isto
vícios.
é, às civilizações
e) os deuses eram divindades abstratas, sem forma definida,
a) egípcia e mesopotâmica.
possuindo apenas características morais e espirituais.
b) grega e romana.
A respeito dos macedônios, pode-se afirmar que foram 19. (UNIFESP) – “Ao povo, dei tantos privilégios quanto lhe bastam,
a) um povo guerreiro que acabou dominado pelos exércitos à sua honra, nada tirei nem acrescentei, mas os que tinham poder
romanos de César e Marco Antônio, após décadas de resis- e eram admirados pelas riquezas, também neles pensei, que nada
tência. tivessem de infamante... Entre uma e outra facção, a nenhuma,
b) grandes matemáticos que souberam aplicar seus conhecimen- permiti vencer injustamente.”
tos na construção de algumas das maravilhas da Antiguidade. (Sólon. Século VI a.C.)
c) conquistadores da Grécia que expandiram seu império para o
Oriente e promoveram o que passou a ser conhecido como No governo de Atenas, o autor procurou
helenismo. a) restringir a participação política de ricos e pobres para impedir
d) precursores da cultura grega; atribui-se aos seus filósofos e que suas demandas pusessem em perigo a realeza.
pensadores a criação do pensamento mítico. b) impedir que o equilíbrio político existente, que beneficiava a
e) grandes mercadores, responsáveis por disseminar junto aos aristocracia, fosse alterado no sentido da democracia.
gregos os avanços técnicos da arquitetura egípcia. c) permitir a participação dos cidadãos pobres na política para
derrubar o monopólio dos grandes proprietários de terras.
d) abolir a escravidão dos cidadãos que se endividavam, ao mesmo
tempo que mantinha sua exclusão da vida política.
15. (FUVEST) – Comente a especificidade da estrutura social espar-
e) disfarçar seu poder tirânico com concessões e encenações
tana, no contexto da cidade-Estado grega clássica.
que davam aos cidadãos a ilusão de que participavam da
política.
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20. (FUVEST) – “Vendo Sólon [que] a cidade se dividia pelas disputas b) acreditavam em seus mitos, relacionando-os com aconteci-
entre facções e que alguns cidadãos, por apatia, estavam prontos mentos reais e usando-os para entender o mundo humano.
a aceitar qualquer resultado, fez aprovar uma lei específica contra c) definiram o caráter irracional do ser humano, assegurando plena
eles, obrigando-os, se não quisessem perder seus direitos de liberdade de culto e crença religiosa.
cidadãos, a escolher um dos partidos.” d) privilegiavam o mundo sagrado em relação ao humano e ao
natural, recusando-se a misturar um ao outro.
(Aristóteles. A Constituição de Atenas.) e) defendiam a natureza como um reino intocável, tomando o
homem como um risco para o bem-estar do mundo.
A lei visava
a) diminuir a participação dos cidadãos na vida política da cidade.
b) obrigar os cidadãos a participar da vida política da cidade. 24. (UEL) – Sobre o lugar social da mulher no contexto do pensamento
c) aumentar a segurança dos cidadãos que participa vam da dos filósofos gregos clássicos, é correto afirmar:
política. a) Na “pólis grega”, as mulheres deveriam restringir-se à execu-
d) deixar aos cidadãos a decisão de participar ou não da política. ção das tarefas domésticas, cabendo aos cidadãos a atuação
e) impedir que conflitos entre os cidadãos prejudicassem a na vida política, jurídica e administrativa.
cidade. b) Pelo fato de as mulheres possuírem habilidades diferentes
em relação aos homens, Platão lhes concede tarefas menos
exigentes, tais como o cuidado do lar e o exercício da
filosofia.
21. (UNESP) – “(...) a ciência do amo consiste no emprego que ele faz c) Para Aristóteles, a justiça como equidade se aplica também à
dos seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos, esfera doméstica, devendo as mulheres receber tratamento
mas porque deles se serve. Esta ciência do amo nada tem, aliás, baseado nos mesmos princípios válidos para os cidadãos.
de muito grande ou elevada; ela se reduz a saber mandar o que o d) Era consenso que a mulher deveria atuar, além da esfera pri-
escravo deve saber fazer. Também todos a que ela podem furtar- vada, também na esfera pública, tendo o direito de influenciar
se deixam os seus cuidados a um mordomo e vão-se entregar à nas decisões políticas.
