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Licenciatura em História

História do Egipto Antigo

Ficha de leitura de
“O Egipto Faraónico – Guia de Estudo”

Professora Maria Helena Trindade Lopes

Trabalho realizado por:


Joana Clara Freire Ribeiro, n.º 2020118128
8 de Novembro de 2020
1
Índice

1. Bibliografia…………………………………………..…….página 3
2. Introdução………………………………………………….página 4
3. A sucessão dos Impérios……………………………….......página 4
4. A vida e a sociedade no Egipto Antigo……………..
………………………………….……..página 5
5. Conclusão………………………………………...…………página
7

2
1. Bibliografia:

 LOPES, Maria Helena Trindade, O Egipto Faraónico – Guia de Estudo, Lisboa:


Associação Portuguesa de Egiptologia, 2003.

3
2. Introdução

Neste trabalho procuraremos realizar uma ficha de leitura da obra O Egipto


Faraónico – Guia de Estudo de Maria Helena Trindade Lopes. Desde sempre, a
civilização do Egipto Antigo encontra-se influenciada pelos seus espaços físicos e
geográficos. De entre estes podemos destacar o rio Nilo, cuja morfologia e cheias
sazonais foram absolutamente determinantes e estruturantes para esta civilização no que
respeita ao ciclo agrícola bem como a aspectos políticos e administrativos, e também a
própria divisão do Egipto em dois espaços diferentes: a Norte o Baixo Egipto
mediterrânico e a Sul o Alto Egipto de características mais africanas. Cada um destes
espaços e fenómenos era representado por uma divindade respectiva, sendo que o divino
impregnava assim a geografia física do Egipto Antigo.1

3. A sucessão dos Impérios

No Egipto Antigo, a história era um prolongamento da criação de modo a


permitir a ordenação do mundo. No entanto, o seu território apenas se unificou no
período Tinita (3000-2675 a. C.), território esse no qual o faraó representa não apenas o
estado centralizado e possui legitimação divina como é ele próprio considerado um
deus. É em redor desta figura real que principia o desenvolvimento de uma
administração, da escrita e de diversos marcos artísticos e intelectuais como a
construção de necrópoles reais e o uso da pedra e da madeira. O faraó era assim o
proprietário do Egipto que era por sua vez considerado o centro do universo. 2 A partir
da V dinastia dá-se, no entanto, uma desvalorização teológica do poder real que se
reflecte no enfraquecimento do poder estatal, na desagregação e particularização da
administração e na autonomização dos nomarcas (governadores provinciais). Apesar
disso, o Império Antigo (2675-2170 a.C.) singra em termos artísticos, culturais e
literários. Mas a decadência segue o seu curso e no Primeiro Período Intermédio (2170-
1980 a. C) vive-se uma profunda crise política, económica, social e mental com
profundas consequências intelectuais e ideológicas. 3 Apenas com o início do Império
Médio (1980-1630 a.C.) os tebanos irão restaurar a unidade do Estado, a reorganização
administrativa e a centralização da autoridade real bem como darão início a um ciclo
1
TRINDADE LOPES, Maria Helena, O Egipto Faraónico – Guia de Estudo, pp. 11-14.
2
Ibidem, pp. 17-19.
3
Ibidem, pp. 20-21.
4
bastante produtivo na política interna e externa do Egipto. Em termos artísticos e
literários, o Império Médio conheceu um período de apogeu, apogeu esse que conhecerá
a decadência no Segundo Período Intermédio (1630-1539 a.C.) durante o qual o Egipto
viverá uma vez mais o desgaste do poder real e da administração e a desagregação do
país que passará a estar sob o controlo do Hicsos asiáticos. 4 Esta situação terá fim com a
fundação do Império Novo (1539-1076 a. C.) que dá um novo fôlego à legitimação
político-religiosa da figura real bem como à construção de um verdadeiro império
universal que consagra o Egipto como um estado imperialista cuja política é de
expansão e agressão na Ásia e na Núbia. A suportar esta realidade temos um estado
forte e centralizado a nível político, administrativo, económico e até artístico com as
evocações do poder faraónico.5 Após o período do atomismo (crença num deus único
que irá ter consequências artísticas e literárias), o Egipto entra novamente num período
de crise político-social no Terceiro Período Intermédio (1075-656 a.C.) durante o qual
verá o seu território dividido ser objecto de duras lutas e disputas pela sua reunificação
que será conseguida com o início da Época Baixa (664-332 a.C.), não obstante as
invasões persas no século VI a.C.6

4. A vida e a sociedade no Egipto Antigo

No Egipto Antigo o faraó representa não apenas uma concepção divina e


cósmica da realeza como também os valores fundamentais da harmonia universal e o
próprio estado. As suas insígnias e titulaturas simbolizam isto mesmo. Este carácter
estende-se também aos aspectos jurídicos e de culto, com o faraó a acumular na sua
pessoa poderes exclusivos político-religiosos, administrativos, legislativos, militares e
religiosos. Quanto à sucessão real esta podia ser realizada por parentesco com o anterior
faraó ou por livre escolha da divindade (altos funcionários que conquistavam o poder e
davam legitimação divina a essa conquista afirmando ter sido o deus Hórus a transmitir-
lhes a sucessão dinástica). O faraó delegava a maior parte das suas funções em
diferentes colaboradores que ou eram do seu sangue ou eram cortesãos próximos de
entre os quais se destaca o vizir e os nomarcas com funções administrativas. 7 Também

