Você está na página 1de 25

O vale do rio Nilo

(o Egito antigo)

Prof. Dr. Wilson de Oliveira Neto


wilson.o@univille.br
1. Por que estudar o Egito antigo?

• Abrigou uma das mais antigas civilizações da humanidade;


• O patrimônio cultural egípcio influenciou outras culturas;
• Está presente na academia através da Egiptologia;
• É parte importante da indústria cultural contemporânea.
Cartaz do filme “A múmia”.
Lançado nos EUA, em 1999, o filme “A múmia” é um
exemplo da presença do Egito antigo e sua civilização na
indústria cultural contemporânea.
2. Tempo e espaço:

• 3.100 – 525 a.C., nordeste da África.



Atuais Egito e Sudão do Norte.
O Egito antigo
A civilização egípcia floresceu
ao longo do rio Nilo, em uma
estreita faixa de terras férteis.
Ela é cercada por vastos
desertos, o local dos mortos
para os antigos egípcios.
2.1 O espaço geográfico:

• “Como área de assentamento permanente, o antigo Egito é sinônimo


das terras imediatamente atinentes ao curso do rio Nilo: do
Mediterrâneo, ao norte, até a atual Assuan, ao sul, onde começava a
Núbia. [...] Por razões que tanto a História quanto a Geografia
justificam, é usual a distinção entre o Baixo Egito, que compreende o
delta do Nilo e uma pequena porção do vale fluvial imediatamente ao
sul, e o Alto Egito, integrado pela porção do vale do Nilo, ao sul do
atual Cairo e ao norte de Assuan” (CARDOSO, 1991, p. 54).
2.2 O rio Nilo:

• Suas nascentes encontram-se na Etiópia e em Uganda;


• Possui 3 mil quilômetros de extensão;
• Desagua no mar Mediterrâneo;
• Tem um vale de 1.200 quilômetros de extensão;
• Condicionou a economia, a política e o trabalho no Egito antigo.
• “Para os camponeses que trabalhavam nos campos, as hostis e
inóspitas extensões de areia e pedra [...] eram um local terrível [...]
Consideravam o deserto a terra dos mortos, um lugar próprio para
sepultamentos. Somente no Nilo podiam sentir a continuidade da
vida” (CASSON, 1969, p. 39).

• “Há 5000 anos, o Nilo vem sendo o rio da vida para o Egito e para
seu povo” (CASSON, 1969, p. 37).
3. Periodização:
Período Recorte temporal
Antigo Império 2.700 – 2.200 a.C.
Médio Império 2 mil – 1.800 a.C.
Novo Império 1.600 – 1.100 a.C.
Notas:
1 – O Antigo Império é antecedido por um período Pré-Dinástico encerrado em 3.100
a.C., quando Menés, unificou os reinos do Alto e Baixo Egitos;
2 – Os “Impérios” são intercalados por Períodos Intermediários, em que a ordem
política faraônica esteve comprometida;
3 – Existem diferenças entre os autores quanto ao início e o término do Antigo, Médio
e Novo Impérios;
4 – A periodização acima foi baseada na síntese feita por Lionel Casson (1969).
4. O Antigo Império:

• Iniciado por volta de 2.700 a.C.;


• Fundado pela 3ª Dinastia de faraós;
• Sua capital foi a cidade de Mênfis;
• Época de paz, prosperidade e segurança;
• Foi encerrado com a morte do faraó Pepi 2º;
• Encerrado em 2.200.
As grandes pirâmides de Gizé.
A prática de construir pirâmides foi iniciada durante o
Antigo Império. Na imagem acima, as três grandes
pirâmides de Gizé, consideradas uma das sete
maravilhas do mundo antigo e a única destas que
encontra-se ainda de pé.
5. O Médio Império:

• Iniciado por volta de 2 mil a.C.;


• Sua capital foi a cidade de Tebas;
• Expansão territorial pelo sul do vale do Nilo e pela Palestina;
• “Democratização” da vida após a morte;
• Início da invasão e ocupação dos hicsos;
• Encerrado em 1.800 a.C.
Múmia egípcia.
A preocupação com a morte era muito importante para
os egípcios. O corpo era a morada da alma, daí a
necessidade de conservá-lo através da “mumificação”. A
múmia egípcia acima faz parte do acervo do Museu
Nacional, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
6. O Novo Império:

• Iniciado por volta de 1.600 a.C.;