Política ou à Filosofia.” e) Entendia-se que a tarefa das mulheres, que assumiam postos
de liderança na pólis, era a de gerar filhos saudáveis para o
(Aristóteles. Política II.) Estado.
a) De acordo com o texto, qual a relação que existe entre es-
cravidão e política na cidade grega?
b) Além da escravidão, indique e explique um outro aspecto que
diferencie a democracia grega da contemporânea. 25. (UFPel) – ”A natureza faz o corpo do escravo e do homem livre
diferentes. O escravo tem corpo forte, adaptado para a atividade
servil, o homem livre tem corpo ereto, inadequado para tais
trabalhos, porém, apto para a vida do cidadão. Na cidade bem-
22. (UNIFESP) – “‘Nunca temi homens que têm no centro de sua constituída, os cidadãos devem viver executando trabalhos braçais
cidade um local para reunir-se e enganar uns aos outros com (artesãos) ou fazendo negócios (comerciantes). Estes tipos de vida
juramentos.’ Com estas palavras, Ciro insultou todos os gregos, são ignóbeis e incompatíveis com as qualidades morais.
pois eles têm suas ágoras [praças] onde se reúnem para comprar Tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania. Isso
e vender; os persas ignoram completamente o uso de ágoras e porque o ócio é indispensável ao desenvolvimento das qualidades
não têm lugar algum com essa finalidade.” morais e à prática das atividades políticas.”
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O fragmento dado, apresentação do coro de Antígona, drama e) Consolidou-se o monopólio dos eupátridas, estabelecendo que
trágico de autoria de Sófocles, manifesta uma perspectiva típica as altas magistraturas e os cargos da administração seriam
da época em que os gregos clássicos privativos dessa classe.
a) enalteciam os deuses como o centro do Universo e submetiam-
se a impérios centralizados.
b) criaram sistemas filosóficos complexos e opuseram-se à 30. (UFPR) – “O exército persa era bem visível. Mesmo assim,
escravidão, combatendo-a. Alexandre avançou, em formação, com passo firme, evitando um
c) construíram monumentos, considerando a dimensão humana, avanço muito rápido que pudesse afetar a linha de ataque,
e dividiram-se em cidades-Estados. deixando flancos em aberto. (...) Alexandre à frente de suas tropas,
d) proibiram a representação dos deuses do Olimpo e entraram no flanco direito, correu, colocando toda a atenção na velocidade
em guerra contra a cidade de Troia. de ataque.”
e) elaboraram obras de arte monumentais e evitaram as rivali- “A cavalaria persa, diante dos tessálios de Alexandre, iniciada a
batalha, decide atacar violentamente os tessálios. A cavalaria
dades e as guerras entre cidades.
atacava com grande furor, e os persas foram superados quando
souberam que os mercenários gregos estavam sendo destroçados
pela infantaria macedônica e que o próprio Dario estava em
debandada. Este foi o sinal para a fuga generalizada e aberta. Os
27. (PUC) – As conquistas realizadas por Alexandre da Macedônia
cavalos com equipamento pesado sofreram particularmente, e os
(também chamado de Alexandre, o Grande) entre 334 e 323 a.C.
milhares de homens que fugiam em pânico, desordenados,
estenderam-se da Grécia até as margens do Rio Indo (Índia).
buscando a fuga nas trilhas e nas elevações locais, morreram pela
Algumas das características dessa expansão macedônica e do
ação do inimigo (...).”
imenso Império que dela derivou foram
(Arriano. A Batalha de Íssus. 2. pp. 10-11.)
a) a imposição de instituições políticas romanas sobre as áreas
conquistadas por Alexandre e a repressão às formas monár- Os trechos acima são dois momentos distintos da narrativa de
quicas predominantes no Oriente Próximo e Distante. Arriano sobre a Batalha de Íssus, em que Alexandre, o Grande,
b) o apoio do exército macedônio a revoltas de povos subjugados venceu o general persa Dario em 333 a.C. A partir desses relatos
por outros impérios e a recusa da incorporação de soldados de Arriano, é correto afirmar:
que não fossem macedônios ou gregos às tropas de a) No texto de Arriano, há uma valorização da figura de Alexandre
Alexandre. perante a de Dario para reforçar as virtudes morais e militares
c) a restrição à circulação de mercadorias entre regiões distintas do general macedônico.
