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HISTÓRIA DO

URBANISMO

Vanessa Guerini Scopell


As cidades-estado:
Creta, Fenícia e Grécia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Sintetizar o contexto histórico.


 Definir pólis e cidade-estado.
 Analisar o legado urbanístico dessas civilizações.

Introdução
O mar Mediterrâneo teve papel importante para a fixação de comu-
nidades nas suas áreas próximas, pois, além de contribuir à fertilidade
da terra, ele possibilitava a navegação e o comércio marítimo. Diante
disso, alguns povos se destacaram nessa região, há aproximadamente
3000 a.C., como, por exemplo, os cretenses, os fenícios e os gregos.
Os gregos são considerados a civilização destaque, com diversas
contribuições para a arte, a arquitetura e a cidade. Já os cretenses
influenciaram diretamente a cultura grega, sendo seus predecessores.
Os fenícios, por sua vez, eram talentosos construtores de embarca-
ções e deram importantes contribuições para o desenvolvimento do
comércio marítimo.
Neste capítulo, você vai estudar sobre as civilizações cretense, fenícia
e grega, entendendo como era o contexto dessa época, o comércio, as
principais edificações e suas relações. Além disso, você vai entender o
conceito de pólis e cidade-estado, bem como compreender o legado
deixado por essas civilizações.
2 As cidades-estado: Creta, Fenícia e Grécia

Povos cretenses, gregos e fenícios


A história da antiguidade foi marcada por diferentes povos e civiliza-
ções. Os gregos, os cretenses e os fenícios são alguns dos exemplos desse
período. Conforme Belato (2009), todos esses povos estiveram ligados
ao mar Mediterrâneo, sendo ele um dos facilitadores da evolução dessas
sociedades. “O Mediterrâneo não é apenas o berço dessas civilizações,
ele é o meio de contato e de influência das grandes civilizações do Oriente
Médio: do Egito, da Anatólia e, um pouco mais a leste, da Mesopotâmia”
(BELATO, 2009, p. 11).
A civilização cretense foi uma das primeiras desse local e surgiu
antes do Egito Antigo, por volta de 2000 a.C., localizando-se em uma ilha
do Mediterrâneo, próximo da Grécia e da Ásia Menor. Essa civilização
influenciou bastante a cultura grega justamente por ter desenvolvido uma
comunidade muito rica. Segundo Napolitano e Villaça (2013), os cretenses
predominaram na região do Egeu e foram a mais importante civilização
do período. Veja, na Figura 1, o mapa da região do Mediterrâneo e suas
principais cidades.

Figura 1. Região do Mediterrâneo, Grécia e principais cidades.


Fonte: Guia Geográfico Mapas da Europa ([201–?], documento on-line).
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O centro da civilização cretense foi a cidade-estado denominada Cnossos,


que era a sua capital, ocupando uma área estratégica entre o Oriente Médio, a
Europa e a África, facilitando, desse modo, as relações comerciais e o desen-
volvimento de sua cultura. A economia do povo cretense era baseada, princi-
palmente, no comércio marítimo, mas eles também praticavam a agricultura,
cultivando, dentre outros produtos, azeitonas, trigo e uva. Esse período foi
bastante pacífico, com poucas guerras ou conflitos sociais. Essa civilização
tinha uma religião politeísta, acreditando em vários deuses, especialmente,
em figuras femininas relacionadas à fertilidade. As construções que mais se
destacavam, nessa época, eram os palácios.
O fim dessa civilização se deu por volta de 1450 a. C. Conforme destacam
Napolitano e Villaça (2013), em um primeiro momento, a ilha de Creta foi
dominada pelos aqueus, que invadiram a Grécia e se fixaram em Micenas.
Essa cidade se tornou importante e forte, passando a dominar toda a região
do mar Mediterrâneo, incluindo Tróia. Anos depois, foram os dórios que
dominaram a região, dispersando a população e destruindo algumas cidades.
Foi esse acontecimento que deu origem a um novo momento para a história
da Grécia. Conforme os autores (NAPOLITANO; VILLAÇA, 2013), a cidade
de Cnossos teria sido destruída, mais tarde, por um vulcão.
Os gregos são uma civilização mais conhecida, sobretudo, por suas fun-
damentais contribuições no campo da arquitetura e das artes. Conforme
Pereira (2010), esse povo, originário da península balcânica, é um dos maiores
representantes da arquitetura clássica. A população vinda do norte encontrou
a Grécia com um bom clima e permaneceu nesse local. Como a superfície da
Grécia era limitada, esse povo passou a habitar também algumas ilhas pró-
ximas. Muito influentes para a história da humanidade, as principais cidades
dessa civilização foram Atenas e Esparta.
A civilização grega se tornou tão importante porque ocupava uma área
de, aproximadamente, 77 mil km², abrangendo as regiões da Grécia Asiática,
Ásia Menor, Grécia Insular e Grécia Continental (ver Figura 1).
O relevo dessas áreas era bastante montanhoso, o que dificultava o de-
senvolvimento da agricultura. Por esse motivo, assim como os cretenses, a
principal atividade econômica era o comércio marítimo. Essa atividade foi um
dos principais fatores para o surgimento das chamadas cidades-estado, que
eram afastadas uma das outras e também independentes. Conforme Soares
(2017), a Grécia foi povoada por diversas culturas e considerada o berço da
civilização ocidental. Com isso, sua história foi dividida em quatro momentos:
homérico, arcaico, clássico e helenístico.
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A fase homérica compreendeu o século XII até VII a.C. e foi marcada
por uma sociedade dividida em grandes grupos familiares denominados
“genos”. Conforme Belato (2009), cada um desses grupos tinha um chefe,
que detinha poder político, econômico, jurídico e religioso. As terras para
trabalho eram coletivas e, aos poucos, os membros dos genos começaram a
reivindicar mais porções de terra, conforme seu grau de parentesco com o
chefe. Em virtude disso, surgiram as propriedades privadas e a diferenciação
entre classes sociais.
O período arcaico ocorreu entre os séculos VIII e VI a.C. e foi marcado
pela união dos genos, que passaram a proteger seus interesses. Esse processo
de unificação dos grandes grupos deu origem à pólis, ou seja, às cidades
gregas. Nesse momento, ocorreu também uma grande expansão colonial e a
fundação de diversas colônias nas costas dos mares. A economia desse período
era baseada na agricultura e na pecuária.