4
Ibidem, pp. 22-24.
5
Ibidem, pp. 25.
6
Ibidem, pp. 27-29.
7
Ibidem, pp. 35-40.
5
os sacerdotes, os escribas e os soldados eram funcionários do faraó. Já os artesãos e os
camponeses constituíam a grande massa da população do Egipto Antigo. Estes eram
dependentes daqueles para quem trabalhavam (o faraó, os templos ou os particulares), a
quem deviam impostos e corveias (recrutamento sem remuneração para todo o tipo de
trabalhos). Os escravos estrangeiros também eram parte integrante da sociedade do
Egipto Antigo desde o início do Império Novo. Os antigos egípcios cultivavam vários
prazeres quotidianos como o gosto pela comida, pela moda e pela boa apresentação.
Também as vidas matrimoniais e familiares constituíam uma das bases da sociedade. A
agricultura, a criação de gado, a caça e a pesca, o comércio e a exploração de jazidas e
de pedreiras eram algumas das actividades às quais os antigos egípcios se entregavam. 8
A religião era um assunto de importância extrema na sociedade do Egipto Antigo e
existiam várias visões cosmogónicas, cada uma correspondente a um centro religioso
específico e a uma casta sacerdotal particular. No entanto, todas elas consideram que
tudo partiu do Nun, o Oceano Primordial no qual estão adormecidas (mas já existentes)
todas as potencialidades do Ser. Com a emergência do Ser surge o demiurgo que pode
ter vários nomes e procedimentos de acordo com a cosmogonia que o apresenta. O
panteão egípcio é politeísta, não é antropocêntrico e garante o jogo harmonioso do
Cosmos através do diálogo eterno entre a ordem (Maat) e a desordem (Nun). A
multiplicidade de nomes, de formas e de funções era outra das caraterísticas dos deuses
egípcios que podiam assumir uma representação antropomórfica, zoomórfica e aquela
derivada da combinação entre as duas anteriores. Os deuses egípcios dividiam-se em
famílias, em protagonistas da criação, naqueles que cumpriam funções particulares e
nos deuses geográficos. O rito e o culto uno quotidiano do deus prestado à sua estátua
no templo estão no centro da concepção religiosa egípcia que encontra na celebração de
importantes festividades do calendário litúrgico outro motivo de prestar adoração aos
deuses. Para os antigos egípcios o homem possui três facetas distintas: a física, a
intelectual e a psico-espiritual (é esta última que lhe garante a eternidade). Este último
aspecto do homem prende-se com o exercício do Maat que transmite a noção de ordem
no mundo, de equilíbrio, de harmonia e de verdade. Ao longo do tempo, os antigos
egípcios irão deixar para trás esta concepção maática em favor da relação íntima com
uma divindade de eleição numa religião pessoal. Também a magia desempenhará um
papel importante na sociedade do Egipto Antigo através de palavras ou de imagens e

8
Ibidem, pp. 43-53.
6
amuletos que pretendiam proteger, defender e prevenir o homem diluindo as fronteiras
entre o mundo real e o imaginário. A crença na sobrevivência era de importância fulcral
para os antigos egípcios, que concebiam a morte como uma passagem a outro estado de
existência, acreditando em vias que garantiam a imortalidade do defunto através do
cumprimento de certos rituais e práticas mágicas como a mumificação e o
embalsamamento.9 A língua egípcia manteve-se viva durante quase 5000 anos durante
os quais sofreu diversas vicissitudes e evoluções correspondendo ao seu
desenvolvimento histórico e civilizacional e às influências externas, desde o egípcio
arcaico ao neo-egípcio, ao demótico e ao copta passando pelo egípcio clássico. Já a
escrita hieroglífica foi utilizada para escrever textos literários, religiosos ou
administrativos em papiro, madeira ou pedra. Posteriormente, a escrita hieroglífica dará
origem ao hierático e à sua simplificação, o demótico. A literatura, a música, a dança, as
artes plásticas e decorativas, a arquitectura, a estatutária, a joalharia e a pintura eram
também parte integrante da vida no Egipto Antigo. A arte egípcia foi muito influenciada
pela história da sua civilização e pelas diferentes conjunturas que a mesma atravessou
mantendo, no entanto, permanentemente alguns princípios basilares como o princípio da
combinação dos pontos de visão (visão frontal e de perfil) e o princípio das escalas.
Outras ciências como a medicina, a matemática e a astronomia conheceram por sua vez
certa proeminência no Egipto Antigo com os papiros médicos e matemáticos e a
adopção do zodíaco no final do período Ptolemaico.10

5. Conclusão

Neste trabalho, conseguimos “viajar” ao longo da extensa história do Egipto Antigo,


estudando não apenas a sucessão dos impérios com os seus períodos de auge e de
declínio mas também variados aspectos da vida social e quotidiana tais como o poder
real, as crenças religiosas, a língua, a escrita e as actividades que ocupavam o tempo e o
gosto dos Antigos Egípcios. Trata-se de uma civilização africana na qual as fronteiras
entre o mundo real e o mundo mítico muitas vezes se dissolvem, uma civilização na
qual tudo se encontra impregnado de uma aura mágica e religiosa.

9
Ibidem, pp. 61-79.
10
Ibidem, pp. 85-95.
7

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