do Império e a gradativa, mas profunda, segmentação e dimi- b) As guerras na Antiguidade exigiam pouca participação pessoal
nuição do comércio interno e externo dos macedônios. dos comandantes nos combates travados, como se evidencia
d) o intercâmbio entre culturas ocidentais e orientais e o preva- nos relatos de Arriano.
lecimento de uma perspectiva universalista e assimiladora sobre c) Arriano desconhecia a estratégia e as práticas de guerra da
a mentalidade voltada às questões locais. época de Alexandre, elaborando apenas uma ficção a respeito
das batalhas.
e) a obrigatoriedade de uso de uma só língua, o persa, e a proi-
d) Essa vitória sobre Dario teve pouca repercussão nas conquistas
bição sumária da transmissão de ideias e da movimentação de
do jovem Alexandre.
intelectuais entre as áreas dominadas pelo Império.
e) Na Antiguidade, as guerras não desempenhavam papel signi-
ficativo nas relações políticas.
28. (FEI) – A Expansão Marítima foi um dos episódios mais notáveis 31. (UNICAMP) – As figuras escavadas em pedra nos mármores de
da história grega. Explique os fatores geográficos que favoreceram Elgin, que circundavam o Pártenon, encorajavam as esperanças
esta expansão e os motivos que impediram a constituição de um dos atenienses. Assim batizadas em honra do nobre inglês que as
império politicamente unificado, já que se desdobrou numa plura- levou a Roma no século XIX, elas podem ser apreciadas hoje no
lidade de colônias. Museu Britânico. Nos mármores, estão esculpidas cenas em honra
da fundação de Atenas e aos seus deuses. Celebrava-se o triunfo
da civilização sobre o barbarismo.
29. (MACKENZIE) – Entre as reformas propostas por Sólon (584-581 (Adaptado de Richard Sennett. A pedra e a carne. O Corpo e a Cidade na
a.C.), encontramos o regime censitário. Essa proposta condiciona Civilização Ocidental. Rio de Janeiro: Record. 2003, p. 37.)
a participação política à renda do cidadão. Há uma importante
diferença entre o regime censitário estabelecido por Sólon e o que a) O que significava “bárbaro” na Atenas Clássica?
se implantou na época da tirania de Pisístrato (560-527 a.C.), que b) Segundo o texto, o que o Pártenon e seus mármores signi-
imprimiu uma nova dinâmica à política ateniense, devido ao rápido ficavam?
desenvolvimento mercantil. c) Explique por que a apropriação desses mármores pelos ingleses
se dá no século XIX.
Assinale a alternativa que indica essa mudança:
a) Foram colocadas no mesmo plano a renda da terra e a do
comércio, o que permitiu a participação, nos altos escalões do 32. (UNESP) – “O que é terrível na escrita é sua semelhança com a
governo, dos comerciantes e dos armadores. pintura. As produções da pintura apresentam-se como seres vivos,
b) Criou-se o Conselho dos Quinhentos, Bulé, que iria contra- mas, se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio.
balançar o poder do Areópago, órgão tradicional aristocrático O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam
que se restringiu às suas atribuições religiosas e judiciárias. como se pensassem, mas, se os interrogarmos sobre o que dizem
c) Foi restaurada a escravidão por dívidas, favorecendo a depen- (...), dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...). E,
dência econômica dos pequenos e médios proprietários em quando são maltratados e insultados injustamente, têm sempre a
relação à aristocracia rural. necessidade do auxílio do seu autor porque são incapazes de se
d) A diarquia foi definitivamente implantada, concedendo aos defenderem, de assistirem a si mesmos.”
metecos o direito de eleger na Assembleia Popular o seu repre-
sentante junto ao Areópago. (Platão. Fedro ou Da beleza.)