O período arcaico é, então, para os gregos, aquele em que a sociedade


plantou seus alicerces e deu feição à sua cultura e civilização. É o período
em que foram criadas as instituições sociais, políticas e intelectuais que
lhe deram um lugar único na História: a sua experiência democrática, de
um lado, e a experiência militarista e autoritária, de outro, uma em Atenas
e a outra em Esparta. Foi também quando se iniciou uma nova forma de
pensar e conhecer o mundo: a Filosofia e a Ciência. De ambas (Atenas e
Esparta), da democracia, da Filosofia e Ciência, somos herdeiros diretos
(BELATO, 2009, p. 22).

Já no período clássico, que compreendeu o século VI até IV a.C., a Grécia


viveu seu apogeu, marcado por intensos conflitos. Nesse momento, ocorreram
as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso, bem como o desenvolvimento
de técnicas, o aumento de construções e a expansão social e econômica das
cidades. Ainda nessa fase, a democracia foi implantada em Atenas. Essa
expansão, segundo Belato (2009), fez com que esse povo se tornasse espe-
cialista no comércio de artesanatos e na navegação marítima. Com isso, eles
passaram a usar moedas para suas transações econômicas, o que facilitou as
trocas e a política, já que essas moedas começaram a ser emitidas em cada
uma das cidades-estado.
No período helenístico, a Grécia se enfraqueceu e Alexandre Magno assu-
miu o poder, conquistando outras regiões e fazendo com que a cultura grega se
fundisse à cultura oriental. Os gregos também acreditavam no politeísmo, tendo
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o deus Zeus como a sua principal divindade. Esse deus simbolizava a justiça,
a autoridade e a razão. Além da religião, a civilização grega se destacou pelo
estudo da ciência, da filosofia e pelo desenvolvimento das artes. Os primeiros
filósofos importantes surgiram nesse momento, como, por exemplo, Platão,
Aristóteles e Sócrates. Veja, na Figura 2, um busto do deus Zeus.

Figura 2. Zeus, principal divindade grega.


Busto disposto no Museu Pio-Clementino
(Vaticano).
Fonte: Jastrow (2006, documento on-line).

O povo fenício teve origem semita e esteve localizado na costa oriental


do mar Mediterrâneo. Essa civilização surgiu no ano de 3000 a.C. Segundo
Belato (2009), ela ficou conhecida porque tinha comerciantes e navegadores
bastante talentosos, que produziam embarcações e mercadorias de muita
qualidade (Figura 3).
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Figura 3. Localização da civilização fenícia.


Fonte: Silva (2014, documento on-line).