• Fundado no contexto da expulsão dos hicsos;
• Apogeu da civilização e do Império egípcios;
• Destaque para os governos de Tutmose 3º e Ramsés 2º;
• Ocorrência da reforma religiosa de Amenófis 4º;

Monoteísmo (culto a Aton);
Transferência da capital do Império para Amarna (Akhetaten).
• Encerrado em 1.100 a.C.
Ápice do Império egípcio.
Durante o Novo Império, a civilização egípcia e seu
Império atingiram o apogeu, com territórios no nordeste
da África e na Palestina.
6.1 Após o Novo Império:

• Anarquia política e invasões estrangeiras;


• 525 a.C. – Invasão e incorporação do Egito ao Império Persa;

Dois séculos mais tarde, o Egito passou para as mãos de Alexandre,
o Grande. Após a morte desse, os egípcios foram governados por
uma última dinastia de faraós helenizados. A Dinastia Ptolomaica
durou trezentos anos. Após a morte de Cleópatra 4ª, o Egito foi
conquistado por Roma e tornou-se uma província romana.
7. Economia e sociedade:

• A base da economia do Egito antigo era a agricultura de regadio;


• O rio Nilo foi o principal suporte da economia egípcia;
• A agricultura envolveu a maior parte da população egípcia;

Camponeses ou felás.
• “Modo de produção asiático”;
• O faraó e sua família ocupavam o topo da pirâmide social egípcia;
• A ordem social do Egito antigo era hereditária e fixa;
• Os camponeses e os escravos eram a base da sociedade egípcia.
7.1 Obstáculos à mobilidade:

• Alfabetização;
• Nepotismo;
• Casamento endógeno.
8. Poder e religião:

• O poder político estava concentrado nas mãos do faraó;


• Os faraós eram monarcas e deuses;
• A governança também era apoiada em outros funcionários públicos;

Escribas;
Sacerdotes;
Vizires.
• A civilização egípcia era teocêntrica;
• Os egípcios eram politeístas e cultuavam animais, astros e forças da
natureza;
• Porém, durante o governo de Amenófis 4º, o Egito viveu um curto
período monoteísta;
• As divindades egípcias foram representadas nas seguintes formas:
1. Antropomórficas;
2. Zoomórficas;
3. Antropozoomórficas.
• Os antigos egípcios acreditavam na vida além túmulo.
8.1 A “vida” após a morte:

• “Os egípcios encaravam o além como uma repetição dos melhores


momentos da existência terrena. Daí, o interesse com relação à morte,
até o seus mínimos detalhes. Isto ia desde a conservação do cadáver
até os utensílios que deveriam acompanhar o morto na sua vida além-
túmulo” (CASSON, 1969, p. 82).

• “Para o egípcio, o além-túmulo significava uma existência corporal,


não uma imitação da vida em estado fantasma. A alma abandonava o
corpo no momento da morte, mas esperava-se que pudesse voltar a
ele através da eternidade. Era por isso que os egípcios mumificavam
os mortos – para que seus corpos ficassem livres da decadência”
(CASSON, 1969, p. 83).
Divindades egípcias antropozoomórficas.
9. Patrimônio cultural.

9.1 Artes: 9.2 Escrita:


• Vinculadas à política e religião; • Surgiu a partir de pictogramas;
• Mastabas, pirâmides e templos; • Ideogramas + fonogramas;
• Iconografia = poder político do faraó. • Três estilos:
1. Hieroglífica;
2. Hierática;
3. Demótica;
• Antes da tradução de Champollion,
os sacerdotes cristãos-egípcios foram
os últimos a dominar a antiga escrita
hieroglífica, por volta do século 4 d.C.
A paleta de Narmer.
Trata-se de um dos mais antigos documentos escritos do
Egito antigo, produzido por volta de 3 mil a.C.
Referências:

1. BAKOS, Margaret Marchiori. Fatos e mitos do antigo Egito. 2. ed. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2001 (Coleção História; v. 3).
2. CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. Sociedades do antigo Oriente Próximo. 3.
ed. São Paulo: Ática, 1991 (Série Princípios; v. 47).
3. CASSON, Lionel. O antigo Egito. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora,
1969 (Biblioteca de História Universal Life).
4. DANIELS, Patricia S; HYSLOP, Stephen G. Atlas da história do mundo. São
Paulo: Abril; National Geographic Brasil, 2004.

Você também pode gostar