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Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, d) Atenas, por não partilhar do sistema político democrático de
contrapondo-os à sua concepção de filosofia. Assinale a alternativa Esparta, criou a Liga de Delos e declarou Guerra à Liga do
que permite concluir, com o apoio do fragmento apresentado, uma Peloponeso.
das principais características do platonismo. e) Esparta era a única cidade-Estado democrática em toda a Grécia
Antiga e desejava implantar esse sistema nas cidades-Estado
a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de peque- gregas.
nas sentenças com sentido completo, as quais, no seu en-
tender, esgotam o conhecimento acerca do mundo. 36. (UFAL) – Reflita sobre os textos.
b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o
conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, “Não vim para destruir nações; vim para que aqueles que foram
produzido e comprovado pela confrontação dos discursos. submetidos por minhas armas não tenham nada a lamentar.”
c) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso
filosófico com a busca da verdade, mas dirigida ao convenci- (Alexandre Magno, rei da Macedônia.)
mento dos governantes das cidades.
d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, “Alexandre considerava-se enviado pelos deuses para ser um
sendo a filosofia uma sabedoria alcançada na velhice e ensinada governante geral e pacificador do mundo. Usando a força das
pelos mestres aos discípulos. armas quando não conseguia unir os homens pela luz da razão,
e) O discurso platônico tem a mesma natureza do discurso reli - canalizou todos os recursos para um único fim, misturando vidas,
gioso, pois o conhecimento filosófico modifica-se segundo as maneiras, casamentos e costumes dos homens, como se
habilidades e a argúcia dos filósofos. estivessem numa taça de amor.”
O trecho dado faz parte do discurso feito por Péricles em ho- Com base no texto, é correto afirmar:
menagem aos atenienses mortos na Guerra do Peloponeso. Por a) As pesquisas recentes indicam que o povo grego se formou a
esse discurso, é correto afirmar que partir de um amálgama de culturas que se expandiram por
a) a Guerra do Peloponeso foi injusta e trouxe muitas mortes tanto diferentes territórios.
para os atenienses quanto para os espartanos, que lutavam em b) A cultura grega constituiu-se a partir de um único povo.
lados opostos pela hegemonia da Grécia. c) Com a expressão "nova civilização", o autor indica o fim do
b) Péricles se orgulhava da cidade de Atenas por ser ela uma primado da pólis em favor do Estado teocrático.
cidade democrática que não imitava o sistema político de outras d) Os estudiosos, ainda hoje, acreditam na superioridade dos
cidades-Estado, mas era imitada por elas. gregos sobre outros povos da Antiguidade.
c) Atenas e Esparta possuíam o mesmo sistema político descrito e) Os gregos não souberam incorporar, aos seus, elementos
por Péricles, a democracia, mas divergiam sobre como implan- culturais dos povos conquistados.
tá-lo nas demais cidades-Estado gregas.
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13) D 14) C b) A democracia grega era restrita aos cidadãos (homens livres,
maiores de 21 anos, nascidos na pólis e com pai natural da
15) A estrutura social da cidade-Estado grega clássica apresentou, mesma pólis) e direta (a Assembleia dos Cidadãos tomava
no contexto geral, uma certa flexibilidade que favoreceu a evo- as principais decisões). Atualmente, a democracia se estende
lução para a democracia. Já em Esparta, a propriedade esta- à maioria dos habitantes do país e é indireta (o governo é
tal das terras e dos escravos, em benefício da minoria exercido por representantes eleitos pelo povo).
dominante, deu origem a uma estrutura social extremamente
rígida, dividida em espartíatas (aristocratas), periecos (ho- 22) A concepção urbana da pólis, para os gregos, envolvia a noção
mens livres sem direito à cidadania) e hilotas (escravos do Es- de um espaço central aberto que servia, fundamentalmente,
tado). Diferentemente das demais cidades gregas, as para o debate político e as decisões tomadas pela assembleia
mulheres espartanas gozavam de uma maior liberdade, exer- dos cidadãos – elemento fundamental para o funcionamento
cendo certas funções que os homens, voltados sobretudo para da democracia direta.
as práticas militares, viam-se impedidos de executar. Resposta: C
16) O texto transcrito refere-se ao plano urbano de Alexandria, 23) A alternativa corresponde ao conceito de mito: justificativa
traçado pelo próprio Alexandre. Este seguiu os conceitos da fantasiosa para fatos do mundo real quando não existem,
pólis, mas fazendo concessões a elementos culturais egípcios, sobre eles, explicações racionais.
como o templo de Ísis. Esse sincretismo é a principal caracte- Resposta: B
rística da cultura helenística.