Os fenícios, assim como os gregos, tinham uma organização descentra-


lizada, ou seja, apresentavam diversas cidades-estado. Segundo o autor, foi
por meio da expansão dessas cidades-estado que o comércio se desenvolveu
na área. Esse povo vendia, principalmente, objetos de vidro, jóias e cerâmica,
além de ter descoberto a cor púrpura.
Tanto a civilização grega quanto os cretenses mantiveram relações comer-
ciais com os fenícios. O sucesso comercial e a grande qualidade e variedade de
produtos produzidos pelos fenícios fez com que eles dessem origem à primeira
forma escrita alfabética da história da humanidade. Conforme destaca Belato
(2009, p. 18), “é dos fenícios que os gregos receberam o alfabeto que se tornará,
por sua vez, o alfabeto romano, do qual deriva o alfabeto que utilizamos até
hoje”. Observe, na Figura 4, o alfabeto criado pelos fenícios.

Figura 4. Letras do alfabeto criado pelos fenícios por volta de 1100 a.C
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Assim, cada cidade fenícia tinha uma estrutura político-econômica e um


poder diferente da outra. Conforme Belato (2009), Sidon e Tiro foram as
principais cidades fenícias. Apesar de cada cidade ser independente, o autor
ressalta que elas tinham características em comum, como, por exemplo, o
idioma, a forma de escrita e a religião. A cidade de Tiro teve grande influência
no desenvolvimento de colônias fenícias nas margens do mar Mediterrâneo.
Já Sidon, que começou a ser habitada no ano 4000 a.C., foi o centro comercial
mais importante dessa civilização e disputava a hegemonia da região com
Tiro. “Em 677 a.C., Sidon é tomada pelo Império Assírio e, em 573 a.C.,
Tiro é conquistada pelos babilônios, embora, a partir de então, os impérios
mesopotâmicos tentem submeter o Mediterrâneo e incorporá-lo a seu poder”
(BELATO, 2009, p. 20).
A maioria dos fenícios acreditava no politeísmo, assim, cada cidade-estado
tinha um deus patrono diferente e também um templo dedicado a ele. Nota-se
que os cretenses, bem como os fenícios e os gregos, apresentam características
em comum com relação à religião, à economia, a crenças e à política. Todos
eles foram importantes para o desenvolvimento das cidades e a expansão das
relações comerciais.

Conceito de pólis e cidade-estado


Nas civilizações, principalmente na grega, surgiram algumas nomenclaturas
relacionadas às aglomerações urbanas, uma delas é o termo polis. Esse termo
se refere ao conceito de cidade-estado, aplicado, principalmente, na época da
Grécia Antiga. As poleis (plural de polis) gregas eram consideradas unidades
político-administrativas, que caracterizaram a vida política da civilização
grega. Elas surgiram por volta do século VIII a.C. e, segundo Faber ([2002?],
documento on-line), pólis é o nome dado à “cidade, entendida como a comu-
nidade organizada, formada pelos cidadãos (no grego politikos), isto é, pelos
homens nascidos no solo da cidade, livres e iguais”. Os moradores da pólis
eram denominados politikos, que eram os que exerciam a civilidade.

A organização da política grega não ultrapassa a noção da pólis, uma vez


que esta era, ao mesmo tempo, a cidade e o Estado. [...] seu tamanho ideal
era em torno de 10 mil cidadãos, ou seja, cerca de 40 ou 50 mil habitantes no
total, suficientemente pequena para que todos possam falar e ser ouvidos na
ágora, e grande o bastante para poder entrar em guerra com a pólis vizinha
(PEREIRA, 2010, p. 69).
8 As cidades-estado: Creta, Fenícia e Grécia

As poleis tinham sua organização política e militar autônomas, isto é, eram


independentes uma das outras. Por isso, tinham o conceito de cidades-estado,
porque possuíam uma independência jurídica, legal, política, religiosa, de
instituições e também de práticas sociais. Assim, cada cidade era considerada
como um estado. Como principais poleis gregas, destacavam-se Atenas e
Esparta, que acabaram influenciando outras cidades por servirem de exemplos
a serem seguidos. Segundo Pereira (2010), Atenas era voltada mais para a
democracia, tendo preocupação com a arte, a filosofia e o desenvolvimento
humano, já Esparta era uma cidade-estado que priorizava o militarismo.
O surgimento da pólis foi considerado um desenvolvimento importante
para a sociedade, com grande significado e influência na raiz das estruturas
políticas e sociais da contemporaneidade. Isso se deu pela transformação
da relação do homem com a propriedade da terra e, consequentemente, a
conformação de diferentes classes sociais.
Mesmo cada cidade apresentando suas diferenças e particularidades, exis-
tiam algumas características comuns entre elas, que de certa forma faziam
parte de uma identificação cultural grega. Dentre essas características, as
principais delas, segundo Benevolo (1993), eram:

 A sociedade da pólis era constituída por cidadãos gregos considerados


homens livres, pelas mulheres, escravos e também estrangeiros.
 A pólis era dividida em duas zonas, denominadas ástey, que era a zona
urbana, e a khora, que era a zona rural. A acrópole era o nome dado
à parte mais alta da cidade, a qual continha os templos e os palácios.
 A pólis contava com uma ágora, que era uma espécie de praça onde
ocorriam os principais eventos das cidades, como, por exemplo, as
manifestações, as feiras, as reuniões, entre outros acontecimentos.
 A agricultura e o comércio eram as principais fontes econômicas, cons-
tituindo um núcleo autossuficiente.

O conceito de cidade-estado, segundo Belato (2009), surgiu na Grécia,


entre o período homérico e o período arcaico. Nesse momento, as comunida-
des produziam e dividiam suas riquezas de forma coletiva. Essas pequenas
unidades eram chefiadas pelo patriarca. Com o passar do tempo, o pouco
avanço das técnicas e o aumento da população, a produção agrícola não foi
mais suficiente para os pequenos grupos. Assim, esse caráter coletivo passou
a perder força para outra configuração social em que cada um queria o seu
espaço. Uma das classes que surgiu foram os Eupátridas, que eram formados
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pelos parentes mais próximos dos patriarcas. Esse grupo começou a controlar a
posse da terra, além de organizar manifestações religiosas e instituir políticas.
Essas cidades-estado também foram formadas para facilitar as trocas
comerciais entre as regiões e evitar divergências. Porém, ao longo do tempo,
foram enfraquecendo justamente por não manterem uma unidade. Além disso,
uma cidade-estado, conforme destaca Benevolo (1993):

 Era considerada um único organismo, independentemente de seu regime


político.
 O lar de cada família era consagrado ao deus protetor da cidade.
 O principal local de reunião era a praça, que recebia diversas assembleias
para decisões e deliberações.
 Cada cidade se mantinha a partir de seus próprios meios de subsistência.

A pólis grega, conhecida também como cidade-estado, foi um marco


importante para o desenvolvimento urbano, que deu origem a outras cidades
e à evolução de diversos aspectos que fazem parte da sociedade.

Principais cidades-estado gregas


Atenas e Esparta foram as principais cidades-estado da Grécia Antiga. As duas tiveram
sua organização diferente, cada uma com um foco principal. As cidades surgiram
no período arcaico da civilização grega, aproximadamente, entre 700 a 500 a.C., no
momento em que as tribos nômades se tornaram sedentárias.
Segundo Curado (2018), todas as cidades-estado da Grécia eram independentes.
A cidade-estado de Atenas se localizava na região Ática e se desenvolveu, princi-
palmente, pela atividade portuária e pelo comércio. Por meio da implantação do
porto denominado Pireu, essa cidade expandiu seu comércio marítimo e se destacou
politicamente. Em Atenas, o equilíbrio entre mente e corpo e a educação eram pontos
muito difundidos e priorizados. Em virtude disso, o local se tornou um centro intelectual
e cultural da época.
Já Esparta estava localizada na região da Lacônia e, por não ter contato com o
Mediterrâneo, acabou se desenvolvendo de forma distinta de Atenas. Em Esparta,
o uso das terras serviu à lavoura e à criação de animais. Além disso, a cidade era
baseada em valores militaristas, tendo como objetivo de educação transformar os
cidadãos em guerreiros. Com as guerras, Esparta conseguiu conquistar mais territórios
(CURADO, 2018).
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Legado urbanístico dos cretenses,


gregos e fenícios
A civilização cretense tinha suas cidades organizadas de acordo com a logística
do comércio. Não há muitos registros dessas localidades, mas o que se sabe
é que eram governadas pelas elites locais, porém, eram dependentes de uma
capital, assim, havia uma unidade entre elas.
Müller e Vogel (1984) destacam que a cidade de Creta se configurava
ao redor do palácio. Pode-se dizer que seu traçado era uma mistura entre as
formas orgânicas e ortogonais e suas principais ruas seguiam a topografia
do terreno. Era ao redor do palácio que se formava o núcleo urbano, e este se
unia aos bairros residenciais ao redor. Uma peculiaridade é que essas cidades
não eram limitadas por muralhas, assim, elas podiam crescer livremente. Na
arquitetura, segundo Belato (2009), suas principais contribuições foram os
palácios reais, como, por exemplo, o Palácio de Cnossos, o Palácio de Festos
e o Palácio de Mália. Era dos palácios que partia toda a organização da cidade
e eles eram estruturas monumentais e complexas, contando com aquedutos.
Veja, a seguir, na Figura 5, a organização de uma cidade cretense. Após, na
Figura 6, observe o templo de Cnossos.