Resposta: A 24) A 25) C 26) C 27) D
17) a) Modo de produção asiático existente nas civilizações de 28) A concentração fundiária e, consequentemente, de poder nas
regadio (ou hidráulicas) e caracterizado pela servidão mãos da elite acabaram impulsionando o processo de colo-
coletiva, pela ausência de escravismo e pela propriedade nização, facilitado pela localização da região no Mediterrâneo,
das terras atribuída ao Estado (rei); e existência de monar- pelo litoral recortado e pela existência de vários portos na-
quias teocráticas, nas quais o soberano era considerado um turais. A existência das cidades-Estado na Grécia, caracte-
deus ou representante da divindade e possuía poderes rizadas pela sua autonomia, impediu a formação de um
despóticos (absolutos). império colonial politicamente unificado.
b) Modo de produção escravista, no qual as atividades produti-
vas eram exercidas por escravos (caracterizados por serem 29) A 30) A
propriedade de alguém e terem um valor comercial); existên-
cia de uma cultura antropocêntrica, na qual o homem era con- 31) a) Para os atenienses, “bárbaro” era todo aquele que não
siderado o centro de todas as coisas; e uma religião comum, fosse grego. O termo possuía uma conotação pejorativa,
baseada na adoção, pelos romanos, da mitologia grega. implicando a ideia de inferioridade cultural quando com-
parado com o termo “helênico” (“grego”).
18) a) Embora não tivessem unidade política, os gregos possuíam b) Significavam a superioridade da cultura helênica em relação
uma clara identidade cultural, manifestada pela origem aos demais povos, considerados pelos gregos como bárbaros.
comum, pelo idioma e pela prática da mesma religião. c) Sua apropriação se dá no contexto do imperialismo das
b) A pólis (cidade-Estado) constituía a unidade política típica potências industriais, que, por serem mais poderosas e se
do Mundo Grego, distinguindo-se por sua soberania e pelo considerarem mais civilizadas, arrogavam-se o direito de
exercício da cidadania, atribuída a parte de seus habitantes. remover, para seus próprios museus, tesouros artísticos ou
arqueológicos existentes em países mais fracos.
19) A reforma de Sólon preservou a oligarquia em Atenas, apenas
acrescentando, ao estamento dominante dos eupátridas, a 32) B 33) C
classe dos comerciantes mais ricos. Para tanto, Sólon estru-
turou a sociedade ateniense por um critério censitário e equi- 34) A colonização grega dos séculos VIII e VII a.C. vincula-se à
desintegração das comunidades gentílicas da Grécia, ao passo
parou a riqueza móvel (ouro) à imóvel (terras).
que a colonização do continente americano resultou da Expansão
Resposta: B
Marítimo-Comercial ocorrida na transição feudo-capitalista.
Outras diferenças: a colonização grega deu origem a cidades-
20) Trata-se de uma mera interpretação de texto. A medida ado-
Estado que mantinham relações comerciais com a metrópole,
tada por Sólon visava engajar todos os cidadãos de Atenas no
mas não se subordinavam à economia da segunda; além disso,
processo político, fazendo-os filiar-se ao partido aristocrático
as colônias gregas tinham homogeneidade étnica e preservavam
ou a seu oponente, o partido popular. Uma vez alcançado esse
a cultura herdada da metrópole. Sua estrutura de produção
grau de politização, seria possível a Sólon implementar as de-
baseava-se no escravismo antigo. Já as colônias americanas da
mais reformas projetadas.
Idade Moderna careciam de autonomia, tinham sua economia
Resposta: B
inteiramente subordinada aos interesses da metrópole,
apresentavam diversidade étnica (devido à utilização de mão de
21) a) Nas cidades gregas onde predominou a democracia (melhor
obra não metropolitana), demonstravam traços culturais próprios
exemplo: Atenas), os escravos deveriam ser incumbidos das
(embora predominasse a influência europeia) e vinculavam-se ao
atividades braçais e manuais. Assim, seu senhor disporia do
pré-capitalismo, apesar de recorrerem ao trabalho escravo.
ócio necessário para, na qualidade de cidadão, dedicar-se à
vida política.
35) B 36) C 37) A
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