0 400 m

Centro políco-religioso
Centro da cidade
Ruas, praças, páos
5 2 Rios
4 4
1
Cnossos: plano esquemáco da cidade:
3 1. Palácio
2. “Pequeno palácio”
3. “Caravana”
4 4. Casas senhoriais
5. Limite da metrópole

Figura 5. Organização da cidade cretense de Cnossos.


Fonte: Adaptada de Müller e Vogel (1984).
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Figura 6. Templo de Cnossos.


Fonte: Georgios Tsichlis/Shutterstock.com.

Os gregos, se comparados aos fenícios e aos cretenses, foram o povo que


teve mais contribuições para a sociedade. Por abranger uma elevada área e
ter expandido sua civilização, eles formaram grandes cidades-estado. Pereira
(2010), afirma que o legado grego foi o responsável por formar a base da cultura
da Europa ocidental. Na filosofia, os ensinamentos de Tales de Mileto, Platão,
Aristóteles e Sócrates permaneceram presentes por muitos anos e, ainda hoje,
são estudados por outros filósofos.
Ainda, a sociedade grega teceu contribuições na geometria, por meio dos
estudiosos Euclides e Pitágoras, bem como na medicina, com Hipócrates, e
também na física, com Arquimedes. Nas artes e na arquitetura, a preocupação
com a estética, a perfeição e as proporções foram uma constante. “A contri-
buição inicial da arquitetura grega é, portanto, a delimitação de seu território
próprio, que permite compreender a arquitetura como ciência e estudá-la como
campo separado das outras artes” (PEREIRA, 2010, p. 47).
Os templos, os teatros e os anfiteatros gregos representavam a grandeza e
a monumentalidade, com o intuito de que fossem reconhecidos por sua beleza
pelo mundo todo. Os gregos criaram também colunas baseadas em três estilos:
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o jônico, o dórico e coríntio. Esses padrões foram copiados e usados como


base por outras civilizações. O templo grego mais importante foi o Parthenon,
localizado em Atenas e ilustrado, a seguir, na Figura 7.

Figura 7. Parthenon — principal templo grego.

As edificações das cidades gregas eram feitas de pedra, madeira, mármore


e calcário, embasadas no uso da simetria e também em cálculos e proporções
matemáticas.
Já as contribuições gregas relacionadas ao urbanismo são marcadas
pelo conceito de organização e pela participação dos cidadãos na vida
pública. As cidades, segundo Pereira (2010), apresentavam uma ordenação
perfeita, com muitas edificações de caráter público, ou seja, construídas
com a finalidade de abrigar os eventos da época, assim como possibilitar
o lazer e o encontro dos habitantes. Seu traçado ortogonal era marcado por
ruas paralelas cortadas em ângulo reto, formando outras ruas transversais.
Os espaços urbanos eram organizados em pequenos núcleos, cada um
com funções específicas. Observe, na Figura 8, um exemplo de traçado
de uma cidade grega.
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Figura 8. Traçado de uma cidade grega — Mileto.


Fonte: Adaptada de Müller e Vogel (1984).

Os fenícios ocupavam uma área relativamente pequena, se comparados à ci-


vilização grega, que, segundo Arruda (1993), era estimada em aproximadamente
200 km de comprimento. Nesses espaços, surgiram algumas cidades que, em
virtude de não terem terras férteis para a produção agrícola, passaram a substituir
o comércio cretense. Como o espaço era pequeno, eles começaram a utilizar o
comércio marítimo para estabelecer as relações econômicas. O território era
bastante cruzado, sem uma ordenação. As principais cidades dessa civilização
eram Tiro, Biblos e Sidon, que se comportavam como cidades-estado e eram
independentes entre si. Nessas cidades, os templos também eram a edificação
mais importante e o local onde os fenícios veneravam seus deuses. “As civili-
zações cretense e fenícia, na época em que floresceram, introduziram o arado
primitivo, os canais de irrigação, a domesticação dos animais para tração e a
construção de silos para armazenar produtos” (ARRUDA, 1993, p. 62).
14 As cidades-estado: Creta, Fenícia e Grécia

Nota-se que o legado dos fenícios e cretenses se deu principalmente pela


produção e pelo comércio. Já no caso dos gregos por pesquisas, artes, arquite-
tura, medicina, entre outros temas. É importante compreender que foi a partir
desses povos que o desenvolvimento das cidades se intensificou e evoluiu nos
anos posteriores.

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BELATO, D. Civilizações clássicas II. Ijuí: Editora Unijuí, 2009. v. 1.
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